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Em computação, um shell (em português, casca ou concha) é uma interface de usuário para acessar os serviços de um sistema operacional. Em geral, shells dos sistemas operacionais usam uma interface de linha de comando (CLI) ou uma interface gráfica de usuário (GUI), dependendo da função e operação particular de um computador. macOS e Windows são exemplos de sistemas operacionais amplamente utilizados através de interfaces gráficas.
É chamado de shell (casca) porque ele é a camada mais externa em torno do núcleo do sistema operacional.
Visão Geral
No mundo Unix, o termo Shell é mais usualmente utilizado para se referir aos programas de sistemas do tipo Unix que podem ser utilizados como meio de interação entre interface de usuário para o acesso a serviços do kernel no sistema operacional. Este é um programa que recebe, interpreta e executa os comandos de usuário, aparecendo na tela como uma linha de comandos, representada por um interpretador de comandos, que aguarda na tela os comandos do usuário. Em aplicativos, o "Shell" é também usado para descrever aplicações, incluindo software que é "construído em torno" de um componente específico, como navegadores e clientes de e-mail que são, em si mesmos, "shells" para motores de renderização HTML.
A escolha ideal de interface com o usuário depende da função no computador em particular a operação. CLIs permitem algumas operações a serem executadas mais rapidamente, reorganizando grandes blocos de dados, por exemplo. CLIs podem ser melhores para os servidores que são gerenciados por especialistas: administradores, enquanto GUIs oferecem simplicidade e facilidade de uso e seria mais adequado para edição de imagem, CADD e editoração eletrônica. Na prática, muitos sistemas fornecem ambas a interfaces de usuário que podem ser chamadas em uma base de comando por comando. O Windows xxx é o exemplo mais óbvio, com o seu "prompt de comando" e no modo normal "windows". Não é nenhum exagero dizer que tanto a Apple Macintosh OS xxx e Microsoft Windows xxx revolucionaram a computação doméstica, ajudando os usuários relativamente inexperientes com interface de um PC usando uma GUI.
Em sistemas especialista, um shell é um pedaço de software que é um sistema especialista "vazio", sem a base de conhecimento para qualquer aplicação em particular.
História
O primeiro shell Unix, o sh criado por Ken Thompson, foi modelado depois do shell Multics, em si modelado com base no programa RUNCOM de Louis Pouzin. O sufixo 'rc' presente em alguns arquivos de configuração do unix (".vimrc", ".bashrc"), é um remanescente do ancestral RUNCOM dos shells Unix
Quase todos os shells dos sistemas operacionais da década de 1970 podem ser usados de duas formas: interativa e modo batch(lote). O modo batch envolve estruturas, condicionais, variáveis e outros elementos de linguagem de programação; alguns tem apenas o necessário para um propósito específico, outras atendem propósitos mais diversos e sofisticados.
Shells de texto (CLI)
A tradução de Shell para português neste caso, pode significar "concha" ou "casca". Na informática o Shell, de maneira genérica, é um programa que intermedeia o contato entre o usuário e o computador. É a interface entre o usuário e o sistema operacional (kernel).
Aqui descreveremos o termo mais comum usado cotidianamente, que se refere aos interpretadores de comandos dos sistemas Unix e seus similares.
A interface de linha de comando (Command-line interface - CLI em inglês) é um shell do sistema operacional que utiliza caracteres alfanuméricas digitadas em um teclado para fornecer instruções e dados para o sistema operacional, de forma interativa. Por exemplo, um teletipo pode enviar códigos que representam combinações de teclas para um programa interpretador de comandos em execução no computador, o interpretador de comandos analisa a seqüência de teclas e responde com uma mensagem de erro se não puder reconhecer a sequência de caracteres, ou pode realizar algum outro programa de ação, tais como o carregamento de um programa de aplicação, listando os arquivos, login de um usuário e muitos outros. Sistemas operacionais como o UNIX tem uma grande variedade de programas shell com diferentes comandos, sintaxe e capacidades. Alguns sistemas operacionais tiveram apenas um único estilo de interface de comando, sistemas operacionais de commodities, como MS-DOS veio com uma interface de comando padrão, mas as interfaces de terceiros também foram frequentemente disponíveis, fornecendo recursos ou funções, como menuing ou execução remota de programas adicionais.
Programas de aplicação também pode implementar uma interface de linha de comando. Por exemplo, em sistemas Unix-like, o telnet programa tem uma série de comandos para controlar um link para um sistema de computador remoto. Uma vez que os comandos para o programa são teclas digitadas como os dados a serem transmitidos para um computador remoto, alguns meios de distinguir os dois são necessários. Uma sequência de escape pode ser definida, usando uma combinação de teclas especiais no local que nunca é passado, mas sempre interpretada pelo sistema local. O programa torna-se restrito, alternando entre interpretar os comandos do teclado ou passando batidas de teclas como os dados a serem processados.
Uma característica de muitos shells de linha de comando é a capacidade de salvar sequências de comandos para re-uso. Um arquivo de dados pode conter sequências de comandos que o CLI podem ser feitas a seguir como se digitado pelo usuário. Recursos especiais no CLI pode aplicar quando se está levando a cabo estas instruções armazenados. Esses arquivos em Batch (arquivos de script) pode ser usado repetidamente para automatizar operações de rotina, como a inicialização de um conjunto de programas quando o sistema é reiniciado. O shell de linha de comando pode oferecer recursos como conclusão de linha de comando, onde o intérprete se expande comandos com base em uma entrada de alguns personagens pelo usuário. A intérprete de linha de comando pode oferecer uma função de histórico, de modo que o usuário pode chamar comandos anteriores emitidos para o sistema e repeti-los, possivelmente com alguma edição.
Uma vez que todos os comandos para o sistema operacional tinha de ser digitado pelo usuário, nomes de comandos curtos e sistemas compactos para que representam opções do programa eram comuns. Nomes curtos eram às vezes é difícil para um usuário para se lembrar, e os sistemas de início não tinha os recursos de armazenamento para fornecer um guia de instruções do usuário on-line detalhado.
Existem diversas implementações de Shell, dentre os quais podemos mencionar o csh, tcsh, sh, bash, ksh, zsh e muitos outros. Cada um pode executar comandos gerais do sistema de maneira semelhante, porém possuem estruturas e comandos próprios que os diferenciam. Outra grande diferença entre os diversos tipos de Shell são as facilidades que eles oferecem para o reaproveitamento de comandos e manipulação da linha de comandos.
Todo o usuário em sistemas Unix e similares tem um shell associado a si em seu cadastro. Podemos dizer que o Shell do usuário "fulano" é o csh, por exemplo, se este for o Shell cadastrado para o usuário. Embora o cadastro só permita associar um shell a cada usuário é muito simples passar de um shell para outro, passando a usar outro interpretador de comandos, bastando para isso chamar o outro shell desejado, da mesma maneira que qualquer comando é executado. Se um usuário, por exemplo, está no shell "sh" e executa o comando "csh", passa neste momento a usar o shell "csh" como interpretador de comandos até que saia dele com o comando "exit" ou outro comando para sair do shell.
Shells gráficos
A interface gráfica do usuário (Graphical User Interface - GUI em inglês) representa programas e dados através de símbolos visuais em vez de texto. Interfaces gráficas tornaram-se viáveis com a diminuição do custo do hardware de computação gráfica interativa. Interfaces gráficas desenvolvem a metáfora de um "ambiente de trabalho eletrônico", onde os arquivos de dados são representados como se fossem os documentos em papel em uma mesa, e os programas de aplicação semelhante tem representações gráficas em vez de serem chamados por nomes de comandos.
Ver também
Shell scripts
Bash
Linha de comando
DOS Shell
Internet Explorer shell
Secure shell
Shell account
Shell builtin
Unix shell
Ligações externas
Programas Unix
Shells de comando
Gestores de janelas |
São Paulo ( ) é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Sudeste e tem por limites os estados de Minas Gerais a norte e nordeste, Paraná a sul, Rio de Janeiro a leste e Mato Grosso do Sul a oeste, além do Oceano Atlântico a sudeste. É dividido em 645 municípios e sua área total é de , o que equivale a 2,9% da superfície do Brasil, sendo pouco maior que o Reino Unido. Sua capital é o município de São Paulo e seu atual governador é Tarcísio de Freitas.
Com 46,6 milhões de habitantes, ou cerca de 22% da população brasileira, é o estado mais populoso do Brasil, a terceira unidade política mais populosa da América do Sul (superado pela Colômbia e pelo restante da federação brasileira) e a subdivisão nacional mais populosa do continente americano. A população paulista é uma das mais diversificadas do país e descende principalmente de italianos, que começaram a emigrar para o país no fim do século XIX, de portugueses, que colonizaram o Brasil e instalaram os primeiros assentamentos europeus na região, de povos ameríndios nativos, de povos africanos e de migrantes de outras regiões do Brasil. Outras grandes correntes imigratórias, como de árabes, alemães, chineses, espanhóis e japoneses, também tiveram presença significativa na composição étnica da população local.
A área que hoje corresponde ao território paulista já era habitada por povos indígenas desde aproximadamente 12000 a.C. No início do século XVI, o litoral da região começou a ser visitado por navegadores portugueses e espanhóis. No entanto, apenas em 1532 o português Martim Afonso de Sousa iria fundar a primeira povoação de origem europeia — a vila de Cananéia, na atual Vale do Ribeira. No século XVII, os bandeirantes paulistas intensificaram a exploração do interior da colônia, o que acabou por expandir os domínios territoriais dos portugueses na América do Sul. No século XVIII, após a instituição da Capitania de São Paulo, a região começa a ganhar peso político. Após a independência, durante o Império, São Paulo começa a se tornar um grande produtor agrícola (principalmente de café), o que acaba por criar uma rica oligarquia rural regional, que iria se alternar no comando do governo brasileiro com as elites mineiras durante o início do período republicano. Sob o regime de Vargas, o estado é um dos primeiros a iniciar um processo de industrialização e sua população se torna uma das mais urbanas da federação.
Segundo o IBGE, em pesquisa realizada em setembro de 2015, São Paulo tinha a maior produção industrial do país, com o maior PIB entre todos os estados brasileiros. Em 2016, a economia paulista respondia por cerca de 32,5% do total de riquezas produzidas no país, o que tornou o estado conhecido como a "locomotiva do Brasil". O PIB paulista equivale à soma das economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Se fosse um país soberano, seu PIB nominal seria o 21º maior do mundo (estimativa de 2020). Além da grande economia, São Paulo possui bons índices sociais em comparação ao registrados no restante do país, como o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior PIB per capita, a segunda menor taxa de mortalidade infantil, a menor taxa de homicídios e a terceira menor taxa de analfabetismo entre as unidades federativas brasileiras.
História
Primeiros povos e início da colonização portuguesa
A região do atual estado de São Paulo já era habitada por povos indígenas desde aproximadamente 12000 a.C. Por volta do ano 1000, o seu litoral foi invadido por povos tupis procedentes da Amazônia.
No início do século XVI, o litoral paulista já tinha sido visitado por navegadores portugueses e espanhóis, mas somente em 1532 se deu a fundação da primeira povoação de origem europeia, São Vicente, na atual Baixada Santista, por Martim Afonso de Sousa. Com a criação da Vila de São Vicente, instalou-se, o primeiro parlamento na América: a Câmara da Vila de São Vicente. Realizaram-se também as primeiras eleições em continente americano. A procura de metais preciosos levou os portugueses a ultrapassarem a Serra do Mar, pelo antigo caminho indígena do Peabiru e, em 1554, no planalto existente após a Serra do Mar, foi fundada a vila de São Paulo de Piratininga pelos jesuítas liderados por Manuel da Nóbrega. Até o fim do século XVI, os portugueses fundaram outras vilas no entorno do planalto, como Santana de Parnaíba, garantindo, assim, a segurança e subsistência da vila de São Paulo.
A fundação de São Vicente no litoral paulista iniciou o processo de colonização do Brasil como política sistemática do governo português, motivada pela presença de estrangeiros que ameaçavam a posse da terra. Evidentemente, antes disso já havia ali um núcleo português que, à semelhança de outros das regiões litorâneas, fora constituído por náufragos e datava, provavelmente, do início do século XVI. Foi, no entanto, durante a estada de Martim Afonso de Sousa que se fundou, em 20 de janeiro de 1532, a vila de São Vicente e com ela se instalou o primeiro marco efetivo da colonização brasileira e onde ocorreu o primeiro confronto entre europeus portugueses e espanhóis na América Latina, a Guerra de Iguape.
A faixa litorânea, estreita pela presença da Serra do Mar, não apresentava as condições necessárias para o desenvolvimento da grande lavoura. Por sua vez, o planalto deparava com o sério obstáculo do Caminho do Mar, que, ao invés de ligar, isolava a região de Piratininga, negando-lhe o acesso ao oceano e, portanto, a facilidade para o transporte. Em consequência, a capitania ficou relegada a um plano econômico inferior, impedida de cultivar com êxito o principal produto agrícola do Brasil colonial, a cana-de-açúcar, e de concorrer com a principal zona açucareira da época, representada por Pernambuco e Bahia.
Estabeleceu-se, em Piratininga, uma policultura de subsistência, baseada no trabalho forçado do índio. Os inventários dos primeiros paulistas acusavam pequena quantidade de importações e completa ausência de luxo. O isolamento criou no planalto uma sociedade peculiar. Chegar a São Paulo requeria fibra especial na luta contra as dificuldades do acesso à serra, os ataques dos índios, a fome, as doenças, o que levaria a imigração europeia a um rigoroso processo seletivo. Tais condições de vida determinariam a formação de uma sociedade em moldes mais democráticos que os daquela que se estabelecera mais ao norte da colônia.
Bandeiras
Dificuldades econômicas, tino sertanista, localização geográfica (São Paulo era um importante centro de circulação fluvial e terrestre), espírito de aventura, seriam poderosos impulsos na arrancada para o sertão. Desde os primeiros tempos da colonização eram constantes as arremetidas, num bandeirismo defensivo que visava a garantir a expansão paulista do século XVII. Este seria o grande século das bandeiras, aquele em que se iniciaria o bandeirismo ofensivo propriamente dito, cujo propósito era em grande parte o lucro imediato proporcionado pela caça ao índio. Da vila de São Paulo partiram as bandeiras de apresamento chefiadas por Antônio Raposo Tavares, Manuel Preto, André Fernandes, entre outros.
As condições peculiares de vida no planalto permitiram que os paulistas, durante os dois primeiros séculos, desfrutassem de considerável autonomia em setores como defesa, relações com os índios, administração eclesiástica, obras públicas e serviços municipais, controle de preços e mercadorias.
Do bandeirismo de apresamento passou-se ao bandeirismo minerador, quando a atividade de Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral e outros foi recompensada com o encontro dos veios auríferos em Minas Gerais e Mato Grosso. Dura provação foi o efeito do descobrimento do ouro sobre São Paulo e outras vilas do planalto: todos buscavam o enriquecimento imediato representado pelo metal precioso. Assim, o povoamento dos sertões brasileiros fez-se com sacrifício dos habitantes de São Paulo e em detrimento da densidade populacional da capitania. Essa ruptura demográfica, aliada a fatores geográficos já mencionados (a serra do Mar), ocasionou uma queda da produtividade agrícola, bem como o declínio de outras atividades, o que acentuou a pobreza do povo no decorrer do século XVIII. A capitania, que então abrangia toda a região das descobertas auríferas, foi transferida para a coroa e ali instalou-se governo próprio em 1709, separado do governo do Rio de Janeiro e com sede na vila de São Paulo, elevada à categoria de cidade em 1711.
Ciclo do ouro, decadência e restauração da capitania
No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobrem ouro na região do Rio das Mortes, nas proximidades da atual São João del-Rei. A descoberta das imensas jazidas de ouro provoca uma corrida em direção às Minas Gerais, como eram chamadas na época os inúmeros depósitos de ouro por exploradores advindos tanto de São Paulo quanto de outras partes da colônia. Como descobridores das minas, os paulistas exigiam exclusividade na exploração do ouro, porém foram vencidos em 1710 com o fim da Guerra dos Emboabas, perdendo o controle das Minas Gerais, que se torna capitania autônoma em 1721. O ouro extraído de Minas Gerais seria escoado via Rio de Janeiro.
O êxodo em direção às Minas Gerais provocou a decadência econômica na capitania, e ao longo do século XVIII esta foi perdendo território e dinamismo econômico até ser simplesmente anexada em 1748 à capitania do Rio de Janeiro. Assim, pouco antes de ser anexada ao Rio de Janeiro, São Paulo perdeu território para a criação da Capitania de Goiás e a Capitania de Mato Grosso. Estas duas capitanias correspondem hoje aos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Tocantins, Distrito Federal e o Triângulo Mineiro.
