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Um candidato ao cargo, logo que soube do caso, pôs em ação todos os meios possíveis e impossíveis. Empenhos, intrigas, maledicência, tudo lhe servia de arma. Chegou a obter, por dinheiro, que um dos melhores latinistas da península, homem sem escrúpulos, forjasse um texto latino da obra de meu pai, e o atribuísse a um frade agostinho, morto em Adém. E a tacha de plagiário acabou de eliminar meu pai, que perdeu o governo de Goa, o qual passou às mãos do outro; perdendo também, o que é mais, toda a consideração pessoal. Ele escreveu uma longa justificação, mandou cartas para a Índia, cujas respostas não esperou, porque no meio desses trabalhos aborreceu-se tanto, que entendeu melhor deixar tudo, e sair de Lisboa. \"Esta geração passa\", disse ele, \"e eu fico. 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Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em diante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e cousa nenhuma.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Raimundo acendia as velas, ia buscar a marimba, caminhava para o jardim, onde se sentava a tocar e a cantarolar baixinho umas vozes de África, memórias desmaiadas da tribo em que nascera. 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Correria algum boato? Foi ter com o criado que levara a circular a Carlos Maria e perguntou-lhe se a entregara. Soube que não. Quando o criado chegou à rua dos Inválidos, não achou o papel no bolso, e, com medo, não dissera nada à ama.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#singular-ocorrencia", "headline": "Singular Ocorrência", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Não, mas ao Andrade, um amigo meu, de vinte e seis anos, meio advogado, meio político, nascido nas Alagoas, e casado na Bahia, donde viera em 1859. Era bonita a mulher dele, afetuosa, meiga e resignada; quando os conheci, tinham uma filhinha de dois anos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tão nervosa esteve durante os primeiros instantes, que não cuidou da carta. 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Beberemos certo vinho que me deu o ministro da Alemanha...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. Na Inglaterra estudou o inglês profundamente; e, como sabia o latim, aprendido no convento, o hebraico, que lhe ensinara na Haia o famoso Spinoza, de quem foi amigo, e que talvez deu causa ao ódio que os outros judeus lhe criaram; o francês e o italiano, parte do alemão e do húngaro, tornou-se em Londres objeto de verdadeira curiosidade e veneração. Era buscado, consultado, ouvido, não só por pessoas do vulgo ou idiotas, como por letrados, políticos e personagens da corte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Venho da casa do Aguiar. Lá achei Fidélia, um primo desta, filho do desembargador, aluno da Escola de Marinha (16 anos) e um empregado do Banco do Brasil. Passei uma boa hora ou mais. A velha esteve encantadora, a moça também, e a conversação evitou tudo o que pudesse lembrar a ambas a respetiva perda, uma do esposo, outra do filho postiço. Contavam-se histórias de sociedade, que eu ouvi sorrindo, quando era preciso, ou consternado nas ocasiões pertinentes. Também eu contei uma, de sociedade alheia e remota, mas o receio de lembrar à viúva Noronha alguma terra por onde houvesse andado com o marido me fez encurtar a narração e não começar segunda. Entretanto, ela referiu duas ou três reminiscências de viagem, impressões do que vira em museus da Itália e da Alemanha. Da nossa terra dissemos cousas agradáveis e sempre de acordo. A mesma torre da matriz da Glória, que alguns defenderam como necessária, deixou-nos a nós, a ela e a mim, concordes no desacordo, sem que, aliás, eu combatesse ninguém. O casal Aguiar ouviu-nos sorrindo; o moço da Escola de Marinha tentou, em vão, suscitar a questão militar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "- Estou com idéias de ir estudar na Europa, na Alemanha, por exemplo; em todo o caso, não irei este ano. 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Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Não ouvindo resposta, entendeu que sim e prometeu-lhe uma boa pasta. O major iria para a Guerra, e o Camacho, para a Justiça. Não os conhecia acaso? \"Dous grandes homens, Camacho ainda maior que o outro\". E obedecendo a Carlos Maria, que ia andando na direção da porta, Rubião retirava-se sem se sentir; mas não foi tão pronto. Na varanda, antes de descer os degraus, referiu vários fatos da guerra. Por exemplo, tinha restituído a Alemanha aos alemães; era bonito e político. 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Meu pai dizia que poucas mulheres tinha visto tão bonitas como minha avó. E olhem que ele amou as mais esplêndidas mulheres do mundo. Mas não antecipemos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Meu avô descendia da nobreza de Espanha, e minha avó era de uma grande casa do Alentejo. Casaram-se ainda na Europa, e, anos depois, por motivos que não vêm ao caso dizer, transportaram-se ao Brasil, onde ficaram e morreram. Meu pai dizia que poucas mulheres tinha visto tão bonitas como minha avó. E olhem que ele amou as mais esplêndidas mulheres do mundo. Mas não antecipemos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Alexandria", "name": "Alexandria", "description": "Alexandria, uma das mais importantes cidades do mundo antigo, é a segunda maior cidade do Egito. Fundada em 331 a.C. por Alexandre, o Grande, foi a capital do Egito até a conquista muçulmana, quando a sede do governo passou a ser o Cairo. Nela situavam-se o Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo, e a Biblioteca de Alexandria, acidentalmente incendiada. Segundo a tradição, durante o cerco da cidade, em 48 a.C., o general Júlio César se viu na contingência de ter de incendiar seus navios, e o fogo se alastrou rapidamente, destruindo parcialmente as coleções da Biblioteca.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Alexandria", "lat": "31.20176", "long": "29.91582", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Alexandria", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/361058/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#conto-alexandrino", "headline": "Conto Alexandrino", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Pítias sacudiu a cabeça, e fixou os olhos no mar. O navio singrava, em direitura a Alexandria, com essa carga preciosa de dous filósofos, que iam levar àquele regaço do saber os frutos da razão esclarecida. Eram amigos, viúvos e quinquagenários. Cultivavam especialmente a metafísica, mas conheciam a física, a química, a medicina e a música; um deles, Stroibus, chegara a ser excelente anatomista, tendo lido muitas vezes os tratados do mestre Herófilo. Chipre era a pátria de ambos; mas, tão certo é que ninguém é profeta em sua terra, Chipre não dava o merecido respeito aos dous filósofos. Ao contrário, desdenhava-os; os garotos tocavam ao extremo de rir deles. Não foi esse, entretanto, o motivo que os levou a deixar a pátria. Um dia, Pítias, voltando de uma viagem, propôs ao amigo irem para Alexandria, onde as artes e as ciências eram grandemente honradas. Stroibus aderiu, e embarcaram. Só agora, depois de embarcados, é que o inventor da nova doutrina expô-la ao amigo, com todas as suas recentes cogitações e experiências.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Pítias sacudiu a cabeça, e fixou os olhos no mar. O navio singrava, em direitura a Alexandria, com essa carga preciosa de dous filósofos, que iam levar àquele regaço do saber os frutos da razão esclarecida. Eram amigos, viúvos e quinquagenários. Cultivavam especialmente a metafísica, mas conheciam a física, a química, a medicina e a música; um deles, Stroibus, chegara a ser excelente anatomista, tendo lido muitas vezes os tratados do mestre Herófilo. Chipre era a pátria de ambos; mas, tão certo é que ninguém é profeta em sua terra, Chipre não dava o merecido respeito aos dous filósofos. Ao contrário, desdenhava-os; os garotos tocavam ao extremo de rir deles. Não foi esse, entretanto, o motivo que os levou a deixar a pátria. Um dia, Pítias, voltando de uma viagem, propôs ao amigo irem para Alexandria, onde as artes e as ciências eram grandemente honradas. Stroibus aderiu, e embarcaram. Só agora, depois de embarcados, é que o inventor da nova doutrina expô-la ao amigo, com todas as suas recentes cogitações e experiências." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Tijuca%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Alto da Tijuca", "description": "O termo \"Tijuca\" designa tanto a floresta da Tijuca (onde fica o Alto da Boa Vista, às vezes também denominado Alto da Tijuca), quanto o bairro residencial da zona Norte do Rio de Janeiro. No século XIX é ainda referido como um lugar bucólico, onde havia muitas residências, situadas em grandes terrenos.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Tijuca%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.9325728", "long": "-43.2410248", "gn:featureCode": "MT", "gn:featureCodeName": "Montanha(s)", "gn:name": "Tijuca, Rio de Janeiro - State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9325728,-43.2410248" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "- Imagina, por exemplo, que eu não tinha nascido - continuou o Quincas Borba -; é positivo que não teria agora o prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro, e para tudo dizer numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas; não, ele é ao mesmo tempo veículo, cocheiro e passageiro; ele é o próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se a si próprio. Queres uma prova da superioridade do meu sistema? Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou muçulmano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre. Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrárias. Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei de Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí vem que a inveja é uma virtude.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Imagina, por exemplo, que eu não tinha nascido - continuou o Quincas Borba -; é positivo que não teria agora o prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro, e para tudo dizer numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas; não, ele é ao mesmo tempo veículo, cocheiro e passageiro; ele é o próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se a si próprio. Queres uma prova da superioridade do meu sistema? Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou muçulmano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre. Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrárias. Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei de Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. 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É o mais extenso estado brasileiro e abriga a maior parte da floresta Amazônica.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Manaus", "lat": "-3.10194", "long": "-60.025", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Manaus", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3663517/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Flora teve um calefrio. Sem admitir a nomeação, tremeu ao nome da província. Pedro lembrou ainda o Amazonas, Pará, Piauí... Era o infinito, mormente se o pai fizesse boa administração, porque não voltaria tão cedo. Já agora a moça resistia menos, achava possível e abominável, mas dizia isto para si, dentro do coração. De repente, Pedro, quase estacando o passo:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Flora teve um calefrio. Sem admitir a nomeação, tremeu ao nome da província. Pedro lembrou ainda o Amazonas, Pará, Piauí... Era o infinito, mormente se o pai fizesse boa administração, porque não voltaria tão cedo. Já agora a moça resistia menos, achava possível e abominável, mas dizia isto para si, dentro do coração. De repente, Pedro, quase estacando o passo:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/South%20America", "name": "América", "description": "A América é um dos cinco continentes da Terra, localizado no hemisfério ocidental. Estende-se, no sentido norte-sul, do oceano Ártico até o cabo Horn, ao longo de cerca de 15 mil quilômetros. O seu extremo oriental (não continental) encontra-se na Groenlândia, enquanto o ocidental localiza-se nas Aleutas (no Alasca). Os extremos continentais são, a oeste, o Cabo Príncipe de Gales (no Alasca), e a leste, a ponta do Seixas, no estado brasileiro da Paraíba. Os três maiores países da América são Canadá, Estados Unidos e Brasil.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/South%20America", "lat": "-14.60485", "long": "-57.65625", "gn:featureCode": "CONT", "gn:featureCodeName": "continent", "gn:name": "South America", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6255150/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Uma ideia sublime - disse ele ao pai de Flora -; a que lancei hoje foi das melhores, e as ações valem já ouro. Trata-se de lã de carneiro, e começa pela criação deste mamífero nos campos do Paraná. Em cinco anos poderemos vestir a América e a Europa. Viu o programa nos jornais?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Feliz Azevedo! A hora em que começa essa narrativa é ele um marido feliz, inteiramente feliz. Casado de fresco, possuindo por mulher a mais formosa dama da sociedade, e a melhor alma que ainda se encarnou ao sol da América, dono de algumas propriedades bem situadas e perfeitamente rendosas, acatado, querido, descansado, tal é o nosso Azevedo, a quem por cúmulo de ventura coroam os mais belos vinte e seis anos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "No fim daquele ano tinha o Romualdo escrito e publicado algumas vinte composições diversas sobre os mais variados assuntos. Congregou alguns amigos - da mesma idade -, persuadiu a um tipógrafo, distribuiu listas de assinaturas, recolheu algumas, e fundou um periódico literário, o Mosaico, em que fez as suas primeiras armas da prosa. A idéia secreta do Romualdo era criar alguma cousa semelhante à Revista dos Dous Mundos, que ele via em casa do advogado de quem era amanuense. Não lia nunca a Revista, mas ouvira dizer que era uma das mais importantes da Europa, e entendeu fazer cousa igual na América.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Valério#valerio", "headline": "Valério", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "Resolvera o coronel escrever segundo opúsculo, e Valério foi convidado a redigir as notas esparsas do autor que, a julgar pelo trabalho alegado, era o indivíduo mais laborioso das duas Américas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Uma ideia sublime - disse ele ao pai de Flora -; a que lancei hoje foi das melhores, e as ações valem já ouro. Trata-se de lã de carneiro, e começa pela criação deste mamífero nos campos do Paraná. Em cinco anos poderemos vestir a América e a Europa. Viu o programa nos jornais?", "Feliz Azevedo! A hora em que começa essa narrativa é ele um marido feliz, inteiramente feliz. Casado de fresco, possuindo por mulher a mais formosa dama da sociedade, e a melhor alma que ainda se encarnou ao sol da América, dono de algumas propriedades bem situadas e perfeitamente rendosas, acatado, querido, descansado, tal é o nosso Azevedo, a quem por cúmulo de ventura coroam os mais belos vinte e seis anos.", "No fim daquele ano tinha o Romualdo escrito e publicado algumas vinte composições diversas sobre os mais variados assuntos. Congregou alguns amigos - da mesma idade -, persuadiu a um tipógrafo, distribuiu listas de assinaturas, recolheu algumas, e fundou um periódico literário, o Mosaico, em que fez as suas primeiras armas da prosa. A idéia secreta do Romualdo era criar alguma cousa semelhante à Revista dos Dous Mundos, que ele via em casa do advogado de quem era amanuense. Não lia nunca a Revista, mas ouvira dizer que era uma das mais importantes da Europa, e entendeu fazer cousa igual na América.", "Resolvera o coronel escrever segundo opúsculo, e Valério foi convidado a redigir as notas esparsas do autor que, a julgar pelo trabalho alegado, era o indivíduo mais laborioso das duas Américas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Andara%C3%AD", "name": "Andaraí", "description": "O Andaraí é um bairro localizado na zona Norte do Rio de Janeiro, entre Tijuca, Vila Isabel e Grajaú. 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No dia seguinte, dia de São Sebastião, foi o Rochinha jantar com a prima; eram anos do marido desta. Achou lá Maria Luísa e o pai. Jantou-se, cantou-se, conversou-se, até meia noite, hora em que o Rochinha, esquecendo-se do sinalzinho da moça, achou que ela estava muito mais bonita do que lhe parecia no fim da noite passada.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Já então Escobar deixara Andaraí e comprara uma casa no Flamengo, casa que ainda ali vi, há dias, quando me deu na gana experimentar se as sensações antigas estavam mortas ou dormiam só; não posso dizê-lo bem, porque os sonos, quando são pesados, confundem vivos e defuntos, a não ser a respiração. Eu respirava um pouco, mas pode ser que fosse do mar, meio agitado. Enfim, passei, acendi um charuto, e dei por mim no Catete; tinha subido pela rua da Princesa, uma rua antiga... Ó ruas antigas! Ó casas antigas! Ó pernas antigas! Todos nós éramos antigos, e não é preciso dizer que no mau sentido, no sentido de velho e acabado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Assim se cumpriu. Ia a cumprir-se demais; Nóbrega achou que o estilo podia ser um tanto ameno; não fazia mal pôr duas ou três palavras apropriadas ao objeto, beleza, coração, sentimento... Assim se cumpriu finalmente, e a carta foi levada ao seu destino. D. Rita ficou contentíssima. Justamente o que ela queria. Tinha o plano feito de concluir, por ato seu, uma história melancólica, a que daria, por derradeira página, conclusão deslumbrante. Não pensou em dizê-lo primeiro ao irmão, pela razão de querer que ele recebesse a notícia completa, tudo feito e acabado. Releu a carta; dispôs-se a ir logo, mas há pessoas para quem o adágio que diz que \"o melhor da festa é esperar por ela\" resume todo o prazer da vida. D. Rita tinha essa opinião. Todavia, entendeu que tais cartas não são das que se guardam largo tempo, nem aliás das que se comunicam sem cautela. Esperou vinte e quatro horas. Na manhã seguinte, depois de almoçadas, leu a carta à moça. O natural é que Flora ficasse espantada. Ficou, mas não tardou que risse, de um riso franco e sonoro, como ainda não rira em Andaraí. D. Rita ficou espantadíssima. Supunha que, não a pessoa, mas as vantagens e circunstâncias pleiteassem a favor do candidato. Esquecia os seus cabelos entregues à sepultura do marido. Deu conselhos à moça, pôs em relevo a posição do pretendente, o presente e o futuro, a situação esplêndida que lhe dava este casamento, e por fim as qualidades morais de Nóbrega. A moça escutou calada, e acabou rindo outra vez.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Almoçou sozinho; D. Úrsula estava com Helena. Logo depois do almoço, recebeu uma carta de Mendonça, que, tendo ido na véspera a Andaraí, recebera a resposta dada a todos, e mandava saber se havia moléstia em casa. Estácio respondeu afirmativamente, acrescentando que, posto não se tratasse de cousa grave, só o esperava dous dias depois. A resposta podia ser mais circunspecta; no estado em que ele se achava, pareceu-lhe excelente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "- Mana - disse eu a Rita contando-lhe estas cousas em Andaraí -, eis aqui em que acaba um velho e grave diplomata aposentado, sem os cansaços do ofício, é certo, mas também sem as esperanças da promoção.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "Nas últimas semanas, uma vizinha dele, em Andaraí, moça tísica, e pálida como as tísicas, propôs-lhe rindo, de um riso triste, que se casassem, porque ele não acharia mulher mais pálida.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Qual_dos_dois#qual-dos-dois", "headline": "Qual Dos Dois?", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Vivia Daniel na rua do Ouvidor; os seus horizontes não passavam da casa do Bernardo ou da livraria Garnier. Fazia algumas excursões a Andaraí, a Botafogo ou à Tijuca, do mesmo modo que se faz uma viagem a Buenos Aires ou a Lisboa; mas o seu país natal era a rua do Ouvidor. Se a rua do Ouvidor não existisse, dizia ele, era preciso inventá-la. Depois da rua do Ouvidor só uma cousa lhe merecia cultos: a alcova em que dormia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Três_tesouros_perdidos#tres-tesouros-perdidos", "headline": "Três Tesouros Perdidos", "genre": "Conto", "datePublished": "1858", "text": "- No Andaraí... por uma porta secreta... Vamos! Ou...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Na rua era lento, direito, circunspecto. Nada faria então suspeitar o desengonçado da casa do Lavradio, e, se falava, eram poucas e meias palavras. Nos primeiros dias, encontrava-me sem alvoroço, quase sem prazer, ouvia-me atento, respondia pouco, estendia os dedos e continuava a andar. Ia a toda parte; era comum achá-lo nos lugares mais distantes uns dos outros, Botafogo, São Cristóvão, Andaraí. Quando lhe dava na veneta, metia-se na barca e ia a Niterói. Chamava-se a si mesmo erradio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_partida#uma-partida", "headline": "Uma Partida", "genre": "Conto", "datePublished": "1892", "text": "Góis venceu. Poucas horas depois, tinham tudo ajustado. Dona Paula sairia no sábado próximo, para a própria casa onde ele morava, em Andaraí. Parece sonho tudo isto, e a pena mal obedece à mão; a verdade, porém, é que é verdade. Para explicar de algum modo esse ato de insensatez, é preciso não esquecer que ele, sobre todas as cousas, amava o escândalo; e que ela, não se sentindo presa por nenhum outro vínculo, mal sabia a que se expunha. Ia separar-se de toda gente, fechar todas as portas, confirmar as suspeitas públicas, afrontar a opinião - tudo como se houvera nascido para outra sociedade diversa daquela em que vivia. Não desconhecia o erro e seguia o erro. A desculpa que podia ter é que havia feito a mesma cousa até agora, e ia aliviar a consciência, pelo menos, da hipocrisia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_águia_sem_asas#uma-aguia-sem-asas", "headline": "Uma Águia Sem Asas", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "O casamento foi celebrado dentro de um mês. Os noivos foram passar a lua de mel na Tijuca. Cinco meses depois estavam ambos na cidade, ocupando uma casa poética e romanesca em Andaraí.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Esquecia-me dizer que a cena contada nos períodos anteriores passou-se na noite de 19 de janeiro de 1871, em uma casa do bairro do Andaraí. No dia seguinte, dia de São Sebastião, foi o Rochinha jantar com a prima; eram anos do marido desta. Achou lá Maria Luísa e o pai. Jantou-se, cantou-se, conversou-se, até meia noite, hora em que o Rochinha, esquecendo-se do sinalzinho da moça, achou que ela estava muito mais bonita do que lhe parecia no fim da noite passada.", "Já então Escobar deixara Andaraí e comprara uma casa no Flamengo, casa que ainda ali vi, há dias, quando me deu na gana experimentar se as sensações antigas estavam mortas ou dormiam só; não posso dizê-lo bem, porque os sonos, quando são pesados, confundem vivos e defuntos, a não ser a respiração. Eu respirava um pouco, mas pode ser que fosse do mar, meio agitado. Enfim, passei, acendi um charuto, e dei por mim no Catete; tinha subido pela rua da Princesa, uma rua antiga... Ó ruas antigas! Ó casas antigas! Ó pernas antigas! Todos nós éramos antigos, e não é preciso dizer que no mau sentido, no sentido de velho e acabado.", "Assim se cumpriu. Ia a cumprir-se demais; Nóbrega achou que o estilo podia ser um tanto ameno; não fazia mal pôr duas ou três palavras apropriadas ao objeto, beleza, coração, sentimento... Assim se cumpriu finalmente, e a carta foi levada ao seu destino. D. Rita ficou contentíssima. Justamente o que ela queria. Tinha o plano feito de concluir, por ato seu, uma história melancólica, a que daria, por derradeira página, conclusão deslumbrante. Não pensou em dizê-lo primeiro ao irmão, pela razão de querer que ele recebesse a notícia completa, tudo feito e acabado. Releu a carta; dispôs-se a ir logo, mas há pessoas para quem o adágio que diz que \"o melhor da festa é esperar por ela\" resume todo o prazer da vida. D. Rita tinha essa opinião. Todavia, entendeu que tais cartas não são das que se guardam largo tempo, nem aliás das que se comunicam sem cautela. Esperou vinte e quatro horas. Na manhã seguinte, depois de almoçadas, leu a carta à moça. O natural é que Flora ficasse espantada. Ficou, mas não tardou que risse, de um riso franco e sonoro, como ainda não rira em Andaraí. D. Rita ficou espantadíssima. Supunha que, não a pessoa, mas as vantagens e circunstâncias pleiteassem a favor do candidato. Esquecia os seus cabelos entregues à sepultura do marido. Deu conselhos à moça, pôs em relevo a posição do pretendente, o presente e o futuro, a situação esplêndida que lhe dava este casamento, e por fim as qualidades morais de Nóbrega. A moça escutou calada, e acabou rindo outra vez.", "Almoçou sozinho; D. Úrsula estava com Helena. Logo depois do almoço, recebeu uma carta de Mendonça, que, tendo ido na véspera a Andaraí, recebera a resposta dada a todos, e mandava saber se havia moléstia em casa. Estácio respondeu afirmativamente, acrescentando que, posto não se tratasse de cousa grave, só o esperava dous dias depois. A resposta podia ser mais circunspecta; no estado em que ele se achava, pareceu-lhe excelente.", "- Mana - disse eu a Rita contando-lhe estas cousas em Andaraí -, eis aqui em que acaba um velho e grave diplomata aposentado, sem os cansaços do ofício, é certo, mas também sem as esperanças da promoção.", "Nas últimas semanas, uma vizinha dele, em Andaraí, moça tísica, e pálida como as tísicas, propôs-lhe rindo, de um riso triste, que se casassem, porque ele não acharia mulher mais pálida.", "Vivia Daniel na rua do Ouvidor; os seus horizontes não passavam da casa do Bernardo ou da livraria Garnier. Fazia algumas excursões a Andaraí, a Botafogo ou à Tijuca, do mesmo modo que se faz uma viagem a Buenos Aires ou a Lisboa; mas o seu país natal era a rua do Ouvidor. Se a rua do Ouvidor não existisse, dizia ele, era preciso inventá-la. Depois da rua do Ouvidor só uma cousa lhe merecia cultos: a alcova em que dormia.", "- No Andaraí... por uma porta secreta... Vamos! Ou...", "Na rua era lento, direito, circunspecto. Nada faria então suspeitar o desengonçado da casa do Lavradio, e, se falava, eram poucas e meias palavras. Nos primeiros dias, encontrava-me sem alvoroço, quase sem prazer, ouvia-me atento, respondia pouco, estendia os dedos e continuava a andar. Ia a toda parte; era comum achá-lo nos lugares mais distantes uns dos outros, Botafogo, São Cristóvão, Andaraí. Quando lhe dava na veneta, metia-se na barca e ia a Niterói. Chamava-se a si mesmo erradio.", "Góis venceu. Poucas horas depois, tinham tudo ajustado. Dona Paula sairia no sábado próximo, para a própria casa onde ele morava, em Andaraí. Parece sonho tudo isto, e a pena mal obedece à mão; a verdade, porém, é que é verdade. Para explicar de algum modo esse ato de insensatez, é preciso não esquecer que ele, sobre todas as cousas, amava o escândalo; e que ela, não se sentindo presa por nenhum outro vínculo, mal sabia a que se expunha. Ia separar-se de toda gente, fechar todas as portas, confirmar as suspeitas públicas, afrontar a opinião - tudo como se houvera nascido para outra sociedade diversa daquela em que vivia. Não desconhecia o erro e seguia o erro. A desculpa que podia ter é que havia feito a mesma cousa até agora, e ia aliviar a consciência, pelo menos, da hipocrisia.", "O casamento foi celebrado dentro de um mês. Os noivos foram passar a lua de mel na Tijuca. Cinco meses depois estavam ambos na cidade, ocupando uma casa poética e romanesca em Andaraí." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Angola", "name": "Angola", "description": "Angola é um país localizado na costa ocidental da África, limitado a norte e a leste pela República Democrática do Congo, a leste também pela Zâmbia, a sul pela Namíbia e a oeste pelo Oceano Atlântico. Foi uma colônia portuguesa do século XV até a sua independência, em 1975. De Angola foram trazidos grandes contingentes de escravizados para o Brasil, os quais desembarcavam nos portos do Rio de Janeiro e Salvador, desde a colonização até a abolição da escravatura, em 1888. 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Mas eu não quero outro documento da sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executados com o único fim de dar mate ao meu apetite.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Pobre_Cardeal!#pobre-cardeal", "headline": "Pobre Cardeal!", "genre": "Conto", "datePublished": "1886", "text": "E foi assim que ele arranjou a roupa nova - embora de luto -, luto que fosse, era nova. 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E, então, comparando ainda uma vez os sonhos e a realidade, lembrou-lhe Schiller, que lera vinte e cinco anos antes, e repetiu com ele: \"Também eu nasci na Arcádia...\" A mulher, não entendendo a frase, perguntou-lhe se queria alguma coisa. Ele respondeu-lhe:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mas ao entrar levava o coração livre; ao sair trouxe nele uma flecha, para falar a linguagem dos poetas da Arcádia; era a flecha do amor.", "Mas achou os filhos à porta da casa; viu-os correr a abraçá-lo e à mãe, sentiu os olhos úmidos, e contentou-se com o que lhe coubera. E, então, comparando ainda uma vez os sonhos e a realidade, lembrou-lhe Schiller, que lera vinte e cinco anos antes, e repetiu com ele: \"Também eu nasci na Arcádia...\" A mulher, não entendendo a frase, perguntou-lhe se queria alguma coisa. 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A casa não era logo ali, mas muito além da dos Inválidos, perto da do Senado. Três ou quatro vezes, quisera interrogar o meu companheiro, sem ousar abrir a boca; mas agora, já nem tinha tal desejo. Ia só andando, aceitando o pior, como um gesto do destino, como uma necessidade da obra humana, e foi então que a Esperança, para combater o Terror, me segredou ao coração, não estas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma ideia que poderia ser traduzida por elas: \"Mamãe defunta, acaba o seminário\".", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Perto da noite, Raimundo veio buscá-la; Jorge acompanhou-a. Iaiá lembrou-se de traçar com um grampo, no musgo que reveste o aqueduto, o nome de Jorge e a data; instando com ele, Jorge escreveu também o nome dela. Raimundo sorria entre dentes. Em caminho falaram do presente e do futuro; e, num intervalo, tocaram levemente no passado.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Fui, cheguei aos Arcos, entrei na rua de Matacavalos. A casa não era logo ali, mas muito além da dos Inválidos, perto da do Senado. Três ou quatro vezes, quisera interrogar o meu companheiro, sem ousar abrir a boca; mas agora, já nem tinha tal desejo. Ia só andando, aceitando o pior, como um gesto do destino, como uma necessidade da obra humana, e foi então que a Esperança, para combater o Terror, me segredou ao coração, não estas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma ideia que poderia ser traduzida por elas: \"Mamãe defunta, acaba o seminário\".", "Perto da noite, Raimundo veio buscá-la; Jorge acompanhou-a. Iaiá lembrou-se de traçar com um grampo, no musgo que reveste o aqueduto, o nome de Jorge e a data; instando com ele, Jorge escreveu também o nome dela. Raimundo sorria entre dentes. 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O Deus de que te falo não é só essa sublime necessidade do espírito, que apenas contenta alguns filósofos; falo-te do Deus criador e remunerador, do Deus que lê no fundo de nossas consciências, que nos deu a vida, que nos há de dar a morte, e, além da morte, o prêmio ou o castigo. Crês?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- É menos ociosa do que parece. Não basta supor que se crê; nem basta crer à ligeira, como na existência de uma região obscura da Ásia, onde nunca se pretende pôr os pés. O Deus de que te falo não é só essa sublime necessidade do espírito, que apenas contenta alguns filósofos; falo-te do Deus criador e remunerador, do Deus que lê no fundo de nossas consciências, que nos deu a vida, que nos há de dar a morte, e, além da morte, o prêmio ou o castigo. 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Depois saiu; o pedinte esvaiu-se à porta do cartório; o general é que foi por ali abaixo, pisando rijo, encarando fraternalmente os ingleses do comércio que subiam a rua para se transportarem aos arrabaldes. Nunca o céu lhe pareceu tão azul, nem a tarde, tão límpida; todos os homens traziam na retina a alma da hospitalidade. Com a mão esquerda no bolso das calças, ele apertava amorosamente os cinco mil-réis, resíduo de uma grande ambição, que ainda há pouco saíra contra o sol, num ímpeto de águia, e ora batia modestamente as asas de frango rasteiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Custódio aceitou os cinco mil-réis, não triste, ou de má cara, mas risonho, palpitante, como se viesse de conquistar a Ásia Menor. Era o jantar certo. Estendeu a mão ao outro, agradeceu-lhe o obséquio, despediu-se até breve - um até breve cheio de afirmações implícitas. Depois saiu; o pedinte esvaiu-se à porta do cartório; o general é que foi por ali abaixo, pisando rijo, encarando fraternalmente os ingleses do comércio que subiam a rua para se transportarem aos arrabaldes. Nunca o céu lhe pareceu tão azul, nem a tarde, tão límpida; todos os homens traziam na retina a alma da hospitalidade. 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A do general argentino, que era já uma afirmação errada, exprimiu contudo, no seu tempo, a convicção dos três povos. Do primeiro embate com o inimigo, viu-se que a campanha seria rija e longa; a ilusão desfez-se; ficou a realidade, que nem por isso encaramos com rosto aflito. Não obstante, era difícil presumir, em outubro de 1866, que a guerra chegasse até março de 1870. Supunha-se que um esforço ingente bastaria a reparar Curupaiti, a derrubar Humaitá, a vencer o ditador, não nos três meses do General Mitre, mas em muito menos tempo do que viria a ser na realidade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Poucos poderiam supor, nos fins de 1866, que a campanha se protrairia ainda cerca de quatro anos. O cálculo do general Mitre, relativo aos três meses de Buenos Aires a Assunção, tinha já caído, é certo, no abismo das ilusões históricas. Proclamações são loterias; a fortuna as faz sublimes ou vãs. 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De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a \"linda Marcela\", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico - uma pérola.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a \"linda Marcela\", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. 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Foi a mais importante cidade-estado da Grécia antiga e tornou-se o centro cultural e intelectual do Ocidente durante o período conhecido como \"idade de ouro\" (500 a 300 a.C). 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Atenas volveu à história, enquanto os olhos me caíam das nuvens, isto é, nas calças de brim branco, no paletó de alpaca e nos sapatos de cordovão. E então refleti comigo: \"Que impressão daria ao ilustre ateniense o nosso vestuário moderno?\"", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Engana-se, senhor; trago esta máscara risonha, mas eu sou triste. Sou um arquiteto de ruínas. Iria primeiro às ruínas de Atenas; depois, ao teatro, ver o Pobre das ruínas, um drama de lágrimas; depois, aos tribunais de falências, onde os homens arruinados...", "Foi o que se deu hoje. A página aberta acertou de ser a vida de Alcibíades. Deixei-me ir ao sabor da loquela ática; daí a nada entrava nos jogos olímpicos, admirava o mais guapo dos atenienses, guiando magnificamente o carro, com a mesma firmeza e donaire com que sabia reger as batalhas, os cidadãos e os próprios sentidos. Imagine V. Excia. se vivi! Mas, o moleque entrou e acendeu o gás; não foi preciso mais para fazer voar toda a arqueologia da minha imaginação. Atenas volveu à história, enquanto os olhos me caíam das nuvens, isto é, nas calças de brim branco, no paletó de alpaca e nos sapatos de cordovão. E então refleti comigo: \"Que impressão daria ao ilustre ateniense o nosso vestuário moderno?\"" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Avenida%20Presidente%20Vargas%20-%20Rio%20de%20Janeiro", "name": "Aterrado", "description": "No vasto alagadiço que era o mangue da Cidade Nova, desde o antigo Rossio Pequeno (atual praça Onze de Junho) foi construído um longo e estreito aterro. No tempo de D. João VI era o caminho usado pela família real para chegar a São Cristóvão. Assim foram adotados os nomes de \"caminho das Lanternas\" e \"rua do Aterrado\". A rua do Aterrado desapareceu com a construção da avenida Presidente Vargas, na década de 1940.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Avenida%20Presidente%20Vargas%20-%20Rio%20de%20Janeiro", "lat": "-22.902347", "long": "-43.1846635", "gn:featureCode": "T.RD", "gn:featureCodeName": "Road", "gn:name": "Avenida Presidente Vargas - Rio de Janeiro", "gn:uri": "https://maps.app.goo.gl/wR6AMUYX8o6FaEa98" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#marcha-funebre", "headline": "Marcha Fúnebre", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Então pôs o caso em si. Se lhe tem acontecido no Cassino a morte do Aterrado? Não seria dançando; os seus quarenta anos não dançavam. Podia até dizer que ele só dançou até aos vinte. Não era dado a moças, tivera um afeição única na vida - aos vinte e cinco anos, casou e enviuvou ao cabo de cinco semanas para não casar mais. Não é que lhe faltassem noivas - mormente depois de perder o avô, que lhe deixou duas fazendas. Vendeu-as ambas e passou a viver consigo, fez duas viagens à Europa, continuou a política e a sociedade. Ultimamente parecia enojado de uma e de outra, mas, não tendo em que matar o tempo, não abriu mão delas. Chegou a ser ministro uma vez, creio que da Marinha, não passou de sete meses. Nem a pasta lhe deu glória, nem a demissão, desgosto. Não era ambicioso, e mais puxava para a quietação que para o movimento.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Então pôs o caso em si. Se lhe tem acontecido no Cassino a morte do Aterrado? Não seria dançando; os seus quarenta anos não dançavam. Podia até dizer que ele só dançou até aos vinte. Não era dado a moças, tivera um afeição única na vida - aos vinte e cinco anos, casou e enviuvou ao cabo de cinco semanas para não casar mais. Não é que lhe faltassem noivas - mormente depois de perder o avô, que lhe deixou duas fazendas. Vendeu-as ambas e passou a viver consigo, fez duas viagens à Europa, continuou a política e a sociedade. 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Era a primeira vez que ia a um paquete. Voltava com a alma cheia dos rumores de bordo, a lufa-lufa das gentes que entravam e saíam, nacionais, estrangeiros, estes de vária casta, franceses, ingleses, alemães, argentinos, italianos, uma confusão de línguas, um cafarnaum de chapéus, de malas, cordoalha, sofás, binóculos a tiracolo, homens que desciam ou subiam por escadas para dentro do navio, mulheres chorosas, outras curiosas, outras cheias de riso, e muitas que traziam de terra flores ou frutas - tudo aspectos novos. Ao longe, a barra por onde tinha de ir o paquete. Para lá da barra, o mar imenso, o céu fechado e a solidão. Rubião renovou os sonhos do mundo antigo, criou uma Atlântida, sem nada saber da tradição. Não tendo noções de geografia, formava uma ideia confusa dos outros países, e a imaginação rodeava-os de um nimbo misterioso. Como não lhe custava viajar assim, navegou de cor algum tempo, naquele vapor alto e comprido, sem enjoo, sem vagas, sem ventos, sem nuvens.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rubião acordou. Era a primeira vez que ia a um paquete. Voltava com a alma cheia dos rumores de bordo, a lufa-lufa das gentes que entravam e saíam, nacionais, estrangeiros, estes de vária casta, franceses, ingleses, alemães, argentinos, italianos, uma confusão de línguas, um cafarnaum de chapéus, de malas, cordoalha, sofás, binóculos a tiracolo, homens que desciam ou subiam por escadas para dentro do navio, mulheres chorosas, outras curiosas, outras cheias de riso, e muitas que traziam de terra flores ou frutas - tudo aspectos novos. Ao longe, a barra por onde tinha de ir o paquete. Para lá da barra, o mar imenso, o céu fechado e a solidão. Rubião renovou os sonhos do mundo antigo, criou uma Atlântida, sem nada saber da tradição. 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Deixemos a história com os seus caprichos de dama elegante. Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina, nenhum escreveu a confissão de Augsburgo; pela minha parte, se alguma vez me lembro de Cromwell, é só pela ideia de que Sua Alteza, com a mesma mão que trancara o parlamento, teria imposto aos ingleses o emplasto Brás Cubas. Não se riam dessa vitória comum da farmácia e do puritanismo. Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes várias outras bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sombra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem? Mal comparando, é como a arraia-miúda, que se acolhia à sombra do castelo feudal; caiu este e a arraia ficou. Verdade é que se fez graúda e castelã... Não, a comparação não presta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vamos lá; retifique o seu nariz, e tornemos ao emplasto. Deixemos a história com os seus caprichos de dama elegante. 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Pelo quê, rejeitou três pretendentes que, apesar de suas boas qualidades, tinham um defeito físico importante: não eram bonitos. Vasconcelos alcançou o seu Austerlitz onde os outros haviam achado Waterloo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#o-caso-da-vara", "headline": "O Caso da Vara", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Ele fez-lhe um gesto de mão que esperasse. Coçava a barba, procurando um recurso. Deus do céu! Um decreto do papa dissolvendo a Igreja, ou, pelo menos, extinguindo os seminários, faria acabar tudo em bem. João Carneiro voltaria para casa e ia jogar os três-setes. Imaginai que o barbeiro de Napoleão era encarregado de comandar a Batalha de Austerlitz... Mas a Igreja continuava, os seminários continuavam, o afilhado continuava, cosido à parede, olhos baixos, esperando, sem solução apoplética.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_chave#a-chave", "headline": "A Chave", "genre": "Conto", "datePublished": "1880", "text": "A ocasião era na verdade propícia. O pai ia passar a noite fora; a moça ficara com uma tia surda e sonolenta. Era o sol de Austerlitz; o nosso Bonaparte preparou a sua melhor tática. A fortuna deu-lhe até um grande auxiliar na própria moça, que estava triste; a tristeza podia dispor o coração a sentimentos benévolos, principalmente quando outro coração lhe dissesse que não duvidava beber na mesma taça da melancolia. Esta foi a primeira reflexão de Luís Bastinhos; a segunda foi diferente.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Dona Mariana, antes de casar, professava um princípio seu: o casamento é um estado vitalício; cumpre não precipitar a escolha do noivo. Pelo quê, rejeitou três pretendentes que, apesar de suas boas qualidades, tinham um defeito físico importante: não eram bonitos. Vasconcelos alcançou o seu Austerlitz onde os outros haviam achado Waterloo.", "Ele fez-lhe um gesto de mão que esperasse. Coçava a barba, procurando um recurso. Deus do céu! Um decreto do papa dissolvendo a Igreja, ou, pelo menos, extinguindo os seminários, faria acabar tudo em bem. João Carneiro voltaria para casa e ia jogar os três-setes. Imaginai que o barbeiro de Napoleão era encarregado de comandar a Batalha de Austerlitz... Mas a Igreja continuava, os seminários continuavam, o afilhado continuava, cosido à parede, olhos baixos, esperando, sem solução apoplética.", "A ocasião era na verdade propícia. O pai ia passar a noite fora; a moça ficara com uma tia surda e sonolenta. Era o sol de Austerlitz; o nosso Bonaparte preparou a sua melhor tática. A fortuna deu-lhe até um grande auxiliar na própria moça, que estava triste; a tristeza podia dispor o coração a sentimentos benévolos, principalmente quando outro coração lhe dissesse que não duvidava beber na mesma taça da melancolia. Esta foi a primeira reflexão de Luís Bastinhos; a segunda foi diferente." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Baghdad", "name": "Bagdá", "description": "Na Idade Antiga, Bagdá foi uma das mais importantes cidades da Mesopotâmia e atualmente é a capital do Iraque. 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Vi-te ali mesmo correr atrás da mulher do vizir, ao longo da galeria, ela a acenar-te com a posse, e tu a correr, a correr, a correr, até a alameda comprida, donde saíste à rua, onde todos os correeiros te apuparam e desancaram. Então pareceu-me que o corredor de Marcela era a alameda, e que a rua era a de Bagdá. Com efeito, olhando para a porta, vi na calçada três dos correeiros, um de batina, outro de libré, outro à paisana, os quais todos três entraram no corredor, tomaram-me pelos braços, meteram-me numa sege, meu pai à direita, meu tio cônego à esquerda, o da libré na boleia, e lá me levaram à casa do intendente de polícia, donde fui transportado a uma galera que devia seguir para Lisboa. 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Calo-me; digo somente que se a principal característica do homem não são as feições, mas o vestuário, ele não era o Quincas Borba; era um desembargador sem beca, um general sem farda, um negociante sem déficit. Notei-lhe a perfeição da sobrecasaca, a alvura da camisa, o asseio das botas. A mesma voz, roufenha outrora, parecia restituída à primitiva sonoridade. Quanto à gesticulação, sem que houvesse perdido a viveza de outro tempo, não tinha já a desordem, sujeitava-se a um certo método. Mas eu não quero descrevê-lo. Se falasse, por exemplo, no botão de ouro que trazia ao peito, e na qualidade do couro das botas, iniciaria uma descrição, que omito por brevidade. Contentem-se de saber que as botas eram de verniz. Saibam mais que ele herdara alguns pares de contos de réis de um velho tio de Barbacena.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Faleceu ontem o Sr. Joaquim Borba dos Santos, tendo suportado a moléstia com singular filosofia. Era homem de muito saber, e cansava-se em batalhar contra esse pessimismo amarelo e enfezado que ainda nos há de chegar aqui um dia; é a moléstia do século. A última palavra dele foi que a dor era uma ilusão, e que Pangloss não era tão tolo como o inculcou Voltaire... Já então delirava. Deixa muitos bens. O testamento está em Barbacena.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Deus me livre de contar a história do Quincas Borba, que aliás ouvi toda naquela triste ocasião, uma história longa, complicada, mas interessante. 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Saibam mais que ele herdara alguns pares de contos de réis de um velho tio de Barbacena.", "Faleceu ontem o Sr. Joaquim Borba dos Santos, tendo suportado a moléstia com singular filosofia. Era homem de muito saber, e cansava-se em batalhar contra esse pessimismo amarelo e enfezado que ainda nos há de chegar aqui um dia; é a moléstia do século. A última palavra dele foi que a dor era uma ilusão, e que Pangloss não era tão tolo como o inculcou Voltaire... Já então delirava. Deixa muitos bens. 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Aguiar aprendeu apenas o necessário para de todo em todo não atar as mãos aos lentes; mas o pouco que aprendeu ficou na serra de Cubatão, sem lhe deixar saudades. Os amores, ainda os trouxe até à barra do Rio de Janeiro, mas com certeza não desembarcou com eles. Também não valiam a pena; eram amores bem pouco sérios para virem acolher-se à sombra da família.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Entre_duas_datas#entre-duas-datas", "headline": "Entre Duas Datas", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Tudo isso foi pelos fins de 1855. Malvina seguiu com o pai, chorosa, jurando ao namorado que se atiraria ao mar, logo que saísse a barra do Rio de Janeiro. Jurou com sinceridade; mas a vida tem uma parte inferior que destrói, ou pelo menos, altera e atenua as resoluções morais. Malvina enjoou. Nesse estado, que toda a gente afirma ser intolerável, a moça não teve a necessária resolução para um ato de desespero. Chegou viva e sã ao Rio Grande.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Letra_vencida#letra-vencida", "headline": "Letra Vencida", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Para Eduardo, ou Heidelberg ou Hong-Kong, era a mesma cousa, uma vez que o arrancavam do único ponto do globo em que ele podia aprender a primeira das ciências, que era contemplar os olhos de Beatriz. Quando o paquete deu as primeiras rodadas na água e começou a mover-se para a barra, Eduardo não pôde reter as lágrimas, e foi escondê-las no camarote. Voltou logo acima, para ver ainda a cidade, perdê-la pouco a pouco, por uma ilusão da dor, que se contentava de um retalho, tirado à púrpura da felicidade moribunda. E a cidade, se tivesse olhos para vê-lo, podia também despedir-se dele com pesar e orgulho, pois era um esbelto rapaz, inteligente e bom. Convém dizer que a tristeza de deixar o Rio de Janeiro também lhe doía no coração. Era fluminense, não saíra nunca deste ninho paterno, e a saudade local vinha casar-se à saudade pessoal. Em que proporções, não sei. Há aí uma análise difícil, mormente agora, que não podemos mais distinguir a figura do rapaz. Ele está ainda na amurada; mas o paquete transpôs a barra, e vai perder-se no horizonte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "- Se ela sabe pintar pareceu-me que, melhor quadro que o seu jardim, é um trecho marinho do Flamengo, por exemplo, com a serra ao longe, a entrada da barra, alguma das ilhas, uma lancha, etc. A madrinha concordou logo, e foi propor à amiga a troca do quadro. Agradou-lhe este outro, prometeu vir ao Flamengo desenhá-lo, e não veio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Não abonava muito os seus sentimentos patrióticos o rosto com que entrou a barra da capital brasileira. Trazia-o fechado e merencório, como quem abafa em si alguma cousa que não é exatamente a bem-aventurança terrestre. Arrastou um olhar aborrecido pela cidade, que se ia desenrolando à proporção que o navio se dirigia ao ancoradouro. Quando veio a hora de desembarcar, fê-lo com a mesma alegria com que o réu transpõe os umbrais do cárcere. O escaler afastou-se do navio em cujo mastro flutuava uma bandeira tricolor; Camilo murmurou consigo:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "", "headline": "A Pianista", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "Tibério deu-lhe todas as cartas e ordens necessárias para que nada lhe faltasse na Bahia, e soltou do peito um suspiro de consolação quando o filho saiu à barra.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Jorge Aguiar, no tempo em que se passa esta narrativa, contava os seus vinte e três anos de idade. No ano anterior, voltara de São Paulo com um diploma de bacharel na algibeira e uns amores no coração. 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Chegou viva e sã ao Rio Grande.", "Para Eduardo, ou Heidelberg ou Hong-Kong, era a mesma cousa, uma vez que o arrancavam do único ponto do globo em que ele podia aprender a primeira das ciências, que era contemplar os olhos de Beatriz. Quando o paquete deu as primeiras rodadas na água e começou a mover-se para a barra, Eduardo não pôde reter as lágrimas, e foi escondê-las no camarote. Voltou logo acima, para ver ainda a cidade, perdê-la pouco a pouco, por uma ilusão da dor, que se contentava de um retalho, tirado à púrpura da felicidade moribunda. E a cidade, se tivesse olhos para vê-lo, podia também despedir-se dele com pesar e orgulho, pois era um esbelto rapaz, inteligente e bom. Convém dizer que a tristeza de deixar o Rio de Janeiro também lhe doía no coração. Era fluminense, não saíra nunca deste ninho paterno, e a saudade local vinha casar-se à saudade pessoal. Em que proporções, não sei. 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O escaler afastou-se do navio em cujo mastro flutuava uma bandeira tricolor; Camilo murmurou consigo:", "Tibério deu-lhe todas as cartas e ordens necessárias para que nada lhe faltasse na Bahia, e soltou do peito um suspiro de consolação quando o filho saiu à barra." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Beco%20das%20Cancelas%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020041-020%2C%20Brazil", "name": "Beco das Cancelas", "description": "O beco das Cancelas situa-se no centro da cidade do Rio de Janeiro, entre a rua Primeiro de Março e a rua da Quitanda. 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Nas janelas e ruas estavam muitos dos seus credores; dois, entretanto, na esquina do beco das Cancelas (a procissão descia a rua do Hospício), depois de ajoelhados, rezados, persignados e levantados, perguntaram um ao outro se não era tempo de recorrer à justiça." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Beco%20das%20Escadinhas%20do%20Livramento%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Beco das Escadinhas", "description": "O beco das Escadinhas, desaparecido devido a obras do Cais do Porto do Rio de Janeiro, começava no mar e terminava na rua da Saúde, em frente ao beco das Escadinhas do Livramento. 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Naturalmente botou-os fora, comeu-os em grandes festas, e agora toca para a Misericórdia, e eu que a leve! Morre-se em qualquer parte. Acresce que eu não sabia ou não me lembrava do tal beco das Escadinhas; mas, pelo nome, parecia-me algum recanto estreito e escuro da cidade. Tinha de lá ir, chamar a atenção dos vizinhos, bater à porta, etc. Que maçada! Não vou.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Realmente, sentia-me aborrecido, incomodado com o pedido de Virgília. Tinha dado a D. Plácida cinco contos de réis; duvido muito que ninguém fosse mais generoso do que eu, nem tanto. Cinco contos! E que fizera deles? Naturalmente botou-os fora, comeu-os em grandes festas, e agora toca para a Misericórdia, e eu que a leve! Morre-se em qualquer parte. Acresce que eu não sabia ou não me lembrava do tal beco das Escadinhas; mas, pelo nome, parecia-me algum recanto estreito e escuro da cidade. Tinha de lá ir, chamar a atenção dos vizinhos, bater à porta, etc. Que maçada! Não vou." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Dom%20Manuel%2C%2029%20-%20t%C3%A9rreo%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020010-090%2C%20Brazil", "name": "Beco do Cotovelo", "description": "O beco do Cotovelo, ou rua do Cotovelo, começava na praia de Dom Manuel e terminava na rua de São José. Nela estava situado o Teatro da Praia de Dom Manuel, depois chamado Teatro de São Januário. A rua do Cotovelo desapareceu com a urbanização do Castelo, e o local onde existiu o teatro é hoje ocupado pelo Palácio da Justiça.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Dom%20Manuel%2C%2029%20-%20t%C3%A9rreo%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020010-090%2C%20Brazil", "lat": "-22.9045245", "long": "-43.17273120000001", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "Section of populated place", "gn:name": "R. Dom Manuel, 29 - térreo - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20010-090, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9045245,-43.17273120000001" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-causa-secreta", "headline": "A Causa Secreta", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouviu-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de São José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tilbury, e seguiu para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_almoço#um-almoco", "headline": "Um Almoço", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Seixas cedeu; José Marques contou mais um argumento para o caso das vantagens dadas pelo compromisso da ordem em favor dos que lá metessem certo número de irmãos. No mesmo dia em que Seixas foi proposto e admitido, José Marques procurou-o em casa, que já não era no beco do Cotovelo, mas na rua dos Barbonos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouviu-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de São José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tilbury, e seguiu para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada.", "Seixas cedeu; José Marques contou mais um argumento para o caso das vantagens dadas pelo compromisso da ordem em favor dos que lá metessem certo número de irmãos. No mesmo dia em que Seixas foi proposto e admitido, José Marques procurou-o em casa, que já não era no beco do Cotovelo, mas na rua dos Barbonos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Belgium", "name": "Bélgica", "description": "A Bélgica é um país europeu cujo território limita-se com Holanda, Alemanha, Luxemburgo e França. Independente desde 1830, a Bélgica é uma monarquia constitucional: o primeiro ministro exerce o papel de chefe político, e o rei é uma figura simbólica, apesar de ser o chefe de Estado. 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Quero dizer que, cansado de ouvir e de falar a língua francesa, achei vida nova e original na minha língua, e já agora quero morrer com ela na boca e nas orelhas. Todos os meus dias vão contados, não há recobrar sombra do que se perder.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Sales, rindo, disse-lhe que ainda havia de arrepender-se, mas que ele lhe daria um perdão \"de rendas\", nova espécie de perdão, mais eficaz que nenhum outro. Desfez-se do escritório e dos empregados, sem tristeza; chegou a esquecer-se de pedir luvas ao novo inquilino da casa. Pensava em cousa diferente. Cálculos passados, esperanças ainda recentes eram cousas em que parecia não haver cuidado nunca. Debruçava-se-lhe do olho luminoso uma ideia nova. Uma noite, estando em passeio com a mulher, confiou-lhe que era indispensável ir à Europa, viagem de seis meses apenas. Iriam ambos, com economia... Legazinha ficou fulminada. Em casa respondeu-lhe que nem ela iria, nem consentiria que ele fosse. Para quê? Algum novo sonho. Sales afirmou-lhe que era uma simples viagem de estudo, França, Inglaterra, Bélgica, a indústria das rendas. Uma grande fábrica de rendas; o Brasil dando malinas e bruxelas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Realmente, não posso, tenho de ir jantar com o encarregado de negócios da Bélgica. Confesso que preferia os Aguiares, não que o diplomata seja aborrecido, ao contrário; mas os dous velhos vão com a minha velhice, e acho neles um pouco da perdida mocidade. O belga é moço, mas é belga. Quero dizer que, cansado de ouvir e de falar a língua francesa, achei vida nova e original na minha língua, e já agora quero morrer com ela na boca e nas orelhas. 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Uma grande fábrica de rendas; o Brasil dando malinas e bruxelas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Biarritz", "name": "Biarritz", "description": "Biarritz é uma famosa cidade balneário, no sudoeste da França, onde o imperador Napoleão III passava suas férias, junto com a imperatriz Eugênia, sua mulher.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Biarritz", "lat": "43.48055", "long": "-1.55684", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "populated place", "gn:name": "Biarritz", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3032797/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Ficando só, Rubião atirou-se a uma poltrona, e viu passar muitas cousas suntuosas. Estava em Biarritz ou Compiègne, não se sabe bem; Compiègne, parece. Governou um grande Estado, ouviu ministros e embaixadores, dançou, jantou - e assim outras ações narradas em correspondências de jornais, que ele lera e lhe ficaram de memória. Nem os ganidos de Quincas Borba logravam espertá-lo. Estava longe e alto. Compiègne era no caminho da lua. Em marcha para a lua!", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ficando só, Rubião atirou-se a uma poltrona, e viu passar muitas cousas suntuosas. Estava em Biarritz ou Compiègne, não se sabe bem; Compiègne, parece. Governou um grande Estado, ouviu ministros e embaixadores, dançou, jantou - e assim outras ações narradas em correspondências de jornais, que ele lera e lhe ficaram de memória. Nem os ganidos de Quincas Borba logravam espertá-lo. Estava longe e alto. Compiègne era no caminho da lua. Em marcha para a lua!" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Rio%20Branco%2C%20219%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020040-008%2C%20Brazil", "name": "Biblioteca Nacional", "description": "Fundada com o nome de Real Biblioteca e trazida para o Brasil em 1808 com a família real portuguesa, a Biblioteca Nacional foi assim denominada a partir de 1876. Antes de situar-se no seu atual endereço, na avenida Rio Branco, em frente à Cinelândia, no centro da cidade do Rio de Janeiro, localizou-se no hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na rua Direita, hoje rua Primeiro de Março. Posteriormente, foi transferida para junto ao Passeio Público, no prédio onde hoje está a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É a maior biblioteca da América Latina.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Rio%20Branco%2C%20219%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020040-008%2C%20Brazil", "lat": "-22.9096965", "long": "-43.1755177", "gn:featureCode": "S.LIBR", "gn:featureCodeName": "library", "gn:name": "Av. 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Desenvolveu-se ainda mais a partir da Revolução Industrial (final do século XVIII, início do XIX).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Birmingham", "lat": "52.48142", "long": "-1.89983", "gn:featureCode": "PPLA2", "gn:featureCodeName": "seat of a second-order administrative division", "gn:name": "Birmingham", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2655603/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-emprestimo", "headline": "O Empréstimo", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Agora, por exemplo, leu um anúncio de alguém que pedia um sócio, com cinco contos de réis, para entrar em certo negócio, que prometia dar, nos primeiros seis meses, oitenta a cem contos de lucro. Custódio foi ter com o anunciante. Era uma grande ideia, uma fábrica de agulhas, indústria nova, de imenso futuro. E os planos, os desenhos da fábrica, os relatórios de Birmingham, os mapas de importação, as respostas dos alfaiates, dos donos de armarinho, etc., todos os documentos de um longo inquérito passavam diante dos olhos de Custódio, estrelados de algarismos, que ele não entendia, e que por isso mesmo lhe pareciam dogmáticos. Vinte e quatro horas; não pedia mais de vinte e quatro horas para trazer os cinco contos. E saiu dali, cortejado, amimado pelo anunciante, que, ainda à porta, o afogou numa torrente de saldos. Mas os cinco contos, menos dóceis ou menos vagabundos que os cinco mil-réis, sacudiam incredulamente a cabeça, e deixavam-se estar nas arcas, tolhidos de medo e de sono. Nada. Oito ou dez amigos, a quem falou, disseram-lhe que nem dispunham agora da soma pedida, nem acreditavam na fábrica. Tinha perdido as esperanças, quando aconteceu subir a rua do Rosário e ler no portal de um cartório o nome de Vaz Nunes. Estremeceu de alegria; recordou a Tijuca, as maneiras do tabelião, as frases com que ele lhe respondeu ao brinde, e disse consigo que este era o salvador da situação.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Agora, por exemplo, leu um anúncio de alguém que pedia um sócio, com cinco contos de réis, para entrar em certo negócio, que prometia dar, nos primeiros seis meses, oitenta a cem contos de lucro. Custódio foi ter com o anunciante. Era uma grande ideia, uma fábrica de agulhas, indústria nova, de imenso futuro. E os planos, os desenhos da fábrica, os relatórios de Birmingham, os mapas de importação, as respostas dos alfaiates, dos donos de armarinho, etc., todos os documentos de um longo inquérito passavam diante dos olhos de Custódio, estrelados de algarismos, que ele não entendia, e que por isso mesmo lhe pareciam dogmáticos. Vinte e quatro horas; não pedia mais de vinte e quatro horas para trazer os cinco contos. E saiu dali, cortejado, amimado pelo anunciante, que, ainda à porta, o afogou numa torrente de saldos. Mas os cinco contos, menos dóceis ou menos vagabundos que os cinco mil-réis, sacudiam incredulamente a cabeça, e deixavam-se estar nas arcas, tolhidos de medo e de sono. Nada. Oito ou dez amigos, a quem falou, disseram-lhe que nem dispunham agora da soma pedida, nem acreditavam na fábrica. Tinha perdido as esperanças, quando aconteceu subir a rua do Rosário e ler no portal de um cartório o nome de Vaz Nunes. 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Não podes ter ideia da sala e da vida. Imagina um município do país da Boêmia, tudo desordenado e confuso; além dos poucos móveis pobres, que eram do alfaiate, havia duas redes, uma canastra, um cabide, um baú de folha de flandres, livros, chapéus, sapatos. Moravam cinco rapazes, mas apareciam outros, e todos eram tudo, estudantes, tradutores, revisores, namoradores, e ainda lhes sobrava tempo para redigir uma folha política e literária, publicada aos sábados. Que longas palestras que tínhamos! Solapávamos as bases da sociedade, descobríamos mundos novos, constelações novas, liberdades novas. Tudo era novíssimo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ninguém dava o mote. A casa era uma simples sala, sublocada por um alfaiate, que morava nos fundos com a família; rua do Lavradio, 1866. Era a segunda vez que ia ali, a convite de um dos rapazes. Não podes ter ideia da sala e da vida. Imagina um município do país da Boêmia, tudo desordenado e confuso; além dos poucos móveis pobres, que eram do alfaiate, havia duas redes, uma canastra, um cabide, um baú de folha de flandres, livros, chapéus, sapatos. Moravam cinco rapazes, mas apareciam outros, e todos eram tudo, estudantes, tradutores, revisores, namoradores, e ainda lhes sobrava tempo para redigir uma folha política e literária, publicada aos sábados. Que longas palestras que tínhamos! Solapávamos as bases da sociedade, descobríamos mundos novos, constelações novas, liberdades novas. 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É famosa em todo o mundo pelos seus vinhos que, desde a Idade Média, lhe proporcionaram o crescimento.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Bordeaux", "lat": "44.84044", "long": "-0.5805", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Bordeaux", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3031582/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Como vês, Capitu, aos quatorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos. Assim, para não sair do desejo vago e hipotético de me mandar para a Europa, Capitu, se pudesse cumpri-lo, não me faria embarcar no paquete e fugir; estenderia uma fila de canoas daqui até lá, por onde eu, parecendo ir à fortaleza da Laje em ponte movediça, iria realmente até Bordéus, deixando minha mãe na praia, à espera. Tal era a feição particular do caráter da minha amiga; pelo quê, não admira que, combatendo os meus projetos de resistência franca, fosse antes pelos meios brandos, pela ação do empenho, da palavra, da persuasão lenta e diuturna, e examinasse antes as pessoas com quem podíamos contar. Rejeitou tio Cosme; era um \"boa-vida\"; se não aprovava a minha ordenação, não era capaz de dar um passo para suspendê-la. Prima Justina era melhor que ele, e melhor que os dous seria o padre Cabral, pela autoridade, mas o padre não havia de trabalhar contra a Igreja; só se eu lhe confessasse que não tinha vocação...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Não tendo partido, nem opiniões, nem parentes próximos, nem interesses (todos os seus haveres estavam na Europa), mal se explica a resolução súbita de Evaristo pela simples curiosidade, e contudo não houve outro motivo. Quis ver o novo aspecto das cousas. Indagou da data de uma primeira representação no Odéon, comédia de um amigo, calculou que, saindo no primeiro paquete e voltando três paquetes depois, chegaria a tempo de comprar bilhete e entrar no teatro; fez as malas, correu a Bordéus, e embarcou.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Como vês, Capitu, aos quatorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos. Assim, para não sair do desejo vago e hipotético de me mandar para a Europa, Capitu, se pudesse cumpri-lo, não me faria embarcar no paquete e fugir; estenderia uma fila de canoas daqui até lá, por onde eu, parecendo ir à fortaleza da Laje em ponte movediça, iria realmente até Bordéus, deixando minha mãe na praia, à espera. Tal era a feição particular do caráter da minha amiga; pelo quê, não admira que, combatendo os meus projetos de resistência franca, fosse antes pelos meios brandos, pela ação do empenho, da palavra, da persuasão lenta e diuturna, e examinasse antes as pessoas com quem podíamos contar. Rejeitou tio Cosme; era um \"boa-vida\"; se não aprovava a minha ordenação, não era capaz de dar um passo para suspendê-la. Prima Justina era melhor que ele, e melhor que os dous seria o padre Cabral, pela autoridade, mas o padre não havia de trabalhar contra a Igreja; só se eu lhe confessasse que não tinha vocação...", "Não tendo partido, nem opiniões, nem parentes próximos, nem interesses (todos os seus haveres estavam na Europa), mal se explica a resolução súbita de Evaristo pela simples curiosidade, e contudo não houve outro motivo. Quis ver o novo aspecto das cousas. Indagou da data de uma primeira representação no Odéon, comédia de um amigo, calculou que, saindo no primeiro paquete e voltando três paquetes depois, chegaria a tempo de comprar bilhete e entrar no teatro; fez as malas, correu a Bordéus, e embarcou." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Bosphorus%2C%20T%C3%BCrkiye", "name": "Bósforo", "description": "O estreito de Bósforo, na atual Turquia, separa a parte asiática da cidade de Istambul da parte europeia, marcando o limite entre os dois continentes. Une o mar de Mármara ao mar Negro. 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Não sou eu que o digo, é ele; ele é que junta esse e outros nomes ruins, ele o que para no meio da sala, com os olhos no tapete, em cuja trama figura um turco indolente, cachimbo na boca, olhando para o Bósforo... Devia ser o Bósforo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Em casa, tirou-a e mirou-a outra vez; as mãos hesitavam, reproduzindo o estado da consciência. Se abrisse a carta, saberia tudo. Lida e queimada, ninguém mais conheceria o texto, ao passo que ele teria acabado por uma vez com essa terrível fascinação que o fazia penar ao pé daquele abismo de opróbrios... Não sou eu que o digo, é ele; ele é que junta esse e outros nomes ruins, ele o que para no meio da sala, com os olhos no tapete, em cuja trama figura um turco indolente, cachimbo na boca, olhando para o Bósforo... 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Evarista brandiu aquela arma com o perverso intuito de degolar de uma vez a ciência, ou, pelo menos, decepar-lhe as mãos; mas a conjectura é verossímil. Em todo caso, o alienista não lhe atribuiu outra intenção. E não se irritou o grande homem, não ficou sequer consternado. O metal de seus olhos não deixou de ser o mesmo metal, duro, liso, eterno, nem a menor prega veio quebrar a superfície da fronte quieta como a água de Botafogo. Talvez um sorriso lhe descerrou os lábios, por entre os quais filtrou esta palavra macia como o óleo do Cântico:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-cartomante", "headline": "A Cartomante", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. 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Chamava-se a si mesmo erradio.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não acabou a frase; ou antes, acabou-a levantando os olhos ao teto - os olhos, que eram a sua feição mais insinuante -, negros, grandes, lavados de uma luz úmida, como os da aurora. Quanto ao gesto, era o mesmo que empregara no dia em que Simão Bacamarte a pediu em casamento. Não dizem as crônicas se D. Evarista brandiu aquela arma com o perverso intuito de degolar de uma vez a ciência, ou, pelo menos, decepar-lhe as mãos; mas a conjectura é verossímil. Em todo caso, o alienista não lhe atribuiu outra intenção. E não se irritou o grande homem, não ficou sequer consternado. O metal de seus olhos não deixou de ser o mesmo metal, duro, liso, eterno, nem a menor prega veio quebrar a superfície da fronte quieta como a água de Botafogo. Talvez um sorriso lhe descerrou os lábios, por entre os quais filtrou esta palavra macia como o óleo do Cântico:", "Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. 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Esta menina estava sendo educada em um colégio de Botafogo. Era declarada herdeira da parte que lhe tocasse de seus bens, e devia ir viver com a família, a quem o conselheiro instantemente pedia que a tratasse com desvelo e carinho, como se de seu matrimônio fosse.", "Almoçou sem vontade e saiu. Foi ao Alcazar. Os amigos acharam-no triste; perguntaram-lhe se era alguma mágoa de amor. Soares respondeu que estava doente. As Laís da localidade acharam que era de bom gosto ficarem tristes também. A consternação foi geral. Um dos seus amigos, José Pires, propôs um passeio a Botafogo para distrair as melancolias de Soares. O rapaz aceitou. Mas o passeio a Botafogo era tão comum que não podia distraí-lo. Lembraram-se de ir ao Corcovado, ideia que foi aceita e executada imediatamente.", "No largo de São Francisco estava um carro dela, perto da igreja. Íamos da rua do Ouvidor, a dez passos de distância ou pouco mais. 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Se tinha medo, era diferente; ele, Palha, faria o negócio com John Roberts, sócio que foi da casa Wilkinson, fundada em 1844, cujo chefe voltou para a Inglaterra, e era agora membro do Parlamento.", "Mariana chegou a ir a Petrópolis. Gostou muito; era a primeira vez que lá ia, e veio cortada de saudades. A Corte consolou-a; Botafogo, Laranjeiras, rua do Ouvidor, movimento de bonds, gás, damas e rapazes cruzando-se, carros de toda a sorte, tudo isto lhe parecia cheio de vida e movimento.", "Na rua era lento, direito, circunspecto. Nada faria então suspeitar o desengonçado da casa do Lavradio, e, se falava, eram poucas e meias palavras. Nos primeiros dias, encontrava-me sem alvoroço, quase sem prazer, ouvia-me atento, respondia pouco, estendia os dedos e continuava a andar. Ia a toda parte; era comum achá-lo nos lugares mais distantes uns dos outros, Botafogo, São Cristóvão, Andaraí. Quando lhe dava na veneta, metia-se na barca e ia a Niterói. 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Irritou-se o pai e a terceira carta que lhe mandou foi já de amargas censuras. Camilo caiu em si e dispôs-se com grande mágoa a regressar à pátria, não sem esperanças de voltar e acabar os seus dias no boulevard dos Italianos ou à porta do Café Helder.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Pedro Antão tinha morrido dez meses antes; achou-se-lhe um testamento em que deixava a casa, os livros e mais objetos ao sobrinho Mendonça - com a condição de que só tomaria conta da casa dez meses depois. Mendonça estava então no boulevard dos Italianos, único sítio de Paris que conheceu e conhece a fundo, quando recebeu esta notícia. Riu muito da singularidade do tio, e veio ao Rio de Janeiro expressamente para tomar conta da casa. 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Camilo caiu em si e dispôs-se com grande mágoa a regressar à pátria, não sem esperanças de voltar e acabar os seus dias no boulevard dos Italianos ou à porta do Café Helder." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Brussels", "name": "Bruxelas", "description": "Bruxelas é a capital da Bélgica. 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Depois da rua do Ouvidor só uma cousa lhe merecia cultos: a alcova em que dormia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Procópio Dias falou compridamente da política argentina e da magistratura de Buenos Aires; falou também um pouco das mulheres platinas. De quando em quando abria um claro, como para deixar que o outro intercalasse alguma cousa menos estrangeira; Jorge, porém, falava pouco e sem apetite; o constrangimento dele foi visível quando Procópio Dias o interrogou acerca da família de Luís Garcia; respondeu-lhe sem interesse. Procópio Dias fitou-o durante alguns segundos; as rugas da testa engrossaram-se-lhe extraordinariamente.", "Vivia Daniel na rua do Ouvidor; os seus horizontes não passavam da casa do Bernardo ou da livraria Garnier. Fazia algumas excursões a Andaraí, a Botafogo ou à Tijuca, do mesmo modo que se faz uma viagem a Buenos Aires ou a Lisboa; mas o seu país natal era a rua do Ouvidor. Se a rua do Ouvidor não existisse, dizia ele, era preciso inventá-la. Depois da rua do Ouvidor só uma cousa lhe merecia cultos: a alcova em que dormia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Oita%2C%20Jap%C3%A3o", "name": "Bungo", "description": "Segundo o relato de Fernão Mendes Pinto, Fuchéu (ou Fucheo) é a capital da antiga província japonesa de Bungo, situada em uma das ilhas do arquipélago nipônico, a sudoeste da ilha principal.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Oita%2C%20Jap%C3%A3o", "lat": "33.156361", "long": "131.1536407", "gn:featureCode": "ADM3", "gn:featureCodeName": "Third-order administrative division", "gn:name": "Oita, Japão", "gn:uri": "https://maps.app.goo.gl/4AtBvPSycCkzJaWE8" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-segredo-do-bonzo", "headline": "O Segredo do Bonzo", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Atrás deixei narrado o que se passou nesta cidade Fuchéu, capital do reino de Bungo, com o padre-mestre Francisco, e de como el-rei se houve com o Fucarandono e outros bonzos, que tiveram por acertado disputar ao padre as primazias da nossa santa religião. Agora direi de uma doutrina não menos curiosa que saudável ao espírito, e digna de ser divulgada a todas as repúblicas da cristandade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Atrás deixei narrado o que se passou nesta cidade Fuchéu, capital do reino de Bungo, com o padre-mestre Francisco, e de como el-rei se houve com o Fucarandono e outros bonzos, que tiveram por acertado disputar ao padre as primazias da nossa santa religião. Agora direi de uma doutrina não menos curiosa que saudável ao espírito, e digna de ser divulgada a todas as repúblicas da cristandade." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Egypt", "name": "Busíris", "description": "Busíris era uma cidade (segundo alguns, uma região), cujo nome significava \"lugar de Osíris\". Era uma das localidades que reclamavam a posse de uma das partes do corpo de Osíris, retalhado por seu irmão. 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Alugarás um e iremos, não a Busíris, mas ao lugar mais ermo e áspero, que será para mim o seio da própria Ísis divina.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Olha - concluiu -, para mais captar-lhe a confiança, aqui trouxe o meu par de crótalos, com que uso acompanhar as danças e as flautas. Os barcos saem amanhã. 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João II pouco depois mudou-lhe o nome para cabo da Boa Esperança, porque, ao ser dobrado o cabo, confirmava-se a ideia de que havia ligação entre os oceanos Atlântico e Índico, o que fortalecia a esperança portuguesa de chegar às Índias por via marítima.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cape%20of%20Good%20Hope", "lat": "-34.35027", "long": "18.47909", "gn:featureCode": "CAPE", "gn:featureCodeName": "cape", "gn:name": "Cape of Good Hope", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3367577/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Mas há ainda uma terceira causa que dava a esta senhora o sentimento da cor azul, causa tão particular que merecia ir em capítulo seu, mas não vai, por economia. Era a isenção, era o ter atravessado a vida intacta e pura. O cabo das Tormentas converteu-se em cabo da Boa Esperança, e ela venceu a primeira e a segunda mocidade, sem que os ventos lhe derribassem a nau, nem as ondas a engolissem. Não negaria que alguma lufada mais rija pudera levar-lhe a vela do traquete, como no caso de João de Melo, ou ainda pior, no de Aires, mas foram bocejos de Adamastor. Concertou a vela depressa e o gigante ficou atrás cercado de Tétis, enquanto ela seguiu o caminho da Índia. Agora lembrava-se da viagem próspera. Honrava-se dos ventos inúteis e perdidos. A memória trazia-lhe o sabor do perigo passado. Eis aqui a terra encoberta, os dous filhos nados, criados e amados da fortuna.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Entra-se na política - disse ele - por vocação legítima, ambição nobre, interesse, vaidade, e até por simples distração. 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Venceu a repugnância por amor-próprio; mas, uma vez dobrado o cabo das Tormentas disciplinares, deixou a outros o cuidado de aproar à Índia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mas há ainda uma terceira causa que dava a esta senhora o sentimento da cor azul, causa tão particular que merecia ir em capítulo seu, mas não vai, por economia. Era a isenção, era o ter atravessado a vida intacta e pura. O cabo das Tormentas converteu-se em cabo da Boa Esperança, e ela venceu a primeira e a segunda mocidade, sem que os ventos lhe derribassem a nau, nem as ondas a engolissem. Não negaria que alguma lufada mais rija pudera levar-lhe a vela do traquete, como no caso de João de Melo, ou ainda pior, no de Aires, mas foram bocejos de Adamastor. Concertou a vela depressa e o gigante ficou atrás cercado de Tétis, enquanto ela seguiu o caminho da Índia. Agora lembrava-se da viagem próspera. Honrava-se dos ventos inúteis e perdidos. A memória trazia-lhe o sabor do perigo passado. 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Abrigou também o antigo Tribunal da Relação e foi palco da prisão de alguns inconfidentes mineiros, entre os quais Tiradentes. Após a Proclamação da Independência, tornou-se sede da Assembleia Geral Constituinte. No mesmo local, ergue-se hoje o palácio Tiradentes, que abriga a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, tendo à frente uma grande estátua do Mártir da Independência.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pres.%20Ant%C3%B4nio%20Carlos%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020020-010%2C%20Brazil", "lat": "-22.9040674", "long": "-43.1740668", "gn:featureCode": "BLDG", "gn:featureCodeName": "building(s)", "gn:name": "Av. Pres. 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A cidade caiu então sob controle dos ingleses, até que, em 1922, o Egito conseguiu sua independência.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cairo", "lat": "30.06263", "long": "31.24967", "gn:featureCode": "PPLC", "gn:featureCodeName": "capital of a political entity", "gn:name": "Cairo", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/360630/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#a-igreja-do-diabo", "headline": "A Igreja do Diabo", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogman; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo, e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinquenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogman; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo, e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. 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Baronesa, para mim já não há mundo que valha um bilhete de passagem. Vi tudo por várias línguas. Agora o mundo começa aqui no cais da Glória ou na rua do Ouvidor e acaba no cemitério de São João Batista. Ouço que há uns mares tenebrosos para os lados da ponta do Caju, mas eu sou um velho incrédulo, como a senhora dizia há pouco, e não aceito essas notícias sem prova cabal e visual, e para ir averiguá-las, falham-me pernas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Ah! Baronesa, para mim já não há mundo que valha um bilhete de passagem. Vi tudo por várias línguas. Agora o mundo começa aqui no cais da Glória ou na rua do Ouvidor e acaba no cemitério de São João Batista. 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Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. 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Como escrevia sempre à irmã e aos amigos, dava a causa exata da demora, e não eram amores, salvo se mentia, mas passara a idade de mentir. Afirmou, sim, que recuperara algumas forças, e assim o pareceu quando desembarcou, onze meses depois, no cais Pharoux. Trazia o mesmo ar de velho elegante, fresco e bem posto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "- Irei ao cais Pharoux, pode ser que a bordo também.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "A volta de Carlos Maria e da mulher interrompeu as preocupações de D. Fernanda, relativamente a Rubião. Esta foi a bordo recebê-los, conduziu-os à Tijuca, onde um velho amigo da família de Carlos Maria alugara e trastejara uma casa, por ordem dele. Sofia não foi a bordo; mandou o coupé esperá-los no cais Pharoux, mas D. Fernanda já ali tinha uma caleça, que os levou, e mais a ela e ao Palha. De tarde, Sofia foi visitar os recém-chegados.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quiseram retê-lo as duas, Santos também, que perdia nele uma figura certa das suas noites; mas o nosso homem resistiu, embarcou e partiu. Como escrevia sempre à irmã e aos amigos, dava a causa exata da demora, e não eram amores, salvo se mentia, mas passara a idade de mentir. Afirmou, sim, que recuperara algumas forças, e assim o pareceu quando desembarcou, onze meses depois, no cais Pharoux. Trazia o mesmo ar de velho elegante, fresco e bem posto.", "- Irei ao cais Pharoux, pode ser que a bordo também.", "A volta de Carlos Maria e da mulher interrompeu as preocupações de D. Fernanda, relativamente a Rubião. 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O cemitério do Caju foi o primeiro cemitério público da cidade, onde foram enterradas muitas personalidades do Império ao longo do século XIX.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Caju%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.8799105", "long": "-43.2263825", "gn:featureCode": "P.PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Caju, Rio de Janeiro - State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.8799105,-43.2263825" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "A idéia do suicídio fincou-se-lhe mais adentro no espírito, certa tarde em que ele saiu a espairecer, e viu um enterro que passava, caminho do Caju. O préstito era triste - ainda mais triste pela indiferença que se lia no rosto dos que iam piedosamente acompanhando o morto. Estêvão descobriu-se e sinceramente desejou ir ali dentro, metido naquelas estreitas tábuas de pinho, com todas as suas dores, paixões e esperanças.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "A idéia do suicídio fincou-se-lhe mais adentro no espírito, certa tarde em que ele saiu a espairecer, e viu um enterro que passava, caminho do Caju. 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Gen. Luís Mendes de Morais - Santo Cristo, Rio de Janeiro", "gn:uri": "https://maps.app.goo.gl/gQzaQeCqrAVnhqcq7" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "E, se era joia, dizia isto a contemplá-la entre os dedos, a procurar melhor luz, a ensaiá-la em si, e a rir, e a beijar-me com uma reincidência impetuosa e sincera; mas, protestando, derramava-se-lhe a felicidade dos olhos, e eu sentia-me feliz com vê-la assim. Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia obter; Marcela juntava-as todas dentro de uma caixinha de ferro, cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava; escondia-a por medo dos escravos. A casa em que morava, nos Cajueiros, era própria. Eram sólidos e bons os móveis, de jacarandá lavrado, e todas as demais alfaias, espelhos, jarras, baixela - uma linda baixela da Índia, que lhe doara um desembargador. Baixela do diabo, deste-me grandes repelões aos nervos. Disse-o muita vez à própria dona; não lhe dissimulava o tédio que me faziam esses e outros despojos dos seus amores de antanho. Ela ouvia-me e ria, com uma expressão cândida - cândida e outra cousa, que eu nesse tempo não entendia bem; mas agora, relembrando o caso, penso que era um riso misto, como devia ter a criatura que nascesse, por exemplo, de uma bruxa de Shakespeare com um serafim de Klopstock. Não sei se me explico. E porque tinha notícia dos meus zelos tardios, parece que gostava de os açular mais. 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A cadelinha entrou a acompanhá-lo, e ele, notando que era animal sem dono visível, levou-a consigo para os Cajueiros.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Vou; mas já não estamos na mesma casa; mudamo-nos para os Cajueiros, rua da Princesa...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Rui_de_Leão#rui-de-leao", "headline": "Rui de Leão", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Passava-se esta cena nos Cajueiros, e o nosso Rui morava perto do Valongo: convidou o parente da moça para acompanhá-lo à casa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Vênus!_Divina_Vênus!#venus-divina-venus", "headline": "Vênus, Divina Vênus!", "genre": "Conto", "datePublished": "1893", "text": "Tem vinte anos este moço, olhos claros e miúdos, cara sem expressão, nem bonita nem feia, banal. Cabelo reluzente de óleo, que ele põe todos os dias. Dentes tratados com esmero. As mãos são delgadinhas, como os pés, e tem as unhas compridas e encurvadas. Empregado em um dos arsenais, vive com a mãe (já não tem pai), e paga a casa e parte da comida. A outra parte é paga pela mãe, que, apesar de velha, trabalha muito. Moram no bairro dos Cajueiros. O ano em que isto se dava era o de 1859. É domingo. Dizendo que a mãe foi à missa, quase não é preciso acrescentar que com um surrado vestido preto.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E, se era joia, dizia isto a contemplá-la entre os dedos, a procurar melhor luz, a ensaiá-la em si, e a rir, e a beijar-me com uma reincidência impetuosa e sincera; mas, protestando, derramava-se-lhe a felicidade dos olhos, e eu sentia-me feliz com vê-la assim. Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia obter; Marcela juntava-as todas dentro de uma caixinha de ferro, cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava; escondia-a por medo dos escravos. A casa em que morava, nos Cajueiros, era própria. Eram sólidos e bons os móveis, de jacarandá lavrado, e todas as demais alfaias, espelhos, jarras, baixela - uma linda baixela da Índia, que lhe doara um desembargador. Baixela do diabo, deste-me grandes repelões aos nervos. Disse-o muita vez à própria dona; não lhe dissimulava o tédio que me faziam esses e outros despojos dos seus amores de antanho. Ela ouvia-me e ria, com uma expressão cândida - cândida e outra cousa, que eu nesse tempo não entendia bem; mas agora, relembrando o caso, penso que era um riso misto, como devia ter a criatura que nascesse, por exemplo, de uma bruxa de Shakespeare com um serafim de Klopstock. Não sei se me explico. E porque tinha notícia dos meus zelos tardios, parece que gostava de os açular mais. Assim foi que um dia, como eu lhe não pudesse dar certo colar, que ela vira num joalheiro, retorquiu-me que era um simples gracejo, que o nosso amor não precisava de tão vulgar estímulo.", "Na memorável noite em que se desencaminhou Miss Dollar, voltava Mendonça para casa quando teve a ventura de encontrar a fugitiva no Rossio. A cadelinha entrou a acompanhá-lo, e ele, notando que era animal sem dono visível, levou-a consigo para os Cajueiros.", "- Vou; mas já não estamos na mesma casa; mudamo-nos para os Cajueiros, rua da Princesa...", "Passava-se esta cena nos Cajueiros, e o nosso Rui morava perto do Valongo: convidou o parente da moça para acompanhá-lo à casa.", "Tem vinte anos este moço, olhos claros e miúdos, cara sem expressão, nem bonita nem feia, banal. Cabelo reluzente de óleo, que ele põe todos os dias. Dentes tratados com esmero. As mãos são delgadinhas, como os pés, e tem as unhas compridas e encurvadas. Empregado em um dos arsenais, vive com a mãe (já não tem pai), e paga a casa e parte da comida. A outra parte é paga pela mãe, que, apesar de velha, trabalha muito. Moram no bairro dos Cajueiros. O ano em que isto se dava era o de 1859. É domingo. Dizendo que a mãe foi à missa, quase não é preciso acrescentar que com um surrado vestido preto." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Calhabouco%20Point%20%28historical%29", "name": "Calabouço", "description": "A ponta do Calabouço era um promontório rochoso que adentrava as águas da baía de Guanabara, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, na região onde hoje se situa o Museu Histórico Nacional. 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Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos, que chegavam a acusá-lo de bárbaro. O único fato alegado neste particular era o de mandar com frequência escravos ao Calabouço, donde eles desciam a escorrer sangue; mas, além de que ele só mandava os perversos e os fujões, ocorre que, tendo longamente contrabandeado em escravos, habituara-se de certo modo ao trato um pouco mais duro que esse gênero de negócio requeria, e não se pode honestamente atribuir à índole original de um homem o que é puro efeito de relações sociais. A prova de que o Cotrim tinha sentimentos pios encontrava-se no seu amor aos filhos, e na dor que padeceu quando lhe morreu Sara, dali a alguns meses; prova irrefutável, acho eu, e não única. Era tesoureiro de uma confraria, e irmão de várias irmandades, e até irmão remido de uma destas, o que não se coaduna muito com a reputação da avareza; verdade é que o benefício não caíra no chão: a irmandade (de que ele fora juiz) mandara-lhe tirar o retrato a óleo. Não era perfeito, decerto; tinha, por exemplo, o sestro de mandar para os jornais a notícia de um ou outro benefício que praticava - sestro repreensível ou não louvável, concordo; mas ele desculpava-se dizendo que as boas ações eram contagiosas, quando públicas; razão a que se não pode negar algum peso. Creio mesmo (e nisto faço o seu maior elogio) que ele não praticava, de quando em quando, esses benefícios senão com o fim de espertar a filantropia dos outros; e se tal era o intuito, força é confessar que a publicidade tornava-se uma condição sine qua non. Em suma, poderia dever algumas atenções, mas não devia um real a ninguém.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Talvez pareça excessivo o escrúpulo do Cotrim, a quem não souber que ele possuía um caráter ferozmente honrado. Eu mesmo fui injusto com ele durante os anos que se seguiram ao inventário de meu pai. Reconheço que era um modelo. Arguíam-no de avareza, e cuido que tinham razão; mas a avareza é apenas a exageração de uma virtude, e as virtudes devem ser como os orçamentos: melhor é o saldo que o déficit. Como era muito seco de maneiras, tinha inimigos, que chegavam a acusá-lo de bárbaro. 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Senhores, duas flores nasceram em diverso canteiro, ambas pulcras, ambas recendentes, ambas cheias de vitalidade divina. Nasceram uma para outra; era o cravo e a rosa; a rosa vivia para o cravo, o cravo vivia para a rosa: veio uma brisa e comunicou os perfumes das duas flores, e as flores, conhecendo que se amavam, correram uma para a outra. A brisa apadrinhou essa união. A rosa e o cravo ali estão consorciados no amplexo da simpatia: a brisa ali está honrando a nossa reunião.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "E, com os olhos no casamento e na farda de ministro, fez as suas primeiras armas políticas no último ano acadêmico. Havia então na capital da província uma folha puramente comercial; Romualdo persuadiu o editor a dar uma parte política, e encetou uma série de artigos que agradaram. Tomado o grau, deu-se uma eleição provincial; ele apresentou-se candidato a um lugar na Assembleia, mas, não estando ligado a nenhum partido, recolheu pouco mais de dez votos, talvez quinze. Não se pense que a derrota o abateu; ele recebeu-a como um fato natural, e alguma cousa o consolou: a inscrição do seu nome entre os votados. Embora poucos, os votos eram votos; eram pedaços da soberania popular que o vestiam a ele, como digno da escolha. Quantos foram os cristãos no dia do Calvário? Quantos eram naquele ano de 1864? Tudo estava sujeito à lei do tempo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- V. Exas. confundem-me - respondeu Porfírio curvando-se -. Não tenho esse talento; mas sobra-me boa vontade, aquela boa vontade com que os apóstolos plantaram no mundo a religião do Calvário, e graças a este sentimento poderei resumir em duas palavras o brinde aos noivos. Senhores, duas flores nasceram em diverso canteiro, ambas pulcras, ambas recendentes, ambas cheias de vitalidade divina. Nasceram uma para outra; era o cravo e a rosa; a rosa vivia para o cravo, o cravo vivia para a rosa: veio uma brisa e comunicou os perfumes das duas flores, e as flores, conhecendo que se amavam, correram uma para a outra. A brisa apadrinhou essa união. A rosa e o cravo ali estão consorciados no amplexo da simpatia: a brisa ali está honrando a nossa reunião.", "E, com os olhos no casamento e na farda de ministro, fez as suas primeiras armas políticas no último ano acadêmico. Havia então na capital da província uma folha puramente comercial; Romualdo persuadiu o editor a dar uma parte política, e encetou uma série de artigos que agradaram. Tomado o grau, deu-se uma eleição provincial; ele apresentou-se candidato a um lugar na Assembleia, mas, não estando ligado a nenhum partido, recolheu pouco mais de dez votos, talvez quinze. Não se pense que a derrota o abateu; ele recebeu-a como um fato natural, e alguma cousa o consolou: a inscrição do seu nome entre os votados. 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Tudo estava sujeito à lei do tempo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Estrada%20da%20Barra%20da%20Tijuca%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Caminho da Tijuca", "description": "A \"estrada da Tijuca\", às vezes referida como \"caminho da Tijuca\", é possivelmente uma referência à estrada velha da Tijuca, que começava na rua do Andaraí Pequeno (hoje Conde de Bonfim) e terminava no alto da Tijuca.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Estrada%20da%20Barra%20da%20Tijuca%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9985303", "long": "-43.3046861", "gn:featureCode": "RSTN", "gn:featureCodeName": "Road Station", "gn:name": "Estrada da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9985303,-43.3046861" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Flora mostrou-lhe os desenhos que fizera, paisagens, figuras, um pedaço da estrada da Tijuca, um chafariz antigo, um Princípio de casa. 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Quando a carruagem parou, supunha Estela que mal tivera tempo de sair da rua dos Inválidos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Flora mostrou-lhe os desenhos que fizera, paisagens, figuras, um pedaço da estrada da Tijuca, um chafariz antigo, um Princípio de casa. Era uma dessas casas que alguém começou muitos anos antes, e ninguém acabou, ficando só duas ou três paredes, ruína sem história. Havia ainda outros desenhos, uma revoada de pássaros, um vaso à janela. Aires ia folheando, cheio de curiosidade e paciência; a intenção da obra supria a perfeição, e a fidelidade devia ser aproximada. Enfim, a moça atou os cordões à pasta. Aires, parecendo-lhe que ficara um desenho último e escondido, pediu que lho mostrasse.", "Um dia, vagando uma casa de Valéria no caminho da Tijuca,determinou-se a viúva a ir examiná-la, antes de a alugar outra vez. Foi acompanhada do filho e de Estela. Saíram cedo, e a viagem foi alegre para a moça, que pela primeira vez ia àquele arrabalde. 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Outra diferença é que a vocação aqui não foi súbita como em relação ao apóstolo das gentes; foi vagarosa, muito vagarosa, cochichada, insinuada, bafejada pelas asas da pomba mística.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "O CAMINHO DE DAMASCO", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Já adivinhou. O terceiro foi o caminho de Damasco - um caminho às avessas, porque a voz não baixou do céu, mas subiu da terra; não chamava a pregar Deus, mas a pregar o homem. Sem metáfora, amavam-se. 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Fulano Beltrão leu no Jornal do Comércio, no dia cinco de março de 1864, um artigo anônimo em que se lhe diziam cousas belas e exatas: - bom pai, bom esposo, amigo pontual, cidadão digno, alma levantada e pura. Que se lhe fizesse justiça, era muito; mas anonimamente, era raro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Eu confesso-lhe que estou curioso de ouvir o testamento. Há de conter por força algumas determinações de interesse geral e honrosas para ele. Antes de 1863 não seria assim, porque até então era um homem muito metido consigo, reservado, morando no caminho do Jardim Botânico, para onde ia de ônibus ou de mula. Tinha a mulher e o filho vivos, a filha solteira, com treze anos. Foi nesse ano que ele começou a ocupar-se com outras cousas, além da família, revelando um espírito universal e generoso. Nada posso afirmar-lhe sobre a causa disto. Creio que foi uma apologia de amigo, por ocasião dele fazer quarenta anos. Fulano Beltrão leu no Jornal do Comércio, no dia cinco de março de 1864, um artigo anônimo em que se lhe diziam cousas belas e exatas: - bom pai, bom esposo, amigo pontual, cidadão digno, alma levantada e pura. Que se lhe fizesse justiça, era muito; mas anonimamente, era raro." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Montevideo", "name": "Uruguai", "description": "O Uruguai é um país situado na América do Sul, fazendo fronteira com o Rio Grande do Sul e com a Argentina, cuja capital é Montevidéu. 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Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Pode ser que as cousas se passassem assim. Prazeres era, com efeito, uma mulher caprichosa e imperiosa, e sabia prender um homem por laços de ferro. O federalista de quem se separou para acompanhar João da Fonseca, depois de fazer tudo para reavê-la, passou à campanha oriental, onde dizem que vive pobremente, encanecido e envelhecido vinte anos, sem querer saber de mulheres nem de política. João da Fonseca acabou cedendo; ela pediu para acompanhá-lo, e até bater-se, se fosse preciso; ele negou-lho. A revolução triunfaria em breve, disse; vencidas as forças do governo, tornaria à estância, onde ela o esperaria.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- A mãe de Helena - disse Salvador -, cuja beleza foi a causa, a um tempo, da sua má e boa fortuna, era filha de um nobre lavrador do Rio Grande do Sul, onde também nasci. Apaixonamo-nos um pelo outro. Meu pai opôs-se ao casamento; tinha alguns bens, mandara-me estudar, queria ver-me em posição brilhante. Ângela podia ser obstáculo à minha carreira, dizia ele. Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "Pode ser que as cousas se passassem assim. Prazeres era, com efeito, uma mulher caprichosa e imperiosa, e sabia prender um homem por laços de ferro. 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Quem se não lembra, - ou quem não ouviu falar das batalhas feridas naquela clássica platéia do campo da Aclamação, entre a legião casalônica e a falange chartônica, mas sobretudo entre esta e o regimento lagruísta? Eram batalhas campais, com tropas frescas - e maduras também - apercebidas de flores, de versos, de coroas, e até de estalinhos. Uma noite a ação travou-se entre o campo lagruísta e o campo chartonista, com tal violência, que parecia uma página da Ilíada. Desta vez, a Vênus da situação saiu ferida do combate; um estalo rebentara no rosto de Charton. O furor, o delírio, a confusão foram indescritíveis; o aplauso e a pateada deram-se as mãos - e os pés. A peleja passou aos jornais. \"Vergonha eterna\" - dizia um - \"aos cavalheiros que cuspiram na face de uma dama!\" - \"Se for mister\" - replicava outro - \"daremos os nomes dos aristarcos que no saguão do teatro juraram desfeitear Mlle. Lagrua!\" - \"Patuléia desenfreada!\" - \"Fidalguice balofa!\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- No Campo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Poucos dias depois alcançou ele uma audiência do ministro do Império. Levou-lhe um plano soberbo, nada menos que arrasar os prédios do campo da Aclamação e substituí-los por edifícios públicos, de mármore. Onde está o quartel, ficaria o palácio da Assembleia Geral; na face oposta, em toda a extensão, o palácio do imperador. David cum Sibyla. Nas outras duas faces laterais ficariam os palácios dos sete ministérios, um para a Câmara Municipal e outro para o Diocesano.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "- Você não quis ir comigo anteontem a São Cristóvão? Não sabe o que perdeu; a noite estava linda, o passeio foi muito agradável. Chegando ao cais da Igrejinha, meti-me num bote e vim desembarcar no saco do Alferes. Era um bom pedaço até a casa; fiquei numa hospedaria do campo de Santa Ana. Fui atacado por um cachorro, no caminho do Saco, e por dous na rua de São Diogo, mas não senti as pulgas da hospedaria, porque dormi como um justo. 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Não sabe o que perdeu; a noite estava linda, o passeio foi muito agradável. Chegando ao cais da Igrejinha, meti-me num bote e vim desembarcar no saco do Alferes. Era um bom pedaço até a casa; fiquei numa hospedaria do campo de Santa Ana. Fui atacado por um cachorro, no caminho do Saco, e por dous na rua de São Diogo, mas não senti as pulgas da hospedaria, porque dormi como um justo. E você que fez?", "Conquanto pareça temerário dizer as causas que levaram o Nicolau para o campo da Aclamação, na noite de 6 para 7 de abril, penso que não estará longe da verdade quem supuser que - foi o raciocínio de um ateniense célebre e anônimo. Tanto os que diziam bem, como os que diziam mal do imperador, tinham enchido as medidas ao Nicolau. Esse homem, que inspirava entusiasmos e ódios, cujo nome era repetido onde quer que o Nicolau estivesse, na rua, no teatro, nas casas alheias, tornou-se uma verdadeira perseguição mórbida, daí o fervor com que ele meteu a mão no movimento de 1831. 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Jorge teve parte nas jornadas de Peribebuí e Campo Grande, não já na qualidade de capitão, mas na de major, cuja patente lhe foi concedida depois de Lomas Valentinas. 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Era um filho de Campos; muito jovem fora à Europa, donde voltara havia poucos dias." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cangu%C3%A7u", "name": "Canguçu", "description": "Canguçu é um município do estado do Rio Grande do Sul, de onde foi enviado um corpo de cavalaria da Guarda Nacional em socorro dos combatentes da Guerra do Paraguai.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cangu%C3%A7u", "lat": "-31.21175", "long": "-52.66821", "gn:featureCode": "ADM2", "gn:featureCodeName": "second-order administrative division", "gn:name": "Canguçu", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6324363/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#teoria-do-medalhao", "headline": "Teoria do Medalhão", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; - é mais fácil e mais atraente. Supõe que deseja saber por que motivo a 7ª Companhia de Infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão somente pelo ministro da Guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. 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Um dia fui achá-la desenhando a lápis um retrato; dava os últimos rasgos, e pediu-me que esperasse para ver se estava parecido. Era o de meu pai, copiado da tela que minha mãe tinha na sala e que ainda agora está comigo. Perfeição não era; ao contrário, os olhos saíram esbugalhados, e os cabelos eram pequenos círculos uns sobre outros. Mas, não tendo ela rudimento algum de arte, e havendo feito aquilo de memória em poucos minutos, achei que era obra de muito merecimento; descontai-me a idade e a simpatia. Ainda assim, estou que aprenderia facilmente pintura, como aprendeu música mais tarde. Já então namorava o piano da nossa casa, velho traste inútil, apenas de estimação. Lia os nossos romances, folheava os nossos livros de gravuras, querendo saber das ruínas, das pessoas, das campanhas, o nome, a história, o lugar. José Dias dava-lhe essas notícias com certo orgulho de erudito. A erudição deste não avultava muito mais que a sua homeopatia de Cantagalo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Na noite desse dia, Estácio escreveu para Cantagalo dando notícias suas. Do casamento de Helena falou pouco, quase nada. Tudo o descontentava; tanto o que ele fizera e dissera, sem proveito, como o desenlace da situação. Não soubera opor-se com eficácia, nem aplaudir oportunamente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "- Quatro meses não é a eternidade, mas Cantagalo, para uma carioca da gema, há de ser um degredo, ou quase... 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José Leandro era menino quando João da Cruz apareceu em casa dele, na rua de Mata-cavalos; lembrava-se que ele os festejava e adulava muito; lembrava-se também que ali pelos fins de 1816 andava João da Cruz muito por baixo, beirando a miséria, roupa de ano, amarela de uso, mal remendada...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#a-segunda-vida", "headline": "A Segunda Vida", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Um pássaro, um grande pássaro. Para ver quanto é feliz a comparação, basta a aventura que me traz aqui, um caso de consciência, uma paixão, uma mulher, uma viúva, D. Clemência. Tem vinte e seis anos, uns olhos que não acabam mais, não digo no tamanho, mas na expressão, e duas pinceladas de buço, que lhe completam a fisionomia. É filha de um professor jubilado. Os vestidos pretos ficam-lhe tão bem que eu às vezes digo-lhe rindo que ela não enviuvou senão para andar de luto. Caçoadas! Conhecemo-nos há um ano, em casa de um fazendeiro de Cantagalo. Saímos namorados um do outro. Já sei o que me vai perguntar: por que é que não nos casamos, sendo ambos livres...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sem_olhos#sem-olhos", "headline": "Sem Olhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "- Vá lá! - disse ele -; Contarei isto em duas palavras. Quando eu estudava em São Paulo raras vezes gozava as férias todas na fazenda de meu pai; ia a Cantagalo passar algumas semanas e voltava logo para o Rio de Janeiro, aonde me chamava o meu primeiro e último namoro; paixão de quatro anos, que a Igreja consagrou e só a morte extinguiu. Nas férias do terceiro ano fui morar no primeiro andar de uma casa da rua da Misericórdia. No segundo morava um homem de quarenta anos que parecia ter mais de cinquenta, tão alquebrado e encanecido estava. Éramos os dois moradores únicos, salvo o meu pajem, que fazia o número três. O vizinho de cima não tinha criado.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Capitu obedecia e jogava com facilidade, com atenção, não sei se diga com amor. Um dia fui achá-la desenhando a lápis um retrato; dava os últimos rasgos, e pediu-me que esperasse para ver se estava parecido. Era o de meu pai, copiado da tela que minha mãe tinha na sala e que ainda agora está comigo. Perfeição não era; ao contrário, os olhos saíram esbugalhados, e os cabelos eram pequenos círculos uns sobre outros. Mas, não tendo ela rudimento algum de arte, e havendo feito aquilo de memória em poucos minutos, achei que era obra de muito merecimento; descontai-me a idade e a simpatia. Ainda assim, estou que aprenderia facilmente pintura, como aprendeu música mais tarde. 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Oxalá - continuou Luís Alves, concluindo mais depressa do que queria, ao ver que Jorge se aproximava da janela -, oxalá não lhe faça esse exílio esquecer o que solenemente lhe digo neste momento: que a senhora tem uma alma grande e nobre, e que eu a admiro!", "Na véspera de entrar o processo do João da Cruz, estive com um tal capitão José Leandro, que morava na rua da Carioca; falamos do processo, das letras, de mil circunstâncias que me esqueceram, e, finalmente, do próprio João da Cruz, que o capitão José Leandro dizia conhecer desde menino. O pai deste capitão foi um general português, que veio com o rei em 1808, e aqui casou pouco depois com uma senhora de Cantagalo. José Leandro era menino quando João da Cruz apareceu em casa dele, na rua de Mata-cavalos; lembrava-se que ele os festejava e adulava muito; lembrava-se também que ali pelos fins de 1816 andava João da Cruz muito por baixo, beirando a miséria, roupa de ano, amarela de uso, mal remendada...", "- Um pássaro, um grande pássaro. Para ver quanto é feliz a comparação, basta a aventura que me traz aqui, um caso de consciência, uma paixão, uma mulher, uma viúva, D. Clemência. Tem vinte e seis anos, uns olhos que não acabam mais, não digo no tamanho, mas na expressão, e duas pinceladas de buço, que lhe completam a fisionomia. É filha de um professor jubilado. Os vestidos pretos ficam-lhe tão bem que eu às vezes digo-lhe rindo que ela não enviuvou senão para andar de luto. Caçoadas! Conhecemo-nos há um ano, em casa de um fazendeiro de Cantagalo. Saímos namorados um do outro. 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Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, com alma e devoção.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Bem; comece pelas meias pretas, depois virão as roxas. O que eu não quero perder é a sua missa nova; avise-me a tempo para fazer um vestido à moda, saia balão e babados grandes... Mas talvez nesse tempo a moda seja outra. 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Seu pai, músico da imperial capela, ensinou-lhe os primeiros rudimentos da sua arte, de envolta com os da gramática, de que pouco sabia. Era um pobre artista cujo único mérito estava na voz de tenor e na arte com que executava a música sacra. Inácio, conseguintemente, aprendeu melhor a música do que a língua, e aos quinze anos sabia mais dos bemóis que dos verbos. Ainda assim sabia quanto bastava para ler a história da música e dos grandes mestres. A leitura seduziu-o ainda mais; atirou-se o rapaz com todas as forças da alma à arte do seu coração, e ficou dentro de pouco tempo um rabequista de primeira categoria.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Foi no Rio de Janeiro - começou ele -, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em que minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#verba-testamentaria", "headline": "Verba Testamentária", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "O vice-rei, que era então o conde de Resende, andava preocupado com a necessidade de construir um cais na praia de D. Manuel. Isto, que seria hoje um simples episódio municipal, era naquele tempo, atentas as proporções escassas da cidade, uma empresa importante. Mas o vice-rei não tinha recursos; o cofre público mal podia acudir às urgências ordinárias. Homem de Estado, e provavelmente filósofo, engendrou um expediente não menos suave que profícuo: distribuir, a troco de donativos pecuniários, postos de capitão, tenente e alferes. Divulgada a resolução, entendeu o pai do Nicolau que era ocasião de figurar, sem perigo, na galeria militar do século, ao mesmo tempo que desmentia uma doutrina bramânica. Com efeito, está nas leis de Manu que dos braços de Brama nasceram os guerreiros, e do ventre, os agricultores e comerciantes; o pai do Nicolau, adquirindo o despacho de capitão, corrigia esse ponto da anatomia gentílica. Outro comerciante, que com ele competia em tudo, embora familiares e amigos, apenas teve notícia do despacho, foi também levar a sua pedra ao cais. Desgraçadamente, o despeito de ter ficado atrás alguns dias sugeriu-lhe um arbítrio de mau gosto e, no nosso caso, funesto; foi assim que ele pediu ao vice-rei outro posto de oficial do cais (tal era o nome dado aos agraciados por aquele motivo) para um filho de sete anos. O vice-rei hesitou; mas o pretendente, além de duplicar o donativo, meteu grandes empenhos, e o menino saiu nomeado alferes. Tudo correu em segredo; o pai de Nicolau só teve notícia do caso no domingo próximo, na igreja do Carmo, ao ver os dois, pai e filho, vindo o menino com uma fardinha, que, por galanteria, lhe meteram no corpo. Nicolau, que também ali estava, fez-se lívido; depois, num ímpeto, atirou-se sobre o jovem alferes e rasgou-lhe a farda, antes que os pais pudessem acudir. Um escândalo. O rebuliço do povo, a indignação dos devotos, as queixas do agredido interromperam por alguns instantes as cerimônias eclesiásticas. Os pais trocaram algumas palavras acerbas, fora, no adro, e ficaram brigados para todo o sempre.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles anos remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, com alma e devoção.", "- Bem; comece pelas meias pretas, depois virão as roxas. O que eu não quero perder é a sua missa nova; avise-me a tempo para fazer um vestido à moda, saia balão e babados grandes... Mas talvez nesse tempo a moda seja outra. A igreja há de ser grande, Carmo ou São Francisco.", "Atravessou a praça, passou a catedral e a igreja do Carmo, e chegou ao Carceller, onde entregou as botas a um italiano para que lhas engraxasse. Mentalmente, olhava para cima ou para baixo, para a direita ou para esquerda - em todo caso para longe -, e acabou murmurando esta frase, que tanto podia referir-se à nota como à mendiga, mas provavelmente era à nota:", "Inácio Ramos contava apenas dez anos quando manifestou decidida vocação musical. Seu pai, músico da imperial capela, ensinou-lhe os primeiros rudimentos da sua arte, de envolta com os da gramática, de que pouco sabia. Era um pobre artista cujo único mérito estava na voz de tenor e na arte com que executava a música sacra. Inácio, conseguintemente, aprendeu melhor a música do que a língua, e aos quinze anos sabia mais dos bemóis que dos verbos. Ainda assim sabia quanto bastava para ler a história da música e dos grandes mestres. A leitura seduziu-o ainda mais; atirou-se o rapaz com todas as forças da alma à arte do seu coração, e ficou dentro de pouco tempo um rabequista de primeira categoria.", "- Foi no Rio de Janeiro - começou ele -, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em que minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois.", "O vice-rei, que era então o conde de Resende, andava preocupado com a necessidade de construir um cais na praia de D. Manuel. Isto, que seria hoje um simples episódio municipal, era naquele tempo, atentas as proporções escassas da cidade, uma empresa importante. Mas o vice-rei não tinha recursos; o cofre público mal podia acudir às urgências ordinárias. Homem de Estado, e provavelmente filósofo, engendrou um expediente não menos suave que profícuo: distribuir, a troco de donativos pecuniários, postos de capitão, tenente e alferes. Divulgada a resolução, entendeu o pai do Nicolau que era ocasião de figurar, sem perigo, na galeria militar do século, ao mesmo tempo que desmentia uma doutrina bramânica. Com efeito, está nas leis de Manu que dos braços de Brama nasceram os guerreiros, e do ventre, os agricultores e comerciantes; o pai do Nicolau, adquirindo o despacho de capitão, corrigia esse ponto da anatomia gentílica. Outro comerciante, que com ele competia em tudo, embora familiares e amigos, apenas teve notícia do despacho, foi também levar a sua pedra ao cais. Desgraçadamente, o despeito de ter ficado atrás alguns dias sugeriu-lhe um arbítrio de mau gosto e, no nosso caso, funesto; foi assim que ele pediu ao vice-rei outro posto de oficial do cais (tal era o nome dado aos agraciados por aquele motivo) para um filho de sete anos. O vice-rei hesitou; mas o pretendente, além de duplicar o donativo, meteu grandes empenhos, e o menino saiu nomeado alferes. Tudo correu em segredo; o pai de Nicolau só teve notícia do caso no domingo próximo, na igreja do Carmo, ao ver os dois, pai e filho, vindo o menino com uma fardinha, que, por galanteria, lhe meteram no corpo. Nicolau, que também ali estava, fez-se lívido; depois, num ímpeto, atirou-se sobre o jovem alferes e rasgou-lhe a farda, antes que os pais pudessem acudir. Um escândalo. O rebuliço do povo, a indignação dos devotos, as queixas do agredido interromperam por alguns instantes as cerimônias eclesiásticas. Os pais trocaram algumas palavras acerbas, fora, no adro, e ficaram brigados para todo o sempre." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Santa%20Maria%20Capua%20Vetere", "name": "Cápua", "description": "Cápua é uma antiga cidade do sul da Itália, onde hoje fica Santa Maria Capua Vetere. 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Eu respirava um pouco, mas pode ser que fosse do mar, meio agitado. Enfim, passei, acendi um charuto, e dei por mim no Catete; tinha subido pela rua da Princesa, uma rua antiga... Ó ruas antigas! Ó casas antigas! Ó pernas antigas! Todos nós éramos antigos, e não é preciso dizer que no mau sentido, no sentido de velho e acabado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Mergulharam outra vez no silêncio. Ao entrar no Catete, Natividade recordou a manhã em que ali passou, naquele mesmo coupé, e confiou ao marido o estado de gravidez. 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Voltavam de uma missa de defunto, na igreja de São Domingos...", "Ora bem, faz hoje um ano que voltei definitivamente da Europa. O que me lembrou esta data foi, estando a beber café, o pregão de um vendedor de vassouras e espanadores: \"Vai vassouras! Vai espanadores!\" Costumo ouvi-lo outras manhãs, mas desta vez trouxe-me à memória o dia do desembarque, quando cheguei aposentado à minha terra, ao meu Catete, à minha língua. Era o mesmo que ouvi há um ano, em 1887, e talvez fosse a mesma boca.", "Pobre Luís Dutra! Apenas publicava alguma cousa, corria à minha casa, e entrava a girar em volta de mim, à espreita de um juízo, de uma palavra, de um gesto, que lhe aprovasse a recente produção, eu falava-lhe de mil cousas diferentes - do último baile do Catete, da discussão das câmaras, de berlindas e cavalos -, de tudo, menos dos seus versos ou prosas. Ele respondia-me, a princípio com animação, depois mais frouxo, torcia a rédea da conversa para o assunto dele, abria um livro, perguntava-me se tinha algum trabalho novo, e eu dizia-lhe que sim ou que não, mas torcia a rédea para o outro lado, e lá ia ele atrás de mim, até que empacava de todo e saía triste. Minha intenção era fazê-lo duvidar de si mesmo, desanimá-lo, eliminá-lo. E tudo isto a olhar para a ponta do nariz...", "- Estive lá; ia pelo Catete, já tarde, e lembrou-me descer à praia do Flamengo. A noite era clara; fiquei cerca de uma hora, entre o mar e a sua casa. A senhora, aposto que nem sonhava comigo? Entretanto, eu quase que ouvia a sua respiração.", "Trocaram ainda algumas palavras, e despediram-se. Oliveira meteu-se no carro que estava no largo de São Francisco de Paula e foi para Andaraí. 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Entrando em casa, recapitulou os longos meses de paixão não correspondida, pensou nas fomes passadas para poder atar uma gravata nova, chegou a recordar alguma coisa parecida com lágrimas. Foram porventura os seus melhores versos. Vexou-se desses, como já se vexara dos outros. Quis voltar a Catumbi, no domingo próximo, mas a história não guardou a causa que impediu esse projeto. Só guardou que ele tornou a ir ao teatro e a cear.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#luis-soares", "headline": "Luís Soares", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Vivia o major Vilela em Catumbi, acompanhado de sua sobrinha Adelaide, e mais uma velha parenta. A sua vida era patriarcal. Importando-se pouco ou nada com o que ia por fora, o major entregava-se todo ao cuidado de sua casa, aonde poucos amigos e algumas famílias da vizinhança o iam ver, e passar as noites com ele. 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A Marocas sentiu profundamente a morte, pôs luto, e considerou-se viúva; sei que, nos três primeiros anos, ouvia sempre uma missa no dia aniversário. Há dez anos perdi-a de vista. Que lhe parece tudo isto?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tempos depois, estando já formado e morando na rua de Mata-cavalos, perto da do Conde, encontrou Fortunato em uma gôndola, encontrou-o ainda outras vezes, e a frequência trouxe a familiaridade. Um dia Fortunato convidou-o a ir visitá-lo ali perto, em Catumbi.", "- Que bom vento o trouxe a Catumbi a semelhante hora? - perguntou Duarte, dando à voz uma expressão de prazer, aconselhada não menos pelo interesse que pelo bom-tom.", "Caldas esperou que o verão acabasse. O verão não andou mais depressa que de costume; quando começou o outono, Caldas foi um dia ao bairro e achou a porta aberta. Não viu a moça, e achou esquisito que não regressava de lá, como antes, comido de desespero. Pôde ir ao teatro, pôde ir cear. Entrando em casa, recapitulou os longos meses de paixão não correspondida, pensou nas fomes passadas para poder atar uma gravata nova, chegou a recordar alguma coisa parecida com lágrimas. Foram porventura os seus melhores versos. Vexou-se desses, como já se vexara dos outros. Quis voltar a Catumbi, no domingo próximo, mas a história não guardou a causa que impediu esse projeto. Só guardou que ele tornou a ir ao teatro e a cear.", "Vivia o major Vilela em Catumbi, acompanhado de sua sobrinha Adelaide, e mais uma velha parenta. A sua vida era patriarcal. Importando-se pouco ou nada com o que ia por fora, o major entregava-se todo ao cuidado de sua casa, aonde poucos amigos e algumas famílias da vizinhança o iam ver, e passar as noites com ele. O major conservava sempre a mesma alegria, ainda nas ocasiões em que o reumatismo o prostrava. 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A execução seguiu de perto a ideia; e o médico cessou repentinamente as suas visitas a Catumbi.", "- Cousa nenhuma. Nenhum deles tornou ao assunto; livres de um naufrágio, não quiseram saber nada da tempestade que os meteu a pique. A reconciliação fez-se depressa. O Andrade comprou-lhe, meses depois, uma casinha em Catumbi; a Marocas deu-lhe um filho, que morreu de dois anos. Quando ele seguiu para o Norte, em comissão do governo, a afeição era ainda a mesma, posto que os primeiros ardores não tivessem já a mesma intensidade. Não obstante, ela quis ir também; fui eu que a obriguei a ficar. O Andrade contava tornar ao fim de pouco tempo, mas, como lhe disse, morreu na província. A Marocas sentiu profundamente a morte, pôs luto, e considerou-se viúva; sei que, nos três primeiros anos, ouvia sempre uma missa no dia aniversário. Há dez anos perdi-a de vista. 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O melhor cozinheiro da terra nascera na China para o único fim de deixar família, pátria, língua, religião, tudo, e vir assar-lhe as costeletas e fazer-lhe o chá. As estrelas davam às suas noites um aspecto esplêndido, o luar também, e a chuva, se chovia, era para que ele descansasse do sol. Lá está agora no cemitério de São Francisco Xavier; se alguém pudesse ouvir a voz dos mortos, dentro das sepulturas, ouviria a dele, bradando que é tempo de fechar a porta ao cemitério, e não deixar entrar ninguém, uma vez que ele já lá descansa para todo sempre. Morreu azul; se chegasse aos cem anos, não teria outra cor.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Esta cor vinha-lhe do pai e do avô, mas o pai morreu cedo, antes do avô, que chegara aos oitenta e quatro. Nessa idade cria sinceramente que todas as delícias deste mundo, desde o café de manhã até os sonos sossegados, haviam sido inventados somente para ele. 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Os mortos podem muito bem combater os vivos, sem os vencer inteiramente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Orai_por_ele!