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Nas paginas que em seguida se leem acha-se t�o bem determinada, com tanta eloquencia e t�o profunda observa��o, a miss�o da poesia |
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contemporanea, que n�o podemos resistir ao desejo de as trazer das folhas passageiras do jornal, aonde pela primeira vez viram a luz, para |
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as paginas d'este livro, por ventura um pouco menos ephemeras. |
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O autor das Radia��es da Noite, intenta sobretudo mostrar que o seu espirito, correspondendo �s indica��es da critica, procura inspirar-se, |
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tanto quanto lhe � possivel, no mundo que o cerca, nos factos e nas ac��es do nosso tempo. Das Radia��es da Noite � Alma Nova |
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poder-se-ha talvez notar um certo caminho andado na direc��o em que vae seguindo a arte contemporanea. |
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Do escripto como primitivamente foi publicado, entendemos, como o leitor O seculo XIX, cujos primeiros annos enflorou uma cor�a poetica de |
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esplendor incomparavel, tem mentido cruelmente �s esperan�as da sua aurora. Envelhecendo, perdeu o dom do canto, ou, pelo menos, o |
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sentimento que faz os cantores verdadeiros. Os Goethe, os Byron, os Lamartine, os Miczkawicz, os Hugo, os OEhlenschlaeger, n�o deixaram |
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descendencia digna d'aquella poderosa gera��o. O romantismo foi um meteoro. O grande canto do seculo esvaeceu-se gradualmente n'um |
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murmurio. A poesia contemporanea n�o tem unidade, e n�o tem sobre tudo o largo folego de inspira��o, que caracterisa as verdadeiras �pocas |
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poeticas. O interesse do tempo dirige-se evidentemente para outro lado. No meio das preoccupa��es da actualidade, a poesia � como a can��o de um |
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conviva distra�do que se affasta da sala do festim, e cuja voz se perde pouco a pouco no silencio da distancia e da noute. |
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