Em 1765, pelos esforços do Morgado de Mateus é reinstituída a Capitania de São Paulo e este promove uma política de incentivo à produção de açúcar para garantir o sustento da capitania. A capitania é restaurada entretanto com cerca de um terço de seu território original, compreendendo apenas os atuais estados de São Paulo e Paraná e parte de Santa Catarina. O Morgado de Mateus criou a Vila de Lages e Campo Mourão para a defesa da capitania. Foram criadas várias outras vilas, como Campinas e Piracicaba, fato que não ocorria desde o início do século XVIII em São Paulo, onde logo a cana-de-açúcar desenvolve-se.
A capitania de São Paulo ganha peso político, durante a época da Independência do Brasil, pela figura de José Bonifácio, natural de Santos, e em 7 de setembro de 1822 a Independência é proclamada às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, pelo então príncipe-regente Pedro de Alcântara. Em 1821 a capitania transforma-se em província. Em 1853 é criada a província do Paraná, e São Paulo perde território pela última vez, ficando a partir daquela data com seu território atual, tendo suas divisas atuais fixadas em definitivo apenas na década de 1930.
Ciclo do café e imigração estrangeira
Em 1817 é fundada a primeira fazenda de café de São Paulo, no vale do rio Paraíba do Sul e, após a Independência do Brasil, o cultivo de café ganha força nas terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como Guaratinguetá, Bananal, Lorena, Pindamonhangaba e Taubaté. O Vale enriquece-se rapidamente, gerando uma oligarquia rural, porém o restante da província continua dependente da cana-de-açúcar e do comércio que vai se estabelecendo na cidade de São Paulo, impulsionado pela fundação de uma Faculdade de Direito em 1827.
Entretanto, a exaustão dos solos do Vale do Paraíba e as crescentes dificuldades impostas ao regime escravocrata levam a uma decadência no cultivo do café a partir de 1860 e o Vale vai se esvaziando economicamente enquanto o cultivo do café migra em direção ao Oeste Paulista, substituindo o cultivo da cana-de-açúcar, resultando em grandes mudanças econômicas e sociais. A proibição do tráfico negreiro em 1850 leva a necessidade de busca de nova forma de mão de obra e a imigração de europeus passa a ser incentivada pelo governo Imperial e provincial. O escoamento dos grãos passa a ser feito via porto de Santos, o que leva a fundação da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo, que começa a se transformar em importante entreposto comercial entre o litoral e o interior cafeeiro. O café vai adentrando paulatinamente o oeste paulista; em 1870, a penetração da cultura encontra os férteis campos de cultivo de terras roxas do nordeste paulista, onde surgiram as maiores e mais produtivas fazendas de café do mundo. Atrás de novas terras para o café, exploradores adentram o até então desconhecido quadrilátero compreendido entre a Serra de Botucatu e os rios Paraná, Tietê e Paranapanema no final do século XIX e início do século XX. O sul paulista (Vale do Ribeira e região de Itapeva) não atrai o cultivo do café e sofre com litígios de divisa entre São Paulo e Paraná, sendo, portanto posto à margem do desenvolvimento do resto da província, tornando-se, até os dias atuais, a região mais pobre do território paulista.
O enriquecimento provocado pelo café e a constante chegada de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis, japoneses e árabes à província, além do desenvolvimento de uma grande rede férrea, trazem prosperidade a São Paulo. Estima-se que dos 4 milhões de imigrantes que o Brasil recebeu entre 1880 e 1930, 70% destes estabeleceram-se na Província de São Paulo. A entrada de milhares de imigrantes foi importante para São Paulo posto que representou o crescimento do mercado consumidor interno de outros bens produzidos pela própria Província, tais como açúcar, aguardente e álcool. Com isto, há um grande crescimento econômico e populacional em São Paulo entre o final do século XIX e começo do século XX trazidos pelo café.
Os censos demográficos de 1872 e de 1900 revelam o real impacto deste crescimento demográfico no Município de São Paulo e na então Província de São Paulo. Em 1872, somente dez localidades urbanas possuíam mais de 30 mil habitantes, sendo São Paulo a única que não se localizava no litoral.
Com uma população de 31 385 habitantes, São Paulo era a capital com a nona maior população dentre as 20 capitais de província censeadas (em comparação, o Rio de Janeiro, então chamado de Município Neutro na condição de capital do País, era a maior cidade do Brasil na época, contabilizando pessoas); já a Província de São Paulo contava com uma população de , sendo equivalente à província com a quinta maior população (em comparação, Minas Gerais, a província do Brasil com maior população na época, contabilizava pessoas).
Em 1900, tanto o Município quanto o novo Estado de São Paulo passam a contar com a segunda maior população municipal e estadual do Brasil: a população do Município de São Paulo explode para , permanecendo o Rio de Janeiro ainda com a maior população no Brasil ( residentes), e o Estado de São Paulo registra de habitantes, enquanto o Estado de Minas Gerais permanece com a maior população estadual ().
República Velha
Ao se instalar a república, afirmava-se claramente o predomínio econômico do novo estado. Se o Brasil era o café, o café era São Paulo. Essa realidade repercutiu na esfera nacional, daí a homogeneidade de 1894 a 1902, em três quadriênios consecutivos, com os presidentes Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves. No início do século XX, com o avanço das ferrovias rumo ao Rio Paraná são criados dezenas de municípios ao longo das ferrovias Estrada de Ferro Sorocabana, NOB e Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ocupando o Oeste Paulista.
São Paulo ingressou com dois trunfos na era republicana: a riqueza do café e o sistema de mão de obra imigrante, que fora introduzido antes da abolição da escravatura e já se adaptara e integrara no modo de produção da agricultura paulista. Assim equipado, beneficiando-se da fraqueza institucional decorrente da proclamação da república, São Paulo aliou seu poder econômico à força eleitoral de Minas Gerais e instaurou a política do café com leite, que teve por consequência uma mudança no federalismo no Brasil, sendo até hoje visíveis os resultados. Para isso, concorreu também a visão empresarial de seus homens de negócios, cafeicultores principalmente, que, ainda no império, haviam aprendido a usar com presteza e vigor o poder político em defesa de seus interesses econômicos.
Perceberam de imediato a oportunidade da introdução do imigrante estrangeiro e a subsidiaram com recursos da província, uma vez que o governo imperial dispensava maiores atenções ao estabelecimento de núcleos coloniais do que à imigração assalariada. Com a nova situação criada pela instituição do regime republicano, puderam ampliar seus meios de ação. Daí por diante, até a crise de 1929, não perderam de vista a expansão e defesa do produto que sustentava a economia da região.
Apesar das dissensões internas e de várias dissidências, o Partido Republicano Paulista (PRP) conseguiu manter grande coesão em face da União, o que lhe permitia levar avante uma política que satisfazia, em geral, aos interesses dominantes e que, inegavelmente, contribuiu para o prestígio de São Paulo dentro da federação.
O presidente de São Paulo de 1916 a 1920, Dr. Altino Arantes Marques enfrentou: a Primeira Guerra Mundial, a grande geada de 1918, Greve Geral de 1917, a gripe espanhola e a invasão de gafanhotos no interior de São Paulo.
Em 1924, durante a presidência de Carlos de Campos, ocorre em São Paulo, tanto na capital quanto no interior, a Revolta Paulista de 1924, que obriga Carlos de Campos a se retirar da capital. Acontecem destruições e depredações e bombardeiro por parte do governo federal. Os rebeldes são derrotados e rumam para o interior do Brasil. Washington Luís chega à presidência da república em 1926, sendo porém deposto em 24 de outubro de 1930.
Revolução de 1930 e Revolução de 1932
Em 1° de março de 1930, o presidente de São Paulo, o paulista Júlio Prestes, foi eleito presidente da república, mas não tomou posse, impedido pela Revolução de 1930, a qual também derrubou da presidência da república Washington Luís que fora presidente de São Paulo entre 1920 e 1924. São Paulo então passou a ser governado pelos vencedores da Revolução de 1930 e logo em seguida se revoltou contra essa situação protagonizando a Revolução de 1932. Júlio Prestes e Washington Luís foram exilados. Os jornais apoiadores do PRP foram destruídos.
A década de 1930 em São Paulo caracterizou-se, do ponto de vista econômico, pelos esforços de ajustamento às novas condições criadas pela crise mundial de 1929 e pela derrocada do café. Do ponto de vista político, o período foi marcado pela luta em prol da recuperação da hegemonia paulista na federação, atingida pela Aliança Liberal e afinal aniquilada pela revolução de 1930. Esta submeteu o estado à ação dos interventores federais, que, de início, nem paulistas eram. Surgiram logo as reivindicações a favor de um governo paulista, o que, na versão dos vencedores da Revolução de 1930, era visto como tentativa de a restaurar os grupos hegemônicos paulistas, cujos interesses, tanto econômicos quanto políticos, estavam sendo prejudicados pela nova situação.
Habituadas a conduzir seu próprio destino, as classes dirigentes se insurgiram sob a liderança do Partido Democrático, então presidido pelo professor Francisco Morato, justamente o partido aliado à revolução getulista de 1930. A organização política rompeu, porém, com o governo federal e constituiu, com as classes conservadoras e o velho PRP, a Frente Única Paulista. Esta procurou aliança com outros estados, particularmente com a oposição gaúcha, mas afinal os paulistas rebelaram-se, contando apenas com o apoio de tropas do Estado de Maracaju (atual Mato Grosso do Sul).
Em 9 de julho de 1932, irrompeu a revolução constitucionalista de São Paulo. Governava o estado, como interventor federal, o paulista Pedro Manuel de Toledo, logo proclamado governador. Formaram-se batalhões de voluntários, e aderiram ao movimento algumas unidades do Exército, um forte contingente de Mato Grosso e a quase totalidade da força pública estadual. Foram mobilizados inicialmente cinquenta mil homens, cujo comando coube ao general Bertoldo Klinger, e depois ao coronel Euclides de Oliveira Figueiredo.
A indústria participou da revolução com entusiasmo. Sob a direção de Roberto Cochrane Simonsen, todo o parque industrial paulista foi colocado a serviço da rebelião, dedicado à produção bélica. Organizou-se também o abastecimento interno. A luta durou, porém, apenas três meses e terminou com a derrota dos paulistas e a perda de centenas de vidas. Alguns meses após a capitulação, o governo federal, a fim de pacificar o país, decidiu convocar eleições para a Assembleia Constituinte, respondendo ao objetivo principal dos revolucionários paulistas: a restauração da ordem constitucional. Enquanto isso, São Paulo foi ocupado militarmente de outubro de 1932 a agosto de 1933. Foram exilados o ex-governador Pedro de Toledo, seu secretariado e outros políticos que tomaram parte ativa na revolução.
Industrialização e metropolização
Após a Primeira Guerra Mundial, o cultivo do café no pais começa a enfrentar crises de excesso de oferta e concorrência de outros países. O cultivo começa a ser controlado pelo governo, a fim de evitar crises e fazendas fecham, levando imigrantes em direção a São Paulo, onde se tornam operários. Pressões políticas exigindo o fim do predomínio da elite cafeeira paulista surgem e movimentos artísticos como a Semana de 1922 propagam novas ideias sociais e econômicas. A imigração externa começa a se enfraquecer e greves anarquistas e comunistas rebentam em São Paulo enquanto impérios industriais como o de Matarazzo são formados.
Em 1930 o café entra em sua derradeira crise com a Grande Depressão, o colapso dos preços externos dos grãos e a Revolução de 1930, que retira os paulistas do poder. Dois anos depois, em 1932, São Paulo combate Getúlio Vargas na Revolução Constitucionalista, em uma tentativa de retomar o poder perdido, porém é derrotado militarmente. A crise do café se amplifica e o êxodo rural em direção à cidade de São Paulo esvazia o interior do estado. No período do Estado Novo com Ademar de Barros como governador do estado e Prestes Maia prefeito da cidade de São Paulo, o estado entra em uma nova fase de desenvolvimento com a construção de grandes rodovias e usinas hidrelétricas.
A Segunda Guerra Mundial interrompe as importações de produtos e a indústria paulista inicia um processo de substituição de importações, passando a produzir no estado os produtos até então importados. O processo intensifica-se no governo de Juscelino Kubitschek, que lança as bases da indústria automotiva no ABC paulista.
Nas décadas de 1960 e 1970 o governo estadual promove diversas obras que incentivam a economia do interior do estado, esvaziado desde a crise do café em 1930. A abertura e duplicação da Via Dutra (BR-116) recupera e industrializa o Vale do Paraíba, que se concentra em torno da indústria aeronáutica de São José dos Campos. Para o Oeste, a implantação do Aeroporto Internacional de Viracopos, a criação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a abertura de rodovias como a Rodovia Anhanguera e Bandeirantes e Rodovia Washington Luís o implemento de técnicas modernas de produção, em especial da cana-de-açúcar e de seu subproduto, o álcool combustível, levam novamente o progresso às regiões de Campinas, Sorocaba, Central, Ribeirão Preto e Franca.
Este processo de recuperação econômica do interior intensifica-se a partir da década de 1980, quando inúmeros problemas urbanos, como violência, poluição e ocupação desordenada, afligem a Região Metropolitana de São Paulo. Entre 1980 e 2000 a grande maioria dos investimentos realizados no estado foi feita fora da capital, que passa de uma metrópole industrial para um polo de serviços e finanças. O interior torna-se industrializado e próspero, em especial entre os eixos Jundiaí - Campinas - Piracicaba - São Carlos - Ribeirão Preto - Franca - Sorocaba - São José dos Campos - Taubaté.
Entretanto, mesmo com o enriquecimento e industrialização do interior, outros estados passam a ter uma taxa de crescimento econômico ainda mais elevada que São Paulo, principalmente as regiões Sul e Centro-Oeste. Atualmente, ainda que o crescimento não seja mais tão alto e haja concorrência de outros estados, São Paulo é o principal polo econômico e industrial da América do Sul, sendo o maior mercado consumidor do Brasil.
Geografia
São Paulo é uma das 27 unidades federativas do Brasil, localizado a sudoeste da região Sudeste. Com grande parte de seu território acima do Trópico de Capricórnio, ocupa uma área de quilômetros quadrados (km²), sendo a décima segunda unidade da federação em área do Brasil (2,917% do território nacional) e a segunda do Sudeste, depois de Minas Gerais.
Banhado pelo Oceano Atlântico, limita-se com os estados de Minas Gerais a norte e nordeste, Paraná a sul, Rio de Janeiro a leste e Mato Grosso do Sul a oeste, tendo de linha divisória. A distância linear entre os seus pontos extremos norte e sul é de 611 quilômetros e 923 quilômetros de leste a oeste. São Paulo segue o horário de Brasília, que é três horas atrasado em relação ao Meridiano de Greenwich.
Geomorfologia
São Paulo apresenta um relevo relativamente elevado, possuindo 85% de sua superfície na faixa de 300 a 900 metros (m) de altitude, 8% abaixo dos e os 7% restantes acima de . Seu ponto culminante é a Pedra da Mina, na Serra da Mantiqueira, cujo pico está a metros de altitude, um dos cinco mais altos do Brasil. Por outro lado, Campos do Jordão é o município cuja sede municipal é a mais alta do Brasil, com altitude de mais de metros.
A maior parte do seu território está situado na Bacia Sedimentar do Paraná, que possui solos basálticos, latossólicos, terras roxas e podzólicos e é formada pela Depressão Periférica, com altitudes entre 600 e 750 metros, e pelo Planalto Ocidental Paulista, a maior unidade geomorfológica de São Paulo, ocupando aproximadamente metade do território estadual, além das cuestas, formadas por rochas vulcânicas de basalto.
A Bacia Sedimentar Cenozoica, no leste paulista, possui colinas e é formada por latossolos. O Cinturão Orogênico do Atlântico abrange o Planalto Atlântico, uma área de transição entre a bacias sedimentares Cenozoica e do Paraná, sendo formado por cambissolos, latossolos neossolos litólicos e solos podzólicos, com altitudes médias entre 700 e metros. O litoral é constituído de planícies abaixo dos trezentos metros de altitude, que fazem limite com a Serra do Mar.
Hidrografia
São Paulo possui seu território dividido em 21 bacias hidrográficas, inseridas em três regiões hidrográficas, sendo a maior delas a do Paraná, que cobre grande parte do território estadual. Destaca-se o Rio Grande, que nasce em Minas Gerais e separa este de São Paulo ao norte e, ao se juntar com o Rio Paranaíba, forma o Rio Paraná, que separa São Paulo de Mato Grosso do Sul. Dois importantes rios paulistas, afluentes da margem esquerda do Rio Paraná, são o Paranapanema, com 930 quilômetros de extensão e um divisor natural entre São Paulo e Paraná na maior parte do seu curso, e o Tietê, maior rio totalmente paulista, que possui uma extensão de quilômetros e percorre o território estadual de sudeste a noroeste, desde sua nascente, em Salesópolis, até a foz, entre os municípios de Castilho e Itapura.