#orai-por-ele", "headline": "Orai Por Ele", "genre": "Conto", "datePublished": "1895", "text": "O carro chegou à praia de Botafogo, voltando do cemitério. Pedro e Paulo tinham ido enterrar o comendador, que falecera na véspera de um tifo. Vieram calados, a princípio, depois falaram das novas casas do bairro, afinal caiu a conversa no defunto, a propósito de uma casa que ele vendera três meses antes. Paulo dizia que a casa fora mal vendida. Pedro ponderou que os dinheiros mal ganhos não aproveitavam aos donos. Ao que Paulo redarguiu que não, que o comendador era homem honesto, posto que burro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#pilades-e-orestes", "headline": "Pílades e Orestes", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "O final da história foi dito em latim. Quintanilha serviu de testemunha ao noivo, e de padrinho aos dous primeiros filhos. Um dia em que, levando doces para os afilhados, atravessava a praça Quinze de Novembro, recebeu uma bala revoltosa (1893) que o matou quase instantaneamente. Está enterrado no cemitério de São João Batista; a sepultura é simples, a pedra tem um epitáfio que termina com esta pia frase: \"Orai por ele!\" É também o fecho da minha história. Orestes vive ainda, sem os remorsos do modelo grego. Pílades é agora o personagem mudo de Sófocles. Orai por ele!", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não foi logo; minha mãe embarcou primeiro. Procura no cemitério de São João Batista uma sepultura sem nome, com esta única indicação: Uma santa. É aí. Fiz fazer essa inscrição com alguma dificuldade. O escultor achou-a esquisita; o administrador do cemitério consultou o vigário da paróquia; este ponderou-me que as santas estão no altar e no céu.", "- Ah! Baronesa, para mim já não há mundo que valha um bilhete de passagem. Vi tudo por várias línguas. Agora o mundo começa aqui no cais da Glória ou na rua do Ouvidor e acaba no cemitério de São João Batista. Ouço que há uns mares tenebrosos para os lados da ponta do Caju, mas eu sou um velho incrédulo, como a senhora dizia há pouco, e não aceito essas notícias sem prova cabal e visual, e para ir averiguá-las, falham-me pernas.", "Vindo para casa acudiu-me em caminho uma ideia, indiscreta, decerto, mas felizmente não a disse a ninguém, e mal a deixo nesta folha de papel. A ideia é saber se Fidélia terá voltado ao cemitério depois de casada. Possivelmente, sim; possivelmente, não. Não a censurarei, se não: a alma de uma pessoa pode ser estreita para duas afeições grandes. Se sim, não lhe ficarei querendo mal, ao contrário. Os mortos podem muito bem combater os vivos, sem os vencer inteiramente.", "O carro chegou à praia de Botafogo, voltando do cemitério. Pedro e Paulo tinham ido enterrar o comendador, que falecera na véspera de um tifo. Vieram calados, a princípio, depois falaram das novas casas do bairro, afinal caiu a conversa no defunto, a propósito de uma casa que ele vendera três meses antes. Paulo dizia que a casa fora mal vendida. Pedro ponderou que os dinheiros mal ganhos não aproveitavam aos donos. Ao que Paulo redarguiu que não, que o comendador era homem honesto, posto que burro.", "O final da história foi dito em latim. Quintanilha serviu de testemunha ao noivo, e de padrinho aos dous primeiros filhos. Um dia em que, levando doces para os afilhados, atravessava a praça Quinze de Novembro, recebeu uma bala revoltosa (1893) que o matou quase instantaneamente. Está enterrado no cemitério de São João Batista; a sepultura é simples, a pedra tem um epitáfio que termina com esta pia frase: \"Orai por ele!\" É também o fecho da minha história. Orestes vive ainda, sem os remorsos do modelo grego. Pílades é agora o personagem mudo de Sófocles. Orai por ele!" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cemit%C3%A9rio%20dos%20Ingleses", "name": "Cemitério dos Ingleses", "description": "O cemitério dos Ingleses, primeiro cemitério protestante do Brasil, situa-se no bairro da Gamboa e foi fundado após a chegada de D. João VI ao Rio de Janeiro. Tinha uma capela dedicada a São Jorge e São João, além de um cais de desembarque para os mortos vindos de bordo.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cemit%C3%A9rio%20dos%20Ingleses", "lat": "-22.89797", "long": "-43.1966", "gn:featureCode": "CMTY", "gn:featureCodeName": "cemetery", "gn:name": "Cemitério dos Ingleses", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/7538670/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dívida_extinta#divida-extinta", "headline": "Dívida Extinta", "genre": "Conto", "datePublished": "1878", "text": "O bairro era o espaço compreendido entre o largo da Imperatriz e o cemitério dos Ingleses. A data... há uns vinte e cinco anos. O gamenho tinha por nome Anacleto Monteiro. Era nesse tempo um rapaz de vinte e três para vinte e quatro anos, com um princípio de barba e outro de bigode, rosto moreno, olhos de azeviche, cabelo castanho, grosso, farto e comprido, que ele arranjava em caracóis, à força de pente e banha e sobre o qual punha às tardes, o melhor de seus dois chapéus brancos. Anacleto Monteiro adorava o chapéu branco e as botas de verniz. Naquele tempo alguns gamenhos usavam umas botas de verniz de cano vermelho. Anacleto Monteiro adotou esse invento como a mais sublime das invenções do século. E tão gentil lhe parecia a ideia do cano vermelho, que nunca saía de casa sem levantar uma polegada às calças para que os olhos das damas não perdessem aquela circunstância da cor de crista de galo. As calças eram finas, mas vistosas, o paletó esticado, a luva cor de canela ou de cinza, em harmonia com a gravata, que era cor de cinza ou de canela. Ponham-lhe uma bengala na mão e vê-lo-ão tal qual era, há vinte e cinco anos, o primeiro gamenho de seu bairro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião deteve-se alguns minutos diante daquilo. O sujeito, vendo-se objeto de atenção, redobrou o esforço no brinco; perdeu a naturalidade. Os outros meninos mais idosos detiveram-se a olhar espantados. Mas Rubião não distinguia nada; via tudo confusamente. Foi ainda a pé durante largo tempo; passou o saco do Alferes, passou a Gamboa, parou diante do cemitério dos ingleses, com os seus velhos sepulcros trepados pelo morro, e afinal chegou à Saúde. Viu ruas esguias, outras em ladeira, casas apinhadas ao longe e no alto dos morros, becos, muita casa antiga, algumas do tempo do rei, comidas, gretadas, estripadas, o caio encardido, e a vida lá dentro. E tudo isso lhe dava uma sensação de nostalgia... Nostalgia do farrapo, da vida escassa, acalcanhada e sem vexame. Mas durou pouco; o feiticeiro que andava nele transformou tudo. Era tão bom não ser pobre!", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O bairro era o espaço compreendido entre o largo da Imperatriz e o cemitério dos Ingleses. A data... há uns vinte e cinco anos. O gamenho tinha por nome Anacleto Monteiro. Era nesse tempo um rapaz de vinte e três para vinte e quatro anos, com um princípio de barba e outro de bigode, rosto moreno, olhos de azeviche, cabelo castanho, grosso, farto e comprido, que ele arranjava em caracóis, à força de pente e banha e sobre o qual punha às tardes, o melhor de seus dois chapéus brancos. Anacleto Monteiro adorava o chapéu branco e as botas de verniz. Naquele tempo alguns gamenhos usavam umas botas de verniz de cano vermelho. Anacleto Monteiro adotou esse invento como a mais sublime das invenções do século. E tão gentil lhe parecia a ideia do cano vermelho, que nunca saía de casa sem levantar uma polegada às calças para que os olhos das damas não perdessem aquela circunstância da cor de crista de galo. As calças eram finas, mas vistosas, o paletó esticado, a luva cor de canela ou de cinza, em harmonia com a gravata, que era cor de cinza ou de canela. Ponham-lhe uma bengala na mão e vê-lo-ão tal qual era, há vinte e cinco anos, o primeiro gamenho de seu bairro.", "Rubião deteve-se alguns minutos diante daquilo. O sujeito, vendo-se objeto de atenção, redobrou o esforço no brinco; perdeu a naturalidade. Os outros meninos mais idosos detiveram-se a olhar espantados. Mas Rubião não distinguia nada; via tudo confusamente. Foi ainda a pé durante largo tempo; passou o saco do Alferes, passou a Gamboa, parou diante do cemitério dos ingleses, com os seus velhos sepulcros trepados pelo morro, e afinal chegou à Saúde. Viu ruas esguias, outras em ladeira, casas apinhadas ao longe e no alto dos morros, becos, muita casa antiga, algumas do tempo do rei, comidas, gretadas, estripadas, o caio encardido, e a vida lá dentro. E tudo isso lhe dava uma sensação de nostalgia... Nostalgia do farrapo, da vida escassa, acalcanhada e sem vexame. Mas durou pouco; o feiticeiro que andava nele transformou tudo. 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Oliveira mudou-se para a cidade, o que deu azo a que os dous amigos se encontrassem mais vezes. A frequência veio a uni-los ainda mais.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Quando cheguei hoje à cidade, eram duas horas, e ia a sair do bonde, chegou-se a ele a bela Fidélia, com o seu gracioso e austero meio-luto de viúva. Vinha de compras, naturalmente. Cumprimentamo-nos, dei-lhe a mão para subir. Perguntou-me pela mana, eu, pelo tio, ambos, por nós, e ainda houve tempo de trocar esta meia dúzia de palavras. Ela:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Apertaram-se os laços da amizade entre os dous colegas. Oliveira mudou-se para a cidade, o que deu azo a que os dous amigos se encontrassem mais vezes. A frequência veio a uni-los ainda mais.", "Quando cheguei hoje à cidade, eram duas horas, e ia a sair do bonde, chegou-se a ele a bela Fidélia, com o seu gracioso e austero meio-luto de viúva. Vinha de compras, naturalmente. Cumprimentamo-nos, dei-lhe a mão para subir. Perguntou-me pela mana, eu, pelo tio, ambos, por nós, e ainda houve tempo de trocar esta meia dúzia de palavras. Ela:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Chafariz da Carioca", "description": "O chafariz da Carioca, inaugurado em 1723, foi o primeiro chafariz público da cidade do Rio de Janeiro. 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Não se imagina a minha confiança no futuro. Viera recomendado a um dos ministros do gabinete Furtado, para algum lugar de magistrado no interior, e fui bem recebido por ele. Mas a água da Carioca embriagou-me logo aos primeiros goles, de tal maneira que resolvi não sair mais da capital. Encostei-me à janela da vida, com os olhos no rio que corria embaixo, o rio do tempo, não só para contemplar o curso perene das águas, como à espera de ver apontar do lado de cima ou de baixo a galera de ouro e sândalo e velas de seda, que devia levar-me a certa ilha encantada e eterna. Era o que me dizia o coração.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tinha o plano feito de desposá-la, tão certo como três e dous serem cinco. Não se imagina a minha confiança no futuro. Viera recomendado a um dos ministros do gabinete Furtado, para algum lugar de magistrado no interior, e fui bem recebido por ele. Mas a água da Carioca embriagou-me logo aos primeiros goles, de tal maneira que resolvi não sair mais da capital. Encostei-me à janela da vida, com os olhos no rio que corria embaixo, o rio do tempo, não só para contemplar o curso perene das águas, como à espera de ver apontar do lado de cima ou de baixo a galera de ouro e sândalo e velas de seda, que devia levar-me a certa ilha encantada e eterna. Era o que me dizia o coração." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Chafariz das Marrecas", "description": "O chafariz das Marrecas, concluído em 1785, foi construído pelo famoso mestre Valentim, por ordem do vice-rei D. Luiz de Vasconcelos e Souza (conde de Figueiró), na rua que mandou abrir para facilitar o acesso ao Passeio Público. 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Com o braço apoiado no do padre Lopes - porque o eminente confiara a mulher ao vigário e acompanhava-os a passo meditativo -, D. Evarista voltava a cabeça a um lado e outro, curiosa, inquieta, petulante. O vigário indagava do Rio de Janeiro, que ele não vira desde o vice-reinado anterior; e D. Evarista respondia entusiasmada que era a cousa mais bela que podia haver no mundo. O Passeio Público estava acabado, um paraíso onde ela fora muitas vezes, e a rua das Belas Noites, o chafariz das Marrecas... Ah! O chafariz das Marrecas! Eram mesmo marrecas - feitas de metal e despejando água pela boca fora. Uma cousa galantíssima. O vigário dizia que sim, que o Rio de Janeiro devia estar agora muito mais bonito. Se já o era noutro tempo! Não admira, maior do que Itaguaí, e de mais a mais sede do governo... Mas não se pode dizer que Itaguaí fosse feio; tinha belas casas, a casa do Mateus, a Casa Verde...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "D. Evarista era a esperança de Itaguaí, contava-se com ela para minorar o flagelo da Casa Verde. Daí as aclamações públicas, a imensa gente que atulhava as ruas, as flâmulas, as flores e damascos às janelas. Com o braço apoiado no do padre Lopes - porque o eminente confiara a mulher ao vigário e acompanhava-os a passo meditativo -, D. Evarista voltava a cabeça a um lado e outro, curiosa, inquieta, petulante. O vigário indagava do Rio de Janeiro, que ele não vira desde o vice-reinado anterior; e D. Evarista respondia entusiasmada que era a cousa mais bela que podia haver no mundo. O Passeio Público estava acabado, um paraíso onde ela fora muitas vezes, e a rua das Belas Noites, o chafariz das Marrecas... Ah! O chafariz das Marrecas! Eram mesmo marrecas - feitas de metal e despejando água pela boca fora. Uma cousa galantíssima. O vigário dizia que sim, que o Rio de Janeiro devia estar agora muito mais bonito. Se já o era noutro tempo! Não admira, maior do que Itaguaí, e de mais a mais sede do governo... Mas não se pode dizer que Itaguaí fosse feio; tinha belas casas, a casa do Mateus, a Casa Verde..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Chantilly", "name": "Chantilly", "description": "Chantilly é uma cidade francesa, situada a norte de Paris, na região da Picardia. Do século XIV ao fim do século XIX, foi domínio dos príncipes de Condé. Além do impressionante castelo, Chantilly tem uma história equestre rica, com florestas de caça e hipódromos famosos. A cidade é considerada a capital do cavalo na França. 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Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Os_óculos_de_Pedro_Antão#os-oculos-de-pedro-antao", "headline": "Os Óculos de Pedro Antão", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "- Não era conde - respondeu Mendonça acendendo um charuto -; chamávamo-lo assim por ser um dos primeiros heróis das corridas de Chantilly.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. 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Sempre que uma companhia nova chegava da Europa, ia ao empresário e expunha-lhe todas as injustiças da terra e do céu; o empresário cometia mais uma, e ele saía a bradar contra a iniquidade. Trazia ainda os bigodes dos seus papéis. Quando andava, apesar de velho, parecia cortejar uma princesa de Babilônia. Às vezes, cantarolava, sem abrir a boca, algum trecho ainda mais idoso que ele ou tanto; vozes assim abafadas são sempre possíveis. Vinha aqui jantar comigo algumas vezes. Uma noite, depois de muito Chianti, repetiu-me a definição do costume, e como eu lhe dissesse que a vida tanto podia ser uma ópera como uma viagem de mar ou uma batalha, abanou a cabeça e replicou:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Já não tinha voz, mas teimava em dizer que a tinha. \"O desuso é que me faz mal\", acrescentava. 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Fez a casca mais temerária que tenho visto... sabe o que é uma casca, minha senhora?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Nem_uma_nem_outra#nem-uma-nem-outra", "headline": "Nem Uma Nem Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Para acabar já com a história deste sujeito, acrescentarei que, depois de longos trabalhos do mesmo gênero, em Buenos Aires, fugiu ele para o Chile, onde consta que é atualmente empregado em umas obras das estradas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não há segredo - disse Tito -. O que há é isto: entre um amor que se oferece e... uma partida de voltarete, não hesito, atiro-me ao voltarete. A propósito, Ernesto, sabes que encontrei no Chile um famoso parceiro de voltarete? 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Afinal ousou ir ter com ela." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/China", "name": "China", "description": "A China é um país asiático, situado na parte leste do continente, fazendo fronteira com vários países. A China aparece desde cedo na história da humanidade como nação organizada. 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O melhor cozinheiro da terra nascera na China para o único fim de deixar família, pátria, língua, religião, tudo, e vir assar-lhe as costeletas e fazer-lhe o chá. As estrelas davam às suas noites um aspecto esplêndido, o luar também, e a chuva, se chovia, era para que ele descansasse do sol. Lá está agora no cemitério de São Francisco Xavier; se alguém pudesse ouvir a voz dos mortos, dentro das sepulturas, ouviria a dele, bradando que é tempo de fechar a porta ao cemitério, e não deixar entrar ninguém, uma vez que ele já lá descansa para todo sempre. Morreu azul; se chegasse aos cem anos, não teria outra cor.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Duvido que sejam mais vantajosos do que este. A ciência é árdua e seus resultados fazem menos ruído. Não tem vocação comercial nem industrial. Me dita alguma ponte pênsil entre a Corte e Niterói, uma estrada até Mato Grosso ou uma linha de navegação para a China? É duvidoso. Seu futuro tem por ora dous limites únicos, alguns estudos de ciência e os aluguéis das casas que possui. Ora, a eleição nem lhe tira os aluguéis nem obsta a que continue os estudos; a eleição completa-o, dando-lhe a vida pública, que lhe falta. A única objeção seria a falta de opinião política; mas esta objeção não o pode ser. Há de ter, sem dúvida, meditado alguma vez nas necessidades públicas, e...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Lembra-me um do mesmo gênero que este - disse Emília -. Foi já há tempos. Andava sempre a gabar-se da sua isenção. Dizia que todas as mulheres eram para ele vasos da China: admirava-as e nada mais. Coitado! Caiu em menos de um mês. Adelaide, vi-o beijar-me a ponta dos sapatos... depois do quê, desprezei-o.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_país_das_quimeras#o-pais-das-quimeras", "headline": "O País das Quimeras", "genre": "Conto", "datePublished": "1862", "text": "A primeira impressão, quando se viu em terra, foi de satisfação; depois tratou de ver em que região do planeta se achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verificou que se achava a dous passos de casa. Apressou-se o poeta a voltar aos seus pacíficos lares.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-segredo-do-bonzo", "headline": "O Segredo do Bonzo", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Consistiu a experiência de Titané em uma cousa que não sei como diga para que a entendam. Usam neste reino de Bungo, e em outros destas remotas partes, um papel feito de casca de canela moída e goma, obra mui prima, que eles talham depois em pedaços de dous palmos de comprimento, e meio de largura, nos quais desenham com vivas e variadas cores, e pela língua do país, as notícias da semana, políticas, religiosas, mercantis e outras, as novas leis do reino, os nomes das fustas, lancharas, balões e toda a casta de barcos que navegam estes mares, ou em guerra, que a há frequente, ou de veniaga. E digo as notícias da semana, porque as ditas folhas são feitas de oito em oito dias, em grande cópia, e distribuídas ao gentio da terra, a troco de uma espórtula, que cada um dá de bom grado para ter as notícias primeiro que os demais moradores. Ora, o nosso Titané não quis melhor esquina que este papel, chamado pela nossa língua Vida e claridade das cousas mundanas e celestes, título expressivo, ainda que um tanto derramado. E, pois, fez inserir no dito papel que acabavam de chegar notícias frescas de toda a costa de Malabar e da China, conforme as quais não havia outro cuidado que não fossem as famosas alparcas dele Titané; que estas alparcas eram chamadas as primeiras do mundo, por serem mui sólidas e graciosas; que nada menos de vinte e dous mandarins iam requerer ao imperador para que, em vista do esplendor das famosas alparcas de Titané, as primeiras do universo, fosse criado o título honorífico de \"alparca do Estado\", para recompensa dos que se distinguissem em qualquer disciplina do entendimento; que eram grossíssimas as encomendas feitas de todas as partes, às quais ele Titané ia acudir, menos por amor ao lucro do que pela glória que dali provinha à nação; não recuando, todavia, do propósito em que estava e ficava de dar de graça aos pobres do reino umas cinquenta corjas das ditas alparcas, conforme já fizera declarar a el-rei e o repetia agora; enfim, que, apesar da primazia no fabrico das alparcas assim reconhecida em toda a terra, ele sabia os deveres da moderação, e nunca se julgaria mais do que um obreiro diligente e amigo da glória do reino de Bungo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_excursão_milagrosa#uma-excursao-milagrosa", "headline": "Uma Excursão Milagrosa", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "A primeira impressão, quando me vi em terra, foi de satisfação; depois tratei de ver em que região do planeta me achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verifiquei que me achava a dous passos de casa. 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Adelaide, vi-o beijar-me a ponta dos sapatos... depois do quê, desprezei-o.", "A primeira impressão, quando se viu em terra, foi de satisfação; depois tratou de ver em que região do planeta se achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verificou que se achava a dous passos de casa. Apressou-se o poeta a voltar aos seus pacíficos lares.", "Consistiu a experiência de Titané em uma cousa que não sei como diga para que a entendam. Usam neste reino de Bungo, e em outros destas remotas partes, um papel feito de casca de canela moída e goma, obra mui prima, que eles talham depois em pedaços de dous palmos de comprimento, e meio de largura, nos quais desenham com vivas e variadas cores, e pela língua do país, as notícias da semana, políticas, religiosas, mercantis e outras, as novas leis do reino, os nomes das fustas, lancharas, balões e toda a casta de barcos que navegam estes mares, ou em guerra, que a há frequente, ou de veniaga. 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Chegaram ao ponto de estabelecer este preceito filosófico de não sair dali com as mãos vazias; traziam sempre alguma cousa, uma fábula, quando menos. Enfim, estando a sair um navio para Chipre, pediram licença a Ptolomeu, com promessa de voltar, coseram os livros dentro de couros de hipopótamo, puseram-lhes rótulos falsos, e trataram de fugir. Mas a inveja de outros filósofos não dormia; deu rebate às suspeitas dos magistrados, e descobriu-se o roubo. Stroibus e Pítias foram tidos por aventureiros, mascarados com os nomes daqueles dous varões ilustres; Ptolomeu entregou-os à justiça com ordem de os passar logo ao carrasco. Foi então que interveio Herófilo, inventor da anatomia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ao cabo de algum tempo, começaram a notar-se faltas graves: - um exemplar de Homero, três rolos de manuscritos persas, dois de samaritanos, uma soberba coleção de cartas originais de Alexandre, cópias de leis atenienses, o 2º e o 3º livro da República de Platão, etc., etc. A autoridade pôs-se à espreita; mas a esperteza do rato, transferida a um organismo superior, era naturalmente maior, e os dois ilustres gatunos zombavam de espias e guardas. Chegaram ao ponto de estabelecer este preceito filosófico de não sair dali com as mãos vazias; traziam sempre alguma cousa, uma fábula, quando menos. Enfim, estando a sair um navio para Chipre, pediram licença a Ptolomeu, com promessa de voltar, coseram os livros dentro de couros de hipopótamo, puseram-lhes rótulos falsos, e trataram de fugir. Mas a inveja de outros filósofos não dormia; deu rebate às suspeitas dos magistrados, e descobriu-se o roubo. Stroibus e Pítias foram tidos por aventureiros, mascarados com os nomes daqueles dous varões ilustres; Ptolomeu entregou-os à justiça com ordem de os passar logo ao carrasco. Foi então que interveio Herófilo, inventor da anatomia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cidade%20Nova", "name": "Cidade Nova", "description": "A Cidade Nova é uma bairro do Rio de Janeiro. Localiza-se entre o Centro e a zona Norte da cidade. A região era um alagadiço que servia de passagem entre o Centro e as zonas então rurais da Tijuca e São Cristovão. 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Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. 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Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_rei_dos_caiporas#o-rei-dos-caiporas", "headline": "O Rei dos Caiporas", "genre": "Conto", "datePublished": "1870", "text": "Alugou uma casinha na Cidade Nova, e assim passou alguns meses.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Era uma quitandeira de doces, uma crioula baiana, segundo me pareceu pelos bordados e crivos da saia e da camisa. Vinha da Cidade Nova e atravessava o campo. Elisiário respondeu à saudação:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#uns-bracos", "headline": "Uns Braços", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na rua da Lapa, em 1870.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Tem também no Rio Comprido, na Cidade Nova, uma no Catete...", "- Logo que cheguei - continuou Salvador - corri à casa; achei-a fechada. Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. Pedia-me que lhe perdoasse o passo que dera; que uma paixão nova e delirante a havia guiado, e que, se viesse a arrepender-se, seria essa a minha vingança. Quando li a carta, tive ímpeto de ir ter com ela e esganá-la; mas o ímpeto passou, e a dor desfez-se em reflexões. Poucos dias antes, a bordo, um engenheiro inglês que vinha do Rio Grande para esta Corte, emprestara-me um volume truncado de Shakespeare. Pouco me restava do pouco inglês que aprendi; fui soletrando como pude, e uma frase que ali achei fez-me estremecer, na ocasião, como uma profecia; recordei-a depois, quando Ângela me escreveu. \"Ela enganou seu pai - diz Brabantio a Otelo -, há de enganar-te a ti também.\" Era justo; pelo menos, era explicável. Dous dias depois da carta de Ângela, escrevi-lhe pedindo meia hora de conversação; nada mais. Ângela concedeu-me a entrevista. Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "Alugou uma casinha na Cidade Nova, e assim passou alguns meses.", "Era uma quitandeira de doces, uma crioula baiana, segundo me pareceu pelos bordados e crivos da saia e da camisa. Vinha da Cidade Nova e atravessava o campo. Elisiário respondeu à saudação:", "Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na rua da Lapa, em 1870." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/State%20of%20Bahia%2C%20Brazil", "name": "Cidade perdida da Bahia", "description": "A \"cidade abandonada\" é uma referência ao mais famoso mito arqueológico brasileiro, \"a cidade perdida da Bahia\", que se localizaria nas matas do Cincorá, sertão desse estado. Para encontrá-la, foram realizadas diversas expedições. 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O pai nascera com o amor do enigmático, do arriscado e do obscuro; morreu quando aparelhava uma expedição para ir à Bahia descobrir a \"cidade abandonada\". Eulália recebeu essa herança moral, modificada ou agravada pela natureza feminil. Nela dominava principalmente a contemplação. Era na cabeça que ela descobria as cidades abandonadas. Tinha os olhos dispostos de maneira que não podiam apanhar integralmente os contornos da vida. Começou idealizando as cousas, e, se não acabou negando-as, é certo que o sentimento da realidade esgarçou-se-lhe até chegar à transparência fina em que o tecido parece confundir-se com o ar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Eulália era uma esquisita, para usarmos a linguagem da mãe, ou romanesca, para empregarmos a definição das amigas. Tinha, em verdade, uma singular organização. Saiu ao pai. O pai nascera com o amor do enigmático, do arriscado e do obscuro; morreu quando aparelhava uma expedição para ir à Bahia descobrir a \"cidade abandonada\". Eulália recebeu essa herança moral, modificada ou agravada pela natureza feminil. Nela dominava principalmente a contemplação. Era na cabeça que ela descobria as cidades abandonadas. Tinha os olhos dispostos de maneira que não podiam apanhar integralmente os contornos da vida. 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Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver - de prolongar a Universidade pela vida adiante...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades - principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estroina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. 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Estava em Biarritz ou Compiègne, não se sabe bem; Compiègne, parece. Governou um grande Estado, ouviu ministros e embaixadores, dançou, jantou - e assim outras ações narradas em correspondências de jornais, que ele lera e lhe ficaram de memória. Nem os ganidos de Quincas Borba logravam espertá-lo. Estava longe e alto. Compiègne era no caminho da lua. Em marcha para a lua!", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ficando só, Rubião atirou-se a uma poltrona, e viu passar muitas cousas suntuosas. Estava em Biarritz ou Compiègne, não se sabe bem; Compiègne, parece. Governou um grande Estado, ouviu ministros e embaixadores, dançou, jantou - e assim outras ações narradas em correspondências de jornais, que ele lera e lhe ficaram de memória. Nem os ganidos de Quincas Borba logravam espertá-lo. Estava longe e alto. Compiègne era no caminho da lua. 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Não era de Judas, porque sinceramente Alberta quis assim pactuar com a amiga a entrega do noivo e o casamento. Mas quem descontaria aquele beijo, em tais circunstâncias? Verdade é que o tenente estava em São Paulo, e escrevia; mas, como Alberta perdesse alguns correios e explicasse o fato pela necessidade de não descobrir a correspondência, ele já escrevia menos vezes, menos copioso, menos ardente, cousa que uns justificariam pelas cautelas da situação e pelas obrigações de ofício, outros por um namoro de passagem que ele trazia no bairro da Consolação. Foi, talvez, este nome que levou o namorado de Alberta a frequentá-lo; achou ali uma menina, cujos olhos, mui parecidos com os da moça ausente, sabiam fitar com igual tenacidade. Olhos não deixam vestígio; ele recebeu-os e mandou os seus, em troca - tudo pela intenção de mirar a outra, que estava longe, e pela ideia de que o nome do bairro não era casual. Um dia escreveu-lhe, ela respondeu; tudo consolações! Justo é dizer que ele suspendeu a correspondência para o Rio de Janeiro - ou para não tirar o caráter consolador da correspondência local, ou para não gastar todo o papel.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Alberta cortou-lhe a palavra com um beijo. Não era de Judas, porque sinceramente Alberta quis assim pactuar com a amiga a entrega do noivo e o casamento. Mas quem descontaria aquele beijo, em tais circunstâncias? Verdade é que o tenente estava em São Paulo, e escrevia; mas, como Alberta perdesse alguns correios e explicasse o fato pela necessidade de não descobrir a correspondência, ele já escrevia menos vezes, menos copioso, menos ardente, cousa que uns justificariam pelas cautelas da situação e pelas obrigações de ofício, outros por um namoro de passagem que ele trazia no bairro da Consolação. Foi, talvez, este nome que levou o namorado de Alberta a frequentá-lo; achou ali uma menina, cujos olhos, mui parecidos com os da moça ausente, sabiam fitar com igual tenacidade. Olhos não deixam vestígio; ele recebeu-os e mandou os seus, em troca - tudo pela intenção de mirar a outra, que estava longe, e pela ideia de que o nome do bairro não era casual. Um dia escreveu-lhe, ela respondeu; tudo consolações! Justo é dizer que ele suspendeu a correspondência para o Rio de Janeiro - ou para não tirar o caráter consolador da correspondência local, ou para não gastar todo o papel." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Istanbul", "name": "Constantinopla", "description": "\"Constantinopla\" é o antigo nome da cidade de Istambul, na Turquia. O nome original era \"Bizâncio\". \"Constantinopla\" é uma referência ao imperador romano Constantino I, que tornou essa cidade a capital do Império Romano do Oriente, também conhecido como o Império Bizantino. 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Não contava com a outra fidalga, a viúva, que pôs em campo todos os recursos de que podia dispor, e alcançou-lhe a fuga daí a poucos meses. Saíram ambos de Espanha, meteram-se em França, e passaram à Itália, onde meu pai ficou residindo por longos anos. A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "De fato, o homem vulgar que ouvisse a última palavra do Damasceno não se lembraria dela, quando, tempos depois, houvesse de olhar para uma gravura representando seis damas turcas. Pois eu lembrei-me. Eram seis damas de Constantinopla - modernas -, em trajos de rua, cara tapada, não com um espesso pano que as cobrisse deveras, mas com um véu tenuíssimo, que simulava descobrir somente os olhos, e na realidade descobria a cara inteira. E eu achei graça a essa esperteza da faceirice muçulmana, que assim esconde o rosto - e cumpre o uso -, mas não o esconde - e divulga a beleza. Aparentemente, nada há entre as damas turcas e o Damasceno; mas se tu és um espírito profundo e penetrante (e duvido muito que me negues isso), compreenderás que, tanto num como noutro caso, surge aí a orelha de uma rígida e meiga companheira do homem social...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "\"Os russos não hão de entrar em Constantinopla!\"", "- Coitado! Não contava com a outra fidalga, a viúva, que pôs em campo todos os recursos de que podia dispor, e alcançou-lhe a fuga daí a poucos meses. Saíram ambos de Espanha, meteram-se em França, e passaram à Itália, onde meu pai ficou residindo por longos anos. A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. 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Eram seis damas de Constantinopla - modernas -, em trajos de rua, cara tapada, não com um espesso pano que as cobrisse deveras, mas com um véu tenuíssimo, que simulava descobrir somente os olhos, e na realidade descobria a cara inteira. E eu achei graça a essa esperteza da faceirice muçulmana, que assim esconde o rosto - e cumpre o uso -, mas não o esconde - e divulga a beleza. Aparentemente, nada há entre as damas turcas e o Damasceno; mas se tu és um espírito profundo e penetrante (e duvido muito que me negues isso), compreenderás que, tanto num como noutro caso, surge aí a orelha de uma rígida e meiga companheira do homem social..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Cinel%C3%A2ndia%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Convento da Ajuda", "description": "O convento da Ajuda, das freiras da Ordem da Conceição, situava-se no largo do mesmo nome, no centro da cidade do Rio de Janeiro, onde hoje fica a praça da Cinelândia. No convento foram enterradas a rainha D. Maria I, rainha de Portugal, mãe de D. 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Nestas circunstâncias exigir do magistrado que se alongasse da capital algumas semanas, era exigir o mais difícil e aspérrimo. Imagine-se com que alma saiu dali o magistrado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Não se contentou a minha família em ter um quinhão anônimo no regozijo público; entendeu oportuno e indispensável celebrar a destituição do imperador com um jantar, e tal jantar que o ruído das aclamações chegasse aos ouvidos de Sua Alteza, ou quando menos de seus ministros. Dito e feito. Veio abaixo toda a velha prataria, herdada do meu avô Luís Cubas; vieram as toalhas de Flandres, as grandes jarras da Índia; matou-se um capado; encomendaram-se às madres da Ajuda as compotas e marmeladas; lavaram-se, arearam-se poliram-se as salas, escadas, castiçais, arandelas, as vastas mangas de vidro, todos os aparelhos do luxo clássico.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Muitos_anos_depois#muitos-anos-depois", "headline": "Muitos Anos Depois", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "D. Mariana recolheu-se ao convento da Ajuda onde faleceu no tempo da guerra de Rosas. O padre Flávio obteve uma vigararia no interior de Minas, onde veio a falecer de tristeza e saudade. Vilela quis acompanhá-lo, mas o jovem amigo não o consentiu.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Onde estaremos nós? - perguntou-lhe -. É ocasião de separar-nos. Veja do lado de lá; onde estamos? Parece que é o convento; estamos no largo da Ajuda. Diga ao cocheiro que pare; ou, se quer, pode apear-se no largo da Carioca. Meu marido...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Vidros_quebrados#vidros-quebrados", "headline": "Vidros Quebrados", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "A preta apanhou uma sova que não lhes digo nada: ficou em sangue. Que a tal mulherzinha era das arábias! Mandou chamar o irmão, que morava na Tijuca, um José Soares, que era então comandante do 6º batalhão da Guarda Nacional; mandou-o chamar, contou-lhe tudo, e pediu-lhe conselho. O irmão respondeu que o melhor era casar Cecília sem demora; mas a viúva observou que, antes de aparecer noivo, tinha medo que eu fizesse alguma, e por isso tencionava retirá-la de casa, e mandá-la para o convento da Ajuda; dava-se com as madres principais...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Alugou casa perto do convento da Ajuda, e ali estava morando, a título de ver a capital. O romance assumiu proporções grandes, complicou-se o enredo, avultaram as descrições e as peripécias, e a obra ameaçava estender-se a muitos volumes. Nestas circunstâncias exigir do magistrado que se alongasse da capital algumas semanas, era exigir o mais difícil e aspérrimo. 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Aires entrou a sentir uma ponta de aborrecimento; bocejava, cochilava, tinha sede de gente viva, estranha, qualquer que fosse, alegre ou triste. Metia-se por bairros excêntricos, trepava aos morros, ia às igrejas velhas, às ruas novas, à Copacabana e à Tijuca. O mar ali, aqui o mato e a vista acordavam nele uma infinidade de ecos, que pareciam as próprias vozes antigas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mas tudo cansa, até a solidão. Aires entrou a sentir uma ponta de aborrecimento; bocejava, cochilava, tinha sede de gente viva, estranha, qualquer que fosse, alegre ou triste. Metia-se por bairros excêntricos, trepava aos morros, ia às igrejas velhas, às ruas novas, à Copacabana e à Tijuca. 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Um ano mais tarde, foi inaugurado o trecho entre as Paineiras e o Corcovado, completando-se assim a extensão total da estrada de ferro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Corcovado", "lat": "-22.95114", "long": "-43.21085", "gn:featureCode": "MT", "gn:featureCodeName": "mountain", "gn:name": "Corcovado", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3465534/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Com que então eu amava Capitu, e Capitu, a mim? Realmente, andava cosido às saias dela, mas não me ocorria nada entre nós que fosse deveras secreto. Antes dela ir para o colégio, eram tudo travessuras de criança; depois que saiu do colégio, é certo que não restabelecemos logo a antiga intimidade, mas esta voltou pouco a pouco, e no último ano era completa. Entretanto, a matéria das nossas conversações era a de sempre. Capitu chamava-me às vezes bonito, mocetão, uma flor; outras pegava-me nas mãos para contar-me os dedos. E comecei a recordar esses e outros gestos e palavras, o prazer que sentia quando ela me passava a mão pelos cabelos, dizendo que os achava lindíssimos. Eu, sem fazer o mesmo aos dela, dizia que os dela eram muito mais lindos que os meus. Então Capitu abanava a cabeça com uma grande expressão de desengano e melancolia, tanto mais de espantar quanto que tinha os cabelos realmente admiráveis; mas eu retorquia chamando-lhe maluca. Quando me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não, ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinárias, que subíamos ao Corcovado pelo ar, que dançávamos na lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer. Em todos esses sonhos andávamos unidinhos. Os que eu tinha com ela não eram assim, apenas reproduziam a nossa familiaridade, e muita vez não passavam da simples repetição do dia, alguma frase, algum gesto. Também eu os contava. Capitu um dia notou a diferença, dizendo que os dela eram mais bonitos que os meus; eu, depois de certa hesitação, disse-lhe que eram como a pessoa que sonhava... Fez-se cor de pitanga.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#luis-soares", "headline": "Luís Soares", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Almoçou sem vontade e saiu. Foi ao Alcazar. Os amigos acharam-no triste; perguntaram-lhe se era alguma mágoa de amor. Soares respondeu que estava doente. As Laís da localidade acharam que era de bom gosto ficarem tristes também. A consternação foi geral. Um dos seus amigos, José Pires, propôs um passeio a Botafogo para distrair as melancolias de Soares. O rapaz aceitou. Mas o passeio a Botafogo era tão comum que não podia distraí-lo. Lembraram-se de ir ao Corcovado, ideia que foi aceita e executada imediatamente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_última_receita#a-ultima-receita", "headline": "A Última Receita", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Seria realmente zombar do leitor o explicar-lhe que a doente e o médico estavam a pender um para o outro; que a doente sofria tanto como o Corcovado, e que o médico conhecia cabalmente a sua perfeita saúde. Gostavam um do outro sem se atreverem a dizer a verdade, simplesmente pelo receio de se enganarem. O meio de se falarem todos os dias era aquele.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Com que então eu amava Capitu, e Capitu, a mim? Realmente, andava cosido às saias dela, mas não me ocorria nada entre nós que fosse deveras secreto. 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Quando me perguntava se sonhara com ela na véspera, e eu dizia que não, ouvia-lhe contar que sonhara comigo, e eram aventuras extraordinárias, que subíamos ao Corcovado pelo ar, que dançávamos na lua, ou então que os anjos vinham perguntar-nos pelos nomes, a fim de os dar a outros anjos que acabavam de nascer. Em todos esses sonhos andávamos unidinhos. Os que eu tinha com ela não eram assim, apenas reproduziam a nossa familiaridade, e muita vez não passavam da simples repetição do dia, alguma frase, algum gesto. Também eu os contava. Capitu um dia notou a diferença, dizendo que os dela eram mais bonitos que os meus; eu, depois de certa hesitação, disse-lhe que eram como a pessoa que sonhava... Fez-se cor de pitanga.", "Almoçou sem vontade e saiu. Foi ao Alcazar. Os amigos acharam-no triste; perguntaram-lhe se era alguma mágoa de amor. Soares respondeu que estava doente. As Laís da localidade acharam que era de bom gosto ficarem tristes também. A consternação foi geral. Um dos seus amigos, José Pires, propôs um passeio a Botafogo para distrair as melancolias de Soares. O rapaz aceitou. Mas o passeio a Botafogo era tão comum que não podia distraí-lo. Lembraram-se de ir ao Corcovado, ideia que foi aceita e executada imediatamente.", "Seria realmente zombar do leitor o explicar-lhe que a doente e o médico estavam a pender um para o outro; que a doente sofria tanto como o Corcovado, e que o médico conhecia cabalmente a sua perfeita saúde. Gostavam um do outro sem se atreverem a dizer a verdade, simplesmente pelo receio de se enganarem. 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Estreia, entenda-se como residência. Até então contentava-me eu em fazer pequenas excursões à famosa terra: aportava de manhã e fazia-me ao largo de tarde; outras vezes dava à navegação o sentido inverso. Mas que era isso para conhecer tamanho mundo e tão variada gente?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "A notícia do acontecimento foi transmitida ao pai com o pedido de uma licença para ir ver outras terras da Europa. Obteve a licença, e saiu de Paris para visitar a Itália, a Suíça, a Alemanha e a Inglaterra. No fim de alguns meses estava outra vez na grande capital, e aí reatou o fio da sua antiga existência, já livre então de cuidados estranhos e aborrecidos. A escala toda dos prazeres sensuais e frívolos foi percorrida por este esperançoso mancebo com uma sofreguidão que parecia antes suicídio. Seus amigos eram numerosos, solícitos e constantes; alguns não duvidavam dar-lhe a honra de o constituir seu credor. Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tinha eu então vinte anos. Nessa idade não se discute o prazer; aceita-se sob todas as formas. A partida compensava a ceia. Verdade é que a ceia tinha para mim um atrativo singular, o atrativo da curiosidade. Era a minha estreia nas terras de Corinto. Estreia, entenda-se como residência. 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Exa. - disse um deles - é que o nosso afilhado seja empregado aqui mesmo na Corte. Vai nisso uma questão de honra, e uma questão de comodidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Antes_que_cases...#antes-que-cases", "headline": "Antes Que Cases...", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Durou um mês esta ausência da Corte. No trigésimo primeiro dia, Ângela viu anunciada uma peça nova no Ginásio e pediu ao marido para virem à cidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#aurora-sem-dia", "headline": "Aurora Sem Dia", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Luís Tinoco mandava ao Dr. Lemos na Corte todos os seus escritos da província, e contava-lhe singelamente as suas novas esperanças. Um dia noticiou-lhe que a sua eleição para a Assembleia Provincial era objeto de negociações que se lhe afiguravam propícias. O correio seguinte trouxe notícia de que a candidatura de Luís Tinoco entrara na ordem dos fatos consumados.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Caminho_de_Damasco#o-caminho-de-damasco", "headline": "O Caminho de Damasco", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Jorge saiu da Corte no fim de alguns dias, depois de ter obtido uma licença do emprego. Alegou ao pai que estava sofrendo de fraqueza e precisava de restaurar as forças. Aguiar não lhe deu muito crédito ao pretexto; mas o padre teve meio de fazer com que o comendador e a mulher aceitassem as razões do filho.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casada_e_viúva#casada-e-viuva", "headline": "Casada e Viúva", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "Voltando à Corte, Cristiana esperava uma vida mais própria aos seus anos de moça do que a passada na fazenda mineira na companhia fastidiosa do reumático legitimista. Pouco que pudessem alcançar as suas ilusões, era já muito em comparação com o passado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#confissoes-de-uma-viuva-moca", "headline": "Confissões de Uma Viúva Moça", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "A Corte estava então animada e não tinha esta cruel monotonia que eu sinto aqui através das tuas cartas e dos jornais de que sou assinante.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-desejada-das-gentes", "headline": "A Desejada das Gentes", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "- Obrigado; era mais profunda a causa da diferença, e a diferença ia-se acentuando com os tempos. Quando a vida cá embaixo a aborrecia muito, ia para o Cosme Velho, e ali as nossas conversações eram mais frequentes e compridas. Não lhe posso dizer, nem o senhor compreenderia nada, o que foram as horas que ali passei, incorporando na minha vida toda a vida que jorrava dela. Muitas vezes quis dizer-lhe o que sentia, mas as palavras tinham medo e ficavam no coração. Escrevi cartas sobre cartas; todas me pareciam frias, difusas, ou inchadas de estilo. Demais, ela não dava ensejo a nada, tinha um ar de velha amiga. No princípio de 1857 adoeceu meu pai em Itaboraí; corri a vê-lo, achei-o moribundo. Este fato reteve-me fora da Corte uns quatro meses. Voltei pelos fins de maio. Quintília recebeu-me triste da minha tristeza, e vi claramente que o meu luto passara aos olhos dela...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Nos estados. Vai desculpando os descuidos de tua mãe. Bem sei que são estados; não são como as províncias antigas, não esperam que o presidente lhes vá aqui da Corte...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Logo que cheguei - continuou Salvador - corri à casa; achei-a fechada. Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. Pedia-me que lhe perdoasse o passo que dera; que uma paixão nova e delirante a havia guiado, e que, se viesse a arrepender-se, seria essa a minha vingança. Quando li a carta, tive ímpeto de ir ter com ela e esganá-la; mas o ímpeto passou, e a dor desfez-se em reflexões. Poucos dias antes, a bordo, um engenheiro inglês que vinha do Rio Grande para esta Corte, emprestara-me um volume truncado de Shakespeare. Pouco me restava do pouco inglês que aprendi; fui soletrando como pude, e uma frase que ali achei fez-me estremecer, na ocasião, como uma profecia; recordei-a depois, quando Ângela me escreveu. \"Ela enganou seu pai - diz Brabantio a Otelo -, há de enganar-te a ti também.\" Era justo; pelo menos, era explicável. Dous dias depois da carta de Ângela, escrevi-lhe pedindo meia hora de conversação; nada mais. Ângela concedeu-me a entrevista. Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Médico homeopata - a homeopatia começava a entrar nos domínios da nossa civilização -, este Dr. Leão chegara à vila, dez ou doze dias antes, provido de boas cartas de recomendação, pessoais e políticas. Era um homem inteligente, de fino trato e coração benigno. A gente da vila notou-lhe certa tristeza no gesto, algum retraimento nos hábitos, e até uma tal ou qual sequidão de palavras, sem embargo da perfeita cortesia; mas tudo foi atribuído ao acanho dos primeiros dias e às saudades da Corte. Contava trinta anos, tinha um princípio de calva, olhar baço e mãos episcopais. Andava propagando o novo sistema.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Uma manhã, oito dias depois das cenas referidas no capítulo anterior, apareceu Diogo em casa de Azevedo. Tinham aí acabado de almoçar; Azevedo subira para o gabinete, a fim de aviar alguma correspondência para a Corte; Adelaide achava-se na sala do pavimento térreo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Longe_dos_olhos...#longe-dos-olhos", "headline": "Longe dos Olhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "Ia por dois dias apenas; os dois dias correram nas delícias que o leitor pode imaginar, mas com uma sombra, uma cousa inexplicável. João Aguiar, ou porque aborrecesse a roça ou porque amasse demais a cidade, sentia-se um pouco tolhido ou não sei que seja. No fim de dois dias desejava ver-se outra vez no bulício da Corte. Felizmente, Cecília procurava compensar-lhe os tédios do lugar, mas parece que era excessiva nas mostras de amor que lhe dava, pois o digno bacharel dava sinais de impaciência.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#manuscrito-de-um-sacristao", "headline": "Manuscrito de um Sacristão", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Antes de ir adiante, direi que eram primos. Soube depois que eram primos, nascidos em Vassouras. Os pais dela mudaram-se para a Corte, tendo Eulália (é o seu nome) sete anos. Teófilo veio depois. Na família era uso antigo que um dos rapazes fosse padre. Vivia ainda na Bahia um tio dele, cônego. Cabendo-lhe nesta geração envergar a batina, veio para o seminário de São José, no ano de mil oitocentos e cinquenta e tantos, e foi aí que o conheci. Compreende-se o sentimento de discrição que me leva a deixar a data no ar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Melhor_das_noivas#a-melhor-das-noivas", "headline": "A Melhor das Noivas", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Riam-se os outros, mas de cólera, e alguns, de inveja. João Barbosa, antigo magistrado, herdara de seu pai e de um tio quatro ou cinco fazendas, que transferiu a outros, convertendo seus cabedais em títulos do governo e vários prédios. Fê-lo logo depois de viúvo, e passou a residir na Corte definitivamente. Perdendo um filho que tinha, achou-se quase só; quase, porque ainda lhe restavam dois sobrinhos, que o rodeavam de muitas e variadas atenções; João Barbosa suspeitava que os dois sobrinhos estimavam ainda mais as apólices do que a ele e recusou todas as ofertas que lhe faziam para aceitar-lhes casa. Um dia lembrou-se de inserir nos jornais um anúncio declarando precisar de uma senhora de certa idade, morigerada, que quisesse tomar conta da casa de um homem viúvo. Dona Joana tinha apenas trinta e oito anos; confessou-lhe quarenta e quatro, e tomou posse do cargo. Os sobrinhos, quando souberam disto, apresentaram a João Barbosa toda a sorte de considerações que podem nascer no cérebro de herdeiros em ocasião de perigo. O velho ouviu cerca de oito a dez tomos de tais considerações, mas ateve-se à primeira ideia, e os sobrinhos não tiveram outro remédio mais que aceitar a situação.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Conhecemo-nos um ao outro, eu primeiro que ele, talvez porque a Europa me haja mudado mais. Ele lembra-se do tempo em que eu, colega do irmão, jantei com ele aqui na Corte. Já o irmão lhe havia falado de mim, recordando as relações antigas. Disse-me que daqui a três dias volta para a fazenda, onde me dará hospedagem, se quiser honrá-lo com a minha pessoa. Agradeci e prometi, sem prazo nem ideia de lá ir. Custa muito sair do Catete. Já é demais Petrópolis.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "- Você bem sabe por quê - tornou ele -: é, sobretudo, perigosa, muito perigosa. Aqui na Corte, um caso desses perde-se na multidão da gente e dos interesses; mas na província muda de figura; e, tratando-se de personagens políticos, é realmente insensatez. As gazetas de oposição, logo que farejarem o negócio, passam a imprimi-lo com todas as letras, e aí virão as chufas, os remoques, as alcunhas...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Muitos_anos_depois#muitos-anos-depois", "headline": "Muitos Anos Depois", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "Não vem ao caso referir os sucessos que deslocaram o padre da sua freguesia em Minas para a Corte. Veio o padre residir aqui quando Flávio contava já dezessete anos. Tinha alguma cousa de seu e podia viver independente, em companhia de seu filho espiritual, única família sua, mas quanto bastava aos afetos do seu coração e aos seus hábitos intelectuais.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Já o leitor ficou entendendo que a viagem a Cantagalo era obra quase exclusiva de Guiomar. A baronesa relutara a princípio, como das outras vezes fizera, e o comendador pouca esperança tinha já de a ver na fazenda. Mas o voto de Guiomar foi decisivo. Ela fortaleceu, com as suas, as razões do comendador, alegando não só a obrigação em que a madrinha estava de desempenhar a palavra dada, mas ainda a vantagem que lhe podiam trazer aqueles três meses de vida roceira, longe das agitações da Corte; enfim, invocou o seu próprio desejo de ver uma fazenda e conhecer os hábitos do interior.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "No dia seguinte, logo depois do almoço, foi à casa do correspondente de seu pai. Declarou-lhe que tencionava seguir dentro de quatro ou cinco dias para Goiás, e recebeu dele os necessários recursos, segundo as ordens já dadas pelo comendador. O correspondente acrescentou que estava incumbido de lhe facilitar tudo o que quisesse no caso de desejar passar algumas semanas na Corte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "", "headline": "A Pianista", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "Estava desfeita a situação que podia continuar a avassalar o coração de Tomás. O pai não parou, e procedeu, no ponto de vista em que se colocava, com uma lógica cruel. Tratou primeiramente de afastar o filho da Corte por alguns meses, de maneira que a ação do tempo pudesse apagar no coração e na memória do rapaz o amor e a imagem de Malvina.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#ponto-de-vista", "headline": "Ponto de Vista", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Corte, 5 de outubro", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#primas-de-sapucaia", "headline": "Primas de Sapucaia", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Era à porta de uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde estavam hospedadas. Tinham vindo de Sapucaia, pelo Carnaval, e demoraram-se dous meses na Corte. Era eu que as acompanhava a toda a parte, missas, teatros, rua do Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia mover-se dentro de casa, e elas não sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos os parentes estivessem dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai destas primas, foi o único, de cinco irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu vim cedo para a Corte, donde segui a estudar e bacharelar-me em São Paulo. Voltei uma só vez a Sapucaia, para pleitear uma eleição, que perdi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questão_de_vaidade#questao-de-vaidade", "headline": "Questão de Vaidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "Saindo à rua, lembrou-se Eduardo de que devia visitar a viúva, não se dispensando de visitar a donzela. A primeira residia na Corte, devia ter a preferência. Eduardo encaminhou-se para a rua do Lavradio, onde morava Maria Luísa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião tinha febre. Comeu pouco e sem vontade. A comadre pediu-lhe contas da vida que passara na Corte, ao que ele respondeu que levaria muito tempo, e só a posteridade a acabaria. Os sobrinhos de seu sobrinho, concluiu ele magnificamente, é que hão de ver-me em toda a minha glória. Começou, porém, um resumo. No fim de dez minutos, a comadre não entendia nada, tão desconcertados eram os fatos e os conceitos; mais cinco minutos, entrou a sentir medo. Quando os minutos chegaram a vinte, pediu licença e foi a uma vizinha dizer que Rubião parecia ter virado o juízo. Voltou com ela e um irmão, que se demorou pouco tempo e saiu a espalhar a nova. Vieram vindo outras pessoas, às duas e às quatro, e, antes de uma hora, muita gente espiava da rua.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#a-segunda-vida", "headline": "A Segunda Vida", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Mas, homem de Deus! É essa justamente a matéria da minha aventura. Somos livres, gostamos um do outro, e não nos casamos: tal é a situação tenebrosa que venho expor a Vossa Reverendíssima, e que a sua teologia ou o que quer que seja, explicará, se puder. Voltamos para a Corte namorados. Clemência morava com o velho pai, e um irmão empregado no comércio; relacionei-me com ambos, e comecei a frequentar a casa, em Mata-cavalos. Olhos, apertos de mão, palavras soltas, outras ligadas, uma frase, duas frases, e estávamos amados e confessados. Uma noite, no patamar da escada, trocamos o primeiro beijo... Perdoe estas cousas, monsenhor; faça de conta que me está ouvindo de confissão. Nem eu lhe digo isto senão para acrescentar que saí dali tonto, desvairado, com a imagem de Clemência na cabeça e o sabor do beijo na boca. Errei cerca de duas horas, planeando uma vida única; determinei pedir-lhe a mão no fim da semana, e casar daí a um mês. Cheguei às derradeiras minúcias, cheguei a redigir e ornar de cabeça as cartas de participação. Entrei em casa depois de meia-noite, e toda essa fantasmagoria voou, como as mutações à vista nas antigas peças de teatro. Veja se adivinha como.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sem_olhos#sem-olhos", "headline": "Sem Olhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "A perspectiva não era para mim agradável. Não podia razoavelmente desampará-lo e tinha talvez de assistir à sua morte naquela noite. Chamei o criado e escrevi um bilhete a dous colegas de São Paulo, residentes na Corte, pedindo-lhes que viessem passar a noite comigo. O criado saiu e eu sentei-me outra vez ao pé da cama.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Troca_de_datas#troca-de-datas", "headline": "Troca de Datas", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "- Pois então! Lemos tudo o que saiu nas folhas; você brilhou... Há de contar-nos isso depois. Cirila está na Corte...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Três_tesouros_perdidos#tres-tesouros-perdidos", "headline": "Três Tesouros Perdidos", "genre": "Conto", "datePublished": "1858", "text": "- Ou o senhor há de deixar esta Corte, ou vai morrer como um cão!", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_esqueleto#um-esqueleto", "headline": "Um Esqueleto", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "O doutor estava alegre; apertava-me muitas vezes as mãos agradecendo-me a ideia que lhe dera; fazia seus planos de futuro. Tinha ideias de vir à Corte, logo depois do casamento; aventurou a ideia de seguir para a Europa; mas apenas parecia assentado nisto, já pensava em não sair de Minas, e morrer ali, dizia ele, entre as suas montanhas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_partida#uma-partida", "headline": "Uma Partida", "genre": "Conto", "datePublished": "1892", "text": "- Tolinha - respondeu ele -. Pois eu agora...? Amores...? Não me faltava mais nada. Gastar dinheiro para dar com os ossos na Corte, atrás de raparigas... Ora você! Vou a negócios; o correspondente é que me demora com as contas. E depois a política, os homens políticos, há ideia de fazer-me deputado...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#uma-visita-de-alcibiades", "headline": "Uma Visita de Alcibíades", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "ao chefe de polícia da Corte", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_viúva_Sobral#a-viuva-sobral", "headline": "A Viúva Sobral", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Emendemos o Brandão. Contou ele que os dous últimos encontros com a viúva, aqui na Corte, é que lhe deram a sensação do amor; mas a verdade pura é que a sensação só o tomou inteiramente no Pati do Alferes, donde ele acaba de chegar. Antes disso, podia ficar um pouco lisonjeado das maneiras dela, e ter mesmo alguns pensamentos; mas o que se chama sensação amorosa, não a teve antes. Foi ali que ele mudou de opinião a respeito dela, e se deixou cair nas graças de uma dama, que diziam ter matado o marido com desgostos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- O que se deseja de V. Exa. - disse um deles - é que o nosso afilhado seja empregado aqui mesmo na Corte. Vai nisso uma questão de honra, e uma questão de comodidade.", "Durou um mês esta ausência da Corte. No trigésimo primeiro dia, Ângela viu anunciada uma peça nova no Ginásio e pediu ao marido para virem à cidade.", "Luís Tinoco mandava ao Dr. Lemos na Corte todos os seus escritos da província, e contava-lhe singelamente as suas novas esperanças. Um dia noticiou-lhe que a sua eleição para a Assembleia Provincial era objeto de negociações que se lhe afiguravam propícias. O correio seguinte trouxe notícia de que a candidatura de Luís Tinoco entrara na ordem dos fatos consumados.", "Jorge saiu da Corte no fim de alguns dias, depois de ter obtido uma licença do emprego. Alegou ao pai que estava sofrendo de fraqueza e precisava de restaurar as forças. Aguiar não lhe deu muito crédito ao pretexto; mas o padre teve meio de fazer com que o comendador e a mulher aceitassem as razões do filho.", "Voltando à Corte, Cristiana esperava uma vida mais própria aos seus anos de moça do que a passada na fazenda mineira na companhia fastidiosa do reumático legitimista. Pouco que pudessem alcançar as suas ilusões, era já muito em comparação com o passado.", "A Corte estava então animada e não tinha esta cruel monotonia que eu sinto aqui através das tuas cartas e dos jornais de que sou assinante.", "- Obrigado; era mais profunda a causa da diferença, e a diferença ia-se acentuando com os tempos. Quando a vida cá embaixo a aborrecia muito, ia para o Cosme Velho, e ali as nossas conversações eram mais frequentes e compridas. Não lhe posso dizer, nem o senhor compreenderia nada, o que foram as horas que ali passei, incorporando na minha vida toda a vida que jorrava dela. Muitas vezes quis dizer-lhe o que sentia, mas as palavras tinham medo e ficavam no coração. Escrevi cartas sobre cartas; todas me pareciam frias, difusas, ou inchadas de estilo. Demais, ela não dava ensejo a nada, tinha um ar de velha amiga. No princípio de 1857 adoeceu meu pai em Itaboraí; corri a vê-lo, achei-o moribundo. Este fato reteve-me fora da Corte uns quatro meses. Voltei pelos fins de maio. Quintília recebeu-me triste da minha tristeza, e vi claramente que o meu luto passara aos olhos dela...", "- Nos estados. Vai desculpando os descuidos de tua mãe. Bem sei que são estados; não são como as províncias antigas, não esperam que o presidente lhes vá aqui da Corte...", "- Logo que cheguei - continuou Salvador - corri à casa; achei-a fechada. Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. 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Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "Médico homeopata - a homeopatia começava a entrar nos domínios da nossa civilização -, este Dr. Leão chegara à vila, dez ou doze dias antes, provido de boas cartas de recomendação, pessoais e políticas. Era um homem inteligente, de fino trato e coração benigno. A gente da vila notou-lhe certa tristeza no gesto, algum retraimento nos hábitos, e até uma tal ou qual sequidão de palavras, sem embargo da perfeita cortesia; mas tudo foi atribuído ao acanho dos primeiros dias e às saudades da Corte. Contava trinta anos, tinha um princípio de calva, olhar baço e mãos episcopais. Andava propagando o novo sistema.", "Uma manhã, oito dias depois das cenas referidas no capítulo anterior, apareceu Diogo em casa de Azevedo. Tinham aí acabado de almoçar; Azevedo subira para o gabinete, a fim de aviar alguma correspondência para a Corte; Adelaide achava-se na sala do pavimento térreo.", "Ia por dois dias apenas; os dois dias correram nas delícias que o leitor pode imaginar, mas com uma sombra, uma cousa inexplicável. João Aguiar, ou porque aborrecesse a roça ou porque amasse demais a cidade, sentia-se um pouco tolhido ou não sei que seja. No fim de dois dias desejava ver-se outra vez no bulício da Corte. Felizmente, Cecília procurava compensar-lhe os tédios do lugar, mas parece que era excessiva nas mostras de amor que lhe dava, pois o digno bacharel dava sinais de impaciência.", "Antes de ir adiante, direi que eram primos. Soube depois que eram primos, nascidos em Vassouras. Os pais dela mudaram-se para a Corte, tendo Eulália (é o seu nome) sete anos. Teófilo veio depois. Na família era uso antigo que um dos rapazes fosse padre. Vivia ainda na Bahia um tio dele, cônego. Cabendo-lhe nesta geração envergar a batina, veio para o seminário de São José, no ano de mil oitocentos e cinquenta e tantos, e foi aí que o conheci. Compreende-se o sentimento de discrição que me leva a deixar a data no ar.", "Riam-se os outros, mas de cólera, e alguns, de inveja. João Barbosa, antigo magistrado, herdara de seu pai e de um tio quatro ou cinco fazendas, que transferiu a outros, convertendo seus cabedais em títulos do governo e vários prédios. Fê-lo logo depois de viúvo, e passou a residir na Corte definitivamente. Perdendo um filho que tinha, achou-se quase só; quase, porque ainda lhe restavam dois sobrinhos, que o rodeavam de muitas e variadas atenções; João Barbosa suspeitava que os dois sobrinhos estimavam ainda mais as apólices do que a ele e recusou todas as ofertas que lhe faziam para aceitar-lhes casa. Um dia lembrou-se de inserir nos jornais um anúncio declarando precisar de uma senhora de certa idade, morigerada, que quisesse tomar conta da casa de um homem viúvo. Dona Joana tinha apenas trinta e oito anos; confessou-lhe quarenta e quatro, e tomou posse do cargo. Os sobrinhos, quando souberam disto, apresentaram a João Barbosa toda a sorte de considerações que podem nascer no cérebro de herdeiros em ocasião de perigo. O velho ouviu cerca de oito a dez tomos de tais considerações, mas ateve-se à primeira ideia, e os sobrinhos não tiveram outro remédio mais que aceitar a situação.", "Conhecemo-nos um ao outro, eu primeiro que ele, talvez porque a Europa me haja mudado mais. Ele lembra-se do tempo em que eu, colega do irmão, jantei com ele aqui na Corte. Já o irmão lhe havia falado de mim, recordando as relações antigas. Disse-me que daqui a três dias volta para a fazenda, onde me dará hospedagem, se quiser honrá-lo com a minha pessoa. Agradeci e prometi, sem prazo nem ideia de lá ir. Custa muito sair do Catete. Já é demais Petrópolis.", "- Você bem sabe por quê - tornou ele -: é, sobretudo, perigosa, muito perigosa. Aqui na Corte, um caso desses perde-se na multidão da gente e dos interesses; mas na província muda de figura; e, tratando-se de personagens políticos, é realmente insensatez. As gazetas de oposição, logo que farejarem o negócio, passam a imprimi-lo com todas as letras, e aí virão as chufas, os remoques, as alcunhas...", "Não vem ao caso referir os sucessos que deslocaram o padre da sua freguesia em Minas para a Corte. Veio o padre residir aqui quando Flávio contava já dezessete anos. Tinha alguma cousa de seu e podia viver independente, em companhia de seu filho espiritual, única família sua, mas quanto bastava aos afetos do seu coração e aos seus hábitos intelectuais.", "Já o leitor ficou entendendo que a viagem a Cantagalo era obra quase exclusiva de Guiomar. A baronesa relutara a princípio, como das outras vezes fizera, e o comendador pouca esperança tinha já de a ver na fazenda. Mas o voto de Guiomar foi decisivo. Ela fortaleceu, com as suas, as razões do comendador, alegando não só a obrigação em que a madrinha estava de desempenhar a palavra dada, mas ainda a vantagem que lhe podiam trazer aqueles três meses de vida roceira, longe das agitações da Corte; enfim, invocou o seu próprio desejo de ver uma fazenda e conhecer os hábitos do interior.", "No dia seguinte, logo depois do almoço, foi à casa do correspondente de seu pai. Declarou-lhe que tencionava seguir dentro de quatro ou cinco dias para Goiás, e recebeu dele os necessários recursos, segundo as ordens já dadas pelo comendador. O correspondente acrescentou que estava incumbido de lhe facilitar tudo o que quisesse no caso de desejar passar algumas semanas na Corte.", "Estava desfeita a situação que podia continuar a avassalar o coração de Tomás. O pai não parou, e procedeu, no ponto de vista em que se colocava, com uma lógica cruel. Tratou primeiramente de afastar o filho da Corte por alguns meses, de maneira que a ação do tempo pudesse apagar no coração e na memória do rapaz o amor e a imagem de Malvina.", "Corte, 5 de outubro", "Era à porta de uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde estavam hospedadas. Tinham vindo de Sapucaia, pelo Carnaval, e demoraram-se dous meses na Corte. Era eu que as acompanhava a toda a parte, missas, teatros, rua do Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia mover-se dentro de casa, e elas não sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos os parentes estivessem dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai destas primas, foi o único, de cinco irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu vim cedo para a Corte, donde segui a estudar e bacharelar-me em São Paulo. Voltei uma só vez a Sapucaia, para pleitear uma eleição, que perdi.", "Saindo à rua, lembrou-se Eduardo de que devia visitar a viúva, não se dispensando de visitar a donzela. A primeira residia na Corte, devia ter a preferência. Eduardo encaminhou-se para a rua do Lavradio, onde morava Maria Luísa.", "Rubião tinha febre. Comeu pouco e sem vontade. A comadre pediu-lhe contas da vida que passara na Corte, ao que ele respondeu que levaria muito tempo, e só a posteridade a acabaria. Os sobrinhos de seu sobrinho, concluiu ele magnificamente, é que hão de ver-me em toda a minha glória. Começou, porém, um resumo. No fim de dez minutos, a comadre não entendia nada, tão desconcertados eram os fatos e os conceitos; mais cinco minutos, entrou a sentir medo. Quando os minutos chegaram a vinte, pediu licença e foi a uma vizinha dizer que Rubião parecia ter virado o juízo. Voltou com ela e um irmão, que se demorou pouco tempo e saiu a espalhar a nova. Vieram vindo outras pessoas, às duas e às quatro, e, antes de uma hora, muita gente espiava da rua.", "- Mas, homem de Deus! É essa justamente a matéria da minha aventura. Somos livres, gostamos um do outro, e não nos casamos: tal é a situação tenebrosa que venho expor a Vossa Reverendíssima, e que a sua teologia ou o que quer que seja, explicará, se puder. Voltamos para a Corte namorados. Clemência morava com o velho pai, e um irmão empregado no comércio; relacionei-me com ambos, e comecei a frequentar a casa, em Mata-cavalos. Olhos, apertos de mão, palavras soltas, outras ligadas, uma frase, duas frases, e estávamos amados e confessados. Uma noite, no patamar da escada, trocamos o primeiro beijo... Perdoe estas cousas, monsenhor; faça de conta que me está ouvindo de confissão. Nem eu lhe digo isto senão para acrescentar que saí dali tonto, desvairado, com a imagem de Clemência na cabeça e o sabor do beijo na boca. Errei cerca de duas horas, planeando uma vida única; determinei pedir-lhe a mão no fim da semana, e casar daí a um mês. Cheguei às derradeiras minúcias, cheguei a redigir e ornar de cabeça as cartas de participação. Entrei em casa depois de meia-noite, e toda essa fantasmagoria voou, como as mutações à vista nas antigas peças de teatro. Veja se adivinha como.", "A perspectiva não era para mim agradável. Não podia razoavelmente desampará-lo e tinha talvez de assistir à sua morte naquela noite. Chamei o criado e escrevi um bilhete a dous colegas de São Paulo, residentes na Corte, pedindo-lhes que viessem passar a noite comigo. O criado saiu e eu sentei-me outra vez ao pé da cama.", "- Pois então! Lemos tudo o que saiu nas folhas; você brilhou... Há de contar-nos isso depois. Cirila está na Corte...", "- Ou o senhor há de deixar esta Corte, ou vai morrer como um cão!", "O doutor estava alegre; apertava-me muitas vezes as mãos agradecendo-me a ideia que lhe dera; fazia seus planos de futuro. Tinha ideias de vir à Corte, logo depois do casamento; aventurou a ideia de seguir para a Europa; mas apenas parecia assentado nisto, já pensava em não sair de Minas, e morrer ali, dizia ele, entre as suas montanhas.", "- Tolinha - respondeu ele -. Pois eu agora...? Amores...? Não me faltava mais nada. Gastar dinheiro para dar com os ossos na Corte, atrás de raparigas... Ora você! Vou a negócios; o correspondente é que me demora com as contas. E depois a política, os homens políticos, há ideia de fazer-me deputado...", "ao chefe de polícia da Corte", "Emendemos o Brandão. Contou ele que os dous últimos encontros com a viúva, aqui na Corte, é que lhe deram a sensação do amor; mas a verdade pura é que a sensação só o tomou inteiramente no Pati do Alferes, donde ele acaba de chegar. Antes disso, podia ficar um pouco lisonjeado das maneiras dela, e ter mesmo alguns pensamentos; mas o que se chama sensação amorosa, não a teve antes. 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Que idade pensa que teria, quando a conheci?" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Crato", "name": "Crato", "description": "Crato é uma cidade brasileira do interior do estado (antiga província) do Ceará, situada no Cariri cearense, conhecido por muitos como o \"Oásis do Sertão\" pelas características climáticas mais úmidas e favoráveis à agropecuária.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Crato", "lat": "-7.23417", "long": "-39.40944", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "populated place", "gn:name": "Crato", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3401545/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_por_outra#uma-por-outra", "headline": "Uma Por Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "Não ouvi o resto. 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A filha não passou dos quinze anos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/091514%20Curupayty%2C%20Paraguay", "name": "Curupaiti", "description": "Curupaiti era uma fortaleza paraguaia às margens do rio Paraguai.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/091514%20Curupayty%2C%20Paraguay", "lat": "-25.6053261", "long": "-57.2710396", "gn:featureCode": "HSTS", "gn:featureCodeName": "historical site", "gn:name": "091514 Curupayty, Paraguay", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-25.6053261,-57.2710396" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Luís Garcia pouco trabalho teve no ânimo de Jorge. 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Jorge obteve uma patente de capitão de voluntários ." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Humait%C3%A1%2C%20Paraguay", "name": "Curuzu", "description": "O forte de Curuzu localizava-se à margem esquerda do rio Paraguai, em território paraguaio. 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De manhã, despediram-se; Eusébio deu muitas lembranças para a mulher, mandou-lhe mesmo alguns presentes, trazidos de propósito de Buenos Aires, e não se falou mais na volta." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Dalmatia%20%28Roman%20province%29", "name": "Dalmácia", "description": "A Dalmácia, no século XIX um pequeno país europeu, é hoje uma região na costa oriental do Adriático, na moderna Croácia.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Dalmatia%20%28Roman%20province%29", "lat": "43.53974", "long": "16.48352", "gn:featureCode": "ADM1H", "gn:featureCodeName": "historical first-order administrative division", "gn:name": "Dalmatia (Roman province)", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/8378497/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Ela derreou os cantos da boca, e moveu a cabeça a um e outro lado; mas esse gesto de indiferença era desmentido por alguma cousa menos definível, menos clara, uma expressão de gosto e de esperança. Não sei por quê, imaginei que a carta imperial da nomeação podia atraí-la à virtude, não digo pela virtude em si mesma, mas por gratidão ao marido. Que ela amava cordialmente a nobreza. Um dos maiores desgostos de nossa vida foi o aparecimento de certo pelintra de legação - da legação da Dalmácia, suponhamos -, o conde B. V., que a namorou durante três meses. Esse homem, vero fidalgo de raça, transtornara um pouco a cabeça de Virgília, que, além do mais, possuía a vocação diplomática. Não chego a alcançar o que seria de mim, se não rebentasse na Dalmácia uma revolução, que derrocou o governo e purificou as embaixadas. Foi sangrenta a revolução, dolorosa, formidável; os jornais, a cada navio que chegava da Europa, transcreviam os horrores, mediam o sangue, contavam as cabeças; toda a gente fremia de indignação e piedade... Eu não, eu abençoava interiormente essa tragédia, que me tirara uma pedrinha do sapato. 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Era formosa, resoluta, e audaz; - tão audaz que chegou a propor ao amante uma expedição a Pernambuco para conquistar a capitania, e aclamarem-se reis do novo Estado. Tinha dinheiro, podia levantar muito mais, chegou mesmo a sondar alguns armadores e comerciantes, e antigos militares que ardiam por uma desforra. Rui de Leão ficou aterrado com a proposta da amante, e não lhe deu crédito; mas lady Emma insistiu e mostrou-se tão de rocha, que ele reconheceu enfim achar-se diante de uma ambiciosa verdadeira. Era, todavia, homem de senso; viu que a empresa, por mais bem organizada que fosse, não passaria de tentativa desgraçada; disse-lho a ela; mostrou-lhe que, se a Holanda inteira tinha recuado, não era fácil que um particular chegasse a obter ali domínio seguro, nem ainda instantâneo. Lady Emma abriu mão do plano, mas não perdeu a idéia de o exalçar a alguma grande situação.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na Haia, entre os novos amores, deparou-se-lhe um que o prendeu por longo tempo: lady Emma Sterling, senhora inglesa, ou antes escocesa, pois descendia de uma família de Dublin. Era formosa, resoluta, e audaz; - tão audaz que chegou a propor ao amante uma expedição a Pernambuco para conquistar a capitania, e aclamarem-se reis do novo Estado. Tinha dinheiro, podia levantar muito mais, chegou mesmo a sondar alguns armadores e comerciantes, e antigos militares que ardiam por uma desforra. Rui de Leão ficou aterrado com a proposta da amante, e não lhe deu crédito; mas lady Emma insistiu e mostrou-se tão de rocha, que ele reconheceu enfim achar-se diante de uma ambiciosa verdadeira. 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Era o que as teclas lhe diziam sem palavras, ré, ré, lá, sol, lá, lá, dó...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#fulano", "headline": "Fulano", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "No fim de três anos, ou menos, entrara o meu amigo nas cogitações públicas; o nome dele era lembrado, mesmo quando nenhum sucesso recente vinha sugeri-lo, e não só lembrado como adjetivado. Já se lhe notava a ausência em alguns lugares. Já o iam buscar para outros. D. Maria Antônia via assim entrar-lhe no Éden a serpente bíblica, não para tentá-la, mas para tentar a Adão. Com efeito, o marido ia a tantas partes, cuidava de tantas cousas, mostrava-se tanto na rua do Ouvidor, à porta do Bernardo, que afrouxou a convivência antiga da casa. D. Maria Antonia disse-lho. 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Maria Antonia disse-lho. Ele concordou que era assim, mas demonstrou-lhe que não podia ser de outro modo, e, em todo caso, se mudara de costumes, não mudara de sentimentos. Tinha obrigações morais com a sociedade; ninguém se pertence exclusivamente; daí um pouco de dispersão dos seus cuidados. A verdade é que tinham vivido demasiadamente reclusos; não era justo nem bonito. Não era mesmo conveniente; a filha caminhava para a idade do matrimônio, e casa fechada cria morrinha de convento; por exemplo, um carro, por que é que não teriam um carro? D. 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A dona, que é uma de nossas patrícias mais viajeiras, esteve, há cerca de três anos no Egito, onde a comprou a um judeu. A história, que este aluno de Moisés referiu acerca daquele produto da indústria muçulmana, é verdadeiramente miraculosa, e, no meu sentir, perfeitamente mentirosa. Mas não vem ao caso dizê-la. O que importa saber é que ela foi roubada e que a polícia tem denúncia contra o senhor.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Estendeu o copo ao vinho que eu lhe oferecia, bebeu um gole, e continuou a comer. Escobar comia assim também, com a cara metida no prato. Contou-me a vida na Europa, os estudos, particularmente os de arqueologia, que era a sua paixão. Falava da Antiguidade com amor, contava o Egito e os seus milhares de séculos, sem se perder nos algarismos; tinha a cabeça aritmética do pai. Eu, posto que a ideia da paternidade do outro me estivesse já familiar, não gostava da ressurreição. Às vezes, fechava os olhos para não ver gestos nem nada, mas o diabrete falava e ria, e o defunto falava e ria por ele.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Or, bene, para falar como o meu capucho, por que é que este e o maltrapilho voltaram do grisalho ao negro? A leitora que adivinhe, se pode: dou-lhe vinte capítulos para alcançá-lo. Talvez eu, por essas alturas, lobrigue alguma explicação, mas por ora não sei nem aventuro nada. Vá que malignos atribuam a frei *** alguma paixão profana; ainda assim não se compreende que ele se descobrisse por aquele modo. Quanto ao maltrapilho, a que damas queria ele agradar, a ponto de trocar algumas vezes o pão pela tinta? Que um e outro cedessem ao desejo de prender a mocidade fugitiva, pode ser. O frade, lido na Escritura, sabendo que Israel chorou pelas cebolas do Egito, teria também chorado, e as suas lágrimas caíram negras. Pode ser, repito. Este desejo de capturar o tempo é uma necessidade da alma e dos queixos; mas ao tempo dá Deushabeas corpus.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Há de perdoar-me - disse o representante da autoridade -. A chinela de que se trata vale algumas dezenas de contos de réis; é ornada de finíssimos diamantes, que a tornam singularmente preciosa. Não é turca só pela forma, mas também pela origem. A dona, que é uma de nossas patrícias mais viajeiras, esteve, há cerca de três anos no Egito, onde a comprou a um judeu. A história, que este aluno de Moisés referiu acerca daquele produto da indústria muçulmana, é verdadeiramente miraculosa, e, no meu sentir, perfeitamente mentirosa. Mas não vem ao caso dizê-la. 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Quanto ao Manduca, não creio que fosse pecado opinar contra a Rússia, mas, se era, ele estará purgando há quarenta anos a felicidade que alcançou em dous ou três meses - donde concluirá (já tarde) que era ainda melhor haver gemido somente, sem opinar cousa nenhuma.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Criaram relações variadas, modestas como eles e de boa camaradagem. Neste capítulo a parte de D. Carmo é maior que a de Aguiar. Já em menina era o que foi depois. Havendo estudado em um colégio do Engenho Velho, a moça acabou sendo considerada a primeira aluna do estabelecimento, não só sem desgosto, tácito ou expresso, de nenhuma companheira, mas com prazer manifesto e grande de todas, recentes ou antigas. A cada uma pareceu que se tratava de si mesma. Era então algum prodígio de talento? Não, não era; tinha a inteligência fina, superior ao comum das outras, mas não tal que as reduzisse a nada. Tudo provinha da índole afetuosa daquela criatura.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "É claro que as reflexões que aí deixo não foram feitas então, a caminho do seminário, mas agora no gabinete do Engenho Novo. Então, não fiz propriamente nenhuma, a não ser esta: que servi de alívio um dia ao meu vizinho Manduca. Hoje, pensando melhor, acho que não só servi de alívio, mas até lhe dei felicidade. E o achado consola-me; já agora não esquecerei mais que dei dous ou três meses de felicidade a um pobre-diabo, fazendo-lhe esquecer o mal e o resto. É alguma cousa na liquidação da minha vida. Se há no outro mundo tal ou qual prêmio para as virtudes sem intenção, esta pagará um ou dous dos meus muitos pecados. 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Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. Usava assim, promiscuamente, a devoção, a irreligião e as meias de seda. Nunca lhe vi as meias, note-se; mas ele não tinha segredos para os amigos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Para distrair-me, convidou-me a sair, saímos para os lados do Engenho Velho. Fomos a pé, filosofando as cousas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jornal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e \"desmancha toda esta igrejinha\".", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Não se demorou o casamento: três semanas. Na manhã do dia aprazado, Carlos Maria abriu os olhos com algum espanto. Era ele mesmo que ia casar? Não havia dúvida; mirou-se ao espelho, era ele. Relembrou os últimos dias, a marcha rápida dos sucessos, a realidade da afeição que tinha à noiva, e, enfim, a felicidade pura que lhe ia dar. Esta derradeira ideia enchia-o de grande e rara satisfação. Ia-as ruminando ainda, a cavalo, no passeio habitual da manhã; desta vez escolhera o bairro do Engenho Velho.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Moralmente, era ele mesmo. Ninguém muda de caráter, e o do Benedito era bom ou - para melhor dizer - pacato. Mas, intelectualmente, é que ele era menos original. Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. Usava assim, promiscuamente, a devoção, a irreligião e as meias de seda. Nunca lhe vi as meias, note-se; mas ele não tinha segredos para os amigos.", "Para distrair-me, convidou-me a sair, saímos para os lados do Engenho Velho. Fomos a pé, filosofando as cousas. Nunca me há de esquecer o benefício desse passeio. A palavra daquele grande homem era o cordial da sabedoria. Disse-me ele que eu não podia fugir ao combate; se me fechavam a tribuna, cumpria-me abrir um jornal. Chegou a usar uma expressão menos elevada, mostrando assim que a língua filosófica podia uma ou outra vez, retemperar-se no calão do povo. Funda um jornal, disse-me ele, e \"desmancha toda esta igrejinha\".", "Não se demorou o casamento: três semanas. Na manhã do dia aprazado, Carlos Maria abriu os olhos com algum espanto. Era ele mesmo que ia casar? Não havia dúvida; mirou-se ao espelho, era ele. Relembrou os últimos dias, a marcha rápida dos sucessos, a realidade da afeição que tinha à noiva, e, enfim, a felicidade pura que lhe ia dar. 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As de Epsom, que ele vira, quando esteve em Inglaterra, não eram melhores do que a penúltima do Prado Fluminense. E Sofia dizia que sim, que realmente a penúltima corrida honrava o Jockey Club. Confessou que gostava muito; dava emoções fortes. A conversação descambou em dous concertos daquela semana; depois tomou a barca, subiu a serra e foi a Petrópolis, onde dous diplomatas lhe fizeram as despesas da estadia. Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mariana continuava a abanar a cabeça. Não tinha ido às corridas naquele ano. 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Mariana enrubesceu muito e levantou-se." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Izmir", "name": "Esmirna", "description": "Esmirna é uma cidade turca, na costa do mar Egeu. É muito antiga (cerca de cinco mil anos) e de grande importância histórica. 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Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el rei alcançar dele que ficasse em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "- As mães como eu não podem com os filhos. O meu foi criado com muito amor e bastante fraqueza. Tenho-lhe pedido mais de uma vez: ele recusa sempre dizendo que não quer separar-se de mim. Mentira! A verdade é que ele não quer sair daqui. Não tem ambições, fez estudos incompletos, não lhe importa nada. Há uns parentes nossos em Portugal. Já lhe disse que fosse visitá-los, que eles desejavam vê-lo, e que fosse depois à Espanha e França e outros lugares. José Bonifácio lá esteve e contava cousas muito interessantes. Sabe o que ele me responde? Que tem medo do mar; ou então repete que não quer separar-se de mim.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Batista dizia que por causa das eleições perdera a presidência, mas corria outra versão, um negócio de águas, concessão feita a um espanhol, a pedido do irmão da esposa do presidente. O pedido era verdadeiro, a imputação de sócio é que era falsa. Não importa; tanto bastou para que a folha da oposição dissesse que houve naquilo um bom \"arranjo de família\", acrescentando que, como era de águas, devia ser negócio limpo. A folha da administração retorquiu que, se águas havia, não eram bastantes para lavar o sujo do carvão deixado pela última presidência liberal, um fornecimento de palácio. Não era exato; a folha da oposição reviveu o processo antigo e mostrou que a defesa fora cabal. Podia parar aqui, mas continuou que, \"como agora estávamos em Espanha\", o presidente emendou o poeta espanhol, autor daquele epitáfio:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Coitado! Não contava com a outra fidalga, a viúva, que pôs em campo todos os recursos de que podia dispor, e alcançou-lhe a fuga daí a poucos meses. Saíram ambos de Espanha, meteram-se em França, e passaram à Itália, onde meu pai ficou residindo por longos anos. A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Tristão veio almoçar comigo. A primeira parte do almoço foi a glosa da carta que ele me escreveu. Contou-me que já em criança tinha ido com a madrinha a Nova Friburgo algumas vezes, parece-lhe que três; reconheceu a cidade agora e gostou muito dela. De D. Carmo, fala entusiasmado; diz que a afeição, o carinho, a bondade, tudo faz dela uma criatura particular e rara, por ser tudo de espécie também rara e particular. Referiu-me anedotas antigas, dedicações grandes. Depois confessou que as impressões da nossa terra fazem reviver os seus primeiros tempos, a infância e a adolescência. O fim do almoço foi com o naturalizado e o político. A política parece ser grande necessidade para este moço. Estendeu-se bastante sobre a marcha das cousas públicas em Portugal e na Espanha; confiou-me as suas ideias e ambições de homem de Estado. Não disse formalmente estas três palavras últimas, mas todas as que empregou vinham a dar nelas. Enfim, ainda que pareça algo excessivo, não perde o interesse e fala com graça.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el rei alcançar dele que ficasse em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.", "- As mães como eu não podem com os filhos. O meu foi criado com muito amor e bastante fraqueza. Tenho-lhe pedido mais de uma vez: ele recusa sempre dizendo que não quer separar-se de mim. Mentira! A verdade é que ele não quer sair daqui. Não tem ambições, fez estudos incompletos, não lhe importa nada. Há uns parentes nossos em Portugal. Já lhe disse que fosse visitá-los, que eles desejavam vê-lo, e que fosse depois à Espanha e França e outros lugares. José Bonifácio lá esteve e contava cousas muito interessantes. Sabe o que ele me responde? Que tem medo do mar; ou então repete que não quer separar-se de mim.", "Batista dizia que por causa das eleições perdera a presidência, mas corria outra versão, um negócio de águas, concessão feita a um espanhol, a pedido do irmão da esposa do presidente. O pedido era verdadeiro, a imputação de sócio é que era falsa. Não importa; tanto bastou para que a folha da oposição dissesse que houve naquilo um bom \"arranjo de família\", acrescentando que, como era de águas, devia ser negócio limpo. A folha da administração retorquiu que, se águas havia, não eram bastantes para lavar o sujo do carvão deixado pela última presidência liberal, um fornecimento de palácio. Não era exato; a folha da oposição reviveu o processo antigo e mostrou que a defesa fora cabal. Podia parar aqui, mas continuou que, \"como agora estávamos em Espanha\", o presidente emendou o poeta espanhol, autor daquele epitáfio:", "- Coitado! Não contava com a outra fidalga, a viúva, que pôs em campo todos os recursos de que podia dispor, e alcançou-lhe a fuga daí a poucos meses. Saíram ambos de Espanha, meteram-se em França, e passaram à Itália, onde meu pai ficou residindo por longos anos. A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "Tristão veio almoçar comigo. A primeira parte do almoço foi a glosa da carta que ele me escreveu. Contou-me que já em criança tinha ido com a madrinha a Nova Friburgo algumas vezes, parece-lhe que três; reconheceu a cidade agora e gostou muito dela. De D. Carmo, fala entusiasmado; diz que a afeição, o carinho, a bondade, tudo faz dela uma criatura particular e rara, por ser tudo de espécie também rara e particular. Referiu-me anedotas antigas, dedicações grandes. Depois confessou que as impressões da nossa terra fazem reviver os seus primeiros tempos, a infância e a adolescência. O fim do almoço foi com o naturalizado e o político. A política parece ser grande necessidade para este moço. Estendeu-se bastante sobre a marcha das cousas públicas em Portugal e na Espanha; confiou-me as suas ideias e ambições de homem de Estado. Não disse formalmente estas três palavras últimas, mas todas as que empregou vinham a dar nelas. Enfim, ainda que pareça algo excessivo, não perde o interesse e fala com graça." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/United%20States", "name": "Estados Unidos da América", "description": "Os Estados Unidos da América são um país da América do Norte. 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Ela pediu-lhe que a enterrasse sem aparato, e ele assim o fez, porque a amava deveras e tinha a sua última vontade como um decreto do céu. Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. 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Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. Calculou-as logo em mil contos, inventariou-as com muito cuidado, separou o que era moeda, mil contos, do que eram obras de arte e pedrarias; descreveu minuciosamente os objetos, deu-me dous tocheiros de ouro...", "Soubemos então que Emílio era um provinciano filho de pais opulentos, que recebera uma esmerada educação na Europa, onde não houve um só recanto que não visitasse.", "Já não tinha voz, mas teimava em dizer que a tinha. \"O desuso é que me faz mal\", acrescentava. Sempre que uma companhia nova chegava da Europa, ia ao empresário e expunha-lhe todas as injustiças da terra e do céu; o empresário cometia mais uma, e ele saía a bradar contra a iniquidade. Trazia ainda os bigodes dos seus papéis. Quando andava, apesar de velho, parecia cortejar uma princesa de Babilônia. Às vezes, cantarolava, sem abrir a boca, algum trecho ainda mais idoso que ele ou tanto; vozes assim abafadas são sempre possíveis. Vinha aqui jantar comigo algumas vezes. Uma noite, depois de muito Chianti, repetiu-me a definição do costume, e como eu lhe dissesse que a vida tanto podia ser uma ópera como uma viagem de mar ou uma batalha, abanou a cabeça e replicou:", "- Uma ideia sublime - disse ele ao pai de Flora -; a que lancei hoje foi das melhores, e as ações valem já ouro. Trata-se de lã de carneiro, e começa pela criação deste mamífero nos campos do Paraná. Em cinco anos poderemos vestir a América e a Europa. Viu o programa nos jornais?", "Morreu-lhe a mulher em 1878. Ela pediu-lhe que a enterrasse sem aparato, e ele assim o fez, porque a amava deveras e tinha a sua última vontade como um decreto do céu. Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. Na manhã do dia em que morreu ainda ouviu ler os jornais, e num deles uma pequena comunicação relativamente à sua moléstia, o que de algum modo pareceu reanimá-lo. Mas para a tarde enfraqueceu um pouco; à noite expirou.", "O pior que lhe acontecia era a disparidade entre os desejos e os meios. Filho de um comerciante, apenas remediado, não teria ele podido realizar a viagem à Europa, nas proporções largas em que o fez, a não ser a intervenção benéfica de uma parenta velha, que se incumbira de lhe ministrar os recursos de que ele carecesse durante aquela longa ausência. Nem a parenta continuaria a abrir-lhe a bolsa, nem o pai queria criar-lhe hábitos de ociosidade. Tratava este, portanto, de obter-lhe um emprego público. Mendonça estava longe de recusar; pedia somente que o emprego o não deslocasse da Corte.", "- Seu conselho mostra a diferença de nossas idades - disse ele. Se eu fosse para a Europa, que sacrifício faria à pessoa a quem amo? Pelo contrário, a sacrificada era ela. Eu ia divertir-me, passear, ver cousas novas, talvez achar novos amores. Indo à guerra, é diferente; sacrifico o repouso e arrisco a vida; é alguma cousa. Separados, embora, não me negará sua estima...", "- Muito, sabia muito. E fez mais do que estudar o turco; adotou o maometanismo. Mas deixou-o daí a pouco. Enfim, aborreceu-se dos turcos: era a sina dele aborrecer-se facilmente de uma cousa ou de um ofício. Saiu de Constantinopla, visitou outras partes da Europa, e finalmente passou-se a Inglaterra aonde não fora desde longos anos. Aconteceu-lhe aí o que lhe acontecia em toda a parte: achou todas as caras novas; e essa troca de caras no meio de uma cidade, que era a mesma deixada por ele, dava-lhe a impressão de uma peça teatral, em que o cenário não muda, e só mudam os atores. Essa impressão, que a princípio foi só de pasmo, passou a ser de tédio; mas agora, em Londres, foi outra cousa pior, porque despertou nele uma idéia, que nunca tivera, uma ideia extraordinária, pavorosa...", "- Pois eu ia partir, mas já não parto. Ah! Recebi uma carta da Europa: foi o capitão da galera Macedônia que ma trouxe! Chegou o urso!", "- Major, está ficando melhor e forte; eu creio que uma viagem à Europa lhe fará bem. Esta moça também gostará de ver a Europa, e creio que a Sra. D. Antônia, apesar da idade, lá quererá ir. Pela minha parte sacrifico a Bahia e vou também. Aprovam o conselho?", "Voltei de Europa depois de uma ausência de quinze anos. Era quanto bastava para vir achar muita cousa mudada. Alguns amigos tinham morrido, outros estavam casados, outros, viúvos. Quatro ou cinco tinham-se feito homens públicos, e um deles acabava de ser ministro de Estado. Sobre todos eles pesavam quinze anos de desilusões e cansaço. Eu, entretanto, vinha tão moço como fora, não no rosto e nos cabelos, que começavam a embranquecer, mas na alma e no coração, que estavam em flor. Foi essa a vantagem que tirei das minhas constantes viagens. Não há decepções possíveis para um viajante, que apenas vê de passagem o lado belo da natureza humana e não ganha tempo de conhecer-lhe o lado feio. Mas deixemos estas filosofias inúteis.", "Não ponho aqui o sorriso porque foi uma mistura de desejo, de esperança e de saudade, e eu não sei descrever nem pintar. Mas foi, foi isso mesmo que aí digo, se as três palavras podem dar ideia da mistura, ou se a mistura não era ainda maior. Daí saltamos às galerias de arte da Europa, e falamos do que sabíamos. Quando demos por nós, tínhamos acabado de almoçar. Ofereci-lhe charutos e o meu coração. Quero dizer que lhe pedi viesse muitas vezes dar-me aquela hora deliciosa. Retorquiu-me que dá-la não, mas tomá-la para si. Era a volta do cumprimento, e com graça.", "Já agora acabo com as cousas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. 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Não a divulguei então - e, a não ser o Globo, interessante diário desta capital, não a divulgaria ainda agora - por uma razão que achará fácil entrada no vosso espírito. Esta obra, de que venho falar-vos, carece de retoques últimos, de verificações e experiências complementares. Mas o Globo noticiou que um sábio inglês descobriu a linguagem fônica dos insetos, e cita o estudo feito com as moscas. Escrevi logo para a Europa e aguardo as respostas com ansiedade. 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Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "Meu caro esposo! Parto no paquete em companhia do teu amigo P... Vou para a Europa. Desculpa a má companhia; pois melhor não podia ser.", "Indo a embarcar para a Europa, logo depois da Proclamação da República, Simão de Castro fez inventário das cartas e apontamentos; rasgou tudo. Só lhe ficou a narração que ides ler; entregou-a a um amigo para imprimi-la quando ele estivesse barra fora. O amigo não cumpriu a recomendação por achar na história alguma cousa que podia ser penosa, e assim lho disse em carta. Simão respondeu que estava por tudo o que quisesse; não tendo vaidades literárias, pouco se lhe dava de vir ou não a público. Agora que os dous faleceram, e não há igual escrúpulo, dá-se o manuscrito ao prelo.", "O doutor estava alegre; apertava-me muitas vezes as mãos agradecendo-me a ideia que lhe dera; fazia seus planos de futuro. Tinha ideias de vir à Corte, logo depois do casamento; aventurou a ideia de seguir para a Europa; mas apenas parecia assentado nisto, já pensava em não sair de Minas, e morrer ali, dizia ele, entre as suas montanhas.", "E contou a anedota, que na verdade era alegre e estúrdia; todos riram, começando por ele, que dava umas gargalhadas sacudidas e longas, muito longas. Veio o café, que era quente, mas pouco; pediu terceira xícara, e outro cigarro. Um dos colegas contou então um caso análogo, e, como falasse de passagem em Wagner, conversaram da revolução que o Wagner estava fazendo na Europa. Daí passaram naturalmente à ciência moderna; veio Darwin, veio Spencer, veio Büchner, veio Moleschott, veio tudo. 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Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-me que os sonhos já não pertencem à sua jurisdição. Quando eles moravam na ilha que Luciano lhes deu, onde ela tinha o seu palácio, e donde os fazia sair com as suas caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis. Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram aposentados, e os modernos moram no cérebro da pessoa. Estes, ainda que quisessem imitar os outros, não poderiam fazê-lo; a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas as ilhas de todos os mares, são agora objeto da ambição e da rivalidade da Europa e dos Estados Unidos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Antes de concluir este capítulo, fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais. A noite não me respondeu logo. 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Vede, porém, o talhe, a curva amorosa das cadeiras, o trecho de perna que aparece entre a barra da calça de flanela e o tornozelo; digo o tornozelo e não o sapato porque Marcelina não calça sapatos de banho. Costume ou vaidade? Pode ser costume; se for vaidade é explicável porque o sapato esconderia e mal os pés mais graciosos de todo o Flamengo, um par de pés finos, esguios, ligeiros. A cabeça também não leva coifa; tem os cabelos atados em parte, em parte trançados - tudo desleixadamente, mas de um desleixo voluntário e casquilho.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Um historiador da nossa língua, creio que João de Barros, põe na boca de um rei bárbaro algumas palavras mansas, quando os portugueses lhe propunham estabelecer ali ao pé uma fortaleza; dizia o rei que os bons amigos deviam ficar longe uns dos outros, não perto, para se não zangarem como as águas do mar que batiam furiosas no rochedo que eles viam dali. Que a sombra do escritor me perdoe, se eu duvido que o rei dissesse tal palavra nem que ela seja verdadeira. Provavelmente foi o mesmo escritor que a inventou para adornar o texto, e não fez mal, porque é bonita; realmente, é bonita. Eu creio que o mar então batia na pedra, como é seu costume, desde Ulisses e antes. Agora que a comparação seja verdadeira é que não. Seguramente há inimigos contíguos, mas também há amigos de perto e do peito. E o escritor esquecia (salvo se ainda não era do seu tempo), esquecia o adágio: longe dos olhos, longe do coração. Nós não podíamos ter os corações agora mais perto. As nossas mulheres viviam na casa uma da outra, nós passávamos as noites cá ou lá conversando, jogando ou mirando o mar. Os dous pequenos passavam dias, ora no Flamengo, ora na Glória.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Uma impressão que trago do Flamengo é que D. Carmo despediu-se de mim, quando me levantei, com o mesmo prazer que lhe dei há dias, para ficar a sós com eles. Não lhes terá dito nada com palavras, mas, até onde pode ir a alma sem elas, foi decerto. 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E o escritor esquecia (salvo se ainda não era do seu tempo), esquecia o adágio: longe dos olhos, longe do coração. Nós não podíamos ter os corações agora mais perto. As nossas mulheres viviam na casa uma da outra, nós passávamos as noites cá ou lá conversando, jogando ou mirando o mar. Os dous pequenos passavam dias, ora no Flamengo, ora na Glória.", "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "Uma impressão que trago do Flamengo é que D. Carmo despediu-se de mim, quando me levantei, com o mesmo prazer que lhe dei há dias, para ficar a sós com eles. Não lhes terá dito nada com palavras, mas, até onde pode ir a alma sem elas, foi decerto. Só a compostura da boa senhora terá impedido que os abrace e lhes diga: Amem-se, meus filhos!", "Lá ficou o homem. Quincas Borba tentara entrar na carruagem que levou o amigo, e porfiou em acompanhá-la, correndo; foi necessária toda a força do criado para agarrá-lo, contê-lo e trancá-lo em casa. Era a mesma situação de Barbacena; mas a vida, meu rico senhor, compõe-se rigorosamente de quatro ou cinco situações, que as circunstâncias variam e multiplicam aos olhos. Rubião pediu instantemente que lhe mandassem o cão. D. Fernanda, alcançado o consentimento do diretor, cuidou de satisfazer o desejo do doente. 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Veio abaixo toda a velha prataria, herdada do meu avô Luís Cubas; vieram as toalhas de Flandres, as grandes jarras da Índia; matou-se um capado; encomendaram-se às madres da Ajuda as compotas e marmeladas; lavaram-se, arearam-se poliram-se as salas, escadas, castiçais, arandelas, as vastas mangas de vidro, todos os aparelhos do luxo clássico.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não se contentou a minha família em ter um quinhão anônimo no regozijo público; entendeu oportuno e indispensável celebrar a destituição do imperador com um jantar, e tal jantar que o ruído das aclamações chegasse aos ouvidos de Sua Alteza, ou quando menos de seus ministros. Dito e feito. Veio abaixo toda a velha prataria, herdada do meu avô Luís Cubas; vieram as toalhas de Flandres, as grandes jarras da Índia; matou-se um capado; encomendaram-se às madres da Ajuda as compotas e marmeladas; lavaram-se, arearam-se poliram-se as salas, escadas, castiçais, arandelas, as vastas mangas de vidro, todos os aparelhos do luxo clássico." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Florence", "name": "Florença", "description": "Florença, capital da província homônima e da região italiana da Toscana, data do século I a.C. e foi edificada junto às ruínas de uma cidade etrusca. Berço do Renascimento italiano, a cidade se destaca na arte e na cultura. 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Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. 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Atravessou o corredor como se passasse pelas forcas caudinas; e voltou à sala onde os namorados tremiam pelo desfecho da cena." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Urca%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Fortaleza da Laje", "description": "A fortaleza da Laje localiza-se no centro da entrada da baía de Guanabara, na ilha da Laje, em frente ao Pão de Açúcar, entre a fortaleza de Santa Cruz (em Niterói) e o forte de São João (no bairro carioca da Urca). 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Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos. Assim, para não sair do desejo vago e hipotético de me mandar para a Europa, Capitu, se pudesse cumpri-lo, não me faria embarcar no paquete e fugir; estenderia uma fila de canoas daqui até lá, por onde eu, parecendo ir à fortaleza da Laje em ponte movediça, iria realmente até Bordéus, deixando minha mãe na praia, à espera. Tal era a feição particular do caráter da minha amiga; pelo quê, não admira que, combatendo os meus projetos de resistência franca, fosse antes pelos meios brandos, pela ação do empenho, da palavra, da persuasão lenta e diuturna, e examinasse antes as pessoas com quem podíamos contar. Rejeitou tio Cosme; era um \"boa-vida\"; se não aprovava a minha ordenação, não era capaz de dar um passo para suspendê-la. Prima Justina era melhor que ele, e melhor que os dous seria o padre Cabral, pela autoridade, mas o padre não havia de trabalhar contra a Igreja; só se eu lhe confessasse que não tinha vocação...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Como vês, Capitu, aos quatorze anos, tinha já ideias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. Não sei se me explico bem. Suponde uma concepção grande executada por meios pequenos. Assim, para não sair do desejo vago e hipotético de me mandar para a Europa, Capitu, se pudesse cumpri-lo, não me faria embarcar no paquete e fugir; estenderia uma fila de canoas daqui até lá, por onde eu, parecendo ir à fortaleza da Laje em ponte movediça, iria realmente até Bordéus, deixando minha mãe na praia, à espera. Tal era a feição particular do caráter da minha amiga; pelo quê, não admira que, combatendo os meus projetos de resistência franca, fosse antes pelos meios brandos, pela ação do empenho, da palavra, da persuasão lenta e diuturna, e examinasse antes as pessoas com quem podíamos contar. Rejeitou tio Cosme; era um \"boa-vida\"; se não aprovava a minha ordenação, não era capaz de dar um passo para suspendê-la. Prima Justina era melhor que ele, e melhor que os dous seria o padre Cabral, pela autoridade, mas o padre não havia de trabalhar contra a Igreja; só se eu lhe confessasse que não tinha vocação..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Fortaleza%20de%20Santa%20Cruz%20da%20Barra", "name": "Fortaleza de Santa Cruz", "description": "A fortaleza de Santa Cruz da Barra localiza-se na entrada da baía de Guanabara, no bairro de Jurujuba, município de Niterói. 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As ruas que eu andava como que me fugiam por si mesmas. Não tornaria a contemplar o mar da Glória, nem a serra dos Órgãos, nem a fortaleza de Santa Cruz e as outras. 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Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Letra_vencida#letra-vencida", "headline": "Letra Vencida", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Que ele estudava, é certo; e não menos certo é que estudava muito. 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Sales afirmou-lhe que era uma simples viagem de estudo, França, Inglaterra, Bélgica, a indústria das rendas. Uma grande fábrica de rendas; o Brasil dando malinas e bruxelas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_quarto_de_século#um-quarto-de-seculo", "headline": "Um Quarto de Século", "genre": "Conto", "datePublished": "1893", "text": "Meteu-se no aposento de solteiro, agora de viúvo, sempre de solitário. Nada alterou na casa, em cima, onde almoçava e jantava. Fez no ano seguinte outra viagem à Europa, muito mais alegre, como um pássaro livre. Gostava da lufa-lufa de estradas de ferro, de hotéis, de teatros, de revistas militares, boulevards; foi à França, foi à Inglaterra, à Alemanha, e voltou o mesmo velho petimetre. Vinte e quatro horas depois de chegado, estava no cemitério, visitando a sepultura da mulher. 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Maria do Céu era uma mulher bela, ainda que baixinha, ou talvez por isso mesmo, porquanto as feições eram consoantes à estatura; tinha uns olhos miúdos e redondos, uma boquinha que o bacharel comparava a um botão de rosa, e um nariz que o poeta bíblico só por hipérbole poderia comparar à torre de Galaad. A mão, que, essa, sim, era um lírio dos vales - lilium convalium -, parecia arrancada a alguma estátua, não de Vênus, mas de seu filho; e eu peço perdão desta mistura de cousas sagradas com profanas, a que sou obrigado pela natureza mesma de Maria do Céu. Quieta, podiam pô-la num altar; mas, se movia os olhos, era pouco menos que um demônio. Tinha um jeito peculiar de usar deles que enfeitiçou alguns anos antes a gravidade de Bento Soares, fenômeno que o bacharel Antunes achava o mais natural do mundo. Vestia nessa noite um vestido cor de pérola, objeto da conversa entre o bacharel e as duas senhoras. Antunes, sem contestar que a cor de pérola ia perfeitamente à esposa de Bento Soares, opinava que era geral acontecer o mesmo às demais cores; donde se pode razoavelmente inferir que em seu parecer a porção mais bela de Maria não era o vestido, mas ela mesma.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A conversa porém bifurcou-se; enquanto o desembargador referia a Bento Soares e ao dono da casa algumas notícias relativas a crenças populares antigas e modernas, as duas senhoras conversavam com o bacharel sobre um ponto de toilette... Maria do Céu era uma mulher bela, ainda que baixinha, ou talvez por isso mesmo, porquanto as feições eram consoantes à estatura; tinha uns olhos miúdos e redondos, uma boquinha que o bacharel comparava a um botão de rosa, e um nariz que o poeta bíblico só por hipérbole poderia comparar à torre de Galaad. A mão, que, essa, sim, era um lírio dos vales - lilium convalium -, parecia arrancada a alguma estátua, não de Vênus, mas de seu filho; e eu peço perdão desta mistura de cousas sagradas com profanas, a que sou obrigado pela natureza mesma de Maria do Céu. Quieta, podiam pô-la num altar; mas, se movia os olhos, era pouco menos que um demônio. Tinha um jeito peculiar de usar deles que enfeitiçou alguns anos antes a gravidade de Bento Soares, fenômeno que o bacharel Antunes achava o mais natural do mundo. Vestia nessa noite um vestido cor de pérola, objeto da conversa entre o bacharel e as duas senhoras. Antunes, sem contestar que a cor de pérola ia perfeitamente à esposa de Bento Soares, opinava que era geral acontecer o mesmo às demais cores; donde se pode razoavelmente inferir que em seu parecer a porção mais bela de Maria não era o vestido, mas ela mesma." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Hamilton%20Rd%2C%20London%2C%20UK", "name": "Galeria Hamilton", "description": "A Galeria Hamilton (parte do palácio de mesmo nome situado em Londres) foi construída por Alexander Hamilton (1767-1852), para exibir sua bela coleção de arte. 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Notícias mínimas, e aliás necessárias ao complemento de um certo ar duplo que distinguia este homem, um ar de pedinte e general. Na rua, andando, sem almoço, sem vintém, parecia levar após si um exército. A causa não era outra mais do que o contraste entre a natureza e a situação, entre a alma e a vida. Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa xira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem dinheiro, nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive , dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n'en vois pas la nécessité , redarguiu friamente o ministro. Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um, dez, outro, cinco, outro, vinte mil-réis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Custódio endireitou o busto, que até então inclinara um pouco. Era um homem de quarenta anos. Vestia pobremente, mas escovado, apertado, correto. Usava unhas longas, curadas com esmero, e tinha as mãos muito bem talhadas, macias, ao contrário da pele do rosto, que era agreste. Notícias mínimas, e aliás necessárias ao complemento de um certo ar duplo que distinguia este homem, um ar de pedinte e general. Na rua, andando, sem almoço, sem vintém, parecia levar após si um exército. A causa não era outra mais do que o contraste entre a natureza e a situação, entre a alma e a vida. Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa xira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem dinheiro, nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive , dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n'en vois pas la nécessité , redarguiu friamente o ministro. Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um, dez, outro, cinco, outro, vinte mil-réis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Gamboa", "name": "Gamboa", "description": "A Gamboa é um bairro da zona portuária do Rio de Janeiro. Do século XVIII ao XIX foi uma área escolhida pela aristocracia e pelas famílias abastadas da época para construírem suas chácaras e residências. Nas últimas décadas do século XIX, o bairro entrou em decadência, pois os mais favorecidos, fugindo da proximidade do porto, foram-se transferindo para outros bairros da cidade. 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Há aí, no breve intervalo, entre a boca e a testa, antes do beijo e depois do beijo, há aí largo espaço para muita cousa - a contração de um ressentimento - a ruga da desconfiança - ou enfim o nariz pálido e sonolento da saciedade...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#noite-de-almirante", "headline": "Noite de Almirante", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o Cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: \"Jurei e cumpri\", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela, que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Rapazes, também eu fui rapaz - disse o mestre, o Pitada, um velho mestre de meninos da Gamboa, no ano de 1850 -; fui rapaz, mas rapaz de muito juízo, muito juízo... Entenderam?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião deteve-se alguns minutos diante daquilo. O sujeito, vendo-se objeto de atenção, redobrou o esforço no brinco; perdeu a naturalidade. Os outros meninos mais idosos detiveram-se a olhar espantados. Mas Rubião não distinguia nada; via tudo confusamente. Foi ainda a pé durante largo tempo; passou o saco do Alferes, passou a Gamboa, parou diante do cemitério dos ingleses, com os seus velhos sepulcros trepados pelo morro, e afinal chegou à Saúde. Viu ruas esguias, outras em ladeira, casas apinhadas ao longe e no alto dos morros, becos, muita casa antiga, algumas do tempo do rei, comidas, gretadas, estripadas, o caio encardido, e a vida lá dentro. E tudo isso lhe dava uma sensação de nostalgia... Nostalgia do farrapo, da vida escassa, acalcanhada e sem vexame. Mas durou pouco; o feiticeiro que andava nele transformou tudo. Era tão bom não ser pobre!", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Sinto que o leitor estremeceu - ou devia estremecer. Naturalmente a última palavra sugeriu-lhe três ou quatro reflexões. Veja bem o quadro: numa casinha da Gamboa, duas pessoas que se amam há muito tempo, uma inclinada para a outra, a dar-lhe um beijo na testa, e a outra a recuar, como se sentisse o contacto de uma boca de cadáver. Há aí, no breve intervalo, entre a boca e a testa, antes do beijo e depois do beijo, há aí largo espaço para muita cousa - a contração de um ressentimento - a ruga da desconfiança - ou enfim o nariz pálido e sonolento da saciedade...", "Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o Cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: \"Jurei e cumpri\", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela, que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.", "- Rapazes, também eu fui rapaz - disse o mestre, o Pitada, um velho mestre de meninos da Gamboa, no ano de 1850 -; fui rapaz, mas rapaz de muito juízo, muito juízo... Entenderam?", "Rubião deteve-se alguns minutos diante daquilo. O sujeito, vendo-se objeto de atenção, redobrou o esforço no brinco; perdeu a naturalidade. Os outros meninos mais idosos detiveram-se a olhar espantados. Mas Rubião não distinguia nada; via tudo confusamente. Foi ainda a pé durante largo tempo; passou o saco do Alferes, passou a Gamboa, parou diante do cemitério dos ingleses, com os seus velhos sepulcros trepados pelo morro, e afinal chegou à Saúde. Viu ruas esguias, outras em ladeira, casas apinhadas ao longe e no alto dos morros, becos, muita casa antiga, algumas do tempo do rei, comidas, gretadas, estripadas, o caio encardido, e a vida lá dentro. E tudo isso lhe dava uma sensação de nostalgia... Nostalgia do farrapo, da vida escassa, acalcanhada e sem vexame. Mas durou pouco; o feiticeiro que andava nele transformou tudo. 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Ao café, pegou novamente na folha, para ler outras cousas, nomeações do governo, um assassinato em Garanhuns, meteorologia, até que a vista desastrada foi cair na notícia, e leu-a então com pausa. Aqui confessou Rubião que bem podia crer na sinceridade do escritor. O entusiasmo da linguagem explicava-se pela impressão que lhe ficou do fato; tal foi ela que lhe não permitiu ser mais sóbrio. Naturalmente é o que foi. Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo por que falou; e daí tornou atrás, ao próprio ato. Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível. - Agora mesmo não podia explicar o negócio; foi como se lhe tivesse passado uma sombra pelos olhos... Atirou-se à criança, e aos cavalos, cego e surdo, sem atender ao próprio risco... E podia ficar ali, embaixo dos animais, esmagado pelas rodas, morto ou ferido; ferido que fosse... Podia ou não podia? Era impossível negar que a situação foi grave... A prova é que os pais e a vizinhança...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Passou ao banho, vestiu-se, penteou-se, sem esquecer a bisbilhotice da folha, acanhado com a publicação de um negócio, que ele reputava mínimo, e ainda mais pelo encarecimento que lhe dera o escritor, como se se tratasse de dizer bem ou mal em política. Ao café, pegou novamente na folha, para ler outras cousas, nomeações do governo, um assassinato em Garanhuns, meteorologia, até que a vista desastrada foi cair na notícia, e leu-a então com pausa. Aqui confessou Rubião que bem podia crer na sinceridade do escritor. O entusiasmo da linguagem explicava-se pela impressão que lhe ficou do fato; tal foi ela que lhe não permitiu ser mais sóbrio. Naturalmente é o que foi. Rubião recordou a sua entrada no escritório do Camacho, o modo por que falou; e daí tornou atrás, ao próprio ato. Estirado no gabinete, evocou a cena: o menino, o carro, os cavalos, o grito, o salto que deu, levado de um ímpeto irresistível. - Agora mesmo não podia explicar o negócio; foi como se lhe tivesse passado uma sombra pelos olhos... Atirou-se à criança, e aos cavalos, cego e surdo, sem atender ao próprio risco... E podia ficar ali, embaixo dos animais, esmagado pelas rodas, morto ou ferido; ferido que fosse... Podia ou não podia? Era impossível negar que a situação foi grave... 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O que dizes?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#evolucao", "headline": "Evolução", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Moralmente, era ele mesmo. Ninguém muda de caráter, e o do Benedito era bom ou - para melhor dizer - pacato. Mas, intelectualmente, é que ele era menos original. Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. Usava assim, promiscuamente, a devoção, a irreligião e as meias de seda. Nunca lhe vi as meias, note-se; mas ele não tinha segredos para os amigos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- A ideia foi minha. Já fui ao Emílio e ele aplaudiu muito. O passeio deve ser domingo à Gávea; iremos daqui muito cedinho. Tudo isto, é preciso notar, não está decidido. Depende de ti. O que dizes?", "Moralmente, era ele mesmo. Ninguém muda de caráter, e o do Benedito era bom ou - para melhor dizer - pacato. Mas, intelectualmente, é que ele era menos original. Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. 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Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-desejada-das-gentes", "headline": "A Desejada das Gentes", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "- Todos os homens devem ter uma lira no coração - ou não sejam homens. Que a lira ressoe a toda a hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Demais, as nossas relações de família estavam previamente feitas; Sancha e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola, Escobar e eu, a do seminário. Eles moravam em Andaraí, aonde queriam que fôssemos muitas vezes, e, não podendo ser tantas como desejávamos, íamos lá jantar alguns domingos, ou eles vinham fazê-lo conosco. Jantar é pouco. Íamos sempre muito cedo, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente, e só nos separávamos às nove, dez e onze horas, quando não podia ser mais. Agora que penso naqueles dias de Andaraí e da Glória, sinto que a vida e o resto não sejam tão rijos como as Pirâmides.