A região hidrográfica do Atlântico Sudeste compreende, em geral, apenas pequenos rios que descem da vertente da Serra do Mar e atravessam a planície litorânea em direção ao Atlântico. O rio Paraíba do Sul, formado pela junção dos rios Paraitinga e Paraibuna, é o maior e mais importante deles, com quilômetros de extensão, cruzando a região do Vale do Paraíba Paulista e penetrando no estado do Rio de Janeiro, onde se situa a maior parte de seu curso. O extremo sul paulista, na divisa com o estado do Paraná, está inserido na região hidrográfica do Atlântico Sul, sendo também formada por rios de pequeno porte que desembocam diretamente no oceano, sendo o Rio Ribeira do Iguape, que dá nome ao Vale do Ribeira, o mais importante curso d'água desta região. Outros importantes rios paulistas são: Jacaré-Guaçu, Jacaré-Pepira, Moji-Guaçu, Pardo, do Peixe, Avecutá e Piracicaba e Turvo.
Clima
No estado de São Paulo, ocorrem sete tipos diferentes de clima. O clima tropical de altitude (Cwa, segundo a classificação climática de Köppen-Geiger) é o dominante nas regiões central, leste e oeste. Essa variação é caracterizada pelo inverno seco e ameno, com temperatura média inferior a , e verão úmido e quente, com temperatura média superior a . Nas regiões norte e noroeste paulista o clima se torna tropical de savana (Aw), com invernos amenos e secos e verões quentes e úmidos, porém a temperatura média do mês mais frio é superior a . Enquanto isso, no sul e sudoeste do estado há dominância do clima subtropical (Cfa), com invernos frios, verões quentes e o mês mais seco com precipitação média acima de .
Nas áreas serranas, como as serras da Mantiqueira e do Mar, faz-se presente o clima subtropical de altitude (Cwb), com invernos secos, verões úmidos e temperaturas amenas. A média do mês mais quente é menor do que . Nas áreas serranas mais elevadas, a exemplo de Campos do Jordão, é encontrado o clima temperado (Cfb), tendo como características invernos frios, verões amenos e chuvas bem distribuídas na maior parte do ano. As geadas são relativamente mais intensas e comuns nesses pontos. No litoral predomina o tipo climático Af, com ausência de estação seca, tão úmido quanto o clima equatorial amazônico, e temperatura média do mês mais frio superior a . Por fim, o clima tropical de monção (Am) é registrado em pontos isolados do sul paulista, diferenciando-se do clima tropical equatorial principalmente por possuir uma curta estação seca.
São Paulo sofre influência de frentes frias durante todo o ano, sendo que no inverno esses sistemas são os principais responsáveis pela precipitação e queda de temperatura. Contudo, a influência de sistemas de alta pressão dificulta a ocorrência de chuva nas áreas interioranas no inverno, caracterizando a estação seca na maior parte do estado. Entre a primavera e o verão ocorre o enfraquecimento desses sistemas, o que favorece a penetração da umidade oriunda da Amazônia. As condições úmidas, em associação à elevação das temperaturas, propicia a formação de instabilidade e chuva. Assim, ocorre maior organização de convecção tropical, ao mesmo tempo que a umidade trazida pelas frentes frias também consegue atuar com maior intensidade, configurando a estação chuvosa.
Meio ambiente
São Paulo possui seu território inserido, em sua maior parte, no bioma da Mata Atlântica, cuja formação inicial cobria pouco mais de dois terços do território paulista e hoje se encontra apenas espalhada em vários fragmentos, restando hoje 32,6% dos remanescentes originais, a maior parte nas encostas da Serra do Mar. No bioma do cerrado, típico de áreas do centro-oeste paulista, este número é ainda menor, de apenas 3%. No litoral existem pequenas áreas de dunas, com espécies vegetais adaptadas ao calor e à salinidade, além das restingas e dos manguezais, este último na foz dos rios. Por se situar no encontro das zonas tropical e temperada do planeta, São Paulo possui sua fauna e floras constituída por espécies de regiões tanto tropicais quanto subtropicais, parte delas endêmicas.
Em 2020, apenas 22,9% do território paulista, ou hectares (ha), eram cobertos por vegetação nativa, tanto intocadas quanto em estágio de regeneração. Nesse mesmo ano, São Paulo possuía 102 unidades de conservação de caráter estadual e mais treze federais, dentre áreas de proteção ambiental e de relevante interesse ecológico, estações ecológicas, florestas e parques nacionais e estaduais, refúgios de vida silvestre, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável e ainda as reservas particulares de patrimônio natural (RPPN).
A abertura de áreas para a agricultura, em especial durante a expansão cafeeira em direção ao oeste nos séculos XIX e XX, além da formação de paisagens artificiais e o uso da madeira como combustível ou matéria-prima, levaram a uma quase completa devastação da cobertura vegetal primitiva do estado de São Paulo e, por consequência, algumas espécies se tornaram ameaçadas de extinção. Além da perda de biodiversidade, São Paulo também sofre de outros problemas ambientais crônicos, como a introdução de espécies exóticas invasoras, a poluição do ar provocada pelos automóveis e indústrias e a poluição hídrica, com o lançamento de dejetos nos corpos hídricos sem tratamento.
Demografia
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil pelo menos desde 1940, quando superou Minas Gerais. No último censo, em 2010, a população do estado era de habitantes (21,6% da população brasileira), e a densidade demográfica de 166,25 habitantes por quilômetro quadrado, a terceira maior do país, depois do Distrito Federal () e do Rio de Janeiro (). De acordo com este mesmo censo demográfico, 95,94% dos habitantes viviam na zona urbana e apenas 4,06% na zona rural. Ao mesmo tempo, 51,34% eram do sexo feminino e 48,66% do sexo masculino, tendo uma razão sexual de aproximadamente 95 homens para cada cem mulheres. Entre 2000 e 2010, São Paulo registrou um crescimento populacional de 11,61%, levemente acima da média do Sudeste (11,15%), mas um pouco abaixo da média brasileira (12,48%).
Dos 645 municípios paulistas, apenas nove possuíam população superior a 500 mil habitantes (que concentravam 42,38% da população estadual), sendo três deles acima de um milhão: São Paulo, a capital e o município mais populoso do Brasil, com habitantes (27,3% dos habitantes do estado); Guarulhos ( habitantes) e Campinas (), os dois município não capitais mais populosos do país. Outros 75 tinham entre e habitantes (32,33% da população paulista), 49 entre e (8,25%), 120 de e (9,48%), 122 de e (4,24%), outros 122 entre e (2,09%), 137 de e (1,16%) e vinte abaixo de habitantes (0,08%), sendo Borá, com apenas 805 habitantes, o menos populoso do estado e do país.
Regiões metropolitanas e aglomerações urbanas
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), também conhecida como Grande São Paulo, foi instituída pela lei complementar federal nº 14 de 1973 e é formada por 39 municípios paulistas, alguns deles em conurbados com a cidade-núcleo, São Paulo, formando uma grande mancha urbana contínua. É a região metropolitana mais populosa do Brasil e uma das maiores do mundo, com uma população estimada em aproximadamente 22 milhões de habitantes em 2016, quase metade da população estadual. É na RMSP que se encontram os municípios com maior densidade populacional do estado de São Paulo: Diadema (), Taboão da Serra () e Carapicuíba () e Osasco ().
Posteriormente, através da lei complementar, foram criadas as regiões metropolitanas da Baixada Santista (1996), Campinas (2000), Vale do Paraíba e Litoral Norte (2012), Sorocaba (2014) e Jundiaí (2021). Tais regiões metropolitanas, junto com a RMSP, formam uma espécie de macrometrópole, o Complexo Metropolitano Expandido, cuja população ultrapassa trinta milhões de habitantes (3/4 da população paulista). Fora desse complexo, existem outras três regiões metropolitanas, a Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP), instituída pela lei complementar estadual , de 6 de julho de 2016, sendo constituída por 34 municípios., e as Regiões Metropolitanas de Piracicaba e de São José do Rio Preto que foram constituídas em 2021. Existe a aglomeração urbana, mas sem o status de região metropolitana: Franca (2018).
Composição étnica e fluxos migratórios
Conforme pesquisa de autodeclaração do censo, 63,65% da população paulista eram brancos, 29,38% pardos, 5,44% pretos, 1,38% amarelos (1,38%) e 0,11% indígenas e 0,04% sem declaração. Considerando-se a nacionalidade, 99,5% eram brasileiros (99,35% natos mais 0,15% naturalizados) e apenas 0,5% estrangeiros. Dentre os brasileiros, 20,6% eram oriundos de outras unidades da federação.
A população descende principalmente de imigrantes europeus (sobretudo portugueses, italianos, espanhóis e alemães). Também há grandes comunidades de povos do Oriente Médio (libaneses, sírios e armênios) e Ásia Oriental (japoneses, coreanos e chineses), além de descendentes de africanos.
A forte imigração no final do século XIX e início do século XX, trouxe ao estado pessoas de todas as partes do mundo. Dos mais de cinco milhões de imigrantes que desembarcaram em território brasileiro, boa parte se fixou em território paulista. Dentro do próprio país, muitas pessoas também vieram para São Paulo em busca de trabalho ou melhores condições de vida. Em sua maior parte são pessoas oriundas da Região Nordeste (especialmente da Bahia), de Minas Gerais e do Paraná.
De acordo com um estudo de 2006, a composição genética de São Paulo é a seguinte: 79% de herança europeia, 14% de herança africana e 7% de herança indígena. Um estudo mais recente, de 2013, encontrou 61,9% de contribuição europeia, 25,5% africana e 11,6% ameríndia. Na região de Araraquara, interior do estado, um estudo de 2011 estimou que o conjunto da população local tenha 76% de seus antepassados provenientes da Europa, 18% da África e 6% nativos do continente americano.
Religiões
No último censo, 60,06% da população paulista declararam-se católicos apostólicos romanos, 24,08% evangélicos, 3,29% espíritas e 1,08% testemunhas de Jeová. Outros 8,14% não tinham religião (incluindo 0,4% de ateus e 0,09% agnósticos), 0,52% possuíam religião indeterminada ou até múltiplo pertencimento, 0,12% não souberam e 0,04% não declararam (0,04%). Os 3,35% restantes seguiam outras denominações, cada uma delas com menos de 0,5%.
Na Igreja Católica, o estado de São Paulo pertence à Regional Sul I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e seu território abrange seis províncias eclesiásticas, cada uma delas formada por uma arquidiocese com suas dioceses sufragâneas. Essas arquidioceses são: Aparecida, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto, São Paulo e Sorocaba, que juntas possuem mais de trinta dioceses sufragâneas. São Paulo também possui os mais diversos credos protestantes ou reformados, sendo as maiores denominações, por número de seguidores: Assembleia de Deus, Congregação Cristã, Igreja Batista, Evangelho Quadrangular e Igreja Universal do Reino de Deus.
Indicadores socioeconômicos
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado de São Paulo é considerado muito alto conforme dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Em 2017, o seu valor era 0,826, estando na segunda colocação a nível nacional (a primeira considerando os estados), depois do Distrito Federal (0,850), e na primeira a nível regional. Considerando-se o índice de longevidade, seu valor é de 0,854 (1º), o valor do índice de educação é 0,828 (2º) e o de renda 0,796 (5º).
Em São Paulo se situam 55 dos cem municípios com o melhor IDH a nível nacional, inclusive os dois primeiros colocados: São Caetano do Sul (0,862) e Águas de São Pedro (0,854), segundo dados do último Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, divulgado em 2013 com dados referentes a 2010. Por outro lado, o município com o menor IDH a nível estadual (e na 3312ª colocação no país) era Ribeirão Branco (0,639), no Vale do Ribeira, a região mais pobre do estado de São Paulo, com indicadores sociais inferiores às médias estaduais.
De 2000 a 2010, a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até 140 reais no estado caiu de 10,46% para 5,99%, apresentando redução de 42,73% no período. Em 2010, 94,02% da população viviam acima da linha de pobreza, 3,47% encontravam-se entre as linhas de indigência e de pobreza e 2,52% abaixo da linha de indigência. No mesmo ano, os 20% mais ricos eram responsáveis por 61,44% no rendimento total estadual, valor quase mais de dezessete vezes superior à dos 20% mais pobres, que era de 3,54%. Em 2017, o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade social, era de 0,528, e a taxa de mortalidade infantil de 10,95 por mil nascidos vivos.
Segurança pública e criminalidade
São Paulo, assim como os demais estados do Brasil, conta com dois tipos de corporações policiais para realizar a segurança pública em seu território, a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP), a maior polícia do Brasil e a terceira maior da América Latina em efetivo, com 138 mil militares, e a Polícia Civil do Estado de São Paulo, que exerce a função de polícia judiciária e é subordinada ao governo do estado.
O número de homicídios de São Paulo caiu de 39,7 para 14,9 por 100 mil habitantes no período entre 1998 e 2008. O estado, que ocupava o 5º lugar entre os estados mais violentos do país em 1998, passou a ocupar a 25ª posição em 2008, atrás apenas do Piauí e de Santa Catarina, apresentando uma queda acima de 62% no número de assassinatos durante o período pesquisado. Segundo o "Mapa da Violência 2016", a taxa de homicídios era a segunda menor do Brasil, com 8,2 assassinatos a cada grupo de 100 mil habitantes, havendo uma redução de 57,7% no período de dez anos (2004 a 2014).
Em 2019, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, o estado alcançou a taxa de 6,27 homicídios por 100 mil habitantes, uma redução considerável em relação ao número registrado em 1999, que foi de 35,27 homicídios a cada 100 mil habitantes. A atual taxa de homicídios do estado está abaixo da considerado suportável pela Organização Mundial da Saúde, que é de 10 homicídios por 100 mil habitantes. Outros índices de criminalidade também apresentaram queda no período pesquisado, como o estupro, que teve grande redução.
Governo e política
O estado de São Paulo é governado por três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Por vezes, o estado permite a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos. São Paulo se rege pela sua constituição, promulgada em 5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de posteriores emendas constitucionais. São símbolos oficiais do estado a bandeira, o brasão e o hino.
O poder executivo paulista é exercido pelo governador, que é eleito em sufrágio universal pelo voto direto e popular para um mandato de quatro anos, podendo ser reeleito para mais um mandato. Sua sede é o Palácio dos Bandeirantes, que abriga o governo paulista desde 19 de abril de 1964. No começo do período republicano, assumiu pela primeira vez o governo do estado uma junta governativa, que esteve no poder entre 16 de novembro e 14 de dezembro de 1889. Um de seus membros, Prudente de Morais, assumiu o cargo até a eleição, em 1891, do primeiro governador, Américo Brasiliense, de forma indireta. Desde 1 de janeiro de 2023, o governador do estado é Tarcísio de Freitas, do Republicanos, e o vice é Felicio Ramuth, do PSD, eleitos no segundo turno das eleições 2022 com 55,27% dos votos válidos.
O poder legislativo é unicameral, constituído pela assembleia legislativa, localizada no Palácio 9 de Julho e constituída por 94 deputados estaduais. No Congresso Nacional, São Paulo possui a maior representação dentre as unidades federativas do Brasil, com setenta deputados federais, além de três senadores.
O poder judiciário tem como instância máxima o tribunal de justiça, localizado no Palácio da Justiça, composto por desembargadores. Representações deste poder estão espalhadas por todo o território estadual através de comarcas. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), São Paulo possui o maior colégio eleitoral do Brasil, com mais de 33 milhões de eleitores, ou aproximadamente 22% do eleitorado brasileiro.
Subdivisões
São Paulo é o segundo estado brasileiro em número de municípios, com 645, depois de Minas Gerais (853). Inicialmente constituído por apenas dez municípios, São Paulo foi tendo sua divisão alterada ao longo do tempo com a criação de novos municípios, muitos deles por desmembramento, sendo os mais recentes criados pela lei estadual 9.330, de 27 de dezembro de 1995, e instalados oficialmente em 1997. Iguape, no litoral sul do estado, é o maior município paulista em extensão territorial, e Águas de São Pedro, enclave de São Pedro, o menor.
Para fins estatísticos, os municípios são agrupados pelo IBGE em regiões geográficas imediatas. O território estadual é dividido em 53 regiões imediatas. As regiões imediatas, por sua vez, são agrupadas em onze regiões geográficas intermediárias. Desde 1970, por sucessivas leis estaduais, foram criadas e alteradas regiões administrativas e regiões de governo, estabelecidas com o objetivo de centralizar as atividades das secretarias estaduais. Seus limites nem sempre coincidem com as microrregiões e mesorregiões.
Economia
O produto interno bruto (PIB) de São Paulo é o maior do país, destacando-se na área de prestação de serviços. De acordo com dados relativos a 2013, o PIB paulista era de trilhão de reais, enquanto o PIB per capita era de reais. Se o estado de São Paulo fosse um país independente, seu PIB poderia ser classificado na 18ª posição entre as maiores economias do mundo (dados de 2010).
O estado possui uma economia diversificada. As indústrias metal-mecânica, de álcool e de açúcar, têxtil, automobilística e de aviação; os setores de serviços e financeiro; e o cultivo de laranja, cana de açúcar e café formam a base de uma economia que responde por cerca de um terço do PIB brasileiro, algo em torno de 550 bilhões de dólares na paridade de poder de compra. Além disso, o estado oferece boa infraestrutura para investimentos, devido às boas condições das rodovias. A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo é a segunda maior bolsa de valores do mundo, em valor de mercado.
Apesar de continuar crescendo economicamente e de seu PIB ter alcançado um trilhão de reais em 2010 (o maior do país), o estado de São Paulo perdeu parte de sua participação no PIB nacional devido, principalmente, a uma tendência histórica de desconcentração econômica e de diminuição das desigualdades regionais do Brasil. Em 1990 o estado respondia por 37,3% do produto interno bruto do Brasil. Em 2012, a participação na produção total de bens e serviços do país foi de 32,1%. Quanto às exportações, os principais produtos exportados em 2012 foram açúcar in natura (12,61%), aviões, helicópteros e veículos espaciais (7,69%), peças para veículos (4,30%), sucos de frutas (3,52%) e veículos de grande porte para construção (3,44%).
Setor primário
O setor primário é o menos relevante para a economia paulista: em 2011, a agropecuária representava somente 2,11% do valor total adicionado à economia de todo o estado. Segundo o IBGE, em 2009 o estado possuía um rebanho de bovinos, equinos, bubalinos, asininos, muares, suínos, caprinos, ovinos, codornas, coelhos e aves, entre estas galinhas e galos, frangos e pintinhos. Em 2009, o estado produziu mil de litros de leite de vacas. Foram produzidos dúzias de ovos de galinha e quilos de mel-de-abelha.
Na lavoura temporária são produzidos abacate, algodão herbáceo, arroz, batata-doce, cana-de-açúcar, fava, feijão, fumo, girassol, mamona, mandioca, melancia, melão, milho, sorgo e tomate. Já na lavoura permanente produzem-se abacate, banana, borracha, cacau (na forma de amêndoas), café, caqui, chá-da-Índia, coco-da-baía, figo, goiaba, laranja, limão, maçã, manga, maracujá, noz, palmito, pera, pêssego, tangerina, urucum e uva. Já na lavoura temporária, produzem-se abacaxi, algodão herbáceo, alho, amendoim, arroz, batata-doce, batata-inglesa, cana-de-açúcar, cebola, ervilha, feijão, fumo, girassol, mamona, mandioca, melancia, melão, milho, soja, tomate, trigo e triticale.
Quanto à extração vegetal, produzem-se carvão vegetal, lenha, madeira em tora e palmito. Na silvicultura, produzem-se, além de carvão vegetal e madeira em tora, o papel, a celulose, folhas de eucalipto e resina.
Setor secundário
São Paulo tinha em 2018 um PIB industrial de 391,4 bilhões de reais, equivalente a 29,8% da indústria nacional e empregando 2 922 404 trabalhadores na indústria. Os principais setores industriais são: Construção (17,6%), Alimentos (10,9%), Derivados de petróleo e biocombustíveis (9,3%), Químicos (8%), Serviços Industriais de Utilidade Pública, como Energia Elétrica e Água (7,8%). Estes 5 setores concentram 53,6% da indústria do estado. Outros setores relevantes são os de Veículos automotores (7,1%), Máquinas e equipamentos (4,3%), Farmacêuticos (3,8%), Borracha e material plástico (3,6%) e Metalurgia (2,8%).
Essencialmente cafeeira até 1929, a industrialização de São Paulo só teve início efetivamente nos anos 1930: durante a grande depressão econômica que se iniciou em Nova Iorque (1929–1933), a indústria paulista baseava-se quase totalmente na produção de bens de consumo — principalmente tecidos e alimentos — e o modesto aumento da produção somente acontecia em função das migrações internas e externas que à época estavam ocorrendo. Após o fim da depressão econômica, porém, ocorreu o fenômeno que ficou conhecido como "Surto Industrial de 1933-1939". Esse fenômeno mais que duplicou o número de fábricas paulistas e elevou em mais de 50% o número de operários empregados.
Embora o estado possua um grande parque industrial, na economia paulista o setor secundário é atualmente o segundo menos relevante: em 2011, a participação da indústria representava somente 27,43% do valor total adicionado à economia de todo o estado.
Seus principais polos industriais são:
Região Metropolitana de São Paulo: maior polo de riqueza nacional, a região possui um polo industrial extremamente diversificado com indústrias de alta tecnologia e indústrias automobilísticas, situadas principalmente na região do ABC. Atualmente a metrópole está passando por uma transformação econômica, deixando seu forte caráter industrial e passando para o setor de serviços.
Vale do Paraíba: possui indústrias do ramo aeroespacial, como a Embraer, indústrias automobilísticas nacionais, como a Volkswagen e a General Motors e indústrias de alta tecnologia. Também estão presentes as indústrias de eletroeletrônicos, têxtil e química.
Região Metropolitana de Campinas: conhecida como "Vale do Silício brasileiro", devido à grande concentração de indústrias de alta tecnologia, como a Lucent Technologies, IBM, Compaq e Hewlett-Packard (HP), principalmente nas cidades de Campinas, Indaiatuba e Hortolândia, a região possui um forte e diversificado polo industrial, com indústrias automobilísticas, indústrias petroquímicas como a REPLAN, em Paulínia e indústrias têxteis, especialmente nas cidades de Americana, Nova Odessa e Santa Bárbara d'Oeste.
Região Administrativa Central: situada no centro do estado, onde se localizam as cidades de Araraquara e São Carlos, a qual; constitui um importante polo de alta tecnologia, com indústrias de diferentes áreas, como as fábricas da Volkswagen motores, Faber-Castell, Electrolux, Tecumseh e Husqvarna.
Mesorregião de Piracicaba: situada ao lado da Região Metropolitana de Campinas, onde se localizam importantes municípios, como Piracicaba, Limeira e Rio Claro, essa região é caracterizada pela presença de empresas de biotecnologia, cultivo de cana-de-açúcar e produção de biocombustível.
Setor terciário
O setor terciário é o maior e mais relevante setor da economia paulista: em 2011, a participação dos serviços representava 70,46% do valor total adicionado à economia de todo o estado.
Segundo a Pesquisa Anual de Serviços (PAS) realizada pelo IBGE em 2008, existiam no estado empresas, das quais eram empresas locais.
Em 31 de dezembro de 2008, trabalharam para todas essas empresas trabalhadores, que totalizavam ao todo uma receita bruta de mil reais, juntos com salários e outras remunerações que somavam um total de reais.
Em São Paulo, existiam, em 2009, agências (instituições financeiras), que renderam mil reais em operações a crédito, mil reais em depósitos à vista do governo, mil reais em depósitos à vista privados, mil reais em poupança, mil reais em depósitos a prazo e mil reais em obrigações por recebimento.
Turismo
O turismo presente no estado provoca um grande movimento interno por parte da população. São Paulo possui três polos de turismo: a capital, o litoral e o interior. A capital é o centro do turismo de negócios no Brasil, o que proporciona à cidade cerca de 45 mil eventos por ano. São Paulo também possui a maior rede hoteleira brasileira. Por especulação imobiliária em meados dos anos 1990, hoje existe excesso de oferta em número de vagas. A cidade também conta com procura no turismo gastronômico, depois de receber o título de capital mundial da gastronomia. O turismo cultural também é destaque dada a quantidade de museus, teatros e eventos como a Bienal de Artes e a Bienal do Livro.
O litoral de São Paulo, com 622 quilômetros de extensão, possui 293 praias em dezesseis municípios, todos classificados como "estâncias balneárias". Entre as mais movimentadas estão a de Pitangueiras, em Guarujá, e a do Gonzaga, em Santos. Já as mais bonitas são a do Bonete, em Ilhabela, considerada também como a praia mais bonita do Brasil, e a da Fazenda, em Ubatuba.
No interior é possível encontrar estâncias, turismo rural, ecológico, municípios com clima europeu, cachoeiras, cavernas, rios, serras, fontes de água mineral, parques naturais, construções históricas dos séculos XVI, XVII e XVIII, igrejas em arquitetura jesuíta e sítios arqueológicos como o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (PETAR). Quem procura diversões mais intensas pode procurar, como exemplo, o Hopi Hari, um dos principais parques temáticos do país, na Região Metropolitana de Jundiaí, em matéria de ecoturismo, Brotas e Juquitiba têm a melhor infraestrutura.
No inverno, o município de Campos do Jordão surge como a principal referência turística do estado, com o Festival de Inverno e diversas outras atrações em um ambiente cuja temperatura pode chegar a marcas negativas. Outro destino que recentemente tem sido muito procurado por turistas são as águas termais naturais existentes em parques aquáticos instalados na cidade de Olímpia, que conta com ampla infraestrutura hoteleira voltada para atender os turistas que se dirigem ao local em busca do lazer proporcionado pelas piscinas de águas naturalmente aquecidas.
Infraestrutura
Saúde
De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2008, 81,3% da população paulista avaliam sua saúde como boa ou muito boa; 72,7% da população realiza consulta médica periodicamente; 45,2% dos habitantes consultam o dentista regularmente e 6,5% da população esteve internado em leito hospitalar nos últimos doze meses. 33,7% dos habitantes declararam ter alguma doença crônica e apenas 40,1% tinham plano de saúde. Outro dado significante é o fato de 28,9% dos habitantes declararem necessitar sempre do Programa Unidade de Saúde da Família - PUSF.
Na questão da saúde feminina, 49,7% das mulheres com mais de 40 anos fizeram exame clínico das mamas nos últimos doze meses; 64,9% das mulheres entre 50 e 69 anos fizeram exame de mamografia nos últimos dois anos; e 84,4% das mulheres entre 25 e 59 anos fizeram exame preventivo para câncer do colo do útero nos últimos três anos. Dados mais recentes, de 2012 apontam que a taxa de natalidade no estado de São Paulo era de 14,71 por mil habitantes e a taxa de mortalidade de 13,17 por mil nascidos vivos, uma das menores do país.
Educação e ciência
Contemplado por um expressivo número de renomadas instituições de ensino e centros de excelência, São Paulo é o maior polo de pesquisa e desenvolvimento do Brasil, responsável por 52% da produção científica brasileira e 0,7% da produção mundial no período compreendido entre os anos de 1998 e 2002. A taxa de analfabetismo indicada pelo último censo demográfico do IBGE em 2010 foi de 4,6%, superior apenas às porcentagens verificadas no Distrito Federal e nos estados de Amapá, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Apesar disso, São Paulo concentra a segunda maior população analfabeta do Brasil em números absolutos, depois da Bahia. A taxa de analfabetismo funcional é de 13,2% da população.
Entre as muitas instituições de ensino superior, destacam-se a Universidade de São Paulo (USP), classificada como a 94ª melhor universidade do mundo; a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a maior produtora de patentes de pesquisa no Brasil; a Universidade Estadual Paulista (UNESP), a 485ª melhor universidade do planeta e a 16ª melhor da América Latina. As três universidades, todas mantidas pelo governo paulista, são mantidas por cerca de 10% arrecadação estadual advinda do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e por verbas advindas de instituições públicas de fomento à pesquisa, com destaque para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (antigo Conselho Nacional de Pesquisa, cuja sigla, CNPq, foi mantida).
Dentre as mantidas pelo governo federal destacam-se a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a Universidade Federal do ABC (UFABC) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), esta última um centro de referência no ensino de engenharia. O estado também possui universidades privadas de grande reputação nacional e internacional, como a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e o Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER). No campo da ciência e da tecnologia, São Paulo detém importantes institutos de pesquisa, entre eles: Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), Instituto Butantan, Instituto Biológico, Instituto Pasteur, o Instituto de Medicina Tropical (IMTSP), Instituto Florestal, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNS) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Eletricidade e saneamento
O fornecimento de energia elétrica em território paulista é feito por quatorze empresas, sendo a principal delas Companhia Energética de São Paulo (CESP), a terceira maior do Brasil, responsável pela administração de três usinas hidrelétricas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SNI): Jaguari, Paraibuna e Porto Primavera, sendo as duas últimas primeiras na região do Vale do Paraíba, dentro na bacia do rio Paraíba do Sul, e a última no rio Paraná, entre Rosana (SP) e Batayporã (MS). No curso do mesmo rio também ficam outras duas importantes hidrelétricas de São Paulo: Ilha Solteira (a maior do estado), entre os municípios de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS), e Jupiá, entre Castilho (SP) e Três Lagoas (MS), ambas administradas pela GTC Brasil. Existem outras hidrelétricas menores, as principais ao longo dos rios Tietê, Grande e Paranapanema, todas afluentes do rio Paraná.
Na área de saneamento, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) é a principal empresa do ramo no estado e uma das maiores da América Latina, prestando assistência em 375 (dos quais 371 integralmente e quatro em parceria com a iniciativa privada) dos 645 municípios paulistas. Em todo o estado, a SABESP administra mais de 250 estações de tratamento de água, cujo sistema de abastecimento possui uma extensão quase de tubulações e atende a mais de 28 milhões de consumidores, sendo que cerca de 24,5 milhões também têm acesso ao esgotamento sanitário que, com rede coletora de de extensão, é responsável pelo transporte de grande parte dos esgotos a um total de 571 estações, a maior delas localizada em Barueri, na Grande São Paulo, com capacidade para tratar 12 m³/s, ou .
Em números absolutos, no ano de 2013 98,76% da população paulista tinham acesso à rede de água, 94,87% possuíam acesso à rede de esgoto sanitário e 99,89% eram atendidos pelo serviço de coleta de lixo, que é quase todo despejado em aterros tanto sanitários quanto controlados. Apesar dos elevados índices, ainda existem despejos de esgotos e descarte de lixo irregulares sem tratamento no solo e em corpos hídricos.
Transportes
O estado de São Paulo concentra a mais moderna infraestrutura em larga escala do país, sendo a única equivalente aos países desenvolvidos e a única que, por consequência, é capaz de fornecer diversidade industrial. Seu sistema rodoviário é o maior dentre as unidades federativas do Brasil. Em novembro de 2021, o Estado de São Paulo tinha, entre rodovias federais, municipais e estaduais, uma rede de (176.675,57 km municipais, 22.219,52 km estaduais e 1.075,19 km federais) com 34.753,57 km pavimentados, e destes, 6.346,34 km são rodovias de pista dupla (2 faixas ou mais de tráfego em cada sentido). Com 654 quilômetros, a Rodovia Raposo Tavares (SP-270) é a mais extensa rodovia do estado de São Paulo e liga a capital, onde tem início no Butantã, ao oeste paulista, estendendo-se até a divisa com Mato Grosso do Sul em Presidente Epitácio.
As rodovias paulistas são consideradas as mais modernas e, em comparação com as outras rodovias brasileiras, as melhores do país em termos de estado geral de conservação. A administração de algumas delas foi transferida à iniciativa privada a partir do final da década de 1990, dentro de um programa mais amplo de privatização. As empresas vencedoras do processo licitatório foram obrigadas a realizar uma série de investimentos e a cumprir metas de qualidade, mas, apesar da melhoria nas estatísticas de acidentes, a cobrança de um valor de pedágio considerado alto para os padrões brasileiros provoca críticas ao modelo de privatização.
No transporte aéreo, São Paulo possui o aeroporto mais movimentado do Brasil em número de passageiros, o Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, administrado pela Infraero, que também é responsável pelos aeroportos de Viracopos (em Campinas), São José dos Campos, Campo de Marte e Congonhas, sendo os dois últimos em São Paulo. Há também vários outros aeroportos menores, tanto públicos quanto privados.
No transporte ferroviário, são mais de cinco mil quilômetros de ferrovias destinadas ao transporte de carga, desde o rio Paraná até o litoral paulista. Na Grande São Paulo, as linhas de metrô são operadas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Companhia do Metropolitano de São Paulo (METRÔ) e concessionárias privadas, possuindo uma malha total de mais de 370 km de trilhos, composta por 13 linhas e mais de 180 estações. Por sua vez, no transporte marítimo, o estado de São Paulo conta com dois grandes portos: São Sebastião e Santos, este último o maior do Brasil e o 39° do mundo em movimentação de cargas conteinerizadas. São Paulo é ainda servido pela hidrovia Tietê-Paraná, a principal hidrovia do Mercosul, com mais de de vias navegáveis, dos quais 800 km somente no estado, mais especificamente no rio Tietê.
Mídia
No campo da televisão, o estado de São Paulo foi pioneiro com a criação da primeira emissora do país, a TV Tupi, pelo empresário paraibano Assis Chateaubriand, em setembro de 1950. Outras emissoras paulistas que ganharam projeção nacional foram o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), da Rede Bandeirantes (pertencente ao Grupo Bandeirantes), Rede Record, TV Gazeta, RedeTV! e a TV Globo São Paulo (antiga TV Paulista), todas situadas na região metropolitana de São Paulo.