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Quando Rubião chegou à esquina do Catete, a costureira conversava com um homem, que a esperara, e que lhe deu logo depois o braço; viu-os ir ambos, conjugalmente, para o lado da Glória. Casados? Amigos? Perderam-se na primeira dobra da rua, enquanto Rubião ficou parado, recordando as palavras do cocheiro, a rótula, o moço de bigodes, a senhora de bonito corpo, a rua da Harmonia... Rua da Harmonia; ela dissera rua da Harmonia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Eram quatro horas quando saiu do escritório, e sua resolução imediata foi meter-se num tilbury e seguir para a Glória.", "A verdade é que o coração ia alegre e impaciente, pensando nas horas felizes de outrora e nas que haviam de vir. Ao passar pela Glória, Camilo olhou para o mar, estendeu os olhos para fora, até onde a água e o céu dão um abraço infinito, e teve assim uma sensação do futuro, longo, longo, interminável.", "- Todos os homens devem ter uma lira no coração - ou não sejam homens. Que a lira ressoe a toda a hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa...", "Demais, as nossas relações de família estavam previamente feitas; Sancha e Capitu continuavam depois de casadas a amizade da escola, Escobar e eu, a do seminário. Eles moravam em Andaraí, aonde queriam que fôssemos muitas vezes, e, não podendo ser tantas como desejávamos, íamos lá jantar alguns domingos, ou eles vinham fazê-lo conosco. Jantar é pouco. Íamos sempre muito cedo, logo depois do almoço, para gozarmos o dia compridamente, e só nos separávamos às nove, dez e onze horas, quando não podia ser mais. Agora que penso naqueles dias de Andaraí e da Glória, sinto que a vida e o resto não sejam tão rijos como as Pirâmides.", "Aos sete anos eram duas obras-primas, ou antes uma só em dous volumes, como quiseres. Em verdade, não havia por toda aquela praia, nem por Flamengos ou Glórias, Cajus e outras redondezas, não havia uma, quanto mais duas crianças tão graciosas. Nota que eram também robustos. Pedro com um murro derrubava Paulo; em compensação, Paulo com um pontapé deitava Pedro ao chão. Corriam muito na chácara por aposta. Alguma vez quiseram trepar às árvores, mas a mãe não consentia; não era bonito. Contentavam-se de espiar cá de baixo a fruta.", "Quando Rubião chegou à esquina do Catete, a costureira conversava com um homem, que a esperara, e que lhe deu logo depois o braço; viu-os ir ambos, conjugalmente, para o lado da Glória. Casados? Amigos? Perderam-se na primeira dobra da rua, enquanto Rubião ficou parado, recordando as palavras do cocheiro, a rótula, o moço de bigodes, a senhora de bonito corpo, a rua da Harmonia... Rua da Harmonia; ela dissera rua da Harmonia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/G%C3%BCndo%C4%9Fan%2C%2048400%20Bodrum/Mu%C4%9Fla%2C%20T%C3%BCrkiye", "name": "Gnido", "description": "Segundo a mitologia greco-romana (também chamada mitologia clássica), Gnido era uma cidade na região da Cária (na atual Turquia), consagrada a Vênus (Afrodite, para os gregos), deusa da beleza e do amor.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/G%C3%BCndo%C4%9Fan%2C%2048400%20Bodrum/Mu%C4%9Fla%2C%20T%C3%BCrkiye", "lat": "37.118333", "long": "27.345", "gn:featureCode": "HSTS", "gn:featureCodeName": "historical site", "gn:name": "Gündoğan, 48400 Bodrum/Muğla, Türkiye", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=37.118333,27.345" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#luis-soares", "headline": "Luís Soares", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Não afirmo que entre as duas fases da existência de Luís Soares não houvesse algum elo de união, e que o emigrante das terras de Gnido não fizesse de quando em quando alguma excursão à pátria. Em todo o caso essas excursões eram tão secretas que ninguém sabia delas, nem talvez os habitantes das referidas terras, com exceção dos poucos escolhidos para receberem o expatriado. O caso era singular, porque naquele país não se reconhece o cidadão naturalizado estrangeiro, ao contrário da Inglaterra, que não dá aos súditos da rainha o direito de escolherem outra pátria.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não afirmo que entre as duas fases da existência de Luís Soares não houvesse algum elo de união, e que o emigrante das terras de Gnido não fizesse de quando em quando alguma excursão à pátria. Em todo o caso essas excursões eram tão secretas que ninguém sabia delas, nem talvez os habitantes das referidas terras, com exceção dos poucos escolhidos para receberem o expatriado. O caso era singular, porque naquele país não se reconhece o cidadão naturalizado estrangeiro, ao contrário da Inglaterra, que não dá aos súditos da rainha o direito de escolherem outra pátria." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Fazenda%20Engenho%20Velho", "name": "Goiás", "description": "Goiás é um estado da região Centro-oeste do Brasil, cuja capital atual é Goiânia. No século XVIII houve um grande fluxo migratório para a região, em função da exploração do ouro e da criação de gado. Durante o período colonial, pertencia à capitania de São Paulo, até 1744, quando foi instituída a capitania geral de Goiás, com capital em Goiás Velho. 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Esta suspeita desvaneceu-se com os anos; nem o primo voltou, nem a moça mostrou-se sentida com a ausência dele. Esta conjectura com que os pretendentes queriam salvar a honra própria perdeu o valor, e os iludidos tiveram de contentar-se com este dilema: ou não tinham sabido lutar, ou a moça era uma natureza de gelo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Daí a dias seguiam ambos para Santos, de lá, para São Paulo e tomavam a estrada de Goiás.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_esqueleto#um-esqueleto", "headline": "Um Esqueleto", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "- Esse homem vivia em Minas. Veio à Corte para imprimir os dois livros, mas não achou editor e preferiu rasgar os manuscritos. 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Veio à Corte para imprimir os dois livros, mas não achou editor e preferiu rasgar os manuscritos. Quanto ao planeta, comunicou a notícia à Academia das Ciências de Paris; lançou a carta no correio e esperou a resposta; a resposta não veio porque a carta foi parar a Goiás." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Golconda%20Fort", "name": "Golconda", "description": "Golconda é uma cidade e fortaleza em ruínas da região central da Índia conhecida por seus tesouros. Tanto a cidade quanto a fortaleza estão construídas sobre uma colina de granito de 120 metros de altura. O nome deriva de um termo na língua télugu (falada por habitantes da região de Madras, na Índia) \"Golla Konda\", que significa \"colina do pastor\".", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Golconda%20Fort", "lat": "17.38283", "long": "78.40195", "gn:featureCode": "FT", "gn:featureCodeName": "fort", "gn:name": "Golconda Fort", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/1271041/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Como_se_inventaram_os_almanaques#como-se-inventaram-os-almanaques", "headline": "Como Se Inventaram os Almanaques", "genre": "Conto", "datePublished": "1890", "text": "- Não te importe o meu nome; basta saber que te posso dar todas as pérolas de Golconda...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não te importe o meu nome; basta saber que te posso dar todas as pérolas de Golconda..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Boulevard%20Montmartre", "name": "Grand Boulevard", "description": "O \"grand boulevard\" é uma referência ao espaço urbano parisiense em meados do século XIX, depois da reforma promovida pelo barão Haussmann, prefeito que criou, na capital francesa, grandes avenidas, divididas em duas pistas, com um estreito jardim a separá-las.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Boulevard%20Montmartre", "lat": "48.87183", "long": "2.34107", "gn:featureCode": "ST", "gn:featureCodeName": "street", "gn:name": "Boulevard Montmartre", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/12504081/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Mendonça era da mesma estatura que Estácio, um pouco mais cheio, ombros largos, fisionomia risonha e franca, natureza móbil e expansiva. Vestia com o maior apuro, como verdadeiro parisiense que era, arrancado de fresco ao grand boulevard, ao Café Tortoni e às récitas do Vaudeville. A mão larga e forte calçava fina luva, cor de palha, e sobre o cabelo, penteado a capricho, pousava um chapéu de fábrica recente.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mendonça era da mesma estatura que Estácio, um pouco mais cheio, ombros largos, fisionomia risonha e franca, natureza móbil e expansiva. Vestia com o maior apuro, como verdadeiro parisiense que era, arrancado de fresco ao grand boulevard, ao Café Tortoni e às récitas do Vaudeville. A mão larga e forte calçava fina luva, cor de palha, e sobre o cabelo, penteado a capricho, pousava um chapéu de fábrica recente." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Greece", "name": "Grécia", "description": "A Grécia é um país europeu, uma península no mar Mediterrâneo. Foi na Grécia antiga que surgiram as bases da nossa democracia, filosofia, historiografia, literatura, ciência política, matemática e teatro. 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Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ao cabo de seis meses, Ezequiel falou-me em uma viagem à Grécia, ao Egito, e à Palestina, viagem científica, promessa feita a alguns amigos.", "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jardim%20Guanabara", "name": "Guanabara", "description": "Guanabara é uma baía situada no sudeste brasileiro, em cuja margem ocidental foi fundada a cidade do Rio de Janeiro, no século XVI. 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Ambos éramos de acordo que não há baía no mundo que vença a do nosso Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "- Não pense - acrescentou Lívia - que me seduzem unicamente os esplendores de Paris, ou a elegância da vida europeia. Eu tenho outros desejos e ambições. Quero conhecer a Itália e a Alemanha, lembrar-me da nossa Guanabara junto às ribas do Arno ou do Reno. Nunca teve iguais desejos?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/To_be_or_not_to_be#to-be-or-not-to-be", "headline": "To Be Or Not To Be", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "Aproximou-se a barca, entraram os passageiros, e com eles André Soares, que foi sentar-se primeiro num dos bancos interiores, à espera que a barca chegasse ao meio da baía; então procuraria a popa ou a proa e atirar-se-ia ao mar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Também eu lhe falei o meu pouco, à janela. Ambos éramos de acordo que não há baía no mundo que vença a do nosso Rio de Janeiro.", "- Não pense - acrescentou Lívia - que me seduzem unicamente os esplendores de Paris, ou a elegância da vida europeia. Eu tenho outros desejos e ambições. Quero conhecer a Itália e a Alemanha, lembrar-me da nossa Guanabara junto às ribas do Arno ou do Reno. Nunca teve iguais desejos?", "Aproximou-se a barca, entraram os passageiros, e com eles André Soares, que foi sentar-se primeiro num dos bancos interiores, à espera que a barca chegasse ao meio da baía; então procuraria a popa ou a proa e atirar-se-ia ao mar." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Guaratiba", "name": "Guaratiba", "description": "Guaratiba é um extenso bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro, situado ao sul da serra da Grota Funda, estendendo-se até a baía de Sepetiba. Nos séculos XVIII e XIX era uma área rural caracterizada pela presença de sítios e casarões geralmente destinados a veraneio. 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Que mal lhe fez ele?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não volta; está lá para os lados de Guaratibacom a caixa; deve voltar sexta-feira ou sábado... E por que é que você quer saber? Que mal lhe fez ele?" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Guaratinguet%C3%A1", "name": "Guaratinguetá", "description": "Guaratinguetá é uma cidade do estado de São Paulo, situada no vale do Paraíba. No século XVIII, a região teve intensa participação na economia do ouro, pois era passagem para Minas Gerais, o que, junto com a produção do açúcar, fez de Guaratinguetá uma das principais vilas de São Paulo. 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Ela era bela, na verdade, viva e graciosa, rosada e fresca, todas as qualidades amáveis de uma menina. A comparação da madrugada, por mais cediça que fosse, era a melhor de todas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Lucinda apareceu aos olhos do nosso herói com todos os esplendores de uma madrugada. Foi assim que ele definiu esse momento, em uns versos publicados daí a dias no Eco de Guaratinguetá. Ela era bela, na verdade, viva e graciosa, rosada e fresca, todas as qualidades amáveis de uma menina. A comparação da madrugada, por mais cediça que fosse, era a melhor de todas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/The%20Hague", "name": "Haia", "description": "Haia, também chamada \"a Haia\", é a terceira maior cidade da Holanda, depois de Amsterdã e Roterdã. É a sede do Governo, do Parlamento, da Suprema Corte e do Conselho de Estado holandeses, embora não seja a capital do país, que, constitucionalmente, é Amsterdã. A cidade possui forte tradição diplomática e ficou conhecida pelas conferências da paz, realizadas na cidade em 1899 e 1907. Também é conhecida como a capital jurídica do mundo, por nela terem sede a Corte Internacional de Justiça e a Corte Criminal Internacional.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/The%20Hague", "lat": "52.07667", "long": "4.29861", "gn:featureCode": "PPLG", "gn:featureCodeName": "seat of government of a political entity", "gn:name": "The Hague", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2747373/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. Na Inglaterra estudou o inglês profundamente; e, como sabia o latim, aprendido no convento, o hebraico, que lhe ensinara na Haia o famoso Spinoza, de quem foi amigo, e que talvez deu causa ao ódio que os outros judeus lhe criaram; o francês e o italiano, parte do alemão e do húngaro, tornou-se em Londres objeto de verdadeira curiosidade e veneração. Era buscado, consultado, ouvido, não só por pessoas do vulgo ou idiotas, como por letrados, políticos e personagens da corte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#verba-testamentaria", "headline": "Verba Testamentária", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Todas as manhãs - continuou ele - receberá o Nicolau um jornal que vou mandar imprimir com o único fim de lhe dizer as cousas mais agradáveis do mundo, e dizê-las nominalmente, recordando os seus modestos, mas profícuos trabalhos da Constituinte, e atribuindo-lhe muitas aventuras namoradas, agudezas de espírito, rasgos de coragem. Já falei ao almirante holandês para consentir que, de quando em quando, vá ter com o Nicolau algum dos nossos oficiais dizer-lhe que não podia voltar para a Haia sem a honra de contemplar um cidadão tão eminente e simpático, em quem se reúnem qualidades raras, e, de ordinário, dispersas. Você, se puder alcançar de alguma modista, a Gudin, por exemplo, que ponha o nome de Nicolau em um chapéu ou mantelete, ajudará muito a cura de seu mano. Cartas amorosas anônimas, enviadas pelo correio, são um recurso eficaz... Mas comecemos pelo princípio, que é casá-lo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. 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Não lhe chegava decerto o dinheiro; os míseros duzentos mil-réis, numa cidade em que tudo (diz o príncipe Aléxis numa carta que acabo de ler) é mais caro do que nos Estados Unidos e na Havana. Mas, a um sonhador como André Soares, nada é obstáculo. Ele sonhava com passeios de carro, teatros, bons charutos, luvas de pelica, além das despesas usuais, e para tanto não é de crer que dessem os duzentos mil-réis. Sonhava, e bastava o sonho para o fazer feliz.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Apenas metera empenho para o emprego entrou a fazer mil castelos no ar e a fantasiar cousas espantosas. Não lhe chegava decerto o dinheiro; os míseros duzentos mil-réis, numa cidade em que tudo (diz o príncipe Aléxis numa carta que acabo de ler) é mais caro do que nos Estados Unidos e na Havana. Mas, a um sonhador como André Soares, nada é obstáculo. 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Voltou logo acima, para ver ainda a cidade, perdê-la pouco a pouco, por uma ilusão da dor, que se contentava de um retalho, tirado à púrpura da felicidade moribunda. E a cidade, se tivesse olhos para vê-lo, podia também despedir-se dele com pesar e orgulho, pois era um esbelto rapaz, inteligente e bom. Convém dizer que a tristeza de deixar o Rio de Janeiro também lhe doía no coração. Era fluminense, não saíra nunca deste ninho paterno, e a saudade local vinha casar-se à saudade pessoal. Em que proporções, não sei. Há aí uma análise difícil, mormente agora, que não podemos mais distinguir a figura do rapaz. Ele está ainda na amurada; mas o paquete transpôs a barra, e vai perder-se no horizonte.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Para Eduardo, ou Heidelberg ou Hong-Kong, era a mesma cousa, uma vez que o arrancavam do único ponto do globo em que ele podia aprender a primeira das ciências, que era contemplar os olhos de Beatriz. 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Ele está ainda na amurada; mas o paquete transpôs a barra, e vai perder-se no horizonte." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Greece", "name": "Hélade", "description": "\"Hélade\" é o nome pelo qual os gregos chamam a sua terra. Helenos eram todos aqueles que falavam grego. Mesmo que não vivessem na Grécia continental, estavam unidos pela mesma língua, cultura e religião. 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Contar-vos-ei o que me disseram os ventos, que lá estavam em torno de Xerxes, quando este vinha destruir a Hélade com tropas inumeráveis. As tropas marchavam diante dele, a poder de chicote, porque esse homem cru amava particularmente o chicote e empregava-o a miúdo, sem hesitação nem remorso. O próprio mar, quando ousou destruir a ponte que ele mandara construir, recebeu em castigo trezentas chicotadas. Era justo; mas para não ser somente justo, para ser também abominável, Xerxes ordenou que decapitassem a todos os que tinham construído a ponte e não souberam fazê-la imperecível. Chicote e espada; pancada e sangue.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "FREI LOURENÇO. - Gentil criatura, aprende com ela, filho, aprende a tolerar as demasias de um velho lunático. O que é que me disseram? Melhor fora não repeti-lo; mas, se teimais em que vos case aqui mesmo, ao clarão das estrelas, dir-vos-ei a origem daquela, que parece governar todas as outras... Vamos, ainda é tempo, o altar espera-nos... Não? Teimosos que sois... Contar-vos-ei o que me disseram os ventos, que lá estavam em torno de Xerxes, quando este vinha destruir a Hélade com tropas inumeráveis. As tropas marchavam diante dele, a poder de chicote, porque esse homem cru amava particularmente o chicote e empregava-o a miúdo, sem hesitação nem remorso. O próprio mar, quando ousou destruir a ponte que ele mandara construir, recebeu em castigo trezentas chicotadas. Era justo; mas para não ser somente justo, para ser também abominável, Xerxes ordenou que decapitassem a todos os que tinham construído a ponte e não souberam fazê-la imperecível. Chicote e espada; pancada e sangue." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Hellespont", "name": "Helesponto", "description": "O Helesponto, atualmente conhecido por Dardanelos, é um estreito situado no noroeste da Turquia, ligando o mar Egeu ao de Mármara. Seu nome tem origem mitológica, sendo uma homenagem a Hele, personagem do mito do tosão de ouro. O estreito teve um papel importante ao longo da história: os exércitos persas de Xerxes I, e o exército macedônio de Alexandre, o Grande, atravessaram o estreito para invadir outras terras. 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Viu ali gente infinita, o melhor leite mungido à vaca asiática, centenas de milhares ao pé de centenas de milhares, várias armas, povos diversos, cores e vestiduras diferentes, mescladas, baralhadas, flecha e gládio, tiara e capacete, pele de cabra, pele de cavalo, pele de pantera, uma algazarra infinita de cousas. Viu e riu; farejava a vitória. Que outro poder viria contrastá-lo? Sentia-se indestrutível. E ficou a rir e a olhar com longos olhos ávidos e felizes, olhos de noivado, como os teus, moço amigo...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "FREI LOURENÇO. - Abominável, mas forte. Força vale alguma cousa; a prova é que o mar acabou aceitando o jugo do grande persa. Ora, um dia, à margem do Helesponto, curioso de contemplar as tropas que ali ajuntara, no mar e em terra, Xerxes trepou a um alto morro feitiço, donde espalhou as vistas para todos os lados. Calculai o orgulho que ele sentiu. Viu ali gente infinita, o melhor leite mungido à vaca asiática, centenas de milhares ao pé de centenas de milhares, várias armas, povos diversos, cores e vestiduras diferentes, mescladas, baralhadas, flecha e gládio, tiara e capacete, pele de cabra, pele de cavalo, pele de pantera, uma algazarra infinita de cousas. Viu e riu; farejava a vitória. Que outro poder viria contrastá-lo? Sentia-se indestrutível. 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Cá estamos. Olha bem que é a cabeça do cônego. Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha, que, ainda assim, não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Upa! Cá estamos. Custou-te, não, leitor amigo? É para que não acredites nas pessoas que vão ao Corcovado, e dizem que ali a impressão da altura é tal, que o homem fica sendo cousa nenhuma. Opinião pânica e falsa, falsa como Judas e outros diamantes. Não creias tu nisso, leitor amado. Nem Corcovados, nem Himalaias valem muita cousa ao pé da tua cabeça, que os mede. Cá estamos. Olha bem que é a cabeça do cônego. Temos à escolha um ou outro dos hemisférios cerebrais; mas vamos por este, que é onde nascem os substantivos. Os adjetivos nascem no da esquerda. Descoberta minha, que, ainda assim, não é a principal, mas a base dela, como se vai ver. Sim, meu senhor, os adjetivos nascem de um lado, e os substantivos de outro, e toda a sorte de vocábulos está assim dividida por motivo da diferença sexual..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Amsterdam", "name": "Holanda", "description": "A Holanda é um país situado no noroeste da Europa, no mar do Norte, entre a Alemanha e a Bélgica. É uma democracia parlamentar, sob uma monarquia constitucional. 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Só a casa bastava para deter e chamar toda a gente; mas havia mais - a mobília, que ele mandara vir da Hungria e da Holanda, segundo contava, e que se podia ver do lado de fora, porque as janelas viviam abertas - e o jardim, que era uma obra prima de arte e de gosto. Esse homem, que enriquecera no fabrico de albardas, tinha tido sempre o sonho de uma casa magnífica, jardim pomposo, mobília rara. Não deixou o negócio das albardas, mas repousava dele na contemplação da casa nova, a primeira de Itaguaí, mais grandiosa do que a Casa Verde, mais nobre do que a da Câmara, Entre a gente ilustre da povoação havia choro e ranger de dentes, quando se pensava, ou se falava, ou se louvava a casa do albardeiro - um simples albardeiro, Deus do céu!", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. Na Inglaterra estudou o inglês profundamente; e, como sabia o latim, aprendido no convento, o hebraico, que lhe ensinara na Haia o famoso Spinoza, de quem foi amigo, e que talvez deu causa ao ódio que os outros judeus lhe criaram; o francês e o italiano, parte do alemão e do húngaro, tornou-se em Londres objeto de verdadeira curiosidade e veneração. 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Ele rejeitaria a coroa das Índias, o papado, todos os museus da Itália e da Holanda, se os houvesse de trocar por esse único exemplar; e não porque seja o das minhas Memórias; faria a mesma cousa com o Almanaque de Laemmert, uma vez que fosse único.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um desses limitou-se a pensá-lo, deu de ombros e foi embora. Tinha negócios pessoais. Acabava de construir uma casa sumptuosa. Só a casa bastava para deter e chamar toda a gente; mas havia mais - a mobília, que ele mandara vir da Hungria e da Holanda, segundo contava, e que se podia ver do lado de fora, porque as janelas viviam abertas - e o jardim, que era uma obra prima de arte e de gosto. Esse homem, que enriquecera no fabrico de albardas, tinha tido sempre o sonho de uma casa magnífica, jardim pomposo, mobília rara. Não deixou o negócio das albardas, mas repousava dele na contemplação da casa nova, a primeira de Itaguaí, mais grandiosa do que a Casa Verde, mais nobre do que a da Câmara, Entre a gente ilustre da povoação havia choro e ranger de dentes, quando se pensava, ou se falava, ou se louvava a casa do albardeiro - um simples albardeiro, Deus do céu!", "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. Na Inglaterra estudou o inglês profundamente; e, como sabia o latim, aprendido no convento, o hebraico, que lhe ensinara na Haia o famoso Spinoza, de quem foi amigo, e que talvez deu causa ao ódio que os outros judeus lhe criaram; o francês e o italiano, parte do alemão e do húngaro, tornou-se em Londres objeto de verdadeira curiosidade e veneração. Era buscado, consultado, ouvido, não só por pessoas do vulgo ou idiotas, como por letrados, políticos e personagens da corte.", "É um bibliômano. Não conhece o autor; este nome de Brás Cubas não vem nos seus dicionários biográficos. Achou o volume, por acaso, no pardieiro de um alfarrabista. Comprou-o por duzentos réis. Indagou, pesquisou, esgaravatou, e veio a descobrir que era um exemplar único... único! Vós, que não só amais os livros, senão que padeceis a mania deles, vós sabeis mui bem o valor desta palavra, e adivinhais, portanto, as delícias de meu bibliômano. Ele rejeitaria a coroa das Índias, o papado, todos os museus da Itália e da Holanda, se os houvesse de trocar por esse único exemplar; e não porque seja o das minhas Memórias; faria a mesma cousa com o Almanaque de Laemmert, uma vez que fosse único." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Hong%20Kong", "name": "Hong Kong", "description": "Hong Kong é uma região administrativa da República Popular da China e uma ex-colônia do império britânico: no século XIX, após a primeira Guerra do Ópio (1839-1842), a região foi ocupada pelo Reino Unido, sendo sua soberania transferida para a China em 1997.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Hong%20Kong", "lat": "22.27832", "long": "114.17469", "gn:featureCode": "PPLC", "gn:featureCodeName": "capital of a political entity", "gn:name": "Hong Kong", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/1819729/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Letra_vencida#letra-vencida", "headline": "Letra Vencida", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Para Eduardo, ou Heidelberg ou Hong-Kong, era a mesma cousa, uma vez que o arrancavam do único ponto do globo em que ele podia aprender a primeira das ciências, que era contemplar os olhos de Beatriz. Quando o paquete deu as primeiras rodadas na água e começou a mover-se para a barra, Eduardo não pôde reter as lágrimas, e foi escondê-las no camarote. Voltou logo acima, para ver ainda a cidade, perdê-la pouco a pouco, por uma ilusão da dor, que se contentava de um retalho, tirado à púrpura da felicidade moribunda. E a cidade, se tivesse olhos para vê-lo, podia também despedir-se dele com pesar e orgulho, pois era um esbelto rapaz, inteligente e bom. Convém dizer que a tristeza de deixar o Rio de Janeiro também lhe doía no coração. Era fluminense, não saíra nunca deste ninho paterno, e a saudade local vinha casar-se à saudade pessoal. Em que proporções, não sei. Há aí uma análise difícil, mormente agora, que não podemos mais distinguir a figura do rapaz. Ele está ainda na amurada; mas o paquete transpôs a barra, e vai perder-se no horizonte.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Para Eduardo, ou Heidelberg ou Hong-Kong, era a mesma cousa, uma vez que o arrancavam do único ponto do globo em que ele podia aprender a primeira das ciências, que era contemplar os olhos de Beatriz. Quando o paquete deu as primeiras rodadas na água e começou a mover-se para a barra, Eduardo não pôde reter as lágrimas, e foi escondê-las no camarote. Voltou logo acima, para ver ainda a cidade, perdê-la pouco a pouco, por uma ilusão da dor, que se contentava de um retalho, tirado à púrpura da felicidade moribunda. E a cidade, se tivesse olhos para vê-lo, podia também despedir-se dele com pesar e orgulho, pois era um esbelto rapaz, inteligente e bom. Convém dizer que a tristeza de deixar o Rio de Janeiro também lhe doía no coração. Era fluminense, não saíra nunca deste ninho paterno, e a saudade local vinha casar-se à saudade pessoal. 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Não o ocultou a irmã do conselheiro; já não tinha acanhamento nem reserva, as palavras subiam do coração à boca sem atenuação nem cálculo; fez-se carinhosa e mãe.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Entre as pessoas que tornou a ver, figurava a mesma Eulália, com quem a mãe quisera casá-lo, alguns anos antes. Eulália não ficara solteira; estava na lua de mel, uma lua de mel que durava mais de um ano. O casamento fora a vara mosaica, mediante a qual se lhe abrira no coração uma fontezinha de ternura. Encontraram-se num baile. Nenhum deles sentiu acanhamento; como nunca chegaram a tratar dos projetos de Valéria, puderam falar com a mesma isenção de 1866. A diferença é que Eulália, que era feliz, exagerava a felicidade para melhor mostrá-la a Jorge e convencê-lo de que antes ganhara do que perdera com a recusa dele.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A mesa, que já tinha em cima de si alguns acepipes convidativos, apareceu como uma verdadeira fonte de Moisés aos olhos do ex-chefe de seção. Dous pastelinhos e uma croquette foram os parlamentares que Vilela mandou ao estômago rebelado e com os quais aquela víscera se conformou.", "Havia no coração de D. Úrsula uma fonte de ternura, que Helena devia tocar, para jorrar livre e impetuosamente. A dedicação, em tal crise, foi a vara misteriosa daquela Horeb. A afeição da tia era até então frouxa, voluntária e deliberada. Depois da moléstia, avultou espontânea. A experiência do caráter da moça dera esse resultado inevitável. Toda a prevenção cessou; a gratidão da vida ligou fortemente o que tantas circunstâncias anteriores pareciam separar. 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Supunha-se que um esforço ingente bastaria a reparar Curupaiti, a derrubar Humaitá, a vencer o ditador, não nos três meses do General Mitre, mas em muito menos tempo do que viria a ser na realidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Assim correram os primeiros seis anos de casamento. Começando o sétimo, foi o nosso amigo acometido de uma lesão cardíaca e de uma ideia. Cuidou logo desta, que era uma máquina de guerra para destruir Humaitá; mas a doença, máquina eterna, destruiu-o primeiro a ele. Sales caiu de cama, a morte veio vindo; a mulher, desenganada, tratou de o persuadir a que se sacramentasse.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Poucos poderiam supor, nos fins de 1866, que a campanha se protrairia ainda cerca de quatro anos. 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Só a casa bastava para deter e chamar toda a gente; mas havia mais - a mobília, que ele mandara vir da Hungria e da Holanda, segundo contava, e que se podia ver do lado de fora, porque as janelas viviam abertas - e o jardim, que era uma obra prima de arte e de gosto. Esse homem, que enriquecera no fabrico de albardas, tinha tido sempre o sonho de uma casa magnífica, jardim pomposo, mobília rara. Não deixou o negócio das albardas, mas repousava dele na contemplação da casa nova, a primeira de Itaguaí, mais grandiosa do que a Casa Verde, mais nobre do que a da Câmara, Entre a gente ilustre da povoação havia choro e ranger de dentes, quando se pensava, ou se falava, ou se louvava a casa do albardeiro - um simples albardeiro, Deus do céu!", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Coitado! Não contava com a outra fidalga, a viúva, que pôs em campo todos os recursos de que podia dispor, e alcançou-lhe a fuga daí a poucos meses. Saíram ambos de Espanha, meteram-se em França, e passaram à Itália, onde meu pai ficou residindo por longos anos. A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um desses limitou-se a pensá-lo, deu de ombros e foi embora. Tinha negócios pessoais. Acabava de construir uma casa sumptuosa. Só a casa bastava para deter e chamar toda a gente; mas havia mais - a mobília, que ele mandara vir da Hungria e da Holanda, segundo contava, e que se podia ver do lado de fora, porque as janelas viviam abertas - e o jardim, que era uma obra prima de arte e de gosto. Esse homem, que enriquecera no fabrico de albardas, tinha tido sempre o sonho de uma casa magnífica, jardim pomposo, mobília rara. 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Há de ser um armarinho, porque não foi em outra parte, nem na praia de Icaraí, nem no salão do Cassino, nem no lugar mais pitoresco da Tijuca. Nem esta história é de invenção romântica; é real e prosaica. Não se viam as duas desde quatro anos. Antes disso já poucas vezes se encontravam, e de relance. A hora, porém, a boa disposição de ambas, a conversação longa entre duas caixas de lã, o desejo que a amiga casada sentia de mostrar o filhinho de três anos à amiga solteira, tudo contribuiu para apertar um pouco os laços frouxos da amizade antiga, e a viúva prometeu que iria com a filha fazer uma visita a Candinha, no Flamengo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Olá! Estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está uma noite para namorados... Sim, deliciosa... Há muito que não vejo uma noite assim... Olhem só para baixo, os bicos de gás... Deliciosa! Para namorados... Os namorados gostam sempre da lua. No meu tempo, em Icaraí...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mas, como ia dizendo, eram trintonas, agora que se encontraram, em março de 1886, em um armarinho da rua do Ouvidor. Perdoai a banalidade do encontro e do lugar; não vos hei de inventar um palácio de Armida, nem a própria Armida. Há de ser um armarinho, porque não foi em outra parte, nem na praia de Icaraí, nem no salão do Cassino, nem no lugar mais pitoresco da Tijuca. Nem esta história é de invenção romântica; é real e prosaica. Não se viam as duas desde quatro anos. Antes disso já poucas vezes se encontravam, e de relance. A hora, porém, a boa disposição de ambas, a conversação longa entre duas caixas de lã, o desejo que a amiga casada sentia de mostrar o filhinho de três anos à amiga solteira, tudo contribuiu para apertar um pouco os laços frouxos da amizade antiga, e a viúva prometeu que iria com a filha fazer uma visita a Candinha, no Flamengo.", "- Olá! Estão apreciando a lua? Realmente, está deliciosa; está uma noite para namorados... Sim, deliciosa... Há muito que não vejo uma noite assim... Olhem só para baixo, os bicos de gás... Deliciosa! Para namorados... Os namorados gostam sempre da lua. 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Não há moralista grego ou turco, cristão ou muçulmano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre. Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrárias. Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei de Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí vem que a inveja é uma virtude.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Imagina, por exemplo, que eu não tinha nascido - continuou o Quincas Borba -; é positivo que não teria agora o prazer de conversar contigo, comer esta batata, ir ao teatro, e para tudo dizer numa só palavra: viver. Nota que eu não faço do homem um simples veículo de Humanitas; não, ele é ao mesmo tempo veículo, cocheiro e passageiro; ele é o próprio Humanitas reduzido; daí a necessidade de adorar-se a si próprio. Queres uma prova da superioridade do meu sistema? Contempla a inveja. Não há moralista grego ou turco, cristão ou muçulmano, que não troveje contra o sentimento da inveja. O acordo é universal, desde os campos da Idumeia até o alto da Tijuca. Ora bem; abre mão dos velhos preconceitos, esquece as retóricas rafadas, e estuda a inveja, esse sentimento tão subtil e tão nobre. Sendo cada homem uma redução de Humanitas, é claro que nenhum homem é fundamentalmente oposto a outro homem, quaisquer que sejam as aparências contrárias. Assim, por exemplo, o algoz que executa o condenado pode excitar o vão clamor dos poetas; mas substancialmente é Humanitas que corrige em Humanitas uma infração da lei de Humanitas. O mesmo direi do indivíduo que estripa a outro; é uma manifestação da força de Humanitas. Nada obsta (e há exemplos) que ele seja igualmente estripado. Se entendeste bem, facilmente compreenderás que a inveja não é senão uma admiração que luta, e sendo a luta a grande função do gênero humano, todos os sentimentos belicosos são os mais adequados à sua felicidade. Daí vem que a inveja é uma virtude." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jena", "name": "Iena", "description": "Iena é uma cidade da Turíngia, no centro-leste da Alemanha atual.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jena", "lat": "50.92878", "long": "11.5899", "gn:featureCode": "PPLA3", "gn:featureCodeName": "seat of a third-order administrative division", "gn:name": "Jena", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2895044/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Compreendi que era sonho e achei-lhe graça. Os pregões foram andando, enquanto o meu José pedia desculpa de haver entrado, mas eram nove horas passadas, perto de dez. Fui às minhas abluções, ao meu café, aos meus jornais. Alguns destes celebram o aniversário da batalha de Tuiuti. Isto me lembra que, em plena diplomacia, quando lá chegou a notícia daquela vitória nossa, tive de dar esclarecimentos a alguns jornalistas estrangeiros sequiosos de verdade. Vinte anos mais, não estarei aqui para repetir esta lembrança; outros vinte, e não haverá sobrevivente dos jornalistas nem dos diplomatas, ou raro, muito raro; ainda vinte, e ninguém. E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! Tu és o deus único!''", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Compreendi que era sonho e achei-lhe graça. Os pregões foram andando, enquanto o meu José pedia desculpa de haver entrado, mas eram nove horas passadas, perto de dez. Fui às minhas abluções, ao meu café, aos meus jornais. Alguns destes celebram o aniversário da batalha de Tuiuti. Isto me lembra que, em plena diplomacia, quando lá chegou a notícia daquela vitória nossa, tive de dar esclarecimentos a alguns jornalistas estrangeiros sequiosos de verdade. Vinte anos mais, não estarei aqui para repetir esta lembrança; outros vinte, e não haverá sobrevivente dos jornalistas nem dos diplomatas, ou raro, muito raro; ainda vinte, e ninguém. E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! 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Segundo alguns biógrafos, era nesta igreja que o menino Machado de Assis ajudava o padre nas missas dominicais em que era coroinha.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Passos%2C%2013%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020051-040%2C%20Brazil", "lat": "-22.9060508", "long": "-43.1826294", "gn:featureCode": "S.CHURCH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "Av. Passos, 13 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20051-040, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9060508,-43.1826294" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#fulano", "headline": "Fulano", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Mas aqui vai, por exemplo, um caso bem característico da influência que a justiça dos outros pode ter no nosso procedimento. Fulano Beltrão vinha um dia do Tesouro, aonde tinha ido tratar de umas décimas. Ao passar pela igreja da Lampadosa, lembrou-se que fora ali batizado; e nenhum homem tem uma recordação destas, sem remontar o curso dos anos e dos acontecimentos, deitar-se outra vez no colo materno, rir e brincar, como nunca mais se ri nem brinca. Fulano Beltrão não escapou a este efeito; atravessou o adro, entrou na igreja, tão singela, tão modesta, e para ele tão rica e linda. Ao sair, tinha uma resolução feita, que pôs por obra dentro de poucos dias: mandou de presente à Lampadosa um soberbo castiçal de prata, com duas datas, além do nome do doador - a data da doação e a do batizado. Todos os jornais deram esta notícia, e até a receberam em duplicata, porque a administração da igreja entendeu (com muita razão) que também lhe cumpria divulgá-la aos quatro ventos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mas aqui vai, por exemplo, um caso bem característico da influência que a justiça dos outros pode ter no nosso procedimento. Fulano Beltrão vinha um dia do Tesouro, aonde tinha ido tratar de umas décimas. Ao passar pela igreja da Lampadosa, lembrou-se que fora ali batizado; e nenhum homem tem uma recordação destas, sem remontar o curso dos anos e dos acontecimentos, deitar-se outra vez no colo materno, rir e brincar, como nunca mais se ri nem brinca. Fulano Beltrão não escapou a este efeito; atravessou o adro, entrou na igreja, tão singela, tão modesta, e para ele tão rica e linda. Ao sair, tinha uma resolução feita, que pôs por obra dentro de poucos dias: mandou de presente à Lampadosa um soberbo castiçal de prata, com duas datas, além do nome do doador - a data da doação e a do batizado. Todos os jornais deram esta notícia, e até a receberam em duplicata, porque a administração da igreja entendeu (com muita razão) que também lhe cumpria divulgá-la aos quatro ventos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Pio%20X%2C%20s/n%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020040-020%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Nossa Senhora da Candelária", "description": "A igreja de Nossa Senhora da Candelária localiza-se no centro do Rio de Janeiro. Teria tido origem numa promessa do espanhol Antonio Martins Palma e sua mulher: se escapassem com vida de uma tempestade que quase fez naufragar o navio em que estavam, chamado Candelária, ergueriam uma igreja em homenagem a Nossa Senhora da Candelária no primeiro local a que chegassem, que foi o porto do Rio de Janeiro. Em 1710 essa capela foi demolida, e reconstruída em 1755. A inauguração, com a igreja ainda inacabada, ocorreu em 1811, com presença do príncipe regente D. 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Se ela lhe dissesse um dia que tinha na algibeira do vestido uma das torres da Candelária, não é certo, mas é muito provável que Ernesto lhe aceitasse a notícia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "O que ouvi dizer ontem a Aguiar foi no Banco do Sul, aonde tinha ido depositar umas apólices. Esqueceu-me escrever que, à saída, perto da igreja da Candelária, encontrei o desembargador Campos; tinha chegado de Santa-Pia anteontem, à noite, e ia ao Banco levar recados da sobrinha para o Aguiar e para a mulher. Perguntei-lhe se Fidélia ficava lá de vez; respondeu-me que não.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Ou Candelária.", "Tal era a confiança de Ernesto na flor da rua do Conde. Se ela lhe dissesse um dia que tinha na algibeira do vestido uma das torres da Candelária, não é certo, mas é muito provável que Ernesto lhe aceitasse a notícia.", "O que ouvi dizer ontem a Aguiar foi no Banco do Sul, aonde tinha ido depositar umas apólices. Esqueceu-me escrever que, à saída, perto da igreja da Candelária, encontrei o desembargador Campos; tinha chegado de Santa-Pia anteontem, à noite, e ia ao Banco levar recados da sobrinha para o Aguiar e para a mulher. Perguntei-lhe se Fidélia ficava lá de vez; respondeu-me que não." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Nossa%20Sra.%20da%20Gl%C3%B3ria%2C%2026%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020241-180%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro", "description": "A Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro situa-se no topo de um pequeno morro, o Outeiro da Glória, no bairro da Glória, na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. Foi construída entre 1714 e 1730 e, com sua pouco usual planta octogonal, sua rica azulejaria e seu precioso trabalho de cantaria, é considerada uma das joias da arquitetura barroca brasileira. 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Sua construção data de meados do século XVIII. É marcante, em sua arquitetura, o fato de que uma das duas torres jamais foi concluída. Na segunda metade do século XIX, as torres foram cobertas de azulejos, o que empresta à construção um encanto especial.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20da%20Lapa%2C%2011%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020021-180%2C%20Brazil", "lat": "-22.9147789", "long": "-43.1779033", "gn:featureCode": "S.CH", "gn:featureCodeName": "Church", "gn:name": "R. da Lapa, 11 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20021-180, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9147789,-43.1779033" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "- O senhor prega sermões? Por que não vem pregar aqui, na Quaresma? Eu gosto muito de sermões. No ano passado, ouvi dous, na igreja da Lapa, muito bonitos. Não me lembra o nome do padre. Eu, se fosse padre, havia de pregar também. Só não gosto dos latinórios; não entendo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Na manhã seguinte acordei livre das abominações da véspera; chamei-lhes alucinações, tomei café, percorri os jornais e fui estudar uns autos. Capitu e prima Justina saíram para a missa das nove, na Lapa. A figura de Sancha desapareceu inteiramente no meio das alegações da parte adversa, que eu ia lendo nos autos, alegações falsas, inadmissíveis, sem apoio na lei nem nas praxes. Vi que era fácil ganhar a demanda; consultei Dalloz, Pereira e Sousa...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- O senhor prega sermões? Por que não vem pregar aqui, na Quaresma? Eu gosto muito de sermões. No ano passado, ouvi dous, na igreja da Lapa, muito bonitos. Não me lembra o nome do padre. Eu, se fosse padre, havia de pregar também. Só não gosto dos latinórios; não entendo.", "Na manhã seguinte acordei livre das abominações da véspera; chamei-lhes alucinações, tomei café, percorri os jornais e fui estudar uns autos. Capitu e prima Justina saíram para a missa das nove, na Lapa. A figura de Sancha desapareceu inteiramente no meio das alegações da parte adversa, que eu ia lendo nos autos, alegações falsas, inadmissíveis, sem apoio na lei nem nas praxes. Vi que era fácil ganhar a demanda; consultei Dalloz, Pereira e Sousa..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20da%20Penha%2C%2019%20-%20Penha%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2021070-560%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Nossa Senhora da Penha", "description": "A Igreja da Penha, ou Igreja de Nossa Senhora da Penha de França, é um tradicional santuário católico, localizado no alto de um rochedo, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (a região ao seu redor veio a ficar conhecida como bairro da Penha). Devido ao seu difícil acesso, ao fim de uma escadaria de 382 degraus, tornou-se um lugar de peregrinação.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20da%20Penha%2C%2019%20-%20Penha%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2021070-560%2C%20Brazil", "lat": "-22.8443356", "long": "-43.2750271", "gn:featureCode": "S.CH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "Largo da Penha, 19 - Penha, Rio de Janeiro - RJ, 21070-560, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.8443356,-43.2750271" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Outra vez, quando Iaiá ali voltou, já encontrou Jorge, ao pé da enferma. Maria das Dores estava ainda mais contente com a honra da visita do que com a esmola que ele dissimuladamente lhe levara envolvida em um lenço de ramagens. Jorge animava-a, dizia-lhe que ainda iriam à Penha naquele ano. Iaiá parou à porta, espantada e contente.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Outra vez, quando Iaiá ali voltou, já encontrou Jorge, ao pé da enferma. Maria das Dores estava ainda mais contente com a honra da visita do que com a esmola que ele dissimuladamente lhe levara envolvida em um lenço de ramagens. Jorge animava-a, dizia-lhe que ainda iriam à Penha naquele ano. Iaiá parou à porta, espantada e contente." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Mal.%20Guilherme%2C%2060%20-%20Centro%2C%20Florian%C3%B3polis%20-%20SC%2C%2088015-000%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Nossa Senhora do Rosário", "description": "A igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, localiza-se na rua Uruguaiana (antiga rua da Vala), de frente para a rua do Rosário, no Centro do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Mal.%20Guilherme%2C%2060%20-%20Centro%2C%20Florian%C3%B3polis%20-%20SC%2C%2088015-000%2C%20Brazil", "lat": "-22.9036024", "long": "-43.1829474", "gn:featureCode": "S.CH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "R. 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Dentro de poucos meses, tornou-se o maior indagador e sabedor do que se passava nas casas particulares com tanta exação e individuação, que uma sua comadre, assídua devota do Rosário, apesar da fama longamente adquirida, teve de lhe ceder a primazia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Infelizmente, como todo o excesso é vicioso, Custódio Marques, ou por natureza, ou por hábito, transpôs a fronteira de suas atribuições, e passou do exame das medidas ao das vidas alheias, e tanto curava de pesos como de costumes. Dentro de poucos meses, tornou-se o maior indagador e sabedor do que se passava nas casas particulares com tanta exação e individuação, que uma sua comadre, assídua devota do Rosário, apesar da fama longamente adquirida, teve de lhe ceder a primazia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20da%20Rep%C3%BAblica%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Sant'Ana", "description": "A igreja de Sant'Ana (ou Santana) situava-se onde hoje está a estação da Estrada de Ferro Central do Brasil. 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O tio de Rosina deu um sarau a que compareceram os amigos de Ernesto, exceto o rapaz de nariz comprido." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20de%20Santa%20Rita%2C%20s%20/%20n%C2%BA%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-007%2C%20Brazil", "name": "Igreja de Santa Rita", "description": "A Igreja de Santa Rita de Cássia localiza-se no centro da cidade do Rio de Janeiro, no largo de Santa Rita, na confluência das atuais ruas Miguel Couto (antiga rua dos Ourives), Visconde de Inhaúma (antiga rua dos Pescadores) e avenida Marechal Floriano (antiga rua Larga de São Joaquim).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20de%20Santa%20Rita%2C%20s%20/%20n%C2%BA%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-007%2C%20Brazil", "lat": "-22.900395", "long": "-43.18068299999999", "gn:featureCode": "S.CH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "Largo de Santa Rita, s / nº - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20091-007, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.900395,-43.18068299999999" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Um moço sem gosto nenhum à vida eclesiástica pode acabar por ser muito bom padre; tudo é que Deus o determine. Não me quero dar por modelo, mas aqui estou eu que nasci com a vocação da medicina; meu padrinho, que era coadjutor de Santa Rita, teimou com meu pai para que me metesse no seminário; meu pai cedeu. Pois, senhor, tomei tal gosto aos estudos e à companhia dos padres, que acabei ordenando-me. Mas, suponha que não acontecia assim, e que eu não mudava de vocação, o que é que acontecia? Tinha estudado no seminário algumas matérias que é bom saber, e são sempre melhor ensinadas naquelas casas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Um moço sem gosto nenhum à vida eclesiástica pode acabar por ser muito bom padre; tudo é que Deus o determine. Não me quero dar por modelo, mas aqui estou eu que nasci com a vocação da medicina; meu padrinho, que era coadjutor de Santa Rita, teimou com meu pai para que me metesse no seminário; meu pai cedeu. Pois, senhor, tomei tal gosto aos estudos e à companhia dos padres, que acabei ordenando-me. 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Sentia necessidade de evitar qualquer conversação que me desviasse o pensamento do fim a que ia, e era reconciliar-me com Deus, depois do que se passou no capítulo LXVII. Nem era só pedir-lhe perdão do pecado, era também agradecer o restabelecimento de minha mãe, e, visto que digo tudo, fazê-lo renunciar ao pagamento da minha promessa. Jeová, posto que divino, ou por isso mesmo, é um Rothschild muito mais humano, e não faz moratórias, perdoa as dívidas integralmente, uma vez que o devedor queira deveras emendar a vida e cortar nas despesas. Ora, eu não queria outra cousa; dali em diante não faria mais promessas que não pudesse pagar, e pagaria logo as que fizesse.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "No domingo seguinte, D. Fernanda foi à igreja de Santo Antônio dos Pobres. Acabada a missa, viu surgir do movimento dos fiéis que se cumprimentavam entre si, ou saudavam o altar, nada menos que o primo, erecto, risonho, gravemente trajado, estendendo-lhe a mão.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um dos gestos que melhor exprimem a minha essência foi a devoção com que corri no domingo próximo a ouvir missa em Santo Antônio dos Pobres. O agregado quis ir comigo, e principiou a vestir-se, mas era tão lento nos suspensórios e nas presilhas, que não pude esperar por ele. Demais, eu queria estar só. Sentia necessidade de evitar qualquer conversação que me desviasse o pensamento do fim a que ia, e era reconciliar-me com Deus, depois do que se passou no capítulo LXVII. Nem era só pedir-lhe perdão do pecado, era também agradecer o restabelecimento de minha mãe, e, visto que digo tudo, fazê-lo renunciar ao pagamento da minha promessa. Jeová, posto que divino, ou por isso mesmo, é um Rothschild muito mais humano, e não faz moratórias, perdoa as dívidas integralmente, uma vez que o devedor queira deveras emendar a vida e cortar nas despesas. Ora, eu não queria outra cousa; dali em diante não faria mais promessas que não pudesse pagar, e pagaria logo as que fizesse.", "No domingo seguinte, D. Fernanda foi à igreja de Santo Antônio dos Pobres. Acabada a missa, viu surgir do movimento dos fiéis que se cumprimentavam entre si, ou saudavam o altar, nada menos que o primo, erecto, risonho, gravemente trajado, estendendo-lhe a mão." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Igreja de São Domingos", "description": "A igreja de São Domingos, que ficava no largo de mesmo nome, na zona portuária do Rio de Janeiro, foi construída em 1791. 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Pode ser que a corda da sensibilidade fosse menos vibrante na lira dele que na dela, posto que muitos anos atrás, aquele outro gesto no coupé, quando voltavam da missa de São Domingos, lembras-te... Sobre isto escrevi agora algumas linhas, que não ficariam mal, se as acabasse, mas recuo a tempo, e risco-as. Não vale a pena ir à cata das palavras riscadas. Menos vale supri-las.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Item, não posso dizer nada do meu batizado, porque nada me referiram a tal respeito, a não ser que foi uma das mais galhardas festas do ano seguinte, 1806; batizei-me na igreja de São Domingos, uma terça-feira de março, dia claro, luminoso e puro, sendo padrinhos o Coronel Rodrigues de Matos e sua senhora. Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte e honravam deveras o sangue que lhes corria nas veias, outrora derramado na guerra contra Holanda. Cuido que os nomes de ambos foram das primeiras cousas que aprendi; e certamente os dizia com muita graça, ou revelava algum talento precoce, porque não havia pessoa estranha diante de quem me não obrigassem a recitá-los.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Natividade acudiu ao patamar da escada. Santos subiu, e as mãos de ambos estenderam-se e agarraram-se. Longa vida conjunta acaba por fazer da ternura uma cousa grave e espiritual. Entretanto, parece que o gesto do marido não foi original, mas secundário, filho ou imitativo do da mulher. Pode ser que a corda da sensibilidade fosse menos vibrante na lira dele que na dela, posto que muitos anos atrás, aquele outro gesto no coupé, quando voltavam da missa de São Domingos, lembras-te... Sobre isto escrevi agora algumas linhas, que não ficariam mal, se as acabasse, mas recuo a tempo, e risco-as. Não vale a pena ir à cata das palavras riscadas. Menos vale supri-las.", "Item, não posso dizer nada do meu batizado, porque nada me referiram a tal respeito, a não ser que foi uma das mais galhardas festas do ano seguinte, 1806; batizei-me na igreja de São Domingos, uma terça-feira de março, dia claro, luminoso e puro, sendo padrinhos o Coronel Rodrigues de Matos e sua senhora. Um e outro descendiam de velhas famílias do Norte e honravam deveras o sangue que lhes corria nas veias, outrora derramado na guerra contra Holanda. 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Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20S%C3%A3o%20Francisco%20de%20Paula%2C%20s/n%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020051-070%2C%20Brazil", "lat": "-22.9053726", "long": "-43.1806898", "gn:featureCode": "S.CHURCH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "Largo São Francisco de Paula, s/n - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20051-070, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9053726,-43.1806898" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Bem; comece pelas meias pretas, depois virão as roxas. O que eu não quero perder é a sua missa nova; avise-me a tempo para fazer um vestido à moda, saia balão e babados grandes... Mas talvez nesse tempo a moda seja outra. A igreja há de ser grande, Carmo ou São Francisco.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#entre-santos", "headline": "Entre Santos", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Quando eu era capelão de São Francisco de Paula (contava um padre velho) aconteceu-me uma aventura extraordinária.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Santos receava os fuzilamentos; por exemplo, se fuzilassem o imperador, e com ele as pessoas de sociedade? Recordou que o Terror... Aires tirou-lhe o Terror da cabeça. As ocasiões fazem as revoluções, disse ele, sem intenção de rimar, mas gostou que rimasse, para dar forma fixa à ideia. Depois lembrou a índole branda do povo. O povo mudaria de governo, sem tocar nas pessoas. Haveria lances de generosidade. Para provar o que dizia referiu um caso que lhe contara um velho amigo, o marechal Beaurepaire Rohan. Era no tempo da Regência. O imperador fora ao teatro de São Pedro de Alcântara. No fim do espetáculo, o amigo, então moço, ouviu grande rumor do lado da igreja de São Francisco, e correu a saber o que era. Falou a um homem, que bradava indignado, e soube dele que o cocheiro do imperador não tirara o chapéu no momento em que este chegara à porta para entrar no coche; o homem acrescentou: \"Eu sou ré...\" Naquele tempo os republicanos por brevidade eram assim chamados. \"Eu sou ré, mas não consinto que faltem ao respeito a este menino!\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Inglesinha_Barcelos#a-inglesinha-barcelos", "headline": "A Inglesinha Barcelos", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Foi por esse tempo que lhe apareceu um namorado, o único que verdadeiramente a amou, e queria desposá-la; mas tal foi a sorte da moça, ou o seu desazo, que não chegou a falar-lhe nunca. Era um guarda-livros, Arsênio Caldas, que a encontrou uma vez na igreja de São Francisco de Paula, onde fora ouvir uma missa de sétimo dia. Joaninha estava apenas orando. Caldas viu-a ir de altar em altar, ajoelhando-se diante de cada um, e achou-lhe um ar de tristeza que lhe entrou na alma. Os guarda-livros, geralmente, não são romanescos, mas este Caldas era-o, tinha até composto, entre dezesseis e vinte anos, quando era simples ajudante de escrita, alguns versos tristes e lacrimosos, e um breve poema sobre a origem da lua. A lua era uma concha, que perdera a pérola, e todos os meses abria-se toda para receber a pérola; mas a pérola não vinha, porque Deus, que a achara linda, tinha feito dela uma lágrima. Que lágrima? A que ela verteu um dia, por não vê-lo a ele. Que ele e que ela? Ninguém; uma dessas paixões vagas, que atravessam a adolescência, como ensaios de outras mais fixas e concretas. A concepção, entretanto, dava ideia da alma do rapaz, e a imaginação, se não extraordinária, mal se podia crer que viçasse entre o diário e a razão.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/João_Fernandes#joao-fernandes", "headline": "João Fernandes", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Há muitos anos. O sino de São Francisco de Paula bateu duas horas. Desde pouco mais de meia noite deixou este rapaz, João Fernandes, o botequim da rua do Hospício, onde lhe deram chá com torradas, e um charuto, por cinco tostões. João Fernandes desceu pela rua do Ouvidor; na esquina da dos Ourives viu uma patrulha. Na da Quitanda deu com dois caixeiros que conversavam antes de ir cada um para o seu armazém. Não os conhecia, mas presumiu que fossem tais, e acertou; eram ambos moços, quase imberbes. Falavam de amores.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "No largo de São Francisco estava um carro dela, perto da igreja. Íamos da rua do Ouvidor, a dez passos de distância ou pouco mais. Parei na esquina, vi-a caminhar, parar, falar ao cocheiro, entrar no carro, que partiu logo pela travessa, naturalmente para os lados de Botafogo. Quando ia a voltar dei com o moço Tristão, que ainda olhava para o carro, no meio do largo, como se a tivesse visto entrar. Ele vinha agora para a rua do Ouvidor, e também me viu; detive-me à espera. Tristão trazia os olhos deslumbrados, e esta palavra na boca:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Há tempos, no Passeio Público, tomei-lhe de empréstimo um relógio. Tenho a satisfação de restituir-lho com esta carta. A diferença é que não é o mesmo, porém outro, não digo superior, mas igual ao primeiro. Que voulez-vous, monseigneur? – como dizia Fígaro – c'est la misère. Muitas cousas se deram depois do nosso encontro; irei contá-las pelo miúdo, se me não fechar a porta. Saiba que já não trago aquelas botas caducas, nem envergo uma famosa sobrecasaca cujas abas se perdiam na noite dos tempos. Cedi o meu degrau da escada de São Francisco; finalmente, almoço.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Nem por isso deixou Estêvão de ir esperá-la à saída, colocar-se francamente no seu caminho, solicitar-lhe audazmente os olhos e atenção. A família desceu da segunda ordem pela escada do lado de São Francisco; a estreiteza do lugar era excelente. Dava o braço à baronesa um moço de vinte e cinco anos, figura elegante, ainda que um tanto afetada. Desceram todos três e ficaram à espera do carro alguns minutos. Na meia sombra que ali havia destacava-se o rosto marmóreo de Guiomar e a gentileza de seu talhe. Seus grandes olhos vagavam pela multidão, mas não fitavam ninguém. Ela possuía, como nenhuma outra, a arte de gozar, sem as ver, as homenagens da admiração pública.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Ao sétimo dia da morte de D. Maria Augusta, rezou-se a missa de uso, em São Francisco de Paula; Rubião lá foi, lá viu Carlos Maria. Tanto bastou para precipitar a devolução da carta; três dias depois, meteu-a no bolso e correu ao Flamengo. Eram duas horas da tarde. Maria Benedita fora visitar as amigas da vizinhança, que a tinham acompanhando nos primeiros dias de aflição; Sofia estava só, vestida para sair.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Bem; comece pelas meias pretas, depois virão as roxas. O que eu não quero perder é a sua missa nova; avise-me a tempo para fazer um vestido à moda, saia balão e babados grandes... Mas talvez nesse tempo a moda seja outra. A igreja há de ser grande, Carmo ou São Francisco.", "Quando eu era capelão de São Francisco de Paula (contava um padre velho) aconteceu-me uma aventura extraordinária.", "Santos receava os fuzilamentos; por exemplo, se fuzilassem o imperador, e com ele as pessoas de sociedade? Recordou que o Terror... Aires tirou-lhe o Terror da cabeça. As ocasiões fazem as revoluções, disse ele, sem intenção de rimar, mas gostou que rimasse, para dar forma fixa à ideia. Depois lembrou a índole branda do povo. O povo mudaria de governo, sem tocar nas pessoas. Haveria lances de generosidade. Para provar o que dizia referiu um caso que lhe contara um velho amigo, o marechal Beaurepaire Rohan. Era no tempo da Regência. O imperador fora ao teatro de São Pedro de Alcântara. No fim do espetáculo, o amigo, então moço, ouviu grande rumor do lado da igreja de São Francisco, e correu a saber o que era. Falou a um homem, que bradava indignado, e soube dele que o cocheiro do imperador não tirara o chapéu no momento em que este chegara à porta para entrar no coche; o homem acrescentou: \"Eu sou ré...\" Naquele tempo os republicanos por brevidade eram assim chamados. \"Eu sou ré, mas não consinto que faltem ao respeito a este menino!\"", "Foi por esse tempo que lhe apareceu um namorado, o único que verdadeiramente a amou, e queria desposá-la; mas tal foi a sorte da moça, ou o seu desazo, que não chegou a falar-lhe nunca. Era um guarda-livros, Arsênio Caldas, que a encontrou uma vez na igreja de São Francisco de Paula, onde fora ouvir uma missa de sétimo dia. Joaninha estava apenas orando. Caldas viu-a ir de altar em altar, ajoelhando-se diante de cada um, e achou-lhe um ar de tristeza que lhe entrou na alma. Os guarda-livros, geralmente, não são romanescos, mas este Caldas era-o, tinha até composto, entre dezesseis e vinte anos, quando era simples ajudante de escrita, alguns versos tristes e lacrimosos, e um breve poema sobre a origem da lua. A lua era uma concha, que perdera a pérola, e todos os meses abria-se toda para receber a pérola; mas a pérola não vinha, porque Deus, que a achara linda, tinha feito dela uma lágrima. Que lágrima? A que ela verteu um dia, por não vê-lo a ele. Que ele e que ela? Ninguém; uma dessas paixões vagas, que atravessam a adolescência, como ensaios de outras mais fixas e concretas. A concepção, entretanto, dava ideia da alma do rapaz, e a imaginação, se não extraordinária, mal se podia crer que viçasse entre o diário e a razão.", "Há muitos anos. O sino de São Francisco de Paula bateu duas horas. Desde pouco mais de meia noite deixou este rapaz, João Fernandes, o botequim da rua do Hospício, onde lhe deram chá com torradas, e um charuto, por cinco tostões. João Fernandes desceu pela rua do Ouvidor; na esquina da dos Ourives viu uma patrulha. Na da Quitanda deu com dois caixeiros que conversavam antes de ir cada um para o seu armazém. Não os conhecia, mas presumiu que fossem tais, e acertou; eram ambos moços, quase imberbes. Falavam de amores.", "No largo de São Francisco estava um carro dela, perto da igreja. Íamos da rua do Ouvidor, a dez passos de distância ou pouco mais. Parei na esquina, vi-a caminhar, parar, falar ao cocheiro, entrar no carro, que partiu logo pela travessa, naturalmente para os lados de Botafogo. Quando ia a voltar dei com o moço Tristão, que ainda olhava para o carro, no meio do largo, como se a tivesse visto entrar. Ele vinha agora para a rua do Ouvidor, e também me viu; detive-me à espera. Tristão trazia os olhos deslumbrados, e esta palavra na boca:", "Há tempos, no Passeio Público, tomei-lhe de empréstimo um relógio. Tenho a satisfação de restituir-lho com esta carta. A diferença é que não é o mesmo, porém outro, não digo superior, mas igual ao primeiro. Que voulez-vous, monseigneur? – como dizia Fígaro – c'est la misère. Muitas cousas se deram depois do nosso encontro; irei contá-las pelo miúdo, se me não fechar a porta. Saiba que já não trago aquelas botas caducas, nem envergo uma famosa sobrecasaca cujas abas se perdiam na noite dos tempos. Cedi o meu degrau da escada de São Francisco; finalmente, almoço.", "Nem por isso deixou Estêvão de ir esperá-la à saída, colocar-se francamente no seu caminho, solicitar-lhe audazmente os olhos e atenção. A família desceu da segunda ordem pela escada do lado de São Francisco; a estreiteza do lugar era excelente. Dava o braço à baronesa um moço de vinte e cinco anos, figura elegante, ainda que um tanto afetada. Desceram todos três e ficaram à espera do carro alguns minutos. Na meia sombra que ali havia destacava-se o rosto marmóreo de Guiomar e a gentileza de seu talhe. Seus grandes olhos vagavam pela multidão, mas não fitavam ninguém. Ela possuía, como nenhuma outra, a arte de gozar, sem as ver, as homenagens da admiração pública.", "Ao sétimo dia da morte de D. Maria Augusta, rezou-se a missa de uso, em São Francisco de Paula; Rubião lá foi, lá viu Carlos Maria. Tanto bastou para precipitar a devolução da carta; três dias depois, meteu-a no bolso e correu ao Flamengo. Eram duas horas da tarde. Maria Benedita fora visitar as amigas da vizinhança, que a tinham acompanhando nos primeiros dias de aflição; Sofia estava só, vestida para sair." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pres.%20Ant%C3%B4nio%20Carlos%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2002155-000%2C%20Brazil", "name": "Igreja de São José", "description": "A igreja de São José localiza-se na atual avenida Presidente Antônio Carlos, no centro do Rio de Janeiro. No início do século XVII havia uma pequena capela, então vizinha do mar, com frente para a rua da Misericórdia. 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Margarida sorria encantada para ele, e aceitou os meus cumprimentos sem a menor reminiscência do passado... Sorriu também para mim, como qualquer outra noiva. Um tiro que levasse a vida ao meu amigo seria duro para mim, far-me-ia padecer muito e longo; mas houve um minuto, não me recordo bem qual, ao entrar ou sair da igreja, ou no altar, ou em casa, minuto houve em que, se ele cai ali com umas cãibras, eu não amaldiçoaria o céu. Expliquem-me isto. 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Recorreu ainda a mais dous amigos suplementares; mas um partira na véspera para Iguaçu e o outro estava destacado na Fortaleza de São João, como alferes da Guarda Nacional.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "Vieram os parentes de Iguaçu; o tio major propôs uma viagem à Europa; ele porém recusou.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Não se pense que tudo isso foi tão fácil como aí fica escrito. Na prática, vieram os óbices, amofinações, saudades, rebeliões de Maria Benedita. Dezoito dias depois da volta da mãe à fazenda, quis ir visitá-la, e a prima acompanhou-a; estiveram lá uma semana. A mãe, dous meses depois, veio passar uns dias aqui. Sofia acostumava habilmente a prima às distrações da cidade, teatros, visitas, passeios, reuniões em casa, vestidos novos, chapéus lindos, joias. Maria Benedita era mulher, posto que mulher esquisita; gostou de tais cousas, mas tinha para si que, logo que quisesse, podia arrebentar todos esses liames, e andar para a roça. A roça vinha ter com ela, às vezes, em sonho ou simples devaneio. Depois dos primeiros saraus, quando voltava para casa, não eram as sensações da noite que lhe enchiam a alma, eram as saudades de Iguaçu. Cresciam-lhe mais a certas horas do dia, quando a quietação da casa e da rua era completa. Então batia as asas para a varanda da velha casa, onde bebia café, ao pé da mãe; pensava na escravaria, nos móveis antigos, nas bonitas chinelas que lhe mandara o padrinho, um fazendeiro rico de São João d'El-Rei - e que lá ficaram em casa. 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Havia decerto uma paixão, solitária e desatendida.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "De todas as pessoas da casa da baronesa, a primeira que reparou na indiferença com que Guiomar tratara Estêvão foi Mrs. Oswald. A sagaz inglesa afivelou a máscara mais impassível que trouxera das ilhas britânicas e não os perdeu de vista. Nem da primeira nem da segunda vez viu nada mais que os olhos dele, que solicitavam os dela, e os dela que pareciam surdos. 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Tinha então cinquenta e quatro anos, era uma ruína, uma imponente ruína. Imagine o leitor que nos amamos, ela e eu, muitos anos antes, e que um dia, já enfermo, vejo-a assomar à porta da alcova...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Com esta reflexão me despedi eu da mulher, não direi mais discreta, mas com certeza mais formosa entre as contemporâneas suas, a anônima do primeiro capítulo, a tal, cuja imaginação à semelhança das cegonhas do Ilisso... Tinha então cinquenta e quatro anos, era uma ruína, uma imponente ruína. Imagine o leitor que nos amamos, ela e eu, muitos anos antes, e que um dia, já enfermo, vejo-a assomar à porta da alcova..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Brazil", "name": "Império do Brasil", "description": "O Segundo Império (ou Segundo Reinado) brasileiro durou de 1840, quando foi declarada a maioridade de D. Pedro II, a 1889, quando foi proclamada a República.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Brazil", "lat": "-10", "long": "-55", "gn:featureCode": "PCLI", "gn:featureCodeName": "independent political entity", "gn:name": "Brazil", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3469034/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "E teimou com o Dr. Leão para contar tudo, acrescentando que nunca ouvira nada tão extraordinário. Note-se que o tabelião presumia ser lido em histórias antigas, e passava na vila por um dos homens mais ilustrados do Império; não obstante, estava pasmado. Ele contou ali mesmo, entre dous goles de café, o caso de Matusalém, que viveu novecentos e sessenta e nove anos, e o de Lameque, que morreu com setecentos e setenta e sete; mas, explicou logo, porque era um espírito forte, que esses e outros exemplos da cronologia hebraica não tinham fundamento científico...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E teimou com o Dr. Leão para contar tudo, acrescentando que nunca ouvira nada tão extraordinário. Note-se que o tabelião presumia ser lido em histórias antigas, e passava na vila por um dos homens mais ilustrados do Império; não obstante, estava pasmado. Ele contou ali mesmo, entre dous goles de café, o caso de Matusalém, que viveu novecentos e sessenta e nove anos, e o de Lameque, que morreu com setecentos e setenta e sete; mas, explicou logo, porque era um espírito forte, que esses e outros exemplos da cronologia hebraica não tinham fundamento científico..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/India", "name": "Índia", "description": "A Índia é um país da Ásia, situado entre o mar da Arábia e o golfo de Bengala, constituindo-se como uma enorme península no Oceano Índico. É uma república constituída por um sistema de democracia parlamentar. Caracteriza-se pela diversidade cultural e é uma sociedade multilíngue, composta por diferentes etnias e religiões. A partir do século XV estabeleceu relações comerciais com os europeus, que comercializavam os produtos indianos no Ocidente. Em meados do século XIX, o país era uma colônia britânica, só se tornando independente em 1947, após uma luta marcada pela resistência pacífica.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/India", "lat": "22", "long": "79", "gn:featureCode": "PCLI", "gn:featureCodeName": "independent political entity", "gn:name": "India", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/1269750/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "E, se era joia, dizia isto a contemplá-la entre os dedos, a procurar melhor luz, a ensaiá-la em si, e a rir, e a beijar-me com uma reincidência impetuosa e sincera; mas, protestando, derramava-se-lhe a felicidade dos olhos, e eu sentia-me feliz com vê-la assim. Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia obter; Marcela juntava-as todas dentro de uma caixinha de ferro, cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava; escondia-a por medo dos escravos. A casa em que morava, nos Cajueiros, era própria. Eram sólidos e bons os móveis, de jacarandá lavrado, e todas as demais alfaias, espelhos, jarras, baixela - uma linda baixela da Índia, que lhe doara um desembargador. Baixela do diabo, deste-me grandes repelões aos nervos. Disse-o muita vez à própria dona; não lhe dissimulava o tédio que me faziam esses e outros despojos dos seus amores de antanho. Ela ouvia-me e ria, com uma expressão cândida - cândida e outra cousa, que eu nesse tempo não entendia bem; mas agora, relembrando o caso, penso que era um riso misto, como devia ter a criatura que nascesse, por exemplo, de uma bruxa de Shakespeare com um serafim de Klopstock. Não sei se me explico. E porque tinha notícia dos meus zelos tardios, parece que gostava de os açular mais. Assim foi que um dia, como eu lhe não pudesse dar certo colar, que ela vira num joalheiro, retorquiu-me que era um simples gracejo, que o nosso amor não precisava de tão vulgar estímulo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E, se era joia, dizia isto a contemplá-la entre os dedos, a procurar melhor luz, a ensaiá-la em si, e a rir, e a beijar-me com uma reincidência impetuosa e sincera; mas, protestando, derramava-se-lhe a felicidade dos olhos, e eu sentia-me feliz com vê-la assim. Gostava muito das nossas antigas dobras de ouro, e eu levava-lhe quantas podia obter; Marcela juntava-as todas dentro de uma caixinha de ferro, cuja chave ninguém nunca jamais soube onde ficava; escondia-a por medo dos escravos. A casa em que morava, nos Cajueiros, era própria. Eram sólidos e bons os móveis, de jacarandá lavrado, e todas as demais alfaias, espelhos, jarras, baixela - uma linda baixela da Índia, que lhe doara um desembargador. Baixela do diabo, deste-me grandes repelões aos nervos. Disse-o muita vez à própria dona; não lhe dissimulava o tédio que me faziam esses e outros despojos dos seus amores de antanho. Ela ouvia-me e ria, com uma expressão cândida - cândida e outra cousa, que eu nesse tempo não entendia bem; mas agora, relembrando o caso, penso que era um riso misto, como devia ter a criatura que nascesse, por exemplo, de uma bruxa de Shakespeare com um serafim de Klopstock. Não sei se me explico. E porque tinha notícia dos meus zelos tardios, parece que gostava de os açular mais. 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Não conhece o autor; este nome de Brás Cubas não vem nos seus dicionários biográficos. Achou o volume, por acaso, no pardieiro de um alfarrabista. Comprou-o por duzentos réis. Indagou, pesquisou, esgaravatou, e veio a descobrir que era um exemplar único... único! Vós, que não só amais os livros, senão que padeceis a mania deles, vós sabeis mui bem o valor desta palavra, e adivinhais, portanto, as delícias de meu bibliômano. Ele rejeitaria a coroa das Índias, o papado, todos os museus da Itália e da Holanda, se os houvesse de trocar por esse único exemplar; e não porque seja o das minhas Memórias; faria a mesma cousa com o Almanaque de Laemmert, uma vez que fosse único.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "É um bibliômano. Não conhece o autor; este nome de Brás Cubas não vem nos seus dicionários biográficos. Achou o volume, por acaso, no pardieiro de um alfarrabista. Comprou-o por duzentos réis. Indagou, pesquisou, esgaravatou, e veio a descobrir que era um exemplar único... único! 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Inglaterra, País de Gales e Escócia formam a ilha denominada Grã-Bretanha, situada no Oceano Atlântico, no oeste da Europa. A capital da Inglaterra (e do Reino Unido) é a cidade de Londres. O país foi uma grande potência industrial e colonial até meados do século XX. É uma monarquia constitucional e uma democracia parlamentar.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/London", "lat": "51.50853", "long": "-0.12574", "gn:featureCode": "PPLC", "gn:featureCodeName": "capital of a political entity", "gn:name": "London", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2643743/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#capitulo-dos-chapeus", "headline": "Capítulo dos Chapéus", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Mariana continuava a abanar a cabeça. Não tinha ido às corridas naquele ano. Pois perdera muito, a penúltima, principalmente; esteve animadíssima, e os cavalos eram de primeira ordem. As de Epsom, que ele vira, quando esteve em Inglaterra, não eram melhores do que a penúltima do Prado Fluminense. E Sofia dizia que sim, que realmente a penúltima corrida honrava o Jockey Club. Confessou que gostava muito; dava emoções fortes. A conversação descambou em dous concertos daquela semana; depois tomou a barca, subiu a serra e foi a Petrópolis, onde dous diplomatas lhe fizeram as despesas da estadia. Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-emprestimo", "headline": "O Empréstimo", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- O negócio é excelente, note-se bem; um negócio magnífico. Nem eu me metia a incomodar os outros sem certeza do resultado. A cousa está pronta; foram já encomendas para a Inglaterra; e é provável que dentro de dois meses esteja tudo montado, é uma indústria nova. Somos três sócios, a minha parte são cinco contos. Venho pedir-lhe esta quantia, a seis meses - ou a três, com juro módico...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#luis-soares", "headline": "Luís Soares", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Não afirmo que entre as duas fases da existência de Luís Soares não houvesse algum elo de união, e que o emigrante das terras de Gnido não fizesse de quando em quando alguma excursão à pátria. Em todo o caso essas excursões eram tão secretas que ninguém sabia delas, nem talvez os habitantes das referidas terras, com exceção dos poucos escolhidos para receberem o expatriado. O caso era singular, porque naquele país não se reconhece o cidadão naturalizado estrangeiro, ao contrário da Inglaterra, que não dá aos súditos da rainha o direito de escolherem outra pátria.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Outro assunto que nos prendeu também, menos que ela, foi a política, não a de cá nem a de lá, mas a de além e de outras línguas. Tristão assistiu à Comuna, em França, e parece ter temperamento conservador fora da Inglaterra; em Inglaterra é liberal; na Itália continua latino. Tudo se pega e se ajusta naquele espírito diverso. O que lhe notei bem é que em qualquer parte gosta da política. Vê-se que nasceu em terra dela e vive em terra dela. Também se vê que não conhece a política do ódio, nem saberá perseguir; em suma, um bom rapaz, não me canso de o escrever, nem o calaria agora que ele vai casar; todos os noivos são bons rapazes.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Já agora acabo com as cousas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. Neste ponto, conquanto trouxesse as ideias políticas um pouco baralhadas, consegui organizar e formular o governo de suas preferências: era um despotismo temperado, não por cantigas - como dizem alhures -, mas por penachos da Guarda Nacional. Só não pude alcançar se ele queria o despotismo de um, de três, de trinta ou de trezentos. Opinava por várias cousas, entre outras, o desenvolvimento do tráfico dos africanos e a expulsão dos ingleses. Gostava muito de teatro; logo que chegou foi ao Teatro de São Pedro, onde viu um drama soberbo, a Maria Joana, e uma comédia muito interessante, Kettly, ou a volta à Suíça. Também gostara muito da Deperini, na Safo, ou na Ana Bolena, não se lembrava bem. Mas a Candiani! Sim, senhor, era papa-fina. Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... - E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz. No Norte essas cousas chegavam como um eco. A filha morria por ouvir todas as óperas. Tinha uma voz muito mimosa, a filha. E gosto, muito gosto. Ah! Ele estava ansioso por voltar ao Rio de Janeiro. Já havia corrido a cidade toda, com umas saudades... Palavra! Em alguns lugares teve vontade de chorar. Mas não embarcaria mais. Enjoara muito a bordo, como todos os outros passageiros, exceto um inglês... Que os levasse o diabo, os ingleses! Isto não ficava direito sem irem todos eles barra fora. Que é que a Inglaterra podia fazer-nos? Se ele encontrasse algumas pessoas de boa vontade, era obra de uma noite a expulsão de tais godemes... Graças a Deus, tinha patriotismo - e batia no peito -, o que não admirava porque era de família, descendia de um antigo capitão-mor muito patriota. Sim, não era nenhum pé-rapado. Viesse a ocasião, e ele havia de mostrar de que pau era a canoa... Mas fazia-se tarde, ia dizer que eu não faltaria ao jantar, e lá me esperava para maior palestra. Levei-o até a porta da sala; ele parou dizendo que simpatizava muito comigo. Quando casara, estava eu na Europa. Conheceu meu pai, um homem às direitas, com quem dançara num célebre baile da Praia Grande... Coisas! Coisas! Falaria depois, fazia-se tarde, tinha de ir levar a resposta ao Cotrim. Saiu; fechei-lhe a porta...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do Reino Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o poeta Tennyson de cor e ler Lamartine no original; se souber o português deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoutos para acudir às urgências do estômago. A sua fala deve ser um murmúrio de harpa eólia; o seu amor, um desmaio, a sua vida, uma contemplação, a sua morte, um suspiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "A notícia do acontecimento foi transmitida ao pai com o pedido de uma licença para ir ver outras terras da Europa. Obteve a licença, e saiu de Paris para visitar a Itália, a Suíça, a Alemanha e a Inglaterra. No fim de alguns meses estava outra vez na grande capital, e aí reatou o fio da sua antiga existência, já livre então de cuidados estranhos e aborrecidos. A escala toda dos prazeres sensuais e frívolos foi percorrida por este esperançoso mancebo com uma sofreguidão que parecia antes suicídio. Seus amigos eram numerosos, solícitos e constantes; alguns não duvidavam dar-lhe a honra de o constituir seu credor. Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "É de saber que tinham decorrido oito meses desde o princípio do capítulo anterior, e muita cousa estava mudada. Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à rua da Alfândega, sob a firma Palha & Cia. Era o negócio que este ia propor-lhe, naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. Apesar de fácil, Rubião recuou algum tempo. Pediam-lhe uns bons pares de contos de réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. Demais, os gastos particulares eram já grandes; o capital precisava do regímen do bom juro e alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as carnes primitivas. O regímen que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia cousas extraordinárias, aconselhava ao amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicá-lo. Se tinha medo, era diferente; ele, Palha, faria o negócio com John Roberts, sócio que foi da casa Wilkinson, fundada em 1844, cujo chefe voltou para a Inglaterra, e era agora membro do Parlamento.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_sainete#o-sainete", "headline": "O Sainete", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Pelas quatro horas da tarde, apareceu-lhe um alívio, debaixo da forma de um colega seu, que lhe propôs ir clinicar em Carangola, de onde recebera cartas muito animadoras. Maciel aceitou com ambas as mãos o oferecimento. Carangola nunca entrara no itinerário de suas ambições; é até possível que naquele momento ele não pudesse dizer a situação exata da localidade. Mas aceitou Carangola, como aceitaria a coroa de Inglaterra ou as pérolas todas de Ceilão.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Sales, rindo, disse-lhe que ainda havia de arrepender-se, mas que ele lhe daria um perdão \"de rendas\", nova espécie de perdão, mais eficaz que nenhum outro. Desfez-se do escritório e dos empregados, sem tristeza; chegou a esquecer-se de pedir luvas ao novo inquilino da casa. Pensava em cousa diferente. Cálculos passados, esperanças ainda recentes eram cousas em que parecia não haver cuidado nunca. Debruçava-se-lhe do olho luminoso uma ideia nova. Uma noite, estando em passeio com a mulher, confiou-lhe que era indispensável ir à Europa, viagem de seis meses apenas. Iriam ambos, com economia... Legazinha ficou fulminada. Em casa respondeu-lhe que nem ela iria, nem consentiria que ele fosse. Para quê? Algum novo sonho. Sales afirmou-lhe que era uma simples viagem de estudo, França, Inglaterra, Bélgica, a indústria das rendas. Uma grande fábrica de rendas; o Brasil dando malinas e bruxelas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_quarto_de_século#um-quarto-de-seculo", "headline": "Um Quarto de Século", "genre": "Conto", "datePublished": "1893", "text": "Meteu-se no aposento de solteiro, agora de viúvo, sempre de solitário. Nada alterou na casa, em cima, onde almoçava e jantava. Fez no ano seguinte outra viagem à Europa, muito mais alegre, como um pássaro livre. Gostava da lufa-lufa de estradas de ferro, de hotéis, de teatros, de revistas militares, boulevards; foi à França, foi à Inglaterra, à Alemanha, e voltou o mesmo velho petimetre. Vinte e quatro horas depois de chegado, estava no cemitério, visitando a sepultura da mulher. Deu-lhe um mausoléu rico e belo, obra de um escultor italiano, e continuou a visitá-la naquele palácio último. Os empregados do cemitério já o conheciam.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mariana continuava a abanar a cabeça. Não tinha ido às corridas naquele ano. Pois perdera muito, a penúltima, principalmente; esteve animadíssima, e os cavalos eram de primeira ordem. As de Epsom, que ele vira, quando esteve em Inglaterra, não eram melhores do que a penúltima do Prado Fluminense. E Sofia dizia que sim, que realmente a penúltima corrida honrava o Jockey Club. Confessou que gostava muito; dava emoções fortes. A conversação descambou em dous concertos daquela semana; depois tomou a barca, subiu a serra e foi a Petrópolis, onde dous diplomatas lhe fizeram as despesas da estadia. Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "- O negócio é excelente, note-se bem; um negócio magnífico. Nem eu me metia a incomodar os outros sem certeza do resultado. A cousa está pronta; foram já encomendas para a Inglaterra; e é provável que dentro de dois meses esteja tudo montado, é uma indústria nova. Somos três sócios, a minha parte são cinco contos. Venho pedir-lhe esta quantia, a seis meses - ou a três, com juro módico...", "Não afirmo que entre as duas fases da existência de Luís Soares não houvesse algum elo de união, e que o emigrante das terras de Gnido não fizesse de quando em quando alguma excursão à pátria. Em todo o caso essas excursões eram tão secretas que ninguém sabia delas, nem talvez os habitantes das referidas terras, com exceção dos poucos escolhidos para receberem o expatriado. O caso era singular, porque naquele país não se reconhece o cidadão naturalizado estrangeiro, ao contrário da Inglaterra, que não dá aos súditos da rainha o direito de escolherem outra pátria.", "Outro assunto que nos prendeu também, menos que ela, foi a política, não a de cá nem a de lá, mas a de além e de outras línguas. Tristão assistiu à Comuna, em França, e parece ter temperamento conservador fora da Inglaterra; em Inglaterra é liberal; na Itália continua latino. Tudo se pega e se ajusta naquele espírito diverso. O que lhe notei bem é que em qualquer parte gosta da política. Vê-se que nasceu em terra dela e vive em terra dela. Também se vê que não conhece a política do ódio, nem saberá perseguir; em suma, um bom rapaz, não me canso de o escrever, nem o calaria agora que ele vai casar; todos os noivos são bons rapazes.", "Já agora acabo com as cousas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. Neste ponto, conquanto trouxesse as ideias políticas um pouco baralhadas, consegui organizar e formular o governo de suas preferências: era um despotismo temperado, não por cantigas - como dizem alhures -, mas por penachos da Guarda Nacional. Só não pude alcançar se ele queria o despotismo de um, de três, de trinta ou de trezentos. Opinava por várias cousas, entre outras, o desenvolvimento do tráfico dos africanos e a expulsão dos ingleses. Gostava muito de teatro; logo que chegou foi ao Teatro de São Pedro, onde viu um drama soberbo, a Maria Joana, e uma comédia muito interessante, Kettly, ou a volta à Suíça. Também gostara muito da Deperini, na Safo, ou na Ana Bolena, não se lembrava bem. Mas a Candiani! Sim, senhor, era papa-fina. Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... - E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz. No Norte essas cousas chegavam como um eco. A filha morria por ouvir todas as óperas. Tinha uma voz muito mimosa, a filha. E gosto, muito gosto. Ah! Ele estava ansioso por voltar ao Rio de Janeiro. Já havia corrido a cidade toda, com umas saudades... Palavra! Em alguns lugares teve vontade de chorar. Mas não embarcaria mais. Enjoara muito a bordo, como todos os outros passageiros, exceto um inglês... Que os levasse o diabo, os ingleses! Isto não ficava direito sem irem todos eles barra fora. Que é que a Inglaterra podia fazer-nos? Se ele encontrasse algumas pessoas de boa vontade, era obra de uma noite a expulsão de tais godemes... Graças a Deus, tinha patriotismo - e batia no peito -, o que não admirava porque era de família, descendia de um antigo capitão-mor muito patriota. Sim, não era nenhum pé-rapado. Viesse a ocasião, e ele havia de mostrar de que pau era a canoa... Mas fazia-se tarde, ia dizer que eu não faltaria ao jantar, e lá me esperava para maior palestra. Levei-o até a porta da sala; ele parou dizendo que simpatizava muito comigo. Quando casara, estava eu na Europa. Conheceu meu pai, um homem às direitas, com quem dançara num célebre baile da Praia Grande... Coisas! Coisas! Falaria depois, fazia-se tarde, tinha de ir levar a resposta ao Cotrim. Saiu; fechei-lhe a porta...", "Se o leitor é rapaz e dado ao gênio melancólico, imagina que Miss Dollar é uma inglesa pálida e delgada, escassa de carnes e de sangue, abrindo à flor do rosto dous grandes olhos azuis e sacudindo ao vento umas longas tranças louras. A moça em questão deve ser vaporosa e ideal como uma criação de Shakespeare; deve ser o contraste do roastbeef britânico, com que se alimenta a liberdade do Reino Unido. Uma tal Miss Dollar deve ter o poeta Tennyson de cor e ler Lamartine no original; se souber o português deve deliciar-se com a leitura dos sonetos de Camões ou os Cantos de Gonçalves Dias. O chá e o leite devem ser a alimentação de semelhante criatura, adicionando-se-lhe alguns confeitos e biscoutos para acudir às urgências do estômago. A sua fala deve ser um murmúrio de harpa eólia; o seu amor, um desmaio, a sua vida, uma contemplação, a sua morte, um suspiro.", "A notícia do acontecimento foi transmitida ao pai com o pedido de uma licença para ir ver outras terras da Europa. Obteve a licença, e saiu de Paris para visitar a Itália, a Suíça, a Alemanha e a Inglaterra. No fim de alguns meses estava outra vez na grande capital, e aí reatou o fio da sua antiga existência, já livre então de cuidados estranhos e aborrecidos. A escala toda dos prazeres sensuais e frívolos foi percorrida por este esperançoso mancebo com uma sofreguidão que parecia antes suicídio. Seus amigos eram numerosos, solícitos e constantes; alguns não duvidavam dar-lhe a honra de o constituir seu credor. Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien.", "É de saber que tinham decorrido oito meses desde o princípio do capítulo anterior, e muita cousa estava mudada. Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à rua da Alfândega, sob a firma Palha & Cia. Era o negócio que este ia propor-lhe, naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. Apesar de fácil, Rubião recuou algum tempo. Pediam-lhe uns bons pares de contos de réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. Demais, os gastos particulares eram já grandes; o capital precisava do regímen do bom juro e alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as carnes primitivas. O regímen que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia cousas extraordinárias, aconselhava ao amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicá-lo. Se tinha medo, era diferente; ele, Palha, faria o negócio com John Roberts, sócio que foi da casa Wilkinson, fundada em 1844, cujo chefe voltou para a Inglaterra, e era agora membro do Parlamento.", "Pelas quatro horas da tarde, apareceu-lhe um alívio, debaixo da forma de um colega seu, que lhe propôs ir clinicar em Carangola, de onde recebera cartas muito animadoras. Maciel aceitou com ambas as mãos o oferecimento. Carangola nunca entrara no itinerário de suas ambições; é até possível que naquele momento ele não pudesse dizer a situação exata da localidade. Mas aceitou Carangola, como aceitaria a coroa de Inglaterra ou as pérolas todas de Ceilão.", "Sales, rindo, disse-lhe que ainda havia de arrepender-se, mas que ele lhe daria um perdão \"de rendas\", nova espécie de perdão, mais eficaz que nenhum outro. Desfez-se do escritório e dos empregados, sem tristeza; chegou a esquecer-se de pedir luvas ao novo inquilino da casa. Pensava em cousa diferente. Cálculos passados, esperanças ainda recentes eram cousas em que parecia não haver cuidado nunca. Debruçava-se-lhe do olho luminoso uma ideia nova. Uma noite, estando em passeio com a mulher, confiou-lhe que era indispensável ir à Europa, viagem de seis meses apenas. Iriam ambos, com economia... Legazinha ficou fulminada. Em casa respondeu-lhe que nem ela iria, nem consentiria que ele fosse. Para quê? Algum novo sonho. Sales afirmou-lhe que era uma simples viagem de estudo, França, Inglaterra, Bélgica, a indústria das rendas. Uma grande fábrica de rendas; o Brasil dando malinas e bruxelas.", "Meteu-se no aposento de solteiro, agora de viúvo, sempre de solitário. Nada alterou na casa, em cima, onde almoçava e jantava. Fez no ano seguinte outra viagem à Europa, muito mais alegre, como um pássaro livre. Gostava da lufa-lufa de estradas de ferro, de hotéis, de teatros, de revistas militares, boulevards; foi à França, foi à Inglaterra, à Alemanha, e voltou o mesmo velho petimetre. Vinte e quatro horas depois de chegado, estava no cemitério, visitando a sepultura da mulher. Deu-lhe um mausoléu rico e belo, obra de um escultor italiano, e continuou a visitá-la naquele palácio último. 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Carlyle descobriu o dos coletes, ou, mais propriamente, o do vestuário; e ninguém ignora que os números, muito antes da loteria do Ipiranga, formavam o sistema de Pitágoras. Pela minha parte creio ter decifrado este caso de empréstimo; ides ver se me engano.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vou divulgar uma anedota, mas uma anedota no genuíno sentido do vocábulo, que o vulgo ampliou às historietas de pura invenção. Esta é verdadeira; podia citar algumas pessoas que a sabem tão bem como eu. Nem ela andou recôndita, senão por falta de um espírito repousado, que lhe achasse a filosofia. Como deveis saber, há em todas as cousas um sentido filosófico. Carlyle descobriu o dos coletes, ou, mais propriamente, o do vestuário; e ninguém ignora que os números, muito antes da loteria do Ipiranga, formavam o sistema de Pitágoras. 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Quintília recebeu-me triste da minha tristeza, e vi claramente que o meu luto passara aos olhos dela...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Estupefação dos ouvintes, que eram dous, o coronel Bertioga, e o tabelião da vila, João Linhares. A vila era na província fluminense; suponhamos Itaboraí ou Sapucaia. Quanto à data, não tenho dúvida em dizer que foi no ano de 1855, uma noite de novembro, escura como breu, quente como um forno, passante de nove horas. Tudo silêncio. O lugar em que os três estavam era a varanda que dava para o terreiro. Um lampião de luz frouxa, pendurado de um prego, sublinhava a escuridão exterior. De quando em quando, gania um seco e áspero vento, mesclando-se ao som monótono de uma cachoeira próxima. Tal era o quadro e o momento, quando o Dr. Leão insistiu nas primeiras palavras da narrativa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Obrigado; era mais profunda a causa da diferença, e a diferença ia-se acentuando com os tempos. Quando a vida cá embaixo a aborrecia muito, ia para o Cosme Velho, e ali as nossas conversações eram mais frequentes e compridas. Não lhe posso dizer, nem o senhor compreenderia nada, o que foram as horas que ali passei, incorporando na minha vida toda a vida que jorrava dela. Muitas vezes quis dizer-lhe o que sentia, mas as palavras tinham medo e ficavam no coração. Escrevi cartas sobre cartas; todas me pareciam frias, difusas, ou inchadas de estilo. Demais, ela não dava ensejo a nada, tinha um ar de velha amiga. No princípio de 1857 adoeceu meu pai em Itaboraí; corri a vê-lo, achei-o moribundo. Este fato reteve-me fora da Corte uns quatro meses. Voltei pelos fins de maio. 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O barbeiro confessou que o novo governo não tinha ainda por si a confiança dos principais da vila, mas o alienista podia fazer muito nesse ponto. O governo, concluiu o barbeiro, folgaria se pudesse contar, não já com a simpatia, senão com a benevolência do mais alto espírito de Itaguaí, e seguramente do reino. Mas nada disso alterava a nobre e austera fisionomia daquele grande homem, que ouvia calado, sem desvanecimento nem modéstia, mas impassível como um deus de pedra.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Minha mãe era boa criatura. Quando lhe morreu o marido, Pedro de Albuquerque Santiago, contava trinta e um anos de idade, e podia voltar para Itaguaí. Não quis; preferiu ficar perto da igreja em que meu pai fora sepultado. Vendeu a fazendola e os escravos, comprou alguns que pôs ao ganho ou alugou, uma dúzia de prédios, certo número de apólices, e deixou-se estar na casa de Matacavalos, onde vivera os dous últimos anos de casada. Era filha de uma senhora mineira, descendente de outra paulista, a família Fernandes.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E em seguida declarou que o alvitre lhe não parecia bom, mas que ele ia catar algum outro, e dentro de poucos dias lhe daria resposta. E fez-lhe várias perguntas acerca dos sucessos da véspera, ataque, defesa, adesão dos dragões, resistência da Câmara, etc., ao que o barbeiro ia respondendo com grande abundância, insistindo principalmente no descrédito em que a Câmara caíra. O barbeiro confessou que o novo governo não tinha ainda por si a confiança dos principais da vila, mas o alienista podia fazer muito nesse ponto. 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Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. Na manhã do dia em que morreu ainda ouviu ler os jornais, e num deles uma pequena comunicação relativamente à sua moléstia, o que de algum modo pareceu reanimá-lo. 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Mas, em que é que essas pequenas excursões em terra estranha lhe faziam perder o amor da pátria, ou, menos figuradamente, em que é que essas expansões miúdas do sentimento diminuíam o número e a paixão das cartas que mandava a Beatriz?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. 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Também se vê que não conhece a política do ódio, nem saberá perseguir; em suma, um bom rapaz, não me canso de o escrever, nem o calaria agora que ele vai casar; todos os noivos são bons rapazes.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Jumento de uma figa, cortaste-me o fio às reflexões. Já agora não digo o que pensei dali até Lisboa, nem o que fiz em Lisboa, na península e em outros lugares da Europa, da velha Europa, que nesse tempo parecia remoçar. Não, não direi que assisti às alvoradas do romantismo, que também eu fui fazer poesia efetiva no regaço da Itália; não direi cousa nenhuma. 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Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_partida#uma-partida", "headline": "Uma Partida", "genre": "Conto", "datePublished": "1892", "text": "Góis teve um dia a ideia de propor a D. Paula que deixassem o Rio de Janeiro e o Brasil, e fossem para qualquer país do mundo - os Estados Unidos da América do Norte, se ela quisesse, ou qualquer recanto da Itália. A própria França, Paris era um mundo em que ninguém mais daria por eles.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Esta Clarinha, que entra em cena sem se fazer anunciar, era uma sobrinha de D. Joaquina, e portanto prima de Jorge. 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Glória está morta para que você saia do seminário.", "Morreu-lhe a mulher em 1878. Ela pediu-lhe que a enterrasse sem aparato, e ele assim o fez, porque a amava deveras e tinha a sua última vontade como um decreto do céu. Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. 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Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi.", "Outro assunto que nos prendeu também, menos que ela, foi a política, não a de cá nem a de lá, mas a de além e de outras línguas. Tristão assistiu à Comuna, em França, e parece ter temperamento conservador fora da Inglaterra; em Inglaterra é liberal; na Itália continua latino. Tudo se pega e se ajusta naquele espírito diverso. O que lhe notei bem é que em qualquer parte gosta da política. Vê-se que nasceu em terra dela e vive em terra dela. Também se vê que não conhece a política do ódio, nem saberá perseguir; em suma, um bom rapaz, não me canso de o escrever, nem o calaria agora que ele vai casar; todos os noivos são bons rapazes.", "Jumento de uma figa, cortaste-me o fio às reflexões. Já agora não digo o que pensei dali até Lisboa, nem o que fiz em Lisboa, na península e em outros lugares da Europa, da velha Europa, que nesse tempo parecia remoçar. Não, não direi que assisti às alvoradas do romantismo, que também eu fui fazer poesia efetiva no regaço da Itália; não direi cousa nenhuma. Teria de escrever um diário de viagem e não umas memórias, como estas são, nas quais só entra a substância da vida.", "A notícia do acontecimento foi transmitida ao pai com o pedido de uma licença para ir ver outras terras da Europa. Obteve a licença, e saiu de Paris para visitar a Itália, a Suíça, a Alemanha e a Inglaterra. 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Não lhe importava, em suma, que o rapaz acabasse clérigo, advogado ou médico, ou outra qualquer cousa, vadio que fosse; mas o pior é que lhe cometiam uma luta ingente com os sentimentos mais íntimos do compadre, sem certeza do resultado; e, se este fosse negativo, outra luta com Sinhá Rita, cuja última palavra era ameaçadora: \"digo-lhe que ele não volta\". Tinha de haver por força um escândalo. João Carneiro estava com a pupila desvairada, a pálpebra trêmula, o peito ofegante. Os olhares que deitava a Sinhá Rita eram de súplica, mesclados de um tênue raio de censura. Por que lhe não pedia outra cousa? Por que lhe não ordenava que fosse a pé, debaixo de chuva, à Tijuca, ou Jacarepaguá? Mas logo persuadir ao compadre que mudasse a carreira do filho... Conhecia o velho; era capaz de lhe quebrar uma jarra na cara. Ah! Se o rapaz caísse ali, de repente, apoplético, morto! 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Que lhe parece? - concluiu José Maria pondo as mãos nos joelhos, e arqueando os braços para fora.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#singular-ocorrencia", "headline": "Singular Ocorrência", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Estávamos comendo alguma cousa, em um hotel, eram perto de oito horas, quando recebemos notícia de um vestígio: um cocheiro que levara na véspera uma senhora para o Jardim Botânico, onde ela entrou em uma hospedaria, e ficou. Nem acabamos o jantar; fomos no mesmo carro ao Jardim Botânico. O dono da hospedaria confirmou a versão, acrescentando que a pessoa se recolhera a um quarto, não comera nada desde que chegou na véspera; apenas pediu uma xícara de café; parecia profundamente abatida. Encaminhamo-nos para o quarto; o dono da hospedaria bateu à porta; ela respondeu com voz fraca, e abriu. O Andrade nem me deu tempo de preparar nada; empurrou-me, e caíram nos braços um do outro. Marocas chorou muito e perdeu os sentidos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Só_(Machado_de_Assis)#so", "headline": "Só!", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Um grande escritor, Edgar Poe, relata, em um de seus admiráveis contos, a corrida noturna de um desconhecido pelas ruas de Londres, à medida que se despovoam, com o visível intento de nunca ficar só. \"Esse homem\", conclui ele, \"é o tipo e o gênio do crime profundo; é o homem das multidões.\" Bonifácio não era capaz de crimes, nem ia agora atrás de lugares povoados, tanto que vinha recolher-se a uma casa vazia. Posto que os seus quarenta e cinco anos não fossem tais que tornassem inverossímil uma fantasia de mulher, não era amor que o trazia à reclusão. Vamos à verdade: ele queria descansar da companhia dos outros. Quem lhe meteu isso na cabeça - sem o querer nem saber - foi um esquisitão desse tempo, dizem que filósofo, um tal Tobias, que morava para os lados do Jardim Botânico. Filósofo ou não, era homem de cara seca e comprida, nariz grande e óculos de tartaruga. Paulista de nascimento, estudara em Coimbra, no tempo do rei, e vivera muitos anos na Europa, gastando o que possuía, até que, não tendo mais que alguns restos, arrepiou carreira. Veio para o Rio de Janeiro, com o plano de passar a São Paulo; mas foi ficando e aqui morreu. Costumava ele desaparecer da cidade durante um ou dous meses; metia-se em casa, com o único preto que possuía, e a quem dava ordem de lhe não dizer nada. Esta circunstância fê-lo crer maluco, e tal era a opinião entre os rapazes; não faltava, porém, quem lhe atribuísse grande instrução e rara inteligência, ambas inutilizadas por um ceticismo sem remédio. Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Tinha dezenove anos - continuou José Maria -, e não imagina o espanto dos meus amigos, quando me declarei pronto a ir a uma tal ceia... Ninguém esperava tal cousa de um rapaz tão cauteloso, que fugia de tudo, dos sonos atrasados, dos sonos excessivos, de andar sozinho a horas mortas, que vivia, por assim dizer, às apalpadelas. Fui à ceia; era no Jardim Botânico, obra esplêndida. Comidas, vinhos, luzes, flores, alegria dos rapazes, os olhos das damas, e, por cima de tudo, um apetite de vinte anos. Há de crer que não comi nada? A lembrança de três indigestões apanhadas quarenta anos antes, na primeira vida, fez-me recuar. Menti dizendo que estava indisposto. Uma das damas veio sentar-se à minha direita, para curar-me; outra levantou-se também, e veio para a minha esquerda, com o mesmo fim. Você cura de um lado, eu curo do outro, disseram elas. Eram lépidas, frescas, astuciosas, e tinham fama de devorar o coração e a vida dos rapazes. Confesso-lhe que fiquei com medo e retraí-me. Elas fizeram tudo, tudo; mas em vão. Vim de lá de manhã, apaixonado por ambas, sem nenhuma delas, e caindo de fome. Que lhe parece? - concluiu José Maria pondo as mãos nos joelhos, e arqueando os braços para fora.", "- Estávamos comendo alguma cousa, em um hotel, eram perto de oito horas, quando recebemos notícia de um vestígio: um cocheiro que levara na véspera uma senhora para o Jardim Botânico, onde ela entrou em uma hospedaria, e ficou. Nem acabamos o jantar; fomos no mesmo carro ao Jardim Botânico. O dono da hospedaria confirmou a versão, acrescentando que a pessoa se recolhera a um quarto, não comera nada desde que chegou na véspera; apenas pediu uma xícara de café; parecia profundamente abatida. Encaminhamo-nos para o quarto; o dono da hospedaria bateu à porta; ela respondeu com voz fraca, e abriu. O Andrade nem me deu tempo de preparar nada; empurrou-me, e caíram nos braços um do outro. Marocas chorou muito e perdeu os sentidos.", "Um grande escritor, Edgar Poe, relata, em um de seus admiráveis contos, a corrida noturna de um desconhecido pelas ruas de Londres, à medida que se despovoam, com o visível intento de nunca ficar só. \"Esse homem\", conclui ele, \"é o tipo e o gênio do crime profundo; é o homem das multidões.\" Bonifácio não era capaz de crimes, nem ia agora atrás de lugares povoados, tanto que vinha recolher-se a uma casa vazia. Posto que os seus quarenta e cinco anos não fossem tais que tornassem inverossímil uma fantasia de mulher, não era amor que o trazia à reclusão. Vamos à verdade: ele queria descansar da companhia dos outros. Quem lhe meteu isso na cabeça - sem o querer nem saber - foi um esquisitão desse tempo, dizem que filósofo, um tal Tobias, que morava para os lados do Jardim Botânico. Filósofo ou não, era homem de cara seca e comprida, nariz grande e óculos de tartaruga. Paulista de nascimento, estudara em Coimbra, no tempo do rei, e vivera muitos anos na Europa, gastando o que possuía, até que, não tendo mais que alguns restos, arrepiou carreira. Veio para o Rio de Janeiro, com o plano de passar a São Paulo; mas foi ficando e aqui morreu. Costumava ele desaparecer da cidade durante um ou dous meses; metia-se em casa, com o único preto que possuía, e a quem dava ordem de lhe não dizer nada. Esta circunstância fê-lo crer maluco, e tal era a opinião entre os rapazes; não faltava, porém, quem lhe atribuísse grande instrução e rara inteligência, ambas inutilizadas por um ceticismo sem remédio. Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jeremoabo", "name": "Jeremoabo", "description": "Jeremoabo é um município situado no nordeste do estado da Bahia.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jeremoabo", "lat": "-9.92088", "long": "-38.72629", "gn:featureCode": "ADM2", "gn:featureCodeName": "second-order administrative division", "gn:name": "Jeremoabo", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6320919/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sem_olhos#sem-olhos", "headline": "Sem Olhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "- Era no interior da Bahia; Lucinda casara-se na capital com o dr. Adr... Não importa o nome; era médico como eu, mas rico e dado a estudos de botânica e mineralogia. Andava por Jeremoabo naquele tempo. Eu encontrei-o num engenho e travei relações com ele. A mulher era linda como o senhor a viu aí. Ele era sábio, taciturno e ciumento. Havia nela tanta modéstia e recato - talvez medo -, que o ciúme dele podia dormir com as portas abertas. Mas não era assim; o marido era cauteloso e suspeitoso; ameaçava-a e fazia-a padecer. Eu percebi isso, e a compaixão apoderou-se de mim. A compaixão é um sentimento pérfido; abstenha-se dele ou combata-o. Quem sabe se a que sente agora por mim não lhe dará mau resultado?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Era no interior da Bahia; Lucinda casara-se na capital com o dr. Adr... Não importa o nome; era médico como eu, mas rico e dado a estudos de botânica e mineralogia. Andava por Jeremoabo naquele tempo. Eu encontrei-o num engenho e travei relações com ele. A mulher era linda como o senhor a viu aí. 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Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. Acabou-se a necessidade de farejar ocasiões, comissões, irmandades; elas virão ter contigo, com o seu ar pesadão e cru de substantivos desadjetivados, e tu serás o adjetivo dessas orações opacas, o odorífero das flores, o anilado dos céus, o prestimoso dos cidadãos, o noticioso e suculento dos relatórios. E ser isso é o principal, porque o adjetivo é a alma do idioma, a sua porção idealista e metafísica. O substantivo é a realidade nua e crua, é o naturalismo do vocabulário.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#viver", "headline": "Viver!", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "PROMETEU - Desata-as, Hércules novo, homem derradeiro de um mundo, que vais ser o primeiro de outro. É o teu destino; nem tu nem eu, ninguém poderá mudá-lo. És mais ainda que o teu Moisés. Do alto do Nebo, viu ele, prestes a morrer, toda a terra de Jericó, que ia pertencer à sua posteridade; e o Senhor lhe disse: \"Tu a viste com teus olhos, e não passarás a ela.\" Tu passarás a ela, Ahasverus; tu habitarás Jericó.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Nem eu te digo outra cousa. É difícil, come tempo, muito tempo, leva anos, paciência, trabalho, e felizes os que chegam a entrar na terra prometida! Os que lá não penetram, engole-os a obscuridade. Mas os que triunfam! E tu triunfarás, crê-me. Verás cair as muralhas de Jericó ao som das trompas sagradas. Só então poderás dizer que estás fixado. Começa nesse dia a tua fase de ornamento indispensável, de figura obrigada, de rótulo. 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Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#o-conego-ou-metafisica-do-estilo", "headline": "O Cônego ou Metafísica do Estilo", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "- \"Eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, que se encontrardes o meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor...\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Maria Cora fez um gesto de deslumbramento. Daquela vez percebi que realmente gostava de mim, verdadeira paixão, e, se fosse viúva, não casava com outro. Jurei novamente que ia para o Sul. Ela, comovida, estendeu-me a mão. Estávamos em pleno romantismo. Quando eu nasci, os meus não acreditavam em outras provas de amor, e minha mãe contava-me os romances em versos de cavaleiros andantes que iam à Terra Santa libertar o sepulcro de Cristo por amor da fé e da sua dama. Estávamos em pleno romantismo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#viver", "headline": "Viver!", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "AHASVERUS - Meu nome é Ahasverus: vivia em Jerusalém, ao tempo em que iam crucificar Jesus Cristo. Quando ele passou pela minha porta, afrouxou ao peso do madeiro que levava aos ombros, e eu empurrei-o, bradando-lhe que não parasse, que não descansasse, que fosse andando até à colina, onde tinha de ser crucificado... Então uma voz anunciou-me do céu que eu andaria sempre, continuamente, até o fim dos tempos. Tal é a minha culpa; não tive piedade para com aquele que ia morrer. Não sei mesmo como isto foi. Os fariseus diziam que o filho de Maria vinha destruir a lei, e que era preciso matá-lo; eu, pobre ignorante, quis realçar o meu zelo e daí a ação daquele dia. Que de vezes vi isto mesmo, depois, atravessando os tempos e as cidades! Onde quer que o zelo penetrou numa alma subalterna, fez-se cruel ou ridículo. Foi a minha culpa irremissível.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "De manhã, acordei cedo. A ideia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia estava esplêndido, um dia de maio, sol magnífico, ar brando, sem contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Saí de casa, como se fosse trepar ao trono de Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...", "- \"Eu vos conjuro, filhas de Jerusalém, que se encontrardes o meu amado, lhe façais saber que estou enferma de amor...\"", "Maria Cora fez um gesto de deslumbramento. Daquela vez percebi que realmente gostava de mim, verdadeira paixão, e, se fosse viúva, não casava com outro. Jurei novamente que ia para o Sul. 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O artigo editorial desancava o ministério; a conclusão, porém, estendia-se a todos os partidos e à nação inteira: - Mergulhemos no Jordão constitucional. Rubião achou-o excelente; tratou de ver onde se imprimia a folha para assiná-la. Era na rua da Ajuda; lá foi, logo que saiu de casa; lá soube que o redator era o Dr. Camacho. Correu ao escritório dele.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "No dia seguinte recebeu um jornal que nunca vira antes, a Atalaia. O artigo editorial desancava o ministério; a conclusão, porém, estendia-se a todos os partidos e à nação inteira: - Mergulhemos no Jordão constitucional. Rubião achou-o excelente; tratou de ver onde se imprimia a folha para assiná-la. Era na rua da Ajuda; lá foi, logo que saiu de casa; lá soube que o redator era o Dr. Camacho. 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Amava-a com o mesmíssimo ardor. A ausência, como ele pensara, aumentou-lhe o amor, como o vento ateia um incêndio. Debalde lia ou buscava distrair-se na vida agitada do Rio de Janeiro; entrou a escrever um estudo sobre a teoria do ouvido, mas a pena escapava-se-lhe para o coração, e saiu o escrito com uma mistura de nervos e sentimentos. Estava então na sua maior nomeada o romance de Renan sobre a vida de Jesus; Mendonça encheu o gabinete com todos os folhetos publicados de parte a parte, e entrou a estudar profundamente o misterioso drama da Judeia. Fez quanto pôde para absorver o espírito e esquecer a esquiva Margarida; era-lhe impossível.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ao cabo de um mês não tinha perdido uma partícula sequer do sentimento que nutria pela viúva. Amava-a com o mesmíssimo ardor. A ausência, como ele pensara, aumentou-lhe o amor, como o vento ateia um incêndio. Debalde lia ou buscava distrair-se na vida agitada do Rio de Janeiro; entrou a escrever um estudo sobre a teoria do ouvido, mas a pena escapava-se-lhe para o coração, e saiu o escrito com uma mistura de nervos e sentimentos. Estava então na sua maior nomeada o romance de Renan sobre a vida de Jesus; Mendonça encheu o gabinete com todos os folhetos publicados de parte a parte, e entrou a estudar profundamente o misterioso drama da Judeia. Fez quanto pôde para absorver o espírito e esquecer a esquiva Margarida; era-lhe impossível." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Juiz%20de%20Fora", "name": "Juiz de Fora", "description": "Juiz de Fora é uma cidade situada no estado de Minas Gerais, na zona da Mata. Provavelmente seu nome foi dado em razão dos magistrados enviados pela Coroa portuguesa para atuar onde não havia juiz de direito. Acredita-se que um desses magistrados hospedou-se em uma fazenda da região, passando esta a ser conhecida como a Sesmaria do Juiz de Fora. 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Enfim, encontramo-lo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Morro%20da%20Concei%C3%A7%C3%A3o%2C%20Brazil", "name": "Ladeira da Conceição", "description": "", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Morro%20da%20Concei%C3%A7%C3%A3o%2C%20Brazil", "lat": "-22.8986107", "long": "-43.1830556", "gn:featureCode": "T.RD", "gn:featureCodeName": "Road", "gn:name": "Morro da Conceição, Brazil", "gn:uri": "https://maps.app.goo.gl/oyfX2TLunFhseLHt8" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#sujese-gordo", "headline": "Suje-se Gordo!", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "- Fui sempre contrário ao júri - disse-me aquele amigo -, não pela instituição em si, que é liberal, mas porque me repugna condenar alguém, e por aquele preceito do Evangelho: \"Não queirais julgar para que não sejais julgados\". Não obstante, servi duas vezes. O tribunal era então no antigo Aljube, fim da rua dos Ourives, princípio da ladeira da Conceição.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Fui sempre contrário ao júri - disse-me aquele amigo -, não pela instituição em si, que é liberal, mas porque me repugna condenar alguém, e por aquele preceito do Evangelho: \"Não queirais julgar para que não sejais julgados\". Não obstante, servi duas vezes. O tribunal era então no antigo Aljube, fim da rua dos Ourives, princípio da ladeira da Conceição." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ladeira%20da%20Gl%C3%B3ria%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020241-180%2C%20Brazil", "name": "Ladeira da Glória", "description": "A ladeira da Glória, situada no bairro do mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro, permite o acesso à igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, que teve bastante importância durante a monarquia no Brasil.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ladeira%20da%20Gl%C3%B3ria%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020241-180%2C%20Brazil", "lat": "-22.9214929", "long": "-43.1758293", "gn:featureCode": "RSTN", "gn:featureCodeName": "Historical religious site", "gn:name": "Ladeira da Glória - Glória, Rio de Janeiro - RJ, 20241-180, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9214929,-43.1758293" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Realmente, a matéria do benefício era agora imensa, não menos que a salvação ou o naufrágio da minha existência inteira. Mil, mil, mil. Era preciso uma soma que pagasse os atrasados todos. Deus podia muito bem, irritado com os esquecimentos, negar-se a ouvir-me sem muito dinheiro... Homem grave, é possível que estas agitações de menino te enfadem, se é que não as achas ridículas. Sublimes não eram. Cogitei muito no modo de resgatar a dívida espiritual. Não achava outra espécie em que, mediante a intenção, tudo se cumprisse, fechando a escrituração da minha consciência moral sem deficit. Mandar dizer cem missas, ou subir de joelhos a ladeira da Glória para ouvir uma, ir à Terra Santa, tudo o que as velhas escravas me contavam de promessas célebres, tudo me acudia sem se fixar de vez no espírito. Era muito duro subir uma ladeira de joelhos; devia feri-los por força. A Terra Santa ficava muito longe. As missas eram numerosas, podiam empenhar-me outra vez a alma...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Realmente, a matéria do benefício era agora imensa, não menos que a salvação ou o naufrágio da minha existência inteira. Mil, mil, mil. Era preciso uma soma que pagasse os atrasados todos. Deus podia muito bem, irritado com os esquecimentos, negar-se a ouvir-me sem muito dinheiro... Homem grave, é possível que estas agitações de menino te enfadem, se é que não as achas ridículas. Sublimes não eram. Cogitei muito no modo de resgatar a dívida espiritual. Não achava outra espécie em que, mediante a intenção, tudo se cumprisse, fechando a escrituração da minha consciência moral sem deficit. Mandar dizer cem missas, ou subir de joelhos a ladeira da Glória para ouvir uma, ir à Terra Santa, tudo o que as velhas escravas me contavam de promessas célebres, tudo me acudia sem se fixar de vez no espírito. Era muito duro subir uma ladeira de joelhos; devia feri-los por força. A Terra Santa ficava muito longe. As missas eram numerosas, podiam empenhar-me outra vez a alma..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ladeira%20do%20Livramento%20-%20Gamboa%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020221-080%2C%20Brazil", "name": "Ladeira do Livramento", "description": "A ladeira do Livramento começa na rua da Saúde e termina pouco acima da rua do Monte, na zona portuária do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ladeira%20do%20Livramento%20-%20Gamboa%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020221-080%2C%20Brazil", "lat": "-22.897934", "long": "-43.1895088", "gn:featureCode": "T.RD", "gn:featureCodeName": "Road", "gn:name": "Ladeira do Livramento - Gamboa, Rio de Janeiro - RJ, 20221-080, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.897934,-43.1895088" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Encher_tempo#encher-tempo", "headline": "Encher Tempo", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "A preta sentou-se com a liberdade de uma pessoa cansada, e velha, e quase mãe daquela filha. Lulu pediu-lhe que dissesse tudo e depressa. Depressa, era exigir muito da pobre Mônica, que, além da idade, tinha o sestro de narrar pelo miúdo os incidentes todos de um caso ou de uma aventura, sem excluir as suas próprias reflexões e as circunstâncias mais alheias ao assunto da conversação. Gastou, portanto, a tia Mônica dez compridíssimos minutos em dizer que nada ouvira aos dois rapazes desde que dali saíra; que os acompanhara até ao largo da Imperatriz e subira com eles até a um terço da ladeira do Livramento, onde morava Alexandre, em cuja casa ambos entraram e se fecharam por dentro. Ali ficou, do lado de fora, cerca de meia hora; mas não os vendo sair, perdeu as esperanças e voltou para a Gamboa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A preta sentou-se com a liberdade de uma pessoa cansada, e velha, e quase mãe daquela filha. Lulu pediu-lhe que dissesse tudo e depressa. Depressa, era exigir muito da pobre Mônica, que, além da idade, tinha o sestro de narrar pelo miúdo os incidentes todos de um caso ou de uma aventura, sem excluir as suas próprias reflexões e as circunstâncias mais alheias ao assunto da conversação. Gastou, portanto, a tia Mônica dez compridíssimos minutos em dizer que nada ouvira aos dois rapazes desde que dali saíra; que os acompanhara até ao largo da Imperatriz e subira com eles até a um terço da ladeira do Livramento, onde morava Alexandre, em cuja casa ambos entraram e se fecharam por dentro. Ali ficou, do lado de fora, cerca de meia hora; mas não os vendo sair, perdeu as esperanças e voltou para a Gamboa." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Lagoa da Sentinela", "description": "A lagoa da Sentinela era, na verdade, um alagadiço, ou mangue, no entroncamento das ruas Frei Caneca e Riachuelo, nas proximidades do Mangal de São Diogo. Esse enorme conjunto de mangues partia das proximidades do campo de Santana, seguindo em direção à atual avenida Francisco Bicalho, através da área hoje ocupada pela avenida Presidente Vargas.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.9068467", "long": "-43.1728965", "gn:featureCode": "SWMP", "gn:featureCodeName": "Swamp", "gn:name": "Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9068467,-43.1728965" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_astrólogo#o-astrologo", "headline": "O Astrólogo", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "- Aquele negócio dos chãos da lagoa. Sabe que o Senado da Câmara embirra em os tomar para si, quando é positivo que pertencem a meu filho José. Se o juiz de fora quisesse, podia fazer muito neste negócio; e você, que é tão íntimo dele...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Aquele negócio dos chãos da lagoa. Sabe que o Senado da Câmara embirra em os tomar para si, quando é positivo que pertencem a meu filho José. Se o juiz de fora quisesse, podia fazer muito neste negócio; e você, que é tão íntimo dele..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Passeio%20P%C3%BAblico%20-%20R.%20do%20Passeio%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020021-280%2C%20Brazil", "name": "Lagoa do Boqueirão", "description": "A lagoa do Boqueirão, ou Boqueirão do Passeio, ficava onde é hoje o Passeio Público, no centro da cidade do Rio de Janeiro, entre a Cinelândia e a Lapa. Mesmo depois de aterrada a lagoa e criado o Passeio Público, que na época ficava a beira-mar, o lugar continuou chamado por muitos de Boqueirão do Passeio.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Passeio%20P%C3%BAblico%20-%20R.%20do%20Passeio%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020021-280%2C%20Brazil", "lat": "-22.913403", "long": "-43.1764651", "gn:featureCode": "H.LK", "gn:featureCodeName": "Lake", "gn:name": "Passeio Público - R. do Passeio - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20021-280, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.913403,-43.1764651" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião ia concordando, ouvindo, sorrindo; contava a cena a alguns curiosos, que a queriam da própria boca do autor. Certos ouvintes respondiam com proezas suas - um que salvara uma vez um homem, outro uma menina, prestes a afogar-se no Boqueirão do Passeio, estando a tomar banho. Vinham também suicídios malogrados, por intervenção do ouvinte, que tomou a pistola ao infeliz e fê-lo jurar... Cada gloriazinha oculta picava o ovo, e punha a cabeça de fora, olho aberto, sem penas, em volta da glória máxima do Rubião. Também teve invejosos, alguns que nem o conheciam, só por ouvi-lo louvar em voz alta. Rubião foi agradecer a notícia ao Camacho, não sem alguma censura pelo abuso de confiança, mas uma censura mole, ao canto da boca. Dali foi comprar uns tantos exemplares da folha para os amigos de Barbacena. Nenhuma outra transcreveu a notícia; ele, a conselho do Freitas, fê-la reimprimir nos apedidos do Jornal do Commercio, interlinhada.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rubião ia concordando, ouvindo, sorrindo; contava a cena a alguns curiosos, que a queriam da própria boca do autor. Certos ouvintes respondiam com proezas suas - um que salvara uma vez um homem, outro uma menina, prestes a afogar-se no Boqueirão do Passeio, estando a tomar banho. Vinham também suicídios malogrados, por intervenção do ouvinte, que tomou a pistola ao infeliz e fê-lo jurar... Cada gloriazinha oculta picava o ovo, e punha a cabeça de fora, olho aberto, sem penas, em volta da glória máxima do Rubião. Também teve invejosos, alguns que nem o conheciam, só por ouvi-lo louvar em voz alta. Rubião foi agradecer a notícia ao Camacho, não sem alguma censura pelo abuso de confiança, mas uma censura mole, ao canto da boca. Dali foi comprar uns tantos exemplares da folha para os amigos de Barbacena. Nenhuma outra transcreveu a notícia; ele, a conselho do Freitas, fê-la reimprimir nos apedidos do Jornal do Commercio, interlinhada." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Laguna", "name": "Laguna", "description": "Fundada em 1676, a cidade de Laguna localiza-se no litoral sul do estado de Santa Catarina. Seu nome é proveniente da lagoa que banha o município, a que povoadores espanhóis denominaram \"Laguna de los Patos\". É a terra natal de Anita Garibaldi, que se uniu a Giuseppe Garibaldi, republicano italiano e o mais conhecido herói da Guerra de Farrapos (1835-1845).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Laguna", "lat": "-28.4825", "long": "-48.78083", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "populated place", "gn:name": "Laguna", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3459094/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "- Reverendíssimo - bradou parando embaixo da janela o coronel -, os farrapos invadiram Santa Catarina, entraram na Laguna, e os legais fugiram. 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Fica contíguo ao bairro da Glória e é um dos mais antigos da cidade.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Lapa", "lat": "-22.91399", "long": "-43.18201", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Lapa", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3473644/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#o-diplomatico", "headline": "O Diplomático", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Aos quarenta anos desenganou-se das ambições; mas a índole ficou a mesma, e, não obstante a vocação conjugal, não achou noiva. Mais de uma o aceitaria com muito prazer; ele perdia-as todas, à força de circunspecção. Um dia, reparou em Joaninha, que chegava aos dezenove anos e possuía um par de olhos lindos e sossegados - virgens de toda a conversação masculina. Rangel conhecia-a desde criança, andara com ela ao colo, no Passeio Público, ou nas noites de fogo da Lapa; como falar-lhe de amor? Mas, por outro lado, as relações dele na casa eram tais, que podiam facilitar-lhe o casamento; e, ou este ou nenhum outro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Era na Lapa; eu ia desesperado, e papai não parava, dava-me cada puxão, e eu com as perninhas... Sim, senhor, aceito.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Flor_anônima#flor-anonima", "headline": "Flor Anônima", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "De quem é esta carta? pensou ela ao ver a primeira. \"Teu Juca.\" Que Juca? Ah! O filho do Brito Brandão. \"Crê que o meu amor será eterno!\". E casou pouco depois com aquela moça da Lapa. Eu era capaz de pôr a mão no fogo por ele. Foi no baile do Club Fluminense que o encontrei pela primeira vez. Que bonito moço! Alto, bigode fino, e uns olhos como nunca mais achei outros. Dançamos essa noite não sei quantas vezes. Depois começou a passar todas as tardes pela rua dos Inválidos, até que nos foi apresentado. Poucas visitas, a princípio, depois mais e mais. Que tempo durou? Não me lembra; seis meses, nem tanto. Um dia começou a fugir, a fugir, até que de todo desapareceu. Não se demorou o casamento com a outra... \"Crê que o meu amor será eterno!\"", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aos quarenta anos desenganou-se das ambições; mas a índole ficou a mesma, e, não obstante a vocação conjugal, não achou noiva. Mais de uma o aceitaria com muito prazer; ele perdia-as todas, à força de circunspecção. Um dia, reparou em Joaninha, que chegava aos dezenove anos e possuía um par de olhos lindos e sossegados - virgens de toda a conversação masculina. Rangel conhecia-a desde criança, andara com ela ao colo, no Passeio Público, ou nas noites de fogo da Lapa; como falar-lhe de amor? Mas, por outro lado, as relações dele na casa eram tais, que podiam facilitar-lhe o casamento; e, ou este ou nenhum outro.", "- Era na Lapa; eu ia desesperado, e papai não parava, dava-me cada puxão, e eu com as perninhas... Sim, senhor, aceito.", "De quem é esta carta? pensou ela ao ver a primeira. \"Teu Juca.\" Que Juca? Ah! O filho do Brito Brandão. \"Crê que o meu amor será eterno!\". E casou pouco depois com aquela moça da Lapa. Eu era capaz de pôr a mão no fogo por ele. Foi no baile do Club Fluminense que o encontrei pela primeira vez. Que bonito moço! Alto, bigode fino, e uns olhos como nunca mais achei outros. Dançamos essa noite não sei quantas vezes. Depois começou a passar todas as tardes pela rua dos Inválidos, até que nos foi apresentado. Poucas visitas, a princípio, depois mais e mais. Que tempo durou? Não me lembra; seis meses, nem tanto. 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Como recordá-los alguns anos depois? Podia dizer-lhe em que ponto da rua ficava a casa; era perto do largo da Carioca, à esquerda de quem desce, e foi nos anos de 1864 e 1865.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_carteira#a-carteira", "headline": "A Carteira", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até ao largo da Carioca. No largo parou alguns instantes, enfiou depois pela rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no largo de São Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achara. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. 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Naquela noite, como soubesse que iam ao teatro, mandou aprestar a vitória que os conduziu para a cidade, e ficou à espera deles.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/João_Fernandes#joao-fernandes", "headline": "João Fernandes", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "- Uma, duas, três, quatro - contou ele, parado no largo da Carioca. Eram as badaladas do sino de São Francisco. Pareceu-lhe ter contado mal; pelo tempo deviam ser cinco horas. Mas era assim mesmo, disse afinal; as horas noturnas e solitárias são muito mais compridas que as outras. Um charuto naquela ocasião seria um grande benefício; um simples cigarro podia enganar a boca, os dous vinténs restantes bastavam-lhe para comprar um muito ordinário; mas onde?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#pai-contra-mae", "headline": "Pai Contra Mãe", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos. As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Onde estaremos nós? - perguntou-lhe -. É ocasião de separar-nos. Veja do lado de lá; onde estamos? Parece que é o convento; estamos no largo da Ajuda. Diga ao cocheiro que pare; ou, se quer, pode apear-se no largo da Carioca. 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Era nesse tempo um rapaz de vinte e três para vinte e quatro anos, com um princípio de barba e outro de bigode, rosto moreno, olhos de azeviche, cabelo castanho, grosso, farto e comprido, que ele arranjava em caracóis, à força de pente e banha e sobre o qual punha às tardes, o melhor de seus dois chapéus brancos. Anacleto Monteiro adorava o chapéu branco e as botas de verniz. Naquele tempo alguns gamenhos usavam umas botas de verniz de cano vermelho. Anacleto Monteiro adotou esse invento como a mais sublime das invenções do século. E tão gentil lhe parecia a ideia do cano vermelho, que nunca saía de casa sem levantar uma polegada às calças para que os olhos das damas não perdessem aquela circunstância da cor de crista de galo. As calças eram finas, mas vistosas, o paletó esticado, a luva cor de canela ou de cinza, em harmonia com a gravata, que era cor de cinza ou de canela. 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Gastou, portanto, a tia Mônica dez compridíssimos minutos em dizer que nada ouvira aos dois rapazes desde que dali saíra; que os acompanhara até ao largo da Imperatriz e subira com eles até a um terço da ladeira do Livramento, onde morava Alexandre, em cuja casa ambos entraram e se fecharam por dentro. Ali ficou, do lado de fora, cerca de meia hora; mas não os vendo sair, perdeu as esperanças e voltou para a Gamboa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O bairro era o espaço compreendido entre o largo da Imperatriz e o cemitério dos Ingleses. A data... há uns vinte e cinco anos. O gamenho tinha por nome Anacleto Monteiro. Era nesse tempo um rapaz de vinte e três para vinte e quatro anos, com um princípio de barba e outro de bigode, rosto moreno, olhos de azeviche, cabelo castanho, grosso, farto e comprido, que ele arranjava em caracóis, à força de pente e banha e sobre o qual punha às tardes, o melhor de seus dois chapéus brancos. Anacleto Monteiro adorava o chapéu branco e as botas de verniz. Naquele tempo alguns gamenhos usavam umas botas de verniz de cano vermelho. Anacleto Monteiro adotou esse invento como a mais sublime das invenções do século. E tão gentil lhe parecia a ideia do cano vermelho, que nunca saía de casa sem levantar uma polegada às calças para que os olhos das damas não perdessem aquela circunstância da cor de crista de galo. As calças eram finas, mas vistosas, o paletó esticado, a luva cor de canela ou de cinza, em harmonia com a gravata, que era cor de cinza ou de canela. Ponham-lhe uma bengala na mão e vê-lo-ão tal qual era, há vinte e cinco anos, o primeiro gamenho de seu bairro.", "A preta sentou-se com a liberdade de uma pessoa cansada, e velha, e quase mãe daquela filha. Lulu pediu-lhe que dissesse tudo e depressa. Depressa, era exigir muito da pobre Mônica, que, além da idade, tinha o sestro de narrar pelo miúdo os incidentes todos de um caso ou de uma aventura, sem excluir as suas próprias reflexões e as circunstâncias mais alheias ao assunto da conversação. Gastou, portanto, a tia Mônica dez compridíssimos minutos em dizer que nada ouvira aos dois rapazes desde que dali saíra; que os acompanhara até ao largo da Imperatriz e subira com eles até a um terço da ladeira do Livramento, onde morava Alexandre, em cuja casa ambos entraram e se fecharam por dentro. 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Perpétua ainda a repreendeu pelos cinquenta mil-réis dados em paga; bastavam vinte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Pobre_Finoca!#pobre-finoca", "headline": "Pobre Finoca!", "genre": "Conto", "datePublished": "1891", "text": "Seguiu-as, meteu-se no mesmo bonde, que as levou ao largo da Lapa, onde se apearam e foram pela rua das Mangueiras. Nesta morava Alberta; a outra, na dos Barbonos. A amiga ainda lhe deu uma esmola; a avara Finoca nem voltou a cabeça.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Fui eu mesmo que o levei um dia de manhã, uma segunda-feira. Era no antigo largo da Lapa, perto da nossa casa. Levei-o a pé, pela mão, como levara o ataúde do outro. O pequeno ia chorando e fazendo perguntas a cada passo, se voltaria para casa, e quando, e se eu iria vê-lo...", "Natividade ia pensando na cabocla do Castelo, na predição da grandeza e na notícia da briga. 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Demais, vereis por aqui que ela evitava subir a rua do Ouvidor, que todos e todas buscariam àquela ou a outra hora para ir ao largo de São Francisco de Paula. Foi atravessando o largo, na direção da Escola Politécnica, mas a meio caminho veio ter com ela um carro que estava parado defronte da Escola; meteu-se nele, e o carro partiu.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Como tivesse algum tempo ante mim (pouco menos de trinta minutos), dei-me a andar atrás de Maria Cora. Não digo que uma força violenta me levasse já, mas não posso esconder que cedia a qualquer impulso de curiosidade e desejo; era também um resto da juventude passada. Na rua, andando, vestida de escuro, como na véspera, Maria Cora pareceu-me ainda melhor. Pisava forte, não apressada nem lenta, o bastante para deixar ver e admirar as belas formas, mui mais corretas que as linhas do rosto. Subiu a rua do Hospício, até uma oficina de ocularista, onde entrou e ficou dez minutos ou mais. 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Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achara. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dona_Jucunda#dona-jucunda", "headline": "Dona Jucunda", "genre": "Conto", "datePublished": "1889", "text": "Entraram, e o coupé, tirado pela bela parelha de mulas gordas e fortes, dirigiu-se para o largo de São Francisco de Paula. Não disseram nada durante os primeiros minutos; D. Maria é que interrompeu o silêncio, perguntando o nome do alferes.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "O que parece ser verdade é que as nossas carruagens brotavam do chão. 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A impressão que davam era de uma disciplina rígida e elegante, aprendida em alta escola e conservada pela dignidade do indivíduo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/João_Fernandes#joao-fernandes", "headline": "João Fernandes", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Iam rareando os encontros. A patrulha caminhava até o largo de São Francisco de Paula. No largo passaram dois vultos, ao longe. Três tílburis, parados junto à Escola Politécnica, aguardavam fregueses. João Fernandes, que vinha poupando o charuto, não pôde mais; não tendo fósforos, endireitou para um dos tílburis.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Tendo andado muito, já a pé, já de tilbury, achei-me às cinco horas da tarde no largo de São Francisco de Paula, com alguma vontade de comer; a casa ficava um pouco longe e eu queria continuar depois as minhas averiguações. Fui jantar a um hotel que então havia na antiga rua dos Latoeiros.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Percebi que se referia ao talento musical, e nem por isso fiquei menos espantado; quase me esqueceu concordar com ele. Concordei de gesto e de palavra, sem entender nada. Também eu gosto de música, e sinto não tocar alguma cousa para me aliviar da solidão; entretanto, se fosse ele, e apesar de todos os Schumanns e seus êmulos, ao vê-la parar no largo de São Francisco e entrar no carro, não soltaria a mesma exclamação, antes outra, igualmente estética, é verdade, mas de uma estética visual, não auditiva. Não entendi logo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Aceitei o convite. No dia seguinte, mandei que a sege me esperasse no largo de São Francisco de Paula, e fui dar várias voltas. Lembra-vos ainda a minha teoria das edições humanas? Pois sabei que, naquele tempo, estava eu na quarta edição, revista e emendada, mas ainda inçada de descuidos e barbarismos; defeito que, aliás, achava alguma compensação no tipo, que era elegante, e na encadernação, que era luxuosa. Dadas as voltas, ao passar pela rua dos Ourives, consulto o relógio e cai-me o vidro na calçada. Entro na primeira loja que tinha à mão; era um cubículo - pouco mais - empoeirado e escuro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Nem por isso deixou Estêvão de ir esperá-la à saída, colocar-se francamente no seu caminho, solicitar-lhe audazmente os olhos e atenção. A família desceu da segunda ordem pela escada do lado de São Francisco; a estreiteza do lugar era excelente. Dava o braço à baronesa um moço de vinte e cinco anos, figura elegante, ainda que um tanto afetada. Desceram todos três e ficaram à espera do carro alguns minutos. Na meia sombra que ali havia destacava-se o rosto marmóreo de Guiomar e a gentileza de seu talhe. Seus grandes olhos vagavam pela multidão, mas não fitavam ninguém. Ela possuía, como nenhuma outra, a arte de gozar, sem as ver, as homenagens da admiração pública.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- A viúva do B...? Mas é realmente um primor! Também eu a vi, ontem, no largo de São Francisco de Paula; ia entrar no carro... Sabes que é um cobrinho bem bom? Dizem que duzentos...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Deu por si na praça da Constituição. Viera andando à toa. 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E isto era verdade, uma verdade de cinco a dez minutos, o tempo necessário para recolher alguma anedota ou novidade, que pudesse repetir em casa, à laia de documento. Dali seguia para o largo de São Francisco, e metia-se no ônibus.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_quarto_de_século#um-quarto-de-seculo", "headline": "Um Quarto de Século", "genre": "Conto", "datePublished": "1893", "text": "Trocaram ainda algumas palavras, e despediram-se. Oliveira meteu-se no carro que estava no largo de São Francisco de Paula e foi para Andaraí. Tomás meteu-se na gôndola e guiou para o Catete.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. 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Na meia sombra que ali havia destacava-se o rosto marmóreo de Guiomar e a gentileza de seu talhe. Seus grandes olhos vagavam pela multidão, mas não fitavam ninguém. Ela possuía, como nenhuma outra, a arte de gozar, sem as ver, as homenagens da admiração pública.", "- A viúva do B...? Mas é realmente um primor! Também eu a vi, ontem, no largo de São Francisco de Paula; ia entrar no carro... Sabes que é um cobrinho bem bom? Dizem que duzentos...", "Deu por si na praça da Constituição. Viera andando à toa. Pensou em ir ao teatro, mas era tarde. Então dirigiu-se ao largo de São Francisco, para meter-se em um tilbury e ir para Botafogo. Achou três, que vieram logo ao encontro dele, oferecendo os seus serviços e louvando principalmente o cavalo, um bom cavalo - um animal excelente.", "Uma semana depois, recebeu Maria Olímpia outra carta anônima. Era mais longa e explícita. Vieram outras, uma por semana, durante três meses. Maria Olímpia leu as primeiras com algum aborrecimento; as seguintes foram calejando a sensibilidade. Não havia dúvida que o marido demorava-se fora, muitas vezes, ao contrário do que fazia dantes, ou saía à noite e regressava tarde; mas, segundo dizia, gastava o tempo no Wallerstein ou no Bernardo, em palestras políticas. E isto era verdade, uma verdade de cinco a dez minutos, o tempo necessário para recolher alguma anedota ou novidade, que pudesse repetir em casa, à laia de documento. Dali seguia para o largo de São Francisco, e metia-se no ônibus.", "Trocaram ainda algumas palavras, e despediram-se. Oliveira meteu-se no carro que estava no largo de São Francisco de Paula e foi para Andaraí. Tomás meteu-se na gôndola e guiou para o Catete." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20do%20Machado", "name": "Largo do Machado", "description": "O largo do Machado é uma praça situada na zona sul do Rio de Janeiro, na confluência dos bairros do Catete, Flamengo e Laranjeiras. A origem provável do nome é um açougue que existia no lugar, em cuja fachada havia um grande machado. 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Ao demais, a rua estava quieta. Via gente à porta das lojas. No largo do Machado viu outra que ria, alguma calada, havia espanto, mas não havia propriamente susto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "A distração faz das suas. Hoje, vindo da cidade para casa, passei por esta, e dei comigo no largo do Machado, quando o bonde parou. Apeei-me, e antes de arrepiar caminho, a pé, detive-me alguns instantes, e enfiei pelo jardim, em direção à matriz da Glória, a olhar para a fachada do templo com a torre por cima. Fiz isto porque me lembrou a conversação da outra noite no Flamengo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "Neste ponto, parece que alguma ideia vaga e remota lhe surgiu no espírito e o levou a uma longa excursão no campo da memória. Quando voltou à realidade presente tinha o carro entrado no Largo do Machado. Apeou-se e seguiu a pé para casa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Santos saiu; tinha o carro à espera, entrou e seguiu para Botafogo. Não levava a paz consigo, não a poderia dar à mulher, nem à cunhada, nem aos filhos. Quisera chegar a casa, por medo da rua, mas quisera também ficar na rua, por não saber que palavras nem que conselhos daria aos seus. O espaço do carro era pequeno e bastante para um homem; mas, enfim, não viveria ali a tarde inteira. Ao demais, a rua estava quieta. Via gente à porta das lojas. No largo do Machado viu outra que ria, alguma calada, havia espanto, mas não havia propriamente susto.", "A distração faz das suas. Hoje, vindo da cidade para casa, passei por esta, e dei comigo no largo do Machado, quando o bonde parou. Apeei-me, e antes de arrepiar caminho, a pé, detive-me alguns instantes, e enfiei pelo jardim, em direção à matriz da Glória, a olhar para a fachada do templo com a torre por cima. Fiz isto porque me lembrou a conversação da outra noite no Flamengo.", "Neste ponto, parece que alguma ideia vaga e remota lhe surgiu no espírito e o levou a uma longa excursão no campo da memória. Quando voltou à realidade presente tinha o carro entrado no Largo do Machado. 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Mas, as principais figuras eram dous pretos. Um deles, mediano, magro, tinha as mãos atadas, os olhos baixos, a cor fula, e levava uma corda enlaçada no pescoço; as pontas do baraço iam nas mãos de outro preto. Este outro olhava para a frente e tinha a cor fixa e retinta. Sustentava com galhardia a curiosidade pública. Lido o papel, o préstito seguiu pela rua dos Ourives adiante; vinha do Aljube e ia para o largo do Moura.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na esquina da rua dos Ourives deteve-o um ajuntamento de pessoas, e um préstito singular. Um homem, judicialmente trajado, lia em voz alta um papel, a sentença. Havia mais o juiz, um padre, soldados, curiosos. Mas, as principais figuras eram dous pretos. Um deles, mediano, magro, tinha as mãos atadas, os olhos baixos, a cor fula, e levava uma corda enlaçada no pescoço; as pontas do baraço iam nas mãos de outro preto. Este outro olhava para a frente e tinha a cor fixa e retinta. Sustentava com galhardia a curiosidade pública. 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O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em que minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Foi no Rio de Janeiro - começou ele -, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. 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Polícrates experimentara a felicidade; o Xavier quis tentar o caiporismo; intenções diversas, ação idêntica. Saiu de casa, encontrou um amigo, travou conversa, escolheu assunto, e acabou dizendo o que era a vida, um cavalo xucro ou manhoso, e quem não for cavaleiro que o pareça. Dita assim, esta frase era talvez fria; por isso o Xavier teve o cuidado de descrever primeiro a sua tristeza, o desconsolo dos anos, o malogro dos esforços, ou antes os efeitos da imprevidência, e quando o peixe ficou de boca aberta, digo, quando a comoção do amigo chegou ao cume, foi que ele lhe atirou o anel, e fugiu a meter-se em casa. Isto que lhe conto é natural, crê-se, não é impossível; mas agora começa a juntar-se à realidade uma alta dose de imaginação. Seja o que for, repito o que ele me disse. Cerca de três semanas depois, o Xavier jantava pacificamente no Leão de Ouro ou no Globo, não me lembro bem, e ouviu de outra mesa a mesma frase sua, talvez com a troca de um adjetivo. \"Meu pobre anel, disse ele, eis-te enfim no peixe de Polícrates.\" Mas a idéia bateu as asas e voou, sem que ele pudesse guardá-la na memória. Resignou-se. Dias depois, foi convidado a um baile: era um antigo companheiro dos tempos de rapaz, que celebrava a sua recente distinção nobiliária. O Xavier aceitou o convite, e foi ao baile, e ainda bem que foi, porque entre o sorvete e o chá ouviu de um grupo de pessoas que louvavam a carreira do barão, a sua vida próspera, rígida, modelo, ouviu comparar o barão a um cavaleiro emérito. Pasmo dos ouvintes, porque o barão não montava a cavalo. Mas o panegirista explicou que a vida não é mais do que um cavalo xucro ou manhoso, sobre o qual ou se há de ser cavaleiro ou parecê-lo, e o barão era-o excelente. - \"Entra, meu querido anel, disse o Xavier, entra no dedo de Polícrates.\" Mas de novo a idéia bateu as asas, sem querer ouvi-lo. Dias depois...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A - Não é estrambótico? Polícrates experimentara a felicidade; o Xavier quis tentar o caiporismo; intenções diversas, ação idêntica. Saiu de casa, encontrou um amigo, travou conversa, escolheu assunto, e acabou dizendo o que era a vida, um cavalo xucro ou manhoso, e quem não for cavaleiro que o pareça. Dita assim, esta frase era talvez fria; por isso o Xavier teve o cuidado de descrever primeiro a sua tristeza, o desconsolo dos anos, o malogro dos esforços, ou antes os efeitos da imprevidência, e quando o peixe ficou de boca aberta, digo, quando a comoção do amigo chegou ao cume, foi que ele lhe atirou o anel, e fugiu a meter-se em casa. Isto que lhe conto é natural, crê-se, não é impossível; mas agora começa a juntar-se à realidade uma alta dose de imaginação. Seja o que for, repito o que ele me disse. Cerca de três semanas depois, o Xavier jantava pacificamente no Leão de Ouro ou no Globo, não me lembro bem, e ouviu de outra mesa a mesma frase sua, talvez com a troca de um adjetivo. \"Meu pobre anel, disse ele, eis-te enfim no peixe de Polícrates.\" Mas a idéia bateu as asas e voou, sem que ele pudesse guardá-la na memória. Resignou-se. Dias depois, foi convidado a um baile: era um antigo companheiro dos tempos de rapaz, que celebrava a sua recente distinção nobiliária. O Xavier aceitou o convite, e foi ao baile, e ainda bem que foi, porque entre o sorvete e o chá ouviu de um grupo de pessoas que louvavam a carreira do barão, a sua vida próspera, rígida, modelo, ouviu comparar o barão a um cavaleiro emérito. Pasmo dos ouvintes, porque o barão não montava a cavalo. 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Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogman; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo, e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinquenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Três cousas vai o senhor fazer agora mesmo - continuou impassivelmente o velho -: a primeira é casar; a segunda, escrever o seu testamento; a terceira, engolir certa droga do Levante...", "A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas. O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogman; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo, e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinquenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Beirut", "name": "Líbano", "description": "O Líbano (capital Beirute) é um país do Oriente Médio, localizado no leste do mar Mediterrâneo, na Ásia Ocidental, numa região que faz a ligação entre esse continente e a Europa. Ao norte e a leste, faz fronteira com a Síria, e ao sul e a oeste, com Israel. 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Evarista fossem abundantes e sinceras, não chegaram a abalá-lo. Homem de ciência, e só de ciência, nada o consternava fora da ciência; e se alguma cousa o preocupava naquela ocasião, se ele deixava correr pela multidão um olhar inquieto e policial, não era outra cousa mais do que a ideia de que algum demente podia achar-se ali misturado com a gente de juízo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Teve um pequeno legado no testamento, uma apólice e quatro palavras de louvor. Copiou as palavras, encaixilhou-as e pendurou-as no quarto, por cima da cama. \"Esta é a melhor apólice\", dizia ele muita vez. Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. Na Inglaterra estudou o inglês profundamente; e, como sabia o latim, aprendido no convento, o hebraico, que lhe ensinara na Haia o famoso Spinoza, de quem foi amigo, e que talvez deu causa ao ódio que os outros judeus lhe criaram; o francês e o italiano, parte do alemão e do húngaro, tornou-se em Londres objeto de verdadeira curiosidade e veneração. 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A resposta, disse-me mana Rita que é em tom verdadeiramente maternal. Não sabe mostrar-se magoada; é toda perdão e carinho. Só lhe faz uma queixa; é que, pedindo os retratos dela e do marido, não lhe mandasse logo o seu, o último dos seus, porque os antigos cá estão. Diz muitas cousas longas, lembra os tempos de infância e de estudo, e no fim insinua-lhe que venha contar-lhe as viagens. As gravuras são da casa Goupil.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "- A senhora diz isso - retorquia modestamente o Vilaça - porque nunca ouviu o Bocage, como eu ouvi, no fim do século, em Lisboa. Aquilo sim! Que facilidade! E que versos! Tivemos lutas de uma e duas horas, no botequim do Nicola, a glosarmos, no meio de palmas e bravos. Imenso talento o do Bocage! 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Com o tempo, adquiriu certa autoridade na família, certa audiência, ao menos; não abusava, e sabia opinar obedecendo. Ao cabo, era amigo, não direi ótimo, mas nem tudo é ótimo neste mundo. E não lhe suponhas alma subalterna; as cortesias que fizesse vinham antes do cálculo que da índole. A roupa durava-lhe muito; ao contrário das pessoas que enxovalham depressa o vestido novo, ele trazia o velho escovado e liso, cerzido, abotoado, de uma elegância pobre e modesta. Era lido, posto que de atropelo, o bastante para divertir ao serão e à sobremesa, ou explicar algum fenômeno, falar dos efeitos do calor e do frio, dos polos e de Robespierre. Contava muita vez uma viagem que fizera à Europa, e confessava que a não sermos nós, já teria voltado para lá; tinha amigos em Lisboa, mas a nossa família, dizia ele, abaixo de Deus, era tudo.", "Rui de Leão, ou antes Rui Garcia de Meireles e Castro Azevedo de Leão, que assim se chamava o pai do médico, pouco tempo se demorou em Pernambuco. Um ano depois, em 1654, cessava o domínio holandês. Rui de Leão assistiu às alegrias da vitória, e passou-se ao reino, onde casou com uma senhora nobre de Lisboa. Teve um filho; e perdeu o filho e a mulher no mesmo mês de março de 1661. A dor que então padeceu foi profunda; para distrair-se visitou a França e a Holanda. Mas na Holanda, ou por motivo de uns amores secretos, ou por ódio de alguns judeus descendentes ou naturais de Portugal, com quem entreteve relações comerciais na Haia, ou enfim por outros motivos desconhecidos, Rui de Leão não pôde viver tranquilo muito tempo; foi preso e conduzido para a Alemanha, donde passou à Hungria, a algumas cidades italianas, à França, e finalmente à Inglaterra. 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Pede notícias dela e do padrinho, pede-lhes os retratos, e manda-lhes pelo correio umas gravuras; assim também lembranças do pai e da mãe, que estão em Lisboa. A carta é longa, cheia de ternuras e saudades. A resposta, disse-me mana Rita que é em tom verdadeiramente maternal. Não sabe mostrar-se magoada; é toda perdão e carinho. Só lhe faz uma queixa; é que, pedindo os retratos dela e do marido, não lhe mandasse logo o seu, o último dos seus, porque os antigos cá estão. Diz muitas cousas longas, lembra os tempos de infância e de estudo, e no fim insinua-lhe que venha contar-lhe as viagens. As gravuras são da casa Goupil.", "- A senhora diz isso - retorquia modestamente o Vilaça - porque nunca ouviu o Bocage, como eu ouvi, no fim do século, em Lisboa. Aquilo sim! Que facilidade! E que versos! Tivemos lutas de uma e duas horas, no botequim do Nicola, a glosarmos, no meio de palmas e bravos. Imenso talento o do Bocage! 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Muita vez encontrarás um coupé à porta de uma loja de modas: é uma Ninon fluminense. Vês um sujeito ao pé dela, dentro da loja, dizendo um galanteio? Pode ser um diplomata. Dirás que eu só menciono a sociedade mais ou menos elegante? Não; o operário para aqui também para ter o prazer de contemplar durante alguns minutos uma destas vidraças rutilantes de riqueza - porquanto, meu caro amigo, a riqueza tem isto de bom consigo - é que a simples vista consola.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Esta crença, toda gratuita, sofria algum abalo no vigésimo primeiro dia, quando a borboleta fisgada enviava ao namorado uma conta da Notre Dame, uma letra vencida, ou um simples pedido de aluguéis atrasados. Jorge pagava largamente esta desilusão.", "- Pois vai ouvindo, meu Dante. Queres ver a elegância fluminense? Aqui acharás a flor da sociedade - as senhoras que vêm escolher joias ao Valais ou sedas a Notre-Dame -, os rapazes que vêm conversar de teatros, de salões, de modas e de mulheres. Queres saber da política? Aqui saberás das notícias mais frescas, das evoluções próximas, dos acontecimentos prováveis; aqui verás o deputado atual com o deputado que foi, o ministro defunto e às vezes o ministro vivo. Vês aquele sujeito? É um homem de letras. Deste lado, vem um dos primeiros negociantes da praça. Queres saber do estado do câmbio? Vai ali ao Jornal do Commercio, que é o Times de cá. Muita vez encontrarás um coupé à porta de uma loja de modas: é uma Ninon fluminense. Vês um sujeito ao pé dela, dentro da loja, dizendo um galanteio? Pode ser um diplomata. Dirás que eu só menciono a sociedade mais ou menos elegante? Não; o operário para aqui também para ter o prazer de contemplar durante alguns minutos uma destas vidraças rutilantes de riqueza - porquanto, meu caro amigo, a riqueza tem isto de bom consigo - é que a simples vista consola." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Lomas%20Valentinas", "name": "Lomas Valentinas", "description": "A localidade de Lomas Valentinas situa-se no Paraguai central, na margem direita do riacho Piquissiri, afluente do rio Paraguai.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Lomas%20Valentinas", "lat": "-25.78116", "long": "-56.4621", "gn:featureCode": "ADM3", "gn:featureCodeName": "third-order administrative division", "gn:name": "Lomas Valentinas", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/11849832/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Jorge sentiu então um fenômeno próprio de tais crises - um movimento de ódio a todo o gênero humano, desde sua mãe até o seu inimigo. 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Jorge teve parte nas jornadas de Peribebuí e Campo Grande, não já na qualidade de capitão, mas na de major, cuja patente lhe foi concedida depois de Lomas Valentinas. No fim do ano estava tenente-coronel, comandava um batalhão, e recebia os abraços de seu antigo comandante, contente de o ver sagrado herói." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/London", "name": "Londres", "description": "A cidade de Londres é a capital da Inglaterra e do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. Na segunda metade do século XIX, graças à Revolução Industrial e à amplidão do império colonial britânico, era, junto com Paris, a mais importante cidade do mundo. 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Pois esse homem tão dado, tão simples, além de pleitear com poetas, discreteava com duquesas! Um Bocage e uma Cadaval! Ao contacto de tal homem, as damas sentiam-se superfinas; os varões olhavam-no com respeito, alguns, com inveja, não raros, com incredulidade. Ele, entretanto, ia caminho, a acumular adjetivo sobre adjetivo, advérbio sobre advérbio, a desfiar todas as rimas de tirano e de usurpador. Era à sobremesa; ninguém já pensava em comer. No intervalo das glosas, corria um burburinho alegre, um palavrear de estômagos satisfeitos; os olhos moles e úmidos, ou vivos e cálidos, espreguiçavam-se ou saltitavam de uma ponta à outra da mesa, atulhada de doces e frutas, aqui o ananás em fatias, ali o melão em talhadas, as compoteiras de cristal deixando ver o doce de coco, finamente ralado, amarelo como uma gema - ou então o melado escuro e grosso, não longe do queijo e do cará. De quando em quando um riso jovial, amplo, desabotoado, um riso de família, vinha quebrar a gravidade política do banquete. No meio do interesse grande e comum, agitavam-se também os pequenos e particulares. As moças falavam das modinhas que haviam de cantar ao cravo, e do minuete e do solo inglês; nem faltava matrona que prometesse bailar um oitavado de compasso, só para mostrar como folgara nos seus bons tempos de criança. Um sujeito, ao pé de mim, dava a outro notícia recente dos negros novos que estavam a vir, segundo cartas que recebera de Luanda, uma carta em que o sobrinho lhe dizia ter já negociado cerca de quarenta cabeças, e outra carta em que... Trazia-as justamente na algibeira, mas não as podia ler naquela ocasião. O que afiançava é que podíamos contar, só nessa viagem, uns cento e vinte negros, pelo menos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E estas três palavras últimas, expressas com muita ênfase, produziram em toda a assembleia um frêmito de admiração e pasmo. 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A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a \"linda Marcela\", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico - uma pérola.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a \"linda Marcela\", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. 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Quando chegou à narração da batalha de Monte-Caseros, com as marchas e contramarchas próprias do seu discurso, tinha diante de si Napoleão III. Calado a princípio, Rubião proferiu algumas palavras de aplauso, citou Solferino e Magenta, prometeu ao Siqueira uma condecoração. Pai e filha entreolharam-se; o major disse que vinha muita chuva. Com efeito, escurecera um pouco. Era melhor que Rubião fosse, antes de cair água; não trouxera guarda-chuva, o dele era velho e único..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Malab%C4%81r%20Coast", "name": "Malabar", "description": "A \"costa do Malabar\" é um trecho do litoral sudoeste da Índia. 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Usam neste reino de Bungo, e em outros destas remotas partes, um papel feito de casca de canela moída e goma, obra mui prima, que eles talham depois em pedaços de dous palmos de comprimento, e meio de largura, nos quais desenham com vivas e variadas cores, e pela língua do país, as notícias da semana, políticas, religiosas, mercantis e outras, as novas leis do reino, os nomes das fustas, lancharas, balões e toda a casta de barcos que navegam estes mares, ou em guerra, que a há frequente, ou de veniaga. E digo as notícias da semana, porque as ditas folhas são feitas de oito em oito dias, em grande cópia, e distribuídas ao gentio da terra, a troco de uma espórtula, que cada um dá de bom grado para ter as notícias primeiro que os demais moradores. Ora, o nosso Titané não quis melhor esquina que este papel, chamado pela nossa língua Vida e claridade das cousas mundanas e celestes, título expressivo, ainda que um tanto derramado. E, pois, fez inserir no dito papel que acabavam de chegar notícias frescas de toda a costa de Malabar e da China, conforme as quais não havia outro cuidado que não fossem as famosas alparcas dele Titané; que estas alparcas eram chamadas as primeiras do mundo, por serem mui sólidas e graciosas; que nada menos de vinte e dous mandarins iam requerer ao imperador para que, em vista do esplendor das famosas alparcas de Titané, as primeiras do universo, fosse criado o título honorífico de \"alparca do Estado\", para recompensa dos que se distinguissem em qualquer disciplina do entendimento; que eram grossíssimas as encomendas feitas de todas as partes, às quais ele Titané ia acudir, menos por amor ao lucro do que pela glória que dali provinha à nação; não recuando, todavia, do propósito em que estava e ficava de dar de graça aos pobres do reino umas cinquenta corjas das ditas alparcas, conforme já fizera declarar a el-rei e o repetia agora; enfim, que, apesar da primazia no fabrico das alparcas assim reconhecida em toda a terra, ele sabia os deveres da moderação, e nunca se julgaria mais do que um obreiro diligente e amigo da glória do reino de Bungo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Consistiu a experiência de Titané em uma cousa que não sei como diga para que a entendam. Usam neste reino de Bungo, e em outros destas remotas partes, um papel feito de casca de canela moída e goma, obra mui prima, que eles talham depois em pedaços de dous palmos de comprimento, e meio de largura, nos quais desenham com vivas e variadas cores, e pela língua do país, as notícias da semana, políticas, religiosas, mercantis e outras, as novas leis do reino, os nomes das fustas, lancharas, balões e toda a casta de barcos que navegam estes mares, ou em guerra, que a há frequente, ou de veniaga. E digo as notícias da semana, porque as ditas folhas são feitas de oito em oito dias, em grande cópia, e distribuídas ao gentio da terra, a troco de uma espórtula, que cada um dá de bom grado para ter as notícias primeiro que os demais moradores. Ora, o nosso Titané não quis melhor esquina que este papel, chamado pela nossa língua Vida e claridade das cousas mundanas e celestes, título expressivo, ainda que um tanto derramado. E, pois, fez inserir no dito papel que acabavam de chegar notícias frescas de toda a costa de Malabar e da China, conforme as quais não havia outro cuidado que não fossem as famosas alparcas dele Titané; que estas alparcas eram chamadas as primeiras do mundo, por serem mui sólidas e graciosas; que nada menos de vinte e dous mandarins iam requerer ao imperador para que, em vista do esplendor das famosas alparcas de Titané, as primeiras do universo, fosse criado o título honorífico de \"alparca do Estado\", para recompensa dos que se distinguissem em qualquer disciplina do entendimento; que eram grossíssimas as encomendas feitas de todas as partes, às quais ele Titané ia acudir, menos por amor ao lucro do que pela glória que dali provinha à nação; não recuando, todavia, do propósito em que estava e ficava de dar de graça aos pobres do reino umas cinquenta corjas das ditas alparcas, conforme já fizera declarar a el-rei e o repetia agora; enfim, que, apesar da primazia no fabrico das alparcas assim reconhecida em toda a terra, ele sabia os deveres da moderação, e nunca se julgaria mais do que um obreiro diligente e amigo da glória do reino de Bungo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Mechelen", "name": "Malines", "description": "A cidade de Malines se situa no distrito de Mechelen, província de Antuérpia, na Bélgica, e é famosa pela fabricação de rendas.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Mechelen", "lat": "51.02574", "long": "4.47762", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "populated place", "gn:name": "Mechelen", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2791537/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Dona Tomásia concordou com esta explicação do marido, enquanto Eugênia, olhando alternadamente para um e outro, parecia não lhes dar a mínima atenção. O pensamento estava em Andaraí; ela via já na imaginação a cerimônia do consórcio, as carruagens, o apuro do noivo, a sua própria graça, a coroa de flores de laranjeira, que a havia de adornar; enfim talhava já o vestido branco e pregava as rendas de Malines com que havia de levar os olhos a ambas as metades do gênero humano. Daquele sonho foi despertada pelo pai, que lhe imprimiu na testa o seu segundo beijo. O primeiro, como o leitor se há de lembrar, foi dado na noite da morte do conselheiro. O terceiro seria provavelmente no dia em que ela casasse.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Dona Tomásia concordou com esta explicação do marido, enquanto Eugênia, olhando alternadamente para um e outro, parecia não lhes dar a mínima atenção. 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O terceiro seria provavelmente no dia em que ela casasse." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Mangaratiba", "name": "Mangaratiba", "description": "Mangaratiba é um município do estado do Rio de Janeiro. Situa-se na Costa Verde, litoral ao sul da capital do estado. Teve origem ainda no século XVI, quando Martim de Sá mandou trazer tupiniquins já colonizados e estabeleceu aldeamentos na região. Tornou-se freguesia em 1764 e em 1831 conquistou sua independência de Itaguaí, sendo elevada a categoria de Vila de Nossa Senhora da Guia de Mangaratiba. No século XIX a região se desenvolveu, em virtude da economia cafeeira. 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Antes de as calçar, viu no chão, atirada por baixo da porta, a Gazeta de Notícias. Era uso do criado da casa. Levantou a Gazeta e ia pô-la na mesa, ao pé do chapéu, para lê-la ao almoço, como de costume, quando deu com uma notícia do baile. Ficou pasmado! Mas como é que podia a folha de manhã noticiar um baile, que acabou tão tarde? A notícia era curta, e podia ter sido escrita antes de terminar a festa, à uma hora da noite. Viu que era entusiástica, e reconheceu que o autor havia estado presente. Gostou dos adjetivos, do respeito ao dono da casa, e advertiu que entre as pessoas citadas figurava o pai de Ermelinda. Insensivelmente sentara-se na poltrona, e indo dobrar a folha, deu com estas palavras em letras grandes: \"Horrível! Sete mortes!\" A narração era longa, interlinhada; começou a ver o que seria, e, em verdade, achou que era gravíssimo. Um homem da rua das Flores matara a mulher, três filhos, um padeiro e dous policiais, e ferira a mais três pessoas. Correndo pela rua fora, ameaçava a toda a gente, e toda a gente fugia, até que dous mais animosos puseram-se-lhe em frente, um com um pau, que lhe quebrou a cabeça. Escorrendo sangue, o assassino ainda corria na direção da rua do Conde; aí foi preso por uma patrulha, depois de luta renhida. A descrição da notícia era viva, bem feita; Barreto leu-a duas vezes; depois leu a parte relativa à autópsia, um pouco por alto; mas demorou-se no depoimento das testemunhas. Todas eram acordes em que o assassino nunca dera motivo de queixa a ninguém. Tinha 38 anos, era natural de Mangaratiba e empregado no Arsenal de Marinha. Parece que houve uma discussão com a mulher, e duas testemunhas disseram ter ouvido ao assassino: \"Esse tratante não há de voltar aqui!\" Outras não acreditavam que as mortes tivessem tal origem, porque a mulher do assassino era boa pessoa, muito trabalhadeira e séria; inclinaram-se a um acesso de loucura. 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Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Isto é que o distraiu, a ponto de vestir a camisa sem ter escolhido a gravata. Foi às gravatas e escolheu uma, depois de pegar, deixar, tornar a pegar e a deixar umas dez ou onze. Adotou uma de seda, cor das meias, e deu o laço. Reviu-se então longamente no espelho, e foi às botas, que eram de verniz e novas. Já lhes tinha passado um pano; era só calçá-las. 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Botafogo teria um papel histórico, uma enseada imperial para Pedro, uma Veneza republicana para Paulo, sem doge, nem conselho dos dez, ou então um doge com outro título, um simples presidente, que se casaria em nome do povo com este pequenino Adriático. Talvez o doge fosse ele mesmo. Esta possibilidade, apesar dos anos verdes, enfunou a alma do moço. Paulo viu-se à testa de uma república, em que o antigo e o moderno, o futuro e o passado se mesclassem, uma Roma nova, uma Convenção Nacional, a República Francesa e os Estados Unidos da América.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. 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Propriamente vestiram-se para o céu. O luxo do casal temperava a pobreza da oração; era uma espécie de homenagem ao finado. Se a alma de João de Melo os visse de cima, alegrar-se-ia do apuro em que eles foram rezar por um pobre escrivão. Não sou eu que o digo; Santos é que o pensou.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- O nosso Palha já me tinha falado em Vossa Excelência - disse o major depois de apresentado ao Rubião -. Juro que é seu amigo às direitas. Contou-me o acaso que os ligou. Geralmente, as melhores amizades são essas. Eu, em trinta e tantos, pouco antes da Maioridade, tive um amigo, o melhor dos meus amigos daquele tempo, que conheci assim por um acaso, na botica do Bernardes, por alcunha o João das pantorrilhas... Creio que usou delas, em rapaz, entre 1801 e 1812. O certo é que a alcunha ficou. A botica era na rua de São José, ao desembocar na da Misericórdia... João das pantorrilhas... Sabe que era um modo de engrossar a perna... Bernardes era o nome dele, João Alves Bernardes... Tinha a botica na rua de São José. Conversava-se ali muito, à tarde, e à noite. Ia a gente com o seu capote, e bengalão; alguns levavam lanterna. Eu não; levava só o meu capote... Ia-se de capote; o Bernardes - João Alves Bernardes era o nome todo dele -; era filho de Maricá, mas criou-se aqui no Rio de Janeiro... João das pantorrilhas era a alcunha; diziam que ele andara de pantorrilhas, em rapaz, e parece que foi um dos petimetres da cidade. Nunca me esqueci: João das pantorrilhas... 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Eu, em trinta e tantos, pouco antes da Maioridade, tive um amigo, o melhor dos meus amigos daquele tempo, que conheci assim por um acaso, na botica do Bernardes, por alcunha o João das pantorrilhas... Creio que usou delas, em rapaz, entre 1801 e 1812. O certo é que a alcunha ficou. A botica era na rua de São José, ao desembocar na da Misericórdia... João das pantorrilhas... Sabe que era um modo de engrossar a perna... Bernardes era o nome dele, João Alves Bernardes... Tinha a botica na rua de São José. Conversava-se ali muito, à tarde, e à noite. Ia a gente com o seu capote, e bengalão; alguns levavam lanterna. Eu não; levava só o meu capote... Ia-se de capote; o Bernardes - João Alves Bernardes era o nome todo dele -; era filho de Maricá, mas criou-se aqui no Rio de Janeiro... João das pantorrilhas era a alcunha; diziam que ele andara de pantorrilhas, em rapaz, e parece que foi um dos petimetres da cidade. Nunca me esqueci: João das pantorrilhas... 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A recordação de uns simples olhos basta para fixar outros que os recordem e se deleitem com a imaginação deles. Não é mister pecado efetivo e mortal, nem papel trocado, simples palavra, aceno, suspiro ou sinal ainda mais miúdo e leve. Um anônimo ou anônima que passe na esquina da rua faz com que metamos Sirius dentro de Marte, e tu sabes, leitor, a diferença que há de um a outro na distância e no tamanho, mas a astronomia tem dessas confusões. Foi isto que me fez empalidecer, calar e querer fugir da sala para voltar, Deus sabe quando; provavelmente, dez minutos depois. Dez minutos depois, estaria eu outra vez na sala, ao piano ou à janela, continuando a lição interrompida:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Se não fosse a astronomia, não descobriria eu tão cedo as dez libras de Capitu; mas não é por isso que torno a ela, é para que não cuides que a vaidade de professor é que me fez padecer com a desatenção de Capitu e ter ciúmes do mar. Não, meu amigo. Venho explicar-te que tive tais ciúmes pelo que podia estar na cabeça de minha mulher, não fora ou acima dela. É sabido que as distrações de uma pessoa podem ser culpadas, metade culpadas, um terço, um quinto, um décimo de culpadas, pois que em matéria de culpa a graduação é infinita. A recordação de uns simples olhos basta para fixar outros que os recordem e se deleitem com a imaginação deles. Não é mister pecado efetivo e mortal, nem papel trocado, simples palavra, aceno, suspiro ou sinal ainda mais miúdo e leve. Um anônimo ou anônima que passe na esquina da rua faz com que metamos Sirius dentro de Marte, e tu sabes, leitor, a diferença que há de um a outro na distância e no tamanho, mas a astronomia tem dessas confusões. Foi isto que me fez empalidecer, calar e querer fugir da sala para voltar, Deus sabe quando; provavelmente, dez minutos depois. 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A ciência é árdua e seus resultados fazem menos ruído. Não tem vocação comercial nem industrial. Me dita alguma ponte pênsil entre a Corte e Niterói, uma estrada até Mato Grosso ou uma linha de navegação para a China? É duvidoso. Seu futuro tem por ora dous limites únicos, alguns estudos de ciência e os aluguéis das casas que possui. Ora, a eleição nem lhe tira os aluguéis nem obsta a que continue os estudos; a eleição completa-o, dando-lhe a vida pública, que lhe falta. A única objeção seria a falta de opinião política; mas esta objeção não o pode ser. Há de ter, sem dúvida, meditado alguma vez nas necessidades públicas, e...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#ultimo-capitulo", "headline": "Último Capítulo", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Chamo-me Matias Deodato de Castro e Melo, filho do sargento-mor Salvador Deodato de Castro e Melo e de D. Maria da Soledade Pereira, ambos falecidos. Sou natural de Corumbá, Mato Grosso; nasci em 3 de março de 1820; tenho, portanto, cinquenta e um anos, hoje, 3 de março de 1871.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "No quinto dia Epaminondas foi falar a Alfredo propondo-lhe ir pedir ao governo uma concessão e privilégio de minas em Mato Grosso.", "- Então suponha só metade - que há presidência e que é Mato Grosso.", "- Duvido que sejam mais vantajosos do que este. A ciência é árdua e seus resultados fazem menos ruído. Não tem vocação comercial nem industrial. Me dita alguma ponte pênsil entre a Corte e Niterói, uma estrada até Mato Grosso ou uma linha de navegação para a China? É duvidoso. Seu futuro tem por ora dous limites únicos, alguns estudos de ciência e os aluguéis das casas que possui. Ora, a eleição nem lhe tira os aluguéis nem obsta a que continue os estudos; a eleição completa-o, dando-lhe a vida pública, que lhe falta. A única objeção seria a falta de opinião política; mas esta objeção não o pode ser. Há de ter, sem dúvida, meditado alguma vez nas necessidades públicas, e...", "Chamo-me Matias Deodato de Castro e Melo, filho do sargento-mor Salvador Deodato de Castro e Melo e de D. Maria da Soledade Pereira, ambos falecidos. 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Segundo se acredita, o conjunto procura imitar a igreja de St.-Martin-in-the-Fields, em Trafalgar Square, Londres.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Nossa%20Sra.%20da%20Gl%C3%B3ria%20-%20Sepetiba%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2023810-650%2C%20Brazil", "lat": "-22.9732058", "long": "-43.6992235", "gn:featureCode": "S.CHURCH", "gn:featureCodeName": "church", "gn:name": "R. 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Carmo, austeramente posta, é verdade, ia cheia de riso, e o marido também. Tristão estava radiante. Ao subir a escadaria, troquei um olhar com a mana Rita, e creio que sorrimos; não sei se nela, mas em mim era a lembrança daquele dia do cemitério, e do que lhe ouvi sobre a viúva Noronha. Aí vínhamos nós com ela a outras núpcias. Tal era a vontade do Destino. Chamo-lhe assim, para dar um nome a que a leitura antiga me acostumou, e francamente gosto dele. Tem um ar fixo e definitivo. Ao cabo, rima com divino, e poupa-me a cogitações filosóficas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Às nove horas da manhã seguinte, Natividade estava pronta para ir à missa que mandava dizer na matriz da Glória; nenhum dos filhos se lhe apresentou.", "Enfim, casados. Venho agora da Prainha, aonde os fui embarcar para Petrópolis. O casamento foi ao meio-dia em ponto, na matriz da Glória, poucas pessoas, muita comoção. Fidélia vestia escuro e afogado, as mangas presas nos pulsos por botões de granada, e o gesto grave. D. Carmo, austeramente posta, é verdade, ia cheia de riso, e o marido também. Tristão estava radiante. Ao subir a escadaria, troquei um olhar com a mana Rita, e creio que sorrimos; não sei se nela, mas em mim era a lembrança daquele dia do cemitério, e do que lhe ouvi sobre a viúva Noronha. Aí vínhamos nós com ela a outras núpcias. Tal era a vontade do Destino. Chamo-lhe assim, para dar um nome a que a leitura antiga me acostumou, e francamente gosto dele. Tem um ar fixo e definitivo. Ao cabo, rima com divino, e poupa-me a cogitações filosóficas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Makkah", "name": "Meca", "description": "Segundo a tradição islâmica, Meca é a cidade natal do profeta Maomé, fundador da religião islâmica ou muçulmana, que ali teria nascido em 570. Para todos os muçulmanos, é a cidade mais sagrada do mundo. 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Durante alguns minutos houve aquele silêncio que precede a batalha, e só no fim dela começou a geral conversação.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não há mais júbilo nos peregrinos da Meca do que houve nos convivas ao avistarem uma longa mesa, profusamente servida, alastrada de porcelanas e cristais, assados, doces e frutas. Sentaram-se em boa ordem. 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Vi o Bastos, um magricela, que está de vigário em Meia-Ponte, se não morreu já; Luís Borges, apesar de padre, fez-se político, e acabou senador do império... Quantas outras caras me fitavam das páginas frias do Panegírico! Não, não eram frias; traziam o calor da juventude nascente, o calor do passado, o meu próprio calor. Queria lê-las outra vez, e lograva entender algum texto, tão recente como no primeiro dia, ainda que mais breve. Era um encanto ir por ele; às vezes, inconscientemente, dobrava a folha como se estivesse lendo de verdade; creio que era quando os olhos me caíam na palavra do fim da página, e a mão, acostumada a ajudá-los, fazia o seu ofício...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tudo me ia repetindo o diabo do opúsculo, com as suas letras velhas e citações latinas. Vi sair daquelas folhas muitos perfis de seminaristas, os irmãos Albuquerques, por exemplo, um dos quais é cônego na Bahia, enquanto o outro seguiu medicina e dizem haver descoberto um específico contra a febre amarela. Vi o Bastos, um magricela, que está de vigário em Meia-Ponte, se não morreu já; Luís Borges, apesar de padre, fez-se político, e acabou senador do império... Quantas outras caras me fitavam das páginas frias do Panegírico! Não, não eram frias; traziam o calor da juventude nascente, o calor do passado, o meu próprio calor. Queria lê-las outra vez, e lograva entender algum texto, tão recente como no primeiro dia, ainda que mais breve. 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Capital do Egito durante o Império Antigo, continuou a ser uma cidade importante ao longo da história do Mediterrâneo. Ocupava uma posição estratégica, na embocadura do Nilo. Durante sua era de ouro, Mênfis floresceu como centro regional religioso e comercial.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Helwan%2C%20Helwan%20El-Balad%2C%20Helwan%2C%20Cairo%20Governorate%2C%20Egypt", "lat": "29.8402707", "long": "31.29821209999999", "gn:featureCode": "S.RUIN", "gn:featureCodeName": "ruin(s)", "gn:name": "Helwan, Helwan El-Balad, Helwan, Cairo Governorate, Egypt", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=29.8402707,31.29821209999999" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Identidade#identidade", "headline": "Identidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Não tardou que os emissários tornassem a Mênfis com o menecma do rei. Era um pobre escriba, por nome Bachtan, sem pais, nem mulher, nem filhos, nem dívidas, nem concubinas. A cidade e a corte ficaram alvoroçadas ao ver entrar o homem, que era a própria figura do faraó. Juntos, só se podiam reconhecer pelos vestidos, porque o escriba, se não tinha majestade e grandeza, trazia certo ar tranquilo e nobre, que as supria. Eram mais que dois homens parecidos; eram dois exemplares de uma só pessoa; eles mesmos não se distinguiam mais que pela consciência da personalidade. Pha-Nohr aposentou o escriba em uma câmara pegada à sua, dizendo que era para um trabalho de interesse público; e ninguém mais o viu durante dois meses.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não tardou que os emissários tornassem a Mênfis com o menecma do rei. Era um pobre escriba, por nome Bachtan, sem pais, nem mulher, nem filhos, nem dívidas, nem concubinas. A cidade e a corte ficaram alvoroçadas ao ver entrar o homem, que era a própria figura do faraó. 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Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Belo%20Horizonte", "name": "Minas Gerais", "description": "Minas Gerais era uma província e, depois da Proclamação da República, é um estado da federação brasileira, situado no sudeste do Brasil. O nome se explica pela existência em seu território de inúmeras riquezas minerais. No século XVIII, viveu o seu esplendor, no apogeu do chamado ciclo do ouro. No século XIX, passou a destacar-se no cenário político-econômico brasileiro pela produção agropecuária.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Belo%20Horizonte", "lat": "-19.92083", "long": "-43.93778", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Belo Horizonte", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3470127/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-alienista", "headline": "O Alienista", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Outro da mesma espécie era um escrivão, que se vendia por mordomo do rei; outro era um boiadeiro de Minas, cuja mania era distribuir boiadas a toda a gente, dava trezentas cabeças a um, seiscentas a outro, mil e duzentas a outro, e não acabava mais. Não falo dos casos de monomania religiosa; apenas citarei um sujeito que, chamando-se João de Deus, dizia agora ser o deus João, e prometia o reino dos céus a quem o adorasse, e as penas do inferno aos outros; e depois desse, o licenciado Garcia, que não dizia nada, porque imaginava que no dia em que chegasse a proferir uma só palavra, todas as estrelas se despegariam do céu e abrasariam a terra; tal era o poder que recebera de Deus. Assim o escrevia ele no papel que o alienista lhe mandava dar, menos por caridade do que por interesse científico.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-anel-de-policrates", "headline": "O Anel de Polícrates", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "A - Upa! Conheço-o há muito mais tempo, desde que ele estreou na rua do Ouvidor, em pleno marquês de Paraná. Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. Calculou-as logo em mil contos, inventariou-as com muito cuidado, separou o que era moeda, mil contos, do que eram obras de arte e pedrarias; descreveu minuciosamente os objetos, deu-me dous tocheiros de ouro...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_astrólogo#o-astrologo", "headline": "O Astrólogo", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "A palidez do juiz de fora não saiu, talvez, da cabeça do leitor; e, tanto como o almotacé, está ele curioso de saber a causa do fenômeno. A carta do vice-rei dizia respeito a negócio do Estado. Era lacônica; mas terminava com uma frase mortal para o magistrado: \"Pode ser que o serviço de Sua Majestade exija de V. Sa. uma jornada de algumas semanas. Venha ter comigo imediatamente\". Se o juiz de fora fosse obrigado ao serviço extraordinário de que lhe falava o conde de Azambuja, interrompia-se um romance, começado cerca de dous meses antes, em que era protagonista uma interessante viuvinha de vinte e seis estios. Esta viuvinha era da província de Minas Gerais; descera da terra natal para entregar em mão do vice-rei uns papéis que queria submeter a Sua Majestade, e ficou presa nas maneiras obsequiosas do juiz de fora.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "- Realmente, não sei que ideias entraram por aqui depois de 31. São ainda lembranças do padre Feijó. Parece mesmo achaque de padres. Quer ouvir por que razão não podem casar? Porque não podem. 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Ela propôs-me jogar cartas ou damas, um passeio a pé, uma visita a Matacavalos; e, como eu não aceitasse nada, foi para a sala, abriu o piano, e começou a tocar; eu aproveitei a ausência, peguei do chapéu e saí.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#ernesto-de-tal", "headline": "Ernesto de Tal", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "O moço de nariz comprido não pertencia ao número de namorados de arribação; seus intentos eram estritamente conjugais. Tinha vinte e seis anos, era laborioso, benquisto, econômico, singelo e sincero, um verdadeiro filho de Minas. Podia fazer a felicidade de uma moça.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "A Câmara terminou os seus trabalhos em dezembro. Quando tornou em maio seguinte, só Pedro lhe apareceu. Paulo tinha ido a Minas, uns diziam que a ver noiva, outros que a catar diamantes, mas parece que foi só a passeio. Pouco depois regressou, entrando na Câmara sozinho, ao contrário do ano anterior, em que os dous irmãos subiam as escadas juntos, quase pegados. O olho dos amigos não tardou em descobrir que não viviam bem, pouco depois, que se detestavam. Não faltou indiscreto que lhes perguntasse a um e a outro o que houvera no intervalo das duas sessões; nenhum respondia nada. O presidente da Câmara, a conselho do leader, nomeou-os para a mesma comissão. 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Mas eu era o mesmo; passado o primeiro abalo, voltaram-me as carnes, voltou-me a cor, e eu era o mesmo que antes de partir para o Rio Grande. Helena podia reconhecer-me; e eu faltava à convenção tácita que fizera com o conselheiro. Um sábado, porém, tinha Helena doze anos, vindo ambas do colégio, parou o carro defronte do Passeio Público. Vi-as descer e entrar. Levado por um impulso irresistível, entrei também. Queria contemplá-las de longe, sem lhes falar; mas a resolução estava acima das minhas forças. Que pai não faria outro tanto? No lugar mais solitário do Passeio, corri para Helena. Vendo-me, a menina pareceu não reconhecer-me logo; mas atentou um pouco, recuou espavorida e agarrou-se à mãe, abraçando-a pela cintura. Conheci que não estava ali um pai, mas um espectro que regressava do outro mundo. Ia afastar-me, quando ouvi a voz de Helena perguntar à mãe: \"Papai?\" Voltei-me. Ângela envolvera o rosto da criança entre os vestidos. O gesto equivalia a uma confissão; mas esta foi ainda mais clara quando a mãe, cedendo à boa parte da sua natureza, ergueu resoluta os ombros, descobriu rosto da filha, pousou-lhe um beijo na testa, fitou-a e fez com a cabeça um gesto afirmativo. A menina não exigiu mais; correu para mim e atirou-se-me nos braços. Ângela não se atreveu a impedir o movimento da filha; o passado e o sacrifício falavam em meu favor. Abracei Helena e beijei-a como doudo. Ângela interveio: \"Basta!\" disse ela. Pegou na mão da filha e estendeu-me a sua. Apertei-a maquinalmente; meus olhos estavam pregados na criança. Era tão gentil, com o vestido rico que trazia, os cabelos enlaçados com fitas azuis, um chapelinho de palha e os pezinhos calçados com botinas de seda! \"Fez bem\", disse eu a Ângela, depois de alguns instantes; \"deu-lhe um pai melhor do que eu.\" Reparei então que ela própria se transformara; trajava com elegância e estava superiormente bela. A abastança aperfeiçoara a natureza. Olhei-a sem inveja nem cólera - mas com saudade -, nessa vez deliciosa, porque rememorei os bons tempos da nossa ebriedade e loucura. O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo. \"Fez mal\", disse-me ela baixinho. E suspirou. \"Sei que morri\", disse eu, \"e não pretendo ressuscitar.\" Depois voltei-me para Helena: \"Minha filha, faze de conta que me não viste; morri para ti e para o mundo. Teu pai é outro. Prometes que não dirás nada?\" Helena fez um leve sinal de cabeça e beijou-me a mão a furto, como se não quisesse ser vista de Ângela. Nesse simples gesto reconheci que ela ia obedecer-me; mas a tristeza que lhe ficou foi o castigo de sua mãe. 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Casaram-se, e foram para Minas, de onde voltaram três meses depois.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Quando Azevedo saiu da faculdade de São Paulo e voltou para a fazenda da província de Minas Gerais, tinha um projeto: ir à Europa. No fim de alguns meses o pai consentiu na viagem, e Azevedo preparou-se para realizá-la. Chegou à Corte no propósito firme de tomar lugar no primeiro paquete que saísse; mas nem tudo depende da vontade do homem. Azevedo foi a um baile antes de partir; aí estava armada uma rede em que ele devia ser colhido. Que rede! Vinte anos, uma figura delicada, esbelta, franzina, uma dessas figuras vaporosas que parecem desfazer-se ao primeiro raio do sol. Azevedo não foi senhor de si: apaixonou-se; daí a um mês casou-se, e daí a oito dias partiu para Petrópolis.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Uma das suas amigas tivera um filho, quando D. Carmo ia em vinte e tantos anos. Sucessos que o desembargador contou por alto, e não valia a pena instar por eles, trouxeram a mãe e o filho para a casa Aguiar durante algum tempo. Ao cabo da primeira semana tinha o pequeno duas mães. A mãe real precisou ir a Minas, onde estava o marido; viagem de poucos dias. D. Carmo alcançou que a amiga lhe deixasse o filho e a ama. Tais foram os primeiros liames da afeição que cresceu com o tempo e o costume. O pai era comerciante de café - comissário - e andava então a negócios por Minas; a mãe era filha de Taubaté, São Paulo, amiga de viajar a cavalo. Quando veio o tempo de batizar o pequeno, Luísa Guimarães convidou a amiga para madrinha dele. Era justamente o que a outra queria; aceitou com alvoroço, o marido, com prazer, e o batizado se fez como uma festa da família Aguiar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Compreendi que estava velho, e precisava de uma força; mas o Quincas Borba partira seis meses antes para Minas Gerais, e levou consigo a melhor das filosofias. Voltou quatro meses depois, e entrou-me em casa, certa manhã, quase no estado em que eu o vira no Passeio Público. A diferença é que o olhar era outro. Vinha demente. Contou-me que, para o fim de aperfeiçoar o Humanitismo, queimara o manuscrito todo e ia recomeçá-lo. A parte dogmática ficava completa, embora não escrita; era a verdadeira religião do futuro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#a-mulher-de-preto", "headline": "A Mulher de Preto", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Desculpe, meu amigo, se não vou despedir-me pessoalmente. Sou obrigado a partir repentinamente para Minas. Voltarei daqui a alguns meses.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#primas-de-sapucaia", "headline": "Primas de Sapucaia", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "No princípio do ano seguinte, fui a Petrópolis; fiz a viagem com um antigo companheiro de estudos, Oliveira, que foi promotor em Minas Gerais, mas abandonara ultimamente a carreira por ter recebido uma herança. Estava alegre como nos tempos da academia; mas de quando em quando calava-se, olhando para fora da barca ou da caleça, com a atonia de quem regala a alma de uma recordação, de uma esperança ou de um desejo. No alto da serra perguntei-lhe para que hotel ia; respondeu que ia para uma casa particular, mas não me disse aonde, e até desconversou. Cuidei que me visitaria no dia seguinte; mas nem me visitou, nem o vi em parte alguma. Outro colega nosso ouvira dizer que ele tinha uma casa para os lados da Renânia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Ainda assim continuou a luta; chegou a conseguir que Rubião viesse sentar-se ao pé dela, por alguns minutos, e tratou de dizer cousas bonitas, frases que lhe ficaram de romances, outras que a própria melancolia da situação lhe ia inspirando. Rubião ouvia e respondia, mas inquieto, quando Sofia deixava a sala, e não menos quando tornava a ela. Uma das vezes a distração foi excessiva. D. Tonica confessava-lhe que tinha muita vontade de ver Minas, principalmente Barbacena. Que tais eram os ares?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "- Nesse caso - concluiu Viana -, cuido que o senhor possui o segredo de fascinar as moças só com cinco minutos de conversa e um cumprimento de sala. Minha irmã fala muito no senhor; pelo menos depois que veio de Minas...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Três_tesouros_perdidos#tres-tesouros-perdidos", "headline": "Três Tesouros Perdidos", "genre": "Conto", "datePublished": "1858", "text": "Era um dilema. O Sr. X. compreendeu que estava metido entre um cavalo e uma pistola; pois toda a sua paixão era ir a Minas. Escolheu o cavalo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_dia_de_entrudo#um-dia-de-entrudo", "headline": "Um Dia de Entrudo", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "Dona Angélica tinha nessa época seus cinquenta e nove anos. Nascera mais ou menos no tempo da conjuração de Tiradentes. Criada por um lavrador de Minas, D. Angélica adquiriu certos princípios liberais, mas perdeu-os em 1808, quando veio ao Rio de Janeiro e assistiu à entrada da corte real. Ainda que esta mudança nos princípios políticos de D. Angélica foi resultado de uma paixão por um arqueiro ou o que quer que seja da guarda real, D. Angélica pertencia, fisicamente falando, a essa classe de mulheres, capazes de matar um porco de uma cajadada. Além de possuir um par de espáduas atléticas, tinha um gênio de arremeter contra qualquer obstáculo e vencê-lo. Parece que o namorado desdenhava as mulheres alfenins, as criaturas quebradiças e moles. Gostava de uma robustez que indicava saúde e disposição para trabalhar. Angélica resumia tudo isso. Amaram-se e no fim de algum tempo celebrou-se o casamento, com aplauso de amigos e conhecidos. Pouco importa saber que fim levou o Sr. Tomás Sanches no tempo em que se passam as cenas que vou relatar. Basta saber que morreu quando de todo se lhe extinguiu a vida, cousa que provavelmente não lhe aconteceu sem perder a saúde. Demais, não é bom falar do finado Tomás Sanches ao pé de D. Angélica; a pobre senhora ainda hoje o chora. Mas não lhe falem de homem que mereça o respeito, o amor e a consideração, porque D. Angélica cita logo um caso do marido, que, entre parênteses, enriqueceu em pouco tempo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_esqueleto#um-esqueleto", "headline": "Um Esqueleto", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "O doutor estava alegre; apertava-me muitas vezes as mãos agradecendo-me a ideia que lhe dera; fazia seus planos de futuro. Tinha ideias de vir à Corte, logo depois do casamento; aventurou a ideia de seguir para a Europa; mas apenas parecia assentado nisto, já pensava em não sair de Minas, e morrer ali, dizia ele, entre as suas montanhas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_partida#uma-partida", "headline": "Uma Partida", "genre": "Conto", "datePublished": "1892", "text": "Tinha perto de quarenta anos. Pertencia a uma antiga família agrícola, espalhada pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O pai criou-o um pouco à revelia. Já na fazenda, já na capital, aonde ele vinha muitas vezes, fazia tudo que queria e gastava à larga. O pai desejava que ele fosse doutor ou bacharel em direito; mas o filho não quis e não foi nada. Quando o velho morreu deixou-lhe a fazenda em bom estado, dinheiro nas mãos dos correspondentes, muito crédito, ordem e disciplina. Xavier tinha vinte e sete anos. Correu da corte e já achou o pai enterrado. Alguns amigos do velho, que estavam na fazenda, receberam o herdeiro com muitas provas de estima, desejos de perseverança na casa; mas o moço Xavier, ou porque eles acentuassem demasiado a afeição, ou porque se intrigassem uns aos outros, em breve tempo os pôs na rua. Parece que deles é que nasceu mais tarde a lenda das mortes mandadas cometer pelo fazendeiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Outro da mesma espécie era um escrivão, que se vendia por mordomo do rei; outro era um boiadeiro de Minas, cuja mania era distribuir boiadas a toda a gente, dava trezentas cabeças a um, seiscentas a outro, mil e duzentas a outro, e não acabava mais. Não falo dos casos de monomania religiosa; apenas citarei um sujeito que, chamando-se João de Deus, dizia agora ser o deus João, e prometia o reino dos céus a quem o adorasse, e as penas do inferno aos outros; e depois desse, o licenciado Garcia, que não dizia nada, porque imaginava que no dia em que chegasse a proferir uma só palavra, todas as estrelas se despegariam do céu e abrasariam a terra; tal era o poder que recebera de Deus. Assim o escrevia ele no papel que o alienista lhe mandava dar, menos por caridade do que por interesse científico.", "A - Upa! Conheço-o há muito mais tempo, desde que ele estreou na rua do Ouvidor, em pleno marquês de Paraná. Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. 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Ela propôs-me jogar cartas ou damas, um passeio a pé, uma visita a Matacavalos; e, como eu não aceitasse nada, foi para a sala, abriu o piano, e começou a tocar; eu aproveitei a ausência, peguei do chapéu e saí.", "O moço de nariz comprido não pertencia ao número de namorados de arribação; seus intentos eram estritamente conjugais. Tinha vinte e seis anos, era laborioso, benquisto, econômico, singelo e sincero, um verdadeiro filho de Minas. Podia fazer a felicidade de uma moça.", "A Câmara terminou os seus trabalhos em dezembro. Quando tornou em maio seguinte, só Pedro lhe apareceu. Paulo tinha ido a Minas, uns diziam que a ver noiva, outros que a catar diamantes, mas parece que foi só a passeio. Pouco depois regressou, entrando na Câmara sozinho, ao contrário do ano anterior, em que os dous irmãos subiam as escadas juntos, quase pegados. O olho dos amigos não tardou em descobrir que não viviam bem, pouco depois, que se detestavam. 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O gesto equivalia a uma confissão; mas esta foi ainda mais clara quando a mãe, cedendo à boa parte da sua natureza, ergueu resoluta os ombros, descobriu rosto da filha, pousou-lhe um beijo na testa, fitou-a e fez com a cabeça um gesto afirmativo. A menina não exigiu mais; correu para mim e atirou-se-me nos braços. Ângela não se atreveu a impedir o movimento da filha; o passado e o sacrifício falavam em meu favor. Abracei Helena e beijei-a como doudo. Ângela interveio: \"Basta!\" disse ela. Pegou na mão da filha e estendeu-me a sua. Apertei-a maquinalmente; meus olhos estavam pregados na criança. Era tão gentil, com o vestido rico que trazia, os cabelos enlaçados com fitas azuis, um chapelinho de palha e os pezinhos calçados com botinas de seda! \"Fez bem\", disse eu a Ângela, depois de alguns instantes; \"deu-lhe um pai melhor do que eu.\" Reparei então que ela própria se transformara; trajava com elegância e estava superiormente bela. A abastança aperfeiçoara a natureza. Olhei-a sem inveja nem cólera - mas com saudade -, nessa vez deliciosa, porque rememorei os bons tempos da nossa ebriedade e loucura. O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo. \"Fez mal\", disse-me ela baixinho. E suspirou. \"Sei que morri\", disse eu, \"e não pretendo ressuscitar.\" Depois voltei-me para Helena: \"Minha filha, faze de conta que me não viste; morri para ti e para o mundo. Teu pai é outro. Prometes que não dirás nada?\" Helena fez um leve sinal de cabeça e beijou-me a mão a furto, como se não quisesse ser vista de Ângela. Nesse simples gesto reconheci que ela ia obedecer-me; mas a tristeza que lhe ficou foi o castigo de sua mãe. Pedíamos à natureza mais do que ela podia dar.", "No meado do ano de 1871, fez Jorge uma excursão a Minas Gerais, com o fim de ajoelhar-se à sepultura de sua mãe, cujos ossos transportaria oportunamente para um dos cemitérios do Rio de Janeiro. A excursão durou seis semanas. Jorge visitou alguns parentes, e regressou nos princípios de agosto.", "Vencida a letra, era razoável pagar; era mesmo obrigatório. Trataram dos papéis; e dentro de poucas semanas, nos fins de 1878, cumpriu-se o juramento de 1861. Casaram-se, e foram para Minas, de onde voltaram três meses depois.", "Quando Azevedo saiu da faculdade de São Paulo e voltou para a fazenda da província de Minas Gerais, tinha um projeto: ir à Europa. No fim de alguns meses o pai consentiu na viagem, e Azevedo preparou-se para realizá-la. Chegou à Corte no propósito firme de tomar lugar no primeiro paquete que saísse; mas nem tudo depende da vontade do homem. Azevedo foi a um baile antes de partir; aí estava armada uma rede em que ele devia ser colhido. Que rede! Vinte anos, uma figura delicada, esbelta, franzina, uma dessas figuras vaporosas que parecem desfazer-se ao primeiro raio do sol. Azevedo não foi senhor de si: apaixonou-se; daí a um mês casou-se, e daí a oito dias partiu para Petrópolis.", "Uma das suas amigas tivera um filho, quando D. Carmo ia em vinte e tantos anos. Sucessos que o desembargador contou por alto, e não valia a pena instar por eles, trouxeram a mãe e o filho para a casa Aguiar durante algum tempo. Ao cabo da primeira semana tinha o pequeno duas mães. A mãe real precisou ir a Minas, onde estava o marido; viagem de poucos dias. D. Carmo alcançou que a amiga lhe deixasse o filho e a ama. Tais foram os primeiros liames da afeição que cresceu com o tempo e o costume. O pai era comerciante de café - comissário - e andava então a negócios por Minas; a mãe era filha de Taubaté, São Paulo, amiga de viajar a cavalo. Quando veio o tempo de batizar o pequeno, Luísa Guimarães convidou a amiga para madrinha dele. Era justamente o que a outra queria; aceitou com alvoroço, o marido, com prazer, e o batizado se fez como uma festa da família Aguiar.", "Compreendi que estava velho, e precisava de uma força; mas o Quincas Borba partira seis meses antes para Minas Gerais, e levou consigo a melhor das filosofias. Voltou quatro meses depois, e entrou-me em casa, certa manhã, quase no estado em que eu o vira no Passeio Público. A diferença é que o olhar era outro. Vinha demente. Contou-me que, para o fim de aperfeiçoar o Humanitismo, queimara o manuscrito todo e ia recomeçá-lo. A parte dogmática ficava completa, embora não escrita; era a verdadeira religião do futuro.", "Desculpe, meu amigo, se não vou despedir-me pessoalmente. Sou obrigado a partir repentinamente para Minas. Voltarei daqui a alguns meses.", "No princípio do ano seguinte, fui a Petrópolis; fiz a viagem com um antigo companheiro de estudos, Oliveira, que foi promotor em Minas Gerais, mas abandonara ultimamente a carreira por ter recebido uma herança. Estava alegre como nos tempos da academia; mas de quando em quando calava-se, olhando para fora da barca ou da caleça, com a atonia de quem regala a alma de uma recordação, de uma esperança ou de um desejo. No alto da serra perguntei-lhe para que hotel ia; respondeu que ia para uma casa particular, mas não me disse aonde, e até desconversou. Cuidei que me visitaria no dia seguinte; mas nem me visitou, nem o vi em parte alguma. Outro colega nosso ouvira dizer que ele tinha uma casa para os lados da Renânia.", "Ainda assim continuou a luta; chegou a conseguir que Rubião viesse sentar-se ao pé dela, por alguns minutos, e tratou de dizer cousas bonitas, frases que lhe ficaram de romances, outras que a própria melancolia da situação lhe ia inspirando. Rubião ouvia e respondia, mas inquieto, quando Sofia deixava a sala, e não menos quando tornava a ela. Uma das vezes a distração foi excessiva. D. Tonica confessava-lhe que tinha muita vontade de ver Minas, principalmente Barbacena. Que tais eram os ares?", "- Nesse caso - concluiu Viana -, cuido que o senhor possui o segredo de fascinar as moças só com cinco minutos de conversa e um cumprimento de sala. Minha irmã fala muito no senhor; pelo menos depois que veio de Minas...", "Era um dilema. O Sr. X. compreendeu que estava metido entre um cavalo e uma pistola; pois toda a sua paixão era ir a Minas. Escolheu o cavalo.", "Dona Angélica tinha nessa época seus cinquenta e nove anos. Nascera mais ou menos no tempo da conjuração de Tiradentes. Criada por um lavrador de Minas, D. Angélica adquiriu certos princípios liberais, mas perdeu-os em 1808, quando veio ao Rio de Janeiro e assistiu à entrada da corte real. Ainda que esta mudança nos princípios políticos de D. Angélica foi resultado de uma paixão por um arqueiro ou o que quer que seja da guarda real, D. Angélica pertencia, fisicamente falando, a essa classe de mulheres, capazes de matar um porco de uma cajadada. Além de possuir um par de espáduas atléticas, tinha um gênio de arremeter contra qualquer obstáculo e vencê-lo. Parece que o namorado desdenhava as mulheres alfenins, as criaturas quebradiças e moles. Gostava de uma robustez que indicava saúde e disposição para trabalhar. Angélica resumia tudo isso. Amaram-se e no fim de algum tempo celebrou-se o casamento, com aplauso de amigos e conhecidos. Pouco importa saber que fim levou o Sr. Tomás Sanches no tempo em que se passam as cenas que vou relatar. Basta saber que morreu quando de todo se lhe extinguiu a vida, cousa que provavelmente não lhe aconteceu sem perder a saúde. Demais, não é bom falar do finado Tomás Sanches ao pé de D. Angélica; a pobre senhora ainda hoje o chora. Mas não lhe falem de homem que mereça o respeito, o amor e a consideração, porque D. Angélica cita logo um caso do marido, que, entre parênteses, enriqueceu em pouco tempo.", "O doutor estava alegre; apertava-me muitas vezes as mãos agradecendo-me a ideia que lhe dera; fazia seus planos de futuro. Tinha ideias de vir à Corte, logo depois do casamento; aventurou a ideia de seguir para a Europa; mas apenas parecia assentado nisto, já pensava em não sair de Minas, e morrer ali, dizia ele, entre as suas montanhas.", "Tinha perto de quarenta anos. Pertencia a uma antiga família agrícola, espalhada pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O pai criou-o um pouco à revelia. Já na fazenda, já na capital, aonde ele vinha muitas vezes, fazia tudo que queria e gastava à larga. O pai desejava que ele fosse doutor ou bacharel em direito; mas o filho não quis e não foi nada. Quando o velho morreu deixou-lhe a fazenda em bom estado, dinheiro nas mãos dos correspondentes, muito crédito, ordem e disciplina. Xavier tinha vinte e sete anos. Correu da corte e já achou o pai enterrado. Alguns amigos do velho, que estavam na fazenda, receberam o herdeiro com muitas provas de estima, desejos de perseverança na casa; mas o moço Xavier, ou porque eles acentuassem demasiado a afeição, ou porque se intrigassem uns aos outros, em breve tempo os pôs na rua. 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Era a flor dos cabeleireiros; por mais demorada que fosse a operação do toucado, não enfadava nunca; ele intercalava as penteadelas com muitos motes e pulhas, cheios de um pico, de um sabor... Não tinha outra filosofia. Nem eu. Não digo que a Universidade me não tivesse ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim; embolsei três versos de Virgílio, dous de Horácio, uma dúzia de locuções morais e políticas, para as despesas da conversação. Tratei-os como tratei a história e a jurisprudência. Colhi de todas as cousas a fraseologia, a casca, a ornamentação...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Para lhes dizer a verdade toda, eu refletia as opiniões de um cabeleireiro, que achei em Módena, e que se distinguia por não as ter absolutamente. 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A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades - principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estroina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade. Guardei-o, deixei as margens do Mondego, e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver - de prolongar a Universidade pela vida adiante...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E foi assim que desembarquei em Lisboa e segui para Coimbra. A Universidade esperava-me com as suas matérias árduas; estudei-as muito mediocremente, e nem por isso perdi o grau de bacharel; deram-mo com a solenidade do estilo, após os anos da lei; uma bela festa que me encheu de orgulho e de saudades - principalmente de saudades. Tinha eu conquistado em Coimbra uma grande nomeada de folião; era um acadêmico estroina, superficial, tumultuário e petulante, dado às aventuras, fazendo romantismo prático e liberalismo teórico, vivendo na pura fé dos olhos pretos e das constituições escritas. 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A cena representada era a de uma família grega, antiga, um rapaz que volta com um pássaro apanhado, e uma criança que esconde com a camisa a irmã mais velha, para dizer que ela não está em casa. O rapaz, ainda imberbe, traz nuas as suas belas pernas gregas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Miloca#miloca", "headline": "Miloca", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Dona Pulquéria da Assunção era uma senhora de seus sessenta anos, arguta, devota, gorda, paciente, crônica viva, catecismo ambulante. Era viúva de um capitão de cavalaria que morrera em Monte Caseros deixando-lhe uma escassa pensão e a boa vontade de um irmão mais moço, que possuía alguma cousa. Rodrigo era o nome desse único parente a quem o capitão Lúcio confiara D. Pulquéria na ocasião de partir para o rio da Prata. Era bom homem, generoso e franco; D. 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Era melhor que Rubião fosse, antes de cair água; não trouxera guarda-chuva, o dele era velho e único...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um dia, indo visitar a madrinha, viúva de um capitão que morreu em Monte Caseros, viu em casa dela uma Virgem, a óleo. Até então só conhecia as imagens de santos nos registros das igrejas, ou em casa dele mesmo, gravadas e metidas em caixilho. Ficou encantado; tão bonita! Cores tão vivas! Tratou de a decorar para pintar outra, mas a própria madrinha emprestou-lhe o quadro. A primeira cópia que ele fez não lhe saiu a gosto; mas a segunda pareceu-lhe que era, pelo menos, tão boa como o original. A mãe dele, porém, pediu-lha para pôr no oratório, e João Maria, que mirava o aplauso público, antes do que as bênçãos do céu, teve de sustentar um conflito longo e doloroso; afinal cedeu. E seja dito isto em honra dos seus sentimentos filiais, porque a mãe, D. 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Ângela podia ser obstáculo à minha carreira, dizia ele. Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Pouco tempo depois, perdendo de vista a cidade natal, sentiu Jorge que dobrara a primeira lauda de seu destino, e ia encetar outra, escrita com sangue. O espetáculo do mar abateu-o ainda mais: alargava-se-lhe a solidão até o infinito. Os poucos dias da viagem, desfiou-os nessa atonia moral que sucede às catástrofes. 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A filha não passou dos quinze anos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- A mãe de Helena - disse Salvador -, cuja beleza foi a causa, a um tempo, da sua má e boa fortuna, era filha de um nobre lavrador do Rio Grande do Sul, onde também nasci. Apaixonamo-nos um pelo outro. Meu pai opôs-se ao casamento; tinha alguns bens, mandara-me estudar, queria ver-me em posição brilhante. Ângela podia ser obstáculo à minha carreira, dizia ele. Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "Pouco tempo depois, perdendo de vista a cidade natal, sentiu Jorge que dobrara a primeira lauda de seu destino, e ia encetar outra, escrita com sangue. O espetáculo do mar abateu-o ainda mais: alargava-se-lhe a solidão até o infinito. Os poucos dias da viagem, desfiou-os nessa atonia moral que sucede às catástrofes. Enfim, aportou a Montevidéu, seguindo dali ao Paraguai.", "Antes de um ano, soube-se que ele morrera em combate, no qual se houve com mais denodo que perícia. Ouvi contar que primeiro perdera um braço, e que provavelmente a vergonha de ficar aleijado o fez atirar-se contra as armas inimigas, como quem queria acabar de vez. Esta versão podia ser exata, porque ele tinha desvanecimentos das belas formas; mas a causa foi complexa. Também me contaram que Maria, voltando do Rio Grande, morreu em Curitiba; outros dizem que foi acabar em Montevidéu. A filha não passou dos quinze anos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Morro%20da%20Concei%C3%A7%C3%A3o", "name": "Morro da Conceição", "description": "O morro da Conceição, situado na zona portuária do Rio de Janeiro, foi um marco da ocupação da cidade. 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A mãe, viúva, com alguma cousa de seu, adorava o filho e trazia-o amimado, asseado, enfeitado, com um vistoso pajem atrás, um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas nos morros do Livramento e da Conceição ou simplesmente arruar, à toa, como dous peraltas sem emprego. E de imperador! Era um gosto ver o Quincas Borba fazer de imperador nas festas do Espírito Santo. De resto, nos nossos jogos pueris, ele escolhia sempre um papel de rei, ministro, general, uma supremacia, qualquer que fosse. Tinha garbo o traquinas, e gravidade, certa magnificência nas atitudes, nos meneios. Quem diria que... Suspendamos a pena; não adiantemos os sucessos. Vamos de um salto a 1822, data da nossa independência política, e do meu primeiro cativeiro pessoal.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Uma flor, o Quincas Borba. Nunca em minha infância, nunca em toda a minha vida, achei um menino mais gracioso, inventivo e travesso. 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Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de cousas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "A esta voz importuna e verdadeira, Jorge erguia os ombros. Tentou refugiar-se no sono. O sono rejeitou-o de si. Então fumou, desceu à chácara, fatigou o corpo para melhor adormecer o espírito; mas a lua que batia no repuxo mostrava-lhe ora um casebre de Santa Teresa, ora uma varanda da Tijuca, como se fossem o verso e o anverso da medalha de seu coração, toda a história da vida que ele vivera até ali. A diferença entre uma e outra dessas duas fases é que presentemente o desengano não o levaria à guerra, nem lhe daria os desesperos do primeiro dia. Não; Jorge levantou-se na manhã seguinte um pouco atordoado, mas não inteiramente abatido. Sentia alguma opressão moral, um desejo de saber quem era o adversário preferido. Merecê-la-ia? Que a merecesse, embora; ele tinha um direito anterior e superior; desde que a amava, excluía todos os outros.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Ora, o Rubião! 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Ao longe, vozes vagas e confusas, na rua um tropel de bestas, do lado da casa o chilrear dos passarinhos do Pádua. Nada mais, ou somente este fenômeno curioso, que o nome escrito por ela não só me espiava do chão com gesto escarninho, mas até me pareceu que repercutia no ar. Tive então uma ideia ruim; disse-lhe que, afinal de contas, a vida de padre não era má, e eu podia aceitá-la sem grande pena. Como desforço, era pueril; mas eu sentia a secreta esperança de vê-la atirar-se a mim lavada em lágrimas. Capitu limitou-se a arregalar muito os olhos, e acabou por dizer:", "Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora. 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Sentia alguma opressão moral, um desejo de saber quem era o adversário preferido. Merecê-la-ia? Que a merecesse, embora; ele tinha um direito anterior e superior; desde que a amava, excluía todos os outros.", "- Ora, o Rubião! É verdade; ele nunca mais teve aquelas tolices de Santa Teresa?", "- Foi a uma visita aqui mesmo no morro - disse ela -; há de gostar muito de o ver." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Rep%C3%BAblica%20do%20Chile%20-%20Centro", "name": "Morro de Santo Antônio", "description": "O Morro de Santo Antônio situa-se no largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. 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Hesitava entre o morro de São Diogo e o campo de Sant´Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A escola era na rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio, - deixei-me estar alguns instantes na rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de São Diogo e o campo de Sant´Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. 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Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. Calculou-as logo em mil contos, inventariou-as com muito cuidado, separou o que era moeda, mil contos, do que eram obras de arte e pedrarias; descreveu minuciosamente os objetos, deu-me dous tocheiros de ouro...", "Natividade não replicou, mergulhou no silêncio, como naquele outro capítulo, vinte meses depois, quando tornava do Castelo com a irmã. Os olhos não tinham a nota de deslumbramento que trariam então; iam parados e sombrios, como de manhã e na véspera. Santos, que já reparara nisso, perguntou-lhe o que é que tinha; ela não sei se lhe respondeu de palavra; se alguma disse, foi tão breve e surda que inteiramente se perdeu. Talvez não passasse de um simples gesto de olhos, um suspiro, ou cousa assim. Fosse o que fosse, quando o coupé chegou ao meio do Catete, os dous levavam as mãos presas, e a expressão do rosto era de abençoados. Não davam sequer pela gente das ruas; não davam talvez por si mesmos.", "Um dia encontrei-o na rua de São José. 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O morro estava ainda nu de habitações, salvo o velho palacete do alto, onde era a capela. Pois um domingo, ao descer com Nhã-loló pelo braço, não sei que fenômeno se deu que fui deixando aqui dous anos, ali quatro, logo adiante cinco, de maneira que, quando cheguei abaixo, estava com vinte anos apenas, tão lépidos como tinham sido.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não falo dos anos. Não os sentia; acrescentarei até que os deitara fora, certo domingo, em que fui à missa na capela do Livramento. Como o Damasceno morava nos Cajueiros, eu acompanhava-os muitas vezes à missa. O morro estava ainda nu de habitações, salvo o velho palacete do alto, onde era a capela. 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A habitação régia era, por assim dizer, uma reunião de todas as ordens arquitetônicas, sem excluir a chinesa, sendo de notar que esta última fazia não mediana despesa na estrutura do palácio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_excursão_milagrosa#uma-excursao-milagrosa", "headline": "Uma Excursão Milagrosa", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "Caminhando, os objetos, até então vistos através de um nevoeiro, tomavam aspecto de cousas reais. Pude ver então que me achava em uma nova terra, a todos os respeitos estranha; o primeiro aspecto vencia ao que oferece a poética Istambul ou a poética Nápoles. Mais entrávamos, mais os objetos tomavam o aspecto da realidade. Assim chegamos à grande praça onde estavam construídos os reais paços. 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Não há próximo!\" A única hipótese em que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie de amor tinha a particularidade de não ser outra cousa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo. E como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das turbas, o Diabo recorreu a um apólogo: \"Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos adúlteros\". Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria.", "Caminhando, os objetos, até então vistos através de um nevoeiro, tomavam aspecto de cousas reais. Tito pôde ver então que se achava em uma nova terra, a todos os respeitos estranha: o primeiro aspecto vencia ao que oferece a poética Istambul ou a poética Nápoles. Mais entravam, porém, mais os objetos tomavam o aspecto da realidade. 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Os namorados é que serão perpétuos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. 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Um dos trechos dizia assim:", "Lembras-te daquela veranista de Petrópolis que atribuiu um terceiro namorado à nossa amiguinha? \"Um dos três\", disse ela. Pois aqui está o terceiro namorado, e pode ser que ainda apareça outro. Este mundo é dos namorados. Tudo se pode dispensar nele; dia virá em que se dispensem até os governos, a anarquia se organizará de si mesma, como nos primeiros dias do paraíso. Quanto à comida, virá de Boston ou de Nova Iorque um processo para que a gente se nutra com a simples respiração do ar. Os namorados é que serão perpétuos.", "Tito tinha andado por todas as repúblicas do mar Pacífico, tinha vivido no México e em alguns estados americanos. Tinha depois ido à Europa no paquete da linha de New York. Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "- Primeiro meio. 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Piedoso, severo nos costumes, minucioso na observância das regras, frouxo, acanhado, subalterno, possuía algumas virtudes, em que era exemplar - mas carecia absolutamente da força de as incutir, de as impor aos outros.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Bem diferente era o tio cônego. Esse tinha muita austeridade e pureza; tais dotes, contudo, não realçavam um espírito superior, apenas compensavam um espírito medíocre. Não era homem que visse a parte substancial da Igreja; via o lado externo, a hierarquia, as preeminências, as sobrepelizes, as circunflexões. Vinha antes da sacristia que do altar. Uma lacuna no ritual excitava-o mais do que uma infração dos mandamentos. Agora, a tantos anos de distância, não estou certo se ele poderia atinar facilmente com um trecho de Tertuliano, ou expor, sem titubear, a história do símbolo de Niceia; mas ninguém, nas festas cantadas, sabia melhor o número e o caso das cortesias que se deviam ao oficiante. Cônego foi a única ambição de sua vida; e dizia de coração que era a maior dignidade a que podia aspirar. Piedoso, severo nos costumes, minucioso na observância das regras, frouxo, acanhado, subalterno, possuía algumas virtudes, em que era exemplar - mas carecia absolutamente da força de as incutir, de as impor aos outros." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Nile", "name": "Nilo", "description": "O rio Nilo é um dos maiores do mundo. Nasce ao sul da linha do Equador (no território da atual Ruanda) e corre em direção ao mar Mediterrâneo, percorrendo o nordeste da África. 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Pela minha parte fechei os olhos e deixei-me ir à ventura. Já agora não se me dá de confessar que sentia umas tais ou quais cócegas de curiosidade, por saber onde ficava a origem dos séculos, se era tão misteriosa como a origem do Nilo, e sobretudo se valia alguma cousa mais ou menos do que a consumação dos mesmos séculos: reflexões de cérebro enfermo. Como ia de olhos fechados, não via o caminho; lembra-me só que a sensação de frio aumentava com a jornada, e que chegou uma ocasião em que me pareceu entrar na região dos gelos eternos. Com efeito, abri os olhos e vi que o meu animal galopava numa planície branca de neve, com uma ou outra montanha de neve, vegetação de neve, e vários animais grandes e de neve. Tudo neve; chegava a gelar-nos um sol de neve. Tentei falar, mas apenas pude grunhir esta pergunta:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Insinuei que deveria ser muitíssimo longe; mas o hipopótamo não me entendeu ou não me ouviu, se é que não fingiu uma dessas cousas; e, perguntando-lhe, visto que ele falava, se era descendente do cavalo de Aquiles ou da asna de Balaão, retorquiu-me com um gesto peculiar a estes dous quadrúpedes: abanou as orelhas. Pela minha parte fechei os olhos e deixei-me ir à ventura. Já agora não se me dá de confessar que sentia umas tais ou quais cócegas de curiosidade, por saber onde ficava a origem dos séculos, se era tão misteriosa como a origem do Nilo, e sobretudo se valia alguma cousa mais ou menos do que a consumação dos mesmos séculos: reflexões de cérebro enfermo. Como ia de olhos fechados, não via o caminho; lembra-me só que a sensação de frio aumentava com a jornada, e que chegou uma ocasião em que me pareceu entrar na região dos gelos eternos. Com efeito, abri os olhos e vi que o meu animal galopava numa planície branca de neve, com uma ou outra montanha de neve, vegetação de neve, e vários animais grandes e de neve. Tudo neve; chegava a gelar-nos um sol de neve. Tentei falar, mas apenas pude grunhir esta pergunta:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Niter%C3%B3i", "name": "Niterói", "description": "A atual cidade de Niterói corresponde à antiga Vila Real de Praia Grande, localizada na margem leste da baía da Guanabara, no estado (antes, província) do Rio de Janeiro. 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Parece que consentiu logo no casamento, justamente com a mira em vir a ser \"sogro do governo\", como ele mesmo dizia, brincando, no tempo em que o genro era deputado. Mas o governo mudou de família, e o Chico Fernandes não se consolou. A filha é o que o consolou dando-lhe um neto.", "- Vou para o Norte.", "Leopoldina era o nome da amiga que lhe aparecera como um deus ex machina, acompanhada pelo marido, jovem deputado do Norte, governista inabalável e aspirante a ministro. Quem conversava com ele durante meia hora nutria logo algumas dúvidas sobre se os negócios do Estado ganhariam muito em que ele os dirigisse. Dúvida realmente frívola, que ainda não fechou a ninguém as avenidas do poder.", "Meneses não foi à Câmara durante muitos dias, e no primeiro paquete seguiu para o Norte.", "Foi-se buscar à pressa uma ama. Encontrou-se ao cabo de algumas horas uma preta que alimentou o pequeno durante cinco dias, e morreu de erisipela em um joelho. A segunda ama era uma mulher livre que tinha a mania de jogar na loteria, e que ao fim de um mês tirou a sorte grande: saiu da casa para ir abrir uma loja de costuras. A terceira entrou a amar o irmão mais velho do pequeno, com violência tal, que o pai julgou acertado mandá-la embora. Veio quarta ama, que era dorminhoca e deixava o pequeno berrar toda a santa noite; a quinta ama era respondona; a sexta dividia os afetos entre o menino e um permanente; a sétima foi aturada até o fim do tempo da amamentação, a despeito de uma voz de soprano que irritava os nervos do dono da casa, cantando modinhas do Norte todo o santíssimo dia.", "- Cousa nenhuma. Nenhum deles tornou ao assunto; livres de um naufrágio, não quiseram saber nada da tempestade que os meteu a pique. A reconciliação fez-se depressa. O Andrade comprou-lhe, meses depois, uma casinha em Catumbi; a Marocas deu-lhe um filho, que morreu de dois anos. Quando ele seguiu para o Norte, em comissão do governo, a afeição era ainda a mesma, posto que os primeiros ardores não tivessem já a mesma intensidade. Não obstante, ela quis ir também; fui eu que a obriguei a ficar. O Andrade contava tornar ao fim de pouco tempo, mas, como lhe disse, morreu na província. A Marocas sentiu profundamente a morte, pôs luto, e considerou-se viúva; sei que, nos três primeiros anos, ouvia sempre uma missa no dia aniversário. Há dez anos perdi-a de vista. Que lhe parece tudo isto?", "Os dois oficiais estavam nas avançadas do acampamento de Tuiuti. Eram ambos voluntários, tinham recebido o batismo de fogo na batalha de 24 de maio. Corriam agora aqueles longos meses de inação, que só terminou em meados de 1867. Isidoro e Martinho não se conheciam antes da guerra, um viera do Norte, outro, do Rio de Janeiro. A convivência os fez amigos, o coração também, e afinal a idade, que era no tenente de vinte e oito anos, e no alferes, de vinte e cinco. Fisicamente, não se pareciam nada. O alferes Martinho era antes baixo que alto, enxuto de carnes, o rosto moreno, maçãs salientes, boca fina, risonha, maneiras alegres. Isidoro não se podia dizer triste, mas estava longe de ser jovial. Sorria algumas vezes, conversava com interesse. Usava grandes bigodes. Era alto e elegante, peito grosso, quadris largos, cintura fina." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Nova%20Friburgo", "name": "Nova Friburgo", "description": "Nova Friburgo é uma cidade da região serrana no estado (antes província) do Rio de Janeiro. Foi a primeira colônia não portuguesa a ser fundada no Brasil, quando o rei D. 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A segunda razão é que o próprio Tristão está com vontade de acompanhar o desembargador e Fidélia; nunca viu uma fazenda, e tem vontade, antes de voltar para Lisboa...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questões_de_maridos#questoes-de-maridos", "headline": "Questões de Maridos", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "Casaram-se. O professor visitou-as no fim de oito dias, e achou-as felizes. Felizes, ou mais ou menos se passaram os primeiros meses. Um dia, o professor teve de ir viver em Nova Friburgo, e as sobrinhas ficaram na Corte, onde os maridos eram empregados. No fim de algumas semanas de estada em Nova Friburgo, eis a carta que a mulher do professor recebeu de Luísa:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Ficando só, a nossa amiga, que apenas tomou um caldo, lá para as duas horas, foi sentar-se à porta de casa, no jardim. Naturalmente, voltou a pensar no lance da véspera. Não estava bem em si nem fora de si, nem com Deus nem com o Diabo. Arrependia-se de haver contado o episódio ao marido, e ao mesmo tempo irritava-se com as tentativas de explicação que este lhe deu. No meio das reflexões, ouviu distintamente as palavras do major: \"Olá! Estão apreciando a lua?\" como se as folhas as tivessem guardado, e repetido agora que a aragem começava a movê-las. Sofia teve um calafrio. 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Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Esse Aires que aí aparece conserva ainda agora algumas das virtudes daquele tempo, e quase nenhum vício. Não atribuas tal estado a qualquer propósito. Nem creias que vai nisto um pouco de homenagem à modéstia da pessoa. Não, senhor, é verdade pura e natural efeito. Apesar dos quarenta anos, ou quarenta e dois, e talvez por isso mesmo, era um belo tipo de homem. 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Havia um padre, amigo dele, rapaz de trinta anos, da escola de Fénelon, que entrava com Telêmaco na ilha de Calipso. Ora, o padre dizia muitas vezes a Estêvão que só uma cousa lhe faltava para ser completo: era casar-se.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Além disso, Estêvão tinha ideias singulares. Havia um padre, amigo dele, rapaz de trinta anos, da escola de Fénelon, que entrava com Telêmaco na ilha de Calipso. Ora, o padre dizia muitas vezes a Estêvão que só uma cousa lhe faltava para ser completo: era casar-se." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Mount%20Olympus%2C%20Olympos%20402%2000%2C%20Greece", "name": "Olimpo", "description": "Segundo a mitologia greco-romana, também chamada mitologia clássica, o monte Olimpo é a morada dos deuses. 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Senhora minha, com certeza nunca viu cair um carteiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#uma-visita-de-alcibiades", "headline": "Uma Visita de Alcibíades", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "honesto passatempo de alguns desembargadores pacatos, essas mesmas estavam curadas, radicalmente curadas. De longe em longe, acrescentei, um ou outro poeta, um ou outro prosador alude aos restos da teogonia pagã, mas só o faz por gala ou brinco, ao passo que a ciência reduziu todo o Olimpo a uma simbólica. Morto, tudo morto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#viver", "headline": "Viver!", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "PROMETEU - E qual foi o meu crime? Fiz de lodo e água os primeiros homens, e depois, compadecido, roubei para eles o fogo do céu. Tal foi o meu crime. Júpiter, que então regia o Olimpo, condenou-me ao mais cruel suplício. Anda, sobe comigo a este rochedo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Dias depois, Andrade e Mendonça foram à casa de Margarida, e lá passaram meia hora em conversa cerimoniosa. As visitas repetiram-se; eram porém mais frequentes da parte de Mendonça que de Andrade. D. Antônia mostrou-se mais familiar que Margarida; só depois de algum tempo Margarida desceu do Olimpo do silêncio em que habitualmente se encerrara.", "Perdoem-lhe esse riso. Bem sei que o desassossego, a noite mal passada, o terror da opinião, tudo contrasta com esse riso inoportuno. Mas, leitora amada, talvez a senhora nunca visse cair um carteiro. Os deuses de Homero - e mais eram deuses - debatiam uma vez no Olimpo, gravemente, e até furiosamente. A orgulhosa Juno, ciosa dos colóquios de Tétis e Júpiter em favor de Aquiles, interrompe o filho de Saturno. Júpiter troveja e ameaça; a esposa treme de cólera. Os outros gemem e suspiram. Mas quando Vulcano pega da urna de néctar, e vai coxeando servir a todos, rompe no Olimpo uma enorme gargalhada inextinguível. Por quê? Senhora minha, com certeza nunca viu cair um carteiro.", "honesto passatempo de alguns desembargadores pacatos, essas mesmas estavam curadas, radicalmente curadas. De longe em longe, acrescentei, um ou outro poeta, um ou outro prosador alude aos restos da teogonia pagã, mas só o faz por gala ou brinco, ao passo que a ciência reduziu todo o Olimpo a uma simbólica. Morto, tudo morto.", "PROMETEU - E qual foi o meu crime? Fiz de lodo e água os primeiros homens, e depois, compadecido, roubei para eles o fogo do céu. Tal foi o meu crime. Júpiter, que então regia o Olimpo, condenou-me ao mais cruel suplício. Anda, sobe comigo a este rochedo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Olinda", "name": "Olinda", "description": "Olinda é um município do estado de Pernambuco, no Brasil. 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A vida do mato começara a aborrecê-lo; ficara ali por gratidão ao sogro; as saudades da civilização vieram tomá-lo. Um dia, a aldeia foi invadida por uma horda de índios de outra, não se sabe por que motivo, nem importa ao nosso caso. Na luta pereceram muitos, meu pai foi ferido, e fugiu para o mato. No dia seguinte veio à aldeia, achou a mulher morta. As feridas eram profundas; curou-as com o emprego de remédios usuais; e restabeleceu-se dentro de poucos dias. Mas os sucessos confirmaram-no no propósito de deixar a vida semisselvagem e tornar à vida civilizada e cristã. Muitos anos se tinham passado depois da fuga do convento de Iguaraçu; ninguém mais o reconheceria. Um dia de manhã deixou a aldeia, com o pretexto de ir caçar; foi primeiro ao arroio, desviou a pedra, abriu a igaçaba, tirou o boião, onde deixara um resto do elixir. A idéia dele era fazer analisar a droga na Europa, ou mesmo em Olinda ou no Recife, ou na Bahia, por algum entendido em cousas de química e farmácia. Ao mesmo tempo não podia furtar-se a um sentimento de gratidão; devia àquele remédio a saúde. Com o boião ao lado, a mocidade nas pernas e a resolução no peito, saiu dali, caminho de Olinda e da eternidade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Foi isto mesmo o que ele pensou, quando se viu bom. Era algum remédio para febre e outras doenças; e nisto ficou; mas, apesar do efeito da droga, não a descobriu a ninguém. Entretanto, os anos passaram, sem que meu pai envelhecesse; qual era no tempo da moléstia, tal ficou. Nenhuma ruga, nenhum cabelo branco. Moço, perpetuamente moço. A vida do mato começara a aborrecê-lo; ficara ali por gratidão ao sogro; as saudades da civilização vieram tomá-lo. Um dia, a aldeia foi invadida por uma horda de índios de outra, não se sabe por que motivo, nem importa ao nosso caso. Na luta pereceram muitos, meu pai foi ferido, e fugiu para o mato. No dia seguinte veio à aldeia, achou a mulher morta. 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Em rapaz teve alguns namoricos de esquina, mas com o tempo apareceu-lhe a comichão das grandezas, e foi isto que lhe prolongou o celibato até os quarenta e um anos, em que o vemos. Cobiçava alguma noiva superior a ele e à roda em que vivia, e gastou o tempo em esperá-la. Chegou a frequentar os bailes de um advogado célebre e rico, para quem copiava papéis, e que o protegia muito. Tinha nos bailes a mesma posição subalterna do escritório; passava a noite vagando pelos corredores, espiando o salão, vendo passar as senhoras, devorando com os olhos uma multidão de espáduas magníficas e talhes graciosos. Invejava os homens, e copiava-os. Saía dali excitado e resoluto. Em falta de bailes, ia às festas de igreja, onde poderia ver algumas das primeiras moças da cidade. Também era certo no saguão do paço imperial, em dia de cortejo, para ver entrar as grandes damas e as pessoas da corte, ministros, generais, diplomatas, desembargadores, e conhecia tudo e todos, pessoas e carruagens. Voltava da festa e do cortejo, como voltava do baile, impetuoso, ardente, capaz de arrebatar de um lance a palma da fortuna.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Um conhecido meu, homem de imprensa, achando-me ali, ofereceu-me lugar no seu carro, que estava na rua Nova, e ia enfileirar no cortejo organizado para rodear o paço da cidade, e fazer ovação à Regente. Estive quase, quase a aceitar, tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião não cuidou mais do coche nem do esquadrão de cavalaria. Foi dar consigo abaixo, andou por várias ruas, até que subiu pela de São José. Desde o paço imperial, vinha gesticulando e falando a alguém que supunha trazer pelo braço, e era a imperatriz. Eugênia ou Sofia? Ambas em uma só criatura - ou antes a segunda com o nome da primeira. Homens que iam passando paravam; do interior das lojas corria gente às portas. Uns riam-se, outros ficavam indiferentes; alguns, depois de verem o que era, desviavam os olhos para poupá-los à aflição que lhes dava o espetáculo do delírio. Uma turba de moleques acompanhava o Rubião, alguns tão próximos, que lhe ouviam as palavras. Crianças de toda a sorte vinham juntar-se ao grupo. Quando eles viram a curiosidade geral, entenderam dar voz à multidão, e começou a surriada:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Era solteiro, por obra das circunstâncias, não de vocação. Em rapaz teve alguns namoricos de esquina, mas com o tempo apareceu-lhe a comichão das grandezas, e foi isto que lhe prolongou o celibato até os quarenta e um anos, em que o vemos. Cobiçava alguma noiva superior a ele e à roda em que vivia, e gastou o tempo em esperá-la. Chegou a frequentar os bailes de um advogado célebre e rico, para quem copiava papéis, e que o protegia muito. 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Uso os seus próprios termos: dedica à formosa Fidélia. O verbo não é vivo, mas pode ser elegante e, em todo caso, exprime a unidade do destino. As teses escolares dedicam-se a pais, a parentes, a amigos; o amor é tese para uma só pessoa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Volto espantado das Paineiras. Lá fui hoje com Tristão. No fim do almoço, acima da cidade e do mar, ouvi-lhe nem mais nem menos que a confissão do amor que dedica à formosa Fidélia. Uso os seus próprios termos: dedica à formosa Fidélia. O verbo não é vivo, mas pode ser elegante e, em todo caso, exprime a unidade do destino. 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Depois da mudança da sede do bispado para o palácio de São Joaquim, no bairro da Glória (na segunda década do século XX), abrigou o Serviço Geográfico do Exército. Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), atualmente abriga o Museu Cartográfico, que conserva alguns dos mais antigos mapas do país.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Lu%C3%ADs%20Carlos%20Concei%C3%A7%C3%A3o%20-%20Jacarepagu%C3%A1%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9770451", "long": "-43.3385412", "gn:featureCode": "BLDG", "gn:featureCodeName": "building(s)", "gn:name": "R. 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O padre coadjutor, quando soube da explicação, exclamou com muito critério que o ser parente não lhe trocava o sexo nem supria o escândalo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ing%C3%A1%2C%20Niter%C3%B3i%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Palácio do Ingá", "description": "Em 1835, com a escolha da cidade de Niterói (antiga Vila Real de Praia Grande) como capital da província do Rio de Janeiro, o governo foi estabelecido no bairro do Ingá. A sede do governo foi chamada de palácio do Ingá e funcionou em uma propriedade do barão de São Gonçalo, que foi sede do governo até 1894, quando a capital foi transferida para Petrópolis. 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Até à volta, se nos encontrarmos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pal%C3%A1cio%20Guanabara", "name": "Palácio Isabel", "description": "\"Palácio Isabel\", ou \"Paço Isabel\", foi a denominação que recebeu uma bela residência do bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, a antiga chácara do Rozo, quando lá passou a residir a princesa Isabel, depois de casada com o conde d'Eu. O palácio fora construído na década de 1850 e foi especialmente reformado para abrigar a filha do imperador e seu marido. No período republicano, seu nome foi mudado para \"Palácio Guanabara\", hoje a sede do governo do estado do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pal%C3%A1cio%20Guanabara", "lat": "-22.93796", "long": "-43.18472", "gn:featureCode": "PAL", "gn:featureCodeName": "palace", "gn:name": "Palácio Guanabara", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/7538828/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Santos cumpriu à risca. A entrega se fez naturalmente, e, no palácio Isabel, a definição do \"liberal de 1848\" saiu mais viva que as outras palavras, ou para diminuir o cheiro revolucionário da frase condenada pela mulher, ou porque trazia valor histórico. Quando ele voltou a casa, a primeira cousa que lhe disse foi que a Regente perguntara por ela, mas apesar de lisonjeada com a lembrança, Natividade quis saber da impressão que lhe fizera o discurso, se já o lera.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Santos cumpriu à risca. A entrega se fez naturalmente, e, no palácio Isabel, a definição do \"liberal de 1848\" saiu mais viva que as outras palavras, ou para diminuir o cheiro revolucionário da frase condenada pela mulher, ou porque trazia valor histórico. Quando ele voltou a casa, a primeira cousa que lhe disse foi que a Regente perguntara por ela, mas apesar de lisonjeada com a lembrança, Natividade quis saber da impressão que lhe fizera o discurso, se já o lera." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Mal.%20Floriano%2C%20196%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020080-002%2C%20Brazil", "name": "Palácio Itamaraty", "description": "O Palácio Itamaraty, ou Itamarati, situa-se na rua Marechal Floriano, antiga rua Larga de São Joaquim, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O edifício foi construído entre 1851 e 1855 por iniciativa de Francisco José da Rocha, o conde de Itamarati. O prédio foi sede do governo republicano de 1889 a 1898 e sede do Ministério das Relações Exteriores de 1899 a 1970. Atualmente funciona como dependência do Ministério das Relações Exteriores no Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Mal.%20Floriano%2C%20196%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020080-002%2C%20Brazil", "lat": "-22.902996", "long": "-43.1878954", "gn:featureCode": "BLDG", "gn:featureCodeName": "building(s)", "gn:name": "Av. Mal. Floriano, 196 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20080-002, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.902996,-43.1878954" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Natividade pediu aos filhos que se não metessem em barulhos; ambos prometeram e cumpriram. Ao ver o aspecto de algumas ruas, grupos, patrulhas, armas, duas metralhadoras, Itamarati iluminado, tiveram a curiosidade de saber o que houve e havia; vaga sugestão, que não durou dous minutos. Correram a meter-se em casa, e a dormir mal a noite. Na manhã seguinte os criados levaram os jornais com as notícias da véspera.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Natividade pediu aos filhos que se não metessem em barulhos; ambos prometeram e cumpriram. Ao ver o aspecto de algumas ruas, grupos, patrulhas, armas, duas metralhadoras, Itamarati iluminado, tiveram a curiosidade de saber o que houve e havia; vaga sugestão, que não durou dous minutos. Correram a meter-se em casa, e a dormir mal a noite. Na manhã seguinte os criados levaram os jornais com as notícias da véspera." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Catete%2C%20153%20-%20Catete%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022220-000%2C%20Brazil", "name": "Palácio Nova Friburgo", "description": "O palácio do barão de Nova Friburgo, cuja construção se concluiu em 1867, foi um dos edifícios mais luxuosos da cidade do Rio de Janeiro no Segundo Reinado. Poucos anos depois da Proclamação da República, o edifício passou a denominar-se Palácio do Catete e foi a sede da Presidência da República do Brasil até a mudança da capital para Brasília, em 1960. Hoje o edifício abriga o Museu da República.