Dois dos mais influentes jornais do país, a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, são paulistas e mantém suas sedes na capital. São Paulo também concentra um grande número de editoras que produzem algumas das principais publicações brasileiras, entre os quais a Editora Abril, que publica atualmente mais de cinquenta títulos com circulação de 188,5 milhões de exemplares, em um universo de quase 28 milhões de leitores e 4,1 milhões de assinaturas, sendo a maior do segmento na América Latina. Entre as principais publicações da editora está a Revista Veja, a revista com maior tiragem do país.
Cultura
A Secretaria de Estado da Cultura é o órgão vinculado ao Governo do Estado de São Paulo responsável por atuar no setor de cultura do estado, que tem como secretário o administrador de empresas Andrea Matarazzo. São Paulo é sede de importantes monumentos e entidades culturais, como a Academia Paulista de Letras e o Instituto de História e Geografia de São Paulo.
As principais danças folclóricas são o bate-pé, o caiapó, o corroiola e o cateretê. O estado também acolhe importantes eventos culturais, como a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, a Mostra Internacional de Cinema, o Festival Internacional de Artes Cênicas, a Festa de Nossa Senhora Aparecida, entre outros.
No ramo da culinária, São Paulo possui diversos pratos típicos, entre eles o afogado, cuscuz, frango ao molho pardo (salgados), pastel de angu, pau-a-pique e pudim de ovos (doces). A culinária paulista é resultado de uma mistura de diferentes povos, como ibéricos, árabes, italianos e japoneses.
Artes
O estado de São Paulo é o berço de importantes artistas brasileiros, como Alfredo Volpi, Atílio Baldocchi, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, cuja obra Abaporu inaugurou o movimento antropofágico nas artes plásticas, Candido Portinari, considerado um dos artistas mais prestigiados do Brasil e o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional, entre outros.
No artesanato, as tradições locais são fruto de uma mistura entre técnicas trazidas ao Brasil pelos colonizadores europeus e técnicas realizadas pelos indígenas e negros, principais que habitavam o território brasileiro na época da colonização, além de esse artesanato ter sido enriquecido de forma significativa por pessoas de diversos lugares (migrantes).
No século XX, no período em que o Brasil começava a se industrializar, essa industrialização dava origem ao "artesanato urbano", onde os artesãos transformavam produtos e objetos industriais em objetos singulares. O dia 19 de março é considerado não só pelos paulistas, mas também pelo povo brasileiro, como o Dia do Artesão.
Literatura e música
A literatura paulista começa quando os jesuítas, membros da Companhia de Jesus, chegaram à capital e lá começaram a escrever relatórios à coroa portuguesa, cujo assunto eram as terras recém-encontradas e os povos nativos, com poesias e músicas para o catecismo.
Ao longo do século XX, São Paulo deu sua contribuição à literatura brasileira através de escritores famosos, como Álvares de Azevedo, Vicente de Carvalho, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Lygia Fagundes Telles, ganhadora do Prêmio Camões em 2005.
A música popular paulista tradicional foi influenciada principalmente pelas tradições europeias, africanas e indígenas. Ela é classificada em vários ritmos e categorias, como a modinha, música sertaneja, valsa, choro, música erudita e orquestra. Entre as orquestras, destaque para a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), com sede na Sala São Paulo, criada em 13 de setembro de 1954, pela Lei 2.733, que hoje realiza centenas de apresentações em diversos lugares.
Espaços teatrais e museus
Segundo historiadores, São Paulo teria sediado a primeira manifestação teatral de todo o Brasil. Na capital, principal polo cultural do estado, destacam-se o Teatro Municipal de São Paulo – espaço construído para atender o desejo da elite paulista da época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros culturais da época, assim como para promover a ópera e o concerto; hoje é um dos mais importantes teatros de cidade e um dos cartões postais da capital paulista, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo –, o Teatro Fernando de Azevedo – onde são sediadas diversas apresentações artísticas e teatrais, como as apresentações do projeto Adoniran Barbosa –, o Teatro Sérgio Cardoso – inaugurado em 1980, possui duas salas de apresentação e é sede de espetáculos e apresentações de grupos pouco ou não muito conhecidos em território brasileiro – e o Teatro São Pedro – construído pelo português Manuel Fernandes Lopes e inaugurado no dia 16 de janeiro de 1917 com a apresentação das peças A Moreninha e O Escravo de Lúcifer, mas depois foi abandonado e recuperado em 1998 – e o Teatro Oficina.
No interior, destacam-se o Teatro Estadual Maestro Francisco Paulo Russo (inaugurado em 1991 no município de Araras), o Teatro Procópio Ferreira (em Tatuí), além do Auditório Claudio Santoro, cujo nome homenageia o compositor, localizado em Campos do Jordão.
Dentre os principais museus, estão o Museu do Ipiranga, onde foi proclamada a independência do Brasil, o Museu da Língua Portuguesa, o primeiro museu do mundo dedicado a um idioma, o MASP, um dos principais do continente e de todo o Hemisfério Sul, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Sacra de São Paulo, Memorial do Imigrante, o Museu do Futebol, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu da Imagem e do Som de São Paulo, todos localizados no município de São Paulo. Outros museus importantes localizados fora da capital são o Museu do Café Brasileiro, Museu de Arte Sacra de Santos, Museu do Porto (em Santos), Museu de Arte Contemporânea de Campinas, Museu de História Natural (em Campinas), Museu TAM (em São Carlos), Centro Cultural Banco do Brasil, etc.
Esportes
No setor esportivo, o órgão do governo estadual responsável por atuar nessa área é a Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude. O estado é sede de quatro dos maiores e mais vencedores clubes de futebol do Brasil, sendo eles Sport Club Corinthians Paulista, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo Futebol Clube e Santos Futebol Clube. O Campeonato Paulista de Futebol é organizado pela Federação Paulista de Futebol e realizado ininterruptamente desde 1902, sendo o mais antigo torneio de futebol organizado no Brasil.
São Paulo abriga vários estádios de futebol, como o Pacaembu, o Morumbi, a Allianz Parque e a Arena Corinthians (todos na capital), o Brinco de Ouro da Princesa e o Moisés Lucarelli (em Campinas), a Arena Barueri (em Barueri), a Vila Belmiro (em Santos), o Santa Cruz (em Ribeirão Preto), o Teixeirão (em São José do Rio Preto), entre muitos outros. Em 2010, segundo a Confederação Brasileira de Futebol, o estado aparece na primeira colocação no ranking nacional das federações estaduais. A capital paulista é uma das doze capitais brasileiras que sediaram os jogos da Copa do Mundo de 2014.
Além da Copa, outros eventos sediados em território paulista foram os Jogos Pan-Americanos de 1963, o Campeonato Mundial de Basquetebol Feminino da FIBA em 1983, o Campeonato Mundial de Basquetebol Feminino de 2006, o Campeonato Mundial de Voleibol Feminino de 1994 e uma das etapas do Concurso Mundial de Saltos da FEI (Federação Equestre Internacional) em 2007. Até os dias de hoje, o estado de São Paulo é sede de eventos esportivos, seja de importância nacional ou internacional, exemplos são o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 e o São Paulo Indy 300, evento que faz parte da IndyCar Series e é realizado no Circuito Anhembi, e a Corrida de São Silvestre, que acontece no último dia de cada ano, no centro da capital.
Outros esportes também têm popularidade no estado. No vôlei, o órgão responsável pela atuação no esporte é a Federação Paulista de Voleibol, que possui diversos clubes filiados e organiza todos os torneios oficiais que envolvem as equipes do estado. No basquete, a federação responsável é a Federação Paulista de Basketball. Todos os anos, o estado realiza os Jogos Escolares do Estado de São Paulo, evento da secretaria de esportes do governo estadual, que reúne diversas modalidades esportivas.
Feriados
No estado de São Paulo, só há um feriado estadual: o dia 9 de julho, em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932. Este feriado foi oficializado através da Lei n.º 710/1995, proposta pelo deputado estadual Guilherme Gianetti e aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, sendo sancionada depois pelo governador Mário Covas.
Ver também
Lista alfabética dos municípios de São Paulo
Lista de municípios de São Paulo por população
Lista dos municípios de São Paulo por área
Economia de São Paulo
Naturais de São Paulo
Cidade de São Paulo
Interior de São Paulo
Complexo Metropolitano Expandido
Megalópole Rio-São Paulo
Região do Grande ABC
Ligações externas
Fundações no Brasil em 1821 |
Segurança de computadores ou cibersegurança é a proteção de sistemas de computador contra roubo ou danos ao hardware, software ou dados eletrônicos, bem como a interrupção ou desorientação dos serviços que fornecem. O campo está crescendo em importância devido à crescente dependência de sistemas de computadores, internet e redes sem fio, como Bluetooth e Wi-Fi, e devido ao crescimento de dispositivos "inteligentes", incluindo smartphones, televisores e vários dispositivos pequenos que constituem a internet das coisas. Devido à sua complexidade, tanto em termos de política quanto de tecnologia, é também um dos maiores desafios do mundo contemporâneo.
Vulnerabilidades e ataques
Uma vulnerabilidade é um ponto fraco no design, implementação, operação ou controle interno. A maioria das vulnerabilidades descobertas está documentada no banco de dados Common Vulnerabilities and Exposures (CVE). Uma vulnerabilidade explorável é aquela para a qual existe pelo menos um ataque funcional ou "exploit". Vulnerabilidades podem ser pesquisadas, submetidas a engenharia reversa, caçadas ou exploradas usando ferramentas automatizadas ou scripts personalizados. Para proteger um sistema de computador, é importante entender os ataques que podem ser feitos contra ele, e essas ameaças podem normalmente ser classificadas em uma das categorias abaixo:
Backdoor
Uma backdoor em um sistema de computador, um sistema criptográfico ou um algoritmo, é qualquer método secreto de contornar a autenticação normal ou os controles de segurança. Eles podem existir por uma série de razões, incluindo pelo design original ou configuração inadequada. Eles podem ter sido adicionados por uma parte autorizada para permitir algum acesso legítimo ou por um invasor por motivos maliciosos; mas, independentemente dos motivos de sua existência, eles criam uma vulnerabilidade. Backdoors podem ser muito difíceis de detectar, e a detecção de backdoors geralmente é feita por alguém que tem acesso ao código-fonte do aplicativo ou conhecimento íntimo do Sistema Operacional do computador.
Ataque de negação de serviço
Ataques de negação de serviço (DoS) são projetados para tornar uma máquina ou recurso de rede indisponível para seus usuários pretendidos. Os invasores podem negar o serviço a vítimas individuais, por exemplo, digitando deliberadamente uma senha errada várias vezes consecutivas para fazer com que a conta da vítima seja bloqueada ou eles podem sobrecarregar os recursos de uma máquina ou rede e bloquear todos os usuários de uma vez. Embora um ataque à rede de um único endereço IP possa ser bloqueado com a adição de uma nova regra de firewall, muitas formas de ataques negação de serviço distribuída (DDoS) são possíveis, onde o ataque vem de um grande número de pontos - e a defesa é muito mais difícil. Esses ataques podem se originar dos computadores zumbis de um botnet ou de uma série de outras técnicas possíveis, incluindo ataques de reflexão e amplificação, onde sistemas inocentes são enganados para enviar tráfego para a vítima.
Ataques de acesso direto
Um usuário não autorizado que obtém acesso físico a um computador provavelmente é capaz de copiar dados diretamente dele. Eles também podem comprometer a segurança fazendo modificações no sistema operacional, instalando software worms, keyloggers, dispositivos de escuta ou usando microfone sem fio. Mesmo quando o sistema está protegido por medidas de segurança padrão, elas podem ser contornadas inicializando outro sistema operacional ou ferramenta de um CD-ROM ou outra mídia inicializável. Criptografia de disco e o padrão Trusted Platform Module são projetados para evitar esses ataques.
Eavesdropping
Eavesdropping é o ato de escutar sorrateiramente uma "conversa" (comunicação) de um computador privado, normalmente entre hosts em uma rede. Por exemplo, programas como Carnivore e NarusInSight foram usados pelo FBI e Agência de Segurança Nacional (NSA) para espionar os sistemas de provedores de serviço internet. Mesmo as máquinas que operam como um sistema fechado (ou seja, sem contato com o mundo externo) podem ser espionadas por meio do monitoramento das fracas transmissões eletromagnéticas geradas pelo hardware; TEMPEST é uma especificação da Agência de Segurança Nacional (NSA) referente a esses ataques.
Prática da Segurança da Informação
O comportamento dos funcionários pode ter um grande impacto na segurança da informação nas organizações. Conceitos culturais podem ajudar diferentes segmentos da organização a trabalhar com ou contra a eficácia em relação à segurança da informação dentro de uma organização. A prática de segurança da informação é a "... totalidade de padrões de comportamento em uma organização que contribui para a proteção de todos os tipos de informações."
Andersson e Reimers (2014) descobriram que os funcionários muitas vezes não se veem como participantes do esforço de manter a segurança da informação de sua organização e acabam muitas vezes por tomar medidas que impedem mudanças organizacionais.
A pesquisa mostra que a cultura de segurança da informação precisa ser continuamente aprimorada. Em ″Cultura de Segurança da Informação: da Análise à Mudança″, os autores comentaram: ″É um processo sem fim, um ciclo de avaliação e mudança ou manutenção″. Para gerenciar a prática de segurança da informação, cinco etapas devem ser realizadas: pré-avaliação, planejamento estratégico, planejamento operacional, implementação e pós-avaliação.
Pré-Avaliação: para identificar o nível de consciência acerca da segurança da informação entre os funcionários e para analisar a política de segurança em vigor.
Planejamento Estratégico: para chegar a um melhor programa de conscientização, metas claras precisam ser definidas. Montar uma equipe de profissionais qualificados é essencial para alcançá-lo.
Planejamento Operacional: uma boa prática de segurança pode ser estabelecida com base na comunicação interna, na aceitação da administração e na conscientização sobre segurança, assim como um programa de treinamento.
Implementação: quatro etapas devem ser utilizadas para implementar a prática da segurança da informação. Elas são:
Compromisso da gestão
Comunicação entre os membros da organização
Cursos para todos os membros da organização
Compromisso dos funcionários
Pós-Avaliação: para avaliar o sucesso do planejamento e da implementação, e também para identificar possíveis questões pendentes.
Sistemas em risco
O crescimento no número de sistemas computacionais e a crescente dependência dos indivíduos, empresas, indústrias e governos neles mostra que há um número crescente de sistemas em risco.
Sistemas financeiros
Os sistemas computacionais de reguladores e instituições financeiras como a Comissão de Valores Mobiliários (Estados Unidos), SWIFT, bancos de investimento e bancos comerciais são alvos proeminentes de hackers interessados em manipular mercados e obter ganhos ilícitos. Sites e aplicativos que aceitam ou armazenam números de cartão de crédito, contas de corretagem e informações de conta-corrente também são alvos proeminentes de hackers, por causa do potencial de ganho financeiro imediato com transferência de dinheiro, compra ou venda de informações no mercado negro . Sistemas de pagamento na própria loja e caixas eletrônicos também podem ser adulterados com o intuito de coletar dados da conta do cliente e PINs.
Utilitários e equipamentos industriais
Computadores controlam funções em níveis diversificados, tais como a coordenação de telecomunicações, a rede elétrica, usinas nucleares e abertura e fechamento de válvulas em redes de água e gás. A Internet é um vetor de um possível ataque à essas máquinas ( se conectadas ), mas o worm Stuxnet demonstrou que até mesmo equipamentos controlados por computadores não conectados à Internet podem ser vulneráveis. Em 2014, o CSIRT, uma divisão do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, investigou 79 incidentes de hackers em empresas de energia. Vulnerabilidades em medidores inteligentes (muitos dos quais usam ondas de rádio local ou comunicação celular) podem causar problemas com fraude de faturamento.
Aviação
A indústria de aviação depende muito de uma série de sistemas complexos que podem ser atacados. Uma simples queda de energia em um aeroporto pode causar repercussões em todo o mundo , grande parte do sistema depende de transmissões de rádio que podem ser interrompidas, sem contar que controlar aeronaves sobre os oceanos é especialmente perigoso considerando o fato de que a vigilância por radar estende-se apenas por volta de 175 a 225 milhas da costa. Também há potencial para ataques vindos de dentro de uma aeronave.
Na Europa, com o serviço de rede europeu e NewPENS, e nos EUA com o programa NextGen, provedores de serviços de navegação aérea estão se movimentando para criar suas próprias redes dedicadas.
As consequências de um ataque bem-sucedido variam desde a perda de confidencialidade à perda de integridade do sistema, interrupções no controle de tráfego aéreo, perda de aeronaves e até mesmo perda de vidas.
Dispositivos do consumidor
Computadores desktops e laptops são comumente usados para coletar senhas ou informações de contas financeiras ou para construir um botnet para atacar outro alvo. Smartphones, tablets, relógios inteligentes e outros dispositivos móveis com rastreadores de atividades possuem sensores como câmeras, microfones, receptores GPS, bússolas e acelerômetros que podem ser explorados de forma a coletar informações pessoais, incluindo informações confidenciais de saúde. Redes WiFi, Bluetooth e de telefone celular em qualquer um desses dispositivos podem ser usados como vetores de ataque, e os sensores podem ser ativados remotamente após uma violação bem-sucedida.