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Catete%2C%20153%20-%20Catete%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022220-000%2C%20Brazil", "lat": "-22.9259013", "long": "-43.1763666", "gn:featureCode": "S.MUS", "gn:featureCodeName": "Museum", "gn:name": "R. do Catete, 153 - Catete, Rio de Janeiro - RJ, 22220-000, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9259013,-43.1763666" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Ao passar pelo palácio Nova Friburgo, levantou os olhos para ele com o desejo do costume, uma cobiça de possuí-lo, sem prever os altos destinos que o palácio viria a ter na República; mas quem então previa nada? Quem prevê cousa nenhuma? Para Santos a questão era só possuí-lo, dar ali grandes festas únicas, celebradas nas gazetas, narradas na cidade entre amigos e inimigos, cheios de admiração, de rancor ou de inveja. Não pensava nas saudades que as matronas futuras contariam às suas netas, menos ainda nos livros de crônicas, escritos e impressos neste outro século. Santos não tinha a imaginação da posteridade. Via o presente e suas maravilhas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ao passar pelo palácio Nova Friburgo, levantou os olhos para ele com o desejo do costume, uma cobiça de possuí-lo, sem prever os altos destinos que o palácio viria a ter na República; mas quem então previa nada? Quem prevê cousa nenhuma? Para Santos a questão era só possuí-lo, dar ali grandes festas únicas, celebradas nas gazetas, narradas na cidade entre amigos e inimigos, cheios de admiração, de rancor ou de inveja. Não pensava nas saudades que as matronas futuras contariam às suas netas, menos ainda nos livros de crônicas, escritos e impressos neste outro século. Santos não tinha a imaginação da posteridade. Via o presente e suas maravilhas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Palais-Royal", "name": "Palais Royal", "description": "O Palais Royal é um palácio localizado em frente à ala norte do Louvre, em Paris. Foi construído pelo arquiteto Jacques Lemercier, no século XVII, a mando do cardeal Richelieu. Depois da morte de Luís XIII, abrigou a rainha Ana da Áustria e Luís XIV e passou a ser chamado de Palais Royal. Durante a Revolução Francesa os jardins do palácio foram abertos aos parisienses. No Segundo Império, foi residência da família Bonaparte, representada pelo príncipe Napoleão, primo de Napoleão III. Em 1871, o palácio foi destruído e restaurado dois anos depois para receber o Conselho de Estado francês.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Palais-Royal", "lat": "48.8635", "long": "2.33876", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Palais-Royal", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6545270/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Mil singulares idéias atravessavam o cérebro de Camilo. Ora almejava alar-se com cavalo e tudo, rasgar os ares e ir cair defronte do Palais Royal, ou em outro qualquer ponto da capital do mundo. Logo depois fazia a si mesmo a descrição de um cataclismo tal, que ele viesse a achar-se almoçando no Café Tortoni, dois minutos depois de chegar ao altar o padre Maciel.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mil singulares idéias atravessavam o cérebro de Camilo. Ora almejava alar-se com cavalo e tudo, rasgar os ares e ir cair defronte do Palais Royal, ou em outro qualquer ponto da capital do mundo. Logo depois fazia a si mesmo a descrição de um cataclismo tal, que ele viesse a achar-se almoçando no Café Tortoni, dois minutos depois de chegar ao altar o padre Maciel." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Palestine", "name": "Palestina", "description": "Palestina é o nome do território situado entre o Mediterrâneo, o rio Jordão e o mar Morto. Historicamente, é uma região disputada, pois é considerada sagrada pelas três religiões abrâmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo). Atualmente, o domínio sobre a Palestina é reivindicado tanto pela Autoridade Palestina como pelo Estado de Israel.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Palestine", "lat": "31.92157", "long": "35.20329", "gn:featureCode": "PCLS", "gn:featureCodeName": "semi-independent political entity", "gn:name": "Palestine", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6254930/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Ao cabo de seis meses, Ezequiel falou-me em uma viagem à Grécia, ao Egito, e à Palestina, viagem científica, promessa feita a alguns amigos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ao cabo de seis meses, Ezequiel falou-me em uma viagem à Grécia, ao Egito, e à Palestina, viagem científica, promessa feita a alguns amigos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sugarloaf%20Mountain", "name": "Pão de Açúcar", "description": "Pão d'Açúcar (ou Pão de Açúcar) é um dos morros que compõem a paisagem da cidade do Rio de Janeiro. Está localizado na entrada da baía de Guanabara, no bairro da Urca. É um marco histórico da cidade, pois, em 1º de março de 1565, Estácio de Sá fundou, entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sugarloaf%20Mountain", "lat": "-22.94932", "long": "-43.15636", "gn:featureCode": "MT", "gn:featureCodeName": "mountain", "gn:name": "Sugarloaf Mountain", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3455217/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Não poderia encontrar outra melhor nem tão boa. Dona Úrsula é uma santa senhora; Estácio, um caráter austero e digno. Venhamos agora ao conselho. Há muito tempo ando com ideia de ir à Europa; estou caminhando para a velhice; não quero deixar de ir ver alguma cousa, além do nosso Pão d'Açúcar. Já desfiz o projeto mais de uma vez. Cuido que agora vou definitivamente realizá-lo. Dá-se, porém, uma circunstância grave. Sabe que minha filha ama seu irmão? Meus olhos descobriram desde muito essa inclinação de um e outro, porque também seu irmão ama minha filha. Merecem-se; e de algum modo continuam a afeição dos pais; a natureza completa a natureza. Esta é a situação. O que eu desejava, porém, é que me dissesse se devo partir já, levando-a; ou se é melhor esperar que eles se casem.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não poderia encontrar outra melhor nem tão boa. Dona Úrsula é uma santa senhora; Estácio, um caráter austero e digno. Venhamos agora ao conselho. Há muito tempo ando com ideia de ir à Europa; estou caminhando para a velhice; não quero deixar de ir ver alguma cousa, além do nosso Pão d'Açúcar. Já desfiz o projeto mais de uma vez. Cuido que agora vou definitivamente realizá-lo. Dá-se, porém, uma circunstância grave. Sabe que minha filha ama seu irmão? Meus olhos descobriram desde muito essa inclinação de um e outro, porque também seu irmão ama minha filha. Merecem-se; e de algum modo continuam a afeição dos pais; a natureza completa a natureza. Esta é a situação. O que eu desejava, porém, é que me dissesse se devo partir já, levando-a; ou se é melhor esperar que eles se casem." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Bel%C3%A9m", "name": "Pará", "description": "Pará era uma província e é hoje um estado brasileiro localizado na região Norte do país. Tem como limites Amazonas, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso; também faz fronteira com o Suriname. Sua capital é a cidade de Belém. No século XIX, no período regencial, houve na região a explosão de uma revolta liderada pelas camadas populares, que ficou conhecida pelo nome de Cabanagem (1835).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Bel%C3%A9m", "lat": "-1.45583", "long": "-48.50444", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Belém", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3405870/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Flora teve um calefrio. Sem admitir a nomeação, tremeu ao nome da província. Pedro lembrou ainda o Amazonas, Pará, Piauí... Era o infinito, mormente se o pai fizesse boa administração, porque não voltaria tão cedo. Já agora a moça resistia menos, achava possível e abominável, mas dizia isto para si, dentro do coração. De repente, Pedro, quase estacando o passo:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questão_de_vaidade#questao-de-vaidade", "headline": "Questão de Vaidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "Suponha o leitor que somos conhecidos velhos. Estamos ambos entre as quatro paredes de uma sala; o leitor, assentado em uma cadeira com as pernas sobre a mesa, à moda americana, eu, a fio comprido em uma rede do Pará que se balouça voluptuosamente, à moda brasileira, ambos enchendo o ar de leves e caprichosas fumaças, à moda de toda gente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_por_outra#uma-por-outra", "headline": "Uma Por Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "Encontrei a bordo um homem, que vinha do Pará, e a quem meu pai me apresentou e recomendou. Era negociante do Rio de Janeiro; trazia mulher e filha, ambas enjoadas. Gostou de mim, como se gosta a bordo, sem mais cerimônia, e viemos conversando por ali fora. Tinha parentes em Belém, e era associado em um negócio de borracha. Contou-me cousas infinitas da borracha e do seu futuro. Não lhe falei de versos; dando comigo a ler alguns, exclamou rindo:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Flora teve um calefrio. Sem admitir a nomeação, tremeu ao nome da província. Pedro lembrou ainda o Amazonas, Pará, Piauí... Era o infinito, mormente se o pai fizesse boa administração, porque não voltaria tão cedo. Já agora a moça resistia menos, achava possível e abominável, mas dizia isto para si, dentro do coração. De repente, Pedro, quase estacando o passo:", "Suponha o leitor que somos conhecidos velhos. Estamos ambos entre as quatro paredes de uma sala; o leitor, assentado em uma cadeira com as pernas sobre a mesa, à moda americana, eu, a fio comprido em uma rede do Pará que se balouça voluptuosamente, à moda brasileira, ambos enchendo o ar de leves e caprichosas fumaças, à moda de toda gente.", "Encontrei a bordo um homem, que vinha do Pará, e a quem meu pai me apresentou e recomendou. Era negociante do Rio de Janeiro; trazia mulher e filha, ambas enjoadas. Gostou de mim, como se gosta a bordo, sem mais cerimônia, e viemos conversando por ali fora. Tinha parentes em Belém, e era associado em um negócio de borracha. Contou-me cousas infinitas da borracha e do seu futuro. Não lhe falei de versos; dando comigo a ler alguns, exclamou rindo:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Asunci%C3%B3n", "name": "Paraguai", "description": "O Paraguai, capital Assunção, é um país da América do Sul, que faz fronteira com Bolívia, Brasil e Argentina, não possuindo saída para o mar. No século XIX entrou em guerra com Brasil, Argentina e Uruguai, que formaram contra ele a Tríplice Aliança, naquilo que ficou conhecido no Brasil como Guerra do Paraguai. O rio Paraguai, palavra que em guarani significa \"grande rio\", divide o país entre o Paraguai ocidental (Chaco) e o Paraguai oriental.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Asunci%C3%B3n", "lat": "-25.28646", "long": "-57.647", "gn:featureCode": "PPLC", "gn:featureCodeName": "capital of a political entity", "gn:name": "Asunción", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3439389/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Pouco tempo depois, perdendo de vista a cidade natal, sentiu Jorge que dobrara a primeira lauda de seu destino, e ia encetar outra, escrita com sangue. O espetáculo do mar abateu-o ainda mais: alargava-se-lhe a solidão até o infinito. Os poucos dias da viagem, desfiou-os nessa atonia moral que sucede às catástrofes. Enfim, aportou a Montevidéu, seguindo dali ao Paraguai.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Pouco tempo depois, perdendo de vista a cidade natal, sentiu Jorge que dobrara a primeira lauda de seu destino, e ia encetar outra, escrita com sangue. O espetáculo do mar abateu-o ainda mais: alargava-se-lhe a solidão até o infinito. Os poucos dias da viagem, desfiou-os nessa atonia moral que sucede às catástrofes. Enfim, aportou a Montevidéu, seguindo dali ao Paraguai." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Jo%C3%A3o%20Pessoa", "name": "Paraíba", "description": "A Paraíba era uma província e é hoje um estado brasileiro situado na região Nordeste. Tem como limites o estado do Rio Grande do Norte, o Oceano Atlântico, Pernambuco e o Ceará. A capital é João Pessoa. Na Paraíba encontra-se o \"ponto mais oriental das Américas\", conhecido como a Ponta do Seixas. 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Vivemos assim a trocar memórias e regalos, ora em dia de anos, ora sem razão particular. Tudo isso me empanava os olhos... Vieram os jornais do dia: davam notícia do desastre e da morte de Escobar, os estudos e os negócios deste, as qualidades pessoais, a simpatia do comércio, e também falavam dos bens deixados, da mulher e da filha. Tudo isso foi na segunda-feira. Na terça-feira foi aberto o testamento, que me nomeava segundo testamenteiro; o primeiro lugar cabia à mulher. Não me deixava nada, mas as palavras que me escrevera em carta separada eram sublimes de amizade e estima. Capitu desta vez chorou muito; mas compôs-se depressa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Uma ideia sublime - disse ele ao pai de Flora -; a que lancei hoje foi das melhores, e as ações valem já ouro. 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Levou-o a jantar, e explicou-lhe que se metera em empresa lucrativa, e fora abençoado pela sorte. Estava bem. Morava fora, no Paraná. Veio à Corte ver se podia arranjar uma comenda. Tinha um hábito; mas tanta gente lhe dava o título de comendador, que não havia remédio senão fazer do dito certo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Paris", "name": "Paris", "description": "A cidade de Paris é a capital da França e uma das maiores metrópoles do mundo, abrigando pessoas e instituições de diversas nacionalidades. Conhecida como \"cidade luz\", foi uma das primeiras capitais a possuir iluminação urbana. 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Viu Londres e Paris. Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Era em 1890. Evaristo voltara da Europa, dias antes, após dezoito anos de ausência. Tinha saído do Rio de Janeiro em 1872, e contava demorar-se até 1874 ou 1875, depois de ver algumas cidades célebres ou curiosas; mas o viajante põe e Paris dispõe. Uma vez entrado naquele mundo, em 1873, Evaristo deixou-se ir ficando, além do prazo determinado; adiou a viagem um ano, outro ano, e afinal não pensou mais na volta. Desinteressara-se das nossas cousas; ultimamente nem lia os jornais daqui; era um estudante pobre da Bahia, que os ia buscar emprestados, e lhe referia depois uma ou outra notícia de vulto. Senão quando, em novembro de 1889, entra-lhe em casa um reporter parisiense, que lhe fala de revolução no Rio de Janeiro, pede informações políticas, sociais, biográficas. Evaristo refletiu.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Assim é o destino dos namorados sem ventura; os próprios amigos, como Aguiar parece que é de Osório, tratam logo de outra cousa. Eles que se fiquem consigo. Nós passamos a tratar de algumas notícias de sociedade e das últimas notícias novelescas de Paris. Neste capítulo D. Carmo sabe mais que eu, e muito mais que o marido, que não sabe nada; mas Aguiar acompanhou a conversação como se soubesse alguma cousa. Ele compra-lhe os livros, que ela lê e resume para ele ouvir. Como a memória dele é grande, cita também as narrações escritas, com a diferença que ela, tendo impressão direta, a análise que faz é mais viva e interessante. Ouvi-lhe dizer de alguns nomes contemporâneos muita cousa fina e própria. É claro que, se o marido escrevesse também, achá-lo-ia melhor que ninguém, porque ela o ama deveras, tanto ou mais que no primeiro dia; é a impressão que ainda hoje me deixou.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "...Velhos do meu tempo, acaso vos lembrais desse mestre cozinheiro do Hotel Pharoux, um sujeito que, segundo dizia o dono da casa, havia servido nos famosos Véry e Véfour, de Paris, e mais nos palácios do Conde Molé e do Duque de la Rochefoucauld? Era insigne. Entrou no Rio de Janeiro com a polca... A polca, M. Prudhon, o Tivoli, o baile dos estrangeiros, o Cassino, eis algumas das melhores recordações daquele tempo; mas sobretudo os acepipes do mestre eram deliciosos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "De noite foi à casa da tia. Achou as senhoras à volta de uma mesa; Guiomar lia, para a madrinha ouvir, um romance francês, recentemente publicado em Paris e trazido pelo último paquete. Mrs. Oswald lia também, mas para si, um grosso volume de Sir Walter Scott, edição Constable, de Edimburgo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Não era possível tergiversar mais. 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Foi à Espanha, onde viveu a vida de Almaviva, dando serenatas às janelas das Rosinas de hoje. Trouxe de lá alguns leques e mantilhas. Passou à Itália e levantou o espírito à altura das recordações da arte clássica. Viu a sombra de Dante nas ruas de Florença; viu as almas dos doges pairando saudosas sobre as águas viúvas do mar Adriático; a terra de Rafael, de Virgílio e Miguel Ângelo foi para ele uma fonte viva de recordações do passado e de impressões para o futuro. Foi à Grécia, onde soube evocar o espírito das gerações extintas que deram ao gênio da arte e da poesia um fulgor que atravessou as sombras dos séculos.", "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. 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Nós passamos a tratar de algumas notícias de sociedade e das últimas notícias novelescas de Paris. Neste capítulo D. Carmo sabe mais que eu, e muito mais que o marido, que não sabe nada; mas Aguiar acompanhou a conversação como se soubesse alguma cousa. Ele compra-lhe os livros, que ela lê e resume para ele ouvir. Como a memória dele é grande, cita também as narrações escritas, com a diferença que ela, tendo impressão direta, a análise que faz é mais viva e interessante. Ouvi-lhe dizer de alguns nomes contemporâneos muita cousa fina e própria. É claro que, se o marido escrevesse também, achá-lo-ia melhor que ninguém, porque ela o ama deveras, tanto ou mais que no primeiro dia; é a impressão que ainda hoje me deixou.", "...Velhos do meu tempo, acaso vos lembrais desse mestre cozinheiro do Hotel Pharoux, um sujeito que, segundo dizia o dono da casa, havia servido nos famosos Véry e Véfour, de Paris, e mais nos palácios do Conde Molé e do Duque de la Rochefoucauld? Era insigne. Entrou no Rio de Janeiro com a polca... A polca, M. Prudhon, o Tivoli, o baile dos estrangeiros, o Cassino, eis algumas das melhores recordações daquele tempo; mas sobretudo os acepipes do mestre eram deliciosos.", "De noite foi à casa da tia. Achou as senhoras à volta de uma mesa; Guiomar lia, para a madrinha ouvir, um romance francês, recentemente publicado em Paris e trazido pelo último paquete. Mrs. Oswald lia também, mas para si, um grosso volume de Sir Walter Scott, edição Constable, de Edimburgo.", "Não era possível tergiversar mais. Imaginou ainda uma grave moléstia; mas a ideia de que o pai podia não acreditar nela e suspender-lhe realmente os meios, aluiu de todo este projeto. Camilo nem ânimo teve de ir confessar a sua posição à bela princesa; receava além disso que ela, por um rasgo de generosidade - natural em quem ama -, quisesse dividir com ele as suas terras de Novogorod. Aceitá-las seria humilhação, recusá-las poderia ser ofensa. Camilo preferiu sair de Paris deixando à princesa uma carta em que lhe contava singelamente os acontecimentos e prometia voltar algum dia.", "- Ah! O imperador! Bonito busto, em verdade. Obra fina. O senhor comprou isto aqui ou mandou vir de Paris? São magníficos. Lá está o primeiro, o grande; este era um gênio. Se não fosse a traição, oh, os traidores, vê o senhor? Os traidores são piores que as bombas de Orsini.", "Rui não foi apresentado ao rei, não se sabe bem por que razão; mas andou por toda a parte; figurou nos solares da fidalguia como nas casas dos mesteirais; espantou damas, condes e burgueses; falou de cousas acontecidas um século antes; causou em suma o mesmo assombro que o célebre conde de São Germano em Paris ainda que este misterioso personagem não possuísse o dom da imortalidade achado pelo pajé.", "Góis teve um dia a ideia de propor a D. 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Queria contemplá-las de longe, sem lhes falar; mas a resolução estava acima das minhas forças. Que pai não faria outro tanto? No lugar mais solitário do Passeio, corri para Helena. Vendo-me, a menina pareceu não reconhecer-me logo; mas atentou um pouco, recuou espavorida e agarrou-se à mãe, abraçando-a pela cintura. Conheci que não estava ali um pai, mas um espectro que regressava do outro mundo. Ia afastar-me, quando ouvi a voz de Helena perguntar à mãe: \"Papai?\" Voltei-me. Ângela envolvera o rosto da criança entre os vestidos. O gesto equivalia a uma confissão; mas esta foi ainda mais clara quando a mãe, cedendo à boa parte da sua natureza, ergueu resoluta os ombros, descobriu rosto da filha, pousou-lhe um beijo na testa, fitou-a e fez com a cabeça um gesto afirmativo. A menina não exigiu mais; correu para mim e atirou-se-me nos braços. Ângela não se atreveu a impedir o movimento da filha; o passado e o sacrifício falavam em meu favor. Abracei Helena e beijei-a como doudo. Ângela interveio: \"Basta!\" disse ela. Pegou na mão da filha e estendeu-me a sua. Apertei-a maquinalmente; meus olhos estavam pregados na criança. Era tão gentil, com o vestido rico que trazia, os cabelos enlaçados com fitas azuis, um chapelinho de palha e os pezinhos calçados com botinas de seda! \"Fez bem\", disse eu a Ângela, depois de alguns instantes; \"deu-lhe um pai melhor do que eu.\" Reparei então que ela própria se transformara; trajava com elegância e estava superiormente bela. A abastança aperfeiçoara a natureza. Olhei-a sem inveja nem cólera - mas com saudade -, nessa vez deliciosa, porque rememorei os bons tempos da nossa ebriedade e loucura. O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo. \"Fez mal\", disse-me ela baixinho. 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Recordei aquele companheiro de colégio, as correrias nos morros, as alegrias e travessuras, e comparei o menino com o homem, e perguntei a mim mesmo por que não seria eu como ele. Entrava então no Passeio Público, e tudo me parecia dizer a mesma cousa. - Por que não serás ministro, Cubas? - Cubas, por que não serás ministro de Estado? Ao ouvi-lo, uma deliciosa sensação me refrescava todo o organismo. Entrei, fui sentar-me num banco, a remoer aquela ideia. E Virgília, que havia de gostar! Alguns minutos depois vejo encaminhar-se para mim uma cara, que não me pareceu desconhecida. Conhecia-a, fosse donde fosse.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "Dona Amélia, com quem se encontrou um dia no Passeio Público, devia realizar o sonho ou o capricho de Máximo; era difícil ser mais pálida. 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A baronesa sentara-se de costas para uma das colunas, na cadeira rasa que lhe deram, ajudada pela neta, que a acomodou minuciosamente. Observei-a por alguns instantes. Os dous cachos brancos e grossos, pelas faces abaixo, eram da mesma cor da touca de cambraia e rendas; os olhos eram castanhos e não inteiramente apagados; lá tinham seus momentos de fulgor, principalmente se ela falava em política.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Apresentaram-me às duas damas. Soube que a baronesa era avó da moça que a acompanhava. Eram esperadas do Pati do Alferes dez ou doze dias depois; mas vieram antes para assistir à festa da Glória. Foi o que me constou ali mesmo pela conversação dos primeiros minutos. A baronesa sentara-se de costas para uma das colunas, na cadeira rasa que lhe deram, ajudada pela neta, que a acomodou minuciosamente. Observei-a por alguns instantes. Os dous cachos brancos e grossos, pelas faces abaixo, eram da mesma cor da touca de cambraia e rendas; os olhos eram castanhos e não inteiramente apagados; lá tinham seus momentos de fulgor, principalmente se ela falava em política." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20do%20Pedregulho%20-%20S%C3%A3o%20Crist%C3%B3v%C3%A3o%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020910-230%2C%20Brazil", "name": "Pedregulho", "description": "O largo do Pedregulho fica no atual bairro de Benfica, zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Largo%20do%20Pedregulho%20-%20S%C3%A3o%20Crist%C3%B3v%C3%A3o%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020910-230%2C%20Brazil", "lat": "-22.8985435", "long": "-43.2353693", "gn:featureCode": "SQR", "gn:featureCodeName": "Square", "gn:name": "Largo do Pedregulho - São Cristóvão, Rio de Janeiro - RJ, 20910-230, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.8985435,-43.2353693" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dona_Mônica#dona-monica", "headline": "Dona Mônica", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "Sem casa nem esperanças é suplício excessivo. Gaspar teve ideia de ir ter com Veloso e passar a noite com ele, derramando no seio do amigo todas as suas queixas, e tristeza. Só ao cabo de cinco minutos é que se lembrou de que o bacharel morava no Pedregulho. Consultou a algibeira, cuja resposta foi a mais desanimadora possível.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Sem casa nem esperanças é suplício excessivo. Gaspar teve ideia de ir ter com Veloso e passar a noite com ele, derramando no seio do amigo todas as suas queixas, e tristeza. Só ao cabo de cinco minutos é que se lembrou de que o bacharel morava no Pedregulho. Consultou a algibeira, cuja resposta foi a mais desanimadora possível." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pelotas", "name": "Pelotas", "description": "Pelotas é um município do estado do Rio Grande do Sul. Localiza-se às margens do canal São Gonçalo, que liga as lagoas dos Patos e Mirim, as maiores do Brasil. 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Já então Raquel, tendo casado com um negociante de Pelotas, havia partido para o Sul. Tomás começou a advogar; parece que defendeu algumas causas, perdeu-as todas, ou quase todas. Não fechou a banca; mas achava meio de não se meter em muito trabalho; este foi naturalmente fugindo, de maneira que, em pouco tempo, acabaram os clientes. A banca era pretexto para ter um lugar de descanso e conversação, e dar emprego a um servente.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Querem ver que Deus, sempre misericordioso, vai levar para si o nosso querido Teófilo, deixando aqui ao desamparo a mais gentil de todas as viúvas... Não precisa fazer essa cara, prima; deixe estar o braço. Vamos à notícia. Chegou a moça de Pelotas, aposto?", "Não tomes isto ao pé da letra, para me não acusares de romantismo. É certo que ele prometeu não casar nunca, depois da paixão Raquel; mas não foi precisamente a paixão que o deixou solteiro. Esta doeu-lhe por muito tempo, fê-lo empreender uma viagem à Europa, onde se demorou quatro anos. Os quatro anos, porém, não foram gastos em suspirar. O tempo e a distância depressa o fizeram sarar; a própria vida é que o confinou na solidão. Solidão fácil, aliás, composta de prazeres, viagens, distrações amorosas e outras. Quando se afastou da Europa, tornou para o Rio de Janeiro, onde assistiu à morte do pai, que lhe deixou todos os seus bens. Tomás era filho único. Já então Raquel, tendo casado com um negociante de Pelotas, havia partido para o Sul. Tomás começou a advogar; parece que defendeu algumas causas, perdeu-as todas, ou quase todas. Não fechou a banca; mas achava meio de não se meter em muito trabalho; este foi naturalmente fugindo, de maneira que, em pouco tempo, acabaram os clientes. 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Tornou-se descortês, violento, deliberadamente mau: efeito transitório, ao qual sucedeu um abatimento profundo. Ferido daí a dias em Lomas Valentinas, retirou-se por alguns meses do exército, cujas operações só continuaram depois de meado o ano seguinte. Jorge teve parte nas jornadas de Peribebuí e Campo Grande, não já na qualidade de capitão, mas na de major, cuja patente lhe foi concedida depois de Lomas Valentinas. No fim do ano estava tenente-coronel, comandava um batalhão, e recebia os abraços de seu antigo comandante, contente de o ver sagrado herói.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Jorge sentiu então um fenômeno próprio de tais crises - um movimento de ódio a todo o gênero humano, desde sua mãe até o seu inimigo. Tornou-se descortês, violento, deliberadamente mau: efeito transitório, ao qual sucedeu um abatimento profundo. Ferido daí a dias em Lomas Valentinas, retirou-se por alguns meses do exército, cujas operações só continuaram depois de meado o ano seguinte. Jorge teve parte nas jornadas de Peribebuí e Campo Grande, não já na qualidade de capitão, mas na de major, cuja patente lhe foi concedida depois de Lomas Valentinas. No fim do ano estava tenente-coronel, comandava um batalhão, e recebia os abraços de seu antigo comandante, contente de o ver sagrado herói." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Recife", "name": "Pernambuco", "description": "Pernambuco é um estado brasileiro localizado na região Nordeste e tem como limites os estados da Paraíba, Ceará, Alagoas, Bahia e Piauí. Também faz parte do seu território o arquipélago de Fernando de Noronha. 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Não prometo vencer, mas lutar; trabalharei com alma. Deveras, não quer ser padre? As leis são belas, meu querido... Pode ir a São Paulo, a Pernambuco, ou ainda mais longe. Há boas universidades por esse mundo fora. Vá para as leis, se tal é a sua vocação. Vou falar a D. Glória, mas não conte só comigo; fale também a seu tio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#evolucao", "headline": "Evolução", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Regressamos juntos; mas eu fiquei em Pernambuco, e tornei mais tarde a Londres, donde vim ao Rio de Janeiro, um ano depois. Já então Benedito era deputado. Fui visitá-lo; achei-o preparando o discurso de estreia. Mostrou-me alguns apontamentos, trechos de relatórios, livros de economia política, alguns com páginas marcadas, por meio de tiras de papel rubricadas assim: - Câmbio, Taxa das terras, Questão dos cereais em Inglaterra, Opinião de Stuart Mill, Erro de Thiers sobre caminhos de ferro, etc. Era sincero, minucioso e cálido. Falava-me daquelas cousas, como se acabasse de as descobrir, expondo-me tudo, ab ovo; tinha a peito mostrar aos homens práticos da Câmara que também ele era prático. Em seguida, perguntou-me pela empresa; disse-lhe o que havia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Chegando a casa, achou Estácio remédio ao mau humor. Era uma carta de Luís Mendonça, que dous anos antes partira para Europa, donde agora regressava. Escrevia-lhe de Pernambuco, anunciando-lhe que dentro de poucas semanas estaria no Rio de Janeiro. Mendonça fora o seu melhor companheiro de aula. Havia entre eles certos contrastes de gênio. O de Mendonça era mais folgazão e ativo. Quando este partiu para Europa, quis que o antigo colega o acompanhasse, e o próprio conselheiro opinara nesse sentido. Estácio recusou pelo receio de que, sendo diferente o espírito de um e outro, a viagem tivesse de obrigar ao sacrifício de hábitos e preferências de um deles.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Tristão chegou a Pernambuco; esperam por ele a 23.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Pobre_Cardeal!#pobre-cardeal", "headline": "Pobre Cardeal!", "genre": "Conto", "datePublished": "1886", "text": "E foi assim que ele arranjou a roupa nova - embora de luto -, luto que fosse, era nova. José Leandro lembrava-se ainda das exéquias, quando me contou este caso; tinha diante de si a figura pomposa de João da Cruz, vendo e ouvindo tudo com interesse de pessoa estranha. Ensinava-lhe o nome de tudo, cerimônias e alfaias, os dos bispos, que eram cinco ou seis, mas ele só se lembrava do de Angola, e do de Pernambuco, e os das ordens religiosas, e os de alguns cônegos. De quando em quando esticava o braço, e mirava-se. Com o andar das horas ficou até alegre. Cá fora, ladeira abaixo, vinha falando da \"bonita festa\" e recitando-lhe pedaços inteiros do sermão. No largo da Carioca entraram na sege que os esperava; à porta de casa, é que João da Cruz pôs outra vez os óculos da melancolia, desceu trôpego e entrou.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- É tarde - disse ele -; mas, para lhe provar que não há falta de vontade, irei falar a sua mãe. Não prometo vencer, mas lutar; trabalharei com alma. Deveras, não quer ser padre? As leis são belas, meu querido... Pode ir a São Paulo, a Pernambuco, ou ainda mais longe. Há boas universidades por esse mundo fora. Vá para as leis, se tal é a sua vocação. Vou falar a D. 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Escrevia-lhe de Pernambuco, anunciando-lhe que dentro de poucas semanas estaria no Rio de Janeiro. Mendonça fora o seu melhor companheiro de aula. Havia entre eles certos contrastes de gênio. O de Mendonça era mais folgazão e ativo. Quando este partiu para Europa, quis que o antigo colega o acompanhasse, e o próprio conselheiro opinara nesse sentido. Estácio recusou pelo receio de que, sendo diferente o espírito de um e outro, a viagem tivesse de obrigar ao sacrifício de hábitos e preferências de um deles.", "Tristão chegou a Pernambuco; esperam por ele a 23.", "E foi assim que ele arranjou a roupa nova - embora de luto -, luto que fosse, era nova. José Leandro lembrava-se ainda das exéquias, quando me contou este caso; tinha diante de si a figura pomposa de João da Cruz, vendo e ouvindo tudo com interesse de pessoa estranha. Ensinava-lhe o nome de tudo, cerimônias e alfaias, os dos bispos, que eram cinco ou seis, mas ele só se lembrava do de Angola, e do de Pernambuco, e os das ordens religiosas, e os de alguns cônegos. De quando em quando esticava o braço, e mirava-se. Com o andar das horas ficou até alegre. Cá fora, ladeira abaixo, vinha falando da \"bonita festa\" e recitando-lhe pedaços inteiros do sermão. 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A de Flora era um agradecimento grande e cordial, mal entremeado de alguma palavra saudosa; confirmava assim a carta da outra, posto não a houvesse lido. Aires comparou-as, lendo duas vezes a da moça para ver se ela escondia mais do que transparecia do papel. Em suma, confiava no remédio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Espelho_(Machado_de_Assis-Paula_Brito)#o-espelho", "headline": "O Espelho", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. 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Jogou a bisca fazendo cálculos, conforme a primeira carta que saísse, depois a segunda, depois a terceira; esperou a última; adotou outras combinações, a ver os bichos que correspondiam a elas, e viu muitos deles, mas principalmente o macaco e a cobra; firmou-se nestes.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Diogo ficou em Petrópolis ainda, cuidando em aprontar as malas... Não queria, dizia ele, que o público, vendo-o partir em companhia das duas senhoras, supusesse cousas desairosas à viúva.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Não esperava por esta. 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Deixou-se ir; e ambos foram andando calados, calados, calados - até que ele rompeu o silêncio, notando-lhe que o mar defronte da casa dela batia com muita força, na noite anterior.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Só_(Machado_de_Assis)#so", "headline": "Só!", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Não se lembrava do resto, e, aliás, a ideia do Tobias pareceu-lhe ininteligível, ou, quando menos, obscura. Os cães tinham cessado de latir. Só continuava a chuva. Bonifácio andou, voltou, foi de um lado para outro, começava a achar-se ridículo. Que horas seriam? Não lhe restava o recurso de calcular o tempo pelo sol. Sabia que era segunda-feira, dia em que costumava jantar na rua dos Beneditinos, com um comissário de café. Pensou nisso; pensou na reunião do conselheiro*** que conhecera em Petrópolis; pensou em Petrópolis, no whist; era mais feliz no whist que ao voltarete, e ainda agora recordava todas as circunstâncias de uma certa mão, em que ele pedira licença, com quatro trunfos, rei, manilha, basto, dama... E reproduzia tudo, as cartas dele como as de cada um dos parceiros, as cartas compradas, a ordem e a composição das vazas...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Três_consequências#tres-consequencias", "headline": "Três Consequências", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "Mariana chegou a ir a Petrópolis. Gostou muito; era a primeira vez que lá ia, e veio cortada de saudades. 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Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "Há dous anos tomei uma resolução singular: fui residir em Petrópolis em pleno mês de junho. Esta resolução abriu largo campo às conjecturas. Tu mesma nas cartas que me escreveste para aqui, deitaste o espírito a adivinhar e figuraste mil razões, cada qual mais absurda.", "Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: \"Dom Casmurro, domingo vou jantar com você\". - \"Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo\". - \"Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça\".", "Flora também escreveu ao conselheiro Aires, e as duas cartas chegaram à mesma hora a Petrópolis. A de Flora era um agradecimento grande e cordial, mal entremeado de alguma palavra saudosa; confirmava assim a carta da outra, posto não a houvesse lido. Aires comparou-as, lendo duas vezes a da moça para ver se ela escondia mais do que transparecia do papel. Em suma, confiava no remédio.", "- Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. Pela minha parte, conheço uma senhora - na verdade, gentilíssima - que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a rua do Ouvidor, Petrópolis...", "A bisca era o espetáculo deles, a ópera, a rua do Ouvidor, Petrópolis, Tijuca, tudo o que podia exprimir um recreio, um passeio, um repouso. A alegria da esposa voltou ao que era. Quanto ao marido, se não ficou tão expansivo como de costume, achou algum prazer e muita esperança nos números das cartas. Jogou a bisca fazendo cálculos, conforme a primeira carta que saísse, depois a segunda, depois a terceira; esperou a última; adotou outras combinações, a ver os bichos que correspondiam a elas, e viu muitos deles, mas principalmente o macaco e a cobra; firmou-se nestes.", "Diogo ficou em Petrópolis ainda, cuidando em aprontar as malas... Não queria, dizia ele, que o público, vendo-o partir em companhia das duas senhoras, supusesse cousas desairosas à viúva.", "Não esperava por esta. Tristão veio pedir-me que lhe sirva de padrinho ao casamento. Não podia negar-lho, e aceitei o convite, ainda que sem grande gosto. Aí tinha ele o Aguiar, ou o Campos, mas enfim, quero ajudar a felicidade de todos. Deu-me outros pormenores: casamento à capucha, entre onze horas e meio-dia, almoço no Flamengo, em família, e os dous serão levados à Prainha modestamente, embarcarão ali para Petrópolis. Minúcias escusadas, mas tudo se deve escutar com interesse a um coração que ama.", "Começo a ficar patético e prefiro dormir. Dormi, sonhei que era nababo, e acordei com a ideia de ser nababo. Eu gostava, às vezes, de imaginar esses contrastes de região, estado e credo. Alguns dias antes tinha pensado na hipótese de uma revolução social, religiosa e política, que transferisse o arcebispo de Cantuária a simples coletor de Petrópolis, e fiz longos cálculos para saber se o coletor eliminaria o arcebispo, ou se o arcebispo rejeitaria o coletor, ou que porção de arcebispo pode jazer num coletor, ou que soma de coletor pode combinar com um arcebispo, etc. Questões insolúveis, aparentemente, mas na realidade perfeitamente solúveis, desde que se atenda que pode haver num arcebispo dous arcebispos - o da bula e o outro. Está dito, vou ser nababo.", "No princípio do ano seguinte, fui a Petrópolis; fiz a viagem com um antigo companheiro de estudos, Oliveira, que foi promotor em Minas Gerais, mas abandonara ultimamente a carreira por ter recebido uma herança. Estava alegre como nos tempos da academia; mas de quando em quando calava-se, olhando para fora da barca ou da caleça, com a atonia de quem regala a alma de uma recordação, de uma esperança ou de um desejo. No alto da serra perguntei-lhe para que hotel ia; respondeu que ia para uma casa particular, mas não me disse aonde, e até desconversou. Cuidei que me visitaria no dia seguinte; mas nem me visitou, nem o vi em parte alguma. Outro colega nosso ouvira dizer que ele tinha uma casa para os lados da Renânia.", "Sofia deixou-se ir com os olhos no chão, sem contestar, sem concordar, sem agradecer, ao menos. Podia não ser mais que uma galanteria, e as galanterias é de uso que se agradeçam. Já lhe tinha ouvido outrora palavras análogas, dando-lhe a primazia entre as mulheres deste mundo. Deixou de as ouvir durante seis meses - quatro que ele gastou em Petrópolis, dous em que lhe não apareceu. Ultimamente é que tornou a frequentar a casa, a dizer-lhe finezas daquelas, ora em particular, ora à vista de toda a gente. Deixou-se ir; e ambos foram andando calados, calados, calados - até que ele rompeu o silêncio, notando-lhe que o mar defronte da casa dela batia com muita força, na noite anterior.", "Não se lembrava do resto, e, aliás, a ideia do Tobias pareceu-lhe ininteligível, ou, quando menos, obscura. Os cães tinham cessado de latir. Só continuava a chuva. Bonifácio andou, voltou, foi de um lado para outro, começava a achar-se ridículo. Que horas seriam? Não lhe restava o recurso de calcular o tempo pelo sol. Sabia que era segunda-feira, dia em que costumava jantar na rua dos Beneditinos, com um comissário de café. 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Tardava-lhe ver-se junto do leito da moribunda para dizer-lhe: \"Vive!\"", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Eduardo vestiu-se e saiu. Tomou um tilbury e dirigiu-se para a ponte das barcas. Destinava-se a São Domingos. Ia decidido a falar à moça, mesmo à custa do seu amor-próprio. A demora do vapor o contrariou. Tardava-lhe ver-se junto do leito da moribunda para dizer-lhe: \"Vive!\"" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ponte%20dei%20Sospiri", "name": "Ponte dos Suspiros", "description": "A ponte dos Suspiros é uma das mais famosas da cidade italiana de Veneza. Situada perto da praça de São Marcos, é conhecida em todo o mundo. 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É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Note-se que eu estava em Veneza, ainda recendente aos versos de lord Byron; lá estava, mergulhado em pleno sonho, revivendo o pretérito, crendo-me na Sereníssima República. É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Porto%20Alegre", "name": "Porto Alegre", "description": "Porto Alegre é a capital do estado do Rio Grande do Sul e localiza-se junto ao rio Guaíba, no extremo sul do Brasil. Foi elevada à categoria de vila, em 1810, por ordem do príncipe D. João. Em 1821, foi elevada à categoria de cidade. A capital gaúcha sofreu as consequências da Guerra do Paraguai (1865-1870), pela proximidade do conflito, transformando-se em base para as tropas brasileiras. Em 1884 decreta a libertação de seus escravos, quatro anos antes da Lei Áurea.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Porto%20Alegre", "lat": "-30.03283", "long": "-51.23019", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Porto Alegre", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3452925/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Entre_duas_datas#entre-duas-datas", "headline": "Entre Duas Datas", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Muito: gosto muito de Porto Alegre.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Sobreveio a epidemia das Alagoas. Sofia organizou a comissão, que trouxe novas relações à família Palha. Incluída entre as senhoras que formavam uma das subcomissões, Maria Benedita trabalhou com todas, mas granjeou em especial a estima de uma delas, D. Fernanda, esposa de um deputado. D. Fernanda tinha pouco mais de trinta anos, era jovial, expansiva, corada e robusta; nascera em Porto Alegre, casara com um bacharel das Alagoas, deputado agora por outra província, e, segundo corria, prestes a ser ministro de Estado. A naturalidade do marido foi o pretexto para metê-la na comissão; e bem acertado foi, porque ela pedia como quem manda, não tinha acanhamento nem admitia recusa. Carlos Maria, que era seu primo, foi visitá-la logo que ela chegou ao Rio de Janeiro. Achou-a mais formosa ainda que em 1865, último ano em que a vira, e talvez fosse verdade; concluiu que o ar do Sul era feito para enrijar as pessoas, duplicar-lhe as graças, e prometeu ir lá acabar os seus dias.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "- Publiquei um volume em Porto Alegre. Não foi por minha vontade, mas minha mulher teimou tanto que afinal cedi; ela mesma os copiou. Tem alguns erros; hei de fazer aqui uma segunda edição.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Muito: gosto muito de Porto Alegre.", "Sobreveio a epidemia das Alagoas. Sofia organizou a comissão, que trouxe novas relações à família Palha. Incluída entre as senhoras que formavam uma das subcomissões, Maria Benedita trabalhou com todas, mas granjeou em especial a estima de uma delas, D. Fernanda, esposa de um deputado. D. Fernanda tinha pouco mais de trinta anos, era jovial, expansiva, corada e robusta; nascera em Porto Alegre, casara com um bacharel das Alagoas, deputado agora por outra província, e, segundo corria, prestes a ser ministro de Estado. A naturalidade do marido foi o pretexto para metê-la na comissão; e bem acertado foi, porque ela pedia como quem manda, não tinha acanhamento nem admitia recusa. Carlos Maria, que era seu primo, foi visitá-la logo que ela chegou ao Rio de Janeiro. Achou-a mais formosa ainda que em 1865, último ano em que a vira, e talvez fosse verdade; concluiu que o ar do Sul era feito para enrijar as pessoas, duplicar-lhe as graças, e prometeu ir lá acabar os seus dias.", "- Publiquei um volume em Porto Alegre. Não foi por minha vontade, mas minha mulher teimou tanto que afinal cedi; ela mesma os copiou. 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Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el rei alcançar dele que ficasse em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "- As mães como eu não podem com os filhos. O meu foi criado com muito amor e bastante fraqueza. Tenho-lhe pedido mais de uma vez: ele recusa sempre dizendo que não quer separar-se de mim. Mentira! A verdade é que ele não quer sair daqui. Não tem ambições, fez estudos incompletos, não lhe importa nada. Há uns parentes nossos em Portugal. Já lhe disse que fosse visitá-los, que eles desejavam vê-lo, e que fosse depois à Espanha e França e outros lugares. José Bonifácio lá esteve e contava cousas muito interessantes. Sabe o que ele me responde? Que tem medo do mar; ou então repete que não quer separar-se de mim.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_imortal_(Machado_de_Assis)#o-imortal", "headline": "O Imortal", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Meu pai deixou pouco depois o Brasil, foi a Lisboa, e dali passou-se à Índia, onde se demorou mais de cinco anos, e donde voltou a Portugal, com alguns estudos feitos acerca daquela parte do mundo. Deu-lhes a última lima, e fê-los imprimir, tão a tempo, que o governo mandou-o chamar para entregar-lhe o governo de Goa. Um candidato ao cargo, logo que soube do caso, pôs em ação todos os meios possíveis e impossíveis. Empenhos, intrigas, maledicência, tudo lhe servia de arma. Chegou a obter, por dinheiro, que um dos melhores latinistas da península, homem sem escrúpulos, forjasse um texto latino da obra de meu pai, e o atribuísse a um frade agostinho, morto em Adém. E a tacha de plagiário acabou de eliminar meu pai, que perdeu o governo de Goa, o qual passou às mãos do outro; perdendo também, o que é mais, toda a consideração pessoal. Ele escreveu uma longa justificação, mandou cartas para a Índia, cujas respostas não esperou, porque no meio desses trabalhos aborreceu-se tanto, que entendeu melhor deixar tudo, e sair de Lisboa. \"Esta geração passa\", disse ele, \"e eu fico. Voltarei cá daqui a um século, ou dous.\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Tristão veio almoçar comigo. A primeira parte do almoço foi a glosa da carta que ele me escreveu. Contou-me que já em criança tinha ido com a madrinha a Nova Friburgo algumas vezes, parece-lhe que três; reconheceu a cidade agora e gostou muito dela. De D. Carmo, fala entusiasmado; diz que a afeição, o carinho, a bondade, tudo faz dela uma criatura particular e rara, por ser tudo de espécie também rara e particular. Referiu-me anedotas antigas, dedicações grandes. Depois confessou que as impressões da nossa terra fazem reviver os seus primeiros tempos, a infância e a adolescência. O fim do almoço foi com o naturalizado e o político. A política parece ser grande necessidade para este moço. Estendeu-se bastante sobre a marcha das cousas públicas em Portugal e na Espanha; confiou-me as suas ideias e ambições de homem de Estado. Não disse formalmente estas três palavras últimas, mas todas as que empregou vinham a dar nelas. Enfim, ainda que pareça algo excessivo, não perde o interesse e fala com graça.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. 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A primeira parte do almoço foi a glosa da carta que ele me escreveu. Contou-me que já em criança tinha ido com a madrinha a Nova Friburgo algumas vezes, parece-lhe que três; reconheceu a cidade agora e gostou muito dela. De D. Carmo, fala entusiasmado; diz que a afeição, o carinho, a bondade, tudo faz dela uma criatura particular e rara, por ser tudo de espécie também rara e particular. Referiu-me anedotas antigas, dedicações grandes. Depois confessou que as impressões da nossa terra fazem reviver os seus primeiros tempos, a infância e a adolescência. O fim do almoço foi com o naturalizado e o político. A política parece ser grande necessidade para este moço. Estendeu-se bastante sobre a marcha das cousas públicas em Portugal e na Espanha; confiou-me as suas ideias e ambições de homem de Estado. Não disse formalmente estas três palavras últimas, mas todas as que empregou vinham a dar nelas. 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Devo explicar esta última enfermidade; ele não sentia que o Brasil se tivesse feito independente; sentia que, fazendo-se independente, não tivesse conservado a forma de governo absoluto. Gorou o ovo, dizia ele, logo depois de adotada a Constituição. E, protestando interiormente contra o que se fizera, retirou-se para Minas Gerais, donde nunca mais saiu. A esta ligeira notícia do tio de Cristiana acrescentarei que era rico como um Potosi e avarento como Harpagon.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Ou um Potosi...", "Cristiana, órfã de pai e mãe, vivia na companhia de um tio, homem velho e impertinente, achacado de duas moléstias gravíssimas: um reumatismo crônico e uma saudade do regímen colonial. Devo explicar esta última enfermidade; ele não sentia que o Brasil se tivesse feito independente; sentia que, fazendo-se independente, não tivesse conservado a forma de governo absoluto. Gorou o ovo, dizia ele, logo depois de adotada a Constituição. E, protestando interiormente contra o que se fizera, retirou-se para Minas Gerais, donde nunca mais saiu. A esta ligeira notícia do tio de Cristiana acrescentarei que era rico como um Potosi e avarento como Harpagon." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Tiradentes", "name": "Praça da Constituição", "description": "A antiga praça da Constituição situa-se no centro da cidade do Rio de Janeiro. Era conhecida, no século XVII, como Rossio Grande e posteriormente como Campo dos Ciganos. Em 1821 passa a se denominar praça da Constituição, em homenagem à Constituição do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Em 1890, ganha nome de praça Tiradentes, em homenagem ao primeiro centenário da morte do mártir da Inconfidência, que foi enforcado nas proximidades. Nela situava-se o Teatro São João, depois Teatro São Pedro de Alcântara, atual Teatro João Caetano, principal casa de espetáculos do Rio de Janeiro do século XIX.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Tiradentes", "lat": "-22.90681", "long": "-43.18177", "gn:featureCode": "SQR", "gn:featureCodeName": "square", "gn:name": "Praça Tiradentes", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/7538684/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-causa-secreta", "headline": "A Causa Secreta", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouviu-a com singular interesse. 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Então dirigiu-se ao largo de São Francisco, para meter-se em um tilbury e ir para Botafogo. Achou três, que vieram logo ao encontro dele, oferecendo os seus serviços e louvando principalmente o cavalo, um bom cavalo - um animal excelente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_sainete#o-sainete", "headline": "O Sainete", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Esta é a glosa mais resumida que posso dar do monólogo da viúva. O coupé estacionou na praça da Constituição; Eulália, seguida do lacaio, encaminhou-se para a igreja de São Francisco de Paula. Ali, depositou a imagem de Maciel nas escadas, e atravessou o adro toda entregue ao dever religioso e aos cuidados de seu magnífico vestido preto.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A peça era um dramalhão, cosido a facadas, ouriçado de imprecações e remorsos; mas Fortunato ouviu-a com singular interesse. Nos lances dolorosos, a atenção dele redobrava, os olhos iam avidamente de um personagem a outro, a tal ponto que o estudante suspeitou haver na peça reminiscências pessoais do vizinho. No fim do drama, veio uma farsa; mas Fortunato não esperou por ela e saiu; Garcia saiu atrás dele. Fortunato foi pelo beco do Cotovelo, rua de São José, até o largo da Carioca. Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tilbury, e seguiu para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada.", "Deu por si na praça da Constituição. Viera andando à toa. Pensou em ir ao teatro, mas era tarde. Então dirigiu-se ao largo de São Francisco, para meter-se em um tilbury e ir para Botafogo. Achou três, que vieram logo ao encontro dele, oferecendo os seus serviços e louvando principalmente o cavalo, um bom cavalo - um animal excelente.", "Esta é a glosa mais resumida que posso dar do monólogo da viúva. O coupé estacionou na praça da Constituição; Eulália, seguida do lacaio, encaminhou-se para a igreja de São Francisco de Paula. Ali, depositou a imagem de Maciel nas escadas, e atravessou o adro toda entregue ao dever religioso e aos cuidados de seu magnífico vestido preto." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Nossa%20Sra.%20da%20Gl%C3%B3ria%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Praça da Glória", "description": "A praça ou largo da Glória situa-se no bairro do mesmo nome, na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, no sopé do outeiro da Glória, onde fica a famosa igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Nossa%20Sra.%20da%20Gl%C3%B3ria%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9202938", "long": "-43.1758406", "gn:featureCode": "SQR", "gn:featureCodeName": "Square", "gn:name": "Praça Nossa Sra. da Glória - Glória, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9202938,-43.1758406" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Assim fizemos. Quis que o enterro fosse pomposo, e a afluência dos amigos foi numerosa. Praia, ruas, praça da Glória, tudo eram carros, muitos deles particulares. A casa, não sendo grande, não podiam lá caber todos; muitos estavam na praia, falando do desastre, apontando o lugar em que Escobar falecera, ouvindo referir a chegada do morto. José Dias ouviu também falar dos negócios do finado, divergindo alguns na avaliação dos bens, mas havendo acordo em que o passivo devia ser pequeno. Elogiavam as qualidades de Escobar, um ou outro discutia o recente gabinete Rio Branco; estávamos em março de 1871. Nunca me esqueceu o mês nem o ano.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Aires olhava para o cocheiro, cuja palavra saía deliciosa de novidade. Não lhe era desconhecida esta criatura. Já a vira, sem o tilbury, na rua ou na sala, à missa ou a bordo, nem sempre homem, alguma vez mulher, vestida de seda ou de chita. Quis saber mais, mostrou-se interessado e curioso, e acabou perguntando se realmente houvera o que dizia. O cocheiro contou que ouvira tudo a um homem que trouxera da rua dos Inválidos e levara ao largo da Glória, por sinal que estava assombrado, não podia falar, pedia-lhe que corresse, que lhe pagaria o dobro; e pagou.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Assim fizemos. Quis que o enterro fosse pomposo, e a afluência dos amigos foi numerosa. Praia, ruas, praça da Glória, tudo eram carros, muitos deles particulares. A casa, não sendo grande, não podiam lá caber todos; muitos estavam na praia, falando do desastre, apontando o lugar em que Escobar falecera, ouvindo referir a chegada do morto. José Dias ouviu também falar dos negócios do finado, divergindo alguns na avaliação dos bens, mas havendo acordo em que o passivo devia ser pequeno. Elogiavam as qualidades de Escobar, um ou outro discutia o recente gabinete Rio Branco; estávamos em março de 1871. Nunca me esqueceu o mês nem o ano.", "Aires olhava para o cocheiro, cuja palavra saía deliciosa de novidade. Não lhe era desconhecida esta criatura. Já a vira, sem o tilbury, na rua ou na sala, à missa ou a bordo, nem sempre homem, alguma vez mulher, vestida de seda ou de chita. Quis saber mais, mostrou-se interessado e curioso, e acabou perguntando se realmente houvera o que dizia. 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Não tinha ido às corridas naquele ano. Pois perdera muito, a penúltima, principalmente; esteve animadíssima, e os cavalos eram de primeira ordem. As de Epsom, que ele vira, quando esteve em Inglaterra, não eram melhores do que a penúltima do Prado Fluminense. E Sofia dizia que sim, que realmente a penúltima corrida honrava o Jockey Club. Confessou que gostava muito; dava emoções fortes. A conversação descambou em dous concertos daquela semana; depois tomou a barca, subiu a serra e foi a Petrópolis, onde dous diplomatas lhe fizeram as despesas da estadia. Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_sainete#o-sainete", "headline": "O Sainete", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mariana continuava a abanar a cabeça. Não tinha ido às corridas naquele ano. Pois perdera muito, a penúltima, principalmente; esteve animadíssima, e os cavalos eram de primeira ordem. As de Epsom, que ele vira, quando esteve em Inglaterra, não eram melhores do que a penúltima do Prado Fluminense. E Sofia dizia que sim, que realmente a penúltima corrida honrava o Jockey Club. Confessou que gostava muito; dava emoções fortes. A conversação descambou em dous concertos daquela semana; depois tomou a barca, subiu a serra e foi a Petrópolis, onde dous diplomatas lhe fizeram as despesas da estadia. Como falassem da esposa de um ministro, Sofia lembrou-se de ser agradável ao ex-presidente, declarando-lhe que era preciso casar também porque em breve estaria no ministério. Viçoso teve um estremeção de prazer, e sorriu, e protestou que não; depois, com os olhos em Mariana, disse que provavelmente não casaria nunca... Mariana enrubesceu muito e levantou-se.", "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Praia da Gamboa", "description": "A praia da Gamboa localizava-se no bairro da Gamboa, na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro. 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Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Praia da Glória", "description": "A praia da Glória, que hoje não existe mais, era a extensão da costa da cidade do Rio de Janeiro entre a Lapa e o Flamengo, margeando o outeiro da Glória, no bairro do mesmo nome.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.9068467", "long": "-43.1728965", "gn:featureCode": "HSTS", "gn:featureCodeName": "historical site", "gn:name": "Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9068467,-43.1728965" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirac, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: \"Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti\". Mas eu creio que não, e tu concordarás comigo; se te lembras bem da Capitu menina, hás de reconhecer que uma estava dentro da outra, como a fruta dentro da casca.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada. Mas não é este propriamente o resto do livro. O resto é saber se a Capitu da praia da Glória já estava dentro da de Matacavalos, ou se esta foi mudada naquela por efeito de algum caso incidente. Jesus, filho de Sirac, se soubesse dos meus primeiros ciúmes, dir-me-ia, como no seu cap. IX, vers. I: \"Não tenhas ciúmes de tua mulher para que ela não se meta a enganar-te com a malícia que aprender de ti\". 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Fica no bairro do Ingá e se situa entre as praias de Icaraí e da Boa Viagem.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20das%20Flechas%20-%20Ing%C3%A1%2C%20Niter%C3%B3i%20-%20RJ%2C%2024210%2C%20Brazil", "lat": "-22.9055358", "long": "-43.1211835", "gn:featureCode": "T.BCH", "gn:featureCodeName": "Beach", "gn:name": "Praia das Flechas - Ingá, Niterói - RJ, 24210, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9055358,-43.1211835" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questão_de_vaidade#questao-de-vaidade", "headline": "Questão de Vaidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "Vesti-me, como eles, e fui com eles à praia das Flechas, lugar usual dos banhos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vesti-me, como eles, e fui com eles à praia das Flechas, lugar usual dos banhos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20de%20Botafogo", "name": "Praia de Botafogo", "description": "A expressão \"praia de Botafogo\" designa tanto a faixa de areia junto ao mar, quanto a via pública ao longo da enseada de Botafogo (dentro da baía de Guanabara). Em sua orla, desde o tempo de D. Carlota Joaquina, foram construídas belas residências da elite fluminense.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20de%20Botafogo", "lat": "-22.94437", "long": "-43.1809", "gn:featureCode": "BCH", "gn:featureCodeName": "beach", "gn:name": "Praia de Botafogo", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3469145/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Que estranhos? Não vou viver com ninguém. Viverei com o Catete, o largo do Machado, a praia de Botafogo e a do Flamengo, não falo das pessoas que lá moram, mas das ruas, das casas, dos chafarizes e das lojas. Há lá cousas esquisitas, mas sei eu se venho achar em Andaraí uma casa de pernas para o ar, por exemplo? Contentemo-nos do que sabemos. Lá os meus pés andam por si. Há ali cousas petrificadas e pessoas imortais, como aquele Custódio da confeitaria, lembra-se?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "O desembargador deu-me também notícia da sobrinha. Está boa e virá brevemente da fazenda. Contou-lhe em carta um sonho que teve ultimamente, a aparição do pai e do sogro, ao fundo de uma enseada parecida com a do Rio de Janeiro. Vieram as duas figuras sobre a água, de mãos dadas, até que pararam diante dela, na praia. A morte os reconciliara para nunca mais se desunirem; reconheciam agora que toda a hostilidade deste mundo não vale nada, nem a política nem outra qualquer.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Foi o caso que, alguns dias depois, indo eu a Botafogo, tropecei num embrulho que estava na praia. Não digo bem; houve menos tropeção que pontapé. Vendo um embrulho, não grande, mas limpo e corretamente feito, atado com um barbante rijo, uma cousa que parecia alguma cousa, lembrou-me bater-lhe com o pé, assim por experiência, e bati, e o embrulho resistiu. Relanceei os olhos em volta de mim; a praia estava deserta; ao longe - uns meninos brincavam - um pescador curava as redes ainda mais longe - ninguém que pudesse ver a minha ação; inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "A casa de Luís Alves ficava quase no fim da praia de Botafogo, tendo ao lado direito outra casa, muito maior e de aparência rica. A noite estava bela, como as mais belas noites daquele arrabalde. Havia luar, céu límpido, infinidade de estrelas e a vaga a bater molemente na praia, todo o material, em suma, de uma boa composição poética, em vinte estrofes pelo menos, obrigada a rima rica, com alguns esdrúxulos rebuscados nos dicionários. Estêvão poetou, mas poetou em prosa, com um entusiasmo legítimo e sincero. Luís Alves, menos propenso às cousas belas, preferia a mais útil de todas naquela ocasião, que era ir dormir. Não o conseguiu sem ouvir ao hóspede tudo quanto ele pensava acerca daquele \"pinto, que era das almas\", aqueles olhos azuis, \"profundos como o céu\", exclamava Estêvão.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "A luz do fósforo deu à cara do major uma expressão de escárnio ou de outra cousa menos dura, mas não menos adversa. Rubião sentiu correr-lhe um frio pela espinha. Teria ouvido? Visto? Adivinhado? Estava ali um indiscreto, um mexeriqueiro? A cara do homem não explicava este ponto; em todo caso, era mais seguro crer no pior. Aqui temos o nosso herói como alguém que, depois de navegar cosido com a praia, longos anos, acha-se um dia entre as ondas do alto mar; felizmente o medo também é oficial de ideias, e deu-lhe ali uma, lisonjear o interlocutor. Não hesitou em achá-lo gracioso e interessante, e dizer-lhe que tinha uma casa às suas ordens, na praia de Botafogo, número tantos. Dava-lhe muita honra em travar relações com ele. Contava poucos amigos aqui: o Palha, a quem devia grandes obséquios, D. Sofia, que era uma senhora de rara gravidade, e mais três ou quatro pessoas. Vivia só; podia ser até que se retirasse para Minas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "O episódio dos amores de Cecília foi assunto de conversa no círculo dos rapazes que aqueles frequentavam. Nem tardou que passasse além. 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Há ali cousas petrificadas e pessoas imortais, como aquele Custódio da confeitaria, lembra-se?", "O desembargador deu-me também notícia da sobrinha. Está boa e virá brevemente da fazenda. Contou-lhe em carta um sonho que teve ultimamente, a aparição do pai e do sogro, ao fundo de uma enseada parecida com a do Rio de Janeiro. Vieram as duas figuras sobre a água, de mãos dadas, até que pararam diante dela, na praia. A morte os reconciliara para nunca mais se desunirem; reconheciam agora que toda a hostilidade deste mundo não vale nada, nem a política nem outra qualquer.", "Foi o caso que, alguns dias depois, indo eu a Botafogo, tropecei num embrulho que estava na praia. Não digo bem; houve menos tropeção que pontapé. Vendo um embrulho, não grande, mas limpo e corretamente feito, atado com um barbante rijo, uma cousa que parecia alguma cousa, lembrou-me bater-lhe com o pé, assim por experiência, e bati, e o embrulho resistiu. Relanceei os olhos em volta de mim; a praia estava deserta; ao longe - uns meninos brincavam - um pescador curava as redes ainda mais longe - ninguém que pudesse ver a minha ação; inclinei-me, apanhei o embrulho e segui.", "A casa de Luís Alves ficava quase no fim da praia de Botafogo, tendo ao lado direito outra casa, muito maior e de aparência rica. A noite estava bela, como as mais belas noites daquele arrabalde. Havia luar, céu límpido, infinidade de estrelas e a vaga a bater molemente na praia, todo o material, em suma, de uma boa composição poética, em vinte estrofes pelo menos, obrigada a rima rica, com alguns esdrúxulos rebuscados nos dicionários. Estêvão poetou, mas poetou em prosa, com um entusiasmo legítimo e sincero. Luís Alves, menos propenso às cousas belas, preferia a mais útil de todas naquela ocasião, que era ir dormir. Não o conseguiu sem ouvir ao hóspede tudo quanto ele pensava acerca daquele \"pinto, que era das almas\", aqueles olhos azuis, \"profundos como o céu\", exclamava Estêvão.", "A luz do fósforo deu à cara do major uma expressão de escárnio ou de outra cousa menos dura, mas não menos adversa. Rubião sentiu correr-lhe um frio pela espinha. Teria ouvido? Visto? Adivinhado? Estava ali um indiscreto, um mexeriqueiro? A cara do homem não explicava este ponto; em todo caso, era mais seguro crer no pior. Aqui temos o nosso herói como alguém que, depois de navegar cosido com a praia, longos anos, acha-se um dia entre as ondas do alto mar; felizmente o medo também é oficial de ideias, e deu-lhe ali uma, lisonjear o interlocutor. Não hesitou em achá-lo gracioso e interessante, e dizer-lhe que tinha uma casa às suas ordens, na praia de Botafogo, número tantos. Dava-lhe muita honra em travar relações com ele. Contava poucos amigos aqui: o Palha, a quem devia grandes obséquios, D. Sofia, que era uma senhora de rara gravidade, e mais três ou quatro pessoas. Vivia só; podia ser até que se retirasse para Minas.", "O episódio dos amores de Cecília foi assunto de conversa no círculo dos rapazes que aqueles frequentavam. Nem tardou que passasse além. No fim de algum tempo, pouca gente ignorava que a moreninha que passeava todas as tardes em carro descoberto pela praia de Botafogo era o altar em que o Moreirinha fazia os seus sacrifícios diários e pecuniários. Félix admirou-se ao princípio desta mania de passear tão contrária aos hábitos preguiçosos de Cecília; mas atinou logo com a chave do enigma. Moreirinha não compreendia o que era ser feliz sem publicidade. 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Isto, que seria hoje um simples episódio municipal, era naquele tempo, atentas as proporções escassas da cidade, uma empresa importante. Mas o vice-rei não tinha recursos; o cofre público mal podia acudir às urgências ordinárias. Homem de Estado, e provavelmente filósofo, engendrou um expediente não menos suave que profícuo: distribuir, a troco de donativos pecuniários, postos de capitão, tenente e alferes. Divulgada a resolução, entendeu o pai do Nicolau que era ocasião de figurar, sem perigo, na galeria militar do século, ao mesmo tempo que desmentia uma doutrina bramânica. Com efeito, está nas leis de Manu que dos braços de Brama nasceram os guerreiros, e do ventre, os agricultores e comerciantes; o pai do Nicolau, adquirindo o despacho de capitão, corrigia esse ponto da anatomia gentílica. Outro comerciante, que com ele competia em tudo, embora familiares e amigos, apenas teve notícia do despacho, foi também levar a sua pedra ao cais. Desgraçadamente, o despeito de ter ficado atrás alguns dias sugeriu-lhe um arbítrio de mau gosto e, no nosso caso, funesto; foi assim que ele pediu ao vice-rei outro posto de oficial do cais (tal era o nome dado aos agraciados por aquele motivo) para um filho de sete anos. O vice-rei hesitou; mas o pretendente, além de duplicar o donativo, meteu grandes empenhos, e o menino saiu nomeado alferes. Tudo correu em segredo; o pai de Nicolau só teve notícia do caso no domingo próximo, na igreja do Carmo, ao ver os dois, pai e filho, vindo o menino com uma fardinha, que, por galanteria, lhe meteram no corpo. Nicolau, que também ali estava, fez-se lívido; depois, num ímpeto, atirou-se sobre o jovem alferes e rasgou-lhe a farda, antes que os pais pudessem acudir. Um escândalo. O rebuliço do povo, a indignação dos devotos, as queixas do agredido interromperam por alguns instantes as cerimônias eclesiásticas. Os pais trocaram algumas palavras acerbas, fora, no adro, e ficaram brigados para todo o sempre.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O vice-rei, que era então o conde de Resende, andava preocupado com a necessidade de construir um cais na praia de D. Manuel. Isto, que seria hoje um simples episódio municipal, era naquele tempo, atentas as proporções escassas da cidade, uma empresa importante. Mas o vice-rei não tinha recursos; o cofre público mal podia acudir às urgências ordinárias. Homem de Estado, e provavelmente filósofo, engendrou um expediente não menos suave que profícuo: distribuir, a troco de donativos pecuniários, postos de capitão, tenente e alferes. Divulgada a resolução, entendeu o pai do Nicolau que era ocasião de figurar, sem perigo, na galeria militar do século, ao mesmo tempo que desmentia uma doutrina bramânica. Com efeito, está nas leis de Manu que dos braços de Brama nasceram os guerreiros, e do ventre, os agricultores e comerciantes; o pai do Nicolau, adquirindo o despacho de capitão, corrigia esse ponto da anatomia gentílica. Outro comerciante, que com ele competia em tudo, embora familiares e amigos, apenas teve notícia do despacho, foi também levar a sua pedra ao cais. Desgraçadamente, o despeito de ter ficado atrás alguns dias sugeriu-lhe um arbítrio de mau gosto e, no nosso caso, funesto; foi assim que ele pediu ao vice-rei outro posto de oficial do cais (tal era o nome dado aos agraciados por aquele motivo) para um filho de sete anos. O vice-rei hesitou; mas o pretendente, além de duplicar o donativo, meteu grandes empenhos, e o menino saiu nomeado alferes. Tudo correu em segredo; o pai de Nicolau só teve notícia do caso no domingo próximo, na igreja do Carmo, ao ver os dois, pai e filho, vindo o menino com uma fardinha, que, por galanteria, lhe meteram no corpo. 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Nóbrega acabou parando e andando devagar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Mas eu saí há pouco de casa, vou para a cidade. Que mal há em levar-me até lá? Se é para que não nos vejam, apeio-me, em qualquer lugar - na praia de Santa Luzia, por exemplo, do lado do mar...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Lá se foi a pé; desceu pela rua de São José, dobrou a da Misericórdia, foi parar à praia de Santa Luzia, tornou pela rua de D. Manuel, enfiou de beco em beco. A princípio olhava de esguelha, rápido, os olhos no chão. Aqui via a loja de barbeiro, e o barbeiro era outro. Dos sobrados de grade de pau debruçaram-se ainda moças, velhas e meninas e nenhuma era a mesma. Nóbrega foi-se animando e encarando. Talvez esta velha fosse moça, há vinte anos; a moça talvez mamasse, e dá agora de mamar a outra criança. Nóbrega acabou parando e andando devagar.", "- Mas eu saí há pouco de casa, vou para a cidade. Que mal há em levar-me até lá? Se é para que não nos vejam, apeio-me, em qualquer lugar - na praia de Santa Luzia, por exemplo, do lado do mar..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Porto%20Real", "name": "Praia de São Cristóvão", "description": "A Praia de São Cristovão, no bairro do mesmo nome, desapareceu com a expansão do porto do Rio de Janeiro na direção dos antigos cais de São Cristóvão e Caju.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Porto%20Real", "lat": "-22.45074", "long": "-44.32911", "gn:featureCode": "ADM2", "gn:featureCodeName": "second-order administrative division", "gn:name": "Porto Real", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6322051/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Em verdade, era curioso. Aquelas grandes braçadas de mato, brotando do lodo, e postas ali ao pé da cara do Rubião, davam-lhe vontade de ir ter com elas. Tão perto da rua! Rubião nem sentia o sol. Esquecera o doente e a mãe do doente. Assim sim - dizia ele consigo -, fosse o mar todo uma cousa daquele feitio, alastrado de terras e verduras, e valia a pena navegar. Para lá daquilo ficava a praia dos Lázaros e a de São Cristóvão. Uma pernada apenas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Em verdade, era curioso. Aquelas grandes braçadas de mato, brotando do lodo, e postas ali ao pé da cara do Rubião, davam-lhe vontade de ir ter com elas. Tão perto da rua! Rubião nem sentia o sol. Esquecera o doente e a mãe do doente. Assim sim - dizia ele consigo -, fosse o mar todo uma cousa daquele feitio, alastrado de terras e verduras, e valia a pena navegar. Para lá daquilo ficava a praia dos Lázaros e a de São Cristóvão. Uma pernada apenas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20do%20Flamengo", "name": "Praia do Flamengo", "description": "A praia do Flamengo está localizada no bairro homônimo na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. 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Com efeito, quando a onda investe a praia, alaga-a muitos palmos adentro; mas essa mesma água torna ao mar, com variável força, e vai engrossar a onda que há de vir, e que terá de tornar como a primeira. Esta é a imagem; vejamos a aplicação.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Na véspera figurava Sofia. Parece até que foi o principal da reconstrução, a fachada do edifício, larga e magnífica. Carlos Maria saboreou de memória toda a conversação da noite, mas, quando se lembrou da confissão de amor, sentiu-se bem e mal. Era um compromisso, um estorvo, uma obrigação; e, posto que o benefício corrigisse o tédio, o rapaz ficou entre uma e outra sensação, sem plano. Ao recordar-se da notícia que lhe deu de haver ido à praia do Flamengo, na outra noite, não pôde suster o riso, porque não era verdade. Nascera-lhe a ideia da própria conversação; mas nem lá foi nem pensara nisso. Afinal susteve o riso, e até arrependeu-se dele; o fato de haver mentido trouxe-lhe uma sensação de inferioridade, que o abateu. Chegou a pensar em retificar o que dissera, logo que estivesse com Sofia, mas reconheceu que a emenda era pior que o soneto, e que há bonitos sonetos mentirosos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não sei se lhes diga simplesmente que era de madrugada, ou se comece num tom mais poético: a aurora, com seus róseos dedos... A maneira simples é o que melhor me conviria a mim, ao leitor, aos banhistas que estão agora na praia do Flamengo - agora, isto é, no dia 7 de outubro de 1861, que é quando tem princípio este caso que lhes vou contar. Convinha-nos isto; mas há lá um certo velho, que me não leria, se eu me limitasse a dizer que vinha nascendo a madrugada, um velho que... Digamos quem era o velho.", "- Que estranhos? Não vou viver com ninguém. 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Era um compromisso, um estorvo, uma obrigação; e, posto que o benefício corrigisse o tédio, o rapaz ficou entre uma e outra sensação, sem plano. Ao recordar-se da notícia que lhe deu de haver ido à praia do Flamengo, na outra noite, não pôde suster o riso, porque não era verdade. Nascera-lhe a ideia da própria conversação; mas nem lá foi nem pensara nisso. Afinal susteve o riso, e até arrependeu-se dele; o fato de haver mentido trouxe-lhe uma sensação de inferioridade, que o abateu. 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O nome da praia e da rua foi uma homenagem ao tenente-coronel e engenheiro, João Frederico Russel, ali residente, na segunda metade do século XIX, em uma casa situada onde hoje está o Hotel Glória.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Russel%20-%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022210-010%2C%20Brazil", "lat": "-22.922181", "long": "-43.1741465", "gn:featureCode": "T.PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. do Russel - Glória, Rio de Janeiro - RJ, 22210-010, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.922181,-43.1741465" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "O desembargador respondeu que não; disseram-lhe que eu estava doente e vinha saber o que era. D. Carmo também está melhor do joelho, disse-me. Já sai, mas pouco, pela praia do Flamengo, até à do Russel.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O desembargador respondeu que não; disseram-lhe que eu estava doente e vinha saber o que era. D. Carmo também está melhor do joelho, disse-me. Já sai, mas pouco, pela praia do Flamengo, até à do Russel." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pastor%20Martin%20Luther%20King%20Jr.%2C%2012727%20-%20Pavuna%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2021520-001%2C%20Brazil", "name": "Praia dos Lázaros", "description": "A praia dos Lázaros, chamada, a partir de 1868, praia das Palmeiras, situava-se no bairro de São Cristóvão, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Tinha esse nome devido à existência ali do primeiro leprosário do Rio de Janeiro, criado por iniciativa do governador Gomes Freire de Andrade, o conde de Bobadela, em meados do século XVIII. Depois da expulsão dos jesuítas, em 1759, o hospital foi instalado numa casa antes pertencente a essa ordem, da qual estão preservados até hoje alguns elementos arquitetônicos.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pastor%20Martin%20Luther%20King%20Jr.%2C%2012727%20-%20Pavuna%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2021520-001%2C%20Brazil", "lat": "-22.8162045", "long": "-43.3584671", "gn:featureCode": "HSTS", "gn:featureCodeName": "historical site", "gn:name": "Av. Pastor Martin Luther King Jr., 12727 - Pavuna, Rio de Janeiro - RJ, 21520-001, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.8162045,-43.3584671" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Em verdade, era curioso. Aquelas grandes braçadas de mato, brotando do lodo, e postas ali ao pé da cara do Rubião, davam-lhe vontade de ir ter com elas. Tão perto da rua! Rubião nem sentia o sol. Esquecera o doente e a mãe do doente. Assim sim - dizia ele consigo -, fosse o mar todo uma cousa daquele feitio, alastrado de terras e verduras, e valia a pena navegar. Para lá daquilo ficava a praia dos Lázaros e a de São Cristóvão. Uma pernada apenas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Em verdade, era curioso. Aquelas grandes braçadas de mato, brotando do lodo, e postas ali ao pé da cara do Rubião, davam-lhe vontade de ir ter com elas. Tão perto da rua! Rubião nem sentia o sol. Esquecera o doente e a mãe do doente. Assim sim - dizia ele consigo -, fosse o mar todo uma cousa daquele feitio, alastrado de terras e verduras, e valia a pena navegar. Para lá daquilo ficava a praia dos Lázaros e a de São Cristóvão. Uma pernada apenas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Pedro%20Alves%20-%20Santo%20Cristo%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Praia Formosa", "description": "A praia Formosa era um prolongamento do saco do Alferes, os quais eram, praticamente, uma praia só, na região portuária do Rio de Janeiro. Depois de sucessivos aterros, a antiga praia Formosa foi ficando distante do mar e tem hoje o nome de rua Pedro Alves, no bairro do Santo Cristo.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Pedro%20Alves%20-%20Santo%20Cristo%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9045027", "long": "-43.2067166", "gn:featureCode": "TMBCH", "gn:featureCodeName": "beach (a shore zone of coarse unconsolidated sediment that extends from the low-water line to the highest reach of storm waves)", "gn:name": "R. Pedro Alves - Santo Cristo, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9045027,-43.2067166" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Tristão quer ser casado pelo padre Bessa e pediu-lho. O padre mal pôde ouvir o pedido, consentiu e agradeceu deslumbrado. Há uma ideia de simetria na bênção do casamento dada pelo mesmo sacerdote que o batizou, que entrará por alguma cousa na resolução do noivo, mas também pode ser que a principal intenção fosse fazê-lo feliz. Aquele sacerdote obscuro e escondido na praia Formosa virá subir a escadaria da matriz da Glória (o casamento é na matriz da Glória) para abençoar o casamento de duas pessoas lustrosas e vistosas. Aguiar disse-me que o padre está que parecia ser ele próprio o noivo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Olhe, eu bem digo - continuou ele -; tal qual o moço da rua dos Inválidos. Vossa Senhoria pode ficar descansado; não digo nada; cá estou para outras. Então, quer que eu acredite que é por gosto que uma pessoa, que tem carro às ordens, vem andando a pé desde a praia Formosa até aqui? Vossa Senhoria veio ao lugar marcado, a pessoa não veio...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tristão quer ser casado pelo padre Bessa e pediu-lho. O padre mal pôde ouvir o pedido, consentiu e agradeceu deslumbrado. Há uma ideia de simetria na bênção do casamento dada pelo mesmo sacerdote que o batizou, que entrará por alguma cousa na resolução do noivo, mas também pode ser que a principal intenção fosse fazê-lo feliz. Aquele sacerdote obscuro e escondido na praia Formosa virá subir a escadaria da matriz da Glória (o casamento é na matriz da Glória) para abençoar o casamento de duas pessoas lustrosas e vistosas. Aguiar disse-me que o padre está que parecia ser ele próprio o noivo.", "- Olhe, eu bem digo - continuou ele -; tal qual o moço da rua dos Inválidos. Vossa Senhoria pode ficar descansado; não digo nada; cá estou para outras. Então, quer que eu acredite que é por gosto que uma pessoa, que tem carro às ordens, vem andando a pé desde a praia Formosa até aqui? Vossa Senhoria veio ao lugar marcado, a pessoa não veio..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20Vermelha", "name": "Praia Vermelha", "description": "A praia Vermelha é uma pequena praia carioca localizada no bairro da Urca, entre o morro do Pão de Açúcar e o morro da Babilônia. Foi inicialmente ocupada pelo hoje desaparecido forte da Praia Vermelha, construído para a defesa da cidade.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Praia%20Vermelha", "lat": "-22.95473", "long": "-43.16487", "gn:featureCode": "BCH", "gn:featureCodeName": "beach", "gn:name": "Praia Vermelha", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3445214/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Já ando com grande carga sobre mim, Sofia. E depois como há de ser? Havemos de trazê-lo para casa? Parece que não. Metê-lo onde? Em alguma casa de saúde... Sim, mas se não puderem aceitá-lo? Não hei de mandá-lo para a Praia Vermelha... E as responsabilidades? Você prometeu que me falaria?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#o-segredo-de-augusta", "headline": "O Segredo de Augusta", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Está claro, Vasconcelos, o rapaz está doudo; mandemo-lo para a Praia Vermelha; e como pode ter algum acesso, eu vou-me embora...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Já ando com grande carga sobre mim, Sofia. E depois como há de ser? Havemos de trazê-lo para casa? Parece que não. Metê-lo onde? Em alguma casa de saúde... Sim, mas se não puderem aceitá-lo? Não hei de mandá-lo para a Praia Vermelha... E as responsabilidades? Você prometeu que me falaria?", "- Está claro, Vasconcelos, o rapaz está doudo; mandemo-lo para a Praia Vermelha; e como pode ter algum acesso, eu vou-me embora..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Mau%C3%A1", "name": "Prainha", "description": "A Prainha localizava-se onde hoje é a praça Mauá, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Desapareceu em função da construção do cais do porto, quando foi aterrada. 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Não lhe ofereço abrigo até casa porque moro na Prainha, que é justamente do lado oposto; mas posso cobri-lo até ao Rossio, onde encontraremos um tilbury.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#noite-de-almirante", "headline": "Noite de Almirante", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o Cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: \"Jurei e cumpri\", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela, que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não é possível - insistiu o primeiro -; a chuva ainda está forte e pode aumentar mais. Não lhe ofereço abrigo até casa porque moro na Prainha, que é justamente do lado oposto; mas posso cobri-lo até ao Rossio, onde encontraremos um tilbury.", "Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o Cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: \"Jurei e cumpri\", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela, que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rhine%20River", "name": "Províncias do Reno", "description": "As províncias do Reno compreendiam os territórios que ficavam à margem do rio Reno, na atual Alemanha.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rhine%20River", "lat": "49.34644995551169", "long": "7.879394966755541", "gn:featureCode": "ADM1", "gn:featureCodeName": "first-order administrative division", "gn:name": "Rhine River", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=49.34644995551169,7.879394966755541" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Não ouvindo resposta, entendeu que sim e prometeu-lhe uma boa pasta. O major iria para a Guerra, e o Camacho, para a Justiça. Não os conhecia acaso? \"Dous grandes homens, Camacho ainda maior que o outro\". E obedecendo a Carlos Maria, que ia andando na direção da porta, Rubião retirava-se sem se sentir; mas não foi tão pronto. Na varanda, antes de descer os degraus, referiu vários fatos da guerra. Por exemplo, tinha restituído a Alemanha aos alemães; era bonito e político. Já havia dado Veneza aos italianos. Não precisava mais território; as províncias do Reno, sim, mas havia tempo de as ir buscar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não ouvindo resposta, entendeu que sim e prometeu-lhe uma boa pasta. O major iria para a Guerra, e o Camacho, para a Justiça. Não os conhecia acaso? \"Dous grandes homens, Camacho ainda maior que o outro\". E obedecendo a Carlos Maria, que ia andando na direção da porta, Rubião retirava-se sem se sentir; mas não foi tão pronto. Na varanda, antes de descer os degraus, referiu vários fatos da guerra. Por exemplo, tinha restituído a Alemanha aos alemães; era bonito e político. Já havia dado Veneza aos italianos. Não precisava mais território; as províncias do Reno, sim, mas havia tempo de as ir buscar." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20da%20Rep%C3%BAblica%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Quartel do Campo", "description": "O \"quartel do Campo\" surgiu com as reformas promovidas por ocasião da chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808. Foi o primeiro quartel militar da cidade, e o campo da Aclamação (hoje praça da República), onde se situava, passou a ser uma área de manobras e exercícios militares.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20da%20Rep%C3%BAblica%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9068124", "long": "-43.1889597", "gn:featureCode": "S.MILB", "gn:featureCodeName": "Military Base", "gn:name": "Praça da República - Centro, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9068124,-43.1889597" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Saindo de casa, Paulo foi à de um amigo, e os dous entraram a buscar outros da mesma idade e igual intimidade. Foram aos jornais, ao quartel do Campo, e passaram algum tempo diante da casa de Deodoro. Gostavam de ver os soldados, a pé ou a cavalo, pediam licença, falavam-lhes, ofereciam cigarros. Era a única concessão destes; nenhum lhes contou o que se passara, nem todos saberiam nada.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Saindo de casa, Paulo foi à de um amigo, e os dous entraram a buscar outros da mesma idade e igual intimidade. Foram aos jornais, ao quartel do Campo, e passaram algum tempo diante da casa de Deodoro. Gostavam de ver os soldados, a pé ou a cavalo, pediam licença, falavam-lhes, ofereciam cigarros. Era a única concessão destes; nenhum lhes contou o que se passara, nem todos saberiam nada." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Duque%20de%20Caxias%2C%2025%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020221-260%2C%20Brazil", "name": "Quartel do Exército", "description": "O quartel do Exército foi construído em 1811, no local onde fica hoje o palácio Duque de Caxias, em frente ao campo de Santana, atual praça da República, no centro da cidade do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Duque%20de%20Caxias%2C%2025%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020221-260%2C%20Brazil", "lat": "-22.9033482", "long": "-43.189722", "gn:featureCode": "S.MILB", "gn:featureCodeName": "Military Base", "gn:name": "Praça Duque de Caxias, 25 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20221-260, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9033482,-43.189722" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Saímos; fomos até o campo da Aclamação, que ainda não possuía o parque de hoje, nem tinha outra polícia além da natureza, que fazia brotar o capim, e das lavadeiras, que batiam e ensaboavam a roupa defronte do quartel. Eu ia cheio do discurso do Elisiário, ao lado dele, que levava a cabeça baixa e os olhos pensativos. De repente, ouvi dizer baixinho:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Saímos; fomos até o campo da Aclamação, que ainda não possuía o parque de hoje, nem tinha outra polícia além da natureza, que fazia brotar o capim, e das lavadeiras, que batiam e ensaboavam a roupa defronte do quartel. Eu ia cheio do discurso do Elisiário, ao lado dele, que levava a cabeça baixa e os olhos pensativos. De repente, ouvi dizer baixinho:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Quitandinha", "name": "Quitandinha", "description": "Quitandinha é um bairro do município de Petrópolis, cidade da região serrana do estado do Rio de Janeiro.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Quitandinha", "lat": "-22.53032", "long": "-43.21013", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Quitandinha", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/11810143/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Iam de passeio à Quitandinha, a cavalo. Aires acompanhava-os, e não dizia nada. Quando lhe perguntaram se Flora era bonita, respondeu que sim, e falou da temperatura. A primeira veranista perguntou-lhe se era capaz de suportar aquela situação. Aires respirou, como quem vem de longe, e declarou que aos pés de um padre seria obrigado a mentir, tais eram os seus pecados; mas ali, na estrada, ao ar livre, entre senhoras, confessou que matara mais de um rival. Que se lembrasse trazia sete mortes às costas, com várias armas. As senhoras riam; ele falava soturno. Só uma vez escapou de morrer primeiro, e inventou uma anedota napolitana. Fez a apologia do punhal. Um que tivera, há muitos anos, o melhor aço do mundo, foi obrigado a dá-lo de presente a um bandido, seu amigo, quando lhe provou que completara na véspera o seu vigésimo nono assassinato.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Iam de passeio à Quitandinha, a cavalo. Aires acompanhava-os, e não dizia nada. Quando lhe perguntaram se Flora era bonita, respondeu que sim, e falou da temperatura. A primeira veranista perguntou-lhe se era capaz de suportar aquela situação. Aires respirou, como quem vem de longe, e declarou que aos pés de um padre seria obrigado a mentir, tais eram os seus pecados; mas ali, na estrada, ao ar livre, entre senhoras, confessou que matara mais de um rival. Que se lembrasse trazia sete mortes às costas, com várias armas. As senhoras riam; ele falava soturno. Só uma vez escapou de morrer primeiro, e inventou uma anedota napolitana. Fez a apologia do punhal. Um que tivera, há muitos anos, o melhor aço do mundo, foi obrigado a dá-lo de presente a um bandido, seu amigo, quando lhe provou que completara na véspera o seu vigésimo nono assassinato." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Recife", "name": "Recife", "description": "A cidade de Recife é a capital do estado brasileiro (e, antes, da província brasileira) de Pernambuco. 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O nome do município provém da palavra \"arrecife\", grande barreira de recifes e corais que se estende por toda sua costa.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Recife", "lat": "-8.05389", "long": "-34.88111", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Recife", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3390760/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "O resto é a noticia de ter chegado Osório, o advogado do Banco do Sul, que foi há tempos ao Recife, onde o pai estava doente e morreu.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Casou aos vinte e cinco anos, em 1859, com a filha de um senhor de engenho de Pernambuco, chamado Melchior. O pai da moça ficara entusiasmado, ouvindo ao futuro genro certo plano de produção de açúcar, por meio de uma união de engenhos e de um mecanismo simplíssimo. Foi no Teatro de Santa Isabel, no Recife, que Melchior lhe ouviu expor os lineamentos principais da ideia.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O resto é a noticia de ter chegado Osório, o advogado do Banco do Sul, que foi há tempos ao Recife, onde o pai estava doente e morreu.", "Casou aos vinte e cinco anos, em 1859, com a filha de um senhor de engenho de Pernambuco, chamado Melchior. O pai da moça ficara entusiasmado, ouvindo ao futuro genro certo plano de produção de açúcar, por meio de uma união de engenhos e de um mecanismo simplíssimo. Foi no Teatro de Santa Isabel, no Recife, que Melchior lhe ouviu expor os lineamentos principais da ideia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Reino%20das%20Bagatelas", "name": "Reino das Bagatelas", "description": "O \"Reino das Bagatelas\", ou o \"País das Quimeras\", é um lugar fictício criado pelo poeta português Antônio Dinis da Cruz e Silva (1731-1799), no poema O Hissope (1768), em que Machado de Assis se inspira nos contos \"O país das quimeras\" e \"Uma excursão milagrosa\".", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "", "lat": "", "long": "", "gn:featureCode": "", "gn:featureCodeName": "", "gn:name": "" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_excursão_milagrosa#uma-excursao-milagrosa", "headline": "Uma Excursão Milagrosa", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "Não há vaidade que possa com ele. 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Eram treze; prosternaram-se e disseram ao modo de Sião:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "De repente, pensou na douta academia; podia consultá-la, não claramente, mas por hipótese. Mandou chamar os acadêmicos; vieram todos menos o presidente, o ilustre U-Tong, que estava enfermo. Eram treze; prosternaram-se e disseram ao modo de Sião:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Quitandinha", "name": "Renânia", "description": "A Renânia era um bairro da cidade de Petrópolis, hoje inexistente com este nome, situado nas proximidades da entrada da cidade pelo bairro de Quitandinha. A cidade foi dividida em bairros inspirados nas regiões e acidentes geográficos da Alemanha, de onde era natural o major Júlio Koeller, responsável pelo primeiro desenho da cidade. O nome \"Renânia\" é uma homenagem ao rio Reno.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Quitandinha", "lat": "-22.53032", "long": "-43.21013", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Quitandinha", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/11810143/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: \"Dom Casmurro, domingo vou jantar com você\". - \"Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo\". - \"Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça\".", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: \"Dom Casmurro, domingo vou jantar com você\". - \"Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo\". - \"Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça\"." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Matanza%20River", "name": "Riachuelo", "description": "\"Riachuelo\", que quer dizer \"riachinho\" em espanhol, é um pequeno afluente do rio Paraná, em território argentino (província de Corrientes).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Matanza%20River", "lat": "-34.63985", "long": "-58.35852", "gn:featureCode": "STMC", "gn:featureCodeName": "canalized stream", "gn:name": "Matanza River", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3429558/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#fulano", "headline": "Fulano", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "A justiça que se lhe fazia animava-o, e até lhe trazia lembranças que, sem ela, é possível que nunca lhe tivessem acudido. Não falo do baile que ele deu para celebrar a vitória de Riachuelo, porque era um baile planeado antes de chegar a notícia da batalha, e ele não fez mais do que atribuir-lhe um motivo mais alto do que a simples recreação da família, meter o retrato do almirante Barroso no meio de um troféu de armas navais e bandeiras no salão de honra, em frente ao retrato do imperador, e fazer, à ceia, alguns brindes patrióticos, como tudo consta dos jornais de 1865.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Naquele tempo ainda o barão do Amazonas não tinha salvo a independência das repúblicas platinas mediante a vitória de Riachuelo, nome com que depois a Câmara Municipal crismou a rua de Mata-cavalos. Vigorava, portanto, o nome tradicional da rua, que não queria dizer cousa nenhuma de jeito.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A justiça que se lhe fazia animava-o, e até lhe trazia lembranças que, sem ela, é possível que nunca lhe tivessem acudido. Não falo do baile que ele deu para celebrar a vitória de Riachuelo, porque era um baile planeado antes de chegar a notícia da batalha, e ele não fez mais do que atribuir-lhe um motivo mais alto do que a simples recreação da família, meter o retrato do almirante Barroso no meio de um troféu de armas navais e bandeiras no salão de honra, em frente ao retrato do imperador, e fazer, à ceia, alguns brindes patrióticos, como tudo consta dos jornais de 1865.", "Naquele tempo ainda o barão do Amazonas não tinha salvo a independência das repúblicas platinas mediante a vitória de Riachuelo, nome com que depois a Câmara Municipal crismou a rua de Mata-cavalos. Vigorava, portanto, o nome tradicional da rua, que não queria dizer cousa nenhuma de jeito." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rialto%20Bridge%2C%20Sestiere%20San%20Polo%2C%2030125%20Venezia%20VE%2C%20Italy", "name": "Rialto", "description": "A ponte do Rialto, uma das mais famosas da cidade italiana de Veneza, foi construída em 1588. Até 1854, era a única ponte levando de um a outro lado do Grande Canal. A região próxima à ponte era o centro elegante da cidade e, ainda hoje, é uma área que atrai inúmeros turistas.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rialto%20Bridge%2C%20Sestiere%20San%20Polo%2C%2030125%20Venezia%20VE%2C%20Italy", "lat": "45.4379842", "long": "12.335898", "gn:featureCode": "S.BRG", "gn:featureCodeName": "Bridge", "gn:name": "Rialto Bridge, Sestiere San Polo, 30125 Venezia VE, Italy", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=45.4379842,12.335898" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Note-se que eu estava em Veneza, ainda recendente aos versos de lord Byron; lá estava, mergulhado em pleno sonho, revivendo o pretérito, crendo-me na Sereníssima República. É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Note-se que eu estava em Veneza, ainda recendente aos versos de lord Byron; lá estava, mergulhado em pleno sonho, revivendo o pretérito, crendo-me na Sereníssima República. É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20Claro%2C%20State%20of%20S%C3%A3o%20Paulo%2C%20Brazil", "name": "Ribeirão das Moças", "description": "No interior do estado de São Paulo, próximo à cidade de Rio Claro, existe um curso d'água com o nome de Ribeirão das Moças.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20Claro%2C%20State%20of%20S%C3%A3o%20Paulo%2C%20Brazil", "lat": "-22.4107652", "long": "-47.5596215", "gn:featureCode": "H.STM", "gn:featureCodeName": "Stream", "gn:name": "Rio Claro, State of São Paulo, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.4107652,-47.5596215" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Não sei o que é que ele queria que eu fizesse mais - dizia Batista falando do ministro -. Cerquei igrejas; nenhum amigo pediu polícia que eu não mandasse; processei talvez umas vinte pessoas. Outras foram para a cadeia sem processo. Havia de enforcar gente? Ainda assim houve duas mortes no Ribeirão das Moças.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Não sei o que é que ele queria que eu fizesse mais - dizia Batista falando do ministro -. Cerquei igrejas; nenhum amigo pediu polícia que eu não mandasse; processei talvez umas vinte pessoas. Outras foram para a cadeia sem processo. Havia de enforcar gente? Ainda assim houve duas mortes no Ribeirão das Moças." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Florence%2C%20Metropolitan%20City%20of%20Florence%2C%20Italy", "name": "Rio Arno", "description": "O rio Arno banha a cidade de Florença, na Itália. Nasce nos Apeninos e atravessa a região da Toscana, banhando também a cidade de Pisa, antes de desaguar no mar Tirreno.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Florence%2C%20Metropolitan%20City%20of%20Florence%2C%20Italy", "lat": "43.7695604", "long": "11.2558136", "gn:featureCode": "H.STM", "gn:featureCodeName": "Stream", "gn:name": "Florence, Metropolitan City of Florence, Italy", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=43.7695604,11.2558136" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "- Não pense - acrescentou Lívia - que me seduzem unicamente os esplendores de Paris, ou a elegância da vida europeia. Eu tenho outros desejos e ambições. Quero conhecer a Itália e a Alemanha, lembrar-me da nossa Guanabara junto às ribas do Arno ou do Reno. 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Tanto melhor. Corri a casa dele. Vi no jardim uma preta amamentando uma criança, outra criança de ano e meio, que recolhia umas pedrinhas do chão, acocorada.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Estácio estimou o obstáculo, mas não contou com o que ele trazia no bojo. Chegando ao Rio Comprido achou aflitos o médico e D. Tomásia; Eugênia recusava sair da Corte. Em vão lhe mostravam a conveniência de corresponder, em ocasião tão grave, à afeição da madrinha; debalde lhe diziam que era ser ingrata não ir recolher o último suspiro da venerável senhora, sua mãe espiritual. Eugênia recusava a pés juntos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Vou ao Rio Comprido.", "- Tem também no Rio Comprido, na Cidade Nova, uma no Catete...", "No fim de quatro dias, soube que Norberto morava para os lados do Rio Comprido; estava casado. Tanto melhor. Corri a casa dele. Vi no jardim uma preta amamentando uma criança, outra criança de ano e meio, que recolhia umas pedrinhas do chão, acocorada.", "Estácio estimou o obstáculo, mas não contou com o que ele trazia no bojo. Chegando ao Rio Comprido achou aflitos o médico e D. Tomásia; Eugênia recusava sair da Corte. Em vão lhe mostravam a conveniência de corresponder, em ocasião tão grave, à afeição da madrinha; debalde lhe diziam que era ser ingrata não ir recolher o último suspiro da venerável senhora, sua mãe espiritual. Eugênia recusava a pés juntos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Buenos%20Aires%2C%20Argentina", "name": "Rio da Prata", "description": "Rio da Prata é o nome que se dá ao estuário criado pelo rio Paraná e pelo rio Uruguai, que formam, junto com os seus afluentes, a bacia hidrográfica do Prata. Tanto a capital argentina como a uruguaia ficam nas margens do rio da Prata. No século XIX, foi alvo de disputas entre Uruguai e Brasil, durante a guerra da Cisplatina. Seu nome faz referência à lenda de que nessa região havia muita prata.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Buenos%20Aires%2C%20Argentina", "lat": "-34.6036844", "long": "-58.3815591", "gn:featureCode": "H.STM", "gn:featureCodeName": "Stream", "gn:name": "Buenos Aires, Argentina", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-34.6036844,-58.3815591" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Quinze dias depois, Procópio Dias apareceu em casa de Jorge com luto no vestuário e no rosto. De Buenos Aires chegara-lhe na véspera, à tarde, a notícia da morte de um irmão, seu último parente, notícia que o obrigava a embarcar no dia seguinte e demorar-se no rio da Prata cinco a seis semanas. Não se pode dizer que ele estivesse triste; estava sério, sério e preocupado. A viagem a Buenos Aires não tinha por fim o cadáver do irmão, mas a herança, que posto não fosse grande, valia alguma cousa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Troca_de_datas#troca-de-datas", "headline": "Troca de Datas", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "Já o fato de ficar é muito; mas não se limitou a isso. Eusébio estava namorado de uma dama de Buenos Aires, que prometera vir ter com ele ao Rio de Janeiro. Não acreditando que ela cumprisse a palavra, preparou-se para tornar ao rio da Prata, quando ela aqui aportou, quinze dias depois. Chamava-se Dolores, e era realmente bela, um belo tipo de argentina. Eusébio amava-a loucamente, ela não o amava de outro modo; ambos formavam um par de doudos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quinze dias depois, Procópio Dias apareceu em casa de Jorge com luto no vestuário e no rosto. 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Nada me escapou; tudo lhes referi.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. 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Foi, após a Proclamação da República, capital do país até a transferência para Brasília em 1960.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro", "lat": "-22.90642", "long": "-43.18223", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Rio de Janeiro", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3451190/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-alienista", "headline": "O Alienista", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "- Já há algum tempo que eu desconfiava - disse gravemente o marido -. A modéstia com que ela vivera em ambos os matrimônios não podia conciliar-se com o furor das sedas, veludos, rendas e pedras preciosas que manifestou logo que voltou do Rio de Janeiro. Desde então comecei a observá-la. Suas conversas eram todas sobre esses objetos; se eu lhe falava das antigas cortes, inquiria logo da forma dos vestidos das damas; se uma senhora a visitava, na minha ausência, antes de me dizer o objeto da visita, descrevia-me o trajo, aprovando umas cousas e censurando outras. Um dia, creio que Vossa Reverendíssima há de lembrar-se, propôs-se a fazer anualmente um vestido para a imagem de Nossa Senhora da matriz. Tudo isto eram sintomas graves; esta noite, porém, declarou-se a total demência. Tinha escolhido, preparado, enfeitado o vestuário que levaria ao baile da Câmara Municipal; só hesitava entre um colar de granada e outro de safira. Anteontem perguntou-me qual deles levaria; respondi-lhe que um ou outro lhe ficava bem. Ontem repetiu a pergunta ao almoço; pouco depois de jantar fui achá-la calada e pensativa. - Que tem? - perguntei-lhe. - Queria levar o colar de granada, mas acho o de safira tão bonito! - Pois leve o de safira. - Ah! Mas onde fica o de granada? - Enfim, passou a tarde sem novidade. Ceamos, e deitamo-nos. Alta noite, seria hora e meia, acordo e não a vejo; levanto-me, vou ao quarto de vestir, acho-a diante dos dous colares, ensaiando os ao espelho, ora um ora outro. Era evidente a demência: recolhi-a logo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#anedota-do-cabriolet", "headline": "Anedota do Cabriolet", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "A geração de hoje não viu a entrada e a saída do cabriolet no Rio de Janeiro. Também não saberá do tempo em que o cab e o tilbury vieram para o rol dos nossos veículos de praça ou particulares. O cab durou pouco. O tilbury, anterior aos dois, promete ir à destruição da cidade. Quando esta acabar e entrarem os cavadores de ruínas, achar-se-á um parado, com o cavalo e o cocheiro em ossos, esperando o freguês do costume. A paciência será a mesma de hoje, por mais que chova, a melancolia, maior, como quer que brilhe o sol, porque juntará a própria atual à do espectro dos tempos. O arqueólogo dirá cousas raras sobre os três esqueletos. O cabriolet não teve história; deixou apenas a anedota que vou dizer.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#aurora-sem-dia", "headline": "Aurora Sem Dia", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "O estilo também não era vulgar. Nunca se falou de receita e despesa com maior luxo de imagens e figuras. A receita foi comparada ao orvalho que as flores recolhem durante a noite; a despesa, à brisa da manhã que as sacode e lhes entorna um pouco do sereno vivificante. Um bom governo é apenas brisa; o presidente atual foi declarado siroco e pampeiro. Toda a maioria protestou solenemente contra essa qualificação injuriosa, ainda que poética. Um dos secretários confessou que nunca do Rio de Janeiro lhes fora uma aura mais refrigerante.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Caminho_de_Damasco#o-caminho-de-damasco", "headline": "O Caminho de Damasco", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Esta Clarinha, que entra em cena sem se fazer anunciar, era uma sobrinha de D. Joaquina, e portanto prima de Jorge. Era ainda criança quando perdera a mãe; e o pai, que dous anos antes se apaixonara por uma italiana que viera ao Rio de Janeiro, com o infundado pretexto de que era cantora, acompanhou a dama dos seus pensamentos, e andava agora pela Itália em sua companhia. Tanto valia estar morto para a pobre órfã. Dona Joaquina recebeu em casa a sobrinha e tratava-a como se fora filha sua.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Cinco_mulheres#cinco-mulheres", "headline": "Cinco Mulheres", "genre": "Conto", "datePublished": "1865", "text": "Uma fila de cinquenta carros, com um coche fúnebre à frente, dirigia-se para um dos cemitérios da capital.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#confissoes-de-uma-viuva-moca", "headline": "Confissões de Uma Viúva Moça", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Voltara há pouco tempo ao Brasil, e antes de ir para a província tinha determinado passar algum tempo no Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Escobar começava a negociar em café depois de haver trabalhado quatro anos em uma das primeiras casas do Rio de Janeiro. Era opinião de prima Justina que ele afagara a ideia de convidar minha mãe a segundas núpcias; mas, se tal ideia houve, cumpre não esquecer a grande diferença de idade. Talvez ele não pensasse em mais que associá-la aos seus primeiros tentâmens comerciais, e de fato, a pedido meu, minha mãe adiantou-lhe alguns dinheiros, que ele lhe restituiu, logo que pôde, não sem este remoque: \"D. Glória é medrosa e não tem ambição.\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dona_Jucunda#dona-jucunda", "headline": "Dona Jucunda", "genre": "Conto", "datePublished": "1889", "text": "Ao almoço, falaram do espetáculo da véspera e das pessoas que viram no teatro. Jucunda conhecia já a principal gente do Rio; a madrinha fê-la recebida, as relações multiplicaram-se; ela ia observando e assimilando. Bela e graciosa, vestindo-se bem e caro, ávida de crescer, não lhe foi difícil ganhar amigas e atrair pretendentes. Era das primeiras em todas as festas. Talvez o eco chegasse à vila natal - ou foi simples adivinhação de malévolo, que entendeu colar isto uma noite, nas paredes da casa do barbeiro:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Assim passaram algumas semanas desde a subida de Natividade. Quando Aires vinha ao Rio de Janeiro, não deixava de ir vê-la a São Clemente, onde a achava qual era dantes, salvo um pouso de silêncio em que a viu metida uma vez. No dia seguinte recebeu uma carta de Flora, pedindo-lhe desculpas da desatenção, se a houve, e mandando-lhe saudades. \"Mamãe pede que a recomende também ao senhor e à família da baronesa\". Esta recomendação exprimia o consentimento obtido da mãe para que lhe escrevesse a carta. Quando ele tornou ao Rio, correu a São Clemente e Flora pagou-lhe com alegria grande o silêncio daquela outra manhã. Todavia, não era espontânea nem constante, tinha seus cochilos de melancolia. Aires voltou ainda algumas vezes na mesma semana. Flora aparecia-lhe com a alegria costumada, e, para o fim, a mesma alteração dos últimos dias.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#evolucao", "headline": "Evolução", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Chegamos a Vassouras; eu fui para a casa do juiz municipal, camarada antigo; ele demorou-se um dia e seguiu para o interior. Oito dias depois voltei ao Rio de Janeiro, mas sozinho. Uma semana mais tarde, voltou ele; encontramo-nos no teatro, conversamos muito e trocamos notícias; Benedito acabou convidando-me a ir almoçar com ele no dia seguinte. Fui; deu-me um almoço de príncipe, bons charutos e palestra animada. Notei que a conversa dele fazia mais efeito no meio da viagem - arejando o espírito e deixando a gente em paz com Deus e os homens; mas devo dizer que o almoço pode ter prejudicado o resto. Realmente era magnífico; e seria impertinência histórica pôr a mesa de Luculo na casa de Platão. Entre o café e o cognac, disse-me ele, apoiando o cotovelo na borda da mesa, e olhando para o charuto que ardia:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- A mãe de Helena - disse Salvador -, cuja beleza foi a causa, a um tempo, da sua má e boa fortuna, era filha de um nobre lavrador do Rio Grande do Sul, onde também nasci. Apaixonamo-nos um pelo outro. Meu pai opôs-se ao casamento; tinha alguns bens, mandara-me estudar, queria ver-me em posição brilhante. Ângela podia ser obstáculo à minha carreira, dizia ele. Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "- Não há nada como a ausência para fazer esquecer tudo - isto é, esquecer os que ficam. Talvez já não pense em casar comigo. Foi um capricho que passou, como todos os caprichos; foi como a chuva de ontem, que deu apenas alguns salpicos de nada. E contudo parecia que vinha abaixo o céu. Não é? A paixão dele não é como a trovoada? Ameaçou no Rio de Janeiro e foi cair em Buenos Aires. Aposto que vem de lá casado. Verá que não é outra cousa. Que me diz a isso? Vamos; diga alguma cousa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Inglesinha_Barcelos#a-inglesinha-barcelos", "headline": "A Inglesinha Barcelos", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Era mais próspera a situação de Candinha. Filha de um comerciante, conhecido por Chico Fernandes, abastado e trabalhador, casou bem, com um advogado do Norte, que veio para o Rio de Janeiro deputado, deixou a política, ou a política o deixou a ele, e abriu banca de advocacia. Era moço, forte, estudioso; deu um único desgosto ao sogro, foi o de não ser ministro do Estado. Este era o sonho de Chico Fernandes. Parece que consentiu logo no casamento, justamente com a mira em vir a ser \"sogro do governo\", como ele mesmo dizia, brincando, no tempo em que o genro era deputado. Mas o governo mudou de família, e o Chico Fernandes não se consolou. A filha é o que o consolou dando-lhe um neto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Jogo_do_bicho_(Machado_de_Assis)#jogo-do-bicho", "headline": "Jogo do Bicho", "genre": "Conto", "datePublished": "1904", "text": "Camilo - ou Camilinho, como lhe chamavam alguns por amizade - ocupava em um dos arsenais do Rio de Janeiro(marinha ou guerra) um emprego de escrita. Ganhava duzentos mil-réis por mês, sujeitos ao desconto de taxa e montepio. Era solteiro, mas um dia, pelas férias, foi passar a noite de Natal com um amigo no subúrbio do Rocha; lá viu uma criaturinha modesta, vestido azul, olhos pedintes. Três meses depois estavam casados.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Letra_vencida#letra-vencida", "headline": "Letra Vencida", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Eram então passados quinze anos. Passaram-se mais alguns meses, e a mãe de Beatriz morreu. Beatriz ficou só, com trinta e quatro anos. Teve idéia de ir para Europa, com alguma dama de companhia; mas Eduardo contava então vir ao Rio de Janeiro arranjar alguns negócios do pai, que estava doente. Beatriz esperou; mas Eduardo não veio. Uma amiga dela, confidente dos amores, dizia-lhe:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Isso é longo - disse Tito sentando-se -. O que te posso contar é que desembarquei ontem no Rio. Tratei de indagar a tua morada. Disseram-me que estavas temporariamente em Petrópolis. Descansei, mas logo hoje tomei a barca da Prainha e aqui estou. Eu já suspeitava que com o teu espírito de poeta irias esconder tua felicidade em algum recanto do mundo. Com efeito, isto é verdadeiramente uma nesga do paraíso. Jardim, caramanchões, uma casa leve e elegante, um livro. Bravo! Marília de Dirceu... É completo! Tityre, tu patulæ. Caio no meio de um idílio. Pastorinha, onde está o cajado?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#luis-soares", "headline": "Luís Soares", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Não me convém; nesse caso fico no Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Também achei mudado o nosso Rio de Janeiro, e mudado para melhor. 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Despedimo-nos à porta de um ourives; há de ser alguma joia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Já agora acabo com as cousas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. Neste ponto, conquanto trouxesse as ideias políticas um pouco baralhadas, consegui organizar e formular o governo de suas preferências: era um despotismo temperado, não por cantigas - como dizem alhures -, mas por penachos da Guarda Nacional. Só não pude alcançar se ele queria o despotismo de um, de três, de trinta ou de trezentos. Opinava por várias cousas, entre outras, o desenvolvimento do tráfico dos africanos e a expulsão dos ingleses. Gostava muito de teatro; logo que chegou foi ao Teatro de São Pedro, onde viu um drama soberbo, a Maria Joana, e uma comédia muito interessante, Kettly, ou a volta à Suíça. Também gostara muito da Deperini, na Safo, ou na Ana Bolena, não se lembrava bem. Mas a Candiani! Sim, senhor, era papa-fina. Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... - E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz. No Norte essas cousas chegavam como um eco. A filha morria por ouvir todas as óperas. Tinha uma voz muito mimosa, a filha. E gosto, muito gosto. Ah! Ele estava ansioso por voltar ao Rio de Janeiro. Já havia corrido a cidade toda, com umas saudades... Palavra! Em alguns lugares teve vontade de chorar. Mas não embarcaria mais. Enjoara muito a bordo, como todos os outros passageiros, exceto um inglês... Que os levasse o diabo, os ingleses! Isto não ficava direito sem irem todos eles barra fora. Que é que a Inglaterra podia fazer-nos? Se ele encontrasse algumas pessoas de boa vontade, era obra de uma noite a expulsão de tais godemes... Graças a Deus, tinha patriotismo - e batia no peito -, o que não admirava porque era de família, descendia de um antigo capitão-mor muito patriota. Sim, não era nenhum pé-rapado. Viesse a ocasião, e ele havia de mostrar de que pau era a canoa... Mas fazia-se tarde, ia dizer que eu não faltaria ao jantar, e lá me esperava para maior palestra. Levei-o até a porta da sala; ele parou dizendo que simpatizava muito comigo. Quando casara, estava eu na Europa. Conheceu meu pai, um homem às direitas, com quem dançara num célebre baile da Praia Grande... Coisas! Coisas! Falaria depois, fazia-se tarde, tinha de ir levar a resposta ao Cotrim. Saiu; fechei-lhe a porta...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Ao cabo de um mês não tinha perdido uma partícula sequer do sentimento que nutria pela viúva. Amava-a com o mesmíssimo ardor. A ausência, como ele pensara, aumentou-lhe o amor, como o vento ateia um incêndio. Debalde lia ou buscava distrair-se na vida agitada do Rio de Janeiro; entrou a escrever um estudo sobre a teoria do ouvido, mas a pena escapava-se-lhe para o coração, e saiu o escrito com uma mistura de nervos e sentimentos. Estava então na sua maior nomeada o romance de Renan sobre a vida de Jesus; Mendonça encheu o gabinete com todos os folhetos publicados de parte a parte, e entrou a estudar profundamente o misterioso drama da Judeia. Fez quanto pôde para absorver o espírito e esquecer a esquiva Margarida; era-lhe impossível.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#missa-do-galo", "headline": "Missa do Galo", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#a-mulher-de-preto", "headline": "A Mulher de Preto", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "A viúva não era viúva; era mulher de Meneses; viera do Norte meses antes do marido, que só veio como deputado; Meneses, que a amava doudamente, e que era amado com igual delírio, acusava-a de infidelidade; uma carta e um retrato eram os indícios; ela negou, mas explicou-se mal; o marido separou-se e mandou-a para o Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "- Para mim - disse ele -, é claro que acharei a mulher mais pálida do mundo, mesmo sem sair do Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Nem_uma_nem_outra#nem-uma-nem-outra", "headline": "Nem Uma Nem Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "De maneira que, um belo dia, o antipático Correia era simplesmente o homem mais simpático do Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Os_óculos_de_Pedro_Antão#os-oculos-de-pedro-antao", "headline": "Os Óculos de Pedro Antão", "genre": "Conto", "datePublished": "1874", "text": "Pedro Antão tinha morrido dez meses antes; achou-se-lhe um testamento em que deixava a casa, os livros e mais objetos ao sobrinho Mendonça - com a condição de que só tomaria conta da casa dez meses depois. Mendonça estava então no boulevard dos Italianos, único sítio de Paris que conheceu e conhece a fundo, quando recebeu esta notícia. Riu muito da singularidade do tio, e veio ao Rio de Janeiro expressamente para tomar conta da casa. Aguardou religiosamente o termo da posse, e no dia 23 de março de manhã recebeu oficialmente as chaves que ansioso esperava.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Há cerca de dezesseis anos, desembarcava no Rio de Janeiro, vindo da Europa, o Sr. Camilo Seabra, goiano de nascimento, que ali fora estudar medicina e voltava agora com o diploma na algibeira e umas saudades no coração. Voltava depois de uma ausência de oito anos, tendo visto e admirado as principais cousas que um homem pode ver e admirar por lá, quando não lhe falta gosto nem meios. Ambas as cousas possuía, e se tivesse também, não digo muito, mas um pouco mais de juízo, houvera gozado melhor do que gozou, e com justiça poderia dizer que vivera.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_país_das_quimeras#o-pais-das-quimeras", "headline": "O País das Quimeras", "genre": "Conto", "datePublished": "1862", "text": "Quando, depois de voltar a si, Tito conseguiu encadear duas ideias e tirar delas uma consequência, dous projetos se lhe apresentaram, qual mais próprio a granjear-lhe a vilta de pusilânime; um concluía pela tragédia, outro, pela asneira; triste alternativa dos corações não compreendidos! O primeiro desses projetos era simplesmente deixar este mundo; o outro limitava-se a uma viagem, que o poeta faria por mar ou por terra, a fim de deixar por algum tempo a capital. Já o poeta abandonava o primeiro por achá-lo sanguinolento e definitivo; o segundo parecia-lhe melhor, mais consentâneo com a sua dignidade e sobretudo com os seus instintos de conservação. Mas qual o meio de mudar de sítio? Tomaria por terra? Tomaria por mar? Qualquer destes dous meios tinham seus inconvenientes. Estava o poeta nestas averiguações, quando ouviu que batiam à porta três pancadinhas. Quem seria? Quem poderia ir procurar o poeta àquela hora? Lembrou-se que tinha umas encomendas do homem das odes e foi abrir a porta disposto a ouvir resignado a muito plausível sarabanda que ele lhe vinha naturalmente pregar. Mas, oh, pasmo! Mal o poeta abriu a porta, eis que uma sílfide, uma criatura celestial, vaporosa, fantástica, trajando vestes alvas, nem bem de pano, nem bem de névoas, uma cousa entre as duas espécies, pés alígeros, rosto sereno e insinuante, olhos negros e cintilantes, cachos louros do mais leve e delicado cabelo, a caírem-lhe graciosos pelas espáduas nuas, divinas, como as tuas, oh, Afrodita! Eis que uma criatura assim invade o aposento do poeta e estendendo a mão ordena-lhe que feche a porta e tome assento à mesa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "As relações entre eles vieram por um sobrinho do fazendeiro, Josino M..., colega de ano do Romualdo, e, como ele, cultor das letras. O fazendeiro retirou-se para Guaratinguetá; era obsequiador, exigiu do Romualdo a promessa de que, nas férias, iria vê-lo. O estudante prometeu que sim; e nunca o tempo lhe correu mais devagar. Não eram dias, eram séculos. O que lhe valia é que, ao menos, davam para construir e reconstruir os seus admiráveis planos de vida. A escolha entre o casar imediatamente ou depois de formado não foi cousa que se fizesse do pé para a mão: comeu-lhe algumas boas semanas. Afinal, assentou que era melhor o casamento imediato. Outra questão que lhe tomou tempo foi a de saber se concluiria os estudos no Brasil ou na Europa. O patriotismo venceu; ficaria no Brasil. Mas, uma vez formado, seguiria para Europa, onde estaria dous anos, observando de perto as cousas políticas e sociais, adquirindo a experiência necessária a quem viria ser ministro de Estado. Eis o que por esse tempo escreveu a um amigo do Rio de Janeiro:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questão_de_vaidade#questao-de-vaidade", "headline": "Questão de Vaidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "O filho de Almeida era um rapaz de dezesseis anos. Estudava direito em São Paulo. Durante os acontecimentos que estou narrando estava ele em férias no Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Nada, nem agora nem antes. Era rico - mas gastador. Conhecemo-lo quando veio de Minas, e fomos, por assim dizer, o seu guia no Rio de Janeiro, aonde não voltara desde longos anos. Bom homem. Sempre com luxo, lembra-se? Mas, não há riqueza inesgotável, quando se entra pelo capital; foi o que ele fez. Hoje creio que tenha pouco...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "- Nada que me conste - respondeu Viana imitando o dono da casa; o Rio de Janeiro vai a pior.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sem_olhos#sem-olhos", "headline": "Sem Olhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "- Vá lá! - disse ele -; Contarei isto em duas palavras. Quando eu estudava em São Paulo raras vezes gozava as férias todas na fazenda de meu pai; ia a Cantagalo passar algumas semanas e voltava logo para o Rio de Janeiro, aonde me chamava o meu primeiro e último namoro; paixão de quatro anos, que a Igreja consagrou e só a morte extinguiu. Nas férias do terceiro ano fui morar no primeiro andar de uma casa da rua da Misericórdia. No segundo morava um homem de quarenta anos que parecia ter mais de cinquenta, tão alquebrado e encanecido estava. Éramos os dois moradores únicos, salvo o meu pajem, que fazia o número três. O vizinho de cima não tinha criado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Só_(Machado_de_Assis)#so", "headline": "Só!", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Um grande escritor, Edgar Poe, relata, em um de seus admiráveis contos, a corrida noturna de um desconhecido pelas ruas de Londres, à medida que se despovoam, com o visível intento de nunca ficar só. \"Esse homem\", conclui ele, \"é o tipo e o gênio do crime profundo; é o homem das multidões.\" Bonifácio não era capaz de crimes, nem ia agora atrás de lugares povoados, tanto que vinha recolher-se a uma casa vazia. Posto que os seus quarenta e cinco anos não fossem tais que tornassem inverossímil uma fantasia de mulher, não era amor que o trazia à reclusão. Vamos à verdade: ele queria descansar da companhia dos outros. Quem lhe meteu isso na cabeça - sem o querer nem saber - foi um esquisitão desse tempo, dizem que filósofo, um tal Tobias, que morava para os lados do Jardim Botânico. Filósofo ou não, era homem de cara seca e comprida, nariz grande e óculos de tartaruga. Paulista de nascimento, estudara em Coimbra, no tempo do rei, e vivera muitos anos na Europa, gastando o que possuía, até que, não tendo mais que alguns restos, arrepiou carreira. Veio para o Rio de Janeiro, com o plano de passar a São Paulo; mas foi ficando e aqui morreu. Costumava ele desaparecer da cidade durante um ou dous meses; metia-se em casa, com o único preto que possuía, e a quem dava ordem de lhe não dizer nada. Esta circunstância fê-lo crer maluco, e tal era a opinião entre os rapazes; não faltava, porém, quem lhe atribuísse grande instrução e rara inteligência, ambas inutilizadas por um ceticismo sem remédio. Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/To_be_or_not_to_be#to-be-or-not-to-be", "headline": "To Be Or Not To Be", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "Poupando ao leitor a narração dos acontecimentos principais da vida de André Soares, limito-me a dizer que no dia 18 de março de 1871 - justamente no dia em que rebentava em Paris a revolução da Comuna - achava-se o nosso herói no Rio de Janeiro na situação que passo a descrever.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Troca_de_datas#troca-de-datas", "headline": "Troca de Datas", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "Como não é intenção do escrito contar a guerra, nem o papel que lá fez o capitão Eusébio, corramos depressa ao fim, no mês de outubro de 1870, em que o batalhão de Eusébio voltou ao Rio de Janeiro, vindo ele major, e trazendo ao peito duas medalhas e dous oficialatos: um bravo. A gente que nas ruas e das janelas via passar os galhardos vencedores era muita, luzida e diversa. Não admira se no meio de tal confusão o nosso Eusébio não viu a mulher. Era ela, entretanto, que estava debruçada da janela de uma casa da rua Primeiro de Março, com algumas parentas e amigas, e o infalível tio João.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_quarto_de_século#um-quarto-de-seculo", "headline": "Um Quarto de Século", "genre": "Conto", "datePublished": "1893", "text": "Não tomes isto ao pé da letra, para me não acusares de romantismo. É certo que ele prometeu não casar nunca, depois da paixão Raquel; mas não foi precisamente a paixão que o deixou solteiro. Esta doeu-lhe por muito tempo, fê-lo empreender uma viagem à Europa, onde se demorou quatro anos. Os quatro anos, porém, não foram gastos em suspirar. O tempo e a distância depressa o fizeram sarar; a própria vida é que o confinou na solidão. Solidão fácil, aliás, composta de prazeres, viagens, distrações amorosas e outras. Quando se afastou da Europa, tornou para o Rio de Janeiro, onde assistiu à morte do pai, que lhe deixou todos os seus bens. Tomás era filho único. Já então Raquel, tendo casado com um negociante de Pelotas, havia partido para o Sul. Tomás começou a advogar; parece que defendeu algumas causas, perdeu-as todas, ou quase todas. Não fechou a banca; mas achava meio de não se meter em muito trabalho; este foi naturalmente fugindo, de maneira que, em pouco tempo, acabaram os clientes. A banca era pretexto para ter um lugar de descanso e conversação, e dar emprego a um servente.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_noite#uma-noite", "headline": "Uma Noite", "genre": "Conto", "datePublished": "1895", "text": "Não me quero demorar neste ponto da minha história. Digo-lhe sumariamente que os médicos entenderam necessário recolher Camila ao Hospício de Pedro II. A mãe morreu quinze dias depois. Eu fui concluir os meus estudos na Europa. Minha irmã casou, meu pai não durou muito, minha mãe acompanhou-o de perto. Pouco tempo depois, minha irmã e meu cunhado foram ter comigo. Já me acharam não esquecido, mas consolado. Quando tornamos ao Rio de Janeiro passavam quatro anos daqueles acontecimentos. Fomos morar juntos, mas em outro bairro. Nada soubemos de Camila, nem indagamos nada; ao menos eu.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#verba-testamentaria", "headline": "Verba Testamentária", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Nunca um plano foi mais conscienciosamente executado. A noiva escolhida era a mais esbelta, ou uma das mais esbeltas da capital. Casou-os o próprio bispo. Recolhido à fazenda, foram com ele somente alguns de seus mais triviais amigos; fez-se o jornal, mandaram-se as cartas, peitaram-se as visitas. Durante três meses tudo caminhou às mil maravilhas. Mas a natureza, apostada em lograr o homem, mostrou ainda desta vez que ela possui segredos inopináveis. Um dos meios de agradar ao Nicolau era elogiar a beleza, a elegância e as virtudes da mulher; mas a moléstia caminhara, e o que parecia remédio excelente foi simples agravação do mal. Nicolau, ao fim de certo tempo, achava ociosos e excessivos tantos elogios à mulher, e bastava isto a impacientá-lo, e a impaciência, a produzir-lhe a fatal secreção. Parece mesmo que chegou ao ponto de não poder encará-la muito tempo, e a encará-la mal; vieram algumas rixas, que seriam o princípio de uma separação, se ela não morresse daí a pouco. A dor do Nicolau foi profunda e verdadeira; mas a cura interrompeu-se logo, porque ele desceu ao Rio de Janeiro, onde o vamos achar, tempos depois, entre os revolucionários de 1831.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Viagem_à_roda_de_mim_mesmo#viagem-a-roda-de-mim-mesmo", "headline": "Viagem à Roda de Mim Mesmo", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Tinha o plano feito de desposá-la, tão certo como três e dous serem cinco. Não se imagina a minha confiança no futuro. Viera recomendado a um dos ministros do gabinete Furtado, para algum lugar de magistrado no interior, e fui bem recebido por ele. Mas a água da Carioca embriagou-me logo aos primeiros goles, de tal maneira que resolvi não sair mais da capital. Encostei-me à janela da vida, com os olhos no rio que corria embaixo, o rio do tempo, não só para contemplar o curso perene das águas, como à espera de ver apontar do lado de cima ou de baixo a galera de ouro e sândalo e velas de seda, que devia levar-me a certa ilha encantada e eterna. Era o que me dizia o coração.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Já há algum tempo que eu desconfiava - disse gravemente o marido -. A modéstia com que ela vivera em ambos os matrimônios não podia conciliar-se com o furor das sedas, veludos, rendas e pedras preciosas que manifestou logo que voltou do Rio de Janeiro. Desde então comecei a observá-la. Suas conversas eram todas sobre esses objetos; se eu lhe falava das antigas cortes, inquiria logo da forma dos vestidos das damas; se uma senhora a visitava, na minha ausência, antes de me dizer o objeto da visita, descrevia-me o trajo, aprovando umas cousas e censurando outras. Um dia, creio que Vossa Reverendíssima há de lembrar-se, propôs-se a fazer anualmente um vestido para a imagem de Nossa Senhora da matriz. Tudo isto eram sintomas graves; esta noite, porém, declarou-se a total demência. Tinha escolhido, preparado, enfeitado o vestuário que levaria ao baile da Câmara Municipal; só hesitava entre um colar de granada e outro de safira. Anteontem perguntou-me qual deles levaria; respondi-lhe que um ou outro lhe ficava bem. Ontem repetiu a pergunta ao almoço; pouco depois de jantar fui achá-la calada e pensativa. - Que tem? - perguntei-lhe. - Queria levar o colar de granada, mas acho o de safira tão bonito! - Pois leve o de safira. - Ah! Mas onde fica o de granada? - Enfim, passou a tarde sem novidade. Ceamos, e deitamo-nos. Alta noite, seria hora e meia, acordo e não a vejo; levanto-me, vou ao quarto de vestir, acho-a diante dos dous colares, ensaiando os ao espelho, ora um ora outro. Era evidente a demência: recolhi-a logo.", "A geração de hoje não viu a entrada e a saída do cabriolet no Rio de Janeiro. Também não saberá do tempo em que o cab e o tilbury vieram para o rol dos nossos veículos de praça ou particulares. O cab durou pouco. O tilbury, anterior aos dois, promete ir à destruição da cidade. Quando esta acabar e entrarem os cavadores de ruínas, achar-se-á um parado, com o cavalo e o cocheiro em ossos, esperando o freguês do costume. A paciência será a mesma de hoje, por mais que chova, a melancolia, maior, como quer que brilhe o sol, porque juntará a própria atual à do espectro dos tempos. O arqueólogo dirá cousas raras sobre os três esqueletos. O cabriolet não teve história; deixou apenas a anedota que vou dizer.", "O estilo também não era vulgar. Nunca se falou de receita e despesa com maior luxo de imagens e figuras. A receita foi comparada ao orvalho que as flores recolhem durante a noite; a despesa, à brisa da manhã que as sacode e lhes entorna um pouco do sereno vivificante. Um bom governo é apenas brisa; o presidente atual foi declarado siroco e pampeiro. Toda a maioria protestou solenemente contra essa qualificação injuriosa, ainda que poética. Um dos secretários confessou que nunca do Rio de Janeiro lhes fora uma aura mais refrigerante.", "Esta Clarinha, que entra em cena sem se fazer anunciar, era uma sobrinha de D. Joaquina, e portanto prima de Jorge. Era ainda criança quando perdera a mãe; e o pai, que dous anos antes se apaixonara por uma italiana que viera ao Rio de Janeiro, com o infundado pretexto de que era cantora, acompanhou a dama dos seus pensamentos, e andava agora pela Itália em sua companhia. Tanto valia estar morto para a pobre órfã. Dona Joaquina recebeu em casa a sobrinha e tratava-a como se fora filha sua.", "Uma fila de cinquenta carros, com um coche fúnebre à frente, dirigia-se para um dos cemitérios da capital.", "Voltara há pouco tempo ao Brasil, e antes de ir para a província tinha determinado passar algum tempo no Rio de Janeiro.", "Escobar começava a negociar em café depois de haver trabalhado quatro anos em uma das primeiras casas do Rio de Janeiro. Era opinião de prima Justina que ele afagara a ideia de convidar minha mãe a segundas núpcias; mas, se tal ideia houve, cumpre não esquecer a grande diferença de idade. Talvez ele não pensasse em mais que associá-la aos seus primeiros tentâmens comerciais, e de fato, a pedido meu, minha mãe adiantou-lhe alguns dinheiros, que ele lhe restituiu, logo que pôde, não sem este remoque: \"D. Glória é medrosa e não tem ambição.\"", "Ao almoço, falaram do espetáculo da véspera e das pessoas que viram no teatro. Jucunda conhecia já a principal gente do Rio; a madrinha fê-la recebida, as relações multiplicaram-se; ela ia observando e assimilando. Bela e graciosa, vestindo-se bem e caro, ávida de crescer, não lhe foi difícil ganhar amigas e atrair pretendentes. Era das primeiras em todas as festas. Talvez o eco chegasse à vila natal - ou foi simples adivinhação de malévolo, que entendeu colar isto uma noite, nas paredes da casa do barbeiro:", "Assim passaram algumas semanas desde a subida de Natividade. Quando Aires vinha ao Rio de Janeiro, não deixava de ir vê-la a São Clemente, onde a achava qual era dantes, salvo um pouso de silêncio em que a viu metida uma vez. No dia seguinte recebeu uma carta de Flora, pedindo-lhe desculpas da desatenção, se a houve, e mandando-lhe saudades. \"Mamãe pede que a recomende também ao senhor e à família da baronesa\". Esta recomendação exprimia o consentimento obtido da mãe para que lhe escrevesse a carta. Quando ele tornou ao Rio, correu a São Clemente e Flora pagou-lhe com alegria grande o silêncio daquela outra manhã. Todavia, não era espontânea nem constante, tinha seus cochilos de melancolia. Aires voltou ainda algumas vezes na mesma semana. Flora aparecia-lhe com a alegria costumada, e, para o fim, a mesma alteração dos últimos dias.", "Chegamos a Vassouras; eu fui para a casa do juiz municipal, camarada antigo; ele demorou-se um dia e seguiu para o interior. Oito dias depois voltei ao Rio de Janeiro, mas sozinho. Uma semana mais tarde, voltou ele; encontramo-nos no teatro, conversamos muito e trocamos notícias; Benedito acabou convidando-me a ir almoçar com ele no dia seguinte. Fui; deu-me um almoço de príncipe, bons charutos e palestra animada. Notei que a conversa dele fazia mais efeito no meio da viagem - arejando o espírito e deixando a gente em paz com Deus e os homens; mas devo dizer que o almoço pode ter prejudicado o resto. Realmente era magnífico; e seria impertinência histórica pôr a mesa de Luculo na casa de Platão. Entre o café e o cognac, disse-me ele, apoiando o cotovelo na borda da mesa, e olhando para o charuto que ardia:", "- A mãe de Helena - disse Salvador -, cuja beleza foi a causa, a um tempo, da sua má e boa fortuna, era filha de um nobre lavrador do Rio Grande do Sul, onde também nasci. Apaixonamo-nos um pelo outro. Meu pai opôs-se ao casamento; tinha alguns bens, mandara-me estudar, queria ver-me em posição brilhante. Ângela podia ser obstáculo à minha carreira, dizia ele. Opôs-se, e eu resisti; raptei-a; fomos viver na campanha oriental, donde passamos a Montevidéu, e mais tarde ao Rio de Janeiro. Tinha vinte anos quando deixei a casa paterna; possuía alguns estudos, poucos, meia dúzia de patacões, muito amor e muita esperança. Era de sobra para a minha idade, mas insuficiente para o meu futuro. A lua-de-mel foi desde logo uma noite de privações e trabalhos. Minha vida começou a ser um mosaico de profissões; aqui onde me veem, fui mascate, agente do foro, guarda-livros, lavrador, operário, estalajadeiro, escrevente de cartório; algumas semanas vivi de tirar cópias de peças e papéis para teatro. Trabalhava com energia, mas a fortuna não correspondia à constância, e o melhor dos anos, gastei-o em luta áspera e desigual. Uma compensação havia, a mais doce de todas: era o amor e o contentamento de Ângela, a igualdade do ânimo com que ela encarava todas as vicissitudes. Pouco tempo depois da nossa fuga, havia outra compensação mais: era Helena. Essa menina nasceu em um dos momentos mais tristes da minha vida. Os primeiros caldos da mãe foram obtidos por favor de uma mulher da vizinhança. Mas nasceu em boa hora, e foi um laço mais que nos prendeu um ao outro. A presença de um ente novo, sangue do meu sangue, fez-me redobrar de energia. Trabalhava com alma, lutava resoluto contra todas as forças adversas, certo de encontrar à noite a solicitude da mãe e as ingênuas carícias da filha. Os senhores não são pais; não podem avaliar a força que possui o sorriso de uma filha para dissolver todas as tristezas acumuladas na fronte de um homem. Muita vez, quando o trabalho me tomava parte da noite, e eu, apesar de robusto, me sentia cansado, erguia-me, ia ao berço de Helena, contemplava-a um instante e parecia cobrar forças novas. Se o próprio berço era obra de minhas mãos! Fabriquei-o de alguns sarrafos de pinho velho; obra grosseira e sublime: servia a adormecer metade da minha felicidade na terra.", "- Não há nada como a ausência para fazer esquecer tudo - isto é, esquecer os que ficam. Talvez já não pense em casar comigo. Foi um capricho que passou, como todos os caprichos; foi como a chuva de ontem, que deu apenas alguns salpicos de nada. E contudo parecia que vinha abaixo o céu. Não é? A paixão dele não é como a trovoada? Ameaçou no Rio de Janeiro e foi cair em Buenos Aires. Aposto que vem de lá casado. Verá que não é outra cousa. Que me diz a isso? Vamos; diga alguma cousa.", "Era mais próspera a situação de Candinha. Filha de um comerciante, conhecido por Chico Fernandes, abastado e trabalhador, casou bem, com um advogado do Norte, que veio para o Rio de Janeiro deputado, deixou a política, ou a política o deixou a ele, e abriu banca de advocacia. Era moço, forte, estudioso; deu um único desgosto ao sogro, foi o de não ser ministro do Estado. Este era o sonho de Chico Fernandes. Parece que consentiu logo no casamento, justamente com a mira em vir a ser \"sogro do governo\", como ele mesmo dizia, brincando, no tempo em que o genro era deputado. Mas o governo mudou de família, e o Chico Fernandes não se consolou. A filha é o que o consolou dando-lhe um neto.", "Camilo - ou Camilinho, como lhe chamavam alguns por amizade - ocupava em um dos arsenais do Rio de Janeiro(marinha ou guerra) um emprego de escrita. Ganhava duzentos mil-réis por mês, sujeitos ao desconto de taxa e montepio. Era solteiro, mas um dia, pelas férias, foi passar a noite de Natal com um amigo no subúrbio do Rocha; lá viu uma criaturinha modesta, vestido azul, olhos pedintes. Três meses depois estavam casados.", "Eram então passados quinze anos. Passaram-se mais alguns meses, e a mãe de Beatriz morreu. Beatriz ficou só, com trinta e quatro anos. Teve idéia de ir para Europa, com alguma dama de companhia; mas Eduardo contava então vir ao Rio de Janeiro arranjar alguns negócios do pai, que estava doente. Beatriz esperou; mas Eduardo não veio. Uma amiga dela, confidente dos amores, dizia-lhe:", "- Isso é longo - disse Tito sentando-se -. O que te posso contar é que desembarquei ontem no Rio. Tratei de indagar a tua morada. Disseram-me que estavas temporariamente em Petrópolis. Descansei, mas logo hoje tomei a barca da Prainha e aqui estou. Eu já suspeitava que com o teu espírito de poeta irias esconder tua felicidade em algum recanto do mundo. Com efeito, isto é verdadeiramente uma nesga do paraíso. Jardim, caramanchões, uma casa leve e elegante, um livro. Bravo! Marília de Dirceu... É completo! Tityre, tu patulæ. Caio no meio de um idílio. Pastorinha, onde está o cajado?", "- Não me convém; nesse caso fico no Rio de Janeiro.", "Também achei mudado o nosso Rio de Janeiro, e mudado para melhor. O jardim do Rossio, o boulevard Carceller, cinco ou seis hotéis novos, novos prédios, grande movimento comercial e popular, tudo isso fez em meu espírito uma agradável impressão.", "Contou-me então o que eu já sei, anedotas da infância e da adolescência, e nisto me entreteve andando alguns minutos largos; parece-me realmente bom e amigo. A idade em que foi daqui e o tempo que tem vivido lá fora dão a este moço uma pronúncia mesclada do Rio e de Lisboa que lhe não fica mal, ao contrário. Despedimo-nos à porta de um ourives; há de ser alguma joia.", "Já agora acabo com as cousas extraordinárias. Vinha de guardar a carta e o relógio, quando me procurou um homem magro e meão, com um bilhete do Cotrim, convidando-me para jantar. O portador era casado com uma irmã do Cotrim, chegara poucos dias antes do Norte, chamava-se Damasceno, e fizera a revolução de 1831. Foi ele mesmo que me disse isto, no espaço de cinco minutos. Saíra do Rio de Janeiro, por desacordo com o Regente, que era um asno, pouco menos asno do que os ministros que serviram com ele. De resto, a revolução estava outra vez às portas. Neste ponto, conquanto trouxesse as ideias políticas um pouco baralhadas, consegui organizar e formular o governo de suas preferências: era um despotismo temperado, não por cantigas - como dizem alhures -, mas por penachos da Guarda Nacional. Só não pude alcançar se ele queria o despotismo de um, de três, de trinta ou de trezentos. Opinava por várias cousas, entre outras, o desenvolvimento do tráfico dos africanos e a expulsão dos ingleses. Gostava muito de teatro; logo que chegou foi ao Teatro de São Pedro, onde viu um drama soberbo, a Maria Joana, e uma comédia muito interessante, Kettly, ou a volta à Suíça. Também gostara muito da Deperini, na Safo, ou na Ana Bolena, não se lembrava bem. Mas a Candiani! Sim, senhor, era papa-fina. Agora queria ouvir o Ernani, que a filha dele cantava em casa, ao piano: Ernani, Ernani, involami... - E dizia isto levantando-se e cantarolando a meia voz. No Norte essas cousas chegavam como um eco. A filha morria por ouvir todas as óperas. Tinha uma voz muito mimosa, a filha. E gosto, muito gosto. Ah! Ele estava ansioso por voltar ao Rio de Janeiro. Já havia corrido a cidade toda, com umas saudades... Palavra! Em alguns lugares teve vontade de chorar. Mas não embarcaria mais. Enjoara muito a bordo, como todos os outros passageiros, exceto um inglês... Que os levasse o diabo, os ingleses! Isto não ficava direito sem irem todos eles barra fora. Que é que a Inglaterra podia fazer-nos? Se ele encontrasse algumas pessoas de boa vontade, era obra de uma noite a expulsão de tais godemes... Graças a Deus, tinha patriotismo - e batia no peito -, o que não admirava porque era de família, descendia de um antigo capitão-mor muito patriota. Sim, não era nenhum pé-rapado. Viesse a ocasião, e ele havia de mostrar de que pau era a canoa... Mas fazia-se tarde, ia dizer que eu não faltaria ao jantar, e lá me esperava para maior palestra. Levei-o até a porta da sala; ele parou dizendo que simpatizava muito comigo. Quando casara, estava eu na Europa. Conheceu meu pai, um homem às direitas, com quem dançara num célebre baile da Praia Grande... Coisas! Coisas! Falaria depois, fazia-se tarde, tinha de ir levar a resposta ao Cotrim. Saiu; fechei-lhe a porta...", "Ao cabo de um mês não tinha perdido uma partícula sequer do sentimento que nutria pela viúva. Amava-a com o mesmíssimo ardor. A ausência, como ele pensara, aumentou-lhe o amor, como o vento ateia um incêndio. Debalde lia ou buscava distrair-se na vida agitada do Rio de Janeiro; entrou a escrever um estudo sobre a teoria do ouvido, mas a pena escapava-se-lhe para o coração, e saiu o escrito com uma mistura de nervos e sentimentos. Estava então na sua maior nomeada o romance de Renan sobre a vida de Jesus; Mendonça encheu o gabinete com todos os folhetos publicados de parte a parte, e entrou a estudar profundamente o misterioso drama da Judeia. Fez quanto pôde para absorver o espírito e esquecer a esquiva Margarida; era-lhe impossível.", "A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-me bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.", "A viúva não era viúva; era mulher de Meneses; viera do Norte meses antes do marido, que só veio como deputado; Meneses, que a amava doudamente, e que era amado com igual delírio, acusava-a de infidelidade; uma carta e um retrato eram os indícios; ela negou, mas explicou-se mal; o marido separou-se e mandou-a para o Rio de Janeiro.", "- Para mim - disse ele -, é claro que acharei a mulher mais pálida do mundo, mesmo sem sair do Rio de Janeiro.", "De maneira que, um belo dia, o antipático Correia era simplesmente o homem mais simpático do Rio de Janeiro.", "Pedro Antão tinha morrido dez meses antes; achou-se-lhe um testamento em que deixava a casa, os livros e mais objetos ao sobrinho Mendonça - com a condição de que só tomaria conta da casa dez meses depois. Mendonça estava então no boulevard dos Italianos, único sítio de Paris que conheceu e conhece a fundo, quando recebeu esta notícia. Riu muito da singularidade do tio, e veio ao Rio de Janeiro expressamente para tomar conta da casa. Aguardou religiosamente o termo da posse, e no dia 23 de março de manhã recebeu oficialmente as chaves que ansioso esperava.", "Há cerca de dezesseis anos, desembarcava no Rio de Janeiro, vindo da Europa, o Sr. Camilo Seabra, goiano de nascimento, que ali fora estudar medicina e voltava agora com o diploma na algibeira e umas saudades no coração. Voltava depois de uma ausência de oito anos, tendo visto e admirado as principais cousas que um homem pode ver e admirar por lá, quando não lhe falta gosto nem meios. Ambas as cousas possuía, e se tivesse também, não digo muito, mas um pouco mais de juízo, houvera gozado melhor do que gozou, e com justiça poderia dizer que vivera.", "Quando, depois de voltar a si, Tito conseguiu encadear duas ideias e tirar delas uma consequência, dous projetos se lhe apresentaram, qual mais próprio a granjear-lhe a vilta de pusilânime; um concluía pela tragédia, outro, pela asneira; triste alternativa dos corações não compreendidos! O primeiro desses projetos era simplesmente deixar este mundo; o outro limitava-se a uma viagem, que o poeta faria por mar ou por terra, a fim de deixar por algum tempo a capital. Já o poeta abandonava o primeiro por achá-lo sanguinolento e definitivo; o segundo parecia-lhe melhor, mais consentâneo com a sua dignidade e sobretudo com os seus instintos de conservação. Mas qual o meio de mudar de sítio? Tomaria por terra? Tomaria por mar? Qualquer destes dous meios tinham seus inconvenientes. Estava o poeta nestas averiguações, quando ouviu que batiam à porta três pancadinhas. Quem seria? Quem poderia ir procurar o poeta àquela hora? Lembrou-se que tinha umas encomendas do homem das odes e foi abrir a porta disposto a ouvir resignado a muito plausível sarabanda que ele lhe vinha naturalmente pregar. Mas, oh, pasmo! Mal o poeta abriu a porta, eis que uma sílfide, uma criatura celestial, vaporosa, fantástica, trajando vestes alvas, nem bem de pano, nem bem de névoas, uma cousa entre as duas espécies, pés alígeros, rosto sereno e insinuante, olhos negros e cintilantes, cachos louros do mais leve e delicado cabelo, a caírem-lhe graciosos pelas espáduas nuas, divinas, como as tuas, oh, Afrodita! Eis que uma criatura assim invade o aposento do poeta e estendendo a mão ordena-lhe que feche a porta e tome assento à mesa.", "As relações entre eles vieram por um sobrinho do fazendeiro, Josino M..., colega de ano do Romualdo, e, como ele, cultor das letras. O fazendeiro retirou-se para Guaratinguetá; era obsequiador, exigiu do Romualdo a promessa de que, nas férias, iria vê-lo. O estudante prometeu que sim; e nunca o tempo lhe correu mais devagar. Não eram dias, eram séculos. O que lhe valia é que, ao menos, davam para construir e reconstruir os seus admiráveis planos de vida. A escolha entre o casar imediatamente ou depois de formado não foi cousa que se fizesse do pé para a mão: comeu-lhe algumas boas semanas. Afinal, assentou que era melhor o casamento imediato. Outra questão que lhe tomou tempo foi a de saber se concluiria os estudos no Brasil ou na Europa. O patriotismo venceu; ficaria no Brasil. Mas, uma vez formado, seguiria para Europa, onde estaria dous anos, observando de perto as cousas políticas e sociais, adquirindo a experiência necessária a quem viria ser ministro de Estado. Eis o que por esse tempo escreveu a um amigo do Rio de Janeiro:", "O filho de Almeida era um rapaz de dezesseis anos. Estudava direito em São Paulo. Durante os acontecimentos que estou narrando estava ele em férias no Rio de Janeiro.", "- Nada, nem agora nem antes. Era rico - mas gastador. Conhecemo-lo quando veio de Minas, e fomos, por assim dizer, o seu guia no Rio de Janeiro, aonde não voltara desde longos anos. Bom homem. Sempre com luxo, lembra-se? Mas, não há riqueza inesgotável, quando se entra pelo capital; foi o que ele fez. Hoje creio que tenha pouco...", "- Nada que me conste - respondeu Viana imitando o dono da casa; o Rio de Janeiro vai a pior.", "- Vá lá! - disse ele -; Contarei isto em duas palavras. Quando eu estudava em São Paulo raras vezes gozava as férias todas na fazenda de meu pai; ia a Cantagalo passar algumas semanas e voltava logo para o Rio de Janeiro, aonde me chamava o meu primeiro e último namoro; paixão de quatro anos, que a Igreja consagrou e só a morte extinguiu. Nas férias do terceiro ano fui morar no primeiro andar de uma casa da rua da Misericórdia. No segundo morava um homem de quarenta anos que parecia ter mais de cinquenta, tão alquebrado e encanecido estava. Éramos os dois moradores únicos, salvo o meu pajem, que fazia o número três. O vizinho de cima não tinha criado.", "Um grande escritor, Edgar Poe, relata, em um de seus admiráveis contos, a corrida noturna de um desconhecido pelas ruas de Londres, à medida que se despovoam, com o visível intento de nunca ficar só. \"Esse homem\", conclui ele, \"é o tipo e o gênio do crime profundo; é o homem das multidões.\" Bonifácio não era capaz de crimes, nem ia agora atrás de lugares povoados, tanto que vinha recolher-se a uma casa vazia. Posto que os seus quarenta e cinco anos não fossem tais que tornassem inverossímil uma fantasia de mulher, não era amor que o trazia à reclusão. Vamos à verdade: ele queria descansar da companhia dos outros. Quem lhe meteu isso na cabeça - sem o querer nem saber - foi um esquisitão desse tempo, dizem que filósofo, um tal Tobias, que morava para os lados do Jardim Botânico. Filósofo ou não, era homem de cara seca e comprida, nariz grande e óculos de tartaruga. Paulista de nascimento, estudara em Coimbra, no tempo do rei, e vivera muitos anos na Europa, gastando o que possuía, até que, não tendo mais que alguns restos, arrepiou carreira. Veio para o Rio de Janeiro, com o plano de passar a São Paulo; mas foi ficando e aqui morreu. Costumava ele desaparecer da cidade durante um ou dous meses; metia-se em casa, com o único preto que possuía, e a quem dava ordem de lhe não dizer nada. Esta circunstância fê-lo crer maluco, e tal era a opinião entre os rapazes; não faltava, porém, quem lhe atribuísse grande instrução e rara inteligência, ambas inutilizadas por um ceticismo sem remédio. Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "Poupando ao leitor a narração dos acontecimentos principais da vida de André Soares, limito-me a dizer que no dia 18 de março de 1871 - justamente no dia em que rebentava em Paris a revolução da Comuna - achava-se o nosso herói no Rio de Janeiro na situação que passo a descrever.", "Como não é intenção do escrito contar a guerra, nem o papel que lá fez o capitão Eusébio, corramos depressa ao fim, no mês de outubro de 1870, em que o batalhão de Eusébio voltou ao Rio de Janeiro, vindo ele major, e trazendo ao peito duas medalhas e dous oficialatos: um bravo. A gente que nas ruas e das janelas via passar os galhardos vencedores era muita, luzida e diversa. Não admira se no meio de tal confusão o nosso Eusébio não viu a mulher. Era ela, entretanto, que estava debruçada da janela de uma casa da rua Primeiro de Março, com algumas parentas e amigas, e o infalível tio João.", "Não tomes isto ao pé da letra, para me não acusares de romantismo. É certo que ele prometeu não casar nunca, depois da paixão Raquel; mas não foi precisamente a paixão que o deixou solteiro. Esta doeu-lhe por muito tempo, fê-lo empreender uma viagem à Europa, onde se demorou quatro anos. Os quatro anos, porém, não foram gastos em suspirar. O tempo e a distância depressa o fizeram sarar; a própria vida é que o confinou na solidão. Solidão fácil, aliás, composta de prazeres, viagens, distrações amorosas e outras. Quando se afastou da Europa, tornou para o Rio de Janeiro, onde assistiu à morte do pai, que lhe deixou todos os seus bens. Tomás era filho único. Já então Raquel, tendo casado com um negociante de Pelotas, havia partido para o Sul. Tomás começou a advogar; parece que defendeu algumas causas, perdeu-as todas, ou quase todas. Não fechou a banca; mas achava meio de não se meter em muito trabalho; este foi naturalmente fugindo, de maneira que, em pouco tempo, acabaram os clientes. A banca era pretexto para ter um lugar de descanso e conversação, e dar emprego a um servente.", "Não me quero demorar neste ponto da minha história. Digo-lhe sumariamente que os médicos entenderam necessário recolher Camila ao Hospício de Pedro II. A mãe morreu quinze dias depois. Eu fui concluir os meus estudos na Europa. Minha irmã casou, meu pai não durou muito, minha mãe acompanhou-o de perto. Pouco tempo depois, minha irmã e meu cunhado foram ter comigo. Já me acharam não esquecido, mas consolado. Quando tornamos ao Rio de Janeiro passavam quatro anos daqueles acontecimentos. Fomos morar juntos, mas em outro bairro. Nada soubemos de Camila, nem indagamos nada; ao menos eu.", "Nunca um plano foi mais conscienciosamente executado. A noiva escolhida era a mais esbelta, ou uma das mais esbeltas da capital. Casou-os o próprio bispo. Recolhido à fazenda, foram com ele somente alguns de seus mais triviais amigos; fez-se o jornal, mandaram-se as cartas, peitaram-se as visitas. Durante três meses tudo caminhou às mil maravilhas. Mas a natureza, apostada em lograr o homem, mostrou ainda desta vez que ela possui segredos inopináveis. Um dos meios de agradar ao Nicolau era elogiar a beleza, a elegância e as virtudes da mulher; mas a moléstia caminhara, e o que parecia remédio excelente foi simples agravação do mal. Nicolau, ao fim de certo tempo, achava ociosos e excessivos tantos elogios à mulher, e bastava isto a impacientá-lo, e a impaciência, a produzir-lhe a fatal secreção. Parece mesmo que chegou ao ponto de não poder encará-la muito tempo, e a encará-la mal; vieram algumas rixas, que seriam o princípio de uma separação, se ela não morresse daí a pouco. A dor do Nicolau foi profunda e verdadeira; mas a cura interrompeu-se logo, porque ele desceu ao Rio de Janeiro, onde o vamos achar, tempos depois, entre os revolucionários de 1831.", "Tinha o plano feito de desposá-la, tão certo como três e dous serem cinco. Não se imagina a minha confiança no futuro. Viera recomendado a um dos ministros do gabinete Furtado, para algum lugar de magistrado no interior, e fui bem recebido por ele. Mas a água da Carioca embriagou-me logo aos primeiros goles, de tal maneira que resolvi não sair mais da capital. Encostei-me à janela da vida, com os olhos no rio que corria embaixo, o rio do tempo, não só para contemplar o curso perene das águas, como à espera de ver apontar do lado de cima ou de baixo a galera de ouro e sândalo e velas de seda, que devia levar-me a certa ilha encantada e eterna. 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Se o tempo houvesse produzido em mim os seus naturais efeitos, se a natureza não se ajustasse em fazer contraste com a fortuna, conservando-me o vigor e o viço da mocidade, é possível que eu achasse meio de empregar-me no colégio ou nas imediações, a fim de ver mais frequentemente Helena. Mas eu era o mesmo; passado o primeiro abalo, voltaram-me as carnes, voltou-me a cor, e eu era o mesmo que antes de partir para o Rio Grande. Helena podia reconhecer-me; e eu faltava à convenção tácita que fizera com o conselheiro. Um sábado, porém, tinha Helena doze anos, vindo ambas do colégio, parou o carro defronte do Passeio Público. Vi-as descer e entrar. Levado por um impulso irresistível, entrei também. Queria contemplá-las de longe, sem lhes falar; mas a resolução estava acima das minhas forças. Que pai não faria outro tanto? No lugar mais solitário do Passeio, corri para Helena. Vendo-me, a menina pareceu não reconhecer-me logo; mas atentou um pouco, recuou espavorida e agarrou-se à mãe, abraçando-a pela cintura. Conheci que não estava ali um pai, mas um espectro que regressava do outro mundo. Ia afastar-me, quando ouvi a voz de Helena perguntar à mãe: \"Papai?\" Voltei-me. Ângela envolvera o rosto da criança entre os vestidos. O gesto equivalia a uma confissão; mas esta foi ainda mais clara quando a mãe, cedendo à boa parte da sua natureza, ergueu resoluta os ombros, descobriu rosto da filha, pousou-lhe um beijo na testa, fitou-a e fez com a cabeça um gesto afirmativo. A menina não exigiu mais; correu para mim e atirou-se-me nos braços. Ângela não se atreveu a impedir o movimento da filha; o passado e o sacrifício falavam em meu favor. Abracei Helena e beijei-a como doudo. Ângela interveio: \"Basta!\" disse ela. Pegou na mão da filha e estendeu-me a sua. Apertei-a maquinalmente; meus olhos estavam pregados na criança. Era tão gentil, com o vestido rico que trazia, os cabelos enlaçados com fitas azuis, um chapelinho de palha e os pezinhos calçados com botinas de seda! \"Fez bem\", disse eu a Ângela, depois de alguns instantes; \"deu-lhe um pai melhor do que eu.\" Reparei então que ela própria se transformara; trajava com elegância e estava superiormente bela. A abastança aperfeiçoara a natureza. Olhei-a sem inveja nem cólera - mas com saudade -, nessa vez deliciosa, porque rememorei os bons tempos da nossa ebriedade e loucura. O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo. \"Fez mal\", disse-me ela baixinho. E suspirou. \"Sei que morri\", disse eu, \"e não pretendo ressuscitar.\" Depois voltei-me para Helena: \"Minha filha, faze de conta que me não viste; morri para ti e para o mundo. Teu pai é outro. Prometes que não dirás nada?\" Helena fez um leve sinal de cabeça e beijou-me a mão a furto, como se não quisesse ser vista de Ângela. Nesse simples gesto reconheci que ela ia obedecer-me; mas a tristeza que lhe ficou foi o castigo de sua mãe. Pedíamos à natureza mais do que ela podia dar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Eu, se tivesse aqui uma casa maior que a minha, daria um grande baile, antes de voltar para o Rio Grande. Gosto de festas. Os meus dous filhos não me dão grande trabalho. A propósito, ando com vontade de meter o Lopo no colégio; onde acharei um bom colégio?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Só dez meses depois tornei a ver o Elisiário. A primeira ausência foi minha; tinha ido ao Ceará, ver meu pai, durante as férias. Quando voltei, soube que ele fora ao Rio Grande do Sul. Um dia, almoçando, li nos jornais que chegara na véspera, e corri a buscá-lo. Achei-o em Santa Teresa, uma casinha pequena, com um jardim pouco maior que ela. Elisiário abraçou-me com alvoroço; falamos de cousas passadas; perguntei-lhe pelos versos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aqui está o que fizemos. Pegamos em nós e fomos para a Europa, não passear, nem ver nada, novo nem velho; paramos na Suíça. 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Mas eu era o mesmo; passado o primeiro abalo, voltaram-me as carnes, voltou-me a cor, e eu era o mesmo que antes de partir para o Rio Grande. Helena podia reconhecer-me; e eu faltava à convenção tácita que fizera com o conselheiro. Um sábado, porém, tinha Helena doze anos, vindo ambas do colégio, parou o carro defronte do Passeio Público. Vi-as descer e entrar. Levado por um impulso irresistível, entrei também. Queria contemplá-las de longe, sem lhes falar; mas a resolução estava acima das minhas forças. Que pai não faria outro tanto? No lugar mais solitário do Passeio, corri para Helena. Vendo-me, a menina pareceu não reconhecer-me logo; mas atentou um pouco, recuou espavorida e agarrou-se à mãe, abraçando-a pela cintura. Conheci que não estava ali um pai, mas um espectro que regressava do outro mundo. Ia afastar-me, quando ouvi a voz de Helena perguntar à mãe: \"Papai?\" Voltei-me. Ângela envolvera o rosto da criança entre os vestidos. O gesto equivalia a uma confissão; mas esta foi ainda mais clara quando a mãe, cedendo à boa parte da sua natureza, ergueu resoluta os ombros, descobriu rosto da filha, pousou-lhe um beijo na testa, fitou-a e fez com a cabeça um gesto afirmativo. A menina não exigiu mais; correu para mim e atirou-se-me nos braços. Ângela não se atreveu a impedir o movimento da filha; o passado e o sacrifício falavam em meu favor. Abracei Helena e beijei-a como doudo. Ângela interveio: \"Basta!\" disse ela. Pegou na mão da filha e estendeu-me a sua. Apertei-a maquinalmente; meus olhos estavam pregados na criança. Era tão gentil, com o vestido rico que trazia, os cabelos enlaçados com fitas azuis, um chapelinho de palha e os pezinhos calçados com botinas de seda! \"Fez bem\", disse eu a Ângela, depois de alguns instantes; \"deu-lhe um pai melhor do que eu.\" Reparei então que ela própria se transformara; trajava com elegância e estava superiormente bela. A abastança aperfeiçoara a natureza. Olhei-a sem inveja nem cólera - mas com saudade -, nessa vez deliciosa, porque rememorei os bons tempos da nossa ebriedade e loucura. O passado é um pecúlio para os que já não esperam nada do presente ou do futuro; há ali sensações vivas que preenchem as lacunas de todo o tempo. \"Fez mal\", disse-me ela baixinho. E suspirou. \"Sei que morri\", disse eu, \"e não pretendo ressuscitar.\" Depois voltei-me para Helena: \"Minha filha, faze de conta que me não viste; morri para ti e para o mundo. Teu pai é outro. Prometes que não dirás nada?\" Helena fez um leve sinal de cabeça e beijou-me a mão a furto, como se não quisesse ser vista de Ângela. Nesse simples gesto reconheci que ela ia obedecer-me; mas a tristeza que lhe ficou foi o castigo de sua mãe. Pedíamos à natureza mais do que ela podia dar.", "- Eu, se tivesse aqui uma casa maior que a minha, daria um grande baile, antes de voltar para o Rio Grande. Gosto de festas. Os meus dous filhos não me dão grande trabalho. A propósito, ando com vontade de meter o Lopo no colégio; onde acharei um bom colégio?", "Só dez meses depois tornei a ver o Elisiário. A primeira ausência foi minha; tinha ido ao Ceará, ver meu pai, durante as férias. Quando voltei, soube que ele fora ao Rio Grande do Sul. Um dia, almoçando, li nos jornais que chegara na véspera, e corri a buscá-lo. Achei-o em Santa Teresa, uma casinha pequena, com um jardim pouco maior que ela. 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Deixas correr os dias como as águas do Paraíba? Feliz criatura!" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Piabanha%20River%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Rio Piabanha", "description": "O rio que banha a cidade de Petrópolis é o Piabanha, que nasce na serra dos Órgãos (no próprio município de Petrópolis) e deságua no rio Paraíba do Sul, no município de Três Rios. 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Campos é homem interessante, posto que sem variedade de espírito; não importa, uma vez que sabe despender o que tem. Verdade é que tal regra levaria a gente a aceitar toda a casta de insípidos. Ele não é destes.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Entretanto, não disse tudo. Verifico que me faltou um ponto da narração do Campos. Não falei das ações do Banco do Sul, nem das apólices, nem das casas que o Aguiar possui, além dos honorários de gerente; terá uns duzentos e poucos contos. Tal foi a afirmação do Campos, à beira do rio, em Petrópolis. Campos é homem interessante, posto que sem variedade de espírito; não importa, uma vez que sabe despender o que tem. Verdade é que tal regra levaria a gente a aceitar toda a casta de insípidos. Ele não é destes." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Switzerland", "name": "Rio Reno", "description": "O Reno é um longo rio europeu, que nasce nos Alpes, percorre o continente de sul a norte e deságua no mar do Norte. 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Nas suas margens ficam localidades espanholas como Toledo e Aranjuez e portuguesas como Abrantes, Santarém e Lisboa. Foi do Tejo que partiram as caravelas que, sob o comando de Pedro Álvares Cabral, chegaram à costa do Brasil (no atual estado da Bahia), até então desconhecido pelos europeus.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Tagus%20River", "lat": "38.6764", "long": "-9.27933", "gn:featureCode": "STM", "gn:featureCodeName": "stream", "gn:name": "Tagus River", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2262787/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quiseram que eu lhes contasse as minhas viagens; cedi francamente a este desejo natural. Não lhes ocultei nada. Contei-lhes o que havia visto desde o Tejo até o Danúbio, desde Paris até Jerusalém. Fi-los assistir na imaginação às corridas de Chantilly e às jornadas das caravanas no deserto; falei do céu nevoento de Londres e do céu azul da Itália. Nada me escapou; tudo lhes referi." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rocha%20Miranda", "name": "Rocha", "description": "O bairro do Rocha situa-se na zona Norte do Rio de Janeiro. De classe média e média baixa, faz limite com os bairros do Jacaré, Manguinhos, Benfica, São Francisco Xavier, Riachuelo e Vila Isabel. É separado deste último pela Serra do Engenho Novo. 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Era solteiro, mas um dia, pelas férias, foi passar a noite de Natal com um amigo no subúrbio do Rocha; lá viu uma criaturinha modesta, vestido azul, olhos pedintes. Três meses depois estavam casados.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Camilo - ou Camilinho, como lhe chamavam alguns por amizade - ocupava em um dos arsenais do Rio de Janeiro(marinha ou guerra) um emprego de escrita. Ganhava duzentos mil-réis por mês, sujeitos ao desconto de taxa e montepio. Era solteiro, mas um dia, pelas férias, foi passar a noite de Natal com um amigo no subúrbio do Rocha; lá viu uma criaturinha modesta, vestido azul, olhos pedintes. Três meses depois estavam casados." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rome", "name": "Roma", "description": "Roma é a capital da Itália, situada às margens do rio Tibre e compreendendo o seu centro histórico as sete colinas sobre as quais foi fundada, segundo o mito, por volta de 753 a.C. pelos gêmeos Rômulo e Remo, que foram criados por uma loba. Os gêmeos mamando na loba são o símbolo da cidade. Roma tem enorme importância histórica e cultural, conservando ruínas e monumentos na parte antiga da cidade, especialmente da época do Império Romano. No interior da cidade encontra-se o Vaticano, sede da Igreja Católica.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rome", "lat": "41.89193", "long": "12.51133", "gn:featureCode": "PPLC", "gn:featureCodeName": "capital of a political entity", "gn:name": "Rome", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3169070/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "No dia seguinte revelou-me o mistério. Ao primeiro aspecto, confesso que fiquei deslumbrado. Trazia uma nota de grandeza e de espiritualidade que falava aos meus olhos de seminarista. Era não menos que isto. Minha mãe, ao parecer dele, estava arrependida do que fizera, e desejaria ver-me cá fora, mas entendia que o vínculo moral da promessa a prendia indissoluvelmente. Cumpria rompê-lo, e para tanto valia a Escritura, com o poder de desligar dado aos apóstolos. Assim que, ele e eu iríamos a Roma pedir a absolvição do papa... Que me parecia?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "A imaginação os levou então ao futuro, a um futuro brilhante, como ele é em tal idade. Botafogo teria um papel histórico, uma enseada imperial para Pedro, uma Veneza republicana para Paulo, sem doge, nem conselho dos dez, ou então um doge com outro título, um simples presidente, que se casaria em nome do povo com este pequenino Adriático. Talvez o doge fosse ele mesmo. Esta possibilidade, apesar dos anos verdes, enfunou a alma do moço. Paulo viu-se à testa de uma república, em que o antigo e o moderno, o futuro e o passado se mesclassem, uma Roma nova, uma Convenção Nacional, a República Francesa e os Estados Unidos da América.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Transposto o Rubicon, não havia mais que caminhar direito à cidade eterna do matrimônio. Estácio escreveu no dia seguinte uma carta ao Dr. Camargo, pedindo-lhe a mão de Eugênia, carta seca e digna, como as circunstâncias a pediam. Antes de a remeter, mostrou-a a Helena, que recusou lê-la. Não a leu, nem lhe pegou. Ele teve-a alguns instantes na mão, sem se atrever a dá-la ao escravo que esperava por ela. 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Traduziu para várias línguas as obras de Santo Agostinho e São Tomás; fundou uma academia arqueológica e um liceu de filosofia; comentou os atos dos apóstolos, escreveu uma história dos mártires, fez descobertas arqueológicas em Roma, anunciou duas cometas e espantou toda a Europa científica não menos pela profundidade e variedade dos seus conhecimentos, como pelo prodigioso número de acontecimentos antigos a que presenciara.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "No dia seguinte revelou-me o mistério. Ao primeiro aspecto, confesso que fiquei deslumbrado. Trazia uma nota de grandeza e de espiritualidade que falava aos meus olhos de seminarista. Era não menos que isto. Minha mãe, ao parecer dele, estava arrependida do que fizera, e desejaria ver-me cá fora, mas entendia que o vínculo moral da promessa a prendia indissoluvelmente. Cumpria rompê-lo, e para tanto valia a Escritura, com o poder de desligar dado aos apóstolos. Assim que, ele e eu iríamos a Roma pedir a absolvição do papa... Que me parecia?", "A imaginação os levou então ao futuro, a um futuro brilhante, como ele é em tal idade. Botafogo teria um papel histórico, uma enseada imperial para Pedro, uma Veneza republicana para Paulo, sem doge, nem conselho dos dez, ou então um doge com outro título, um simples presidente, que se casaria em nome do povo com este pequenino Adriático. Talvez o doge fosse ele mesmo. Esta possibilidade, apesar dos anos verdes, enfunou a alma do moço. Paulo viu-se à testa de uma república, em que o antigo e o moderno, o futuro e o passado se mesclassem, uma Roma nova, uma Convenção Nacional, a República Francesa e os Estados Unidos da América.", "Transposto o Rubicon, não havia mais que caminhar direito à cidade eterna do matrimônio. Estácio escreveu no dia seguinte uma carta ao Dr. Camargo, pedindo-lhe a mão de Eugênia, carta seca e digna, como as circunstâncias a pediam. Antes de a remeter, mostrou-a a Helena, que recusou lê-la. Não a leu, nem lhe pegou. Ele teve-a alguns instantes na mão, sem se atrever a dá-la ao escravo que esperava por ela. Por fim, deitou-a sobre a secretária.", "Já perto do portão, à saída, falei a mana Rita de uma senhora que eu vira ao pé de outra sepultura, ao lado esquerdo do cruzeiro, enquanto ela rezava. Era moça, vestia de preto, e parecia rezar também, com as mãos cruzadas e pendentes. A cara não me era estranha, sem atinar quem fosse. E bonita, e gentilíssima, como ouvi dizer de outras em Roma.", "Ao cabo de longos anos, era ele doutor em teologia, filosofia, matemáticas, direito, medicina, profundo antiquário, extremado nas ciências físicas e químicas; em suma, o doutor dos doutores, a expressão mais alta da ciência humana. Aprendeu o latim, o grego, o árabe, o armênio, o turco, o hebraico. Traduziu para várias línguas as obras de Santo Agostinho e São Tomás; fundou uma academia arqueológica e um liceu de filosofia; comentou os atos dos apóstolos, escreveu uma história dos mártires, fez descobertas arqueológicas em Roma, anunciou duas cometas e espantou toda a Europa científica não menos pela profundidade e variedade dos seus conhecimentos, como pelo prodigioso número de acontecimentos antigos a que presenciara." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pra%C3%A7a%20Tiradentes", "name": "Rossio", "description": "Rossio (ou Rossio Grande) é o nome antigo da praça da Constituição, que atualmente se chama praça Tiradentes. 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Mal anoiteceu, começaram a entrar os credores, embuçados em capotes, e, como a iluminação pública só veio a principiar com o vice-reinado do conde de Resende, levava cada qual uma lanterna na mão, ao uso do tempo, dando assim ao conciliábulo um rasgo pinturesco e teatral. Eram trinta e tantos, perto de quarenta - e não eram todos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Também achei mudado o nosso Rio de Janeiro, e mudado para melhor. 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Afirmo-lhes que o asno foi digno do corcel - um asno de Sancho, deveras filósofo, que me levou à casa dela, no fim do citado período; apeei-me, bati-lhe na anca e mandei-o pastar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "D. Antônia não podia recusar nada à sobrinha; concordou em ir para a roça; e começaram os preparativos. Mendonça soube da mudança no Rossio, andando a passear de noite; disse-lho Jorge na ocasião de ir para o Alcazar. 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Júlio andava quinze dias antes a trocar cartas com o original, a formosa Luísa, moradora no Rossio Pequeno, hoje praça Onze de Junho.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Habilidoso#habilidoso", "headline": "Habilidoso", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Foi essa Virgem o assunto a que ele voltou mais vezes. A tela que está agora acabando é a sexta ou sétima. As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. A própria casa da rua do Ouvidor onde os expôs recusou-lhe a continuação do obséquio; recorreu a outra da rua do Hospício, depois a uma da rua da Imperatriz, a outra do Rossio Pequeno; finalmente não expôs mais nada.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "O retrato... O retrato tinha certa explicação. Júlio andava quinze dias antes a trocar cartas com o original, a formosa Luísa, moradora no Rossio Pequeno, hoje praça Onze de Junho.", "Foi essa Virgem o assunto a que ele voltou mais vezes. A tela que está agora acabando é a sexta ou sétima. As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. 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Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Duas horas depois da cena da rua da Ajuda chegou Rubião à casa de D. Fernanda. Os vadios foram-se dispersando, a pouco e pouco, e os claros não se preenchiam; os três últimos juntaram os seus adeuses em um berro único e formidável. Rubião continuou sozinho, mal percebido pelos moradores das casas, porque a gesticulação diminuía ou mudava de feitio. Não se dirigia à parede, à suposta imperatriz; mas era ainda imperador. Caminhava, parava, murmurava, sem grandes gestos, sonhando sempre, sempre, sempre, envolvido naquele véu, através do qual todas as cousas eram outras, contrárias e melhores; cada lampião tinha um aspecto de camarista, cada esquina, uma feição de reposteiro. Rubião seguia direito à sala do trono, para receber um embaixador qualquer, mas o paço era interminável, cumpria atravessar muitas salas e galerias, verdade é que sobre tapetes – e por entre alabardeiros, altos e robustos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#a-senhora-do-galvao", "headline": "A Senhora do Galvão", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "A nhanhã obedeceu. 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Vinte Anos!", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Eram os vinte anos que irrompiam cálidos, férvidos, incapazes de engolir a afronta e dissimular. Gonçalves foi por ali fora, rua do Passeio, rua da Ajuda, rua dos Ourives, até à rua do Ouvidor. Depois lembrou-se que a casa do correspondente, na rua do Hospício, ficava entre as de Uruguaiana e dos Andradas; subiu, pois, a do Ouvidor para ir tomar a primeira destas. Não via ninguém, nem as moças bonitas que passavam, nem os sujeitos que lhe diziam adeus com a mão. Ia andando à maneira de touro. Antes de chegar à rua de Uruguaiana, alguém chamou por ele.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "João Barbosa fez-lhe os seus mais vivos protestos, e tratou de vestir-se para sair. Saiu, e dirigiu-se da rua da Ajuda, onde morava, para a dos Arcos, onde morava a dama de seus pensamentos, futura esposa e dona de sua casa.", "Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos. As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata.", "Duas horas depois da cena da rua da Ajuda chegou Rubião à casa de D. Fernanda. Os vadios foram-se dispersando, a pouco e pouco, e os claros não se preenchiam; os três últimos juntaram os seus adeuses em um berro único e formidável. Rubião continuou sozinho, mal percebido pelos moradores das casas, porque a gesticulação diminuía ou mudava de feitio. Não se dirigia à parede, à suposta imperatriz; mas era ainda imperador. Caminhava, parava, murmurava, sem grandes gestos, sonhando sempre, sempre, sempre, envolvido naquele véu, através do qual todas as cousas eram outras, contrárias e melhores; cada lampião tinha um aspecto de camarista, cada esquina, uma feição de reposteiro. Rubião seguia direito à sala do trono, para receber um embaixador qualquer, mas o paço era interminável, cumpria atravessar muitas salas e galerias, verdade é que sobre tapetes – e por entre alabardeiros, altos e robustos.", "A nhanhã obedeceu. Experimentou cinco xales dos dez que ali estavam, em caixas, vindos de uma loja da rua da Ajuda. Concluiu que os dois primeiros eram os melhores; mas aqui surgiu uma complicação - mínima, realmente - mas tão sutil e profunda na solução, que não vacilo em recomendá-la aos nossos pensadores de 1906. A questão era saber qual dos dois xales escolheria, uma vez que o marido, recente advogado, pedia-lhe que fosse econômica. Contemplava-os alternadamente, e ora preferia um, ora outro. De repente, lembrou-lhe a aleivosia do marido, a necessidade de mortificá-lo, castigá-lo, mostrar-lhe que não era peteca de ninguém, nem maltrapilha; e, de raiva, comprou ambos os xales.", "Eram os vinte anos que irrompiam cálidos, férvidos, incapazes de engolir a afronta e dissimular. Gonçalves foi por ali fora, rua do Passeio, rua da Ajuda, rua dos Ourives, até à rua do Ouvidor. Depois lembrou-se que a casa do correspondente, na rua do Hospício, ficava entre as de Uruguaiana e dos Andradas; subiu, pois, a do Ouvidor para ir tomar a primeira destas. Não via ninguém, nem as moças bonitas que passavam, nem os sujeitos que lhe diziam adeus com a mão. Ia andando à maneira de touro. 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O regímen que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os algarismos do Palha, cálculos de lucros, tabelas de preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia cousas extraordinárias, aconselhava ao amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicá-lo. Se tinha medo, era diferente; ele, Palha, faria o negócio com John Roberts, sócio que foi da casa Wilkinson, fundada em 1844, cujo chefe voltou para a Inglaterra, e era agora membro do Parlamento.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#verba-testamentaria", "headline": "Verba Testamentária", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "\"... Item, é minha última vontade que o caixão em que o meu corpo houver de ser enterrado seja fabricado em casa de Joaquim Soares, à rua da Alfândega. Desejo que ele tenha conhecimento desta disposição, que também será pública. 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Ao enfiar pela rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até ao largo da Carioca. No largo parou alguns instantes, enfiou depois pela rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no largo de São Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achara. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "No dia seguinte fui mais cedo para a Casa Velha, a fim de chegar antes dos hóspedes que D. Antônia esperava da roça, mas já os achei lá; tinham chegado na véspera, às ave-marias. Um deles, o coronel Raimundo, estava na varanda da frente, conheceu-me logo, e veio a mim para saber como ia a história de Pedro I. Sem esperar pela resposta, disse que podia dar-me boas informações. Conhecera muito o imperador. Assistira à dissolução da Constituinte, por sinal que estava nas galerias, durante a sessão permanente, e ouviu os discursos do Montezuma e dos outros, comendo pão e queijo, à noite, comprados na rua da Cadeia; uma noite dos diabos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Na véspera, tendo de ir abaixo, Custódio foi à rua da Assembleia, onde se pintava a tabuleta. Era já tarde; o pintor suspendera o trabalho. Só algumas das letras ficaram pintadas - a palavra Confeitaria e a letra d. A letra o e a palavra Império estavam só debuxadas a giz. Gostou da tinta e da cor, reconciliou-se com a reforma, e apenas perdoou a despesa. Recomendou pressa. 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Assistira à dissolução da Constituinte, por sinal que estava nas galerias, durante a sessão permanente, e ouviu os discursos do Montezuma e dos outros, comendo pão e queijo, à noite, comprados na rua da Cadeia; uma noite dos diabos.", "Na véspera, tendo de ir abaixo, Custódio foi à rua da Assembleia, onde se pintava a tabuleta. Era já tarde; o pintor suspendera o trabalho. Só algumas das letras ficaram pintadas - a palavra Confeitaria e a letra d. A letra o e a palavra Império estavam só debuxadas a giz. Gostou da tinta e da cor, reconciliou-se com a reforma, e apenas perdoou a despesa. Recomendou pressa. 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As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. 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Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achara. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.", "Chegaram ao largo da Carioca, apearam-se e despediram-se; ela entrou pela rua Gonçalves Dias, ele enfiou pela da Carioca. No meio desta, Aires encontrou um magote de gente parada, logo depois andando em direção ao largo. Aires quis arrepiar caminho, não de medo, mas de horror. Tinha horror à multidão. Viu que a gente era pouca, cinquenta ou sessenta pessoas, e ouviu que bradava contra a prisão de um homem. Entrou num corredor, à espera que o magote passasse. Duas praças de polícia traziam o preso pelo braço. De quando em quando, este resistia, e então era preciso arrastá-lo ou forçá-lo por outro método. Tratava-se, ao que parece, do furto de uma carteira.", "Um dia, indo visitar a madrinha, viúva de um capitão que morreu em Monte Caseros, viu em casa dela uma Virgem, a óleo. Até então só conhecia as imagens de santos nos registros das igrejas, ou em casa dele mesmo, gravadas e metidas em caixilho. Ficou encantado; tão bonita! Cores tão vivas! Tratou de a decorar para pintar outra, mas a própria madrinha emprestou-lhe o quadro. A primeira cópia que ele fez não lhe saiu a gosto; mas a segunda pareceu-lhe que era, pelo menos, tão boa como o original. A mãe dele, porém, pediu-lha para pôr no oratório, e João Maria, que mirava o aplauso público, antes do que as bênçãos do céu, teve de sustentar um conflito longo e doloroso; afinal cedeu. E seja dito isto em honra dos seus sentimentos filiais, porque a mãe, D. Inácia dos Anjos, tinha tão pouca lição de arte, que não lhe consentiu nunca pôr na sala uma gravura, cópia de Hamon, que ele comprara na rua da Carioca, por pouco mais de três mil-réis. A cena representada era a de uma família grega, antiga, um rapaz que volta com um pássaro apanhado, e uma criança que esconde com a camisa a irmã mais velha, para dizer que ela não está em casa. O rapaz, ainda imberbe, traz nuas as suas belas pernas gregas.", "Gustavo vestiu-se no curto prazo de sete minutos; saiu acompanhado do criado e a trote largo caminharam para a Rua da Carioca.", "Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos. As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20da%20Gl%C3%B3ria%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020241-180%2C%20Brazil", "name": "Rua da Glória", "description": "A rua da Glória situa-se no histórico bairro homônimo na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, entre a rua da Lapa e a rua do Catete, fazendo a ligação entre o centro e a zona Sul da cidade. Faz também a ligação com o largo da Glória e dá acesso às ruas Cândido Mendes (antiga rua de D. 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Eram tão graciosas todas, e pareciam tão amigas que entrei a rir de gosto. Nisto ficaria a narração, caso chegasse a escrevê-la, se não fosse o dito de uma delas, uma menina, que me viu rir parado, e disse às suas companheiras:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Parece que a gente Aguiar me vai pegando o gosto de filhos, ou a saudade deles, que é expressão mais engraçada. Vindo agora pela rua da Glória, dei com sete crianças, meninos e meninas, de vário tamanho, que iam em linha, presas pelas mãos. A idade, o riso e a viveza chamaram-me a atenção, e eu parei na calçada, a fitá-las. Eram tão graciosas todas, e pareciam tão amigas que entrei a rir de gosto. Nisto ficaria a narração, caso chegasse a escrevê-la, se não fosse o dito de uma delas, uma menina, que me viu rir parado, e disse às suas companheiras:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Treze%20de%20Maio%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2078700-160%2C%20Brazil", "name": "Rua da Guarda Velha", "description": "A rua da Guarda Velha é a atual avenida Treze de Maio, situada no centro da cidade do Rio de Janeiro. Segue paralela à avenida Rio Branco e faz ligação entre a avenida Almirante Barroso e a rua do Passeio. 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Descansa; eu não sou maluca." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Pedro%20Ernesto%20-%20Gamboa%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020220-350%2C%20Brazil", "name": "Rua da Harmonia", "description": "A rua da Harmonia é hoje a rua Pedro Ernesto, situada no bairro da Gamboa, na cidade do Rio de Janeiro. 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A tela que está agora acabando é a sexta ou sétima. As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. A própria casa da rua do Ouvidor onde os expôs recusou-lhe a continuação do obséquio; recorreu a outra da rua do Hospício, depois a uma da rua da Imperatriz, a outra do Rossio Pequeno; finalmente não expôs mais nada.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#o-segredo-de-augusta", "headline": "O Segredo de Augusta", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- É verdade; as suas casas da rua da Imperatriz estão hipotecadas; a da rua de São Pedro foi vendida, e a importância já vai longe; os seus escravos têm ido a um e um, sem que o senhor o perceba, e as despesas que o senhor há pouco fez para montar uma casa a certa dama da sociedade equívoca são imensas. Eu sei tudo; sei mais do que o senhor...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Terpsícore#terpsicore", "headline": "Terpsícore", "genre": "Conto", "datePublished": "1886", "text": "Não, não era doido, estava pensando naquele corpo que Deus lhe deu a ela... Glória torcia-se na cadeira, rindo, tinha muitas cócegas; ele retirou as mãos, e lembrou-lhe o acaso que o levou uma noite a passar pela rua da Imperatriz, onde a viu dançando, toda dengosa. E, falando, pegou dela pela cintura e começou a dançar com ela, cantarolando uma polca; Glória, arrastada por ele, entrou também a dançar a sério, na sala estreita, sem orquestra nem espectadores. Contas, aluguéis atrasados, nada veio ali dançar com eles.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Foi essa Virgem o assunto a que ele voltou mais vezes. A tela que está agora acabando é a sexta ou sétima. As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. A própria casa da rua do Ouvidor onde os expôs recusou-lhe a continuação do obséquio; recorreu a outra da rua do Hospício, depois a uma da rua da Imperatriz, a outra do Rossio Pequeno; finalmente não expôs mais nada.", "- É verdade; as suas casas da rua da Imperatriz estão hipotecadas; a da rua de São Pedro foi vendida, e a importância já vai longe; os seus escravos têm ido a um e um, sem que o senhor o perceba, e as despesas que o senhor há pouco fez para montar uma casa a certa dama da sociedade equívoca são imensas. Eu sei tudo; sei mais do que o senhor...", "Não, não era doido, estava pensando naquele corpo que Deus lhe deu a ela... Glória torcia-se na cadeira, rindo, tinha muitas cócegas; ele retirou as mãos, e lembrou-lhe o acaso que o levou uma noite a passar pela rua da Imperatriz, onde a viu dançando, toda dengosa. E, falando, pegou dela pela cintura e começou a dançar com ela, cantarolando uma polca; Glória, arrastada por ele, entrou também a dançar a sério, na sala estreita, sem orquestra nem espectadores. 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Olhou para os lacaios e cocheiros, de libré, na rua, conversando em grupos ou reclinados no tejadilho dos carros. Começou a designar carros: este é do Olinda, aquele é do Maranguape; mas aí vem outro, rodando, do lado da rua da Lapa, e entra na rua das Mangueiras. Parou defronte: salta o lacaio, abre a portinhola, tira o chapéu e perfila-se. Sai de dentro uma calva, uma cabeça, um homem, duas comendas, depois uma senhora ricamente vestida; entram no saguão, e sobem a escadaria, forrada de tapete e ornada embaixo com dous grandes vasos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião abriu os olhos, meio fechados, e deu com o cocheiro que sacudia ao de leve a pontinha do chicote para espertar o animal. Interiormente zangou-se com o homem, que o veio tirar de recordações antigas. Não eram belas, mas eram antigas - antigas e enfermeiras, porque lhe davam a beber um elixir que de todo parecia curá-lo do presente. E vai o cocheiro empurra-o e acorda-o. Iam subindo a rua da Lapa; o cavalo, em verdade, comia o espaço como se fosse a descer.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#uns-bracos", "headline": "Uns Braços", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na rua da Lapa, em 1870.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rangel sorriu lisonjeado, e não achou que dizer. Olhou para os lacaios e cocheiros, de libré, na rua, conversando em grupos ou reclinados no tejadilho dos carros. Começou a designar carros: este é do Olinda, aquele é do Maranguape; mas aí vem outro, rodando, do lado da rua da Lapa, e entra na rua das Mangueiras. Parou defronte: salta o lacaio, abre a portinhola, tira o chapéu e perfila-se. 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Deu cerca de sete ou oito murros na mesa; fumou dous charutos, descompôs o destino, a moça, a si mesmo, até que sobre a madrugada pôde conciliar o sono.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "No dia aprazado meteram-se as duas no carro, entre sete e oito horas com pretexto de passeio, e lá se foram para a rua da Misericórdia. Sabes já que ali se apearam, entre a igreja de São José e a Câmara dos Deputados, e subiram aquela até à rua do Carmo, onde esta pega com a ladeira do Castelo. Indo a subir, hesitaram, mas a mãe era mãe, e já agora faltava pouco para ouvir o destino. Viste que subiram, que desceram, deram os dous mil réis às almas, entraram no carro e voltaram para Botafogo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#a-mulher-de-preto", "headline": "A Mulher de Preto", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Rua da Misericórdia nº...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_mulher_pálida#a-mulher-palida", "headline": "A Mulher Pálida", "genre": "Conto", "datePublished": "1881", "text": "- Vou arriscar uma carta - disse um dia o rapaz, ao fechar a porta do quarto, da rua da Misericórdia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- O nosso Palha já me tinha falado em Vossa Excelência - disse o major depois de apresentado ao Rubião -. Juro que é seu amigo às direitas. Contou-me o acaso que os ligou. Geralmente, as melhores amizades são essas. Eu, em trinta e tantos, pouco antes da Maioridade, tive um amigo, o melhor dos meus amigos daquele tempo, que conheci assim por um acaso, na botica do Bernardes, por alcunha o João das pantorrilhas... Creio que usou delas, em rapaz, entre 1801 e 1812. O certo é que a alcunha ficou. A botica era na rua de São José, ao desembocar na da Misericórdia... João das pantorrilhas... Sabe que era um modo de engrossar a perna... Bernardes era o nome dele, João Alves Bernardes... Tinha a botica na rua de São José. Conversava-se ali muito, à tarde, e à noite. Ia a gente com o seu capote, e bengalão; alguns levavam lanterna. Eu não; levava só o meu capote... Ia-se de capote; o Bernardes - João Alves Bernardes era o nome todo dele -; era filho de Maricá, mas criou-se aqui no Rio de Janeiro... João das pantorrilhas era a alcunha; diziam que ele andara de pantorrilhas, em rapaz, e parece que foi um dos petimetres da cidade. Nunca me esqueci: João das pantorrilhas... Ia-se de capote...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_rei_dos_caiporas#o-rei-dos-caiporas", "headline": "O Rei dos Caiporas", "genre": "Conto", "datePublished": "1870", "text": "João das Mercês passou a noite na rua; no dia seguinte almoçou com um outro companheiro do cartório; e à hora do costume foi para a Misericórdia ver correr a roda.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Jantamos em hotel, e eu quis acompanhá-lo à casa, que era na rua da Misericórdia. Consentiu nisso com verdadeira explosão de alegria. A casa dizia com o dono. Duas estantes, um globo, vários alfarrábios espalhados no chão, uma parte sobre uma mesa, e uma cama antiga.", "Desenganado enfim de que a resposta viesse naquela noite, Ernesto dirigiu-se para casa com o desespero no coração. Morava na rua da Misericórdia. Quando lá chegou estava cansado e abatido. Nem por isso dormiu logo. Despiu-se precipitadamente. Esteve a ponto de rasgar o colete, cuja fivela teimava em prender-se a um botão da calça. Atirou com as botinas sobre um aparador e quase esmigalhou uma das jarras. Deu cerca de sete ou oito murros na mesa; fumou dous charutos, descompôs o destino, a moça, a si mesmo, até que sobre a madrugada pôde conciliar o sono.", "No dia aprazado meteram-se as duas no carro, entre sete e oito horas com pretexto de passeio, e lá se foram para a rua da Misericórdia. Sabes já que ali se apearam, entre a igreja de São José e a Câmara dos Deputados, e subiram aquela até à rua do Carmo, onde esta pega com a ladeira do Castelo. Indo a subir, hesitaram, mas a mãe era mãe, e já agora faltava pouco para ouvir o destino. Viste que subiram, que desceram, deram os dous mil réis às almas, entraram no carro e voltaram para Botafogo.", "- Rua da Misericórdia nº...", "- Vou arriscar uma carta - disse um dia o rapaz, ao fechar a porta do quarto, da rua da Misericórdia.", "- O nosso Palha já me tinha falado em Vossa Excelência - disse o major depois de apresentado ao Rubião -. Juro que é seu amigo às direitas. Contou-me o acaso que os ligou. Geralmente, as melhores amizades são essas. Eu, em trinta e tantos, pouco antes da Maioridade, tive um amigo, o melhor dos meus amigos daquele tempo, que conheci assim por um acaso, na botica do Bernardes, por alcunha o João das pantorrilhas... Creio que usou delas, em rapaz, entre 1801 e 1812. O certo é que a alcunha ficou. A botica era na rua de São José, ao desembocar na da Misericórdia... João das pantorrilhas... Sabe que era um modo de engrossar a perna... Bernardes era o nome dele, João Alves Bernardes... Tinha a botica na rua de São José. Conversava-se ali muito, à tarde, e à noite. Ia a gente com o seu capote, e bengalão; alguns levavam lanterna. Eu não; levava só o meu capote... Ia-se de capote; o Bernardes - João Alves Bernardes era o nome todo dele -; era filho de Maricá, mas criou-se aqui no Rio de Janeiro... João das pantorrilhas era a alcunha; diziam que ele andara de pantorrilhas, em rapaz, e parece que foi um dos petimetres da cidade. Nunca me esqueci: João das pantorrilhas... 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Mas se os viajantes haviam jantado, também o Sr. Pires fizera o mesmo; e como tinha por costume ir jogar o voltarete em casa do Dr. Oliveira, em São Domingos, para lá seguira vinte minutos antes." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Correia%20Dutra%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022210-050%2C%20Brazil", "name": "Rua da Princesa", "description": "A rua Bela da Princesa é a atual rua Correia Dutra, situada na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, entre os bairros Catete e Flamengo. Liga a praia do Flamengo à rua Bento Lisboa, cortando a rua do Catete. 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Todos nós éramos antigos, e não é preciso dizer que no mau sentido, no sentido de velho e acabado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "- Não. Quando eu saí às quatro horas, Carmo pediu-me que ficasse. Tendo de fazer outra visita, recusei. Fidélia disse então que aproveitava a minha companhia. A outra instou com ela que jantasse, mas a amiga alegou que era esperada em casa e não podia; voltaria hoje ou amanhã. Carmo e Tristão acompanharam-nos à porta do jardim. Eu e Fidélia viemos andando, e, ao chegar à esquina da rua da Princesa, não me lembrou logo voltar a cabeça. Fidélia lembrou-se, eu imitei-a, e os dous parados na calçada diziam-nos adeus com a mão.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "E os cavalos continuavam a andar, sacudindo as patas, arrastando lentamente o carro, pelas pedras da rua Bela da Princesa. Que faria ela chegando ao Catete? Iria à cidade com ele? Pensou em seguir para a casa de alguma amiga; deixá-lo-ia dentro, diria ao cocheiro que se fosse embora. Contaria tudo ao marido. No meio daquela agonia, atravessaram-lhe o cérebro algumas memórias banais ou estranhas à situação, como a notícia de um roubo de joias lida de manhã nos jornais, a ventania da véspera, um chapéu. Afinal fixou-se em um só cuidado. Que lhe ia dizer o Rubião? Viu que ele continuava a olhar para a frente, calado, com o castão da bengala no queixo. Não lhe ficava mal a atitude, tranquila, séria, quase indiferente; mas então para que se meteu no carro? Sofia quis romper o silêncio; por duas vezes moveu nervosamente as mãos; quase que a irritou a quietação do homem, cuja ação só podia ser explicada pela paixão antiga e violenta. Depois, imaginou que ele próprio estaria arrependido, e disse-lho em bons termos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Já então Escobar deixara Andaraí e comprara uma casa no Flamengo, casa que ainda ali vi, há dias, quando me deu na gana experimentar se as sensações antigas estavam mortas ou dormiam só; não posso dizê-lo bem, porque os sonos, quando são pesados, confundem vivos e defuntos, a não ser a respiração. Eu respirava um pouco, mas pode ser que fosse do mar, meio agitado. Enfim, passei, acendi um charuto, e dei por mim no Catete; tinha subido pela rua da Princesa, uma rua antiga... Ó ruas antigas! Ó casas antigas! Ó pernas antigas! Todos nós éramos antigos, e não é preciso dizer que no mau sentido, no sentido de velho e acabado.", "- Não. Quando eu saí às quatro horas, Carmo pediu-me que ficasse. Tendo de fazer outra visita, recusei. Fidélia disse então que aproveitava a minha companhia. A outra instou com ela que jantasse, mas a amiga alegou que era esperada em casa e não podia; voltaria hoje ou amanhã. Carmo e Tristão acompanharam-nos à porta do jardim. Eu e Fidélia viemos andando, e, ao chegar à esquina da rua da Princesa, não me lembrou logo voltar a cabeça. Fidélia lembrou-se, eu imitei-a, e os dous parados na calçada diziam-nos adeus com a mão.", "E os cavalos continuavam a andar, sacudindo as patas, arrastando lentamente o carro, pelas pedras da rua Bela da Princesa. Que faria ela chegando ao Catete? Iria à cidade com ele? Pensou em seguir para a casa de alguma amiga; deixá-lo-ia dentro, diria ao cocheiro que se fosse embora. Contaria tudo ao marido. No meio daquela agonia, atravessaram-lhe o cérebro algumas memórias banais ou estranhas à situação, como a notícia de um roubo de joias lida de manhã nos jornais, a ventania da véspera, um chapéu. Afinal fixou-se em um só cuidado. Que lhe ia dizer o Rubião? Viu que ele continuava a olhar para a frente, calado, com o castão da bengala no queixo. Não lhe ficava mal a atitude, tranquila, séria, quase indiferente; mas então para que se meteu no carro? Sofia quis romper o silêncio; por duas vezes moveu nervosamente as mãos; quase que a irritou a quietação do homem, cuja ação só podia ser explicada pela paixão antiga e violenta. Depois, imaginou que ele próprio estaria arrependido, e disse-lho em bons termos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Bar%C3%A3o%20de%20S%C3%A3o%20F%C3%A9lix%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Rua da Princesa dos Cajueiros", "description": "A antiga rua da Princesa dos Cajueiros é atual rua Barão de São Félix, entre o centro e a zona portuária do Rio de Janeiro, próxima à sede da Estrada de Ferro Central do Brasil. 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Hesitava entre o morro de São Diogo e o campo de Sant´Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Vou; mas já não estamos na mesma casa; mudamo-nos para os Cajueiros, rua da Princesa...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A escola era na rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio, - deixei-me estar alguns instantes na rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de São Diogo e o campo de Sant´Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. 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Um deles tinha de seguir para baixo, outro, para cima, e o terceiro ia entrar num tilbury, que o estava esperando. O primeiro usava suíças pretas; o segundo, a barba toda; o terceiro apenas tinha um bigode castanho esmeradamente encaracolado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#capitulo-dos-chapeus", "headline": "Capítulo dos Chapéus", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Musa, canta o despeito de Mariana, esposa do bacharel Conrado Seabra, naquela manhã de abril de 1879. Qual a causa de tamanho alvoroço? Um simples chapéu, leve, não deselegante, um chapéu baixo. Conrado, advogado, com escritório na rua da Quitanda, trazia-o todos os dias à cidade, ia com ele às audiências; só não o levava às recepções, teatro lírico, enterros e visitas de cerimônia. No mais era constante, e isto desde cinco ou seis anos, que tantos eram os do casamento. Ora, naquela singular manhã de abril, acabado o almoço, Conrado começou a enrolar um cigarro, e Mariana anunciou sorrindo que ia pedir-lhe uma cousa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Sinhazinha Sancha, voltada para o pai, ouvia e esperava. Não era feia; só se lhe podia notar a semelhança do nariz, que também acabava grosso, mas há feições que tiram a graça de uns para dá-la a outros. Vestia simples. Gurgel era viúvo e morria pela filha. Como eu recusasse o almoço, quis que descansasse alguns minutos. Não pude recusar e subi. Quis saber a minha idade, os meus estudos, a minha fé, e dava-me conselhos para o caso de vir a ser padre; disse-me o número do armazém, rua da Quitanda. Enfim, despedi-me, veio ao patamar da escada; a filha deu-me recomendações para Capitu e para minha mãe. Da rua olhei para cima; o pai estava à janela e fez-me um gesto largo de despedida.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Natividade e um Padre Guedes que lá estava, gordo e maduro, eram as únicas pessoas interessantes da noite. O resto insípido, mas insípido por necessidade, não podendo ser outra cousa mais que insípido. Quando o padre e Natividade me deixavam entregue à insipidez dos outros, eu tentava fugir-lhe pela memória, recordando sensações, revivendo quadros, viagens, pessoas. Foi assim que pensei na Capponi, a quem vi hoje pelas costas, na rua da Quitanda. Conheci-a aqui no finado Hotel de D. Pedro, lá vão anos. Era dançarina; eu mesmo já a tinha visto dançar em Veneza. Pobre Capponi! Andando, o pé esquerdo saía-lhe do sapato e mostrava no calcanhar da meia um buraquinho de saudade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Inglesinha_Barcelos#a-inglesinha-barcelos", "headline": "A Inglesinha Barcelos", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Um mês depois, como passasse pela rua da Quitanda, viu paradas duas senhoras, diante de uma loja de fazendas. Era a inglesinha Barcelos e a mãe. Caldas chegou a parar um pouco adiante; não sentiu o alvoroço antigo, mas gostou de vê-la. Joaninha e a mãe entraram na loja; ele passou pela porta, olhou sem parar e foi adiante. Tinha de estar na praça às duas horas e faltavam cinco minutos. Joaninha não suspeitou sequer que ali passara o único homem a quem não correspondeu, e o único que verdadeiramente a amou.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Voltei depois que ela entrou em casa, e só muito abaixo é que me lembrou de ver as horas, era quase uma e meia. Vim a trote largo até à rua da Quitanda, onde me apeei à porta do advogado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Depois, quando nos separamos na esquina da rua da Quitanda, entrei a cogitar se ele, ao dar comigo, compôs aquela palavra para o fim de mostrar que, mais que tudo, admira nela a arte musical. 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Não era já a cara do crime; o terror dissimulava a perversidade. Sem reparar, deu consigo no largo da execução. Já ali havia bastante gente. Com a que vinha formou-se multidão compacta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_rei_dos_caiporas#o-rei-dos-caiporas", "headline": "O Rei dos Caiporas", "genre": "Conto", "datePublished": "1870", "text": "Depois de comer tranquilamente um almoço sucinto e modesto, encaminhou-se para a rua da Quitanda e comprou o bilhete.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "A notícia foi referida por ele na rua do Ouvidor, esquina da rua Direita. Daí a dez minutos chegara à rua da Quitanda. Tão depressa correu que um quarto de hora depois era assunto de conversa na esquina da rua dos Ourives. 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O primeiro usava suíças pretas; o segundo, a barba toda; o terceiro apenas tinha um bigode castanho esmeradamente encaracolado.", "Musa, canta o despeito de Mariana, esposa do bacharel Conrado Seabra, naquela manhã de abril de 1879. Qual a causa de tamanho alvoroço? Um simples chapéu, leve, não deselegante, um chapéu baixo. Conrado, advogado, com escritório na rua da Quitanda, trazia-o todos os dias à cidade, ia com ele às audiências; só não o levava às recepções, teatro lírico, enterros e visitas de cerimônia. No mais era constante, e isto desde cinco ou seis anos, que tantos eram os do casamento. Ora, naquela singular manhã de abril, acabado o almoço, Conrado começou a enrolar um cigarro, e Mariana anunciou sorrindo que ia pedir-lhe uma cousa.", "Sinhazinha Sancha, voltada para o pai, ouvia e esperava. Não era feia; só se lhe podia notar a semelhança do nariz, que também acabava grosso, mas há feições que tiram a graça de uns para dá-la a outros. Vestia simples. Gurgel era viúvo e morria pela filha. Como eu recusasse o almoço, quis que descansasse alguns minutos. Não pude recusar e subi. Quis saber a minha idade, os meus estudos, a minha fé, e dava-me conselhos para o caso de vir a ser padre; disse-me o número do armazém, rua da Quitanda. Enfim, despedi-me, veio ao patamar da escada; a filha deu-me recomendações para Capitu e para minha mãe. Da rua olhei para cima; o pai estava à janela e fez-me um gesto largo de despedida.", "Natividade e um Padre Guedes que lá estava, gordo e maduro, eram as únicas pessoas interessantes da noite. O resto insípido, mas insípido por necessidade, não podendo ser outra cousa mais que insípido. Quando o padre e Natividade me deixavam entregue à insipidez dos outros, eu tentava fugir-lhe pela memória, recordando sensações, revivendo quadros, viagens, pessoas. Foi assim que pensei na Capponi, a quem vi hoje pelas costas, na rua da Quitanda. Conheci-a aqui no finado Hotel de D. Pedro, lá vão anos. Era dançarina; eu mesmo já a tinha visto dançar em Veneza. Pobre Capponi! Andando, o pé esquerdo saía-lhe do sapato e mostrava no calcanhar da meia um buraquinho de saudade.", "Um mês depois, como passasse pela rua da Quitanda, viu paradas duas senhoras, diante de uma loja de fazendas. Era a inglesinha Barcelos e a mãe. Caldas chegou a parar um pouco adiante; não sentiu o alvoroço antigo, mas gostou de vê-la. Joaninha e a mãe entraram na loja; ele passou pela porta, olhou sem parar e foi adiante. Tinha de estar na praça às duas horas e faltavam cinco minutos. Joaninha não suspeitou sequer que ali passara o único homem a quem não correspondeu, e o único que verdadeiramente a amou.", "Voltei depois que ela entrou em casa, e só muito abaixo é que me lembrou de ver as horas, era quase uma e meia. Vim a trote largo até à rua da Quitanda, onde me apeei à porta do advogado.", "Depois, quando nos separamos na esquina da rua da Quitanda, entrei a cogitar se ele, ao dar comigo, compôs aquela palavra para o fim de mostrar que, mais que tudo, admira nela a arte musical. Pode ser isto; há nele muita compostura e alguma dissimulação. Não quis parecer admirador de pés bonitos; referiu-se aos dedos hábeis. Tudo vinha a dar na mesma pessoa.", "O carro entrara na rua do Ouvidor; os dous subiram pela mesma rua. Logo acima da rua da Quitanda, parara o carro à porta de uma loja, e as senhoras apearam-se e entraram. Mendonça não as viu sair; mas viu o carro e suspeitou que fosse o mesmo. Apressou o passo sem dizer nada a Andrade, que fez o mesmo, movido por essa natural curiosidade que sente um homem quando percebe algum segredo oculto.", "- Que novo? É o mesmo, Alberta; é o mesmo aborrecido que me persegue; viu-me agora passar com mamãe, na esquina da rua da Quitanda, e, em vez de seguir o seu caminho, veio atrás de nós. Queria ver se ele já passou.", "Tinham já corrido dois meses depois da partida de Daniel para Minas Gerais, quando Augusta encontrou Amélia na rua da Quitanda, indo a primeira com a mãe ver umas fazendas, e vindo Amélia de um passeio com Valadares. Era raro que os dois andassem juntos; Valadares gracejara muito por essa circunstância, apenas encontrou as duas senhoras:", "Rubião naturalmente ficou impressionado. Durante alguns segundos esteve como agora à escolha de um tilbury. Forças íntimas ofereciam-lhe o seu cavalo, umas que voltasse para trás ou descesse para ir aos seus negócios - outras que fosse ver enforcar o preto. Era tão raro ver um enforcado! Senhor, em vinte minutos está tudo findo! - Senhor, vamos tratar de outros negócios! E o nosso homem fechou os olhos, e deixou-se ir ao acaso. O acaso, em vez de levá-lo pela rua do Ouvidor abaixo até à da Quitanda, torceu-lhe o caminho pela dos Ourives, atrás do préstito. Não iria ver a execução, pensou ele; era só ver a marcha do réu, a cara do carrasco, as cerimônias... Não queria ver a execução. De quando em quando, parava tudo, chegava gente às portas e janelas, e o oficial de justiça relia a sentença. Depois, o préstito continuava a andar com a mesma solenidade. Os curiosos iam narrando o crime - um assassinato em Mata-porcos. O assassino era dado como homem frio e feroz. A notícia dessas qualidades fez bem a Rubião; deu-lhe força para encarar o réu sem delíquios de piedade. Não era já a cara do crime; o terror dissimulava a perversidade. Sem reparar, deu consigo no largo da execução. Já ali havia bastante gente. Com a que vinha formou-se multidão compacta.", "Depois de comer tranquilamente um almoço sucinto e modesto, encaminhou-se para a rua da Quitanda e comprou o bilhete.", "A notícia foi referida por ele na rua do Ouvidor, esquina da rua Direita. Daí a dez minutos chegara à rua da Quitanda. Tão depressa correu que um quarto de hora depois era assunto de conversa na esquina da rua dos Ourives. Uma hora bastou para percorrer toda a extensão da nossa principal via pública. Dali espalhou-se em toda a cidade.", "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?", "No dia seguinte o primeiro cuidado de Vasconcelos foi consultar o coração de Adelaide. Queria porém fazê-lo na ausência de Augusta. 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Se falou em rua da Harmonia foi por sugestão do bairro donde vinham; e, se disse que trouxera um moço da rua dos Inválidos, é que naturalmente transportara de lá algum, na véspera - talvez o próprio Carlos Maria -, ou porque lá morasse -, ou porque lá tivesse a cocheira -, qualquer outra circunstância que lhe ajudou a invenção, como as reminiscências do dia servem de matéria aos sonhos da noite. Nem todos os cocheiros são imaginativos. Já é muito concertar farrapos da realidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_ambicioso#um-ambicioso", "headline": "Um Ambicioso", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Esta pergunta era feita pelo Sr. Mateus, com casa de louças à rua da Saúde, a um filho seu, que ele foi encontrar, sentado numa mesa, com os pés sobre um mocho e os olhos cravados na parede.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Conduzira Rubião a uma casa, onde o nosso amigo ficou quase duas horas, sem o despedir; viu-o sair, entrar no tilbury, descer logo e vir a pé, ordenando-lhe que o acompanhasse. Concluiu que era ótimo freguês; mas, ainda assim, não se lembrou de inventar nada. Passou, porém, uma senhora com um menino - a da rua da Saúde - e Rubião quedou-se a olhar para ela com vistas de amor e melancolia. Aqui é que o cocheiro o teve por lascivo, além de pródigo, e encomendou-lhe as suas prendas. Se falou em rua da Harmonia foi por sugestão do bairro donde vinham; e, se disse que trouxera um moço da rua dos Inválidos, é que naturalmente transportara de lá algum, na véspera - talvez o próprio Carlos Maria -, ou porque lá morasse -, ou porque lá tivesse a cocheira -, qualquer outra circunstância que lhe ajudou a invenção, como as reminiscências do dia servem de matéria aos sonhos da noite. Nem todos os cocheiros são imaginativos. Já é muito concertar farrapos da realidade.", "Esta pergunta era feita pelo Sr. Mateus, com casa de louças à rua da Saúde, a um filho seu, que ele foi encontrar, sentado numa mesa, com os pés sobre um mocho e os olhos cravados na parede." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20das%20Marrecas%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020031-120%2C%20Brazil", "name": "Rua das Belas Noites", "description": "A rua das Marrecas, anteriormente conhecida como rua das Belas Noites, situa-se no centro da cidade do Rio de Janeiro. Começa na rua do Passeio, em frente ao portão do Passeio Público e termina na rua Evaristo da Veiga, antiga rua dos Barbonos. 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Evarista era a esperança de Itaguaí, contava-se com ela para minorar o flagelo da Casa Verde. Daí as aclamações públicas, a imensa gente que atulhava as ruas, as flâmulas, as flores e damascos às janelas. Com o braço apoiado no do padre Lopes - porque o eminente confiara a mulher ao vigário e acompanhava-os a passo meditativo -, D. Evarista voltava a cabeça a um lado e outro, curiosa, inquieta, petulante. O vigário indagava do Rio de Janeiro, que ele não vira desde o vice-reinado anterior; e D. Evarista respondia entusiasmada que era a cousa mais bela que podia haver no mundo. O Passeio Público estava acabado, um paraíso onde ela fora muitas vezes, e a rua das Belas Noites, o chafariz das Marrecas... Ah! O chafariz das Marrecas! Eram mesmo marrecas - feitas de metal e despejando água pela boca fora. Uma cousa galantíssima. O vigário dizia que sim, que o Rio de Janeiro devia estar agora muito mais bonito. Se já o era noutro tempo! Não admira, maior do que Itaguaí, e de mais a mais sede do governo... Mas não se pode dizer que Itaguaí fosse feio; tinha belas casas, a casa do Mateus, a Casa Verde...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#ernesto-de-tal", "headline": "Ernesto de Tal", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "- Se tudo quanto o senhor diz é a expressão da verdade - observou o rapaz de nariz comprido descendo a rua das Marrecas -, a conclusão é que fomos enganados...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "D. Evarista era a esperança de Itaguaí, contava-se com ela para minorar o flagelo da Casa Verde. Daí as aclamações públicas, a imensa gente que atulhava as ruas, as flâmulas, as flores e damascos às janelas. Com o braço apoiado no do padre Lopes - porque o eminente confiara a mulher ao vigário e acompanhava-os a passo meditativo -, D. Evarista voltava a cabeça a um lado e outro, curiosa, inquieta, petulante. O vigário indagava do Rio de Janeiro, que ele não vira desde o vice-reinado anterior; e D. Evarista respondia entusiasmada que era a cousa mais bela que podia haver no mundo. O Passeio Público estava acabado, um paraíso onde ela fora muitas vezes, e a rua das Belas Noites, o chafariz das Marrecas... Ah! O chafariz das Marrecas! Eram mesmo marrecas - feitas de metal e despejando água pela boca fora. Uma cousa galantíssima. O vigário dizia que sim, que o Rio de Janeiro devia estar agora muito mais bonito. Se já o era noutro tempo! Não admira, maior do que Itaguaí, e de mais a mais sede do governo... Mas não se pode dizer que Itaguaí fosse feio; tinha belas casas, a casa do Mateus, a Casa Verde...", "- Se tudo quanto o senhor diz é a expressão da verdade - observou o rapaz de nariz comprido descendo a rua das Marrecas -, a conclusão é que fomos enganados..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Santana%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020230-261%2C%20Brazil", "name": "Rua das Flores", "description": "A rua das Flores, atual rua de Santana, começava na rua General Pedra (hoje inexistente) e terminava na rua do Conde d'Eu, atual rua Frei Caneca. 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Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#o-diplomatico", "headline": "O Diplomático", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Rangel era o leitor do livro de sortes. Voltou a página, e recitou um título: \"Se alguém lhe ama em segredo.\" Movimento geral; moças e rapazes sorriram uns para os outros. Estamos na noite de São João de 1854, e a casa é na rua das Mangueiras. Chama-se João o dono da casa, João Viegas, e tem uma filha, Joaninha. Usa-se todos os anos a mesma reunião de parentes e amigos, arde uma fogueira no quintal, assam-se as batatas do costume, e tiram-se sortes. Também há ceia, às vezes dança, e algum jogo de prendas, tudo familiar. João Viegas é escrivão de uma vara cível da Corte.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Pobre_Finoca!#pobre-finoca", "headline": "Pobre Finoca!", "genre": "Conto", "datePublished": "1891", "text": "Seguiu-as, meteu-se no mesmo bonde, que as levou ao largo da Lapa, onde se apearam e foram pela rua das Mangueiras. Nesta morava Alberta; a outra, na dos Barbonos. A amiga ainda lhe deu uma esmola; a avara Finoca nem voltou a cabeça.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Logo que Rubião dobrou a esquina da rua das Mangueiras, D. Tonica entrou e foi ao pai, que se estendera no canapé, para reler o velho Saint-Clair das ilhas ou Os desterrados da ilha da Barra. Foi o primeiro romance que conheceu; o exemplar tinha mais de vinte anos; era toda a biblioteca do pai e da filha. Siqueira abriu o primeiro volume, e deitou os olhos ao começo do cap. II, que já trazia de cor. Achava-lhe agora um sabor particular, por motivo dos seus recentes desgostos: \"Enchei bem os vossos copos - exclamou Saint-Clair -, e bebamos de uma vez; eis o brinde que vos proponho. À saúde dos bons e valentes oprimidos, e ao castigo dos seus opressores. Todos acompanharam Saint-Clair, e foi de roda a saúde.\"", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.", "Rangel era o leitor do livro de sortes. Voltou a página, e recitou um título: \"Se alguém lhe ama em segredo.\" Movimento geral; moças e rapazes sorriram uns para os outros. Estamos na noite de São João de 1854, e a casa é na rua das Mangueiras. Chama-se João o dono da casa, João Viegas, e tem uma filha, Joaninha. Usa-se todos os anos a mesma reunião de parentes e amigos, arde uma fogueira no quintal, assam-se as batatas do costume, e tiram-se sortes. Também há ceia, às vezes dança, e algum jogo de prendas, tudo familiar. João Viegas é escrivão de uma vara cível da Corte.", "Seguiu-as, meteu-se no mesmo bonde, que as levou ao largo da Lapa, onde se apearam e foram pela rua das Mangueiras. Nesta morava Alberta; a outra, na dos Barbonos. 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Tinha o escritório na antiga rua das Violas, perto do júri, que era no extinto Aljube. Trabalhava no crime. José Dias não perdia as defesas orais de tio Cosme. Era quem lhe vestia e despia a toga, com muitos cumprimentos no fim. Em casa, referia os debates. Tio Cosme, por mais modesto que quisesse ser, sorria de persuasão." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Conselheiro%20Sara%C3%ADva%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-000%2C%20Brazil", "name": "Rua de Bragança", "description": "A rua de Bragança é a atual rua Conselheiro Saraiva, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Começa na rua Primeiro de Março e termina na rua de São Bento. 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A corveta dele voltou de uma longa viagem de instrução, e Deolindo veio à terra tão depressa alcançou licença. Os companheiros disseram-lhe, rindo:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20C%C3%A2ndido%20Mendes%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020241-220%2C%20Brazil", "name": "Rua de D. Luísa", "description": "A rua de D. Luísa, atual rua Cândido Mendes, começa na rua da Glória e termina na do Aqueduto, atual Almirante Alexandrino, no morro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Foi aberta atrás da chácara de D. 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Não lhe fugira Estela nem o maltratara; usou a mesma serenidade e frieza de outro tempo, falando-lhe pouco, é certo, mas com tamanha isenção, que parecia não ter havido entre eles o menor dissentimento.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Quatro meses haviam decorrido depois da cena da Tijuca, e durante esse tempo Jorge fora muitas vezes à casa da rua de D. Luísa. Não lhe fugira Estela nem o maltratara; usou a mesma serenidade e frieza de outro tempo, falando-lhe pouco, é certo, mas com tamanha isenção, que parecia não ter havido entre eles o menor dissentimento." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Dom%20Manuel%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020010-090%2C%20Brazil", "name": "Rua de D. Manuel", "description": "A rua de D. Manuel localiza-se no Centro do Rio de Janeiro, no Castelo, perto de onde funciona hoje o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Começava na praça de D. 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Fez-lhe impressão a figura; mas, ainda assim, tê-la-ia esquecido, se não fosse o segundo encontro, poucos dias depois. Morava na rua de D. Manuel. Uma de suas raras distrações era ir ao Teatro de São Januário, que ficava perto, entre essa rua e a praia; ia uma ou duas vezes por mês, e nunca achava acima de quarenta pessoas. Só os mais intrépidos ousavam estender os passos até aquele recanto da cidade. Uma noite, estando nas cadeiras, apareceu ali Fortunato, e sentou-se ao pé dele.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Lá se foi a pé; desceu pela rua de São José, dobrou a da Misericórdia, foi parar à praia de Santa Luzia, tornou pela rua de D. Manuel, enfiou de beco em beco. A princípio olhava de esguelha, rápido, os olhos no chão. Aqui via a loja de barbeiro, e o barbeiro era outro. Dos sobrados de grade de pau debruçaram-se ainda moças, velhas e meninas e nenhuma era a mesma. Nóbrega foi-se animando e encarando. Talvez esta velha fosse moça, há vinte anos; a moça talvez mamasse, e dá agora de mamar a outra criança. Nóbrega acabou parando e andando devagar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Garcia tinha-se formado em medicina, no ano anterior, 1861. No de 1860, estando ainda na Escola, encontrou-se com Fortunato, pela primeira vez, à porta da Santa Casa; entrava, quando o outro saía. Fez-lhe impressão a figura; mas, ainda assim, tê-la-ia esquecido, se não fosse o segundo encontro, poucos dias depois. Morava na rua de D. Manuel. Uma de suas raras distrações era ir ao Teatro de São Januário, que ficava perto, entre essa rua e a praia; ia uma ou duas vezes por mês, e nunca achava acima de quarenta pessoas. Só os mais intrépidos ousavam estender os passos até aquele recanto da cidade. Uma noite, estando nas cadeiras, apareceu ali Fortunato, e sentou-se ao pé dele.", "Lá se foi a pé; desceu pela rua de São José, dobrou a da Misericórdia, foi parar à praia de Santa Luzia, tornou pela rua de D. Manuel, enfiou de beco em beco. A princípio olhava de esguelha, rápido, os olhos no chão. Aqui via a loja de barbeiro, e o barbeiro era outro. Dos sobrados de grade de pau debruçaram-se ainda moças, velhas e meninas e nenhuma era a mesma. Nóbrega foi-se animando e encarando. Talvez esta velha fosse moça, há vinte anos; a moça talvez mamasse, e dá agora de mamar a outra criança. 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O aposento de Máximo era ao fundo, à esquerda, perto de uma janela que dava para a cozinha de uma casa da rua de Dom Manuel. Triste lugar, triste aposento, e tristíssimo habitante, a julgá-lo pelo rosto com que apareceu às pancadinhas do major. Este bateu, com efeito, e bateu duas vezes, sem impaciência nem sofreguidão. Logo que bateu a segunda vez, ouviu estalar dentro uma cama, e logo um ruído de chinelas no chão, depois um silêncio curto, enfim, moveu-se a chave e abriu-se a porta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A casa era na rua da Misericórdia, uma casa de sobrado cujo locatário sublocara três aposentos a estudantes. O aposento de Máximo era ao fundo, à esquerda, perto de uma janela que dava para a cozinha de uma casa da rua de Dom Manuel. Triste lugar, triste aposento, e tristíssimo habitante, a julgá-lo pelo rosto com que apareceu às pancadinhas do major. Este bateu, com efeito, e bateu duas vezes, sem impaciência nem sofreguidão. 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O nome da rua foi mudado para \"do Riachuelo\", em 1865, em homenagem à batalha naval desse nome, quando a esquadra brasileira derrotou as tropas inimigas durante a Guerra do Paraguai. No século XIX, era uma rua onde moravam pessoas da elite econômico-social da Corte.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Riachuelo%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9149302", "long": "-43.1868086", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "Populated Place", "gn:name": "R. Riachuelo, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9149302,-43.1868086" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#a-causa-secreta", "headline": "A Causa Secreta", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Tempos depois, estando já formado e morando na rua de Mata-cavalos, perto da do Conde, encontrou Fortunato em uma gôndola, encontrou-o ainda outras vezes, e a frequência trouxe a familiaridade. Um dia Fortunato convidou-o a ir visitá-lo ali perto, em Catumbi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#confissoes-de-uma-viuva-moca", "headline": "Confissões de Uma Viúva Moça", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Durante a viagem a ideia daquele incidente não me saiu da cabeça. Fui despertada da minha distração quando o carro parou à porta da casa, em Mata-cavalos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Poucos teriam ânimo de confessar aquele meu pensamento da rua de Matacavalos. Eu confessarei tudo o que importar à minha história. Montaigne escreveu de si: ce ne sont pas mes gestes que j´escris; c´est moi, c´est mon essence. Ora, há só um modo de escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo. Por exemplo, agora que contei um pecado, diria com muito gosto alguma bela ação contemporânea, se me lembrasse, mas não me lembra; fica transferida a melhor oportunidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Bebeu o último gole de café; repoltreou-se e entrou a falar de tudo, do Senado, da Câmara, da Regência, da Restauração, do Evaristo, de um coche que pretendia comprar, da nossa casa de Mata-cavalos... Eu deixava-me estar ao canto da mesa, a escrever desvairadamente num pedaço de papel, com uma ponta de lápis; traçava uma palavra, uma frase, um verso, um nariz, um triângulo, e repetia-os muitas vezes, sem ordem, ao acaso, assim:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Escrevi-lhe ontem - disse ela -, para que fosse ver-me hoje; preferi vir cá, receando que por qualquer motivo não fosse a Mata-cavalos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Você precisa casar, Maria Benedita - disse-lhe dali a dous dias, de manhã, na chácara, em Matacavalos; Maria Benedita tinha ido ao teatro com ela e passara lá a noite -. Não quero estremecimentos; precisa casar e há de casar... Desde anteontem que estou para lhe dizer isto, mas estas cousas conversadas em sala ou na rua não têm força. Aqui na chácara é diferente. E se você tem ânimo de trepar comigo um pedaço do morro, então é que ficaremos bem. Vamos?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#a-segunda-vida", "headline": "A Segunda Vida", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Mas, homem de Deus! É essa justamente a matéria da minha aventura. Somos livres, gostamos um do outro, e não nos casamos: tal é a situação tenebrosa que venho expor a Vossa Reverendíssima, e que a sua teologia ou o que quer que seja, explicará, se puder. Voltamos para a Corte namorados. Clemência morava com o velho pai, e um irmão empregado no comércio; relacionei-me com ambos, e comecei a frequentar a casa, em Mata-cavalos. Olhos, apertos de mão, palavras soltas, outras ligadas, uma frase, duas frases, e estávamos amados e confessados. Uma noite, no patamar da escada, trocamos o primeiro beijo... Perdoe estas cousas, monsenhor; faça de conta que me está ouvindo de confissão. Nem eu lhe digo isto senão para acrescentar que saí dali tonto, desvairado, com a imagem de Clemência na cabeça e o sabor do beijo na boca. Errei cerca de duas horas, planeando uma vida única; determinei pedir-lhe a mão no fim da semana, e casar daí a um mês. Cheguei às derradeiras minúcias, cheguei a redigir e ornar de cabeça as cartas de participação. Entrei em casa depois de meia-noite, e toda essa fantasmagoria voou, como as mutações à vista nas antigas peças de teatro. Veja se adivinha como.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tempos depois, estando já formado e morando na rua de Mata-cavalos, perto da do Conde, encontrou Fortunato em uma gôndola, encontrou-o ainda outras vezes, e a frequência trouxe a familiaridade. 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Por exemplo, agora que contei um pecado, diria com muito gosto alguma bela ação contemporânea, se me lembrasse, mas não me lembra; fica transferida a melhor oportunidade.", "Bebeu o último gole de café; repoltreou-se e entrou a falar de tudo, do Senado, da Câmara, da Regência, da Restauração, do Evaristo, de um coche que pretendia comprar, da nossa casa de Mata-cavalos... Eu deixava-me estar ao canto da mesa, a escrever desvairadamente num pedaço de papel, com uma ponta de lápis; traçava uma palavra, uma frase, um verso, um nariz, um triângulo, e repetia-os muitas vezes, sem ordem, ao acaso, assim:", "- Escrevi-lhe ontem - disse ela -, para que fosse ver-me hoje; preferi vir cá, receando que por qualquer motivo não fosse a Mata-cavalos.", "- Você precisa casar, Maria Benedita - disse-lhe dali a dous dias, de manhã, na chácara, em Matacavalos; Maria Benedita tinha ido ao teatro com ela e passara lá a noite -. Não quero estremecimentos; precisa casar e há de casar... Desde anteontem que estou para lhe dizer isto, mas estas cousas conversadas em sala ou na rua não têm força. Aqui na chácara é diferente. E se você tem ânimo de trepar comigo um pedaço do morro, então é que ficaremos bem. Vamos?", "- Mas, homem de Deus! É essa justamente a matéria da minha aventura. Somos livres, gostamos um do outro, e não nos casamos: tal é a situação tenebrosa que venho expor a Vossa Reverendíssima, e que a sua teologia ou o que quer que seja, explicará, se puder. Voltamos para a Corte namorados. Clemência morava com o velho pai, e um irmão empregado no comércio; relacionei-me com ambos, e comecei a frequentar a casa, em Mata-cavalos. Olhos, apertos de mão, palavras soltas, outras ligadas, uma frase, duas frases, e estávamos amados e confessados. Uma noite, no patamar da escada, trocamos o primeiro beijo... Perdoe estas cousas, monsenhor; faça de conta que me está ouvindo de confissão. Nem eu lhe digo isto senão para acrescentar que saí dali tonto, desvairado, com a imagem de Clemência na cabeça e o sabor do beijo na boca. Errei cerca de duas horas, planeando uma vida única; determinei pedir-lhe a mão no fim da semana, e casar daí a um mês. Cheguei às derradeiras minúcias, cheguei a redigir e ornar de cabeça as cartas de participação. Entrei em casa depois de meia-noite, e toda essa fantasmagoria voou, como as mutações à vista nas antigas peças de teatro. 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As lágrimas, segundo referiu, eram do sobrinho de Campinas e de uma parenta da defunta, que morava em Mata-porcos. Daí a supor que o sobrinho do comendador gostasse da noiva do moribundo foi um instante para o sacristão, mas não se lhe pegou a ideia por muito tempo; não era forçoso, e depois se ele próprio os acompanhara... Talvez fosse padrinho de casamento. Quis saber, e era natural, o nome da defunta. O dono da casa - ou por não querer dar-lho, ou porque outra ideia lhe tomasse agora a cabeça - não declarou o nome da noiva, nem do noivo. Ambas as causas seriam.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Cantiga_velha#cantiga-velha", "headline": "Cantiga Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1883", "text": "Dona Cora recebeu-me um pouco acanhada. Creio que era por causa das duas filhas que tinha, moças de dezesseis e dezoito anos, e pela margem que isto podia dar à maledicência. Talvez fosse também a pobreza da casa. Eu supus que a razão era tão somente a segunda, e tratei de lhe tirar escrúpulos mostrando-me alegre e satisfeito. Ajustamos a mesada. Deu-me um quarto, separado, no quintal. A casa era em Mata-porcos. Eu palmilhava, desde casa até à Escola de Medicina, sem fadiga, voltando à tarde, tão fresco como de manhã.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião naturalmente ficou impressionado. Durante alguns segundos esteve como agora à escolha de um tilbury. Forças íntimas ofereciam-lhe o seu cavalo, umas que voltasse para trás ou descesse para ir aos seus negócios - outras que fosse ver enforcar o preto. Era tão raro ver um enforcado! Senhor, em vinte minutos está tudo findo! - Senhor, vamos tratar de outros negócios! E o nosso homem fechou os olhos, e deixou-se ir ao acaso. O acaso, em vez de levá-lo pela rua do Ouvidor abaixo até à da Quitanda, torceu-lhe o caminho pela dos Ourives, atrás do préstito. Não iria ver a execução, pensou ele; era só ver a marcha do réu, a cara do carrasco, as cerimônias... Não queria ver a execução. De quando em quando, parava tudo, chegava gente às portas e janelas, e o oficial de justiça relia a sentença. Depois, o préstito continuava a andar com a mesma solenidade. Os curiosos iam narrando o crime - um assassinato em Mata-porcos. O assassino era dado como homem frio e feroz. A notícia dessas qualidades fez bem a Rubião; deu-lhe força para encarar o réu sem delíquios de piedade. Não era já a cara do crime; o terror dissimulava a perversidade. Sem reparar, deu consigo no largo da execução. Já ali havia bastante gente. Com a que vinha formou-se multidão compacta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Brito disse isto sem lágrimas e quase sem tristeza. Conhecia a defunta de pouco tempo. 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Catrapus... catrapus... catrapus...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Era noite entrada. Rubião vinha por ali abaixo, recordando o pobre-diabo que enterrara, quando, na rua de São Cristóvão, cruzou com outro coupé, que levava duas ordenanças atrás. Era um ministro que ia para o despacho imperial. Rubião pôs a cabeça de fora, recolheu-a e ficou a ouvir os cavalos das ordenanças, tão iguaizinhos, tão distintos, apesar do estrépito dos outros animais. Era tal a tensão do espírito do nosso amigo, que ainda os ouvia, quando já a distância não permitia audiência. Catrapus... catrapus... catrapus...", "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. 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Glória perguntou-lhe se achara casa; e, no domingo, disse-lhe que fosse ver alguma. Porfírio saiu, não achou nada, e voltou sem desespero. De tarde, perguntou rindo à mulher o que é que ela lhe daria se ele lhe trouxesse naquela semana um vestido de seda. Glória levantou os ombros. Seda não era para eles. E por que é que não havia de ser? Em que é que as outras moças eram melhores que ela? Não fosse ele pobre, e ela andaria de carro...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "- Você não quis ir comigo anteontem a São Cristóvão? Não sabe o que perdeu; a noite estava linda, o passeio foi muito agradável. Chegando ao cais da Igrejinha, meti-me num bote e vim desembarcar no saco do Alferes. Era um bom pedaço até a casa; fiquei numa hospedaria do campo de Santa Ana. Fui atacado por um cachorro, no caminho do Saco, e por dous na rua de São Diogo, mas não senti as pulgas da hospedaria, porque dormi como um justo. E você que fez?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Chegando a casa - na rua de São Diogo - ia mostrar os bilhetes à mulher, mas recuou; preferiu esperar. A roda andava dali a dois dias. Glória perguntou-lhe se achara casa; e, no domingo, disse-lhe que fosse ver alguma. Porfírio saiu, não achou nada, e voltou sem desespero. De tarde, perguntou rindo à mulher o que é que ela lhe daria se ele lhe trouxesse naquela semana um vestido de seda. Glória levantou os ombros. Seda não era para eles. E por que é que não havia de ser? Em que é que as outras moças eram melhores que ela? Não fosse ele pobre, e ela andaria de carro...", "- Você não quis ir comigo anteontem a São Cristóvão? Não sabe o que perdeu; a noite estava linda, o passeio foi muito agradável. Chegando ao cais da Igrejinha, meti-me num bote e vim desembarcar no saco do Alferes. 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Ia devagar, cabisbaixo, parando às vezes, para dar uma bengalada em algum cão que dormia; o cão ficava ganindo e ele ia andando. No largo da Carioca entrou num tilbury, e seguiu para os lados da praça da Constituição. Garcia voltou para casa sem saber mais nada.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Cumprimentou as senhoras, quando o carro passou. Depois ficou a olhar para a nota tão fresca, tão valiosa, nota que almas nunca viram sair das mãos dele. Foi subindo a rua de São José. Já não tinha ânimo de pedir; a nota fazia-se ouro, e a ideia de ser falsa voltou-lhe ao cérebro, e agora mais frequente, até que se lhe pegou por alguns instantes. Se fosse falsa... \"Para a missa das almas!\", gemeu à porta de uma quitanda e deram-lhe um vintém - um vintém sujo e triste, ao pé da nota tão novinha que parecia sair do prelo. Seguia-se um corredor de sobrado. 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Não aplaudia, como outrora, os versos que ele ia ler em casa do pai, menos ainda lhe pedia que recitasse outros, como as primas; estas sempre se lembravam de um Devaneio, um Suspiro ao luar, Teus olhos, Ela, Minha vida por um olhar, e outros pecados de igual peso, que o leitor pode comprar hoje por seiscentos réis, em brochura, na rua de São José nº...., ou por trezentos réis, sem frontispício. Eulália ouvia todas as belas estrofes compostas especialmente para ela, como se fossem uma página de São Tomás de Aquino.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião ouviu o grito, voltou-se, viu o que era. Era um carro que descia e uma criança de três ou quatro anos que atravessava a rua. Os cavalos vinham quase em cima dela, por mais que o cocheiro os sofreasse. Rubião atirou-se aos cavalos e arrancou o menino ao perigo. 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Entrou, subiu, pediu, deram-lhe dous vinténs, o dobro da outra moeda no valor e no azinhavre.", "João Fernandes foi até a rua Primeiro de Março; desandou, os dois caixeiros despediam-se; um seguiu para a rua de São Bento, outro para a de São José.", "Eulália, honra lhe seja, tratou de desenganar as esperanças do estudante, por todos os modos, com o gesto e com a palavra; falava-lhe pouco, e às vezes mal. Não olhava para ele, ou olhava de relance, sem demora nem expressão. Não aplaudia, como outrora, os versos que ele ia ler em casa do pai, menos ainda lhe pedia que recitasse outros, como as primas; estas sempre se lembravam de um Devaneio, um Suspiro ao luar, Teus olhos, Ela, Minha vida por um olhar, e outros pecados de igual peso, que o leitor pode comprar hoje por seiscentos réis, em brochura, na rua de São José nº...., ou por trezentos réis, sem frontispício. Eulália ouvia todas as belas estrofes compostas especialmente para ela, como se fossem uma página de São Tomás de Aquino.", "Rubião ouviu o grito, voltou-se, viu o que era. Era um carro que descia e uma criança de três ou quatro anos que atravessava a rua. Os cavalos vinham quase em cima dela, por mais que o cocheiro os sofreasse. Rubião atirou-se aos cavalos e arrancou o menino ao perigo. A mãe, quando o recebeu das mãos do Rubião, não podia falar; estava pálida, trêmula. Algumas pessoas puseram-se a altercar com o cocheiro, mas um homem calvo, que vinha dentro, ordenou-lhe que fosse andando. O cocheiro obedeceu. Assim, quando o pai, que estava no interior da colchoaria, veio fora, já o carro dobrava a esquina de São José.", "Um dia encontrei-o na rua de São José. 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Eu sei tudo; sei mais do que o senhor...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#sujese-gordo", "headline": "Suje-se Gordo!", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Quando saí do tribunal, vim pensando na frase do Lopes, e pareceu-me entendê-la. \"Suje-se gordo!\" era como se dissesse que o condenado era mais que ladrão, era um ladrão reles, um ladrão de nada. Achei esta explicação na esquina da rua de São Pedro; vinha ainda pela dos Ourives. Cheguei a desandar um pouco, a ver se descobria o Lopes para lhe apertar a mão; nem sombra de Lopes. No dia seguinte, lendo nos jornais os nossos nomes, dei com o nome todo dele; não valia a pena procurá-lo, nem me ficou de cor. Assim são as páginas da vida, como dizia meu filho quando fazia versos, e acrescentava que as páginas vão passando umas sobre outras, esquecidas apenas lidas. Rimava assim, mas não me lembra a forma dos versos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_por_outra#uma-por-outra", "headline": "Uma Por Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "- Isso mesmo; tem loja na rua de São Pedro, São Pedro ou Sabão...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Escolheu Isabel em primeiro lugar. Haviam já passado seis ou sete dias depois da cena noturna. Júlio preparou-se mentalmente com todas as armas necessárias ao ataque e à defesa e dirigiu-se para casa de Isabel, que era como sabemos na rua de São Pedro.", "- É verdade; as suas casas da rua da Imperatriz estão hipotecadas; a da rua de São Pedro foi vendida, e a importância já vai longe; os seus escravos têm ido a um e um, sem que o senhor o perceba, e as despesas que o senhor há pouco fez para montar uma casa a certa dama da sociedade equívoca são imensas. Eu sei tudo; sei mais do que o senhor...", "Quando saí do tribunal, vim pensando na frase do Lopes, e pareceu-me entendê-la. \"Suje-se gordo!\" era como se dissesse que o condenado era mais que ladrão, era um ladrão reles, um ladrão de nada. Achei esta explicação na esquina da rua de São Pedro; vinha ainda pela dos Ourives. Cheguei a desandar um pouco, a ver se descobria o Lopes para lhe apertar a mão; nem sombra de Lopes. No dia seguinte, lendo nos jornais os nossos nomes, dei com o nome todo dele; não valia a pena procurá-lo, nem me ficou de cor. Assim são as páginas da vida, como dizia meu filho quando fazia versos, e acrescentava que as páginas vão passando umas sobre outras, esquecidas apenas lidas. Rimava assim, mas não me lembra a forma dos versos.", "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "- Isso mesmo; tem loja na rua de São Pedro, São Pedro ou Sabão..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Primeiro%20de%20Mar%C3%A7o%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020010-000%2C%20Brazil", "name": "Rua Direita", "description": "A antiga rua Direita, atual rua Primeiro de Março, é uma das primeiras da cidade do Rio de Janeiro, e fazia a ligação direta entre o morro do Castelo e o de São Bento. Mudou de nome em 1875, em homenagem à data da vitória da batalha de Aquidabã (também conhecida como batalha de Cerro Corá), em 1º março de 1870, que foi um marco importante para o fim da Guerra do Paraguai. Este dia também é o dia do aniversário da cidade do Rio de Janeiro, fundada em 1º de março de 1565.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Primeiro%20de%20Mar%C3%A7o%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020010-000%2C%20Brazil", "lat": "-22.9013187", "long": "-43.1764795", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. 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Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_astrólogo#o-astrologo", "headline": "O Astrólogo", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "O juiz, entretanto, dirigiu-se pela rua da Mãe dos Homens abaixo até à rua Direita, que era onde morava. 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Estive quase, quase a aceitar, tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Foi no Rio de Janeiro - começou ele -, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em que minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "A notícia foi referida por ele na rua do Ouvidor, esquina da rua Direita. Daí a dez minutos chegara à rua da Quitanda. Tão depressa correu que um quarto de hora depois era assunto de conversa na esquina da rua dos Ourives. Uma hora bastou para percorrer toda a extensão da nossa principal via pública. Dali espalhou-se em toda a cidade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. 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Estive quase, quase a aceitar, tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos.", "- Foi no Rio de Janeiro - começou ele -, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em que minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois.", "A notícia foi referida por ele na rua do Ouvidor, esquina da rua Direita. Daí a dez minutos chegara à rua da Quitanda. Tão depressa correu que um quarto de hora depois era assunto de conversa na esquina da rua dos Ourives. Uma hora bastou para percorrer toda a extensão da nossa principal via pública. 