O número crescente de dispositivos de automação residencial, como o termostato inteligente Nest, também são alvos potenciais.
Grandes corporações
Grandes corporações são alvos comuns. Em muitos casos, os ataques visam obter ganhos financeiros por meio de roubo de identidade e envolvem violação de dados. Exemplos incluem a perda dos dados de cartão de crédito de milhões de clientes de lojas como Home Depot, Staples, Target, e a violação mais recente do Equifax.
Automóveis
Os veículos estão cada vez mais informatizados, com cronometragem do motor, cruise control, freios ABS, tensionadores de cintos de segurança, travas de portas, airbags e sistemas avançados de assistência ao motorista em diversos modelos. Além disso, carros conectados podem usar WiFi e Bluetooth para se comunicar com dispositivos a bordo e com a rede de telefonia celular. Espera-se que os carros autônomos sejam ainda mais complexos. Todos esses sistemas apresentam algum risco de segurança, e esses problemas têm recebido grande atenção.
Exemplos simples de riscos incluem um CD malicioso usado como vetor de ataque, assim como os microfones de bordo do carro sendo usados para espionagem. No entanto, se for obtido acesso à área de rede do controlador interna de um carro, o perigo é muito maior - outro exemplo foi um teste amplamente divulgado em 2015, onde os hackers roubaram remotamente um veículo a 16 quilômetros de distância e o levaram para uma vala.
Quanto a isso, os fabricantes estão reagindo de várias maneiras, como por exemplo a Tesla em 2016 implementando algumas correções de segurança "pelo ar" nos sistemas de computador de seus carros. Na área de veículos autônomos, em setembro de 2016, o Departamento dos Transportes dos Estados Unidos anunciou alguns padrões de segurança iniciais e pediu que seus estados elaborassem políticas uniformes.
Governo
O governo e os sistemas de computador militares são comumente atacados por ativistas e potências estrangeiras. Infraestrutura do governo local e regional, como controles de semáforo, comunicações da polícia e da agência de inteligência, violação de dados do Escritório de Gestão de Pessoal | registros de pessoal, registros de alunos, e os sistemas financeiros também são alvos potenciais, uma vez que agora estão amplamente informatizados. Passaportes e documentos de identidade governamentais que controlam o acesso a instalações que usam RFID podem ser vulneráveis a clonagem.
Internet das coisas e vulnerabilidades físicas
A Internet das coisas (IoT) é a rede de objetos físicos, como dispositivos, veículos e edifícios que são incorporados com eletrônicos, softwares, sensores e acesso à Internet, o que lhes permite coletar e trocar dados - onde preocupações/questões foram levantadas de que isso está sendo desenvolvido sem a consideração apropriada dos desafios de segurança envolvidos.
Embora a Internet das Coisas(IoT) crie oportunidades para uma integração mais direta do mundo físico em sistemas baseados em computador, também oferece oportunidades para uso indevido. Em particular, como a Internet das Coisas se espalha amplamente, os ataques cibernéticos tendem a se tornar uma ameaça cada vez mais física (em vez de simplesmente virtual). Se a fechadura de uma porta da frente estiver conectada à Internet e puder ser bloqueada/desbloqueada a partir de um telefone, um criminoso pode entrar na casa pressionando um botão de um telefone roubado ou hackeado. As pessoas podem perder muito mais do que seus números de cartão de crédito em um mundo controlado por dispositivos habilitados para IoT. Ladrões já chegaram a usar meios eletrônicos para contornar as fechaduras de portas de hotéis não conectadas à Internet.
Um ataque que visa infra-estrutura física e / ou vidas humanas é às vezes referido como um ataque cibercinético. À medida que os dispositivos e dispositivos IoT ganham popularidade, os ataques cibercinéticos podem se tornar generalizados e significativamente prejudiciais.
Sistemas médicos
Dispositivos médicos foram atacados com sucesso ou tiveram vulnerabilidades potencialmente mortais demonstradas, incluindo ambos os equipamentos de diagnóstico hospitalar e dispositivos implantados incluindo marcapassos e bombas de insulina. Existem muitos relatos de hospitais e organizações hospitalares sendo hackeados, incluindo ataques de ransomware, Windows XP exploits, viruses, e violação de dados confidenciais armazenados em servidores de hospitais. Em 28 de dezembro de 2016, os FDA dos EUA divulgaram suas recomendações sobre como os fabricantes de dispositivos médicos devem manter a segurança dos dispositivos conectados à Internet - mas nenhuma estrutura para fiscalização.
Setor de energia
Em sistemas de geração distribuída, o risco de um ataque cibernético é real, de acordo com o Daily Energy Insider . Um ataque pode causar perda de energia em uma grande área por um longo período de tempo e pode ter consequências tão graves quanto um desastre natural. O Distrito de Columbia está considerando a criação de uma Autoridade de Recursos de Energia Distribuída (DER) dentro da cidade, com o objetivo de que os clientes tenham mais informações sobre seu próprio uso de energia e dando à empresa de eletricidade local, Pepco, a chance de estimar melhor a demanda de energia. A proposta da DC, no entanto, "permitiria que fornecedores terceirizados criassem vários pontos de distribuição de energia, o que poderia criar mais oportunidades para os ciberataques ameaçarem a rede elétrica."
Impacto das violações de segurança
Sérios danos financeiros foram causados por violações de segurança, mas como não existe um modelo padrão para estimar o custo de um incidente, os únicos dados disponíveis são aqueles tornados públicos pelas organizações envolvidas. "Diversas empresas de consultoria de segurança de computador produzem estimativas de perdas mundiais totais atribuíveis a ataques de vírus e worm e a atos digitais hostis em geral. As estimativas de perda de 2003 por essas empresas variam de US$13 bilhões (worms e vírus apenas) a US$226 bilhões (para todas as formas de ataques secretos). A confiabilidade dessas estimativas é frequentemente questionada; a metodologia subjacente é basicamente anedótica." Security breaches continue to cost businesses billions of dollars but a survey revealed that 66% of security staffs do not believe senior leadership takes cyber precautions as a strategic priority.
No entanto, estimativas razoáveis do custo financeiro das violações de segurança podem realmente ajudar as organizações a tomar decisões racionais de investimento. De acordo com o clássico Modelo de Gordon-Loeb que analisa o nível ótimo de investimento em segurança da informação, pode-se concluir que o valor que uma empresa gasta para proteger as informações deve geralmente ser apenas uma pequena fração da perda esperada (ou seja, o valor esperado da perda resultante de umaviolação de segurança) cibernética.
Motivação do atacante
Tal como acontece com a segurança física, as motivações para violações de segurança do computador variam entre os invasores. Alguns estão procurando emoção ou são só vândalos, alguns são ativistas, outros são criminosos em busca de ganhos financeiros. Os invasores patrocinados pelo estado agora são comuns e possuem bons recursos, mas começaram com amadores como Markus Hess que invadiu a KGB, conforme relatado por Clifford Stoll em Clifford Stoll .
Além disso, as motivações recentes dos invasores podem ser rastreadas até organizações extremistas que buscam obter vantagens políticas ou perturbar as agendas sociais. O crescimento da Internet, tecnologias móveis e dispositivos de computação baratos levaram a um aumento das capacidades, mas também do risco para ambientes considerados vitais para as operações. Todos os ambientes visados críticos são suscetíveis a comprometimento e isso levou a uma série de estudos proativos sobre como migrar o risco, levando em consideração as motivações por esses tipos de atores. Existem várias diferenças gritantes entre a motivação de um estado-nação e de um hacker que buscam atacar com base em uma preferência ideológica.
Uma parte padrão do modelo de ameaça para qualquer sistema em particular é identificar o que pode motivar um ataque a esse sistema e quem pode estar motivado para violá-lo. O nível e os detalhes das precauções variam dependendo do sistema a ser protegido. Um computador pessoal doméstico, um banco e uma rede militar de informações confidenciais enfrentam ameaças muito diferentes, mesmo quando as tecnologias subjacentes em uso são semelhantes.
Proteção do computador (contramedidas)
Se tratando da segurança de um computador, uma contramedida é uma ação, dispositivo, procedimento ou técnica que diminui uma ameaça, uma vulnerabilidade ou um ciberataque eliminando ou prevenindo-o, minimizando os danos que ele pode causar ou descobrindo e relatando-o para que ações corretivas possam ser tomadas.
Algumas contramedidas comuns estão listadas nas seções a seguir:
Segurança por design
Segurança por design, significa que o software foi projetado desde o início para ser seguro. Nesse caso, a segurança é considerada a principal característica.
Algumas das técnicas nesta abordagem incluem:
O princípio de privilégios mínimos, onde cada parte do sistema possui apenas os privilégios necessários para sua função. Dessa forma, mesmo que um hacker obtenha acesso à essa parte, ele terá acesso limitado a todo o sistema.
Prova automática de teoremas para provar a exatidão de subsistemas de software cruciais.
Revisão de código e testes de unidade, abordagens para tornar os módulos mais seguros onde as provas formais de correção não são possíveis.
Defesa em profundidade, onde o design é tal que mais de um subsistema precisa ser violado para comprometer a integridade do sistema e as informações que ele contém.
Configurações padrão de segurança e design para uma "falha segura" em vez de "falha insegura" (consulte fail-safe para obter o equivalente em engenharia de segurança). Idealmente, um sistema seguro deve exigir uma decisão deliberada, consciente, bem informada e livre por parte das autoridades legítimas para torná-lo inseguro.
Auditorias rastreando a atividade do sistema, de modo que, quando ocorrer uma violação de segurança, o mecanismo e a extensão da violação possam ser determinados. Armazenar trilhas de auditoria remotamente, onde elas só podem ser anexadas, pode impedir que invasores cubrem seus rastros.
Divulgação total de todas as vulnerabilidades, para garantir que a " janela de vulnerabilidade" seja mantida o mais curta possível quando os bugs forem descobertos.
Arquitetura de segurança
A organização de Arquitetura de Segurança Aberta define a arquitetura de segurança de TI como "o design de artefatos que descrevem como os controles de segurança (contramedidas de segurança) são posicionados e como eles se relacionam com a arquitetura de tecnologia da informação. Esses controles têm como objetivo manter os atributos de qualidade do sistema: confidencialidade, integridade, disponibilidade, prestação de contas e serviços de garantia".
A Techopedia define a arquitetura de segurança como "um projeto de segurança unificado que atende às necessidades e riscos potenciais envolvidos em um determinado cenário ou ambiente. Também especifica quando e onde aplicar os controles de segurança. O processo de projeto é geralmente reproduzível." Os principais atributos da arquitetura de segurança são:
a relação dos diferentes componentes e como eles dependem uns dos outros.
a determinação de controles com base na avaliação de risco, boas práticas, finanças e questões legais.
a padronização dos controles.
Aplicar a arquitetura de segurança fornece a base certa para abordar sistematicamente as questões de negócios, TI e segurança em uma organização.
Medidas de segurança
Um estado de "segurança" do computador é o ideal conceitual, alcançado pelo uso dos três processos: prevenção, detecção e resposta à ameaças. Esses processos são baseados em várias políticas e componentes do sistema, que incluem os seguintes componentes:
Conta de usuário, controle de acesso e criptografia podem proteger arquivos de sistema e dados, respectivamente.
Firewalls são de longe os sistemas de prevenção mais comuns do ponto de vista da segurança de rede, pois podem (se configurados corretamente) proteger o acesso aos serviços de rede internos e bloquear certos tipos de ataques por meio da filtragem de pacotes. Os firewalls podem ser baseados em hardware ou software.
Sistema de detecção de intrusos (SDI) são produtos projetados para detectar ataques de rede em andamento e auxiliar na perícia [[[Ciência forense|forense]] pós-ataque, enquanto a trilha de auditoria e os logs têm uma função semelhante só que para sistemas individuais.
Uma "Resposta" é necessariamente definida pelos requisitos de segurança avaliados de um sistema individual e pode abranger a faixa de simples atualização de proteções a notificação de autoridades legais, contra-ataques e similares. Em alguns casos especiais, a destruição completa do sistema comprometido é favorecida, pois pode acontecer que nem todos os recursos comprometidos sejam detectados.
Hoje, a segurança do computador compreende principalmente medidas "preventivas", como firewalls ou um procedimento de saída. Um firewall pode ser definido como uma forma de filtrar dados de rede entre um host ou uma rede e outra rede, como a Internet, e pode ser implementado como software em execução na máquina, conectando-se à pilha de rede (ou, no caso da maioria dos sistemas operacionais baseados em UNIX, como Linux, embutidos no sistema operacional kernel) para fornecer filtragem em tempo real e bloqueio. Outra implementação é o chamado "firewall físico", que consiste em uma máquina separada que filtra o tráfego de rede. Firewalls são comuns entre máquinas que estão permanentemente conectadas à Internet.
Algumas organizações estão se voltando para plataformas de big data, como Apache Hadoop, para estender a acessibilidade de dados e aprendizado de máquina para detectar ameaças persistentes avançadas.
No entanto, relativamente poucas organizações mantêm sistemas de computador com sistemas de detecção eficazes e menos organizações ainda têm mecanismos de resposta organizados em funcionamento. Como resultado, como aponta a Reuters: "As empresas pela primeira vez relatam que estão perdendo mais com o roubo eletrônico de dados do que com o roubo físico de ativos". O principal obstáculo para a erradicação efetiva do crime informático pode ser atribuído à dependência excessiva de firewalls e outros sistemas de "detecção" automatizados. No entanto, é a coleta de evidências básicas usando dispositivos de captura de pacotes que coloca os criminosos atrás das grades.
Para garantir a segurança adequada, a confidencialidade, integridade e disponibilidade de uma rede, mais conhecida como a tríade CIA, precisam ser protegidas e são consideradas a base para a segurança da informação. Para atingir esses objetivos, devem ser adotadas medidas administrativas, físicas e técnicas de segurança. A quantidade de segurança oferecida a um ativo só pode ser determinada quando seu valor é conhecido.
Gerenciamento de vulnerabilidades
O gerenciamento de vulnerabilidades é o ciclo de identificação e remediação ou mitigação de vulnerabilidades, especialmente em softwares e firmwares. O gerenciamento de vulnerabilidades é parte integrante da segurança do computador e da segurança da rede.
Vulnerabilidades podem ser descobertas com um scanner de vulnerabilidades, que analisa um sistema de computador em busca de vulnerabilidades conhecidas, como portas abertas, configuração de software insegura e suscetibilidade a malwares. Para que essas ferramentas sejam eficazes, elas devem ser mantidas atualizadas a cada nova atualização lançada pelos fornecedores. Normalmente, essas atualizações verificarão as novas vulnerabilidades introduzidas recentemente.
Além da varredura de vulnerabilidades, muitas organizações contratam auditores de segurança externos para executar testes regulares de intrusão em seus sistemas para identificar vulnerabilidades. Em alguns setores, esta é uma exigência contratual.
Reduzindo vulnerabilidades
Embora a verificação formal da correção dos sistemas de computador seja possível, ainda não é comum. Os sistemas operacionais verificados formalmente incluem L4, e SYSGO do PikeOS- mas constituem uma porcentagem muito pequena do mercado.
A autenticação de dois fatores é um método para mitigar o acesso não autorizado a um sistema ou informações confidenciais. Requer "algo que você conhece"; uma senha ou PIN e "algo que você tem"; um cartão, dongle, celular ou outra peça de hardware. Isso aumenta a segurança, pois uma pessoa não autorizada precisa de ambos para obter acesso.
Ataques de engenharia social e acesso direto ao computador (físico) só podem ser evitados por meios que não sejam de computador, o que pode ser difícil de aplicar, em relação à confidencialidade das informações. O treinamento é frequentemente envolvido para ajudar a mitigar esse risco, mas mesmo em ambientes altamente disciplinados (por exemplo, organizações militares), os ataques de engenharia social ainda podem ser difíceis de prever e prevenir.
A inoculação, derivada da teoria da inoculação, visa prevenir a engenharia social e outros truques ou armadilhas fraudulentas, instilando uma resistência às tentativas de persuasão por meio da exposição a tentativas semelhantes ou relacionadas.
É possível reduzir as chances de um invasor mantendo os sistemas atualizados com patches e atualizações de segurança, usando um scanner de segurança e / ou contratação de pessoas com experiência em segurança, embora nenhuma delas garanta a prevenção de um ataque. Os efeitos da perda / dano de dados podem ser reduzidos com backups e seguros cuidadosos.
Mecanismos de proteção de hardware
Embora o hardware possa ser uma fonte de insegurança, como vulnerabilidades de microchips introduzidos maliciosamente durante o processo de fabricação, a segurança de computador baseada em hardware ou assistida também oferece uma alternativa à segurança de computador somente por software. O uso de dispositivos e métodos como dongles, módulo de plataformas confiáveis, casos de detecção de intrusão, bloqueios de unidade, desativação de portas USB e acesso habilitado para celular pode ser considerado mais seguro devido ao acesso físico ( ou um backdoor sofisticado) necessário para ser comprometido. Cada um deles é abordado com mais detalhes abaixo:
Dongles USB são normalmente usados em esquemas de licenciamento de software para desbloquear recursos de software, , mas também podem ser vistos como uma forma de prevenir o acesso não autorizado a um computador ou outro dispositivo Programas. O dongle, ou chave, cria essencialmente um túnel criptografado seguro entre o aplicativo de software e a chave. O princípio é que um esquema de criptografia no dongle, como Advanced Encryption Standard (AES) fornece uma medida de segurança mais forte, pois é mais difícil hackear e replicar o dongle do que simplesmente copiar o software nativo para outra máquina e use-o. Outro aplicativo de segurança para dongles é usá-los para acessar conteúdo baseado na web, como software em nuvem ou uma rede privada virtual (VPNs). Além disso, um dongle USB pode ser configurado para bloquear ou desbloquear um computador.
Módulo de plataformas confiáveis (TPMs) protegem os dispositivos integrando recursos criptográficos em dispositivos de acesso, por meio do uso de microprocessadores, ou os chamados computadores-em-um-chip. Os TPMs usados em conjunto com o software do lado do servidor oferecem uma maneira de detectar e autenticar dispositivos de hardware, evitando acesso não autorizado à rede e aos dados.
Detecção de intrusão do gabinete do computador refere-se a um dispositivo, normalmente um botão de pressão, que detecta quando um gabinete do computador é aberto. O firmware ou BIOS é programado para mostrar um alerta ao operador quando o computador for inicializado na próxima vez.
Os bloqueios de unidade são essencialmente ferramentas de software para criptografar discos rígidos, tornando-os inacessíveis aos ladrões. Existem ferramentas específicas para criptografar unidades externas também.
Desativar as portas USB é uma opção de segurança para prevenir o acesso não autorizado e malicioso a um computador seguro. Os dongles USB infectados conectados a uma rede a partir de um computador dentro do firewall são considerados pela revista Network World como a ameaça de hardware mais comum enfrentada por redes de computadores.
Desconectar ou desativar dispositivos periféricos (como câmera, GPS, armazenamento removível etc.), que não estão em uso.
Dispositivos de acesso habilitados para celular estão crescendo em popularidade devido à natureza onipresente dos telefones celulares. Recursos integrados, como Bluetooth, o mais recente Bluetooth de baixa energia (BLE), Near field communication (NFC) em dispositivos não iOS e a validação biométrica, como como leitores de impressão digital, bem como software de leitura código QR projetado para dispositivos móveis, oferecem maneiras novas e seguras para telefones celulares se conectarem a sistemas de controle de acesso. Esses sistemas de controle fornecem segurança ao computador e também podem ser usados para controlar o acesso a edifícios seguros.
Sistemas operacionais seguros
Um uso do termo "segurança de computador" refere-se à tecnologia usada para implementar sistemas operacionais seguros. Na década de 1980, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) usou os padrões dos "Orange Books", mas o atual padrão internacional ISO / IEC 15408, "Critérios Comuns" (CC), define um número de níveis de garantia de avaliação progressivamente mais rigorosos. Muitos sistemas operacionais comuns atendem ao padrão EAL4 de "Projetado, Testado e Revisado Metodicamente", mas a verificação formal exigida para os níveis mais altos significa que eles são incomuns. Um exemplo de um sistema EAL6 ("Semiformally Verified Design and Tested") é Integrity-178B, que é usado no Airbus A380 e em vários jatos militares.
Programação segura
Na engenharia de software, a codificação segura visa proteger contra a introdução acidental de vulnerabilidades de segurança. Também é possível criar software projetado desde o início para ser seguro. Esses sistemas são "seguros por design". Além disso, a verificação formal visa provar a corretude (lógica) dos algoritmos subjacentes a um sistema; importante para protocolos criptográficos, por exemplo.
Listas de capacidades e de controle de acesso
Dentro dos sistemas de computador, dois dos principais modelos de segurança capazes de impor a separação de privilégios são lista de controle de acessos (ACLs) e controle de acesso baseado em funções (RBAC).
Uma lista de controle de acesso (ACL), com relação a um sistema de arquivos de computador, é uma lista de permissões associadas a um objeto. Uma ACL especifica quais usuários ou processos do sistema têm acesso concedido aos objetos, bem como quais operações são permitidas em determinados objetos.
O controle de acesso baseado em função é uma abordagem para restringir o acesso do sistema a usuários autorizados, usado pela maioria das empresas com mais de 500 funcionários, e pode implementar controle de acesso obrigatório (MAC) ou controle de acesso discricionário (DAC).
Uma abordagem adicional, segurança baseada em capacidade foi principalmente restrita a sistemas operacionais de pesquisa. Os recursos podem, entretanto, também ser implementados no nível da linguagem, levando a um estilo de programação que é essencialmente um refinamento do design orientado a objetos padrão. Um projeto de código aberto na área é a linguagem E.
Treinamento de segurança do usuário final
O usuário final é amplamente reconhecido como o elo mais fraco na cadeia de segurança e estima-se que mais de 90% dos incidentes e violações de segurança envolvem algum tipo de erro humano. Entre as formas de erros e erros de julgamento mais comumente registradas estão o gerenciamento incorreto de senhas, o envio de e-mails contendo dados confidenciais e anexos para o destinatário errado, a incapacidade de reconhecer URLs enganosos e de identificar sites falsos e anexos de e-mail perigosos. Um erro comum que os usuários cometem é salvar sua ID de usuário / senha em seus navegadores para facilitar o login em sites de bancos. Este é um presente para invasores que obtiveram acesso a uma máquina por algum meio. O risco pode ser mitigado pelo uso de autenticação de dois fatores.
Como o componente humano do risco cibernético é particularmente relevante na determinação do risco cibernético global que uma organização enfrenta, o treinamento de conscientização de segurança, em todos os níveis, não apenas fornece conformidade formal com os mandatos regulamentares e do setor, mas é considerado essencial na redução do risco cibernético e na proteção de indivíduos e empresas contra a grande maioria das ameaças cibernéticas.
O foco no usuário final representa uma profunda mudança cultural para muitos profissionais de segurança, que tradicionalmente abordam a segurança cibernética exclusivamente de uma perspectiva técnica e seguem as linhas sugeridas pelos principais centros de segurança s to develop a culture of cyber awareness within the organization, recognizing that a security-aware user provides an important line of defense against cyber attacks.
Higiene digital
Relacionado ao treinamento do usuário final, 'higiene digital' ou 'higiene cibernética' é um princípio fundamental relacionado a segurança da informação e, como mostra a analogia com higiene pessoal, é o equivalente a estabelecer medidas simples de rotina para minimizar os riscos das ameaças cibernéticas. A suposição é que boas práticas de higiene cibernética podem dar aos usuários da rede outra camada de proteção, reduzindo o risco de um nó vulnerável ser usado para montar ataques ou comprometer outro nó ou rede, especialmente de ataques cibernéticos comuns.
Ao contrário de uma defesa puramente baseada em tecnologia contra ameaças, a higiene cibernética envolve principalmente medidas de rotina que são tecnicamente simples de implementar e dependem principalmente de disciplina ou educação. Pode ser considerada uma lista abstrata de dicas ou medidas que demonstraram ter um efeito positivo na segurança digital pessoal e / ou coletiva. Como tal, essas medidas podem ser realizadas por leigos, não apenas especialistas em segurança.
A higiene cibernética está relacionada à higiene pessoal, assim como os vírus de computador estão relacionados a vírus biológicos (ou patógenos). No entanto, embora o termo vírus de computador tenha sido cunhado quase simultaneamente com a criação dos primeiros vírus de computador funcionais, o termo higiene cibernética é uma invenção muito posterior, talvez em 2000 pelo pioneiro da Internet Vint Cerf. Desde então, foi adotado pelo Congresso e pelo Senado dos Estados Unidos, the FBI, instituições da UE e chefes de estado.
A higiene cibernética também não deve ser confundida com a defesa cibernética proativa, um termo militar.
Resposta a violações
Responder às tentativas de violações de segurança costuma ser muito difícil por vários motivos, incluindo:
Identificar invasores é difícil, pois eles podem operar por meio de proxies, contas dial-up anônimas temporárias, conexões sem fio e outros procedimentos de anonimato que tornam o rastreamento difícil - e geralmente estão localizados em outra jurisdição. Se eles violam a segurança com sucesso, eles também freqüentemente ganham acesso administrativo suficiente para permitir que excluam logs para cobrir seus rastros.
O número absoluto de tentativas de ataque, geralmente por scanner de vulnerabilidades e worms automatizados, é tão grande que as organizações não podem perder tempo procurando por cada um.
Policiaiss muitas vezes não têm as habilidades, interesse ou orçamento para perseguir os invasores. Além disso, a identificação de invasores em uma rede pode exigir logs de vários pontos da rede e em muitos países, o que pode ser difícil ou demorado para obter.
Onde um ataque é bem-sucedido e ocorre uma violação, muitas jurisdições já possuem leis de notificação de violação de segurança obrigatórias.
Tipos de segurança e privacidade
Controle de acesso
Anti-keyloggers
Antivírus
Anti-spyware
Software anti-subversão
Software antiviolação
Anti-roubo
Software criptográfico
Despacho auxiliado por computador (CAD)
Firewall
Sistema de detecção de intrusão (IDS)
Sistema de prevenção de intrusão (IPS)
Software de gerenciamento de log
Controle parental
Gerenciamento de registros
Sandbox
Gerenciamento de informações de segurança
SIEM
Atualização de software e sistema operacional
Planejamento de resposta a incidentes
A resposta a incidentes é uma abordagem organizada para abordar e gerenciar as consequências de um incidente ou comprometimento da segurança do computador, com o objetivo de prevenir uma violação ou impedir um ataque cibernético. Um incidente que não é identificado e gerenciado no momento da intrusão geralmente se transforma em um evento mais prejudicial, como uma violação de dados ou falha do sistema. O resultado pretendido de um plano de resposta a incidentes de segurança de computador é limitar os danos e reduzir o tempo e os custos de recuperação. Responder a compromissos rapidamente pode mitigar vulnerabilidades exploradas, restaurar serviços e processos e minimizar perdas.
O planejamento de resposta a incidentes permite que uma organização estabeleça uma série de práticas recomendadas para impedir uma intrusão antes que ela cause danos. Os planos de resposta a incidentes típicos contêm um conjunto de instruções escritas que descrevem a resposta da organização a um ataque cibernético. Sem um plano documentado implementado, uma organização pode não detectar com sucesso uma intrusão ou comprometimento e as partes interessadas podem não entender suas funções, processos e procedimentos durante uma escalada, retardando a resposta e resolução da organização.
Existem quatro componentes principais de um plano de resposta a incidentes de segurança de computador:
'Preparação' : Preparar as partes interessadas sobre os procedimentos para lidar com incidentes ou comprometimentos de segurança de computador
'Detecção e Análise' : Identificar e investigar atividades suspeitas para confirmar um incidente de segurança, priorizando a resposta com base no impacto e coordenando a notificação do incidente
'Contenção, erradicação e recuperação' : isolar os sistemas afetados para evitar a escalada e limitar o impacto, identificando a gênese do incidente, removendo malware, sistemas afetados e malfeitores do ambiente e restaurando sistemas e dados quando uma ameaça não mais permanece
'Atividade pós-incidente' : Análise post mortem do incidente, sua causa raiz e a resposta da organização com a intenção de melhorar o plano de resposta ao incidente e os esforços de resposta futuros.
Ataques e violações notáveis
Alguns exemplos ilustrativos de diferentes tipos de violações de segurança de computador são fornecidos abaixo.
Robert Morris e o primeiro worm de computador
Em 1988, apenas 60.000 computadores estavam conectados à Internet, e a maioria eram mainframes, minicomputadores e estações de trabalho profissionais. Em 2 de novembro de 1988, muitos começaram a desacelerar, pois estavam executando um código malicioso que demandava tempo de processador e que se espalhava para outros computadores - o primeiro "worm" da internet. O software foi rastreado até o aluno pós-graduação Robert Tappan Morris da Universidade Cornell de 23 anos de idade, que disse "ele queria contar quantas máquinas estavam conectadas à Internet". Este worm foi projetado para se espalhar em sistemas UNIX e utilizou diversas técnicas de propagação.
Laboratório de Roma
Em 1994, mais de uma centena de intrusões foram feitas por crackers não identificados no Laboratório de Roma, o principal comando e instalação de pesquisa da Força Aérea dos Estados Unidos. Usando cavalos de tróia, os hackers foram capazes de obter acesso irrestrito aos sistemas de rede de Roma e remover rastros de suas atividades. Os invasores conseguiram obter arquivos confidenciais, como dados de sistemas de ordens de tarefas aéreas e, além disso, foram capazes de penetrar nas redes conectadas do Goddard Space Flight Center da NASA, da Base Aérea de Wright-Patterson, de alguns contratados da Defesa , e outras organizações do setor privado, fazendo-se passar por um usuário confiável do centro de Roma.
Detalhes do cartão de crédito do cliente da TJX
No início de 2007, a empresa americana de roupas e produtos domésticos TJX anunciou que foi vítima de uma intrusão não autorizada de sistemas de computador e que os hackers acessaram um sistema que armazenava dados em cartão de crédito, cartão de débito, cheque e transações de devolução de mercadorias.
Ataque Stuxnet
Em 2010, o worm de computador conhecido como Stuxnet supostamente arruinou quase um quinto das centrífugas nucleares do Irã. Ele fez isso interrompendo os controladores lógicos programáveis (PLCs) industriais em um ataque direcionado. Em geral, acredita-se que tenha sido lançado por Israel e pelos Estados Unidos para interromper o programa nuclear iraniano - embora nenhum o tenha admitido publicamente.
Divulgações de vigilância global
No início de 2013, os documentos fornecidos por Edward Snowden foram publicados por The Washington Post e The Guardian expondo a escala massiva da vigilância global NSA. Também houve indicações de que a NSA pode ter inserido uma porta dos fundos em um padrão INTP para criptografia. Este padrão foi posteriormente retirado devido a críticas generalizadas. Além disso, foi revelado que a NSA interceptou os links entre os data centers do Google.
Violações na Target e no Home Depot
Em 2013 e 2014, um grupo de hackers Rússia n / Ucraniano conhecido como "Rescator" invadiu os computadores da Target Corporation em 2013, roubando cerca de 40 milhões de cartões de crédito, e então nos computadores do Home Depot em 2014, roubando entre 53 e 56 milhões de números de cartão de crédito. Os avisos foram entregues em ambas as empresas, mas ignorados; Acredita-se que as máquinas de autopagamento tenham desempenhado um grande papel nas violações de segurança física. "O malware utilizado é absolutamente sem sofisticação e desinteressante", disse Jim Walter, diretor de operações de inteligência de ameaças da empresa de tecnologia de segurança McAfee - o que significa que os assaltos poderiam ter sido facilmente interrompidos pelo antivírus existente se os administradores tivessem respondido aos avisos. O tamanho dos roubos atraiu grande atenção das autoridades estaduais e federais dos Estados Unidos, e a investigação está em andamento.
Violação de dados do Escritório de Gestão de Pessoal
Em abril de 2015, o Escritório de Gestão de Pessoal descobriu que havia sido hackeado mais de um ano antes em uma violação de dados, resultando em roubo de aproximadamente 21,5 milhões de registros de pessoal tratados pelo escritório. A violação do Escritório de Gestão de Pessoal foi descrito por funcionários federais como uma das maiores violações de dados do governo na história dos Estados Unidos. Os dados visados na violação incluíam informações de identificação pessoal, como números do seguro social, nomes, datas e locais de nascimento, endereços e impressões digitais de funcionários do governo atuais e antigos, bem como de qualquer pessoa que tinha passado por uma verificação de antecedentes do governo. Acredita-se que a violação foi perpetrada por hackers chineses.
Violação de Ashley Madison
Em julho de 2015, um grupo de hackers conhecido como "The Impact Team" violou com sucesso o site de relacionamento extraconjugal Ashley Madison, criado pela Avid Life Media. O grupo alegou que havia coletado não apenas dados da empresa, mas também dados do usuário. Após a violação, The Impact Team despejou e-mails do CEO da empresa, para provar seu ponto, e ameaçou despejar dados do cliente, a menos que o site fosse retirado do ar permanentemente. " Quando a Avid Life Media não tirou o site do ar, o grupo lançou mais dois arquivos compactados, um de 9,7 GB e outro de 20 GB. Após o segundo despejo de dados, o CEO da Avid Life Media, Noel Biderman, renunciou; mas o site continuou funcionando.