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Ele, que até ali vivera de amores fáceis e paixões de uma hora, veio a enamorar-se repentinamente de uma linda princesa russa. Não se assustem; a princesa russa de quem falo, afirmavam algumas pessoas que era filha da rua do Bac e trabalhara numa casa de modas, até a revolução de 1848. No meio da revolução apaixonou-se por ela um major polaco, que a levou para Varsóvia, donde acabava de chegar transformada em princesa, com um nome acabado em ine ou em off, não sei bem. Vivia misteriosamente, zombando de todos os seus adoradores, exceto de Camilo, dizia ela, por quem sentia que era capaz de aposentar as suas roupas de viúva. Tão depressa, porém, soltava estas expressões irrefletidas, como logo protestava com os olhos no céu:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um incidente, porém, demorou ainda desta vez o regresso do jovem médico. Ele, que até ali vivera de amores fáceis e paixões de uma hora, veio a enamorar-se repentinamente de uma linda princesa russa. Não se assustem; a princesa russa de quem falo, afirmavam algumas pessoas que era filha da rua do Bac e trabalhara numa casa de modas, até a revolução de 1848. No meio da revolução apaixonou-se por ela um major polaco, que a levou para Varsóvia, donde acabava de chegar transformada em princesa, com um nome acabado em ine ou em off, não sei bem. Vivia misteriosamente, zombando de todos os seus adoradores, exceto de Camilo, dizia ela, por quem sentia que era capaz de aposentar as suas roupas de viúva. 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Quando, em meados do século XVII, a vala que escoava a água da lagoa de Santo Antônio se tornou insuficiente, foi construído, pela Câmara Municipal, um conduto de pedra e cal para escoar o excesso de água, ao qual se chamava \"o cano\", que seguia até o Terreiro do Carmo (atual praça Quinze de Novembro). O traçado deu origem à rua do Cano, que mudou de nome em 1856 para rua Sete de Setembro, em homenagem ao dia da Independência do Brasil.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Sete%20de%20Setembro%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2026193-245%2C%20Brazil", "lat": "-22.9054333", "long": "-43.1784447", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. 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Ia com alguns cuidados; morava em casa de um amigo, que começava a tratá-lo como hóspede de três dias, e ele já o era de quatro semanas. Dizem que os de três dias cheiram mal; muito antes disso cheiram mal os defuntos, ao menos nestes climas quentes... Certo é que o nosso Rubião, singelo como um bom mineiro, mas desconfiado como um paulista, ia cheio de cuidados, pensando em retirar-se quanto antes. Pode crer-se que desde que saiu de casa, entrou no largo de São Francisco, e desceu a rua do Ouvidor até a dos Ourives, não viu nem ouviu cousa nenhuma.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Ia a descer pela rua Sete de Setembro, quando a lembrança da vozeria trouxe a de outra, maior e mais remota.", "Lá iam longos anos. Ele era então muito rapaz, e pobre. Um dia, às oito horas da manhã, saiu de casa, que era na rua do Cano (Sete de Setembro), entrou no largo de São Francisco de Paula; dali desceu pela rua do Ouvidor. Ia com alguns cuidados; morava em casa de um amigo, que começava a tratá-lo como hóspede de três dias, e ele já o era de quatro semanas. Dizem que os de três dias cheiram mal; muito antes disso cheiram mal os defuntos, ao menos nestes climas quentes... Certo é que o nosso Rubião, singelo como um bom mineiro, mas desconfiado como um paulista, ia cheio de cuidados, pensando em retirar-se quanto antes. Pode crer-se que desde que saiu de casa, entrou no largo de São Francisco, e desceu a rua do Ouvidor até a dos Ourives, não viu nem ouviu cousa nenhuma." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Carmo%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-000%2C%20Brazil", "name": "Rua do Carmo", "description": "A rua do Carmo situa-se no Centro da cidade do Rio de Janeiro. 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Sabes já que ali se apearam, entre a igreja de São José e a Câmara dos Deputados, e subiram aquela até à rua do Carmo, onde esta pega com a ladeira do Castelo. Indo a subir, hesitaram, mas a mãe era mãe, e já agora faltava pouco para ouvir o destino. Viste que subiram, que desceram, deram os dous mil réis às almas, entraram no carro e voltaram para Botafogo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "No dia aprazado meteram-se as duas no carro, entre sete e oito horas com pretexto de passeio, e lá se foram para a rua da Misericórdia. Sabes já que ali se apearam, entre a igreja de São José e a Câmara dos Deputados, e subiram aquela até à rua do Carmo, onde esta pega com a ladeira do Castelo. Indo a subir, hesitaram, mas a mãe era mãe, e já agora faltava pouco para ouvir o destino. Viste que subiram, que desceram, deram os dous mil réis às almas, entraram no carro e voltaram para Botafogo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Catete%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Rua do Catete", "description": "A rua do Catete localiza-se no bairro do mesmo nome, na cidade do Rio de Janeiro, e teve origem no caminho do Catete. A partir do século XVIII, surgiram diversas chácaras ao longo do caminho, que passaria a se chamar estrada do Catete. 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Perto da rua do Catete, o latido ia diminuindo, e então pareceu-me que me mandava este recado: \"Meu amigo, não lhe importe saber o motivo que me inspira este discurso; late-se como se morre, tudo é ofício de cães, e o cão do casal Aguiar latia também outrora; agora esquece, que é ofício de defunto\".", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Assim o cri, e dispus a minha vida para desposá-la. Nisto, adoeceu o tio gravemente. Quintília não ficava só se ele morresse, porque, além dos muitos parentes espalhados que tinha, morava com ela agora, na casa da rua do Catete, uma prima, D. Ana, viúva; mas, é certo que a afeição principal ia-se embora e nessa transição da vida presente à vida ulterior podia eu alcançar o que desejava. A moléstia do tio foi breve; ajudada da velhice, levou-o em duas semanas. Digo-lhe aqui que a morte dele lembrou-me a de meu pai, e a dor que então senti foi quase a mesma. 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Batiam oito horas numa padaria.", "Como é que, tendo ouvido falar da morte de dous e três ministros, Aires confirmou apenas o ferimento de um, ao retificar a notícia do criado? Só se pode explicar de dous modos - ou por um nobre sentimento de piedade, ou pela opinião de que toda a notícia pública cresce de dous terços, ao menos. Qualquer que fosse a causa, a versão do ferimento era a única verdadeira. Pouco depois passava pela rua do Catete a padiola que levava um ministro, ferido. Sabendo que os outros estavam vivos e sãos e o imperador era esperado de Petrópolis, não acreditou na mudança de regímen que ouvira ao cocheiro de tilbury e ao criado José. Reduziu tudo a um movimento que ia acabar com a simples mudança de pessoal.", "Quando voltei ao Rio de Janeiro, tinham já passado muitos meses do combate da Encruzilhada. O meu nome figurou não só em partes oficiais como em telegramas e correspondências, por mais que eu buscasse esquivar-me ao ruído e desaparecer na sombra. 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Embicou para lá, tão cheio de suas mágoas, que nem lhe lembravam as que podia ter causado à tia.", "O rapaz de nariz comprido agradeceu com um sorriso esta ratificação do seu tratado amoroso, e proferiu algumas palavras que a moça ouviu derretida e envergonhada, entre vaidosa e modesta. O que ele dizia era que Rosina não só era a flor do baile, mas também a flor da rua do Conde, e não só a flor da rua do Conde, mas também a flor da cidade inteira.", "A entrada de Jorge, animando a conversa, acelerou as horas; às dez retirou-se o médico, acompanhado pelo filho de D. Antônia, que ia cear. Mendonça recusou o convite que Jorge lhe fez, e despediu-se dele na rua do Conde, esquina da do Lavradio.", "Mas ao passar pela rua do Conde lembrou-se que Madalena lhe dissera morar ali; mas aonde? 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Ana Custódia saiu para ir levar umas costuras à loja, que era na rua do Hospício. Pegou das costuras, entrouxou-as, pôs um xale às costas, um rosário ao pescoço, deu cinco ou seis ordens à sobrinha e caminhou para a porta.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Habilidoso#habilidoso", "headline": "Habilidoso", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Foi essa Virgem o assunto a que ele voltou mais vezes. A tela que está agora acabando é a sexta ou sétima. As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. 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Subiu a rua do Hospício, até uma oficina de ocularista, onde entrou e ficou dez minutos ou mais. Deixei-me estar a distância, fitando a porta disfarçadamente. Depois saiu, arrepiou caminho, e dobrou a rua dos Ourives, até à do Rosário, por onde subiu até ao largo da Sé; daí passou ao de São Francisco de Paula. Todas essas reminiscências parecerão escusadas, senão aborrecíveis; a mim dão-me uma sensação intensa e particular, são os primeiros passos de uma carreira penosa e longa. Demais, vereis por aqui que ela evitava subir a rua do Ouvidor, que todos e todas buscariam àquela ou a outra hora para ir ao largo de São Francisco de Paula. 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As outras, deu-as logo, e chegou a expor algumas, sem melhor resultado, porque os jornais não diziam palavra. João Maria não podia entender semelhante silêncio, a não ser intriga de um antigo namorado da moça, com quem estava para casar. Nada, nem uma linha, uma palavra que fosse. A própria casa da rua do Ouvidor onde os expôs recusou-lhe a continuação do obséquio; recorreu a outra da rua do Hospício, depois a uma da rua da Imperatriz, a outra do Rossio Pequeno; finalmente não expôs mais nada.", "Há muitos anos. O sino de São Francisco de Paula bateu duas horas. Desde pouco mais de meia noite deixou este rapaz, João Fernandes, o botequim da rua do Hospício, onde lhe deram chá com torradas, e um charuto, por cinco tostões. João Fernandes desceu pela rua do Ouvidor; na esquina da dos Ourives viu uma patrulha. Na da Quitanda deu com dois caixeiros que conversavam antes de ir cada um para o seu armazém. Não os conhecia, mas presumiu que fossem tais, e acertou; eram ambos moços, quase imberbes. Falavam de amores.", "Mas então...? Lá vou; nem é outra a matéria do escrito, senão esse curioso fenômeno, cuja causa, se a conhecemos, foi porque a descobriu o Dr. Jeremias. Em uma tarde de procissão, Tomé Gonçalves, trajado com o hábito de uma ordem terceira, ia segurando uma das varas do pálio, e caminhando com a placidez de um homem que não faz mal a ninguém. Nas janelas e ruas estavam muitos dos seus credores; dois, entretanto, na esquina do beco das Cancelas (a procissão descia a rua do Hospício), depois de ajoelhados, rezados, persignados e levantados, perguntaram um ao outro se não era tempo de recorrer à justiça.", "Como tivesse algum tempo ante mim (pouco menos de trinta minutos), dei-me a andar atrás de Maria Cora. Não digo que uma força violenta me levasse já, mas não posso esconder que cedia a qualquer impulso de curiosidade e desejo; era também um resto da juventude passada. Na rua, andando, vestida de escuro, como na véspera, Maria Cora pareceu-me ainda melhor. Pisava forte, não apressada nem lenta, o bastante para deixar ver e admirar as belas formas, mui mais corretas que as linhas do rosto. Subiu a rua do Hospício, até uma oficina de ocularista, onde entrou e ficou dez minutos ou mais. Deixei-me estar a distância, fitando a porta disfarçadamente. Depois saiu, arrepiou caminho, e dobrou a rua dos Ourives, até à do Rosário, por onde subiu até ao largo da Sé; daí passou ao de São Francisco de Paula. Todas essas reminiscências parecerão escusadas, senão aborrecíveis; a mim dão-me uma sensação intensa e particular, são os primeiros passos de uma carreira penosa e longa. Demais, vereis por aqui que ela evitava subir a rua do Ouvidor, que todos e todas buscariam àquela ou a outra hora para ir ao largo de São Francisco de Paula. Foi atravessando o largo, na direção da Escola Politécnica, mas a meio caminho veio ter com ela um carro que estava parado defronte da Escola; meteu-se nele, e o carro partiu.", "Máximo não se fez de rogado; era poeta; supunha-se grande poeta; em todo caso recitava bem, com certas inflexões langorosas, umas quedas da voz e uns olhos cheios de morte e de vida. Abotoou o paletó com uma intenção chateaubriânica, mas o paletó recusou-se a intenções estrangeiras e literárias. Era um prosaico paletó nacional, da rua do Hospício nº... A mão ao peito corrigiu um pouco a rebeldia do vestuário; e esta circunstância persuadiu a uma das moças de fora que o jovem estudante não era tão desprezível como lhe havia dito Eulália. E foi assim que os versos começaram a brotar-lhe da boca - a adejar-lhe, que é melhor verbo para o nosso caso.", "- Morávamos em um arrabalde do Rio de Janeiro; minha irmã não estava ainda casada, mas já estava pedida; eu continuava os estudos. Vagando uma casa fronteira à nossa, meu futuro cunhado quis alugá-la, e foi ter com o dono, um negociante da rua do Hospício." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rua%20do%20Imperador%20-%20Centro%2C%20Petr%C3%B3polis%20-%20RJ%2C%2025620%2C%20Brazil", "name": "Rua do Imperador", "description": "A rua do Imperador corta todo o centro histórico de Petrópolis. Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, seu nome foi mudado para avenida Quinze de Novembro. Posteriormente voltou a ter a denominação antiga. 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Eu ensinei-lhe ao mesmo tempo o amor e a traição; é o que ela me diz nesta casinha que aluguei fora da cidade, de propósito para nós.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Questão_de_vaidade#questao-de-vaidade", "headline": "Questão de Vaidade", "genre": "Conto", "datePublished": "1864", "text": "Em uma das viagens que fazia em busca de Sara e Maria Luísa, Eduardo encontrou os dous amigos que lhe tinham aparecido no Rossio no dia em que, acompanhado por mim e pelo leitor, fizera uma visita à viúva da rua do Lavradio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "Meneses recusou; Félix levou-o no carro até à rua do Lavradio, onde ele morava.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Despediram-se na esquina da rua do Lavradio, e Oliveira enfiou pela de São Jorge. 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O que ele pensou, naquela ocasião, estando à beira do seu destino, não sei. Se a lua o soube, não o segredou a pessoa nenhuma.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Pedro deixou o padre Sá à porta da casa e voltou-se para a rua do Livramento. Da praia, via a lua bater no mar, e ergueu os olhos para o céu coalhado de estrelas. A fronte ficou pensativa; e o moço parou durante alguns instantes. O que ele pensou, naquela ocasião, estando à beira do seu destino, não sei. 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Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. Calculou-as logo em mil contos, inventariou-as com muito cuidado, separou o que era moeda, mil contos, do que eram obras de arte e pedrarias; descreveu minuciosamente os objetos, deu-me dous tocheiros de ouro...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Caminho_de_Damasco#o-caminho-de-damasco", "headline": "O Caminho de Damasco", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "A rua do Ouvidor tinha então o movimento do costume. Gente parada em frente ou sentada dentro das lojas, gente que descia, gente que subia, homens, senhoras, de quando em quando uma vitória ou um tilbury, tudo isso dava à principal rua do Rio de Janeiro um aspecto animado e luzido. Viam-se aqui e ali alguns deputados, trocando notícias políticas ou conquistando as senhoras que passavam, cousa muito mais deliciosa que uma discussão a respeito do orçamento da guerra, assunto em que, nesse momento, estava falando o respectivo ministro na Câmara. Também ali estava uma grande parte da áurea juventude - la jeunesse dorée -, comentando o acontecimento do dia ou encarecendo a beleza da moda. Estranharia aquela designação quem reparasse que entre os rapazes havia também algumas suíças grisalhas e outras totalmente brancas. Mas essas suíças podiam responder-lhe que a mocidade não é um aspecto, mas um fato interior, e que o gelo pode cobrir a cumeada da serra sem descer à planície. Planície, neste caso, é sinônimo de coração.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Este gosto de imitar as francesas da rua do Ouvidor - dizia-me José Dias andando e comentando a queda - é evidentemente um erro. As nossas moças devem andar como sempre andaram, com seu vagar e paciência, e não este tique-tique afrancesado...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Ah! Baronesa, para mim já não há mundo que valha um bilhete de passagem. Vi tudo por várias línguas. Agora o mundo começa aqui no cais da Glória ou na rua do Ouvidor e acaba no cemitério de São João Batista. 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Pela minha parte, conheço uma senhora - na verdade, gentilíssima - que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a rua do Ouvidor, Petrópolis...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#fulano", "headline": "Fulano", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Morreu-lhe a mulher em 1878. Ela pediu-lhe que a enterrasse sem aparato, e ele assim o fez, porque a amava deveras e tinha a sua última vontade como um decreto do céu. Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. Na manhã do dia em que morreu ainda ouviu ler os jornais, e num deles uma pequena comunicação relativamente à sua moléstia, o que de algum modo pareceu reanimá-lo. Mas para a tarde enfraqueceu um pouco; à noite expirou.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Habilidoso#habilidoso", "headline": "Habilidoso", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "João Maria cedeu a Virgem e foi pintar outra; era a terceira; acabou-a em poucos dias. 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Não te direi que gosto da vida agrícola; não gosto, não me dou com ela. Mas viver num recanto como este, a dous passos do mato, a tantas léguas da rua do Ouvidor, isso creio que se dá com a minha índole. Consultaremos titia. Eu não sei o que é amar o tumulto exterior; acho que é dispersar a alma e crestar a flor dos sentimentos. Nasci para monge... e creio que também para déspota, porque estou a planear uma vida ignorada e deserta, sem consultar tuas preferências. Sou um Cromwell com tendências de frade; ou, por dizer tudo numa só palavra: sou um Lutero... muito inferior.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Herança_(Machado_de_Assis)#a-heranca", "headline": "A Herança", "genre": "Conto", "datePublished": "1878", "text": "Emílio era em muitos pontos o contraste de Marcos, seu irmão. Primeiramente, era um dandy, turbulento, frívolo, sedento de diversões, vivendo na rua e na casa dos outros, dans le monde. Tinha cóleras que duravam o tempo das opiniões; minutos apenas. Era alegre, falador, expansivo, como um namorado de primeira mão. Gastava às mãos largas. Vivia duas horas por dia em casa do alfaiate, uma hora em casa do cabeleireiro, o resto do tempo na rua do Ouvidor; salvo o tempo em que dormia em casa, que não era a mesma casa de D. Venância, e o pouco em que ia visitar a tia. Exteriormente era um elegante; interiormente era um bom rapaz, mas um verdadeiro bom rapaz.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Jorge, pelo contrário, mostrava-se retraído e mudo. Luís Garcia, à mesa do jantar, examinava-lhe a furto a expressão dos olhos tristes e a ruga desenhada entre as sobrancelhas, gesto que indicava nele o despeito e a irritação. Na verdade, era duro enviar para a guerra um dos mais belos ornamentos da paz. Naqueles olhos não morava habitualmente a tristeza; eles eram, de costume, brandos e pacíficos. Um bigode negro e basto, obra comum da natureza e do cabeleireiro, cobria-lhe o lábio e dava ao rosto a expressão viril que este não tinha. A estatura esbelta e nobre era a única feição que absolutamente podia ser militar. Elegante, ocupava Jorge um dos primeiros lugares entre os dandies da rua do Ouvidor; ali podia ter nascido, ali poderia talvez morrer.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Inglesinha_Barcelos#a-inglesinha-barcelos", "headline": "A Inglesinha Barcelos", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Um dia (dois anos passados), viu ela um guarda-marinha na rua do Ouvidor; era ele. Teve um estremeção de alegria; logo depois empalideceu quando reparou que o belo guarda-marinha disfarçadamente desviava os olhos. Nesse dia parece que a inglesinha Barcelos verteu uma lágrima, mas foi de raiva, e não na rua, mas em casa, pensando no biltre. Biltre foi o nome que lhe deu. A princípio chamava-lhe \"delícia da minha alma\".", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Jogo_do_bicho_(Machado_de_Assis)#jogo-do-bicho", "headline": "Jogo do Bicho", "genre": "Conto", "datePublished": "1904", "text": "A bisca era o espetáculo deles, a ópera, a rua do Ouvidor, Petrópolis, Tijuca, tudo o que podia exprimir um recreio, um passeio, um repouso. A alegria da esposa voltou ao que era. Quanto ao marido, se não ficou tão expansivo como de costume, achou algum prazer e muita esperança nos números das cartas. Jogou a bisca fazendo cálculos, conforme a primeira carta que saísse, depois a segunda, depois a terceira; esperou a última; adotou outras combinações, a ver os bichos que correspondiam a elas, e viu muitos deles, mas principalmente o macaco e a cobra; firmou-se nestes.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/João_Fernandes#joao-fernandes", "headline": "João Fernandes", "genre": "Conto", "datePublished": "1894", "text": "Há muitos anos. O sino de São Francisco de Paula bateu duas horas. Desde pouco mais de meia noite deixou este rapaz, João Fernandes, o botequim da rua do Hospício, onde lhe deram chá com torradas, e um charuto, por cinco tostões. João Fernandes desceu pela rua do Ouvidor; na esquina da dos Ourives viu uma patrulha. Na da Quitanda deu com dois caixeiros que conversavam antes de ir cada um para o seu armazém. Não os conhecia, mas presumiu que fossem tais, e acertou; eram ambos moços, quase imberbes. Falavam de amores.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#o-lapso", "headline": "O Lapso", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "No fim da rua do Ouvidor, que ainda não era a via dolorosa dos maridos pobres, perto da antiga rua dos Latoeiros, morava por esse tempo um tal Tomé Gonçalves, homem abastado, e, segundo algumas induções, vereador da câmara. Vereador ou não, este Tomé Gonçalves não tinha só dinheiro, tinha também dívidas, não poucas, nem todas recentes. O descuido podia explicar os seus atrasos, a velhacaria também; mas quem opinasse por uma ou outra dessas interpretações mostraria que não sabe ler uma narração grave. Realmente, não valia a pena dar-se ninguém à tarefa de escrever algumas laudas de papel para dizer que houve, nos fins do século passado, um homem que, por velhacaria ou deleixo, deixava de pagar aos credores. A tradição afirma que este nosso concidadão era exato em todas as cousas, pontual nas obrigações mais vulgares, severo e até meticuloso. A verdade é que as ordens terceiras e irmandades que tinham a fortuna de o possuir (era irmão remido de muitas, desde o tempo em que usava pagar), não lhe regateavam provas de afeição e apreço; e, se é certo que foi vereador, como tudo faz crer, pode-se jurar que o foi a contento da cidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "De manhã tinha o relógio parado. Chegando à cidade, desci a rua do Ouvidor, até à da Quitanda, e indo a voltar à direita, para ir ao escritório do meu advogado, lembrou-me ver que horas eram. Não me acudiu que o relógio estava parado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Melhor_das_noivas#a-melhor-das-noivas", "headline": "A Melhor das Noivas", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Um dia, porém, surgiu no horizonte a vela salvadora de João Barbosa. Apresentado à viúva do oficial de marinha, em uma loja da rua do Ouvidor, ficou tão cativo de suas maneiras e das graças que lhe sobreviviam, tão cativo que pediu a honra de travar relações mais estreitas. Dona Lucinda era mulher, isto é, adivinhou o que se passara no coração do septuagenário, antes mesmo que este desse acordo de si. Uma esperança iluminou o coração da viúva; aceitou-a como um presente do céu.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser propagandista da abolição, mas confesso que senti grande prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da Regente. Estava na rua do Ouvidor, onde a agitação era grande e a alegria, geral.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Nesse mesmo dia, tratando de aparelhar os ânimos, comecei a espalhar que talvez fosse para o Norte como secretário de província, a fim de realizar certos desígnios políticos, que me eram pessoais. Disse-o na rua do Ouvidor, repeti-o no dia seguinte, no Pharoux e no teatro. Alguns, ligando a minha nomeação à do Lobo Neves, que já andava em boatos, sorriam maliciosamente, outros batiam-me no ombro. No teatro disse-me uma senhora que era levar muito longe o amor da escultura. Referia-se às belas formas de Virgília.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#miss-dollar", "headline": "Miss Dollar", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "O carro entrara na rua do Ouvidor; os dous subiram pela mesma rua. Logo acima da rua da Quitanda, parara o carro à porta de uma loja, e as senhoras apearam-se e entraram. Mendonça não as viu sair; mas viu o carro e suspeitou que fosse o mesmo. Apressou o passo sem dizer nada a Andrade, que fez o mesmo, movido por essa natural curiosidade que sente um homem quando percebe algum segredo oculto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Mas não fora essa crua e malfadada crise, e é quase certo que ele meteria uma lança na África daqueles dias, que era um ponto muito sério e grave, a questão magna da rua do Ouvidor e da casa do José Tomás, a ponderosa, crespa e complicada questão de saber se a Steffanoni estrearia no Ernani. Esta questão, de que o leitor se ri hoje, como se hão de rir os seus sobrinhos de outras análogas puerilidades, esta pretensão a que se opunha a Lagrua, alegando que o Ernani era seu, pretensão que fazia gemer as almas e os prelos daquele tempo, era cousa muito própria a espertar os brios do nosso Estêvão, tão marechal nas cousas mínimas, como recruta nas cousas máximas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Nem_uma_nem_outra#nem-uma-nem-outra", "headline": "Nem Uma Nem Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "No dia seguinte, Vicente entrou a fazer os preparativos de viagem; comprou a mala necessária, e já ia com ela atravessando a rua do Ouvidor para ir à casa, quando viu à porta do Hotel de Europa, na rua do Carmo um homem falando para dentro de um carro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Tais eram as calamidades com que o destino quisera abater o ânimo de Camilo. Todas elas repassou na memória o infeliz viajante, até que ouviu bater oito horas da noite. Saiu um pouco para tomar ar, e ainda mais se lhe acenderam as saudades de Paris. Tudo lhe parecia lúgubre, acanhado, mesquinho. Olhou com desdém olímpico para todas as lojas da rua do Ouvidor, que lhe pareceu apenas um beco muito comprido e muito iluminado. Achava os homens deselegantes, as senhoras, desgraciosas. Lembrou-se, porém, que Santa Luzia, sua cidade natal, era ainda menos parisiense que o Rio de Janeiro, e então, abatido com esta importuna ideia, correu para o hotel e deitou-se a dormir.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#primas-de-sapucaia", "headline": "Primas de Sapucaia", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Era à porta de uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde estavam hospedadas. Tinham vindo de Sapucaia, pelo Carnaval, e demoraram-se dous meses na Corte. Era eu que as acompanhava a toda a parte, missas, teatros, rua do Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia mover-se dentro de casa, e elas não sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos os parentes estivessem dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai destas primas, foi o único, de cinco irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu vim cedo para a Corte, donde segui a estudar e bacharelar-me em São Paulo. Voltei uma só vez a Sapucaia, para pleitear uma eleição, que perdi.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Qual_dos_dois#qual-dos-dois", "headline": "Qual Dos Dois?", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Era há cinco anos, e na época das câmaras. A rua do Ouvidor é nessa época o grande pasmatório da capital; ali vão ter os deputados e os curiosos, os políticos por ofício e por devoção. À porta da loja em que vemos Daniel estão dois deputados conversando; trata-se de uma interpelação para o dia seguinte. Daniel, encostado ao mostrador, do lado da rua, fuma negligentemente um charuto, e olha distraído algumas mulheres que vão passando.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quem_conta_um_conto...#quem-conta-um-conto", "headline": "Quem Conta Um Conto...", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "- Não se lembra que me disse na rua do Ouvidor, quando falávamos das proezas da...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Ainda não disse - porque os capítulos atropelam-se debaixo da pena -, mas aqui está um para dizer que, por aquele tempo, as relações de Rubião tinham crescido em número. Camacho pusera-o em contacto com muitos homens políticos, a comissão das Alagoas, com várias senhoras, os bancos e companhias, com pessoas do comércio e da praça, os teatros, com alguns frequentadores e a rua do Ouvidor, com toda a gente. Já então era um nome repetido. Conhecia-se o homem. Quando apareciam as barbas e o par de bigodes longos, uma sobrecasaca bem justa, um peito largo, bengala de unicórnio, e um andar firme e senhor, dizia-se logo que era o Rubião - um ricaço de Minas.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "Na rua do Ouvidor encontrou o Doutor Meneses, jovem advogado com quem entretinha relações.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Rui_de_Leão#rui-de-leao", "headline": "Rui de Leão", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Efetivamente aqui aportou no Rio de Janeiro o imortal Rui. A cidade não oferecia então o aspecto que hoje tem. A rua do Ouvidor não era a via elegante da capital; nem o Rossio estava transformado no jardim que aí vemos. Eram os belos tempos de Vidigal e seus granadeiros, de cujas proezas tão habilmente falou o nosso chorado Dr. Manuel de Almeida, talento como poucos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_sainete#o-sainete", "headline": "O Sainete", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Só_(Machado_de_Assis)#so", "headline": "Só!", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Eram três horas da tarde, quando ele resolveu deixar o refúgio. Que alegria, quando chegou à rua do Ouvidor! Era tão insólita que fez desconfiar algumas pessoas; ele, porém, não contou nada a ninguém, e explicou Iguaçu como pôde.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Tempo_de_crise#tempo-de-crise", "headline": "Tempo de Crise", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Seguimos para o Hotel da Europa, que é na rua do Ouvidor; lá me deram um aposento e um almoço. Acendemos charutos e saímos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#trio-em-la-menor", "headline": "Trio em Lá Menor", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "Depois fez a estatística da rua do Ouvidor, na véspera, entre uma e quatro horas da tarde. Conhecia os nomes das fazendas e todas as cores modernas. Citou as principais toilettes do dia. A primeira foi a de Mme Pena Maia, baiana distinta, très pschutt. A segunda foi a de Mlle. Pedrosa, filha de um desembargador de São Paulo, adorable. E apontou mais três, comparou depois as cinco, deduziu e concluiu. Às vezes esquecia-se e falava francês; pode mesmo ser que não fosse esquecimento, mas propósito; conhecia bem a língua, exprimia-se com facilidade e formulara um dia este axioma etnológico - que há parisienses em toda a parte. De caminho, explicou um problema de voltarete.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_para_o_outro#um-para-o-outro", "headline": "Um Para O Outro", "genre": "Conto", "datePublished": "1879", "text": "Três dias depois encontrou-os Julião no teatro; num dos intervalos conversaram muito; noutro levou-os Julião ao camarote, onde estavam a irmã e a tia. A apresentação foi fácil, a conversa interessante, a recíproca impressão excelente. Uma semana mais tarde, encontraram-se em uma loja da rua do Ouvidor, a família Trindade e o Dr. Pimentel; este noticiou que acompanhava o parente da família a São Paulo, mas que esperava voltar sozinho, para regressar à província natal. Na véspera de sair, dirigiu-se ao Engenho Velho e deixou lá um cartão de despedida.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#uma-visita-de-alcibiades", "headline": "Uma Visita de Alcibíades", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Desculpe V. Excia. o tremido da letra e o desgrenhado do estilo; entendê-los-á daqui a pouco. Hoje, à tardinha, acabado o jantar, enquanto esperava a hora do Cassino, estirei-me no sofá e abri um tomo de Plutarco. V. Excia., que foi meu companheiro de estudos, há de lembrar-se que eu, desde rapaz, padeci esta devoção do grego; devoção ou mania, que era o nome que V. Excia. lhe dava, e tão intensa que me ia fazendo reprovar em outras disciplinas. Abri o tomo, e sucedeu o que sempre se dá comigo quando leio alguma coisa antiga: transporto-me ao tempo e ao meio da ação ou da obra. Depois de jantar é excelente. Dentro de pouco acha-se a gente numa via romana, ao pé de um pórtico grego ou na loja de um gramático. Desaparecem os tempos modernos, a insurreição da Herzegovina, a guerra dos carlistas, a rua do Ouvidor, o circo Chiarini. Quinze ou vinte minutos de vida antiga, e de graça. Uma verdadeira digestão literária.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#verba-testamentaria", "headline": "Verba Testamentária", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Explica-se menos o desalinho com que daí a meses começou a vestir-se. Educado com hábitos de elegância, era antigo freguês de um dos principais alfaiates da corte, o Plum, não passando um só dia em que não fosse pentear-se ao Desmarais e Gérard, coiffeurs de la cour, à rua do Ouvidor. Parece que achou enfatuada esta denominação de cabeleireiros do paço, e castigou-os indo pentear-se a um barbeiro ínfimo. Quanto ao motivo que o levou a trocar de traje, repito que é inteiramente obscuro, e a não haver sugestão da idade, é inexplicável. A despedida do cozinheiro é outro enigma. Nicolau, por insinuação do cunhado, que o queria distrair, dava dois jantares por semana; e os convivas eram unânimes em achar que o cozinheiro dele primava sobre todos os da capital. Realmente os pratos eram bons, alguns ótimos, mas o elogio era um tanto enfático, excessivo, para o fim justamente de ser agradável ao Nicolau, e assim aconteceu algum tempo. Como entender, porém, que um domingo, acabado o jantar, que fora magnífico, despedisse ele um varão tão insigne, causa indireta de alguns dos seus mais deleitosos momentos na terra? Mistério impenetrável.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Vinte_Anos!_Vinte_Anos!#vinte-anos-vinte-anos", "headline": "Vinte Anos! Vinte Anos!", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Eram os vinte anos que irrompiam cálidos, férvidos, incapazes de engolir a afronta e dissimular. Gonçalves foi por ali fora, rua do Passeio, rua da Ajuda, rua dos Ourives, até à rua do Ouvidor. Depois lembrou-se que a casa do correspondente, na rua do Hospício, ficava entre as de Uruguaiana e dos Andradas; subiu, pois, a do Ouvidor para ir tomar a primeira destas. Não via ninguém, nem as moças bonitas que passavam, nem os sujeitos que lhe diziam adeus com a mão. Ia andando à maneira de touro. Antes de chegar à rua de Uruguaiana, alguém chamou por ele.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A - Upa! Conheço-o há muito mais tempo, desde que ele estreou na rua do Ouvidor, em pleno marquês de Paraná. Era um endiabrado, um derramado, planeava todas as cousas possíveis, e até contrárias, um livro, um discurso, um medicamento, um jornal, um poema, um romance, uma história, um libelo político, uma viagem à Europa, outra ao sertão de Minas, outra à lua, em certo balão que inventara, uma candidatura política, e arqueologia, e filosofia, e teatro, etc., etc., etc. Era um saco de espantos. Quem conversava com ele sentia vertigens. Imagine uma cachoeira de idéias e imagens, qual mais original, qual mais bela, às vezes extravagante, às vezes sublime. Note que ele tinha a convicção dos seus mesmos inventos. Um dia, por exemplo, acordou com o plano de arrasar o morro do Castelo, a troco das riquezas que os jesuítas ali deixaram, segundo o povo crê. Calculou-as logo em mil contos, inventariou-as com muito cuidado, separou o que era moeda, mil contos, do que eram obras de arte e pedrarias; descreveu minuciosamente os objetos, deu-me dous tocheiros de ouro...", "A rua do Ouvidor tinha então o movimento do costume. Gente parada em frente ou sentada dentro das lojas, gente que descia, gente que subia, homens, senhoras, de quando em quando uma vitória ou um tilbury, tudo isso dava à principal rua do Rio de Janeiro um aspecto animado e luzido. Viam-se aqui e ali alguns deputados, trocando notícias políticas ou conquistando as senhoras que passavam, cousa muito mais deliciosa que uma discussão a respeito do orçamento da guerra, assunto em que, nesse momento, estava falando o respectivo ministro na Câmara. Também ali estava uma grande parte da áurea juventude - la jeunesse dorée -, comentando o acontecimento do dia ou encarecendo a beleza da moda. Estranharia aquela designação quem reparasse que entre os rapazes havia também algumas suíças grisalhas e outras totalmente brancas. Mas essas suíças podiam responder-lhe que a mocidade não é um aspecto, mas um fato interior, e que o gelo pode cobrir a cumeada da serra sem descer à planície. Planície, neste caso, é sinônimo de coração.", "- Este gosto de imitar as francesas da rua do Ouvidor - dizia-me José Dias andando e comentando a queda - é evidentemente um erro. As nossas moças devem andar como sempre andaram, com seu vagar e paciência, e não este tique-tique afrancesado...", "- Ah! Baronesa, para mim já não há mundo que valha um bilhete de passagem. Vi tudo por várias línguas. Agora o mundo começa aqui no cais da Glória ou na rua do Ouvidor e acaba no cemitério de São João Batista. Ouço que há uns mares tenebrosos para os lados da ponta do Caju, mas eu sou um velho incrédulo, como a senhora dizia há pouco, e não aceito essas notícias sem prova cabal e visual, e para ir averiguá-las, falham-me pernas.", "- Não, senhor; muda de natureza e de estado. Não aludo a certas almas absorventes, como a pátria, com a qual disse o Camões que morria, e o poder, que foi a alma exterior de César e de Cromwell. São almas enérgicas e exclusivas; mas há outras, embora enérgicas, de natureza mudável. Há cavalheiros, por exemplo, cuja alma exterior, nos primeiros anos, foi um chocalho ou um cavalinho de pau, e mais tarde uma provedoria de irmandade, suponhamos. Pela minha parte, conheço uma senhora - na verdade, gentilíssima - que muda de alma exterior cinco, seis vezes por ano. Durante a estação lírica é a ópera; cessando a estação, a alma exterior substitui-se por outra: um concerto, um baile do Cassino, a rua do Ouvidor, Petrópolis...", "Morreu-lhe a mulher em 1878. Ela pediu-lhe que a enterrasse sem aparato, e ele assim o fez, porque a amava deveras e tinha a sua última vontade como um decreto do céu. Já então perdera o filho; e a filha, casada, achava-se na Europa. O meu amigo dividiu a dor com o público; e, se enterrou a mulher sem aparato, não deixou de lhe mandar esculpir na Itália um magnífico mausoléu, que esta cidade admirou exposto, na rua do Ouvidor, durante perto de um mês. A filha ainda veio assistir à inauguração. Deixei de os ver uns quatro anos. Ultimamente surgiu a doença, que no fim de pouco mais de dous meses o levou desta para a melhor. Note que, até começar a agonia, nunca perdeu a razão nem a força d'alma. Conversava com as visitas, mandava-as relacionar, não esquecia mesmo noticiar às que chegavam, as que acabavam de sair; cousa inútil, porque uma folha amiga publicava-as todas. Na manhã do dia em que morreu ainda ouviu ler os jornais, e num deles uma pequena comunicação relativamente à sua moléstia, o que de algum modo pareceu reanimá-lo. Mas para a tarde enfraqueceu um pouco; à noite expirou.", "João Maria cedeu a Virgem e foi pintar outra; era a terceira; acabou-a em poucos dias. Pareceu-lhe o melhor dos seus trabalhos: lembrou-se de expô-lo, e foi a uma casa de espelhos e gravuras, na rua do Ouvidor. O dono hesitou, adiou, tergiversou, mas afinal aceitou o quadro, com a condição de não durar a exposição mais de três dias. João Maria, em troca, impôs outra: que ao quadro fosse apenso um rótulo, com o nome dele e a circunstância de não saber nada. A primeira noite, depois da aceitação do quadro, foi como uma véspera de bodas. De manhã, logo que almoçou, correu para a rua do Ouvidor, a ver se havia muita gente a admirar o quadro. Não havia então ninguém; ele foi para baixo, voltou para cima, rondando a porta, espiando, até que entrou e falou ao caixeiro.", "A fazenda é vasta e a casa excelente. Não te direi que gosto da vida agrícola; não gosto, não me dou com ela. Mas viver num recanto como este, a dous passos do mato, a tantas léguas da rua do Ouvidor, isso creio que se dá com a minha índole. Consultaremos titia. Eu não sei o que é amar o tumulto exterior; acho que é dispersar a alma e crestar a flor dos sentimentos. Nasci para monge... e creio que também para déspota, porque estou a planear uma vida ignorada e deserta, sem consultar tuas preferências. Sou um Cromwell com tendências de frade; ou, por dizer tudo numa só palavra: sou um Lutero... muito inferior.", "Emílio era em muitos pontos o contraste de Marcos, seu irmão. Primeiramente, era um dandy, turbulento, frívolo, sedento de diversões, vivendo na rua e na casa dos outros, dans le monde. Tinha cóleras que duravam o tempo das opiniões; minutos apenas. Era alegre, falador, expansivo, como um namorado de primeira mão. Gastava às mãos largas. Vivia duas horas por dia em casa do alfaiate, uma hora em casa do cabeleireiro, o resto do tempo na rua do Ouvidor; salvo o tempo em que dormia em casa, que não era a mesma casa de D. Venância, e o pouco em que ia visitar a tia. Exteriormente era um elegante; interiormente era um bom rapaz, mas um verdadeiro bom rapaz.", "Jorge, pelo contrário, mostrava-se retraído e mudo. Luís Garcia, à mesa do jantar, examinava-lhe a furto a expressão dos olhos tristes e a ruga desenhada entre as sobrancelhas, gesto que indicava nele o despeito e a irritação. Na verdade, era duro enviar para a guerra um dos mais belos ornamentos da paz. Naqueles olhos não morava habitualmente a tristeza; eles eram, de costume, brandos e pacíficos. Um bigode negro e basto, obra comum da natureza e do cabeleireiro, cobria-lhe o lábio e dava ao rosto a expressão viril que este não tinha. A estatura esbelta e nobre era a única feição que absolutamente podia ser militar. Elegante, ocupava Jorge um dos primeiros lugares entre os dandies da rua do Ouvidor; ali podia ter nascido, ali poderia talvez morrer.", "Um dia (dois anos passados), viu ela um guarda-marinha na rua do Ouvidor; era ele. Teve um estremeção de alegria; logo depois empalideceu quando reparou que o belo guarda-marinha disfarçadamente desviava os olhos. Nesse dia parece que a inglesinha Barcelos verteu uma lágrima, mas foi de raiva, e não na rua, mas em casa, pensando no biltre. Biltre foi o nome que lhe deu. A princípio chamava-lhe \"delícia da minha alma\".", "A bisca era o espetáculo deles, a ópera, a rua do Ouvidor, Petrópolis, Tijuca, tudo o que podia exprimir um recreio, um passeio, um repouso. A alegria da esposa voltou ao que era. Quanto ao marido, se não ficou tão expansivo como de costume, achou algum prazer e muita esperança nos números das cartas. Jogou a bisca fazendo cálculos, conforme a primeira carta que saísse, depois a segunda, depois a terceira; esperou a última; adotou outras combinações, a ver os bichos que correspondiam a elas, e viu muitos deles, mas principalmente o macaco e a cobra; firmou-se nestes.", "Há muitos anos. O sino de São Francisco de Paula bateu duas horas. Desde pouco mais de meia noite deixou este rapaz, João Fernandes, o botequim da rua do Hospício, onde lhe deram chá com torradas, e um charuto, por cinco tostões. João Fernandes desceu pela rua do Ouvidor; na esquina da dos Ourives viu uma patrulha. Na da Quitanda deu com dois caixeiros que conversavam antes de ir cada um para o seu armazém. Não os conhecia, mas presumiu que fossem tais, e acertou; eram ambos moços, quase imberbes. Falavam de amores.", "No fim da rua do Ouvidor, que ainda não era a via dolorosa dos maridos pobres, perto da antiga rua dos Latoeiros, morava por esse tempo um tal Tomé Gonçalves, homem abastado, e, segundo algumas induções, vereador da câmara. Vereador ou não, este Tomé Gonçalves não tinha só dinheiro, tinha também dívidas, não poucas, nem todas recentes. O descuido podia explicar os seus atrasos, a velhacaria também; mas quem opinasse por uma ou outra dessas interpretações mostraria que não sabe ler uma narração grave. Realmente, não valia a pena dar-se ninguém à tarefa de escrever algumas laudas de papel para dizer que houve, nos fins do século passado, um homem que, por velhacaria ou deleixo, deixava de pagar aos credores. A tradição afirma que este nosso concidadão era exato em todas as cousas, pontual nas obrigações mais vulgares, severo e até meticuloso. A verdade é que as ordens terceiras e irmandades que tinham a fortuna de o possuir (era irmão remido de muitas, desde o tempo em que usava pagar), não lhe regateavam provas de afeição e apreço; e, se é certo que foi vereador, como tudo faz crer, pode-se jurar que o foi a contento da cidade.", "De manhã tinha o relógio parado. Chegando à cidade, desci a rua do Ouvidor, até à da Quitanda, e indo a voltar à direita, para ir ao escritório do meu advogado, lembrou-me ver que horas eram. Não me acudiu que o relógio estava parado.", "Um dia, porém, surgiu no horizonte a vela salvadora de João Barbosa. Apresentado à viúva do oficial de marinha, em uma loja da rua do Ouvidor, ficou tão cativo de suas maneiras e das graças que lhe sobreviviam, tão cativo que pediu a honra de travar relações mais estreitas. Dona Lucinda era mulher, isto é, adivinhou o que se passara no coração do septuagenário, antes mesmo que este desse acordo de si. Uma esperança iluminou o coração da viúva; aceitou-a como um presente do céu.", "Enfim, lei. Nunca fui, nem o cargo me consentia ser propagandista da abolição, mas confesso que senti grande prazer quando soube da votação final do Senado e da sanção da Regente. Estava na rua do Ouvidor, onde a agitação era grande e a alegria, geral.", "Nesse mesmo dia, tratando de aparelhar os ânimos, comecei a espalhar que talvez fosse para o Norte como secretário de província, a fim de realizar certos desígnios políticos, que me eram pessoais. Disse-o na rua do Ouvidor, repeti-o no dia seguinte, no Pharoux e no teatro. Alguns, ligando a minha nomeação à do Lobo Neves, que já andava em boatos, sorriam maliciosamente, outros batiam-me no ombro. No teatro disse-me uma senhora que era levar muito longe o amor da escultura. Referia-se às belas formas de Virgília.", "O carro entrara na rua do Ouvidor; os dous subiram pela mesma rua. Logo acima da rua da Quitanda, parara o carro à porta de uma loja, e as senhoras apearam-se e entraram. Mendonça não as viu sair; mas viu o carro e suspeitou que fosse o mesmo. Apressou o passo sem dizer nada a Andrade, que fez o mesmo, movido por essa natural curiosidade que sente um homem quando percebe algum segredo oculto.", "Mas não fora essa crua e malfadada crise, e é quase certo que ele meteria uma lança na África daqueles dias, que era um ponto muito sério e grave, a questão magna da rua do Ouvidor e da casa do José Tomás, a ponderosa, crespa e complicada questão de saber se a Steffanoni estrearia no Ernani. Esta questão, de que o leitor se ri hoje, como se hão de rir os seus sobrinhos de outras análogas puerilidades, esta pretensão a que se opunha a Lagrua, alegando que o Ernani era seu, pretensão que fazia gemer as almas e os prelos daquele tempo, era cousa muito própria a espertar os brios do nosso Estêvão, tão marechal nas cousas mínimas, como recruta nas cousas máximas.", "No dia seguinte, Vicente entrou a fazer os preparativos de viagem; comprou a mala necessária, e já ia com ela atravessando a rua do Ouvidor para ir à casa, quando viu à porta do Hotel de Europa, na rua do Carmo um homem falando para dentro de um carro.", "Tais eram as calamidades com que o destino quisera abater o ânimo de Camilo. Todas elas repassou na memória o infeliz viajante, até que ouviu bater oito horas da noite. Saiu um pouco para tomar ar, e ainda mais se lhe acenderam as saudades de Paris. Tudo lhe parecia lúgubre, acanhado, mesquinho. Olhou com desdém olímpico para todas as lojas da rua do Ouvidor, que lhe pareceu apenas um beco muito comprido e muito iluminado. Achava os homens deselegantes, as senhoras, desgraciosas. Lembrou-se, porém, que Santa Luzia, sua cidade natal, era ainda menos parisiense que o Rio de Janeiro, e então, abatido com esta importuna ideia, correu para o hotel e deitou-se a dormir.", "Era à porta de uma igreja. Eu esperava que as minhas primas Claudina e Rosa tomassem água benta, para conduzi-las à nossa casa, onde estavam hospedadas. Tinham vindo de Sapucaia, pelo Carnaval, e demoraram-se dous meses na Corte. Era eu que as acompanhava a toda a parte, missas, teatros, rua do Ouvidor, porque minha mãe, com o seu reumático, mal podia mover-se dentro de casa, e elas não sabiam andar sós. Sapucaia era a nossa pátria comum. Embora todos os parentes estivessem dispersos, ali nasceu o tronco da família. Meu tio José Ribeiro, pai destas primas, foi o único, de cinco irmãos, que lá ficou lavrando a terra e figurando na política do lugar. Eu vim cedo para a Corte, donde segui a estudar e bacharelar-me em São Paulo. Voltei uma só vez a Sapucaia, para pleitear uma eleição, que perdi.", "Era há cinco anos, e na época das câmaras. A rua do Ouvidor é nessa época o grande pasmatório da capital; ali vão ter os deputados e os curiosos, os políticos por ofício e por devoção. À porta da loja em que vemos Daniel estão dois deputados conversando; trata-se de uma interpelação para o dia seguinte. Daniel, encostado ao mostrador, do lado da rua, fuma negligentemente um charuto, e olha distraído algumas mulheres que vão passando.", "- Não se lembra que me disse na rua do Ouvidor, quando falávamos das proezas da...", "Ainda não disse - porque os capítulos atropelam-se debaixo da pena -, mas aqui está um para dizer que, por aquele tempo, as relações de Rubião tinham crescido em número. Camacho pusera-o em contacto com muitos homens políticos, a comissão das Alagoas, com várias senhoras, os bancos e companhias, com pessoas do comércio e da praça, os teatros, com alguns frequentadores e a rua do Ouvidor, com toda a gente. Já então era um nome repetido. Conhecia-se o homem. Quando apareciam as barbas e o par de bigodes longos, uma sobrecasaca bem justa, um peito largo, bengala de unicórnio, e um andar firme e senhor, dizia-se logo que era o Rubião - um ricaço de Minas.", "Na rua do Ouvidor encontrou o Doutor Meneses, jovem advogado com quem entretinha relações.", "Efetivamente aqui aportou no Rio de Janeiro o imortal Rui. A cidade não oferecia então o aspecto que hoje tem. A rua do Ouvidor não era a via elegante da capital; nem o Rossio estava transformado no jardim que aí vemos. Eram os belos tempos de Vidigal e seus granadeiros, de cujas proezas tão habilmente falou o nosso chorado Dr. Manuel de Almeida, talento como poucos.", "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?", "Eram três horas da tarde, quando ele resolveu deixar o refúgio. Que alegria, quando chegou à rua do Ouvidor! Era tão insólita que fez desconfiar algumas pessoas; ele, porém, não contou nada a ninguém, e explicou Iguaçu como pôde.", "Seguimos para o Hotel da Europa, que é na rua do Ouvidor; lá me deram um aposento e um almoço. Acendemos charutos e saímos.", "Depois fez a estatística da rua do Ouvidor, na véspera, entre uma e quatro horas da tarde. Conhecia os nomes das fazendas e todas as cores modernas. Citou as principais toilettes do dia. A primeira foi a de Mme Pena Maia, baiana distinta, très pschutt. A segunda foi a de Mlle. Pedrosa, filha de um desembargador de São Paulo, adorable. E apontou mais três, comparou depois as cinco, deduziu e concluiu. Às vezes esquecia-se e falava francês; pode mesmo ser que não fosse esquecimento, mas propósito; conhecia bem a língua, exprimia-se com facilidade e formulara um dia este axioma etnológico - que há parisienses em toda a parte. De caminho, explicou um problema de voltarete.", "Três dias depois encontrou-os Julião no teatro; num dos intervalos conversaram muito; noutro levou-os Julião ao camarote, onde estavam a irmã e a tia. A apresentação foi fácil, a conversa interessante, a recíproca impressão excelente. Uma semana mais tarde, encontraram-se em uma loja da rua do Ouvidor, a família Trindade e o Dr. Pimentel; este noticiou que acompanhava o parente da família a São Paulo, mas que esperava voltar sozinho, para regressar à província natal. Na véspera de sair, dirigiu-se ao Engenho Velho e deixou lá um cartão de despedida.", "Desculpe V. Excia. o tremido da letra e o desgrenhado do estilo; entendê-los-á daqui a pouco. Hoje, à tardinha, acabado o jantar, enquanto esperava a hora do Cassino, estirei-me no sofá e abri um tomo de Plutarco. V. Excia., que foi meu companheiro de estudos, há de lembrar-se que eu, desde rapaz, padeci esta devoção do grego; devoção ou mania, que era o nome que V. Excia. lhe dava, e tão intensa que me ia fazendo reprovar em outras disciplinas. Abri o tomo, e sucedeu o que sempre se dá comigo quando leio alguma coisa antiga: transporto-me ao tempo e ao meio da ação ou da obra. Depois de jantar é excelente. Dentro de pouco acha-se a gente numa via romana, ao pé de um pórtico grego ou na loja de um gramático. Desaparecem os tempos modernos, a insurreição da Herzegovina, a guerra dos carlistas, a rua do Ouvidor, o circo Chiarini. Quinze ou vinte minutos de vida antiga, e de graça. Uma verdadeira digestão literária.", "Explica-se menos o desalinho com que daí a meses começou a vestir-se. Educado com hábitos de elegância, era antigo freguês de um dos principais alfaiates da corte, o Plum, não passando um só dia em que não fosse pentear-se ao Desmarais e Gérard, coiffeurs de la cour, à rua do Ouvidor. Parece que achou enfatuada esta denominação de cabeleireiros do paço, e castigou-os indo pentear-se a um barbeiro ínfimo. Quanto ao motivo que o levou a trocar de traje, repito que é inteiramente obscuro, e a não haver sugestão da idade, é inexplicável. A despedida do cozinheiro é outro enigma. Nicolau, por insinuação do cunhado, que o queria distrair, dava dois jantares por semana; e os convivas eram unânimes em achar que o cozinheiro dele primava sobre todos os da capital. Realmente os pratos eram bons, alguns ótimos, mas o elogio era um tanto enfático, excessivo, para o fim justamente de ser agradável ao Nicolau, e assim aconteceu algum tempo. Como entender, porém, que um domingo, acabado o jantar, que fora magnífico, despedisse ele um varão tão insigne, causa indireta de alguns dos seus mais deleitosos momentos na terra? Mistério impenetrável.", "Eram os vinte anos que irrompiam cálidos, férvidos, incapazes de engolir a afronta e dissimular. Gonçalves foi por ali fora, rua do Passeio, rua da Ajuda, rua dos Ourives, até à rua do Ouvidor. Depois lembrou-se que a casa do correspondente, na rua do Hospício, ficava entre as de Uruguaiana e dos Andradas; subiu, pois, a do Ouvidor para ir tomar a primeira destas. Não via ninguém, nem as moças bonitas que passavam, nem os sujeitos que lhe diziam adeus com a mão. Ia andando à maneira de touro. Antes de chegar à rua de Uruguaiana, alguém chamou por ele." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Rodrigo%20Silva%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020011-040%2C%20Brazil", "name": "Rua do Parto", "description": "Rua do Parto era o nome dado ao trecho da rua de São José compreendido entre a rua dos Ourives e o largo da Carioca. 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Não a achou; apenas um farmacêutico da rua da Ajuda se lembrava de ter vendido uma onça de qualquer droga, três dias antes, à pessoa que tinha os sinais indicados. Cândido Neves parecia falar como dono da escrava, e agradeceu cortesmente a notícia. Não foi mais feliz com outros fugidos de gratificação incerta ou barata.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Naquela reviu todas as suas notas de escravos fugidos. As gratificações pela maior parte eram promessas; algumas traziam a soma escrita e escassa. Uma, porém, subia a cem mil-réis. Tratava-se de uma mulata; vinham indicações de gesto e de vestido. Cândido Neves andara a pesquisá-la sem melhor fortuna, e abrira mão do negócio; imaginou que algum amante da escrava a houvesse recolhido. Agora, porém, a vista nova da quantia e a necessidade dela animaram Cândido Neves a fazer um grande esforço derradeiro. Saiu de manhã a ver e indagar pela rua e largo da Carioca, rua do Parto e da Ajuda, onde ela parecia andar, segundo o anúncio. 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Só era pesada a palmatória, e ainda assim... Ó palmatória, terror dos meus dias pueris, tu que foste o compelle intrare com que um velho mestre, ossudo e calvo, me incutiu no cérebro o alfabeto, a prosódia, a sintaxe, e o mais que ele sabia, benta palmatória, tão praguejada dos modernos, quem me dera ter ficado sob o teu jugo, com a minha alma imberbe, as minhas ignorâncias, e o meu espadim, aquele espadim de 1814, tão superior à espada de Napoleão! Que querias tu, afinal, meu velho mestre de primeiras letras? Lição de cor e compostura na aula; nada mais, nada menos do que quer a vida, que é das últimas letras; com a diferença que tu, se me metias medo, nunca me meteste zanga. Vejo-te ainda agora entrar na sala, com as tuas chinelas de couro branco, capote, lenço na mão, calva à mostra, barba rapada; vejo-te sentar, bufar, grunhir, absorver uma pitada inicial, e chamar-nos depois à lição. E fizeste isto durante vinte e três anos, calado, obscuro, pontual, metido numa casinha da rua do Piolho, sem enfadar o mundo com a tua mediocridade, até que um dia deste o grande mergulho nas trevas, e ninguém te chorou, salvo um preto velho - ninguém, nem eu, que te devo os rudimentos da escrita.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Rui_de_Leão#rui-de-leao", "headline": "Rui de Leão", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Prepararam emboscada ao invencível Rui de Leão; deu-se o caso na rua do Piolho, em noite de tormenta, estando a rua mais deserta que um Saara. O criado armou-se com o arcabuz do crime; e desfechou o tiro na cara de Rui. A vítima soltou um espirro e continuou tranquilamente a viagem.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tinha amarguras esse tempo; tinha os ralhos, os castigos, as lições árduas e longas, e pouco mais, mui pouco e mui leve. 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E fizeste isto durante vinte e três anos, calado, obscuro, pontual, metido numa casinha da rua do Piolho, sem enfadar o mundo com a tua mediocridade, até que um dia deste o grande mergulho nas trevas, e ninguém te chorou, salvo um preto velho - ninguém, nem eu, que te devo os rudimentos da escrita.", "Prepararam emboscada ao invencível Rui de Leão; deu-se o caso na rua do Piolho, em noite de tormenta, estando a rua mais deserta que um Saara. O criado armou-se com o arcabuz do crime; e desfechou o tiro na cara de Rui. 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Só Lúcia estava à janela, mas nem por isso deixou de haver o cerimonial do domingo anterior.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Foram a pé do Flamengo à rua do Príncipe; três a quatro minutos. Raimundo estava na rua, mas viu gente à porta e veio abri-la. O interior da casa tinha a feição do abandono, sem a fixidez e regularidade das cousas, que parecem conservar um resto da vida interrompida; era o abandono do desmazelo. Mas, por outro lado, o transtorno dos móveis da sala exprimia bem o delírio do morador, suas ideias tortas e confusas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "No dia seguinte Mariquinhas voltou para casa, mas nem na rua do Príncipe nem na da Princesa apareceu a figura de João dos Passos. Aconteceu o mesmo nos outros dias, e já uma e outra das duas amigas tinham perdido a esperança de o tornarem a ver, quando no domingo próximo surgiu ele na rua do Príncipe. Só Lúcia estava à janela, mas nem por isso deixou de haver o cerimonial do domingo anterior.", "Foram a pé do Flamengo à rua do Príncipe; três a quatro minutos. Raimundo estava na rua, mas viu gente à porta e veio abri-la. O interior da casa tinha a feição do abandono, sem a fixidez e regularidade das cousas, que parecem conservar um resto da vida interrompida; era o abandono do desmazelo. Mas, por outro lado, o transtorno dos móveis da sala exprimia bem o delírio do morador, suas ideias tortas e confusas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Ros%C3%A1rio%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-000%2C%20Brazil", "name": "Rua do Rosário", "description": "A rua do Rosário, localizada no Centro da cidade do Rio de Janeiro, ia do mar até a rua da Vala, atual Uruguaiana. Recebeu este nome em homenagem à igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, que, na verdade, ficava localizada na rua da Vala.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Ros%C3%A1rio%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020091-000%2C%20Brazil", "lat": "-22.9025945", "long": "-43.177395", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. do Rosário - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20091-000, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9025945,-43.177395" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Antes_que_cases...#antes-que-cases", "headline": "Antes Que Cases...", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Papéis_Avulsos#o-emprestimo", "headline": "O Empréstimo", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nunes, à rua do Rosário. Os escreventes deram ainda as últimas penadas: depois limparam as penas de ganso na ponta de seda preta que pendia da gaveta ao lado; fecharam as gavetas, concertaram os papéis, arrumaram os autos e os livros, lavaram as mãos; alguns que mudavam de paletó à entrada despiram o do trabalho e enfiaram o da rua; todos saíram. Vaz Nunes ficou só.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Felizmente, naquela mesma rua da Quitanda, à esquerda, entre as do Ouvidor e Rosário, era a oficina onde eu comprara o relógio, e a cuja pêndula usava acertá-lo. Em vez de ir para um lado, fui para outro. Era apenas meia hora; dei corda ao relógio, acertei-o, troquei duas palavras com o oficial que estava ao balcão, e indo a sair, vi à porta de uma loja de novidades que ficava defronte, nem mais nem menos que a senhora de escuro que encontrara em casa do comendador. Cumprimentei-a, ela correspondeu depois de alguma hesitação, como se me não houvesse reconhecido logo, e depois seguiu pela rua da Quitanda fora, ainda para o lado esquerdo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "Tinham batido quatro horas no cartório do tabelião Vaz Nunes, à rua do Rosário. Os escreventes deram ainda as últimas penadas: depois limparam as penas de ganso na ponta de seda preta que pendia da gaveta ao lado; fecharam as gavetas, concertaram os papéis, arrumaram os autos e os livros, lavaram as mãos; alguns que mudavam de paletó à entrada despiram o do trabalho e enfiaram o da rua; todos saíram. Vaz Nunes ficou só.", "Felizmente, naquela mesma rua da Quitanda, à esquerda, entre as do Ouvidor e Rosário, era a oficina onde eu comprara o relógio, e a cuja pêndula usava acertá-lo. Em vez de ir para um lado, fui para outro. Era apenas meia hora; dei corda ao relógio, acertei-o, troquei duas palavras com o oficial que estava ao balcão, e indo a sair, vi à porta de uma loja de novidades que ficava defronte, nem mais nem menos que a senhora de escuro que encontrara em casa do comendador. Cumprimentei-a, ela correspondeu depois de alguma hesitação, como se me não houvesse reconhecido logo, e depois seguiu pela rua da Quitanda fora, ainda para o lado esquerdo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pres.%20Vargas%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "name": "Rua do Sabão", "description": "Antigamente, havia uma longa rua que começava em frente à porta principal da Alfândega (onde hoje está a Casa França-Brasil) e terminava no campo da Aclamação (atual praça da República, também conhecida como Campo de Santana). O trecho mais próximo ao campo da Aclamação se chamava rua do Sabão. Posteriormente, essa longa rua passou a ter a denominação única de rua General Câmara, a qual corresponde ao que é hoje a pista lateral (lado ímpar) da avenida Presidente Vargas.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Av.%20Pres.%20Vargas%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9013228", "long": "-43.1790716", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "Section of populated place", "gn:name": "Av. Pres. 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Pedro I à rua do Riachuelo. Foi aberta, por ordem do Senado da Câmara (por essa razão, ficou conhecida como rua do Senado), junto à encosta do então morro Pedro Dias. Desde a abertura, o logradouro destacou-se pela sua dinâmica comercial, embora abrigasse também residências da pequena classe média.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20do%20Senado%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9099016", "long": "-43.1868898", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. do Senado - Centro, Rio de Janeiro - RJ, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9099016,-43.1868898" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Fui, cheguei aos Arcos, entrei na rua de Matacavalos. A casa não era logo ali, mas muito além da dos Inválidos, perto da do Senado. Três ou quatro vezes, quisera interrogar o meu companheiro, sem ousar abrir a boca; mas agora, já nem tinha tal desejo. Ia só andando, aceitando o pior, como um gesto do destino, como uma necessidade da obra humana, e foi então que a Esperança, para combater o Terror, me segredou ao coração, não estas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma ideia que poderia ser traduzida por elas: \"Mamãe defunta, acaba o seminário\".", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Chegaram à casa na rua do Senado; o pai foi dormir, a filha não se deitou logo, deixou-se estar em uma cadeirinha, ao pé da cômoda, onde tinha uma imagem da Virgem. Não trazia ideias de paz nem de candura. Sem conhecer o amor, tinha notícia do adultério, e a pessoa de Sofia pareceu-lhe hedionda. Via nela agora um monstro, metade gente, metade cobra, e sentiu que a aborrecia, que era capaz de vingar-se exemplarmente, de dizer tudo ao marido.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Fui, cheguei aos Arcos, entrei na rua de Matacavalos. A casa não era logo ali, mas muito além da dos Inválidos, perto da do Senado. Três ou quatro vezes, quisera interrogar o meu companheiro, sem ousar abrir a boca; mas agora, já nem tinha tal desejo. Ia só andando, aceitando o pior, como um gesto do destino, como uma necessidade da obra humana, e foi então que a Esperança, para combater o Terror, me segredou ao coração, não estas palavras, pois nada articulou parecido com palavras, mas uma ideia que poderia ser traduzida por elas: \"Mamãe defunta, acaba o seminário\".", "Chegaram à casa na rua do Senado; o pai foi dormir, a filha não se deitou logo, deixou-se estar em uma cadeirinha, ao pé da cômoda, onde tinha uma imagem da Virgem. Não trazia ideias de paz nem de candura. Sem conhecer o amor, tinha notícia do adultério, e a pessoa de Sofia pareceu-lhe hedionda. Via nela agora um monstro, metade gente, metade cobra, e sentiu que a aborrecia, que era capaz de vingar-se exemplarmente, de dizer tudo ao marido." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Sen.%20Vergueiro%20-%20Flamengo%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022230-001%2C%20Brazil", "name": "Rua do Senador Vergueiro", "description": "A rua do Senador Vergueiro é uma das mais antigas do Rio de Janeiro. Começa na praça José de Alencar e termina na praia de Botafogo. Liga os bairros do Flamengo e de Botafogo, na zona Sul da cidade. No século XVI era conhecida como o caminho da Pedreira, pois ligava a ponte do Salema, que existia sobre o rio Carioca no local da atual praça José de Alencar, à pedreira do morro da Viúva. Depois, denominou-se Caminho Velho de Botafogo. Recebeu o seu nome atual em 1866, em homenagem ao senador do Império Nicolau Pereira Campos Vergueiro (1778-1859).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Sen.%20Vergueiro%20-%20Flamengo%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022230-001%2C%20Brazil", "lat": "-22.9369456", "long": "-43.1757809", "gn:featureCode": "RD", "gn:featureCodeName": "Road", "gn:name": "R. Sen. 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No primeiro domingo, Santos pegou em si, e foi à casa do doutor Plácido, rua do Senador Vergueiro, uma casa baixa, de três janelas, com muito terreno para o lado do mar. Creio que já não existe: datava do tempo em que a rua era o Caminho Velho, para diferençar do Caminho Novo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Santos cria na santidade do juramento; por isso, resistiu, mas enfim cedeu e jurou. Entretanto, o pensamento não lhe saiu mais da briga uterina dos filhos. Quis esquecê-la. Jogou essa noite, como de costume; na seguinte, foi ao teatro; na outra, a uma visita; e tornou ao voltarete do costume, e a briga sempre com ele. Era um mistério. Talvez fosse um caso único... único! Um caso único! A singularidade do caso fê-lo agarrar-se mais à ideia, ou a ideia a ele; não posso explicar melhor este fenômeno íntimo, passado lá onde não entra olho de homem, nem bastam reflexões ou conjecturas. Nem por isso durou muito tempo. No primeiro domingo, Santos pegou em si, e foi à casa do doutor Plácido, rua do Senador Vergueiro, uma casa baixa, de três janelas, com muito terreno para o lado do mar. Creio que já não existe: datava do tempo em que a rua era o Caminho Velho, para diferençar do Caminho Novo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Sr.%20dos%20Passos%2C%20140%20-%20Centro", "name": "Rua do Senhor dos Passos", "description": "A rua Senhor dos Passos começava na rua dos Andradas (hoje começa na rua Uruguaiana) e terminava (e termina até hoje) na praça da República, também conhecida como campo de Santana (antigo campo da Aclamação), no Centro do Rio de Janeiro. Já foi conhecida como beco do Cordoeiro, beco do Couto e rua do Couto. Em 1843, o beco recebeu definitivamente o nome de rua do Senhor dos Passos. Nela fica a igreja do Senhor dos Passos, que tem origem numa ermida construída na primeira metade do século XVIII (1737).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Sr.%20dos%20Passos%2C%20140%20-%20Centro", "lat": "-22.9040466", "long": "-43.1866175", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. Sr. dos Passos, 140 - Centro", "gn:uri": "https://maps.app.goo.gl/J6zDZSRcCjjJErjS7" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Aqui o major chorou, mas suspendeu de repente as lágrimas. A filha, comovida, sentiu-se também vexada. Certo, a casa dizia a pobreza da família, poucas cadeiras, uma mesa redonda velha, um canapé gasto; nas paredes duas litografias encaixilhadas e em pinho pintado de preto, uma era o retrato do major em 1857, a outra representava o Veronês em Veneza, comprado na rua do Senhor dos Passos. Mas o trabalho da filha transparecia em tudo; os móveis reluziam de asseio, a mesa tinha um pano de crivo, feito por ela, o canapé, uma almofada. E era falso que D. Tonica não lustrasse as unhas; não teria o pó nem a camurça, mas acudia-lhes com um retalho de pano todas as manhãs.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aqui o major chorou, mas suspendeu de repente as lágrimas. A filha, comovida, sentiu-se também vexada. Certo, a casa dizia a pobreza da família, poucas cadeiras, uma mesa redonda velha, um canapé gasto; nas paredes duas litografias encaixilhadas e em pinho pintado de preto, uma era o retrato do major em 1857, a outra representava o Veronês em Veneza, comprado na rua do Senhor dos Passos. Mas o trabalho da filha transparecia em tudo; os móveis reluziam de asseio, a mesa tinha um pano de crivo, feito por ela, o canapé, uma almofada. E era falso que D. Tonica não lustrasse as unhas; não teria o pó nem a camurça, mas acudia-lhes com um retalho de pano todas as manhãs." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Dois%20de%20Dezembro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022220-040%2C%20Brazil", "name": "Rua Dois de Dezembro", "description": "A rua Dois de Dezembro localiza-se no Flamengo, zona Sul do Rio de Janeiro. Começa na praia do Flamengo e termina na rua Bento Lisboa, já no bairro do Catete. Em 1854, foi aberto o primeiro trecho, que ia somente da praia até a rua do Catete, com o nome de rua do Infante. Em 1858, foi aberto o segundo trecho, entre as ruas do Catete e da Pedreira da Candelária (hoje rua Bento Lisboa), que recebeu o nome de Dous de Dezembro, em homenagem à data de nascimento D. Pedro II. Em 1874, os dois trechos passaram a ter uma única denominação.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Dois%20de%20Dezembro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2022220-040%2C%20Brazil", "lat": "-22.9298899", "long": "-43.1765741", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. Dois de Dezembro, Rio de Janeiro - RJ, 22220-040, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9298899,-43.1765741" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião, vendo a intervenção de D. Tonica, animou-se a defender longamente a família Palha. Era em casa do major, não já na rua Dous de Dezembro, mas na dos Barbonos, modesto sobradinho. Rubião passava, ele estava à janela, e chamou-o. D. Tonica não teve tempo de sair da sala, para dar, ao menos, uma vista d'olhos ao espelho; mal pôde passar a mão pelo cabelo, compor o laço de fita ao pescoço e descer o vestido para cobrir os sapatos, que não eram novos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rubião, vendo a intervenção de D. Tonica, animou-se a defender longamente a família Palha. Era em casa do major, não já na rua Dous de Dezembro, mas na dos Barbonos, modesto sobradinho. Rubião passava, ele estava à janela, e chamou-o. D. 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Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Se o jardim era a parte mais alegre da casa, o domingo era o dia mais festivo da semana. No sábado à tarde, acabado o jantar, descia Raimundo até à rua dos Arcos, a buscar a sinhá moça, que estava sendo educada em um colégio. Luís Garcia esperava por eles, sentado à porta ou encostado à janela, quando não era escondido em algum recanto da casa para fazer rir a pequena. Se a menina o não via à janela ou à porta, percebia que se escondera e corria a casa, onde não era difícil dar com ele, porque os recantos eram poucos. Então caíam nos braços um do outro. Luís Garcia pegava dela e sentava-a nos joelhos. Depois, beijava-a, tirava-lhe o chapelinho, que cobria os cabelos acastanhados e lhe tapava parte da testa rosada e fina; beijava-a outra vez, mas então nos cabelos e nos olhos - os olhos, que eram claros e filtravam uma luz insinuante e curiosa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Melhor_das_noivas#a-melhor-das-noivas", "headline": "A Melhor das Noivas", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "João Barbosa fez-lhe os seus mais vivos protestos, e tratou de vestir-se para sair. 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Se confessasse desde logo, podia acontecer também que a outra afrouxasse na tarefa, e lá se perdia a causa. Não façamos caso disto, são pequenos cálculos de moça.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_por_outra#uma-por-outra", "headline": "Uma Por Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "\"A vida é onda dividida em duas... \" Oh! Quantas vezes disse eu este recitativo aos rapazes da Escola e a uma família da rua dos Arcos! Não frequentava outras casas; a família compunha-se de um casal e de uma tia, que também fazia versos. Só muitos anos depois vim a entender que os versos dela eram maus; naquele tempo achava-os excelentes. Também ela gostava dos meus, e os do recitativo, dizia-os sublimes. Sentava-se ao piano um pouco desafinado, logo que eu lá entrava, e, voltada para mim:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Depois de hesitar uns dez minutos, e de tomar ora por uma, ora por outra rua, Alfredo seguiu enfim pela da Quitanda na direção da de São José. Sua ideia era subir depois por esta, entrar na da Ajuda, ir pela do Passeio, dobrar a dos Arcos, vir pela do Lavradio até ao Rossio, descer pela do Rosário até a Direita, onde iria tomar chá ao Carceller, depois do quê se recolheria a casa estafado e com sono.", "Se o jardim era a parte mais alegre da casa, o domingo era o dia mais festivo da semana. No sábado à tarde, acabado o jantar, descia Raimundo até à rua dos Arcos, a buscar a sinhá moça, que estava sendo educada em um colégio. Luís Garcia esperava por eles, sentado à porta ou encostado à janela, quando não era escondido em algum recanto da casa para fazer rir a pequena. 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Rita estava certa de ser amada; Camilo não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem para a casa da cartomante.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Ia casar, disse-me com quem, com uma moça da rua dos Barbonos. 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Cortejamo-nos afetuosamente, a sege seguiu, e eu fui andando... andando... andando...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#pai-contra-mae", "headline": "Pai Contra Mãe", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "- Se você não a quer levar, deixe isso comigo; eu vou à rua dos Barbonos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Pobre_Finoca!#pobre-finoca", "headline": "Pobre Finoca!", "genre": "Conto", "datePublished": "1891", "text": "Seguiu-as, meteu-se no mesmo bonde, que as levou ao largo da Lapa, onde se apearam e foram pela rua das Mangueiras. Nesta morava Alberta; a outra, na dos Barbonos. A amiga ainda lhe deu uma esmola; a avara Finoca nem voltou a cabeça.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião, vendo a intervenção de D. Tonica, animou-se a defender longamente a família Palha. Era em casa do major, não já na rua Dous de Dezembro, mas na dos Barbonos, modesto sobradinho. Rubião passava, ele estava à janela, e chamou-o. D. Tonica não teve tempo de sair da sala, para dar, ao menos, uma vista d'olhos ao espelho; mal pôde passar a mão pelo cabelo, compor o laço de fita ao pescoço e descer o vestido para cobrir os sapatos, que não eram novos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_almoço#um-almoco", "headline": "Um Almoço", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Seixas cedeu; José Marques contou mais um argumento para o caso das vantagens dadas pelo compromisso da ordem em favor dos que lá metessem certo número de irmãos. No mesmo dia em que Seixas foi proposto e admitido, José Marques procurou-o em casa, que já não era no beco do Cotovelo, mas na rua dos Barbonos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. 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Cortejamo-nos afetuosamente, a sege seguiu, e eu fui andando... andando... andando...", "- Se você não a quer levar, deixe isso comigo; eu vou à rua dos Barbonos.", "Seguiu-as, meteu-se no mesmo bonde, que as levou ao largo da Lapa, onde se apearam e foram pela rua das Mangueiras. Nesta morava Alberta; a outra, na dos Barbonos. A amiga ainda lhe deu uma esmola; a avara Finoca nem voltou a cabeça.", "Rubião, vendo a intervenção de D. Tonica, animou-se a defender longamente a família Palha. Era em casa do major, não já na rua Dous de Dezembro, mas na dos Barbonos, modesto sobradinho. Rubião passava, ele estava à janela, e chamou-o. D. 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Bonifácio andou, voltou, foi de um lado para outro, começava a achar-se ridículo. Que horas seriam? Não lhe restava o recurso de calcular o tempo pelo sol. Sabia que era segunda-feira, dia em que costumava jantar na rua dos Beneditinos, com um comissário de café. Pensou nisso; pensou na reunião do conselheiro*** que conhecera em Petrópolis; pensou em Petrópolis, no whist; era mais feliz no whist que ao voltarete, e ainda agora recordava todas as circunstâncias de uma certa mão, em que ele pedira licença, com quatro trunfos, rei, manilha, basto, dama... E reproduzia tudo, as cartas dele como as de cada um dos parceiros, as cartas compradas, a ordem e a composição das vazas...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não se lembrava do resto, e, aliás, a ideia do Tobias pareceu-lhe ininteligível, ou, quando menos, obscura. Os cães tinham cessado de latir. Só continuava a chuva. Bonifácio andou, voltou, foi de um lado para outro, começava a achar-se ridículo. Que horas seriam? Não lhe restava o recurso de calcular o tempo pelo sol. Sabia que era segunda-feira, dia em que costumava jantar na rua dos Beneditinos, com um comissário de café. Pensou nisso; pensou na reunião do conselheiro*** que conhecera em Petrópolis; pensou em Petrópolis, no whist; era mais feliz no whist que ao voltarete, e ainda agora recordava todas as circunstâncias de uma certa mão, em que ele pedira licença, com quatro trunfos, rei, manilha, basto, dama... E reproduzia tudo, as cartas dele como as de cada um dos parceiros, as cartas compradas, a ordem e a composição das vazas..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rua%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020060-010%2C%20Brazil", "name": "Rua dos Ciganos", "description": "A antiga rua dos Ciganos, hoje rua da Constituição, situa-se no Centro da cidade do Rio de Janeiro e liga a praça da República à praça Tiradentes.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rua%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020060-010%2C%20Brazil", "lat": "-22.9069392", "long": "-43.1851065", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "Rua da Constituição - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20060-010, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9069392,-43.1851065" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#confissoes-de-uma-viuva-moca", "headline": "Confissões de Uma Viúva Moça", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "Chegamos à porta da rua dos Ciganos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#a-mulher-de-preto", "headline": "A Mulher de Preto", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "No fim do espetáculo, os dous amigos dirigiram-se pelo corredor do lado em que estivera a mulher de preto. Estêvão teve apenas nova curiosidade, a curiosidade de artista: quis vê-la de perto. Mas a porta do camarote estava fechada. Teria já saído ou não? Era impossível sabê-lo. Meneses passou sem olhar. Ao chegarem ao patamar da escada que dá para o lado da rua dos Ciganos, pararam os dous porque havia grande afluência de gente. Daí a pouco ouviu-se passo apressado; Meneses voltou o rosto, e dando o braço a Estêvão desceu imediatamente, apesar da dificuldade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Estêvão meteu a mão nos cabelos com um gesto de angústia; Luís Alves sacudiu a cabeça e sorriu. 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Escrevi-lhe; respondeu-me. Nossas pessoas foram uma para a outra por cima de uma multidão de regras morais e de perigos. Adriana é casada; o marido conta cinquenta e dous anos, ela, trinta imperfeitos. Não amou nunca, não amou mesmo o marido, com quem casou por obedecer à família. Eu ensinei-lhe ao mesmo tempo o amor e a traição; é o que ela me diz nesta casinha que aluguei fora da cidade, de propósito para nós.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Conduzira Rubião a uma casa, onde o nosso amigo ficou quase duas horas, sem o despedir; viu-o sair, entrar no tilbury, descer logo e vir a pé, ordenando-lhe que o acompanhasse. Concluiu que era ótimo freguês; mas, ainda assim, não se lembrou de inventar nada. Passou, porém, uma senhora com um menino - a da rua da Saúde - e Rubião quedou-se a olhar para ela com vistas de amor e melancolia. Aqui é que o cocheiro o teve por lascivo, além de pródigo, e encomendou-lhe as suas prendas. Se falou em rua da Harmonia foi por sugestão do bairro donde vinham; e, se disse que trouxera um moço da rua dos Inválidos, é que naturalmente transportara de lá algum, na véspera - talvez o próprio Carlos Maria -, ou porque lá morasse -, ou porque lá tivesse a cocheira -, qualquer outra circunstância que lhe ajudou a invenção, como as reminiscências do dia servem de matéria aos sonhos da noite. Nem todos os cocheiros são imaginativos. Já é muito concertar farrapos da realidade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não lhe dêem crédito; ele falava assim, para enganar-se a si próprio, para fazer crer que deixava o namoro, como se deixa um espetáculo aborrecido. Não lhe dêem crédito. 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Quis rejeitar o obséquio de Sancha; respondeu-me que eu não tinha nada com isso; também Capitu, em solteira, fora tratá-la à rua dos Inválidos.", "Nestas circunstâncias ocorreu-lhe a melhor solução que podia ter naquela crise: ir pedir pousada a D. Mônica. Ela morava na rua dos Inválidos e ele achava-se na rua do Conde. Embicou para lá, tão cheio de suas mágoas, que nem lhe lembravam as que podia ter causado à tia.", "Aires olhava para o cocheiro, cuja palavra saía deliciosa de novidade. Não lhe era desconhecida esta criatura. Já a vira, sem o tilbury, na rua ou na sala, à missa ou a bordo, nem sempre homem, alguma vez mulher, vestida de seda ou de chita. Quis saber mais, mostrou-se interessado e curioso, e acabou perguntando se realmente houvera o que dizia. 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Ouvia vozes misteriosas que lhe davam o nome de falsário, de ladrão; e a consciência dizia-lhe que sim, que ele era um ladrão e um falsário. Às vezes pensava em comprar um bilhete de Espanha, tirar a sorte grande, convocar os credores, confessar tudo, e pagar-lhes integralmente, com juro, um juro alto, muito alto, para puni-lo do crime... Mas a consciência replicava logo que era um sofisma, que os credores seriam pagos, é verdade, mas só os credores. O ato ficava intacto. Queimasse ele os livros e dispersasse as cinzas ao vento, era a mesma cousa: o crime subsistia. Assim passou três noites, três noites cruéis, até que no quarto dia, de manhã, resolveu ir ter com o Neves e revelar-lhe tudo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Como tivesse algum tempo ante mim (pouco menos de trinta minutos), dei-me a andar atrás de Maria Cora. Não digo que uma força violenta me levasse já, mas não posso esconder que cedia a qualquer impulso de curiosidade e desejo; era também um resto da juventude passada. Na rua, andando, vestida de escuro, como na véspera, Maria Cora pareceu-me ainda melhor. Pisava forte, não apressada nem lenta, o bastante para deixar ver e admirar as belas formas, mui mais corretas que as linhas do rosto. Subiu a rua do Hospício, até uma oficina de ocularista, onde entrou e ficou dez minutos ou mais. Deixei-me estar a distância, fitando a porta disfarçadamente. Depois saiu, arrepiou caminho, e dobrou a rua dos Ourives, até à do Rosário, por onde subiu até ao largo da Sé; daí passou ao de São Francisco de Paula. Todas essas reminiscências parecerão escusadas, senão aborrecíveis; a mim dão-me uma sensação intensa e particular, são os primeiros passos de uma carreira penosa e longa. Demais, vereis por aqui que ela evitava subir a rua do Ouvidor, que todos e todas buscariam àquela ou a outra hora para ir ao largo de São Francisco de Paula. 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Não lhe foi difícil apanhar o segredo de Mendonça; antes de chegar à esquina da rua dos Ourives já Andrade sabia de tudo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mágoa_do_infeliz_Cosme#a-magoa-do-infeliz-cosme", "headline": "A Mágoa do Infeliz Cosme", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "- Não, minha irmã. Um dia em que aqui estivemos, minha irmã viu este alfinete no peito de D. Carlota, e gabou-o muito. Ela disse-lhe então que o senhor lho dera um dia em que foram à rua dos Ourives, e ela ficara encantada com esta joia... 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De outra vez, indo a uma missa fúnebre na Lapa, deu com os olhos na formosa esquiva; mas foi o mesmo que se olhasse para uma pedra; a moça não se moveu; uma só fibra do rosto não se lhe alterou.", "Era meia hora depois do meio-dia, quando bebeu o ultimo gole de chá. Ergueu-se e saiu. Na rua parou. A que horas chegaria? Tarde para acabar a cópia, para que ir à Secretaria tão tarde? O diabo fora o tal assassinato, três colunas de leitura. Maldito bruto! Matar a mulher e os filhos. Aquilo foi bebedeira, de certo. Assim reflexionando, ia o Barreto, caminhando para a rua dos Ourives, sem plano, levado pelas pernas, e entrou na charutaria do Brás. Já lá achou dous amigos.", "- Não, nunca me há de esquecer o que então se passou naquela consciência - continuou o Ezequiel -; era um tumulto, um clamor, uma convulsão diabólica, um ranger de dentes, uma cousa única. O Delgado não ficava quieto três minutos; ia de um lado para outro, atônito, fugindo a si mesmo. Não dormiu nada a primeira noite. De manhã saiu para andar à toa; pensou em matar-se; chegou a entrar em uma casa de armas, à rua dos Ourives, para comprar um revólver, mas advertiu que não tinha dinheiro, e retirou-se. Quis deixar-se esmagar por um carro. Quis enforcar-se com o lenço. Não pensava no código; por mais que o revolvesse, não achava lá a ideia da cadeia. Era o próprio delito que o atormentava. Ouvia vozes misteriosas que lhe davam o nome de falsário, de ladrão; e a consciência dizia-lhe que sim, que ele era um ladrão e um falsário. Às vezes pensava em comprar um bilhete de Espanha, tirar a sorte grande, convocar os credores, confessar tudo, e pagar-lhes integralmente, com juro, um juro alto, muito alto, para puni-lo do crime... Mas a consciência replicava logo que era um sofisma, que os credores seriam pagos, é verdade, mas só os credores. O ato ficava intacto. Queimasse ele os livros e dispersasse as cinzas ao vento, era a mesma cousa: o crime subsistia. Assim passou três noites, três noites cruéis, até que no quarto dia, de manhã, resolveu ir ter com o Neves e revelar-lhe tudo.", "Como tivesse algum tempo ante mim (pouco menos de trinta minutos), dei-me a andar atrás de Maria Cora. Não digo que uma força violenta me levasse já, mas não posso esconder que cedia a qualquer impulso de curiosidade e desejo; era também um resto da juventude passada. Na rua, andando, vestida de escuro, como na véspera, Maria Cora pareceu-me ainda melhor. Pisava forte, não apressada nem lenta, o bastante para deixar ver e admirar as belas formas, mui mais corretas que as linhas do rosto. Subiu a rua do Hospício, até uma oficina de ocularista, onde entrou e ficou dez minutos ou mais. Deixei-me estar a distância, fitando a porta disfarçadamente. Depois saiu, arrepiou caminho, e dobrou a rua dos Ourives, até à do Rosário, por onde subiu até ao largo da Sé; daí passou ao de São Francisco de Paula. Todas essas reminiscências parecerão escusadas, senão aborrecíveis; a mim dão-me uma sensação intensa e particular, são os primeiros passos de uma carreira penosa e longa. Demais, vereis por aqui que ela evitava subir a rua do Ouvidor, que todos e todas buscariam àquela ou a outra hora para ir ao largo de São Francisco de Paula. Foi atravessando o largo, na direção da Escola Politécnica, mas a meio caminho veio ter com ela um carro que estava parado defronte da Escola; meteu-se nele, e o carro partiu.", "Enfim, tive uma ideia salvadora... Ah! Trapézio dos meus pecados, trapézio das concepções abstrusas! A ideia salvadora trabalhou nele como a do emplasto (capítulo II). Era nada menos que fasciná-la, fasciná-la muito, deslumbrá-la, arrastá-la; lembrou-me pedir-lhe por um meio mais concreto do que a súplica. Não medi as consequências; recorri a um derradeiro empréstimo; fui à rua dos Ourives, comprei a melhor joia da cidade, três diamantes grandes, encastoados num pente de marfim; corri à casa de Marcela.", "Ficando sós, saíram também os dous rapazes e seguiram pela rua do Ouvidor acima, ambos calados. Mendonça pensava em Margarida; Andrade pensava nos meios de entrar na confidência de Mendonça. A vaidade tem mil formas de manifestar-se, como o fabuloso Proteu. A vaidade de Andrade era ser confidente dos outros; parecia-lhe assim obter da confiança aquilo que só alcançava da indiscrição. Não lhe foi difícil apanhar o segredo de Mendonça; antes de chegar à esquina da rua dos Ourives já Andrade sabia de tudo.", "- Não, minha irmã. Um dia em que aqui estivemos, minha irmã viu este alfinete no peito de D. Carlota, e gabou-o muito. Ela disse-lhe então que o senhor lho dera um dia em que foram à rua dos Ourives, e ela ficara encantada com esta joia... Se soubesse como eu praguejei nessa ocasião contra o senhor!", "Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá ficara na farmácia, à espera dele. Também é certo que não costumava dizer grandes cousas. Foi arrastando a escrava pela rua dos Ourives, em direção à da Alfândega, onde residia o senhor. Na esquina desta a luta cresceu; a escrava pôs os pés à parede, recuou com grande esforço, inutilmente. O que alcançou foi, apesar de ser a casa próxima, gastar mais tempo em lá chegar do que devera. Chegou, enfim, arrastada, desesperada, arquejando. Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O senhor estava em casa, acudiu ao chamado e ao rumor.", "Um só incidente afligiu Sofia naquele dia puro e brilhante - foi um encontro com Rubião. Tinha entrado em uma livraria da rua do Ouvidor para comprar um romance; enquanto esperava o troco, viu entrar o amigo. 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Realmente, não valia a pena dar-se ninguém à tarefa de escrever algumas laudas de papel para dizer que houve, nos fins do século passado, um homem que, por velhacaria ou deleixo, deixava de pagar aos credores. A tradição afirma que este nosso concidadão era exato em todas as cousas, pontual nas obrigações mais vulgares, severo e até meticuloso. A verdade é que as ordens terceiras e irmandades que tinham a fortuna de o possuir (era irmão remido de muitas, desde o tempo em que usava pagar), não lhe regateavam provas de afeição e apreço; e, se é certo que foi vereador, como tudo faz crer, pode-se jurar que o foi a contento da cidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Mariana_(Machado_de_Assis)#mariana", "headline": "Mariana", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Tendo andado muito, já a pé, já de tilbury, achei-me às cinco horas da tarde no largo de São Francisco de Paula, com alguma vontade de comer; a casa ficava um pouco longe e eu queria continuar depois as minhas averiguações. 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De onde vinha pois a melancolia que tanto preocupava a rua do Ouvidor?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na rua Gonçalves Dias, indo para o largo da Carioca, Paulo viu dous ou três políticos de São Paulo, republicanos, parece que fazendeiros. Havendo-os deixado lá, admirou-se de os ver aqui, sem advertir que a última vez que os vira ia já a alguma distância.", "No fim da rua do Ouvidor, que ainda não era a via dolorosa dos maridos pobres, perto da antiga rua dos Latoeiros, morava por esse tempo um tal Tomé Gonçalves, homem abastado, e, segundo algumas induções, vereador da câmara. Vereador ou não, este Tomé Gonçalves não tinha só dinheiro, tinha também dívidas, não poucas, nem todas recentes. O descuido podia explicar os seus atrasos, a velhacaria também; mas quem opinasse por uma ou outra dessas interpretações mostraria que não sabe ler uma narração grave. 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Fui jantar a um hotel que então havia na antiga rua dos Latoeiros.", "Um dos problemas que mais preocupavam a rua do Ouvidor entre as da Quitanda e Gonçalves Dias, das duas às quatro horas da tarde, era a profunda e súbita melancolia do Dr. Maciel. O Dr. Maciel tinha apenas vinte e cinco anos, idade em que geralmente se compreende melhor o Cântico dos cânticos do que as Lamentações de Jeremias. Sua índole mesma era mais propensa ao riso dos frívolos do que ao pesadume dos filósofos. Pode-se afirmar que ele preferia um dueto da grã-duquesa a um teorema geométrico, e os domingos do Prado Fluminense aos domingos da Escola da Glória. 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Os dous velhos pareciam ter certo orgulho na felicidade. Ela dizia com os olhos e um riso bom que lhe fazia luzir a pontinha dos dentes toda a glória daquele filho que o não era, aquele filho morto e redivivo, e o rapaz era atenção e gosto também. Quanto ao velho não ostentava menos a sua delícia. Fidélia é que não publicava nada; sorria, é certo, mas pouco e cabisbaixa. E lá foram andando, sem darem por mim, que vinha pela calçada oposta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Os passeios são recatados pela hora e pelos lugares. Ou vão as duas sós ou, se eles vão também, trocam-se às vezes, dando Aguiar o braço a Fidélia, e D. Carmo aceitando o de Tristão. Assim os encontrei há dias na rua de Ipiranga, eram cinco horas da tarde. Os dous velhos pareciam ter certo orgulho na felicidade. Ela dizia com os olhos e um riso bom que lhe fazia luzir a pontinha dos dentes toda a glória daquele filho que o não era, aquele filho morto e redivivo, e o rapaz era atenção e gosto também. Quanto ao velho não ostentava menos a sua delícia. Fidélia é que não publicava nada; sorria, é certo, mas pouco e cabisbaixa. E lá foram andando, sem darem por mim, que vinha pela calçada oposta." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Grupo%20Escolar%20Marechal%20Floriano", "name": "Rua Larga de São Joaquim", "description": "A rua Larga de São Joaquim é a atual Marechal Floriano, no Centro do Rio de Janeiro. Aberta no século XVIII, ia da rua da Vala (atual Uruguaiana) até o caminho do Valongo (atual Camerino). No mesmo século, foi denominada rua de São Joaquim, devido à igreja dedicada ao santo, ali situada. 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Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde faltou à escola.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Veio a hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria brigar ali mesmo, na rua do Costa, perto do colégio; havia de ser na rua Larga de São Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. 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Jogou essa noite, como de costume; na seguinte, foi ao teatro; na outra, a uma visita; e tornou ao voltarete do costume, e a briga sempre com ele. Era um mistério. Talvez fosse um caso único... único! Um caso único! A singularidade do caso fê-lo agarrar-se mais à ideia, ou a ideia a ele; não posso explicar melhor este fenômeno íntimo, passado lá onde não entra olho de homem, nem bastam reflexões ou conjecturas. Nem por isso durou muito tempo. No primeiro domingo, Santos pegou em si, e foi à casa do doutor Plácido, rua do Senador Vergueiro, uma casa baixa, de três janelas, com muito terreno para o lado do mar. Creio que já não existe: datava do tempo em que a rua era o Caminho Velho, para diferençar do Caminho Novo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião gostou da facécia. Palha saiu e ele foi acompanhá-lo até a esquina da rua Marquês de Abrantes. Ao despedir-se prometeu visitá-lo em Santa Teresa, antes de ir a Minas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Santos cria na santidade do juramento; por isso, resistiu, mas enfim cedeu e jurou. Entretanto, o pensamento não lhe saiu mais da briga uterina dos filhos. Quis esquecê-la. Jogou essa noite, como de costume; na seguinte, foi ao teatro; na outra, a uma visita; e tornou ao voltarete do costume, e a briga sempre com ele. Era um mistério. Talvez fosse um caso único... único! Um caso único! A singularidade do caso fê-lo agarrar-se mais à ideia, ou a ideia a ele; não posso explicar melhor este fenômeno íntimo, passado lá onde não entra olho de homem, nem bastam reflexões ou conjecturas. Nem por isso durou muito tempo. No primeiro domingo, Santos pegou em si, e foi à casa do doutor Plácido, rua do Senador Vergueiro, uma casa baixa, de três janelas, com muito terreno para o lado do mar. 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Freitas elogiava tudo, saudava cada prato e cada vinho com uma frase particular, delicada, e saía de lá com as algibeiras cheias de charutos, provando assim que os preferia a quaisquer outros. Tinha-lhe sido apresentado em certo armazém da rua Municipal, onde jantaram uma vez juntos. Contaram-lhe ali a história do homem, a sua boa e má fortuna, mas não entraram em particularidades. Rubião torceu o nariz; era naturalmente algum náufrago, cuja convivência não lhe traria nenhum prazer pessoal nem consideração pública. Mas o Freitas atenuou logo essa primeira impressão; era vivo, interessante, anedótico, alegre como um homem que tivesse cinquenta contos de renda. Como Rubião falasse das bonitas rosas que possuía, ele pediu-lhe licença para ir vê-las: era doudo por flores. Poucos dias depois apareceu lá, disse que ia ver as belas rosas, eram poucos minutos, não se incomodasse o Rubião, se tinha que fazer. Rubião, ao contrário, gostou de ver que o homem não se esquecera da conversação, desceu ao jardim onde ele ficara esperando, e foi mostrar-lhe as rosas. Freitas achou-as admiráveis; examinava-as com tal afinco que era preciso arrancá-lo de uma roseira para levá-lo a outra. Sabia o nome de todas, e ia apontando muitas espécies que o Rubião não tinha nem conhecia - apontando e descrevendo, assim e assim, deste tamanho (indicava o tamanho abrindo e arredondando o dedo polegar e o índex), e depois nomeava as pessoas que possuíam bons exemplares. Mas as do Rubião eram das melhores espécies; esta, por exemplo, era rara, e aquela também, etc. O jardineiro ouvia-o com espanto. Tudo examinado, disse Rubião:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Carlos Maria chamava-se o primeiro, Freitas, o segundo. Rubião gostava de ambos, mas diferentemente; não era só a idade que o ligava mais ao Freitas, era também a índole deste homem. 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Rubião, ao contrário, gostou de ver que o homem não se esquecera da conversação, desceu ao jardim onde ele ficara esperando, e foi mostrar-lhe as rosas. Freitas achou-as admiráveis; examinava-as com tal afinco que era preciso arrancá-lo de uma roseira para levá-lo a outra. Sabia o nome de todas, e ia apontando muitas espécies que o Rubião não tinha nem conhecia - apontando e descrevendo, assim e assim, deste tamanho (indicava o tamanho abrindo e arredondando o dedo polegar e o índex), e depois nomeava as pessoas que possuíam bons exemplares. Mas as do Rubião eram das melhores espécies; esta, por exemplo, era rara, e aquela também, etc. O jardineiro ouvia-o com espanto. 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Estive quase, quase a aceitar, tal era o meu atordoamento, mas os meus hábitos quietos, os costumes diplomáticos, a própria índole e a idade me retiveram melhor que as rédeas do cocheiro aos cavalos do carro, e recusei. Recusei com pena. Deixei-os ir, a ele e aos outros, que se juntaram e partiram da rua Primeiro de Março. Disseram-me depois que os manifestantes erguiam-se nos carros, que iam abertos, e faziam grandes aclamações, em frente ao paço, onde estavam também todos os ministros. Se eu lá fosse, provavelmente faria o mesmo e ainda agora não me teria entendido... Não, não faria nada; meteria a cara entre os joelhos.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um conhecido meu, homem de imprensa, achando-me ali, ofereceu-me lugar no seu carro, que estava na rua Nova, e ia enfileirar no cortejo organizado para rodear o paço da cidade, e fazer ovação à Regente. 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Cláudia lhe levasse a filha, ela mesma a foi buscar a São Clemente, e Aires acompanhou as três.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Freitas calculou que ele iria a alguma visita para os lados de São Clemente, e quis acompanhá-lo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Desde que estava em Petrópolis, Aires não ia jantar a Andaraí, com a irmã, às quintas-feiras, segundo ajustara e consta do capítulo XXXII. Agora foi lá, e cinco dias depois Flora transferia-se para a casa dela, a título de ares novos. D. Rita não consentiu que D. 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O objetivo era que tais águas chegassem até o mar, pela abertura da Prainha, (onde hoje é a praça Mauá). A rua que corria ao longo desse escoadouro ficou conhecida como rua da Vala, a qual, em 1865, passou a chamar-se rua Uruguaiana, em comemoração à retomada dessa cidade gaúcha, que havia sido ocupada pelos paraguaios.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/R.%20Uruguaiana%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%20Brazil", "lat": "-22.9034836", "long": "-43.1805742", "gn:featureCode": "PPLX", "gn:featureCodeName": "section of populated place", "gn:name": "R. 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Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela rua da Assembleia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até ao largo da Carioca. No largo parou alguns instantes, enfiou depois pela rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no largo de São Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achara. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#o-lapso", "headline": "O Lapso", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Este era um cabeleireiro da rua da Vala, defronte da Sé, que vendera ao Tomé Gonçalves dez cabeleiras, em cinco anos, sem lhe haver nunca um real. O outro era alfaiate, e ainda maior credor que o primeiro. A procissão passara inteiramente; eles ficaram na esquina, ajustando o plano de mandar os meirinhos ao Tomé Gonçalves. O cabeleireiro advertiu que outros muitos credores só esperavam um sinal para cair em cima do devedor remisso; e o alfaiate lembrou a conveniência de meter na conjuração o Mata sapateiro, que vivia desesperado. Só a ele devia o Tomé Gonçalves mais de oitenta mil réis. Nisso estavam, quando por trás deles ouviram uma voz, com sotaque estrangeiro, perguntando por que motivo conspiravam contra um homem doente. Voltaram-se, e, dando com o Dr. Jeremias, desbarretaram-se os dois credores, tomados de profunda veneração; em seguida disseram que tanto não era doente o devedor, que lá ia andando na procissão, muito teso, pegando uma das varas do pálio.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Mas, senhor compadre - dizia ela trespassando no alvo seio volumoso o seu lenço de algodão do tear de José Luís, à rua da Vala -; não, senhor compadre, justiça, justiça. Eu tinha presunção de me não escapar nada ou pouca cousa; mas confesso que você é muito mais fino do que eu.", "A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. 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Pensando bem, não recusaria passar o Rubicon; só lhe faltava a força necessária. Quisera querer. Quisera não ver nada, nem passado, nem presente, nem futuro, não saber de homens nem de cousas, e obedecer aos dados da sorte, mas não podia.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "Transposto o Rubicon, não havia mais que caminhar direito à cidade eterna do matrimônio. Estácio escreveu no dia seguinte uma carta ao Dr. Camargo, pedindo-lhe a mão de Eugênia, carta seca e digna, como as circunstâncias a pediam. Antes de a remeter, mostrou-a a Helena, que recusou lê-la. Não a leu, nem lhe pegou. Ele teve-a alguns instantes na mão, sem se atrever a dá-la ao escravo que esperava por ela. Por fim, deitou-a sobre a secretária.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#papeis-velhos", "headline": "Papéis Velhos", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Brotero releu a carta, dobrou-a, encapou-a, sobrescritou-a; depois atirou-a a um lado, para remetê-la no dia seguinte. O destino lançara os dados. César transpunha o Rubicão, mas em sentido inverso. Que fique Roma com os seus novos cônsules e patrícias ricas e volúveis! Ele volve à região dos obscuros; não quer gastar o aço em pelejas de aparato, sem utilidade nem grandeza. Reclinou-se na cadeira e fechou o rosto na mão. Tinha os olhos vermelhos quando se levantou; e levantou-se, porque ouviu bater quatro horas e recomeçar a procissão dos relógios, a cruel e implicante monotonia das pêndulas. 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E o achado consola-me; já agora não esquecerei mais que dei dous ou três meses de felicidade a um pobre-diabo, fazendo-lhe esquecer o mal e o resto. É alguma cousa na liquidação da minha vida. Se há no outro mundo tal ou qual prêmio para as virtudes sem intenção, esta pagará um ou dous dos meus muitos pecados. Quanto ao Manduca, não creio que fosse pecado opinar contra a Rússia, mas, se era, ele estará purgando há quarenta anos a felicidade que alcançou em dous ou três meses - donde concluirá (já tarde) que era ainda melhor haver gemido somente, sem opinar cousa nenhuma.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "De repente, o internúncio... Sim, esquecera-se que o internúncio devia casá-los; lá estaria ele, com as suas meias roxas de monsenhor, e os grandes olhos napolitanos, em conversação com o ministro da Rússia. Os lustres de cristal e ouro alumiando os mais belos colos da cidade, casacas direitas, outras curvas ouvindo os leques que se abriam e fechavam, dragonas e diademas, a orquestra dando sinal para uma valsa. Então os braços negros, em ângulo, iam buscar os braços nus, enluvados até o cotovelo, e os pares saíam girando pela sala, cinco, sete, dez, doze, vinte pares. Ceia esplêndida. Cristais da Boêmia, louça da Hungria, vasos de Sèvres, criadagem lesta e fardada, com as iniciais do Rubião na gola.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "É claro que as reflexões que aí deixo não foram feitas então, a caminho do seminário, mas agora no gabinete do Engenho Novo. Então, não fiz propriamente nenhuma, a não ser esta: que servi de alívio um dia ao meu vizinho Manduca. Hoje, pensando melhor, acho que não só servi de alívio, mas até lhe dei felicidade. 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Entre elas rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o saco do Alferes, entrara na praia Formosa. Não sabia o número da casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo, e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Entretanto, a praia ia mudando de aspecto. Dobrava para o saco do Alferes, vinham as casas edificadas do lado do mar. De quando em quando, não eram casas, mas canoas, encalhadas no lodo, ou em terra, fundo para o ar. Ao pé de uma dessas canoas, viu meninos brincando em camisa e descalços, em volta de um homem que estava de barriga para baixo. Todos eles riam; um ria mais que os outros porque não acabava de fixar o pé do homem no chão. Era um pequerrucho de três anos; agarrava-se-lhe à perna e ia-a estendendo até nivelá-la com o chão, mas o homem fazia um gesto e levava pelo ar o pé e o menino.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Deolindo não quis ouvir mais nada. A velha Inácia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de prudência, mas ele não os escutou e foi andando. Deixo de notar o que pensou em todo o caminho; não pensou nada. As ideias marinhavam-lhe no cérebro, como em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre elas rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora. Tinha passado a Gamboa, o saco do Alferes, entrara na praia Formosa. Não sabia o número da casa, mas era perto da pedreira, pintada de novo, e com auxílio da vizinhança poderia achá-la. Não contou com o acaso que pegou de Genoveva e fê-la sentar à janela, cosendo, no momento em que Deolindo ia passando. Ele conheceu-a e parou; ela, vendo o vulto de um homem, levantou os olhos e deu com o marujo.", "Entretanto, a praia ia mudando de aspecto. Dobrava para o saco do Alferes, vinham as casas edificadas do lado do mar. De quando em quando, não eram casas, mas canoas, encalhadas no lodo, ou em terra, fundo para o ar. Ao pé de uma dessas canoas, viu meninos brincando em camisa e descalços, em volta de um homem que estava de barriga para baixo. Todos eles riam; um ria mais que os outros porque não acabava de fixar o pé do homem no chão. Era um pequerrucho de três anos; agarrava-se-lhe à perna e ia-a estendendo até nivelá-la com o chão, mas o homem fazia um gesto e levava pelo ar o pé e o menino.", "Realmente, estava fatigado, precisava dormir. Quando ia a voltar para casa, perguntei a mim mesmo se ele iria sozinho, àquela hora, e deu-me vontade de acompanhá-lo de longe, até certo ponto. Ainda o apanhei na rua dos Ciganos. Ia devagar, com a bengala debaixo do braço, e as mãos ora atrás, ora nas algibeiras das calças. Atravessou o campo da Aclamação, enfiou pela rua de São Pedro e meteu-se pelo Aterrado acima. Eu, no Campo, quis voltar, mas a curiosidade fez-me ir andando também. Quem sabe se esse erradio não teria pouso certo de amores escondidos? Não gostei desta reflexão, e quis punir-me desandando; mas a curiosidade levara-me o sono e dava-me vigor às pernas. Fui andando atrás do Elisiário. Chegamos assim à ponte do Aterrado, enfiamos por ela, desembocamos na rua de São Cristóvão. Ele algumas vezes parava, ou para acender um charuto, ou para nada. Tudo deserto, uma ou outra patrulha, algum tilbury, raro, a passo cochilado, tudo deserto e longo. Assim chegamos ao cais da Igrejinha. Junto ao cais dormiam os botes que, durante o dia, conduziam gente para o saco do Alferes. Maré frouxa, apenas o ressonar manso da água. Após alguns minutos, quando me pareceu que ia voltar pelo mesmo caminho, acordou os remadores de um bote, que de acaso ali dormiam, e propôs-lhes levá-lo à cidade. Não sei quanto ofereceu; vi que, depois de alguma relutância, aceitaram a proposta." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/National%20Estate%20of%20Saint-Cloud%2C%201%20Av.%20de%20la%20Grille%20d%27Honneur%2C%2092210%20Saint-Cloud%2C%20France", "name": "Saint-Cloud", "description": "O palácio de Saint-Cloud foi uma das residências oficiais de Napoleão III e da imperatriz Eugênia, que frequentemente ali passavam temporadas. Ficava a cerca de dez quilômetros do centro de Paris, e a área que ocupava é hoje um grande parque. A construção datava do século XVI, foi expandida pelo duque de Orléans no século XVII e por Maria Antonieta, no fim do século XVIII. 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Rubião adotou a mudança sem desgosto, e, desde que lhe tornou o delírio, com entusiasmo. Estava nos seus paços de Saint-Cloud.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tudo se fez sossegadamente. Palha alugou uma casinha na rua do Príncipe, cerca do mar, onde meteu o nosso Rubião, alguns trastes, e o cachorro amigo. Rubião adotou a mudança sem desgosto, e, desde que lhe tornou o delírio, com entusiasmo. Estava nos seus paços de Saint-Cloud." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Salamis%20Island", "name": "Salamina", "description": "Salamina é uma ilha localizada no mar Egeu, a sul de Atenas, com cerca de 96 km2 de área. 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Deixou o mar, deixou a bela, e foi pensar na batalha de Salamina.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Vamos lá; retifique o seu nariz, e tornemos ao emplasto. Deixemos a história com os seus caprichos de dama elegante. Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina, nenhum escreveu a confissão de Augsburgo; pela minha parte, se alguma vez me lembro de Cromwell, é só pela ideia de que Sua Alteza, com a mesma mão que trancara o parlamento, teria imposto aos ingleses o emplasto Brás Cubas. Não se riam dessa vitória comum da farmácia e do puritanismo. Quem não sabe que ao pé de cada bandeira grande, pública, ostensiva, há muitas vezes várias outras bandeiras modestamente particulares, que se hasteiam e flutuam à sombra daquela, e não poucas vezes lhe sobrevivem? Mal comparando, é como a arraia-miúda, que se acolhia à sombra do castelo feudal; caiu este e a arraia ficou. Verdade é que se fez graúda e castelã... Não, a comparação não presta.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E os beiços do Tempo entraram a tremer e o sangue andava mais depressa, como cavalo chicoteado, e todo ele era outro. Sentiu que era amor; mas olhou para o oceano, vasto espelho, e achou-se velho. Amaria aquela menina a um varão tão idoso? Deixou o mar, deixou a bela, e foi pensar na batalha de Salamina.", "Vamos lá; retifique o seu nariz, e tornemos ao emplasto. Deixemos a história com os seus caprichos de dama elegante. Nenhum de nós pelejou a batalha de Salamina, nenhum escreveu a confissão de Augsburgo; pela minha parte, se alguma vez me lembro de Cromwell, é só pela ideia de que Sua Alteza, com a mesma mão que trancara o parlamento, teria imposto aos ingleses o emplasto Brás Cubas. Não se riam dessa vitória comum da farmácia e do puritanismo. 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Clemência veio para minha casa, e não imagina as festas com que a recebi. \"Deixo tudo, disse-me ela; você é para mim o universo.\" Eu beijei-lhe os pés, beijei-lhe os tacões dos sapatos. Não imagina o meu contentamento. No dia seguinte, recebi uma carta tarjada de preto; era a notícia da morte de um tio meu, em Santa Ana do Livramento, deixando-me vinte mil contos. Fiquei fulminado. \"Entendo, disse a Clemência, você sacrificou tudo, porque tinha notícia da herança.\" Desta vez, Clemência não chorou, pegou em si e saiu. Fui atrás dela, envergonhado, pedi-lhe perdão; ela resistiu. Um dia, dous dias, três dias, foi tudo vão; Clemência não cedia nada, não falava sequer. Então declarei-lhe que me mataria; comprei um revólver, fui ter com ela, e apresentei-lho: é este.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Como não? Sou um monstro. 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Esta suspeita desvaneceu-se com os anos; nem o primo voltou, nem a moça mostrou-se sentida com a ausência dele. Esta conjectura com que os pretendentes queriam salvar a honra própria perdeu o valor, e os iludidos tiveram de contentar-se com este dilema: ou não tinham sabido lutar, ou a moça era uma natureza de gelo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_da_Meia-Noite#a-parasita-azul", "headline": "A Parasita Azul", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Daí a dias seguiam ambos para Santos, de lá, para São Paulo e tomavam a estrada de Goiás.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quem_conta_um_conto...#quem-conta-um-conto", "headline": "Quem Conta Um Conto...", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "E ambos foram a trote largo na direção da rua do Passeio. 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Já deixei de lá ir dous anos, e quando apareci, perguntou-me logo: \"Como vai, D. Cláudia?\"", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Logo que cheguei - continuou Salvador - corri à casa; achei-a fechada. Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. Pedia-me que lhe perdoasse o passo que dera; que uma paixão nova e delirante a havia guiado, e que, se viesse a arrepender-se, seria essa a minha vingança. Quando li a carta, tive ímpeto de ir ter com ela e esganá-la; mas o ímpeto passou, e a dor desfez-se em reflexões. Poucos dias antes, a bordo, um engenheiro inglês que vinha do Rio Grande para esta Corte, emprestara-me um volume truncado de Shakespeare. Pouco me restava do pouco inglês que aprendi; fui soletrando como pude, e uma frase que ali achei fez-me estremecer, na ocasião, como uma profecia; recordei-a depois, quando Ângela me escreveu. \"Ela enganou seu pai - diz Brabantio a Otelo -, há de enganar-te a ti também.\" Era justo; pelo menos, era explicável. Dous dias depois da carta de Ângela, escrevi-lhe pedindo meia hora de conversação; nada mais. Ângela concedeu-me a entrevista. Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Iaiá_Garcia", "headline": "Iaiá Garcia", "genre": "Romance", "datePublished": "1878", "text": "Resta dizer que havia ainda uma terceira afeição de Iaiá; era Maria das Dores, a ama que a havia criado, uma pobre catarinense para quem só havia duas devoções capazes de levar uma alma ao céu: Nossa Senhora e a filha de Luís Garcia. Ia ela de quando em quando à casa deste, nos dias em que era certo encontrar lá a menina, e ia de São Cristóvão, onde morava. Não descansou enquanto não alugou um casebre em Santa Teresa, para ficar mais perto da filha de criação. Um irmão, antigo furriel, que fizera a campanha contra Rosas, era seu companheiro de trabalho.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Repetia-se isto, com variantes. Como o Viegas gostasse de jogar damas, Virgília cumpria-lhe o desejo, aturando-o por largo tempo, a mover as pedras com a mão frouxa e tarda. Outras vezes, desciam a passear na chácara, dando-lhe ela o braço, que ele nem sempre aceitava, por dizer-se rijo e capaz de andar uma légua. Iam, sentavam-se, tornavam a ir, a falar de cousas várias, ora de um negócio de família, ora de uma bisbilhotice de sala, ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para residência própria, casa de feitio moderno, porque a dele era das antigas, contemporânea de el-rei D. João VI, à maneira de algumas que ainda hoje (creio eu) se podem ver no bairro de São Cristóvão, com as suas grossas colunas na frente. Parecia-lhe que o casarão em que morava podia ser substituído, e já tinha encomendado o risco a um pedreiro de fama. Ah! Então sim, então é que Virgília chegaria a ver o que era um velho de gosto.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- É perfídia, é intriga - murmurava ele, olhando para ela -; eu conheço toda essa canalha. Se eu contasse a você tudo, tudo... Mas para quê? Prefiro esquecer... Não é por causa de uma miserável pasta que estou aborrecido - continuou ele depois de alguns instantes -. Pastas não valem nada. Quem sabe trabalhar e tem talento pode zombar das pastas, e mostrar que é superior a elas. A maior parte dessa gente, Nanã, não me chega aos calcanhares. Disso estou certo e eles também. Súcia de intrigantes! Onde acharão mais sinceridade, mais fidelidade, mais ardor para a luta? Quem trabalhou mais na imprensa, no tempo do ostracismo? Desculpam-se; dizem que os gabinetes já vêm organizados de São Cristóvão... Ah! Eu quisera falar ao Imperador!", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_almoço#um-almoco", "headline": "Um Almoço", "genre": "Conto", "datePublished": "1877", "text": "Marques puxou-o pelo braço e os dois saíram do Passeio Público. Em caminho, Germano referiu a José Marques todos os seus infortúnios daqueles dez ou doze meses. Era um fio interminável de desgraças e contratempos; ele tentara todos os meios de vida ao alcance de suas habilitações, havendo-se em todos com mais fervor que fortuna; ultimamente servira de guarda-livros em uma loja de São Cristóvão, que faliu quinze dias depois de lá entrar. Vivia afinal de empréstimos e fiados. Mas isso mesmo cessou; a ponto de achar-se entre a vida e a morte naquela funesta manhã.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Vinte_Anos!_Vinte_Anos!#vinte-anos-vinte-anos", "headline": "Vinte Anos! Vinte Anos!", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Resolveram fazer uma revista de fundos e ir jantar juntos. Reuniram seis mil-réis; foram a um hotel modesto, e comeram bem, sem perder de vista as adições e o total. Eram seis e meia, quando saíram. Caía a tarde, uma linda tarde de verão. Foram até o largo de São Francisco. De caminho, viram passar na rua do Ouvidor algumas moças retardatárias; viram outras no ponto dos bonds de São Cristóvão. Uma delas desafiou mesmo a curiosidade dos rapazes. Era alta e fina, recentemente viúva. Gonçalves achou que era muito parecida com a Chiquinha Coelho; os outros divergiram. Parecida ou não, Gonçalves ficou entusiasmado. Propôs irem todos no bond em que ela fosse; os outros ouviram rindo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Nem sempre - explicou D. Cláudia -; Batista é muito acanhado; vai de longe em longe a São Cristóvão, para não parecer que se faz lembrado, como se isto fosse crime; ao contrário, não ir nunca é que pode parecer arrufo. Note que o imperador nunca deixou de recebê-lo com muita benevolência, e a mim também. Nunca esqueceu o meu nome. Já deixei de lá ir dous anos, e quando apareci, perguntou-me logo: \"Como vai, D. Cláudia?\"", "- Logo que cheguei - continuou Salvador - corri à casa; achei-a fechada. Um vizinho, testemunha da minha aflição, deu-me notícia de que Ângela se mudara para São Cristóvão. Não sabia nem o número nem a rua; mas deu-me algumas indicações que me guiaram. Ainda hoje tenho ante os olhos o sorriso com que aquele homem me respondia. Era um sorrir de compaixão que humilhava. Sem nunca haver recebido de mim a menor ofensa, vejo que ele tinha um prazer secreto com o meu infortúnio. Por quê? Deixo aos filósofos liquidarem esse enigma da natureza humana. Voei a São Cristóvão; gastei tempo em procurar a casa, mas dei com ela. Quando a vi, duvidei de meus olhos ou das indicações. Era uma casa elegante, escondida entre o arvoredo, no meio de um pequeno jardim. Podia ser aquela a residência da companheira de minha miséria? Receoso de ir bater ali, vi assomar ao portão um homem, que me pareceu ser o jardineiro. Perguntei pela dona da casa, a quem dei o seu próprio nome, dizendo que lhe desejava falar. \"A senhora saiu\", respondeu ele distraidamente. Dispus-me a esperar, mas o jardineiro observou-me que ia sair e fechar o portão, e que a senhora só voltaria à noite. \"Esperarei até à noite\", redargui. O jardineiro mediu-me de alto a baixo, circulou um olhar cauteloso pela rua e disse-me baixinho: \"Aconselho ao senhor que não volte; o patrão não há de gostar\". Não escrevo um romance, dispenso-me de lhes pintar o efeito que produziram essas palavras. O que senti excede a toda a descrição. Há catástrofes mais solenes, há situações mais patéticas; mas naquela ocasião parecia-me que todas as dores do mundo se tinham convergido para meu coração. O jardineiro era verdadeiramente compassivo; lendo em meu rosto o efeito de suas palavras, disse-me alguma cousa de que absolutamente me não lembro. Convidou-me com brandura a sair; obedeci maquinalmente. Podendo informar-me acerca de Ângela, não o fiz. A febre reteve-me três dias de cama, numa pobre cama alugada em péssima estalagem da Cidade Nova. No terceiro dia recebi uma carta de Ângela. Pedia-me que lhe perdoasse o passo que dera; que uma paixão nova e delirante a havia guiado, e que, se viesse a arrepender-se, seria essa a minha vingança. Quando li a carta, tive ímpeto de ir ter com ela e esganá-la; mas o ímpeto passou, e a dor desfez-se em reflexões. Poucos dias antes, a bordo, um engenheiro inglês que vinha do Rio Grande para esta Corte, emprestara-me um volume truncado de Shakespeare. Pouco me restava do pouco inglês que aprendi; fui soletrando como pude, e uma frase que ali achei fez-me estremecer, na ocasião, como uma profecia; recordei-a depois, quando Ângela me escreveu. \"Ela enganou seu pai - diz Brabantio a Otelo -, há de enganar-te a ti também.\" Era justo; pelo menos, era explicável. Dous dias depois da carta de Ângela, escrevi-lhe pedindo meia hora de conversação; nada mais. Ângela concedeu-me a entrevista. Meu plano era arrebatar-lhe Helena; ela pareceu que o previu, recebendo-me sozinha, no jardim, às nove horas da noite.", "Resta dizer que havia ainda uma terceira afeição de Iaiá; era Maria das Dores, a ama que a havia criado, uma pobre catarinense para quem só havia duas devoções capazes de levar uma alma ao céu: Nossa Senhora e a filha de Luís Garcia. Ia ela de quando em quando à casa deste, nos dias em que era certo encontrar lá a menina, e ia de São Cristóvão, onde morava. Não descansou enquanto não alugou um casebre em Santa Teresa, para ficar mais perto da filha de criação. Um irmão, antigo furriel, que fizera a campanha contra Rosas, era seu companheiro de trabalho.", "Repetia-se isto, com variantes. Como o Viegas gostasse de jogar damas, Virgília cumpria-lhe o desejo, aturando-o por largo tempo, a mover as pedras com a mão frouxa e tarda. Outras vezes, desciam a passear na chácara, dando-lhe ela o braço, que ele nem sempre aceitava, por dizer-se rijo e capaz de andar uma légua. Iam, sentavam-se, tornavam a ir, a falar de cousas várias, ora de um negócio de família, ora de uma bisbilhotice de sala, ora enfim de uma casa que ele meditava construir, para residência própria, casa de feitio moderno, porque a dele era das antigas, contemporânea de el-rei D. João VI, à maneira de algumas que ainda hoje (creio eu) se podem ver no bairro de São Cristóvão, com as suas grossas colunas na frente. Parecia-lhe que o casarão em que morava podia ser substituído, e já tinha encomendado o risco a um pedreiro de fama. Ah! Então sim, então é que Virgília chegaria a ver o que era um velho de gosto.", "- É perfídia, é intriga - murmurava ele, olhando para ela -; eu conheço toda essa canalha. Se eu contasse a você tudo, tudo... Mas para quê? Prefiro esquecer... Não é por causa de uma miserável pasta que estou aborrecido - continuou ele depois de alguns instantes -. Pastas não valem nada. Quem sabe trabalhar e tem talento pode zombar das pastas, e mostrar que é superior a elas. A maior parte dessa gente, Nanã, não me chega aos calcanhares. Disso estou certo e eles também. Súcia de intrigantes! Onde acharão mais sinceridade, mais fidelidade, mais ardor para a luta? Quem trabalhou mais na imprensa, no tempo do ostracismo? Desculpam-se; dizem que os gabinetes já vêm organizados de São Cristóvão... Ah! Eu quisera falar ao Imperador!", "Marques puxou-o pelo braço e os dois saíram do Passeio Público. Em caminho, Germano referiu a José Marques todos os seus infortúnios daqueles dez ou doze meses. Era um fio interminável de desgraças e contratempos; ele tentara todos os meios de vida ao alcance de suas habilitações, havendo-se em todos com mais fervor que fortuna; ultimamente servira de guarda-livros em uma loja de São Cristóvão, que faliu quinze dias depois de lá entrar. Vivia afinal de empréstimos e fiados. Mas isso mesmo cessou; a ponto de achar-se entre a vida e a morte naquela funesta manhã.", "Resolveram fazer uma revista de fundos e ir jantar juntos. Reuniram seis mil-réis; foram a um hotel modesto, e comeram bem, sem perder de vista as adições e o total. Eram seis e meia, quando saíram. Caía a tarde, uma linda tarde de verão. Foram até o largo de São Francisco. De caminho, viram passar na rua do Ouvidor algumas moças retardatárias; viram outras no ponto dos bonds de São Cristóvão. Uma delas desafiou mesmo a curiosidade dos rapazes. Era alta e fina, recentemente viúva. Gonçalves achou que era muito parecida com a Chiquinha Coelho; os outros divergiram. Parecida ou não, Gonçalves ficou entusiasmado. Propôs irem todos no bond em que ela fosse; os outros ouviram rindo." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/S%C3%A3o%20Domingos", "name": "São Domingos", "description": "São Domingos é um bairro localizado na zona Sul do município de Niterói. 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A hora era de poucos passageiros. Havia movimento de lanchas, de aves, e o céu luminoso parecia cantar a nossa primeira entrevista. O que dissemos foi tão de atropelo e confusão que não me ficou mais de meia dúzia de palavras, e delas nenhuma foi o nome de X... ou qualquer referência a ele. Sentíamos ambos que traíamos, eu, o meu amigo, ela, o seu amigo e protetor. Mas, ainda que o não sentíssemos, não é provável que falássemos dele, tão pouco era o tempo para o nosso infinito. Maria apareceu-me então como nunca a vi nem suspeitara, falando de mim e de si, com a ternura possível naquele lugar público, mas toda a possível, não menos. As nossas mãos colavam-se, os nossos olhos comiam-se, e os corações batiam provavelmente ao mesmo compasso rápido e rápido. Pelo menos foi a sensação com que me separei dela, após a viagem redonda a Niterói e São Domingos. Convidei-a a desembarcar em ambos os pontos, mas recusou; na volta, lembrei-lhe que nos metêssemos numa caleça fechada: \"Que ideia faria de mim?\", perguntou-me com gesto de pudor que a transfigurou. E despedimo-nos com prazo dado, jurando-lhe que eu não deixaria de ir vê-los, à noite, como de costume.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Gaspar suspirou e olhou para o passageiro que dizia possuir cem contos. Era um homem de cerca de quarenta anos, vestido com asseio, mas sem apuro nem elegância. A barca chegava a São Domingos; o interlocutor do homem desembarcou, enquanto o outro ficou para ir a Niterói. Logo que a barca tomou este caminho, Gaspar aproximou-se do desconhecido:", "O Sr. Pires morava na rua da Praia. Foram direitinhos à casa dele. Mas se os viajantes haviam jantado, também o Sr. Pires fizera o mesmo; e como tinha por costume ir jogar o voltarete em casa do Dr. Oliveira, em São Domingos, para lá seguira vinte minutos antes.", "O mar acolheu-nos bem. A hora era de poucos passageiros. Havia movimento de lanchas, de aves, e o céu luminoso parecia cantar a nossa primeira entrevista. O que dissemos foi tão de atropelo e confusão que não me ficou mais de meia dúzia de palavras, e delas nenhuma foi o nome de X... ou qualquer referência a ele. Sentíamos ambos que traíamos, eu, o meu amigo, ela, o seu amigo e protetor. Mas, ainda que o não sentíssemos, não é provável que falássemos dele, tão pouco era o tempo para o nosso infinito. Maria apareceu-me então como nunca a vi nem suspeitara, falando de mim e de si, com a ternura possível naquele lugar público, mas toda a possível, não menos. As nossas mãos colavam-se, os nossos olhos comiam-se, e os corações batiam provavelmente ao mesmo compasso rápido e rápido. Pelo menos foi a sensação com que me separei dela, após a viagem redonda a Niterói e São Domingos. Convidei-a a desembarcar em ambos os pontos, mas recusou; na volta, lembrei-lhe que nos metêssemos numa caleça fechada: \"Que ideia faria de mim?\", perguntou-me com gesto de pudor que a transfigurou. E despedimo-nos com prazo dado, jurando-lhe que eu não deixaria de ir vê-los, à noite, como de costume." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/S%C3%A3o%20Jo%C3%A3o%20del%20Rei", "name": "São João del Rei", "description": "São João del Rei é uma das cidades históricas do estado brasileiro de Minas Gerais. Foi palco da Guerra dos Emboabas (1707-1709). Em 1713, o arraial tornou-se vila, com o nome de São João del Rei, em homenagem a D. João V. 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Sofia acostumava habilmente a prima às distrações da cidade, teatros, visitas, passeios, reuniões em casa, vestidos novos, chapéus lindos, joias. Maria Benedita era mulher, posto que mulher esquisita; gostou de tais cousas, mas tinha para si que, logo que quisesse, podia arrebentar todos esses liames, e andar para a roça. A roça vinha ter com ela, às vezes, em sonho ou simples devaneio. Depois dos primeiros saraus, quando voltava para casa, não eram as sensações da noite que lhe enchiam a alma, eram as saudades de Iguaçu. Cresciam-lhe mais a certas horas do dia, quando a quietação da casa e da rua era completa. Então batia as asas para a varanda da velha casa, onde bebia café, ao pé da mãe; pensava na escravaria, nos móveis antigos, nas bonitas chinelas que lhe mandara o padrinho, um fazendeiro rico de São João d'El-Rei - e que lá ficaram em casa. 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Cresciam-lhe mais a certas horas do dia, quando a quietação da casa e da rua era completa. Então batia as asas para a varanda da velha casa, onde bebia café, ao pé da mãe; pensava na escravaria, nos móveis antigos, nas bonitas chinelas que lhe mandara o padrinho, um fazendeiro rico de São João d'El-Rei - e que lá ficaram em casa. 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Verdadeiros réus de polícia." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/S%C3%A3o%20Paulo", "name": "São Paulo", "description": "São Paulo, capital do estado do mesmo nome, atualmente a cidade economicamente mais importante do Brasil, figura na ficção de Machado de Assis, principalmente, por ser lá que se situa a famosa Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, criada em 1827, mesmo ano de criação da Faculdade de Direito do Recife. 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Também não valiam a pena; eram amores bem pouco sérios para virem acolher-se à sombra da família.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Casa_Velha#casa-velha", "headline": "Casa Velha", "genre": "Conto", "datePublished": "1885", "text": "Ocupei os primeiros dias na leitura de gazetas e opúsculos. Conhecia alguns deles, outros não, e não eram estes os menos interessantes. Logo no dia seguinte, Félix acompanhou-me nesse trabalho, e daí em diante até seguir para a roça. Eu em geral chegava às dez horas, conversava um pouco com a dona da casa, as sobrinhas e o coronel; o primo Eduardo retirara-se para São Paulo. Falávamos das cousas do dia, e poucos minutos depois, nunca mais de meia hora, recolhia-me à biblioteca com o filho do ex-ministro. Às duas horas, em ponto, era o jantar. No primeiro dia recusei, mas a dona da casa declarou-me que era a condição do obséquio prestado. Ou jantaria com eles, ou retirava-me a licença. Tudo isso com tão boa cara que era impossível teimar na recusa. Jantava. Entre três e quatro horas descansava um pouco, e depois continuava o trabalho até anoitecer.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Antes de ir aos embargos, expliquemos ainda um ponto que já ficou explicado, mas não bem explicado. Viste que eu pedi (cap. CX) a um professor de música de São Paulo que me escrevesse a toada daquele pregão de doces de Matacavalos. Em si, a matéria é chocha, e não vale a pena de um capítulo, quanto mais dous; mas há matérias tais que trazem ensinamentos interessantes, senão agradáveis. Expliquemos o explicado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dona_Jucunda#dona-jucunda", "headline": "Dona Jucunda", "genre": "Conto", "datePublished": "1889", "text": "- Vim com uma família conhecida, e aqui fiquei costurando para ela. A família foi para São Paulo, vai fazer um mês; pagou o primeiro aluguel de uma casinha onde moro, costurando para fora.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "- Ah! Isso não! O discurso é magnífico, e não há de morrer em São Paulo; é preciso que a Corte o leia, e as províncias também, e até não se me daria fazê-lo traduzir em francês. 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O marido, em um momento de desvario, ameaçou a mulher com o rebenque. Outra versão diz que ele tentara esganá-la. Quero crer que a verídica é a primeira, e que a segunda foi inventada para tirar à violência de João da Fonseca o que pudesse haver deprimente e vulgar. Maria Cora não disse mais uma só palavra ao marido. A separação foi imediata; a mulher veio com a tia para o Rio de Janeiro, depois de arranjados amigavelmente os interesses pecuniários. Demais, a tia era rica.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "A data de hoje (revolução de 1848) lembra-me a festa de rapazes que tivemos em São Paulo, e um brinde que eu fiz ao grande Lamartine. Ai, viçosos tempos! Eu estava no meu primeiro ano de direito. 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Demais, a bela Guiomar desde muito tempo deixara o colégio e fora morar com a madrinha. Já ele a não vira da primeira vez que veio à Corte. Agora voltava graduado em ciências jurídicas e sociais, como fica dito, mais desejoso de devassar o futuro que de reler o passado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Nem_uma_nem_outra#nem-uma-nem-outra", "headline": "Nem Uma Nem Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1873", "text": "Vicente Ferreira, desde que lhe morrera a mãe, deixara o interior da província de São Paulo, aonde vivera, e estabeleceu-se na Corte com o pouco que herdara; algum tempo empregou-se, e já sabemos que por influência do tio, que deveras o estimava. Era um rapaz um tanto orgulhoso, e imaginava que viver com o tio era mostrar-se adulador da fortuna dele, ideia esta de que fugia sempre. Quando estava em São Paulo visitara muitas vezes o tio; mas depois que viera para a Corte nunca mais o fez. 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Quem lhe meteu isso na cabeça - sem o querer nem saber - foi um esquisitão desse tempo, dizem que filósofo, um tal Tobias, que morava para os lados do Jardim Botânico. Filósofo ou não, era homem de cara seca e comprida, nariz grande e óculos de tartaruga. Paulista de nascimento, estudara em Coimbra, no tempo do rei, e vivera muitos anos na Europa, gastando o que possuía, até que, não tendo mais que alguns restos, arrepiou carreira. Veio para o Rio de Janeiro, com o plano de passar a São Paulo; mas foi ficando e aqui morreu. Costumava ele desaparecer da cidade durante um ou dous meses; metia-se em casa, com o único preto que possuía, e a quem dava ordem de lhe não dizer nada. Esta circunstância fê-lo crer maluco, e tal era a opinião entre os rapazes; não faltava, porém, quem lhe atribuísse grande instrução e rara inteligência, ambas inutilizadas por um ceticismo sem remédio. Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_por_outra#uma-por-outra", "headline": "Uma Por Outra", "genre": "Conto", "datePublished": "1897", "text": "Escasseando as cartas, resolvi ir a São Paulo; mas então o pai escreveu-me dizendo que iriam a Sorocaba e outros lugares, e só daí a dous ou três meses poderiam estar de volta. Estela escreveu-me um bilhetinho de três linhas, com um soneto, para o Correio Mercantil. Posto me não falasse em juízo algum da folha, e o meu desejo fosse estrangulá-la, não deixei de escrever quatro palavras de \"louvor ao grande talento da nossa ilustre patrícia\". Agradeceu-me com um bilhetinho, fiquei sem mais cartas. Onde estariam? 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Aguiar aprendeu apenas o necessário para de todo em todo não atar as mãos aos lentes; mas o pouco que aprendeu ficou na serra de Cubatão, sem lhe deixar saudades. Os amores, ainda os trouxe até à barra do Rio de Janeiro, mas com certeza não desembarcou com eles. Também não valiam a pena; eram amores bem pouco sérios para virem acolher-se à sombra da família.", "Ocupei os primeiros dias na leitura de gazetas e opúsculos. Conhecia alguns deles, outros não, e não eram estes os menos interessantes. Logo no dia seguinte, Félix acompanhou-me nesse trabalho, e daí em diante até seguir para a roça. Eu em geral chegava às dez horas, conversava um pouco com a dona da casa, as sobrinhas e o coronel; o primo Eduardo retirara-se para São Paulo. Falávamos das cousas do dia, e poucos minutos depois, nunca mais de meia hora, recolhia-me à biblioteca com o filho do ex-ministro. Às duas horas, em ponto, era o jantar. No primeiro dia recusei, mas a dona da casa declarou-me que era a condição do obséquio prestado. Ou jantaria com eles, ou retirava-me a licença. Tudo isso com tão boa cara que era impossível teimar na recusa. Jantava. Entre três e quatro horas descansava um pouco, e depois continuava o trabalho até anoitecer.", "Antes de ir aos embargos, expliquemos ainda um ponto que já ficou explicado, mas não bem explicado. Viste que eu pedi (cap. CX) a um professor de música de São Paulo que me escrevesse a toada daquele pregão de doces de Matacavalos. Em si, a matéria é chocha, e não vale a pena de um capítulo, quanto mais dous; mas há matérias tais que trazem ensinamentos interessantes, senão agradáveis. Expliquemos o explicado.", "- Vim com uma família conhecida, e aqui fiquei costurando para ela. A família foi para São Paulo, vai fazer um mês; pagou o primeiro aluguel de uma casinha onde moro, costurando para fora.", "- Ah! Isso não! O discurso é magnífico, e não há de morrer em São Paulo; é preciso que a Corte o leia, e as províncias também, e até não se me daria fazê-lo traduzir em francês. Em francês, pode ser que fique ainda melhor.", "Outra carta. Gonçalves era o nome deste. Um Gonçalves louro, que chegou de São Paulo, bacharelado de fresco, e fez tontear muita moça. O papel estava encardido e feio, como provavelmente estaria o autor. Outra carta, outras cartas. Martinha relia a maior parte delas. Não eram muitos os namorados; mas cada um deles deixara meia dúzia pelo menos de lindas epístolas.", "O caso do Tosta foi mais longo, mas teve igual desenlace. Começou no teatro e acabou... Não acabou; não se pode dizer que acabasse. Viam-se menos, cada vez menos, de longe em longe; esqueciam-se um do outro, mas tornavam a lembrar-se quando se encontravam, e reatavam o namoro. Nos intervalos, a inglesinha Barcelos não esteve parada, e a fim de não perder o tempo nem o costume, pegou alguns namoros adventícios. Um dia, falando-se no Tosta, advertiu que não o via desde muito. Indagou, soube que tinha ido casar em São Paulo.", "Já cuidavam disto desde algum tempo, mas a reconciliação não seria impossível, apesar da palavra de Maria Cora, graças à intervenção da tia; esta havia insinuado à sobrinha que residisse três ou quatro meses no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Sucedeu, porém, uma cousa triste de dizer. O marido, em um momento de desvario, ameaçou a mulher com o rebenque. Outra versão diz que ele tentara esganá-la. Quero crer que a verídica é a primeira, e que a segunda foi inventada para tirar à violência de João da Fonseca o que pudesse haver deprimente e vulgar. Maria Cora não disse mais uma só palavra ao marido. A separação foi imediata; a mulher veio com a tia para o Rio de Janeiro, depois de arranjados amigavelmente os interesses pecuniários. Demais, a tia era rica.", "A data de hoje (revolução de 1848) lembra-me a festa de rapazes que tivemos em São Paulo, e um brinde que eu fiz ao grande Lamartine. Ai, viçosos tempos! Eu estava no meu primeiro ano de direito. Como falasse disso ao desembargador, disse-me este:", "- Quem chegou de São Paulo foi minha prima Virgília, casada com o Lobo Neves - continuou Luís Dutra.", "Um mês depois de chegar Estêvão a São Paulo, achava-se a sua paixão definitivamente morta e enterrada, cantando ele mesmo um responso, a vozes alternadas, com duas ou três moças da capital - todas elas, por passatempo. Claro é que dous anos depois, quando tomou o grau de bacharel, nenhuma idéia lhe restava do namoro da rua dos Inválidos. Demais, a bela Guiomar desde muito tempo deixara o colégio e fora morar com a madrinha. Já ele a não vira da primeira vez que veio à Corte. Agora voltava graduado em ciências jurídicas e sociais, como fica dito, mais desejoso de devassar o futuro que de reler o passado.", "Vicente Ferreira, desde que lhe morrera a mãe, deixara o interior da província de São Paulo, aonde vivera, e estabeleceu-se na Corte com o pouco que herdara; algum tempo empregou-se, e já sabemos que por influência do tio, que deveras o estimava. Era um rapaz um tanto orgulhoso, e imaginava que viver com o tio era mostrar-se adulador da fortuna dele, ideia esta de que fugia sempre. Quando estava em São Paulo visitara muitas vezes o tio; mas depois que viera para a Corte nunca mais o fez. Além dos sentimentos que já apontamos acima, não queria deixar a casa ainda que com licença do patrão, que aliás era o primeiro a oferecer-lha; e finalmente a Clara da rua do Passeio tinha grande parte na decisão do rapaz.", "Daí a dias seguiam ambos para Santos, de lá, para São Paulo e tomavam a estrada de Goiás.", "O filho de Almeida era um rapaz de dezesseis anos. Estudava direito em São Paulo. Durante os acontecimentos que estou narrando estava ele em férias no Rio de Janeiro.", "- Sim, eu; há muito que desejo ir a Minas e a São Paulo. Olhe, há mais de ano que estivemos vai não vai... Sofia é companheira para estas viagens. Lembra-se quando nos encontramos no trem da estrada de ferro?... Vínhamos de Vassouras; mas este projeto de Minas nunca nos deixou. Iremos os três.", "Um grande escritor, Edgar Poe, relata, em um de seus admiráveis contos, a corrida noturna de um desconhecido pelas ruas de Londres, à medida que se despovoam, com o visível intento de nunca ficar só. \"Esse homem\", conclui ele, \"é o tipo e o gênio do crime profundo; é o homem das multidões.\" Bonifácio não era capaz de crimes, nem ia agora atrás de lugares povoados, tanto que vinha recolher-se a uma casa vazia. Posto que os seus quarenta e cinco anos não fossem tais que tornassem inverossímil uma fantasia de mulher, não era amor que o trazia à reclusão. 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Bonifácio, um dos seus poucos familiares, perguntou-lhe um dia que prazer achava naquelas reclusões tão longas e absolutas; Tobias respondeu que era o maior regalo do mundo.", "Escasseando as cartas, resolvi ir a São Paulo; mas então o pai escreveu-me dizendo que iriam a Sorocaba e outros lugares, e só daí a dous ou três meses poderiam estar de volta. Estela escreveu-me um bilhetinho de três linhas, com um soneto, para o Correio Mercantil. Posto me não falasse em juízo algum da folha, e o meu desejo fosse estrangulá-la, não deixei de escrever quatro palavras de \"louvor ao grande talento da nossa ilustre patrícia\". Agradeceu-me com um bilhetinho, fiquei sem mais cartas. Onde estariam? Na casa comercial do pai é que me iam informando do itinerário da família, pelas cartas que recebiam dele.", "- Vou à casa de minhas primas, que chegaram de São Paulo - disse-me ela -. Sente-se um pouco. 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Quanto à data, não tenho dúvida em dizer que foi no ano de 1855, uma noite de novembro, escura como breu, quente como um forno, passante de nove horas. Tudo silêncio. O lugar em que os três estavam era a varanda que dava para o terreiro. Um lampião de luz frouxa, pendurado de um prego, sublinhava a escuridão exterior. De quando em quando, gania um seco e áspero vento, mesclando-se ao som monótono de uma cachoeira próxima. Tal era o quadro e o momento, quando o Dr. Leão insistiu nas primeiras palavras da narrativa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Estupefação dos ouvintes, que eram dous, o coronel Bertioga, e o tabelião da vila, João Linhares. A vila era na província fluminense; suponhamos Itaboraí ou Sapucaia. Quanto à data, não tenho dúvida em dizer que foi no ano de 1855, uma noite de novembro, escura como breu, quente como um forno, passante de nove horas. Tudo silêncio. O lugar em que os três estavam era a varanda que dava para o terreiro. 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Então eu, com a delicadeza nativa de um homem do nosso século, pus na palma da mão aquele casal de mortificados; calculei toda a distância que ia da minha mão ao planeta Saturno, e perguntei a mim mesmo que interesse podia haver num episódio tão mofino. Se concluis daí que eu era um bárbaro, enganas-te, porque eu pedi um grampo a Virgília, a fim de separar os dous insetos; mas a mosca farejou a minha intenção, abriu as asas e foi-se embora. Pobre mosca! Pobre formiga! E Deus viu que isto era bom, como se diz na Escritura.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Páginas_Recolhidas#um-erradio", "headline": "Um Erradio", "genre": "Conto", "datePublished": "1899", "text": "Quero crer que lhe não faltassem ideias, talvez as tivesse de sobra, mas tão contrárias umas às outras que não chegariam a formar uma opinião. Pensava segundo a disposição do dia, liberal exaltado ou conservador corcunda. O principal motivo da recusa era a impossibilidade de obedecer a um partido, a um chefe, a um regimento de câmara. Se houvesse liberdade de alterar as horas da sessão, uma de manhã, outra de noite, outra de madrugada, ao acaso da frequência, sem ordem do dia, com direito de discutir o anel de Saturno ou os sonetos de Petrarca, o meu erradio Elisiário aceitaria o cargo, contanto que não fosse obrigado a estar calado, nem a falar, quando lhe chegasse a vez.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Virgília ainda forcejou por sair. Eu retive-a, pedi-lhe que ficasse, que esquecesse; ela afastou-se da porta e foi cair no canapé. Sentei-me ao pé dela, disse-lhe muitas cousas meigas, outras humildes, outras graciosas. Não afirmo se os nossos lábios chegaram à distância de um fio de cambraia ou ainda menos; é matéria controversa. 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Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#noite-de-almirante", "headline": "Noite de Almirante", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Lá vai ele agora, pela rua de Bragança, Prainha e Saúde, até ao princípio da Gamboa, onde mora Genoveva. A casa é uma rotulazinha escura, portal rachado do sol, passando o Cemitério dos Ingleses; lá deve estar Genoveva, debruçada à janela, esperando por ele. Deolindo prepara uma palavra que lhe diga. Já formulou esta: \"Jurei e cumpri\", mas procura outra melhor. Ao mesmo tempo lembra as mulheres que viu por esse mundo de Cristo, italianas, marselhesas ou turcas, muitas delas bonitas, ou que lhe pareciam tais. Concorda que nem todas seriam para os beiços dele, mas algumas eram, e nem por isso fez caso de nenhuma. Só pensava em Genoveva. A mesma casinha dela, tão pequenina, e a mobília de pé quebrado, tudo velho e pouco, isso mesmo lhe lembrava diante dos palácios de outras terras. Foi à custa de muita economia que comprou em Trieste um par de brincos, que leva agora no bolso com algumas bugigangas. E ela, que lhe guardaria? Pode ser que um lenço marcado com o nome dele e uma âncora na ponta, porque ela sabia marcar muito bem. Nisto chegou à Gamboa, passou o cemitério e deu com a casa fechada. Bateu, falou-lhe uma voz conhecida, a da velha Inácia, que veio abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião tirou o chapéu, sorriu também. A visão da família apoderou-se dele outra vez. \"Case-se e diga que eu o engano!\" Parou, olhou para trás, viu ir a moça, tique-tique, e o menino ao pé dela, amiudando as perninhas, para ajustar-se ao passo da mãe. Depois, foi andando lentamente, pensando em várias mulheres que podia escolher muito bem, para executar, a quatro mãos, a sonata conjugal, música séria, regular e clássica. Chegou a pensar na filha do major, que apenas sabia umas velhas mazurcas. De repente, ouvia a guitarra do pecado, tangida pelos dedos de Sofia, que o deliciavam, que o estonteavam, a um tempo; e lá se ia toda a castidade do plano anterior. Teimava novamente, forcejava por trocar as composições; pensava na moça da Saúde, modos tão bonitos, criancinha pela mão...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma cousa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. 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Assim como uns nascem pastores e outros, príncipes, Custódio Marques nascera almotacé; era a sua vocação e apostolado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#o-lapso", "headline": "O Lapso", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Este era um cabeleireiro da rua da Vala, defronte da Sé, que vendera ao Tomé Gonçalves dez cabeleiras, em cinco anos, sem lhe haver nunca um real. O outro era alfaiate, e ainda maior credor que o primeiro. A procissão passara inteiramente; eles ficaram na esquina, ajustando o plano de mandar os meirinhos ao Tomé Gonçalves. O cabeleireiro advertiu que outros muitos credores só esperavam um sinal para cair em cima do devedor remisso; e o alfaiate lembrou a conveniência de meter na conjuração o Mata sapateiro, que vivia desesperado. Só a ele devia o Tomé Gonçalves mais de oitenta mil réis. Nisso estavam, quando por trás deles ouviram uma voz, com sotaque estrangeiro, perguntando por que motivo conspiravam contra um homem doente. Voltaram-se, e, dando com o Dr. Jeremias, desbarretaram-se os dois credores, tomados de profunda veneração; em seguida disseram que tanto não era doente o devedor, que lá ia andando na procissão, muito teso, pegando uma das varas do pálio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "\"Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida de D. Plácida. Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de simpatia\".", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Nunca houve talvez nesta boa cidade quem melhor empunhasse a vara de almotacé que o ativo e sagaz Custódio Marques, morador defronte da sacristia da Sé durante o curto vice-reinado do conde de Azambuja. 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Que a lira ressoe a toda a hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Todos os homens devem ter uma lira no coração - ou não sejam homens. Que a lira ressoe a toda a hora, nem por qualquer motivo, não o digo eu; mas de longe em longe, e por algumas reminiscências particulares... Sabe por que é que lhe pareço poeta, apesar das Ordenações do Reino e dos cabelos grisalhos? É porque vamos por esta Glória adiante, costeando aqui a Secretaria de Estrangeiros... Lá está o outeiro célebre... Adiante há uma casa..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sedan", "name": "Sedan", "description": "Sedan é uma localidade na região francesa das Ardenas, no norte do país, onde em 1870 ocorreu a batalha que selou o fim da Guerra Franco-prussiana.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sedan", "lat": "49.70187", "long": "4.94028", "gn:featureCode": "PPLA3", "gn:featureCodeName": "seat of a third-order administrative division", "gn:name": "Sedan", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2975349/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Aniversário da batalha de Sedan. 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Talvez vá à casa do desembargador pedir a Fidélia que, em comemoração da vitória prussiana, nos dê um pedaço de Wagner." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Serra%20do%20Cubat%C3%A3o", "name": "Serra de Cubatão", "description": "A serra de Cubatão é a que se desce, quando se vai de São Paulo para o porto de Santos, onde, à época em que se passa o conto, se tomava o navio para vir para o Rio de Janeiro, onde residia a personagem.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Serra%20do%20Cubat%C3%A3o", "lat": "-23.9427621", "long": "-46.7622653", "gn:featureCode": "MTS", "gn:featureCodeName": "mountains", "gn:name": "Serra do Cubatão", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3465046/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Caminho_de_Damasco#o-caminho-de-damasco", "headline": "O Caminho de Damasco", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Jorge Aguiar, no tempo em que se passa esta narrativa, contava os seus vinte e três anos de idade. No ano anterior, voltara de São Paulo com um diploma de bacharel na algibeira e uns amores no coração. Poderia dizer que trazia também alguma ciência jurídica na cabeça, se o meu intento não fosse uma escrupulosa fidelidade histórica. Aguiar aprendeu apenas o necessário para de todo em todo não atar as mãos aos lentes; mas o pouco que aprendeu ficou na serra de Cubatão, sem lhe deixar saudades. Os amores, ainda os trouxe até à barra do Rio de Janeiro, mas com certeza não desembarcou com eles. Também não valiam a pena; eram amores bem pouco sérios para virem acolher-se à sombra da família.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Jorge Aguiar, no tempo em que se passa esta narrativa, contava os seus vinte e três anos de idade. No ano anterior, voltara de São Paulo com um diploma de bacharel na algibeira e uns amores no coração. Poderia dizer que trazia também alguma ciência jurídica na cabeça, se o meu intento não fosse uma escrupulosa fidelidade histórica. Aguiar aprendeu apenas o necessário para de todo em todo não atar as mãos aos lentes; mas o pouco que aprendeu ficou na serra de Cubatão, sem lhe deixar saudades. Os amores, ainda os trouxe até à barra do Rio de Janeiro, mas com certeza não desembarcou com eles. Também não valiam a pena; eram amores bem pouco sérios para virem acolher-se à sombra da família." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Serra%20dos%20%C3%93rg%C3%A3os", "name": "Serra dos Órgãos", "description": "O maciço da serra dos Órgãos é uma cadeia montanhosa situada na região serrana do estado do Rio de Janeiro, estendendo-se pelos municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim. 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O fundo, serra e céu, faz bom efeito; a água creio que terá movimento e boa cor. Faltava Tristão; não vi nem sombra do \"filho pintado pela filha\". Posto não estranhasse a ausência, lembrou-me insinuá-la. Disse-lhe que podia pôr na praia a figura da boa amiga, que ali estava a acompanhá-la com os seus dous olhos amigos. Esta ia a dizer alguma cousa, mas Fidélia replicou:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vaguei pelas ruas o resto da noite. Ceei, é verdade, um quase nada, mas o bastante para ir até à manhã. Vi as últimas horas da noite e as primeiras do dia, vi os derradeiros passeadores e os primeiros varredores, as primeiras carroças, os primeiros ruídos, os primeiros albores, um dia que vinha depois do outro e me veria ir para nunca mais voltar. As ruas que eu andava como que me fugiam por si mesmas. Não tornaria a contemplar o mar da Glória, nem a serra dos Órgãos, nem a fortaleza de Santa Cruz e as outras. A gente que passava não era tanta, como nos dias comuns da semana, mas era já numerosa e ia a algum trabalho, que repetiria depois; eu é que não repetiria mais nada.", "Olhei, prestava. Está ainda em começo, e não será obra-prima; a polidez obrigava-me a achá-la excelente, e disse-lho, com um gesto de admiração; mas, em verdade, presta. O fundo, serra e céu, faz bom efeito; a água creio que terá movimento e boa cor. Faltava Tristão; não vi nem sombra do \"filho pintado pela filha\". Posto não estranhasse a ausência, lembrou-me insinuá-la. Disse-lhe que podia pôr na praia a figura da boa amiga, que ali estava a acompanhá-la com os seus dous olhos amigos. Esta ia a dizer alguma cousa, mas Fidélia replicou:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sert%C3%A3o%20Paraibano", "name": "Sertão do Norte", "description": "O \"sertão do Norte\" é uma referência cultural ao interior do estado do Ceará.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sert%C3%A3o%20Paraibano", "lat": "-6.93003", "long": "-37.97371", "gn:featureCode": "RGN", "gn:featureCodeName": "region", "gn:name": "Sertão Paraibano", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/12070196/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Natividade disse baixinho à outra que \"a cabocla era simpática\", não tão baixo que esta não pudesse ouvir também; e daí pode ser que ela, receosa da predição, quisesse aquilo mesmo para obter um bom destino aos filhos. A cabocla foi sentar-se à mesa redonda que estava no centro da sala, virada para as duas. Pôs os cabelos e os retratos defronte de si. Olhou alternadamente para eles e para a mãe, fez algumas perguntas a esta, e ficou a mirar os retratos e os cabelos, boca aberta, sobrancelhas cerradas. Custa-me dizer que acendeu um cigarro, mas digo, porque é verdade, e o fumo concorda com o ofício. Fora, o pai roçava os dedos na viola, murmurando uma cantiga do sertão do Norte:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Natividade disse baixinho à outra que \"a cabocla era simpática\", não tão baixo que esta não pudesse ouvir também; e daí pode ser que ela, receosa da predição, quisesse aquilo mesmo para obter um bom destino aos filhos. A cabocla foi sentar-se à mesa redonda que estava no centro da sala, virada para as duas. Pôs os cabelos e os retratos defronte de si. Olhou alternadamente para eles e para a mãe, fez algumas perguntas a esta, e ficou a mirar os retratos e os cabelos, boca aberta, sobrancelhas cerradas. Custa-me dizer que acendeu um cigarro, mas digo, porque é verdade, e o fumo concorda com o ofício. Fora, o pai roçava os dedos na viola, murmurando uma cantiga do sertão do Norte:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Seville", "name": "Sevilha", "description": "Sevilha é uma cidade da Espanha, capital da província de mesmo nome. Fica na Andaluzia e, devido ao domínio mouro na península Ibérica, foi, como outras cidades da região, muito influenciada pela cultura árabe.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Seville", "lat": "37.38283", "long": "-5.97317", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Seville", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2510911/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Aires deixou-se ir rio abaixo daquela memória velha, que lhe surdia agora do alarido de cinquenta ou sessenta pessoas. Essa espécie de lembranças tinha mais efeito nele que outras. Recompôs a hora, o lugar e a pessoa da sevilhana. Cármen era de Sevilha. O ex-rapaz ainda agora recordava a cantiga popular que lhe ouvia, à despedida depois de retificar as ligas, compor as saias, e cravar o pente no cabelo - no momento em que ia deitar a mantilha, meneando o corpo com graça:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aires deixou-se ir rio abaixo daquela memória velha, que lhe surdia agora do alarido de cinquenta ou sessenta pessoas. Essa espécie de lembranças tinha mais efeito nele que outras. Recompôs a hora, o lugar e a pessoa da sevilhana. Cármen era de Sevilha. O ex-rapaz ainda agora recordava a cantiga popular que lhe ouvia, à despedida depois de retificar as ligas, compor as saias, e cravar o pente no cabelo - no momento em que ia deitar a mantilha, meneando o corpo com graça:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/S%C3%A8vres", "name": "Sèvres", "description": "Sèvres é uma comuna francesa, na região de Île-de-France, nos arredores de Paris, conhecida pela produção de finíssima porcelana.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/S%C3%A8vres", "lat": "48.82292", "long": "2.21757", "gn:featureCode": "PPL", "gn:featureCodeName": "populated place", "gn:name": "Sèvres", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/2974678/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "Um deles valia mais que todos pela carruagem - tirada por uma bela parelha de cavalos - capitalista do bairro. A casa dele era um palacete, os móveis feitos na Europa, estilo império, aparelhos de Sèvres e de prata, tapetes de Esmirna, e uma vasta câmara com dous leitos, um de solteiro, outro de casados. O segundo esperava a esposa.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "Guiomar amava deveras. Mas até que ponto era involuntário aquele sentimento? Era-o até o ponto de lhe não desbotar à nossa heroína a castidade do coração, de lhe não diminuirmos a força de suas faculdades afetivas. Até aí só; daí por diante entrava a fria eleição do espírito. Eu não a quero dar como uma alma que a paixão desatina e cega, nem fazê-la morrer de um amor silencioso e tímido. Nada disso era, nem faria. Sua natureza exigia e amava essas flores do coração, mas não havia esperar que as fosse colher em sítios agrestes e nus, nem nos ramos do arbusto modesto plantado em frente de janela rústica. Ela queria-as belas e viçosas, mas em vaso de Sèvres, posto sobre móvel raro, entre duas janelas urbanas, flanqueado o dito vaso e as ditas flores pelas cortinas de caxemira, que deviam arrastar as pontas na alcatifa do chão.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um deles valia mais que todos pela carruagem - tirada por uma bela parelha de cavalos - capitalista do bairro. A casa dele era um palacete, os móveis feitos na Europa, estilo império, aparelhos de Sèvres e de prata, tapetes de Esmirna, e uma vasta câmara com dous leitos, um de solteiro, outro de casados. O segundo esperava a esposa.", "Guiomar amava deveras. Mas até que ponto era involuntário aquele sentimento? Era-o até o ponto de lhe não desbotar à nossa heroína a castidade do coração, de lhe não diminuirmos a força de suas faculdades afetivas. Até aí só; daí por diante entrava a fria eleição do espírito. Eu não a quero dar como uma alma que a paixão desatina e cega, nem fazê-la morrer de um amor silencioso e tímido. Nada disso era, nem faria. Sua natureza exigia e amava essas flores do coração, mas não havia esperar que as fosse colher em sítios agrestes e nus, nem nos ramos do arbusto modesto plantado em frente de janela rústica. Ela queria-as belas e viçosas, mas em vaso de Sèvres, posto sobre móvel raro, entre duas janelas urbanas, flanqueado o dito vaso e as ditas flores pelas cortinas de caxemira, que deviam arrastar as pontas na alcatifa do chão." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/West%20Jerusalem", "name": "Sião", "description": "Originariamente, “Sião” é um monte da cidade de Jerusalém. Por extensão de sentido, passou a designar a própria cidade de Jerusalém e, ainda, a terra de Israel como um todo. Ao longo dos séculos, a muralha da cidade de Jerusalém foi sendo reconstruída, nem sempre no mesmo local em que ficavam as anteriores. 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Apressou-se o poeta a voltar aos seus pacíficos lares.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_excursão_milagrosa#uma-excursao-milagrosa", "headline": "Uma Excursão Milagrosa", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "A primeira impressão, quando me vi em terra, foi de satisfação; depois tratei de ver em que região do planeta me achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verifiquei que me achava a dous passos de casa. Apressei-me a voltar aos meus pacíficos lares.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A primeira impressão, quando se viu em terra, foi de satisfação; depois tratou de ver em que região do planeta se achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verificou que se achava a dous passos de casa. Apressou-se o poeta a voltar aos seus pacíficos lares.", "A primeira impressão, quando me vi em terra, foi de satisfação; depois tratei de ver em que região do planeta me achava; podia ter caído na Sibéria ou na China; verifiquei que me achava a dous passos de casa. Apressei-me a voltar aos meus pacíficos lares." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Lebanon", "name": "Sidônia", "description": "Sidônia (ou Sídon) foi uma das mais importantes e ricas cidades fenícias, famosa pela qualidade dos artigos que produzia, entre os quais a púrpura, um tecido muito caro, de que se vestiam os reis. Homero louva a habilidade dos seus artesãos na Ilíada (canto 6). Sidônia existe até hoje, sendo a terceira cidade mais importante do Líbano, na costa do Mediterrâneo.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Lebanon", "lat": "33.854721", "long": "35.862285", "gn:featureCode": "P.PPLA", "gn:featureCodeName": "Populated place, capital of a political entity", "gn:name": "Lebanon", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=33.854721,35.862285" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#viver", "headline": "Viver!", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "AHASVERUS - Que importa à espécie que vai morrer comigo toda essa delícia póstuma? Crê-me, tu que és imortal, para os ossos que apodrecem na terra as púrpuras de Sidônia não valem nada. O que tu me contas é ainda melhor que o sonho de Campanella. Na cidade deste havia delitos e enfermidades; a tua exclui todas as lesões morais e físicas. O Senhor te ouça! Mas deixa-me ir morrer.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "AHASVERUS - Que importa à espécie que vai morrer comigo toda essa delícia póstuma? Crê-me, tu que és imortal, para os ossos que apodrecem na terra as púrpuras de Sidônia não valem nada. O que tu me contas é ainda melhor que o sonho de Campanella. Na cidade deste havia delitos e enfermidades; a tua exclui todas as lesões morais e físicas. O Senhor te ouça! Mas deixa-me ir morrer." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Sirius", "name": "Sirius", "description": "A estrela Sirius (ou Sírio) se localiza na constelação de Canis Major (Grande Cão). 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A recordação de uns simples olhos basta para fixar outros que os recordem e se deleitem com a imaginação deles. Não é mister pecado efetivo e mortal, nem papel trocado, simples palavra, aceno, suspiro ou sinal ainda mais miúdo e leve. Um anônimo ou anônima que passe na esquina da rua faz com que metamos Sirius dentro de Marte, e tu sabes, leitor, a diferença que há de um a outro na distância e no tamanho, mas a astronomia tem dessas confusões. Foi isto que me fez empalidecer, calar e querer fugir da sala para voltar, Deus sabe quando; provavelmente, dez minutos depois. Dez minutos depois, estaria eu outra vez na sala, ao piano ou à janela, continuando a lição interrompida:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Se não fosse a astronomia, não descobriria eu tão cedo as dez libras de Capitu; mas não é por isso que torno a ela, é para que não cuides que a vaidade de professor é que me fez padecer com a desatenção de Capitu e ter ciúmes do mar. Não, meu amigo. Venho explicar-te que tive tais ciúmes pelo que podia estar na cabeça de minha mulher, não fora ou acima dela. É sabido que as distrações de uma pessoa podem ser culpadas, metade culpadas, um terço, um quinto, um décimo de culpadas, pois que em matéria de culpa a graduação é infinita. A recordação de uns simples olhos basta para fixar outros que os recordem e se deleitem com a imaginação deles. Não é mister pecado efetivo e mortal, nem papel trocado, simples palavra, aceno, suspiro ou sinal ainda mais miúdo e leve. Um anônimo ou anônima que passe na esquina da rua faz com que metamos Sirius dentro de Marte, e tu sabes, leitor, a diferença que há de um a outro na distância e no tamanho, mas a astronomia tem dessas confusões. Foi isto que me fez empalidecer, calar e querer fugir da sala para voltar, Deus sabe quando; provavelmente, dez minutos depois. Dez minutos depois, estaria eu outra vez na sala, ao piano ou à janela, continuando a lição interrompida:" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Solferino", "name": "Solferino", "description": "Solferino é uma localidade que fica na região da Lombardia, província de Mântua, no norte da Itália.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Solferino", "lat": "45.37236", "long": "10.56648", "gn:featureCode": "PPLA3", "gn:featureCodeName": "seat of a third-order administrative division", "gn:name": "Solferino", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3166427/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Rubião levantou-se repentino, e deu alguns passos; o major não viu a expressão do rosto, não percebeu que o espírito do homem ia talvez descarrilhar, e que ele mesmo o pressentia. Disse-lhe que se sentasse, e contou-lhe os seus tempos de casado e de campanha. Quando chegou à narração da batalha de Monte-Caseros, com as marchas e contramarchas próprias do seu discurso, tinha diante de si Napoleão III. Calado a princípio, Rubião proferiu algumas palavras de aplauso, citou Solferino e Magenta, prometeu ao Siqueira uma condecoração. Pai e filha entreolharam-se; o major disse que vinha muita chuva. Com efeito, escurecera um pouco. Era melhor que Rubião fosse, antes de cair água; não trouxera guarda-chuva, o dele era velho e único...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rubião levantou-se repentino, e deu alguns passos; o major não viu a expressão do rosto, não percebeu que o espírito do homem ia talvez descarrilhar, e que ele mesmo o pressentia. Disse-lhe que se sentasse, e contou-lhe os seus tempos de casado e de campanha. Quando chegou à narração da batalha de Monte-Caseros, com as marchas e contramarchas próprias do seu discurso, tinha diante de si Napoleão III. Calado a princípio, Rubião proferiu algumas palavras de aplauso, citou Solferino e Magenta, prometeu ao Siqueira uma condecoração. Pai e filha entreolharam-se; o major disse que vinha muita chuva. Com efeito, escurecera um pouco. Era melhor que Rubião fosse, antes de cair água; não trouxera guarda-chuva, o dele era velho e único..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Bern", "name": "Suíça", "description": "A Suíça é um país situado na Europa e faz fronteira com França, Alemanha, Itália, Áustria e Liechtenstein. 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Acabei de vestir-me às pressas. Quando saí do quarto, tomei ares de pai, um pai entre manso e crespo, metade Dom Casmurro. Ao entrar na sala, dei com um rapaz, de costas, mirando o busto de Massinissa, pintado na parede. Vim cauteloso, e não fiz rumor. Não obstante, ouviu-me os passos, e voltou-se depressa. Conheceu-me pelos retratos e correu para mim. Não me mexi; era nem mais nem menos o meu antigo e jovem companheiro do seminário de São José, um pouco mais baixo, menos cheio de corpo e, salvo as cores, que eram vivas, o mesmo rosto do meu amigo. Trajava à moderna, aturalmente, e as maneiras eram diferentes, mas o aspecto geral reproduzia a pessoa morta. Era o próprio, o exato, o verdadeiro Escobar. Era o meu comborço; era o filho de seu pai. Vestia de luto pela mãe; eu também estava de preto. 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Seus amigos eram numerosos, solícitos e constantes; alguns não duvidavam dar-lhe a honra de o constituir seu credor. Entre as moças de Corinto era o seu nome verdadeiramente popular; não poucas o tinham amado até o delírio. Não havia pateada célebre em que a chave dos seus aposentos não figurasse, nem corrida, nem ceata, nem passeio, em que não ocupasse um dos primeiros lugares cet aimable brésilien." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Taubat%C3%A9", "name": "Taubaté", "description": "Taubaté é um município do estado de São Paulo, localizado na região do vale do Paraíba. Fica a cerca de 120 quilômetros de São Paulo e a 280 quilômetros do Rio de Janeiro. 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Sucessos que o desembargador contou por alto, e não valia a pena instar por eles, trouxeram a mãe e o filho para a casa Aguiar durante algum tempo. Ao cabo da primeira semana tinha o pequeno duas mães. A mãe real precisou ir a Minas, onde estava o marido; viagem de poucos dias. D. Carmo alcançou que a amiga lhe deixasse o filho e a ama. Tais foram os primeiros liames da afeição que cresceu com o tempo e o costume. O pai era comerciante de café - comissário - e andava então a negócios por Minas; a mãe era filha de Taubaté, São Paulo, amiga de viajar a cavalo. Quando veio o tempo de batizar o pequeno, Luísa Guimarães convidou a amiga para madrinha dele. Era justamente o que a outra queria; aceitou com alvoroço, o marido, com prazer, e o batizado se fez como uma festa da família Aguiar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Uma das suas amigas tivera um filho, quando D. Carmo ia em vinte e tantos anos. Sucessos que o desembargador contou por alto, e não valia a pena instar por eles, trouxeram a mãe e o filho para a casa Aguiar durante algum tempo. Ao cabo da primeira semana tinha o pequeno duas mães. A mãe real precisou ir a Minas, onde estava o marido; viagem de poucos dias. D. Carmo alcançou que a amiga lhe deixasse o filho e a ama. Tais foram os primeiros liames da afeição que cresceu com o tempo e o costume. O pai era comerciante de café - comissário - e andava então a negócios por Minas; a mãe era filha de Taubaté, São Paulo, amiga de viajar a cavalo. Quando veio o tempo de batizar o pequeno, Luísa Guimarães convidou a amiga para madrinha dele. Era justamente o que a outra queria; aceitou com alvoroço, o marido, com prazer, e o batizado se fez como uma festa da família Aguiar." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Teatro de São Luís", "description": "O teatro São Luís pertencia ao artista Furtado Coelho e era por ele dirigido. Situava-se na rua de Sousa Franco n. 37 B, C e D, ao lado do Ginásio Dramático (n. 37 A). A rua de Sousa Franco começava no largo de São Francisco e terminava na praça da Constituição (atual praça Tiradentes), no Centro do Rio de Janeiro. Anteriormente chamava-se rua do Teatro, mas, em junho de 1875, a Câmara, em memória do Senador Sousa Franco, deu-lhe seu nome. 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Foi inaugurado em 1826, no mesmo lugar onde antes havia o Teatro de São João, incendiado em 1824. O próprio Teatro de São Pedro sofreu vários incêndios, sendo sempre reerguido, duas das vezes graças ao empenho do ator e empresário João Caetano, que atualmente dá nome ao teatro que se construiu no mesmo lugar.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Pr%C3%A7.%20Tiradentes%2C%20s/n%20-%20Centro%2C%20Rio%20de%20Janeiro%20-%20RJ%2C%2020060-070%2C%20Brazil", "lat": "-22.9062597", "long": "-43.1822673", "gn:featureCode": "S.BLDG", "gn:featureCodeName": "Building(s)", "gn:name": "Prç. 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Cara e talhe, era nada menos que o porteiro de um dos teatros dramáticos do tempo, São Pedro ou Ginásio; não havia que duvidar, era a mesma fisionomia obsequiosa de todas as noites, a mesma figura do dever, sentada à porta da plateia, recebendo os bilhetes, dando as senhas, calada, sossegada, já sem comoção dramática, tendo gasto o coração em toda a sorte de lances, durante anos eternos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Teatro Ginásio Dramático", "description": "O Ginásio Dramático, onde se apresentavam as últimas novidades teatrais francesas, foi inaugurado em 1855. A partir de 1859, passaria a ser uma espécie de núcleo do chamado \"realismo teatral\", graças à atuação do ator Furtado Coelho, que contribuiu para mudar o gosto do público, acostumado com os gestos e a voz grandiloquentes de João Caetano. Conquistou não apenas o público comum, mas principalmente os jovens intelectuais ligados ao jornalismo e à literatura. Situava-se na rua do Teatro (que existe, com esse nome, até hoje), no Centro do Rio de Janeiro, onde antes funcionara o Teatro de São Francisco (1832).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.9068467", "long": "-43.1728965", "gn:featureCode": "S.THEA", "gn:featureCodeName": "theater", "gn:name": "Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9068467,-43.1728965" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Almas_agradecidas#almas-agradecidas", "headline": "Almas Agradecidas", "genre": "Conto", "datePublished": "1871", "text": "Havia representação no Ginásio. A peça da moda era então a célebre Dama das camélias. A casa estava cheia. No fim do quarto ato começou a chover um pouco; do meio do quinto ato em diante a chuva redobrou de violência.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Antes_que_cases...#antes-que-cases", "headline": "Antes Que Cases...", "genre": "Conto", "datePublished": "1875", "text": "Durou um mês esta ausência da Corte. No trigésimo primeiro dia, Ângela viu anunciada uma peça nova no Ginásio e pediu ao marido para virem à cidade.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#singular-ocorrencia", "headline": "Singular Ocorrência", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "- Nada mais simples: Marocas não sabia ler. Ele não chegou a suspeitá-lo. Viu-a atravessar o Rossio, que ainda não tinha estátua nem jardim, e ir à casa que buscava, ainda assim perguntando em outras. De noite foi ao Ginásio; dava-se a Dama das camélias; Marocas estava lá, e, no último ato, chorou como uma criança. Não lhe digo nada; no fim de quinze dias amavam-se loucamente. Marocas despediu todos os seus namorados, e creio que não perdeu pouco; tinha alguns capitalistas bem bons. Ficou só, sozinha, vivendo para o Andrade, não querendo outra afeição, não cogitando de nenhum outro interesse.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Um_dístico#um-distico", "headline": "Um Dístico", "genre": "Conto", "datePublished": "1886", "text": "Não direi o assombro que me causou a vista do homem. Já então ia mais perto. 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Viu-a atravessar o Rossio, que ainda não tinha estátua nem jardim, e ir à casa que buscava, ainda assim perguntando em outras. De noite foi ao Ginásio; dava-se a Dama das camélias; Marocas estava lá, e, no último ato, chorou como uma criança. Não lhe digo nada; no fim de quinze dias amavam-se loucamente. Marocas despediu todos os seus namorados, e creio que não perdeu pouco; tinha alguns capitalistas bem bons. Ficou só, sozinha, vivendo para o Andrade, não querendo outra afeição, não cogitando de nenhum outro interesse.", "Não direi o assombro que me causou a vista do homem. Já então ia mais perto. Cara e talhe, era nada menos que o porteiro de um dos teatros dramáticos do tempo, São Pedro ou Ginásio; não havia que duvidar, era a mesma fisionomia obsequiosa de todas as noites, a mesma figura do dever, sentada à porta da plateia, recebendo os bilhetes, dando as senhas, calada, sossegada, já sem comoção dramática, tendo gasto o coração em toda a sorte de lances, durante anos eternos." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "name": "Teatro Lírico", "description": "O Teatro Lírico, ou Lyrico Fluminense, substituiu o Teatro Provisório a partir de 1854, por não mais se justificar o nome primitivo, já que a casa passou a funcionar em caráter permanente. Foi inaugurado com a encenação da ópera Ernani, de Verdi. Nele se apresentaram importantes cantores de ópera e artistas de teatro, além de concertistas famosos. Segundo alguns estudiosos, foi o berço da ópera no Brasil. Ficava no campo da Aclamação (depois, campo de Santana, atualmente praça da República), entre as ruas dos Ciganos (atual Constituição) e do Hospício (atual Buenos Aires).", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Rio%20de%20Janeiro%2C%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.9068467", "long": "-43.1728965", "gn:featureCode": "S.OPRA", "gn:featureCodeName": "opera house", "gn:name": "Rio de Janeiro, State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.9068467,-43.1728965" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_Caso_Barreto#o-caso-barreto", "headline": "O Caso Barreto", "genre": "Conto", "datePublished": "1892", "text": "Barreto cingiu-a ao turbilhão da valsa. De fato, a moça valsava bem; o que mais impressionou o nosso amanuense, além da elegância, foi o desembaraço e a graça da conversação. \"As outras moças não são assim\", disse ele consigo, depois que a conduziu a uma cadeira. E ainda agora repetia a mesma cousa. Realmente, era espirituosa. Não podia achar melhor noiva - de momento, ao menos; o pai era bom homem; não o recusaria por ser amanuense. A questão era aproximar-se dela, ir à casa, frequentá-la; parece que eles tinham assinatura no Teatro Lírico. Vagamente lembrava-se de lhe haver ouvido isso, na véspera; e pode ser até que com intenção. Foi, foi intencional. Os olhares que ela lhe lançou traziam muita vida. Ermelinda! Bem pensado, o nome não era feio. Ermelinda! Ermelinda! Não podia ser feio um nome que acabava pela palavra linda. Ermelinda! 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Vagamente lembrava-se de lhe haver ouvido isso, na véspera; e pode ser até que com intenção. Foi, foi intencional. Os olhares que ela lhe lançou traziam muita vida. Ermelinda! Bem pensado, o nome não era feio. Ermelinda! Ermelinda! Não podia ser feio um nome que acabava pela palavra linda. Ermelinda! Barreto deu por si a dizer alto:", "Uma noite uma família da amizade de Oliveira foi convidá-la para irem ao Teatro Lírico. Antônia mostrou grande desejo de ir. Cantava então não sei que celebridade italiana.", "- Era. E aquele misterioso do corredor do Teatro Lírico. Era eu. A carta?", "\"Pobre Macedo!\", exclamarás tu, ao invés do título, e realmente, não se dirá que esse rapaz ande no regaço da Fortuna. Tem um emprego público, qualidade já de si pouco recomendável ao pai de Finoca; mas, além de ser público, é mal pago. Macedo faz proezas de economia para ter o seu lenço de seda, roupa à moda, perfumes, teatro, e, quando há Lírico, luvas. Vive em um quarto de casa de hóspedes, estreito, sem luz, com mosquitos e (para que negá-lo?) pulgas. Come mal para vestir bem; e, quanto aos incômodos da alcova, valem tanto como nada, porque ele ama - não d`agora - tem amado sempre, é a consolação ou compensação das outras faltas. Agora ama a Finoca, mas de um modo mais veemente que de outras vezes, uma paixão sincera, não correspondida. Pobre Macedo!", "A outra carta era longa; mas eis aqui o trecho final. 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Oprimiam-no duas cousas - a ambição, que um escrúpulo desazara, e logo depois a dúvida -, e talvez o arrependimento, mas um arrependimento que viria outra vez, se se repetisse a hipótese, porque o fundo supersticioso existia. Duvidava da superstição, sem chegar a rejeitá-la. Essa persistência de um sentimento, que repugna ao mesmo indivíduo, era um fenômeno digno de alguma atenção. Mas eu preferia a pura ingenuidade de D. Plácida, quando confessava não poder ver um sapato voltado para o ar.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Número fatídico, lembras-te que te abençoei muitas vezes? Assim também as virgens ruivas de Tebas deviam abençoar a égua, de ruiva crina, que as substituiu no sacrifício de Pelópidas - uma donosa égua, que lá morreu, coberta de flores, sem que ninguém lhe desse nunca uma palavra de saudade. Pois dou-ta eu, égua piedosa, não só pela morte havida, como porque, entre as donzelas escapas, não é impossível que figurasse uma avó dos Cubas... 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Mas que entre dous indivíduos de família e casta diferentes (a não serem os Drômios e os Menecmas dos poetas) a igualdade das feições, da estatura, da fala, de tudo, seja tal que se não possam distinguir um do outro, é caso para ser posto em letra de forma, depois de ter vivido três mil anos em um papiro, achado em Tebas. Vá por conta do papiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "A resposta foi compelir-me fortemente a olhar para baixo, e a ver os séculos que continuavam a passar, velozes e turbulentos, as gerações que se superpunham às gerações, umas tristes, como os Hebreus do cativeiro, outras alegres, como os devassos de Cômodo, e todas elas pontuais na sepultura. Quis fugir, mas uma força misteriosa me retinha os pés; então disse comigo: \"Bem, os séculos vão passando, chegará o meu, e passará também, até o último, que me dará a decifração da eternidade.\" E fixei os olhos, e continuei a ver as idades, que vinham chegando e passando, já então tranquilo e resoluto, não sei até se alegre. Talvez alegre. Cada século trazia a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro e o seu cortejo de sistemas, de ideias novas, de novas ilusões; em cada um deles rebentavam as verduras de uma primavera, e amareleciam depois, para remoçar mais tarde. Ao passo que a vida tinha assim uma regularidade de calendário, fazia-se a história e a civilização, e o homem, nu e desarmado, armava-se e vestia-se, construía o tugúrio e o palácio, a rude aldeia e Tebas de cem portas, criava a ciência, que perscruta, e a arte que enleva, fazia-se orador, mecânico, filósofo, corria a face do globo, descia ao ventre da terra, subia à esfera das nuvens, colaborando assim na obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo. Meu olhar, enfarado e distraído, viu enfim chegar o século presente, e atrás dele os futuros. Aquele vinha ágil, destro, vibrante, cheio de si, um pouco difuso, audaz, sabedor, mas ao cabo tão miserável como os primeiros, e assim passou e assim passaram os outros, com a mesma rapidez e igual monotonia. Redobrei de atenção; fitei a vista; ia enfim ver o último - o último! Mas então já a rapidez da marcha era tal, que escapava a toda a compreensão; ao pé dela o relâmpago seria um século. Talvez por isso entraram os objetos a trocarem-se; uns cresceram, outros minguaram, outros perderam-se no ambiente; um nevoeiro cobriu tudo - menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Várias_Histórias#viver", "headline": "Viver!", "genre": "Conto", "datePublished": "1896", "text": "PROMETEU. - A vida, como a antiga Tebas, tem cem portas. Fechas uma, outras se abrirão. És o último da tua espécie? Virá outra espécie melhor, não feita do mesmo barro, mas da mesma luz. Sim, homem derradeiro, toda a plebe dos espíritos perecerá para sempre; a flor deles é que voltará à terra para reger as cousas. Os tempos serão retificados. O mal acabará; os ventos não espalharão mais nem os germes da morte, nem o clamor dos oprimidos, mas tão somente a cantiga do amor perene e a bênção da universal justiça...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Na família as semelhanças são naturais; e isso que fazia pasmar ao bom Montaigne não traz o menor espanto ao mais soez dos homens. Os Ausos, povo antigo, cujas mulheres eram comuns, tinham um processo sumário para restituir os filhos aos pais: era a semelhança que, ao cabo de três meses, apresentasse o menino com algum dos cidadãos. Vá por conta de Heródoto. A natureza era assim um tabelião muito mais seguro. Mas que entre dous indivíduos de família e casta diferentes (a não serem os Drômios e os Menecmas dos poetas) a igualdade das feições, da estatura, da fala, de tudo, seja tal que se não possam distinguir um do outro, é caso para ser posto em letra de forma, depois de ter vivido três mil anos em um papiro, achado em Tebas. Vá por conta do papiro.", "A resposta foi compelir-me fortemente a olhar para baixo, e a ver os séculos que continuavam a passar, velozes e turbulentos, as gerações que se superpunham às gerações, umas tristes, como os Hebreus do cativeiro, outras alegres, como os devassos de Cômodo, e todas elas pontuais na sepultura. Quis fugir, mas uma força misteriosa me retinha os pés; então disse comigo: \"Bem, os séculos vão passando, chegará o meu, e passará também, até o último, que me dará a decifração da eternidade.\" E fixei os olhos, e continuei a ver as idades, que vinham chegando e passando, já então tranquilo e resoluto, não sei até se alegre. Talvez alegre. Cada século trazia a sua porção de sombra e de luz, de apatia e de combate, de verdade e de erro e o seu cortejo de sistemas, de ideias novas, de novas ilusões; em cada um deles rebentavam as verduras de uma primavera, e amareleciam depois, para remoçar mais tarde. Ao passo que a vida tinha assim uma regularidade de calendário, fazia-se a história e a civilização, e o homem, nu e desarmado, armava-se e vestia-se, construía o tugúrio e o palácio, a rude aldeia e Tebas de cem portas, criava a ciência, que perscruta, e a arte que enleva, fazia-se orador, mecânico, filósofo, corria a face do globo, descia ao ventre da terra, subia à esfera das nuvens, colaborando assim na obra misteriosa, com que entretinha a necessidade da vida e a melancolia do desamparo. Meu olhar, enfarado e distraído, viu enfim chegar o século presente, e atrás dele os futuros. Aquele vinha ágil, destro, vibrante, cheio de si, um pouco difuso, audaz, sabedor, mas ao cabo tão miserável como os primeiros, e assim passou e assim passaram os outros, com a mesma rapidez e igual monotonia. Redobrei de atenção; fitei a vista; ia enfim ver o último - o último! Mas então já a rapidez da marcha era tal, que escapava a toda a compreensão; ao pé dela o relâmpago seria um século. Talvez por isso entraram os objetos a trocarem-se; uns cresceram, outros minguaram, outros perderam-se no ambiente; um nevoeiro cobriu tudo - menos o hipopótamo que ali me trouxera, e que aliás começou a diminuir, a diminuir, a diminuir, até ficar do tamanho de um gato. Era efetivamente um gato. Encarei-o bem; era o meu gato Sultão, que brincava à porta da alcova, com uma bola de papel...", "PROMETEU. - A vida, como a antiga Tebas, tem cem portas. Fechas uma, outras se abrirão. És o último da tua espécie? Virá outra espécie melhor, não feita do mesmo barro, mas da mesma luz. Sim, homem derradeiro, toda a plebe dos espíritos perecerá para sempre; a flor deles é que voltará à terra para reger as cousas. Os tempos serão retificados. 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Ele pensou que a viagem era um meio de lhe fugir a ele, e concluiu que não podia haver melhor prova da intensidade da paixão de Maria Luísa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Oito dias depois, soube-se que Maria Luísa e o marido iam para Teresópolis ou Nova Friburgo. Dizia-se que era moléstia de Maria Luísa, e conselho dos médicos. Não se dizia, contudo, os nomes dos médicos; e é possível que esta circunstância não fosse necessária. A verdade é que eles partiram rapidamente, com grande mágoa e espanto do Rochinha, espanto que, aliás, não durou muito tempo. 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E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! Tu és o deus único!''", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "FREI LOURENÇO. - Cousas duras. Heródoto conta que Xerxes um dia chorou; mas não conta mais nada. Os ventos é que me disseram o resto, porque eles lá estavam ao pé do capitão, e recolheram tudo... Escutai; aí começam eles a agitar-se; ouviram-nos falar e murmuram... Uivai, amigos ventos, uivai como nos jovens dias das Termópilas.", "Compreendi que era sonho e achei-lhe graça. Os pregões foram andando, enquanto o meu José pedia desculpa de haver entrado, mas eram nove horas passadas, perto de dez. Fui às minhas abluções, ao meu café, aos meus jornais. Alguns destes celebram o aniversário da batalha de Tuiuti. Isto me lembra que, em plena diplomacia, quando lá chegou a notícia daquela vitória nossa, tive de dar esclarecimentos a alguns jornalistas estrangeiros sequiosos de verdade. Vinte anos mais, não estarei aqui para repetir esta lembrança; outros vinte, e não haverá sobrevivente dos jornalistas nem dos diplomatas, ou raro, muito raro; ainda vinte, e ninguém. E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! 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Mandaram-me ambos os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para não tornar a vê-lo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifoide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, onde os dous amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em grego: \"Tu eras perfeito nos teus caminhos\". 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João Carneiro estava com a pupila desvairada, a pálpebra trêmula, o peito ofegante. Os olhares que deitava a Sinhá Rita eram de súplica, mesclados de um tênue raio de censura. Por que lhe não pedia outra cousa? Por que lhe não ordenava que fosse a pé, debaixo de chuva, à Tijuca, ou Jacarepaguá? Mas logo persuadir ao compadre que mudasse a carreira do filho... Conhecia o velho; era capaz de lhe quebrar uma jarra na cara. Ah! Se o rapaz caísse ali, de repente, apoplético, morto! Era uma solução - cruel, é certo, mas definitiva.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "Imagina um relógio que só tivesse pêndulo, sem mostrador, de maneira que não se vissem as horas escritas. O pêndulo iria de um lado para outro, mas nenhum sinal externo mostraria a marcha do tempo. 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A verdade é que Pedro tinha os seus companheiros de escola, os namoros de rua e de aventura, os partidos de teatro, os passeios à Tijuca e outros arrabaldes. Ao demais, os dous gêmeos estavam ainda no ponto de falar dela nas cartas, louvá-la, descrevê-la, dizer mil cousas doces, sem ciúme.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#evolucao", "headline": "Evolução", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Moralmente, era ele mesmo. Ninguém muda de caráter, e o do Benedito era bom ou - para melhor dizer - pacato. Mas, intelectualmente, é que ele era menos original. Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. Usava assim, promiscuamente, a devoção, a irreligião e as meias de seda. Nunca lhe vi as meias, note-se; mas ele não tinha segredos para os amigos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Helena_(livro)", "headline": "Helena", "genre": "Romance", "datePublished": "1876", "text": "- Impaciência de correr por essa estrada da Tijuca fora, e beber o vento da manhã, espreguiçando os músculos, e sentindo-se alguma cousa senhora e livre. 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Tinham voado ou morrido, como as esperanças dele, e tão discretamente, que a ninguém revelaram o desastrado episódio. Mas as paredes eram as mesmas; eram os mesmos o parapeito e o ladrilho do chão. Jorge encostou-se ao parapeito, onde estivera Estela, com os pombos ao colo, diante dele, naquela fatal manhã. O que sentia nesse outro tempo, posto frisasse o amor, tinha ainda um pouco de estouvamento juvenil. Contudo a vista das paredes nuas e frias da varanda abria-lhe na alma a fonte das sensações austeras, e ele tornou a ver os olhos férvidos e o rosto pálido da moça; pareceu até escutar-lhe o som da voz. Viu também a sua própria violência; e, como em meio de tantas vicissitudes, trazia ainda a consciência íntegra, a recordação fê-lo estremecer e abater. 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A hora, porém, a boa disposição de ambas, a conversação longa entre duas caixas de lã, o desejo que a amiga casada sentia de mostrar o filhinho de três anos à amiga solteira, tudo contribuiu para apertar um pouco os laços frouxos da amizade antiga, e a viúva prometeu que iria com a filha fazer uma visita a Candinha, no Flamengo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Jogo_do_bicho_(Machado_de_Assis)#jogo-do-bicho", "headline": "Jogo do Bicho", "genre": "Conto", "datePublished": "1904", "text": "A bisca era o espetáculo deles, a ópera, a rua do Ouvidor, Petrópolis, Tijuca, tudo o que podia exprimir um recreio, um passeio, um repouso. A alegria da esposa voltou ao que era. Quanto ao marido, se não ficou tão expansivo como de costume, achou algum prazer e muita esperança nos números das cartas. 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Ela correu à Tijuca, encheu de beijos a mãe e a criança, deu a mão a beijar a Carlos Maria.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Ressurreição_(Machado_de_Assis)", "headline": "Ressurreição", "genre": "Romance", "datePublished": "1872", "text": "Meneses dispôs-se a tentar alguma cousa. Reconhecia que o procedimento de Félix era misterioso; mas não desesperou de lhe descobrir a causa e confiava em que poderia removê-la. Conseguiu saber que o médico se refugiara na Tijuca. Quando estava pronto a ir ter com ele, hesitou, refletiu e recuou da primeira resolução.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Sales#sales", "headline": "Sales", "genre": "Conto", "datePublished": "1887", "text": "Ênfase não exclui sinceridade. Sales era sincero, mas uma cousa é sê-lo de espírito, outra, de vontade. A vontade estava agora na jovem consorte. 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Ao demais, os dous gêmeos estavam ainda no ponto de falar dela nas cartas, louvá-la, descrevê-la, dizer mil cousas doces, sem ciúme.", "Moralmente, era ele mesmo. Ninguém muda de caráter, e o do Benedito era bom ou - para melhor dizer - pacato. Mas, intelectualmente, é que ele era menos original. Podemos compará-lo a uma hospedaria bem afreguesada, aonde iam ter ideias de toda parte e de toda sorte, que se sentavam à mesa com a família da casa. Às vezes, acontecia acharem-se ali duas pessoas inimigas, ou simplesmente antipáticas; ninguém brigava, o dono da casa impunha aos hóspedes a indulgência recíproca. Era assim que ele conseguia ajustar uma espécie de ateísmo vago com duas irmandades que fundou, não sei se na Gávea, na Tijuca ou no Engenho Velho. Usava assim, promiscuamente, a devoção, a irreligião e as meias de seda. Nunca lhe vi as meias, note-se; mas ele não tinha segredos para os amigos.", "- Impaciência de correr por essa estrada da Tijuca fora, e beber o vento da manhã, espreguiçando os músculos, e sentindo-se alguma cousa senhora e livre. Mas que queres tu, minha pobre égua? - continuou a moça inclinando a cabeça até às orelhas do animal -; vai aqui ao pé de nós um homem muito mau e medroso, que é ao mesmo tempo meu irmão e meu inimigo...", "Quando mais disposto se achava a compor essa autobiografia, ocorreu vagar a casa da Tijuca, a mesma aonde fora uma vez com sua mãe e Estela, ponto de partida dos sucessos que lhe transformaram a existência. Quis vê-la novamente; talvez ali achasse uma fonte de inspiração. Foi; achou-a quase no mesmo estado. Entrou curioso e tranquilo. Pouco a pouco sentiu que o passado começava a reviver; a ressurreição foi completa quando penetrou na varanda, em que da primeira vez achara o casal de pombos, solitário e esquecido. Já lá não estavam as pobres aves! Tinham voado ou morrido, como as esperanças dele, e tão discretamente, que a ninguém revelaram o desastrado episódio. Mas as paredes eram as mesmas; eram os mesmos o parapeito e o ladrilho do chão. Jorge encostou-se ao parapeito, onde estivera Estela, com os pombos ao colo, diante dele, naquela fatal manhã. O que sentia nesse outro tempo, posto frisasse o amor, tinha ainda um pouco de estouvamento juvenil. Contudo a vista das paredes nuas e frias da varanda abria-lhe na alma a fonte das sensações austeras, e ele tornou a ver os olhos férvidos e o rosto pálido da moça; pareceu até escutar-lhe o som da voz. Viu também a sua própria violência; e, como em meio de tantas vicissitudes, trazia ainda a consciência íntegra, a recordação fê-lo estremecer e abater. Jorge fincou os braços no parapeito e fechou a cabeça nas mãos.", "Mas, como ia dizendo, eram trintonas, agora que se encontraram, em março de 1886, em um armarinho da rua do Ouvidor. Perdoai a banalidade do encontro e do lugar; não vos hei de inventar um palácio de Armida, nem a própria Armida. Há de ser um armarinho, porque não foi em outra parte, nem na praia de Icaraí, nem no salão do Cassino, nem no lugar mais pitoresco da Tijuca. Nem esta história é de invenção romântica; é real e prosaica. Não se viam as duas desde quatro anos. Antes disso já poucas vezes se encontravam, e de relance. A hora, porém, a boa disposição de ambas, a conversação longa entre duas caixas de lã, o desejo que a amiga casada sentia de mostrar o filhinho de três anos à amiga solteira, tudo contribuiu para apertar um pouco os laços frouxos da amizade antiga, e a viúva prometeu que iria com a filha fazer uma visita a Candinha, no Flamengo.", "A bisca era o espetáculo deles, a ópera, a rua do Ouvidor, Petrópolis, Tijuca, tudo o que podia exprimir um recreio, um passeio, um repouso. A alegria da esposa voltou ao que era. Quanto ao marido, se não ficou tão expansivo como de costume, achou algum prazer e muita esperança nos números das cartas. Jogou a bisca fazendo cálculos, conforme a primeira carta que saísse, depois a segunda, depois a terceira; esperou a última; adotou outras combinações, a ver os bichos que correspondiam a elas, e viu muitos deles, mas principalmente o macaco e a cobra; firmou-se nestes.", "Vou ficar em casa uns quatro ou cinco dias, não para descansar, porque eu não faço nada, mas para não ver nem ouvir ninguém, a não ser o meu criado José. Este mesmo, se cumprir, mandá-lo-ei à Tijuca, a ver se eu lá estou. Já acho mais quem me aborreça do que quem me agrade, e creio que esta proporção não é obra dos outros, e só minha exclusivamente. Velhice esfalfa.", "- Não sei; vou meter-me na Tijuca; fugir aos homens. Estou envergonhado, aborrecido. Tantos sonhos, meu caro Borba, tantos sonhos, e não sou nada.", "Sobreveio um sucesso que distraiu D. Fernanda do Rubião; foi o nascimento de uma filha de Maria Benedita. Ela correu à Tijuca, encheu de beijos a mãe e a criança, deu a mão a beijar a Carlos Maria.", "Meneses dispôs-se a tentar alguma cousa. Reconhecia que o procedimento de Félix era misterioso; mas não desesperou de lhe descobrir a causa e confiava em que poderia removê-la. Conseguiu saber que o médico se refugiara na Tijuca. Quando estava pronto a ir ter com ele, hesitou, refletiu e recuou da primeira resolução.", "Ênfase não exclui sinceridade. Sales era sincero, mas uma cousa é sê-lo de espírito, outra, de vontade. A vontade estava agora na jovem consorte. Entrando no mar, esqueceu-lhe a terra; descendo à terra, olvidou as águas. A ocupação única do seu ser era amar esta moça, que ele nem sabia que existisse quando foi para o engenho do sogro cuidar do açúcar. Meteram-se na Tijuca, em casa que era juntamente ninho e fortaleza; - ninho para eles, fortaleza para os estranhos, aliás inimigos. Vinham abaixo algumas vezes - ou a passeio, ou ao teatro; visitas raras e de cartão. Durou essa reclusão oito meses. Melchior escrevia ao genro que voltasse, que era tempo; ele respondia que sim, e ia ficando; começou a responder tarde, e acabou falando de outras cousas. Um dia, o sogro mandou-lhe dizer que todos os apalavrados tinham desistido da empresa. Sales leu a carta ao pé de Legazinha, e ficou longo tempo a olhar para ela.", "No dia seguinte a avó e a neta foram visitar uma amiga na Tijuca. Na volta a carruagem derribou um menino que atravessava a rua, correndo. Uma pessoa que viu isto atirou-se aos cavalos e, com perigo de si própria, conseguiu detê-los e salvar a criança, que apenas ficou ferida e desmaiada. Gente, tumulto, a mãe do pequeno acudiu em lágrimas. Maria Regina desceu do carro e acompanhou o ferido até à casa da mãe, que era ali ao pé.", "O casamento foi celebrado dentro de um mês. Os noivos foram passar a lua de mel na Tijuca. Cinco meses depois estavam ambos na cidade, ocupando uma casa poética e romanesca em Andaraí.", "A preta apanhou uma sova que não lhes digo nada: ficou em sangue. Que a tal mulherzinha era das arábias! Mandou chamar o irmão, que morava na Tijuca, um José Soares, que era então comandante do 6º batalhão da Guarda Nacional; mandou-o chamar, contou-lhe tudo, e pediu-lhe conselho. O irmão respondeu que o melhor era casar Cecília sem demora; mas a viúva observou que, antes de aparecer noivo, tinha medo que eu fizesse alguma, e por isso tencionava retirá-la de casa, e mandá-la para o convento da Ajuda; dava-se com as madres principais..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/The%20Tower%20of%20London", "name": "Torre de Londres", "description": "A Torre de Londres é uma espécie de fortaleza na extremidade leste da cidade, que data da época normanda (século XI). 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Isto me lembra que, em plena diplomacia, quando lá chegou a notícia daquela vitória nossa, tive de dar esclarecimentos a alguns jornalistas estrangeiros sequiosos de verdade. Vinte anos mais, não estarei aqui para repetir esta lembrança; outros vinte, e não haverá sobrevivente dos jornalistas nem dos diplomatas, ou raro, muito raro; ainda vinte, e ninguém. E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! Tu és o deus único!''", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_noite#uma-noite", "headline": "Uma Noite", "genre": "Conto", "datePublished": "1895", "text": "Os dois oficiais estavam nas avançadas do acampamento de Tuiuti. Eram ambos voluntários, tinham recebido o batismo de fogo na batalha de 24 de maio. Corriam agora aqueles longos meses de inação, que só terminou em meados de 1867. Isidoro e Martinho não se conheciam antes da guerra, um viera do Norte, outro, do Rio de Janeiro. A convivência os fez amigos, o coração também, e afinal a idade, que era no tenente de vinte e oito anos, e no alferes, de vinte e cinco. Fisicamente, não se pareciam nada. O alferes Martinho era antes baixo que alto, enxuto de carnes, o rosto moreno, maçãs salientes, boca fina, risonha, maneiras alegres. Isidoro não se podia dizer triste, mas estava longe de ser jovial. Sorria algumas vezes, conversava com interesse. Usava grandes bigodes. Era alto e elegante, peito grosso, quadris largos, cintura fina.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Cedo se familiarizou Jorge com a vida militar. O exército, acampado em Tuiuti, não iniciava operações novas; tratava-se de reunir os elementos necessários para prosseguir a campanha de modo seguro e decisivo. Não havendo nenhuma ação grande, em que pudesse provar as forças e amestrar-se, Jorge buscava as ocasiões de algum perigo, as comissões arriscadas, cujo êxito dependesse de espírito atrevido, sagacidade e paciência. Esse desejo captou-lhe a simpatia dos chefes imediatos.", "Compreendi que era sonho e achei-lhe graça. Os pregões foram andando, enquanto o meu José pedia desculpa de haver entrado, mas eram nove horas passadas, perto de dez. Fui às minhas abluções, ao meu café, aos meus jornais. Alguns destes celebram o aniversário da batalha de Tuiuti. Isto me lembra que, em plena diplomacia, quando lá chegou a notícia daquela vitória nossa, tive de dar esclarecimentos a alguns jornalistas estrangeiros sequiosos de verdade. Vinte anos mais, não estarei aqui para repetir esta lembrança; outros vinte, e não haverá sobrevivente dos jornalistas nem dos diplomatas, ou raro, muito raro; ainda vinte, e ninguém. E a Terra continuará a girar em volta do Sol com a mesma fidelidade às leis que os regem, e a batalha de Tuiuti, como a das Termópilas, como a de Iena, bradará do fundo do abismo aquela palavra da prece de Renan: \"Ó abismo! Tu és o deus único!''", "Os dois oficiais estavam nas avançadas do acampamento de Tuiuti. Eram ambos voluntários, tinham recebido o batismo de fogo na batalha de 24 de maio. Corriam agora aqueles longos meses de inação, que só terminou em meados de 1867. Isidoro e Martinho não se conheciam antes da guerra, um viera do Norte, outro, do Rio de Janeiro. A convivência os fez amigos, o coração também, e afinal a idade, que era no tenente de vinte e oito anos, e no alferes, de vinte e cinco. Fisicamente, não se pareciam nada. O alferes Martinho era antes baixo que alto, enxuto de carnes, o rosto moreno, maçãs salientes, boca fina, risonha, maneiras alegres. Isidoro não se podia dizer triste, mas estava longe de ser jovial. Sorria algumas vezes, conversava com interesse. Usava grandes bigodes. Era alto e elegante, peito grosso, quadris largos, cintura fina." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Tuileries%20Garden%2C%2075001%20Paris%2C%20France", "name": "Tulherias", "description": "O palácio das Tulherias (ou Tuileries, em francês), em Paris, começou a ser construído no século XVI, num local onde antes existia uma fábrica de telhas (tuiles). Foi a residência de numerosos soberanos franceses, inclusive Napoleão III. 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Rubião, de quando em quando, sentava-se no lajedo, e o cão trepava-lhe às pernas, para dormir a fome; achava as calças molhadas, e descia; mas tornava logo a subir, tão frio era o ar da noite, já noite alta, já noite morta. Rubião passava-lhe as mãos por cima, resmungando algumas palavras magras.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Vagaram sem destino. O estômago de Rubião interrogava, exclamava, intimava; por fortuna, o delírio vinha enganar a necessidade com os seus banquetes das Tulherias. Quincas Borba é que não tinha igual recurso. E toca a andar acima e abaixo. Rubião, de quando em quando, sentava-se no lajedo, e o cão trepava-lhe às pernas, para dormir a fome; achava as calças molhadas, e descia; mas tornava logo a subir, tão frio era o ar da noite, já noite alta, já noite morta. 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Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra cousa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Rubião fitava a enseada - eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta; mas, em verdade, vos digo que pensava em outra cousa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Ankara", "name": "Turquia", "description": "A Turquia é um país constituído por uma pequena parte europeia (a Trácia) e uma grande parte asiática (a Anatólia). A atual Turquia, cuja capital é Ancara, abrigou diversas civilizações ao longo da história, entre as quais se destacam o Império Bizantino e o Império Otomano. 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Então Manduca propôs que trocássemos a argumentação por escrito, e na terça ou quarta-feira recebi duas folhas de papel contendo a exposição e defesa do direito dos aliados, e da integridade da Turquia, concluindo por esta frase profética:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Naturalmente, íamos com o que nos diziam os jornais da cidade, transcrevendo os de fora, mas pode ser também que cada um de nós tivesse a opinião do seu temperamento. Fui sempre um tanto moscovita nas minhas ideias. Defendi o direito da Rússia, Manduca fez o mesmo ao dos aliados, e o terceiro domingo em que entrei na loja tocamos outra vez no assunto. 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Supõe que deseja saber por que motivo a 7ª Companhia de Infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão somente pelo ministro da Guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica. 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A viúva morreu-lhe nos braços; e, salvo uma paixão que teve em Florença, por um rapaz nobre, com quem fugiu e esteve seis meses, foi sempre fiel ao amante. Repito, morreu-lhe nos braços, e ele padeceu muito, chorou muito, chegou a querer morrer também. Contou-me os atos de desespero que praticou; porque, na verdade, amara muito a formosa madrilena. Desesperado, meteu-se a caminho, e viajou por Hungria, Dalmácia, Valáquia; esteve cinco anos em Constantinopla; estudou o turco a fundo, e depois o árabe. Já lhes disse que ele sabia muitas línguas; lembra-me de o ver traduzir o padre-nosso em cinquenta idiomas diversos. Sabia muito. E ciências! Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. Sabia o diabo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Coitado! 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Meu pai sabia uma infinidade de cousas: filosofia, jurisprudência, teologia, arqueologia, química, física, matemáticas, astronomia, botânica; sabia arquitetura, pintura, música. 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Aparentemente havia dois escravos, comprados no Valongo, quando esses eram ainda boçais e a preço módico.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. 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Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Rui_de_Leão#rui-de-leao", "headline": "Rui de Leão", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "Passava-se esta cena nos Cajueiros, e o nosso Rui morava perto do Valongo: convidou o parente da moça para acompanhá-lo à casa.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar e público era a mesma cousa em tal matéria e naquele tempo. \"Quem rege a missa é mestre Romão\" - equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: \"Entra em cena o ator João Caetano\"; - ou então: \"O ator Martinho cantará uma de suas melhores árias\". Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua.", "Bento Fagundes da Purificação era boticário, na rua da Saúde, desde antes de 1830. Em 1852, data do conto, tinha ele vinte e três anos de botica e um pecúlio, em que todos acreditavam, posto ninguém dissesse tê-lo visto. Aparentemente havia dois escravos, comprados no Valongo, quando esses eram ainda boçais e a preço módico.", "Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas palavras: \"Não, perdão meu senhor; meu senhor, perdão!\" Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.", "Há meio século, os escravos fugiam com frequência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escravidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o escravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pediam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ganhá-lo fora, quitandando.", "Passava-se esta cena nos Cajueiros, e o nosso Rui morava perto do Valongo: convidou o parente da moça para acompanhá-lo à casa." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Valpara%C3%ADso", "name": "Valparaíso", "description": "Valparaíso é uma cidade chilena, capital da província de mesmo nome. É uma cidade portuária, banhada pelo oceano Pacífico. A baía de Valparaíso era a princípio habitada por populações nativas, não havendo uma data oficial de fundação da cidade, mas acredita-se que tenha sido iniciada pelo explorador espanhol Juan de Saavedra em 1536.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Valpara%C3%ADso", "lat": "-33.036", "long": "-71.62963", "gn:featureCode": "PPLA", "gn:featureCodeName": "seat of a first-order administrative division", "gn:name": "Valparaíso", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/3868626/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Contos_Fluminenses#linha-reta-e-linha-curva", "headline": "Linha Reta e Linha Curva", "genre": "Conto", "datePublished": "1869", "text": "- Em Valparaíso.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Em Valparaíso." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Warsaw", "name": "Varsóvia", "description": "A cidade de Varsóvia é a capital da Polônia, situada às margens do rio Vístula. 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Ele, que até ali vivera de amores fáceis e paixões de uma hora, veio a enamorar-se repentinamente de uma linda princesa russa. Não se assustem; a princesa russa de quem falo, afirmavam algumas pessoas que era filha da rua do Bac e trabalhara numa casa de modas, até a revolução de 1848. No meio da revolução apaixonou-se por ela um major polaco, que a levou para Varsóvia, donde acabava de chegar transformada em princesa, com um nome acabado em ine ou em off, não sei bem. Vivia misteriosamente, zombando de todos os seus adoradores, exceto de Camilo, dizia ela, por quem sentia que era capaz de aposentar as suas roupas de viúva. Tão depressa, porém, soltava estas expressões irrefletidas, como logo protestava com os olhos no céu:", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "- Pois não aplaudas nada - disse-lhe mansamente a mulher -. Queres fazer-me um obséquio? Vamos à Europa, em março ou abril, e voltemos daqui a um ano. Pede licença à Câmara, donde quer que estejamos - de Varsóvia, por exemplo; tenho muita vontade de ir a Varsóvia - continuou sorrindo e fechando-lhe graciosamente a cara entre as mãos. Diga que sim; responda que é para eu escrever hoje mesmo para o Rio Grande, o vapor sai amanhã. Está dito; vamos a Varsóvia?", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Um incidente, porém, demorou ainda desta vez o regresso do jovem médico. Ele, que até ali vivera de amores fáceis e paixões de uma hora, veio a enamorar-se repentinamente de uma linda princesa russa. Não se assustem; a princesa russa de quem falo, afirmavam algumas pessoas que era filha da rua do Bac e trabalhara numa casa de modas, até a revolução de 1848. No meio da revolução apaixonou-se por ela um major polaco, que a levou para Varsóvia, donde acabava de chegar transformada em princesa, com um nome acabado em ine ou em off, não sei bem. Vivia misteriosamente, zombando de todos os seus adoradores, exceto de Camilo, dizia ela, por quem sentia que era capaz de aposentar as suas roupas de viúva. Tão depressa, porém, soltava estas expressões irrefletidas, como logo protestava com os olhos no céu:", "- Pois não aplaudas nada - disse-lhe mansamente a mulher -. Queres fazer-me um obséquio? Vamos à Europa, em março ou abril, e voltemos daqui a um ano. Pede licença à Câmara, donde quer que estejamos - de Varsóvia, por exemplo; tenho muita vontade de ir a Varsóvia - continuou sorrindo e fechando-lhe graciosamente a cara entre as mãos. Diga que sim; responda que é para eu escrever hoje mesmo para o Rio Grande, o vapor sai amanhã. Está dito; vamos a Varsóvia?" ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Vassouras", "name": "Vassouras", "description": "Vassouras é uma cidade do estado do Rio de Janeiro, no vale do Paraíba do Sul. No século XIX, era a cidade dos \"barões do café\", uma das mais ricas do Império, centro de produção e comercialização do principal produto de exportação da época. O vale do Paraíba sempre foi uma importante rota de ligação ao Rio de Janeiro para a Coroa Portuguesa e para a população carioca. A estação Barão de Vassouras foi inaugurada em 1865 e era próxima do centro da cidade, às margens do rio Paraíba.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Vassouras", "lat": "-22.35995", "long": "-43.59809", "gn:featureCode": "ADM2", "gn:featureCodeName": "second-order administrative division", "gn:name": "Vassouras", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/6322083/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#evolucao", "headline": "Evolução", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Conhecemo-nos em viagem para Vassouras. Tínhamos deixado o trem e entrado na diligência que nos ia levar da estação à cidade. Trocamos algumas palavras, e não tardou conversarmos francamente, ao sabor das circunstâncias que nos impunham a convivência, antes mesmo de saber quem éramos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Herança_(Machado_de_Assis)#a-heranca", "headline": "A Herança", "genre": "Conto", "datePublished": "1878", "text": "- Admiro-te. Custa-me a crer que um homem se case, assim como faz uma viagem a Vassouras.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Histórias_sem_Data#manuscrito-de-um-sacristao", "headline": "Manuscrito de um Sacristão", "genre": "Conto", "datePublished": "1884", "text": "Antes de ir adiante, direi que eram primos. Soube depois que eram primos, nascidos em Vassouras. Os pais dela mudaram-se para a Corte, tendo Eulália (é o seu nome) sete anos. Teófilo veio depois. Na família era uso antigo que um dos rapazes fosse padre. Vivia ainda na Bahia um tio dele, cônego. Cabendo-lhe nesta geração envergar a batina, veio para o seminário de São José, no ano de mil oitocentos e cinquenta e tantos, e foi aí que o conheci. Compreende-se o sentimento de discrição que me leva a deixar a data no ar.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/A_Mão_e_a_Luva", "headline": "A Mão e a Luva", "genre": "Romance", "datePublished": "1874", "text": "- Hoje mesmo - respondeu o colega -; venho sequioso de música. Vassouras não tem Lagrua nem Otelo...", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Davi apareceu enfim, entre o queijo e o café, na pessoa do Dr. Camacho, que voltara de Vassouras, na véspera, à noite. Como o Davi da Escritura, trazia um jumento carregado de pães, um cântaro de vinho e um cabrito. Deixara gravemente enfermo um deputado mineiro que estava em Vassouras e preparou a candidatura do Rubião, escrevendo às influências de Minas. Foi o que lhe disse aos primeiros golos de café.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Conhecemo-nos em viagem para Vassouras. Tínhamos deixado o trem e entrado na diligência que nos ia levar da estação à cidade. Trocamos algumas palavras, e não tardou conversarmos francamente, ao sabor das circunstâncias que nos impunham a convivência, antes mesmo de saber quem éramos.", "- Admiro-te. Custa-me a crer que um homem se case, assim como faz uma viagem a Vassouras.", "Antes de ir adiante, direi que eram primos. Soube depois que eram primos, nascidos em Vassouras. Os pais dela mudaram-se para a Corte, tendo Eulália (é o seu nome) sete anos. Teófilo veio depois. Na família era uso antigo que um dos rapazes fosse padre. Vivia ainda na Bahia um tio dele, cônego. Cabendo-lhe nesta geração envergar a batina, veio para o seminário de São José, no ano de mil oitocentos e cinquenta e tantos, e foi aí que o conheci. Compreende-se o sentimento de discrição que me leva a deixar a data no ar.", "- Hoje mesmo - respondeu o colega -; venho sequioso de música. Vassouras não tem Lagrua nem Otelo...", "Davi apareceu enfim, entre o queijo e o café, na pessoa do Dr. Camacho, que voltara de Vassouras, na véspera, à noite. Como o Davi da Escritura, trazia um jumento carregado de pães, um cântaro de vinho e um cabrito. Deixara gravemente enfermo um deputado mineiro que estava em Vassouras e preparou a candidatura do Rubião, escrevendo às influências de Minas. Foi o que lhe disse aos primeiros golos de café." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Vatican%20Hill", "name": "Vaticano", "description": "O Vaticano, hoje uma cidade-estado (o menor Estado independente do mundo), cujo território corresponde a um grande quarteirão situado na parte norte de Roma, é a residência do papa e sede da Igreja Católica.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Vatican%20Hill", "lat": "41.90395", "long": "12.44971", "gn:featureCode": "HLL", "gn:featureCodeName": "hill", "gn:name": "Vatican Hill", "gn:uri": "http://sws.geonames.org/12070652/" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Dom_Casmurro", "headline": "Dom Casmurro", "genre": "Romance", "datePublished": "1900", "text": "- Quem tem boca vai a Roma, e boca no nosso caso é a moeda. Ora, você pode muito bem gastar consigo... Comigo, não; um par de calças, três camisas e o pão diário, não preciso mais. Serei como São Paulo, que vivia do ofício enquanto ia pregando a palavra divina. Pois eu vou, não pregá-la, mas buscá-la. Levaremos cartas do internúncio e do bispo, cartas para o nosso ministro, cartas de capuchinhos... Bem sei a objeção que se pode opor a esta ideia; dirão que é dado pedir a dispensa cá de longe; mas, além do mais que não digo, basta refletir que é muito mais solene e bonito ver entrar no Vaticano, e prostrar-se aos pés do papa o próprio objeto do favor, o levita prometido, que vai pedir para sua mãe terníssima e dulcíssima a dispensa de Deus. Considere o quadro, você beijando o pé ao príncipe dos apóstolos; Sua Santidade, com o sorriso evangélico, inclina-se, interroga, ouve, absolve e abençoa. Os anjos o contemplam, a Virgem recomenda ao santíssimo filho que todos os seus desejos, Bentinho, sejam satisfeitos, e que o que você amar na terra seja igualmente amado no céu...", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "- Quem tem boca vai a Roma, e boca no nosso caso é a moeda. Ora, você pode muito bem gastar consigo... Comigo, não; um par de calças, três camisas e o pão diário, não preciso mais. Serei como São Paulo, que vivia do ofício enquanto ia pregando a palavra divina. Pois eu vou, não pregá-la, mas buscá-la. Levaremos cartas do internúncio e do bispo, cartas para o nosso ministro, cartas de capuchinhos... Bem sei a objeção que se pode opor a esta ideia; dirão que é dado pedir a dispensa cá de longe; mas, além do mais que não digo, basta refletir que é muito mais solene e bonito ver entrar no Vaticano, e prostrar-se aos pés do papa o próprio objeto do favor, o levita prometido, que vai pedir para sua mãe terníssima e dulcíssima a dispensa de Deus. Considere o quadro, você beijando o pé ao príncipe dos apóstolos; Sua Santidade, com o sorriso evangélico, inclina-se, interroga, ouve, absolve e abençoa. Os anjos o contemplam, a Virgem recomenda ao santíssimo filho que todos os seus desejos, Bentinho, sejam satisfeitos, e que o que você amar na terra seja igualmente amado no céu..." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/29%20Rue%20Vivienne%2C%2075002%20Paris%2C%20France", "name": "Vaudeville", "description": "O \"vaudeville\" é, provavelmente, o Théâtre du Vaudeville, que ficava no Boulevard des Capucines, em Paris. 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Vestia com o maior apuro, como verdadeiro parisiense que era, arrancado de fresco ao grand boulevard, ao Café Tortoni e às récitas do Vaudeville. A mão larga e forte calçava fina luva, cor de palha, e sobre o cabelo, penteado a capricho, pousava um chapéu de fábrica recente.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Mendonça era da mesma estatura que Estácio, um pouco mais cheio, ombros largos, fisionomia risonha e franca, natureza móbil e expansiva. Vestia com o maior apuro, como verdadeiro parisiense que era, arrancado de fresco ao grand boulevard, ao Café Tortoni e às récitas do Vaudeville. A mão larga e forte calçava fina luva, cor de palha, e sobre o cabelo, penteado a capricho, pousava um chapéu de fábrica recente." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Venice", "name": "Veneza", "description": "A Sereníssima República de Veneza foi uma cidade-estado que existiu na Itália desde meados do século IX até 1797. Depois de 1070 anos de independência, Veneza foi finalmente conquistada por Napoleão Bonaparte durante a primeira coligação. 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Seus sonhos oscilavam entre o alaúde do trovador e a gôndola veneziana, entre uma castelã da Idade Média e uma fidalga da idade dos doges.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Encher_tempo#encher-tempo", "headline": "Encher Tempo", "genre": "Conto", "datePublished": "1876", "text": "A moça esperou que o primo, em desconto de seus pecados, a tratasse com a ternura a que o seu coração tinha jus; mas Alexandre parecia preocupado; e ela entregou-se toda à conversação do outro. Uma canoa que cortava as águas tranquilas do mar serviu de pretexto e começo à palestra. O que eles disseram da canoa, do mar, da vida marítima, e mais ideias correlativas dificilmente caberia neste capítulo, e com certeza exigia alguns comentários, visto que algumas frases tinham tanto com o assunto como a leitora com o doge de Veneza. Alexandre contemplava-os sem morder o lábio com raiva, nem dar o menor sinal de despeito. Seu rosto marmóreo não revelava o que se passava no coração. Não tardou que ele próprio interviesse na conversa. O padre Sá aproveitou a ocasião para chamar o filho de D. Emiliana à explicação de um ponto teológico. Pedro afastou-se do grupo com dificuldade; mas a conversa entre os dois morreu, como lâmpada a que faltou óleo.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Esaú_e_Jacó_(livro)", "headline": "Esaú e Jacó", "genre": "Romance", "datePublished": "1904", "text": "A imaginação os levou então ao futuro, a um futuro brilhante, como ele é em tal idade. Botafogo teria um papel histórico, uma enseada imperial para Pedro, uma Veneza republicana para Paulo, sem doge, nem conselho dos dez, ou então um doge com outro título, um simples presidente, que se casaria em nome do povo com este pequenino Adriático. Talvez o doge fosse ele mesmo. Esta possibilidade, apesar dos anos verdes, enfunou a alma do moço. Paulo viu-se à testa de uma república, em que o antigo e o moderno, o futuro e o passado se mesclassem, uma Roma nova, uma Convenção Nacional, a República Francesa e os Estados Unidos da América.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memórias_Póstumas_de_Brás_Cubas", "headline": "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "genre": "Romance", "datePublished": "1881", "text": "Note-se que eu estava em Veneza, ainda recendente aos versos de lord Byron; lá estava, mergulhado em pleno sonho, revivendo o pretérito, crendo-me na Sereníssima República. É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Quincas_Borba", "headline": "Quincas Borba", "genre": "Romance", "datePublished": "1890", "text": "Não ouvindo resposta, entendeu que sim e prometeu-lhe uma boa pasta. O major iria para a Guerra, e o Camacho, para a Justiça. Não os conhecia acaso? \"Dous grandes homens, Camacho ainda maior que o outro\". E obedecendo a Carlos Maria, que ia andando na direção da porta, Rubião retirava-se sem se sentir; mas não foi tão pronto. Na varanda, antes de descer os degraus, referiu vários fatos da guerra. Por exemplo, tinha restituído a Alemanha aos alemães; era bonito e político. Já havia dado Veneza aos italianos. 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Obsoleto, sem nenhuma analogia, em suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe ainda a vantagem de um mecanismo complicado - o que era meter à prova as aptidões políticas da jovem sociedade.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Alfredo devaneava e nada mais. Com a sua imaginação, vivia às vezes séculos, sobretudo de noite à mesa do chá, que ele ia tomar no Carceller. Os castelos que ele fabricava entre duas torradas eram obras-primas de fantasia. Seus sonhos oscilavam entre o alaúde do trovador e a gôndola veneziana, entre uma castelã da Idade Média e uma fidalga da idade dos doges.", "A moça esperou que o primo, em desconto de seus pecados, a tratasse com a ternura a que o seu coração tinha jus; mas Alexandre parecia preocupado; e ela entregou-se toda à conversação do outro. Uma canoa que cortava as águas tranquilas do mar serviu de pretexto e começo à palestra. O que eles disseram da canoa, do mar, da vida marítima, e mais ideias correlativas dificilmente caberia neste capítulo, e com certeza exigia alguns comentários, visto que algumas frases tinham tanto com o assunto como a leitora com o doge de Veneza. Alexandre contemplava-os sem morder o lábio com raiva, nem dar o menor sinal de despeito. Seu rosto marmóreo não revelava o que se passava no coração. Não tardou que ele próprio interviesse na conversa. O padre Sá aproveitou a ocasião para chamar o filho de D. Emiliana à explicação de um ponto teológico. Pedro afastou-se do grupo com dificuldade; mas a conversa entre os dois morreu, como lâmpada a que faltou óleo.", "A imaginação os levou então ao futuro, a um futuro brilhante, como ele é em tal idade. Botafogo teria um papel histórico, uma enseada imperial para Pedro, uma Veneza republicana para Paulo, sem doge, nem conselho dos dez, ou então um doge com outro título, um simples presidente, que se casaria em nome do povo com este pequenino Adriático. Talvez o doge fosse ele mesmo. Esta possibilidade, apesar dos anos verdes, enfunou a alma do moço. Paulo viu-se à testa de uma república, em que o antigo e o moderno, o futuro e o passado se mesclassem, uma Roma nova, uma Convenção Nacional, a República Francesa e os Estados Unidos da América.", "Note-se que eu estava em Veneza, ainda recendente aos versos de lord Byron; lá estava, mergulhado em pleno sonho, revivendo o pretérito, crendo-me na Sereníssima República. É verdade; uma vez aconteceu-me perguntar ao locandeiro se o doge ia a passeio nesse dia. - Que doge, signor mio? - Caí em mim, mas não confessei a ilusão; disse-lhe que a minha pergunta era um gênero de charada americana; ele mostrou compreender, e acrescentou que gostava muitos das charadas americanas. Era um locandeiro. Pois deixei tudo isso, o locandeiro, o doge, a ponte dos Suspiros, a gôndola, os versos do lord, as damas do Rialto, deixei tudo e disparei como uma bala na direção do Rio de Janeiro.", "Não ouvindo resposta, entendeu que sim e prometeu-lhe uma boa pasta. O major iria para a Guerra, e o Camacho, para a Justiça. Não os conhecia acaso? \"Dous grandes homens, Camacho ainda maior que o outro\". E obedecendo a Carlos Maria, que ia andando na direção da porta, Rubião retirava-se sem se sentir; mas não foi tão pronto. Na varanda, antes de descer os degraus, referiu vários fatos da guerra. Por exemplo, tinha restituído a Alemanha aos alemães; era bonito e político. Já havia dado Veneza aos italianos. Não precisava mais território; as províncias do Reno, sim, mas havia tempo de as ir buscar.", "Não bastava associá-las; era preciso dar-lhes um governo idôneo. Hesitei na escolha; muitos dos atuais pareciam-me bons, alguns, excelentes, mas todos tinham contra si o existirem. Explico-me. Uma forma vigente de governo ficava exposta a comparações que poderiam amesquinhá-la. Era-me preciso ou achar uma forma nova, ou restaurar alguma outra abandonada. Naturalmente adotei o segundo alvitre, e nada me pareceu mais acertado do que uma república, à maneira de Veneza, o mesmo molde, e até o mesmo epíteto. Obsoleto, sem nenhuma analogia, em suas feições gerais, com qualquer outro governo vivo, cabia-lhe ainda a vantagem de um mecanismo complicado - o que era meter à prova as aptidões políticas da jovem sociedade." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/V%C3%AAnus", "name": "Vênus", "description": "Vênus é um planeta do sistema solar. É também chamado de irmão da Terra, já que são similares em tamanho, massa e composição, mas encontra-se mais próximo ao Sol. Quando está mais brilhante, pode ser visto durante o dia, sendo um dos dois únicos corpos celestes que podem ser vistos tanto de dia quanto à noite (o outro é a Lua). 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Nenhuma formalidade exterior, nenhum consentimento alheio. Nada mais que amor e vontade. O ódio de outros separa-nos, mas o nosso amor conjuga-nos.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_país_das_quimeras#o-pais-das-quimeras", "headline": "O País das Quimeras", "genre": "Conto", "datePublished": "1862", "text": "Em breve começou Tito a ver os planetas fronte por fronte. Era já sobre a madrugada. Vênus, mais pálida e loura que de costume, ofuscava as estrelas com o seu clarão e com a sua beleza. Tito teve um olhar de admiração para a deusa da manhã. Mas subia, subiam sempre. Os planetas passavam à ilharga do poeta como se foram corcéis desenfreados. Afinal penetraram em uma região inteiramente diversa das que haviam atravessado naquela assombrosa viagem. Tito sentiu expandir-se-lhe a alma na nova atmosfera. Seria aquilo o céu? O poeta não ousava perguntar, e mudo esperava o termo da viagem. À proporção que penetravam nessa região ia-se a alma do poeta rompendo em júbilo; daí a algum tempo entravam em um planeta; a fada depôs o poeta, e começaram a fazer o trajeto a pé.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Uma_excursão_milagrosa#uma-excursao-milagrosa", "headline": "Uma Excursão Milagrosa", "genre": "Conto", "datePublished": "1866", "text": "Em breve comecei a ver os planetas fronte por fronte. Era já sobre a madrugada. Vênus, mais pálida e loura que de costume, ofuscava as estrelas com o seu clarão e com a sua beleza. Lancei um olhar de admiração para a deusa da manhã. Mas subia, subíamos sempre. Os planetas passavam à minha ilharga como se foram corcéis desenfreados. Afinal penetramos em uma região inteiramente diversa das que havíamos atravessado naquela assombrosa viagem. Eu senti expandir-se-me a alma na nova atmosfera. Seria aquilo o céu? Não ousava perguntar, e mudo esperava o termo da viagem. À proporção que penetrávamos nessa região ia-se a minha alma rompendo em júbilo; daí a algum tempo entrávamos em um planeta; começamos a fazer o trajeto a pé.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "ROMEU. - Que tem? Arderão ainda, nem ali nasceram senão para dar ao céu a mesma graça da terra. Sim, minha divina Julieta, a Via-Láctea é como o pó luminoso dos teus pensamentos; todas as pedrarias e claridades altas e remotas, tudo isso está aqui perto e resumido na tua pessoa, porque a lua plácida imita a tua indulgência, e Vênus, quando cintila, é com os fogos da tua imaginação. Aqui mesmo, padre. Que outra formalidade nos pedes tu? Nenhuma formalidade exterior, nenhum consentimento alheio. Nada mais que amor e vontade. O ódio de outros separa-nos, mas o nosso amor conjuga-nos.", "Em breve começou Tito a ver os planetas fronte por fronte. Era já sobre a madrugada. Vênus, mais pálida e loura que de costume, ofuscava as estrelas com o seu clarão e com a sua beleza. Tito teve um olhar de admiração para a deusa da manhã. Mas subia, subiam sempre. Os planetas passavam à ilharga do poeta como se foram corcéis desenfreados. Afinal penetraram em uma região inteiramente diversa das que haviam atravessado naquela assombrosa viagem. Tito sentiu expandir-se-lhe a alma na nova atmosfera. Seria aquilo o céu? O poeta não ousava perguntar, e mudo esperava o termo da viagem. À proporção que penetravam nessa região ia-se a alma do poeta rompendo em júbilo; daí a algum tempo entravam em um planeta; a fada depôs o poeta, e começaram a fazer o trajeto a pé.", "Em breve comecei a ver os planetas fronte por fronte. Era já sobre a madrugada. Vênus, mais pálida e loura que de costume, ofuscava as estrelas com o seu clarão e com a sua beleza. Lancei um olhar de admiração para a deusa da manhã. Mas subia, subíamos sempre. Os planetas passavam à minha ilharga como se foram corcéis desenfreados. Afinal penetramos em uma região inteiramente diversa das que havíamos atravessado naquela assombrosa viagem. Eu senti expandir-se-me a alma na nova atmosfera. Seria aquilo o céu? Não ousava perguntar, e mudo esperava o termo da viagem. À proporção que penetrávamos nessa região ia-se a minha alma rompendo em júbilo; daí a algum tempo entrávamos em um planeta; começamos a fazer o trajeto a pé." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Verona", "name": "Verona", "description": "A cidade de Verona é a capital da província italiana de Verona, na região do Vêneto, e é atravessada pelo rio Adige. 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Anos depois recebeu o nome de estrada União e Indústria e mais recentemente a parte inicial passou a chamar-se avenida Barão do Rio Branco.", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Petr%C3%B3polis%20-%20Cascatinha%2C%20Petr%C3%B3polis%20-%20State%20of%20Rio%20de%20Janeiro%2C%20Brazil", "lat": "-22.5112498", "long": "-43.1779306", "gn:featureCode": "P.PPLX", "gn:featureCodeName": "Section of populated place", "gn:name": "Petrópolis - Cascatinha, Petrópolis - State of Rio de Janeiro, Brazil", "gn:uri": "https://maps.google.com/?q=-22.5112498,-43.1779306" }, "subjectOf": [ { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Memorial_de_Aires", "headline": "Memorial de Aires", "genre": "Romance", "datePublished": "1908", "text": "Tristão voltou de Petrópolis. Deixou casa alugada em Vestfália, casa posta pelo comendador Josino, que a vai deixar por algum tempo e segue com a família para o sul; passou-lhe o contrato por três meses. D. Carmo e Fidélia sobem a vê-la esta semana. Andam agora muito mais juntas, em casa ou na rua, naturalmente a confidência é maior. Também eu ando com elas se as encontro, também ouço as palavras de ambas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Tristão voltou de Petrópolis. Deixou casa alugada em Vestfália, casa posta pelo comendador Josino, que a vai deixar por algum tempo e segue com a família para o sul; passou-lhe o contrato por três meses. D. Carmo e Fidélia sobem a vê-la esta semana. Andam agora muito mais juntas, em casa ou na rua, naturalmente a confidência é maior. Também eu ando com elas se as encontro, também ouço as palavras de ambas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Mount%20Vesuvius%2C%2080044%20Ottaviano%2C%20Metropolitan%20City%20of%20Naples%2C%20Italy", "name": "Vesúvio", "description": "O Vesúvio é um vulcão localizado no golfo de Nápoles, Itália. 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Carlota dizia sentir igual sentimento ao de Anacleto Monteiro, mas pedia-lhe que, se não fosse intenção dele amá-la deveras, melhor era deixá-la entregue à solidão e às lágrimas. Estas lágrimas, as mais hipotéticas do mundo, engoliu-as o sobrinho do boticário, porque era a primeira vez que lhe falavam delas logo na primeira epístola. Concluiu que o coração da pequena devia arder como um Vesúvio.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Qual_dos_dois#qual-dos-dois", "headline": "Qual Dos Dois?", "genre": "Conto", "datePublished": "1872", "text": "- Qual! - disse Augusta com um gesto de tanta indiferença que seria capaz de gelar o Vesúvio em horas de explosão.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A carta era também um chavão. Carlota dizia sentir igual sentimento ao de Anacleto Monteiro, mas pedia-lhe que, se não fosse intenção dele amá-la deveras, melhor era deixá-la entregue à solidão e às lágrimas. Estas lágrimas, as mais hipotéticas do mundo, engoliu-as o sobrinho do boticário, porque era a primeira vez que lhe falavam delas logo na primeira epístola. 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D. Evarista ficou deslumbrada. Era uma via láctea de algarismos. E depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro. Deus! Eram montes de ouro, eram mil cruzados sobre mil cruzados, dobrões sobre dobrões; era a opulência.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "E levou-a aos livros. D. Evarista ficou deslumbrada. Era uma via láctea de algarismos. E depois levou-a às arcas, onde estava o dinheiro. Deus! Eram montes de ouro, eram mil cruzados sobre mil cruzados, dobrões sobre dobrões; era a opulência." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Vichy", "name": "Vichy", "description": "Vichy é uma estância termal situada no centro da França, na região de Auverne. 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Tinha esta impressão que as águas de Carlsbad ou Vichy, sem estes nomes, não curariam tanto. D. Rita insinuou que ele ia para ver como estavam as moças que deixou, e concluiu:", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Aires voltava da Europa, aonde fora com promessa de ficar seis meses apenas. Enganou-se; gastou onze. Natividade é que lhe pôs um ano para arredondar a ausência, que sentira deveras, como D. Rita. O sangue em uma, o costume na outra, custou-lhes a suportar a separação. Ele fora a pretexto de águas, e, por mais que lhe recomendassem as do Brasil, não as quis experimentar. Não estava acostumado às denominações locais. Tinha esta impressão que as águas de Carlsbad ou Vichy, sem estes nomes, não curariam tanto. D. 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Quando muito o meu relógio de parede, batendo as horas, parece falar alguma cousa - mas fala tardo, pouco e fúnebre. Eu mesmo, relendo estas últimas linhas, pareço-me um coveiro.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "A segunda diferença - ai, Deus! A segunda diferença é que, ainda que lhe doa muito o joelho, D. Carmo lá tem o marido e os dous filhos postiços. Eu tenho a mulher embaixo do chão de Viena e nenhum dos meus filhos saiu do berço do Nada. Estou só, totalmente só. Os rumores de fora, carros, bestas, gentes, campainhas e assobios, nada disto vive para mim. Quando muito o meu relógio de parede, batendo as horas, parece falar alguma cousa - mas fala tardo, pouco e fúnebre. 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Meu pai era homem de imaginação; escapou à tanoaria nas asas de um calembour. Era um bom caráter, meu pai, varão digno e leal como poucos. Tinha, é verdade, uns fumos de pacholice; mas quem não é um pouco pachola nesse mundo? Releva notar que ele não recorreu à inventiva senão depois de experimentar a falsificação; primeiramente, entroncou-se na família daquele meu famoso homônimo, o capitão-mor Brás Cubas, que fundou a vila de São Vicente onde morreu em 1592, e por esse motivo é que me deu o nome de Brás. Opôs-se-lhe, porém, a família do capitão-mor, e foi então que ele imaginou as trezentas cubas mouriscas.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Como este apelido de Cubas lhe cheirasse excessivamente a tanoaria, alegava meu pai, bisneto de Damião, que o dito apelido fora dado a um cavaleiro, herói nas jornadas da África, em prêmio da façanha que praticou, arrebatando trezentas cubas aos mouros. Meu pai era homem de imaginação; escapou à tanoaria nas asas de um calembour. Era um bom caráter, meu pai, varão digno e leal como poucos. Tinha, é verdade, uns fumos de pacholice; mas quem não é um pouco pachola nesse mundo? Releva notar que ele não recorreu à inventiva senão depois de experimentar a falsificação; primeiramente, entroncou-se na família daquele meu famoso homônimo, o capitão-mor Brás Cubas, que fundou a vila de São Vicente onde morreu em 1592, e por esse motivo é que me deu o nome de Brás. Opôs-se-lhe, porém, a família do capitão-mor, e foi então que ele imaginou as trezentas cubas mouriscas." ] }, { "@context": { "@vocab": "http://schema.org/", "geo": "http://www.w3.org/2003/01/geo/wgs84_pos#", "gn": "http://www.geonames.org/ontology#", "referencia": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/", "dados": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/" }, "@type": "Place", "@id": "https://huggingface.co/spaces/histlearn/MachadodeAssis/Villa%20Torlonia", "name": "Vila Torlonia", "description": "A Vila Torlonia, situada na Via Nomentana, em Roma, começou a ser construída pela família Torloni (ricos banqueiros italianos) no século XVI e é uma luxuosa residência, que serviu no século XIX de moradia a um príncipe. 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Notícias mínimas, e aliás necessárias ao complemento de um certo ar duplo que distinguia este homem, um ar de pedinte e general. Na rua, andando, sem almoço, sem vintém, parecia levar após si um exército. A causa não era outra mais do que o contraste entre a natureza e a situação, entre a alma e a vida. Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa xira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem dinheiro, nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive , dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n'en vois pas la nécessité , redarguiu friamente o ministro. Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um, dez, outro, cinco, outro, vinte mil-réis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Custódio endireitou o busto, que até então inclinara um pouco. Era um homem de quarenta anos. Vestia pobremente, mas escovado, apertado, correto. Usava unhas longas, curadas com esmero, e tinha as mãos muito bem talhadas, macias, ao contrário da pele do rosto, que era agreste. Notícias mínimas, e aliás necessárias ao complemento de um certo ar duplo que distinguia este homem, um ar de pedinte e general. Na rua, andando, sem almoço, sem vintém, parecia levar após si um exército. A causa não era outra mais do que o contraste entre a natureza e a situação, entre a alma e a vida. Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa xira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem dinheiro, nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive , dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n'en vois pas la nécessité , redarguiu friamente o ministro. 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Em 1808 achamo-lo em viagem com a corte real para o Rio de Janeiro. Em 1822 saudou a Independência; e fez parte da Constituinte; trabalhou no 7 de Abril; festejou a Maioridade; há dous anos era deputado.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/Relíquias_da_Casa_Velha#maria-cora", "headline": "Maria Cora", "genre": "Conto", "datePublished": "1906", "text": "Naquele combate achei-me um tanto como o herói de Stendhal na batalha de Waterloo; a diferença é que o espaço foi menor. Por isso, e também porque não me quero deter em cousas de recordação fácil, direi somente que tive ocasião de matar em pessoa a João da Fonseca. Verdade é que escapei de ser morto por ele. Ainda agora trago na testa a cicatriz que ele me deixou. O combate entre nós foi curto. Se não parecesse romanesco demais, eu diria que João da Fonseca adivinhara o motivo e previra o resultado da ação.", "inLanguage": "pt-BR" }, { "@type": "CreativeWork", "@id": "http://dados.literaturabrasileira.ufsc.br/resource/O_programa#o-programa", "headline": "O Programa", "genre": "Conto", "datePublished": "1882", "text": "Saíram para a luta eleitoral. No meio do caminho, o Romualdo teve uma reminiscência de Bonaparte, e disse ao amigo: \"Fernandes, é o sol de Austerlitz!\" Pobre Romualdo, era o sol de Waterloo.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Dona Mariana, antes de casar, professava um princípio seu: o casamento é um estado vitalício; cumpre não precipitar a escolha do noivo. Pelo quê, rejeitou três pretendentes que, apesar de suas boas qualidades, tinham um defeito físico importante: não eram bonitos. Vasconcelos alcançou o seu Austerlitz onde os outros haviam achado Waterloo.", "- Não; direi somente que ele achou-se em França por ocasião da revolução de 1789, assistiu a tudo, à queda e morte do rei, dos girondinos, de Danton, de Robespierre; morou algum tempo com Filinto Elísio, o poeta, sabem? Morou com ele em Paris; foi um dos elegantes do Diretório, deu-se com o primeiro Cônsul... Quis até naturalizar-se e seguir as armas e a política; podia ter sido um dos marechais do império, e pode ser até que não tivesse havido Waterloo. Mas ficou tão enjoado de algumas apostasias políticas, e tão indignado, que recuou a tempo. Em 1808 achamo-lo em viagem com a corte real para o Rio de Janeiro. Em 1822 saudou a Independência; e fez parte da Constituinte; trabalhou no 7 de Abril; festejou a Maioridade; há dous anos era deputado.", "Naquele combate achei-me um tanto como o herói de Stendhal na batalha de Waterloo; a diferença é que o espaço foi menor. Por isso, e também porque não me quero deter em cousas de recordação fácil, direi somente que tive ocasião de matar em pessoa a João da Fonseca. Verdade é que escapei de ser morto por ele. Ainda agora trago na testa a cicatriz que ele me deixou. O combate entre nós foi curto. Se não parecesse romanesco demais, eu diria que João da Fonseca adivinhara o motivo e previra o resultado da ação.", "Saíram para a luta eleitoral. 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O Dr. Valença discutia com uma senhora a excelência do vinho Xerez, e Eduardo Valadares recitava uma décima à moça que lhe ficava ao pé.", "inLanguage": "pt-BR" } ], "texts": [ "Enquanto se davam estes incidentes, em que ninguém realmente reparava, a conversa continuava seu caminho. O Dr. Valença discutia com uma senhora a excelência do vinho Xerez, e Eduardo Valadares recitava uma décima à moça que lhe ficava ao pé." ] } ]