Questões legais e regulamentação global
As questões jurídicas internacionais de ataques cibernéticos são complicadas por natureza. Não existe uma base global de regras comuns para julgar e, eventualmente, punir, cibercrimes e cibercriminosos - e onde as empresas de segurança ou agências localizam o cibercriminoso por trás da criação de uma determinada peça de malware ou forma de ataque cibernético, muitas vezes as autoridades locais não podem agir devido à falta de leis sob as quais processar. Provar a atribuição de cibercrimes e ataques cibernéticos também é um grande problema para todas as agências de aplicação da lei. "Os vírus de computador mudam de um país para outro, de uma jurisdição para outra - movendo-se ao redor do mundo, usando o fato de que não temos a capacidade de policiar globalmente operações como esta. Portanto, a Internet é como se alguém tinha dado passagens de avião grátis para todos os criminosos online do mundo." O uso de técnicas como DNS dinâmico, fluxo rápido e servidores "à prova de balas" aumenta a dificuldade de investigação e fiscalização.
Papel do governo
O papel do governo é fazer regulamentações para forçar as empresas e organizações a proteger seus sistemas, infraestrutura e informações de quaisquer ataques cibernéticos, mas também proteger sua própria infraestrutura nacional, como a rede elétrica.
O papel regulador do governo no ciberespaço é complicado. Para alguns, o ciberespaço foi visto como um espaço virtual que deveria permanecer livre da intervenção do governo, como pode ser visto em muitas das discussões blockchain e bitcoin libertárias de hoje.
Muitos funcionários e especialistas do governo acham que o governo deve fazer mais e que há uma necessidade crucial de melhorar a regulamentação, principalmente devido ao fracasso do setor privado em resolver com eficiência o problema da segurança cibernética. R. Clarke disse durante um painel de discussão na RSA Security Conference em São Francisco, que acredita que "a indústria só responde quando você ameaça a regulamentação. Se a indústria não responder (a a ameaça), você tem que seguir em frente." Por outro lado, executivos do setor privado concordam que melhorias são necessárias, mas pensam que a intervenção do governo afetaria sua capacidade de inovar com eficiência. Daniel R. McCarthy analisou essa parceria público-privada na cibersegurança e refletiu sobre o papel da cibersegurança na constituição mais ampla da ordem política.
Em 22 de maio de 2020, o Conselho de Segurança da ONU realizou sua segunda reunião informal sobre segurança cibernética para enfocar os desafios cibernéticos à paz internacional. Segundo o Secretário-Geral da ONU António Guterres, as novas tecnologias são utilizadas com demasiada frequência para violar direitos.
Ações internacionais
Existem muitas equipes e organizações diferentes, incluindo:
O Fórum de Equipes de Resposta a Incidentes e Segurança (FIRST) é a associação global de CSIRTs. O US-CERT, AT&T, Apple, Cisco, McAfee, Microsoft são todos membros desta equipe internacional.
O Conselho da Europa ajuda a proteger as sociedades em todo o mundo contra a ameaça do cibercrime por meio da Convenção sobre o Cibercrime.
O objetivo do Messaging Anti-Abuse Working Group (MAAWG) é reunir o setor de mensagens para trabalhar de forma colaborativa e abordar com sucesso as várias formas de abuso de mensagens, como spam, vírus, negação de serviço ataques e outras explorações de mensagens. . France Telecom, Facebook, AT&T, Apple, Cisco, Sprint são alguns dos membros do MAAWG.
ENISA: A Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação (ENISA) é uma agência da União Europeia com o objetivo de melhorar a segurança da informação nas redes e na União Europeia.
Europa
Em 14 de abril de 2016, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia adotaram o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) (UE) 2016/679. O GDPR, que se tornou obrigatório a partir de 25 de maio de 2018, fornece proteção de dados e privacidade para todos os indivíduos na União Europeia (UE) e no Espaço Econômico Europeu (EEE). O GDPR exige que os processos de negócios que lidam com dados pessoais sejam desenvolvidos com proteção de dados por design e por padrão. O GDPR também exige que certas organizações designem um DPO (Data Protection Officer).
Ações nacionais
Equipes de resposta a emergências informáticas
A maioria dos países tem sua própria equipe de resposta a emergências de computador para proteger a segurança da rede.
Brasil
Em dezembro de 2020, a Anatel aprovou o Regulamento de Segurança Cibernética Aplicada ao Setor de Telecomunicações, que, a partir de janeiro de 2021, deve ser seguido por todas as grandes operadoras de telecomunicações que atuam no Brasil.
Canadá
Desde 2010, o Canadá tem uma estratégia de segurança cibernética. Esta funciona como um documento de contrapartida à Estratégia Nacional e Plano de Ação para Infraestruturas Críticas. A estratégia tem três pilares principais: proteger os sistemas governamentais, proteger os sistemas cibernéticos privados vitais e ajudar os canadenses a se protegerem online. Há também uma Estrutura de Gerenciamento de Incidentes Cibernéticos para fornecer uma resposta coordenada no caso de um incidente cibernético.
O Canadian Cyber Incident Response Centre (CCIRC) é responsável por mitigar e responder às ameaças à infraestrutura crítica e aos sistemas cibernéticos do Canadá. Ele fornece suporte para mitigar ameaças cibernéticas, suporte técnico para responder e se recuperar de ataques cibernéticos direcionados e fornece ferramentas online para membros dos setores de infraestrutura crítica do Canadá. Ele publica boletins de segurança cibernética regulares e opera uma ferramenta de relatório online onde indivíduos e organizações podem relatar um incidente cibernético.
Para informar o público em geral sobre como se proteger online, a segurança públçica do Canadá (PSC) fez parceria com STOP.THINK.CONNECT, uma coalizão de organizações sem fins lucrativos, do setor privado e do governo, , e lançou o Programa de Cooperação em Segurança Cibernética. Eles também administram o portal GetCyberSafe para cidadãos canadenses e o Mês de Conscientização sobre Segurança Cibernética em outubro.
A Segurança Pública do Canadá pretende iniciar uma avaliação da estratégia de segurança cibernética do Canadá no início de 2015.
China
O Grupo líder central para segurança e informatização da Internet da China () foi estabelecido em 27 de fevereiro de 2014. Este pequeno grupo líder (LSG) do Partido Comunista da China é chefiado pelo próprio Secretário-Geral Xi Jinping e conta com uma equipe de responsáveis pelas decisões do Partido e do Estado. O LSG foi criado para superar as políticas incoerentes e responsabilidades sobrepostas que caracterizavam os antigos mecanismos de tomada de decisão no ciberespaço da China. O LSG supervisiona a formulação de políticas nos campos econômico, político, cultural, social e militar no que se refere à segurança de rede e estratégia de TI. Este LSG também coordena as principais iniciativas de políticas na arena internacional que promovem normas e padrões favorecidos pelo governo chinês e que enfatizam o princípio da soberania nacional no ciberespaço.<ref>"6.16 Internet security: National IT independence and China’s cyber policy," in: Sebastian Heilmann, editor, [ China's Political System], Lanham, Boulder, New York, London: Rowman & Littlefield Publishers (2017) </ref>
Alemanha
Berlim cria a Iniciativa Nacional de Defesa Cibernética:
Em 16 de junho de 2011, o Ministro de Assuntos Internos da Alemanha abriu oficialmente o novo NCAZ (Centro Nacional de Defesa Cibernética) Nationales Cyber-Abwehrzentrum localizado em Bonn. O NCAZ coopera estreitamente com o BSI (Federal Office for Information Security) Bundesamt für Sicherheit in der Informationstechnik, BKA (Federal Police Organization) Bundeskriminalamt, BND (Serviço Federal de Inteligência) Bundesnachrichtendienst, MAD (Serviço Militar de Inteligência) Amt für den Militärischen Abschirmdienst e outras organizações nacionais na Alemanha que cuidam dos aspectos de segurança nacional. De acordo com o Ministro, a principal tarefa da nova organização fundada em 23 de fevereiro de 2011, é detectar e prevenir ataques contra a infraestrutura nacional e incidentes mencionados como o Stuxnet. A Alemanha também estabeleceu a maior instituição de pesquisa para segurança de TI da Europa, o Centro de Pesquisa em Segurança e Privacidade (CRISP) em Darmstadt.
Índia
Algumas disposições de cibersegurança foram incorporadas às regras enquadradas na Lei de Tecnologia da Informação de 2000.
A Política Nacional de Segurança Cibernética 2013 é uma estrutura de política do Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação (MeitY) que visa proteger a infraestrutura pública e privada de ataques cibernéticos e salvaguardar "informações, como informações pessoais (de usuários da web) , informações financeiras e bancárias e dados soberanos ". CERT-In é a agência nodal que monitora as ameaças cibernéticas no país. O posto de Coordenador Nacional da Cibersegurança] também foi criado no Gabinete do Primeiro Ministro (PMO).
O lei das empresas indianas ( Indian Companies Act ) 2013 também introduziu obrigações de lei e segurança cibernética por parte dos diretores indianos.
Algumas disposições de cibersegurança foram incorporadas às regras enquadradas na Atualização da Lei de Tecnologia da Informação de 2000 em 2013.
Coréia do sul
Após os ataques cibernéticos no primeiro semestre de 2013, quando o governo, a mídia, a estação de televisão e os sites de bancos foram comprometidos, o governo nacional se comprometeu a treinar 5.000 novos especialistas em segurança cibernética até 2017. O governo sul-coreano culpou seu homólogo do norte por esses ataques, bem como incidentes ocorridos em 2009, 2011, e 2012, mas Pyongyang nega as acusações.
Estados unidos
Legislação
O 18 U.S.C. § 1030 de 1986, a Lei de Fraude e Abuso de Computador é a legislação chave. Ela proíbe o acesso não autorizado ou dano de "computadores protegidos" conforme definido em 18 U.S.C. § 1030(e)(2). Embora várias outras medidas tenham sido propostas - nenhuma foi bem sucedida.
Em 2013, foi assinada a ordem executiva 13636 Melhorando a segurança cibernética da infraestrutura crítica , que levou à criação da Estrutura de segurança cibernética do NIST
Serviços de testes governamentais padronizados
A Administração de Serviços Gerais (GSA) padronizou o serviço de "teste de intrusão" (pen test) como um serviço de suporte pré-aprovado, para abordar rapidamente vulnerabilidades em potencial e impedir os adversários antes que eles afetem os governos federal, estadual e local dos EUA. Esses serviços são comumente chamados de Highly Adaptive Cybersecurity Services (HACS) e estão listados no site US GSA Advantage. Veja mais informações aqui: Teste de intrusão: Serviços padronizados de teste de penetração do governo.
Agências
O Departamento de Segurança Interna tem uma divisão dedicada responsável pelo sistema de resposta, programa de gerenciamento de riscos e requisitos para segurança cibernética nos Estados Unidos, chamada de Divisão Nacional de Segurança Cibernética. A divisão abriga as operações US-CERT e o Sistema Nacional de Alerta Cibernético. O Centro Nacional de Integração de Segurança Cibernética e Comunicações reúne organizações governamentais responsáveis pela proteção de redes de computadores e infraestrutura de rede.
A terceira prioridade do FBI é: "Proteger os Estados Unidos contra ataques cibernéticos e crimes de alta tecnologia", e eles, junto com o National White Collar Crime Center (NW3C) e o Departamento de Ajuda à Justiça (BJA), fazem parte da força-tarefa de várias agências, o Centro de Reclamações dos crimes da internet, também conhecido como IC3.
Além de suas próprias funções específicas, o FBI participa ao lado de organizações sem fins lucrativos, como InfraGard.
Na divisão criminal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos opera uma seção chamada Seção de Crimes Informáticos e Propriedade Intelectual. A CCIPS é responsável pela investigação de crimes de crimes informáticos e de propriedade intelectual e é especializada na procura e apreensão de provas digitais em computadores e redes. Em 2017, o CCIPS publicou A Estrutura para um Programa de Divulgação de Vulnerabilidade para Sistemas Online para ajudar as organizações "a descrever claramente a divulgação autorizada de vulnerabilidade e conduta de descoberta, portanto
reduzindo substancialmente a probabilidade de que tais atividades descritas resultem em uma violação civil ou criminal da lei sob a Lei de Fraude e Abuso de Computador (18 U.S.C. § 1030)."
O Comando Cibernético dos Estados Unidos, também conhecido como USCYBERCOM, " tem a missão de dirigir, sincronizar e coordenar o planejamento e as operações do ciberespaço para defender e promover os interesses nacionais em colaboração com parceiros domésticos e internacionais . " Não tem função na proteção de redes civis.Shachtman, Noah. "Military's Cyber Commander Swears: "No Role" in Civilian Networks" , The Brookings Institution , 23 Setembro 2010.
O papel da Comissão Federal de Comunicações dos EUA na segurança cibernética é fortalecer a proteção da infraestrutura crítica de comunicações, ajudar a manter a confiabilidade das redes durante desastres, ajudar na rápida recuperação após e garantir que os primeiros socorros tenham acesso a serviços de comunicação eficazes.
A Food and Drug Administration (FDA) emitiu orientações para dispositivos médicos, e a Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário está preocupado com a segurança cibernética automotiva. Depois de ser criticado pelo Escritório de contabilidade do governo, e após ataques bem-sucedidos a aeroportos e alegados ataques a aviões, a Administração Federal de Aviação dedicou fundos para proteger os sistemas a bordo de aviões de fabricantes privados e o ACARS. Também foram levantadas preocupações sobre o futuro Sistema de Transporte Aéreo de Próxima Geração.
Equipe de resposta à emergências em computadores
"Equipe de resposta à emergências em computadores" é o nome dado a grupos de especialistas que lidam com incidentes de segurança em computadores. Nos Estados Unidos, existem duas organizações distintas, embora trabalhem juntas.
US-CERT: parte da Divisão Nacional de Segurança Cibernética do [Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.
CERT / CC: criado pela DARPA e administrado pelo Instituto de Engenharia de Software (SEI).
Guerra moderna
Há uma preocupação crescente de que o ciberespaço se torne o próximo palco de guerra. Como Mark Clayton de The Christian Science Monitor descrito em um artigo intitulado "The New Cyber Arms Race":
No futuro, as guerras não serão travadas apenas por soldados armados ou com aviões que lançam bombas. Eles também serão combatidos com o clique de um mouse a meio mundo de distância, que desencadeia programas de computador cuidadosamente armados que interrompem ou destroem setores críticos como serviços públicos, transporte, comunicações e energia. Esses ataques também podem desativar as redes militares que controlam o movimento das tropas, o caminho dos caças, o comando e o controle dos navios de guerra.
Isso levou a novos termos como ciberguerra e ciberterrorismo ''. O Comando Cibernético dos Estados Unidos foi criado em 2009 e muitos outros países têm forças semelhantes.
Existem algumas vozes críticas que questionam se a segurança cibernética é uma ameaça tão significativa quanto parece ser.
Carreiras
A segurança cibernética é um campo de rápido crescimento da TI preocupada em reduzir o risco de hackeamento ou violação de dados nas organizações. De acordo com uma pesquisa do Enterprise Strategy Group, 46% das organizações dizem que têm uma "escassez problemática" de habilidades de segurança cibernética em 2016, contra 28% em 2015. Organizações comerciais, governamentais e não governamentais empregam profissionais de segurança cibernética. Os aumentos mais rápidos na demanda por funcionários de segurança cibernética estão em setores que gerenciam volumes crescentes de dados do consumidor, como finanças, saúde e varejo. No entanto, o uso do termo "cibersegurança" é mais prevalente nas descrições de cargos do governo.
As descrições típicas de cargos de segurança cibernética incluem:
Analista de segurança
Analisa e avalia vulnerabilidades na infraestrutura (software, hardware, redes), investiga usando as ferramentas e contramedidas disponíveis para remediar as vulnerabilidades detectadas e recomenda soluções e melhores práticas. Analisa e avalia os danos aos dados / infraestrutura como resultado de incidentes de segurança, examina as ferramentas e processos de recuperação disponíveis e recomenda soluções. Testes de conformidade com políticas e procedimentos de segurança. Pode auxiliar na criação, implementação ou gerenciamento de soluções de segurança.
Engenheiro de segurança
Executa monitoramento de segurança, análise de dados / logs de segurança e análise forense para detectar incidentes de segurança e monta a resposta a incidentes. Investiga e utiliza novas tecnologias e processos para aprimorar os recursos de segurança e implementar melhorias. Também pode revisar o código ou executar outras metodologias de engenharia de segurança.
Arquiteto de segurança
Projeta um sistema de segurança ou componentes principais de um sistema de segurança e pode liderar uma equipe de design de segurança que cria um novo sistema de segurança.
Administrador de segurança
Instala e gerencia sistemas de segurança em toda a organização. Essa posição também pode incluir assumir algumas das tarefas de analista de segurança em organizações menores.
Diretor de Segurança da Informação (CISO)
Uma posição de alto nível gerencial responsável por toda a divisão / equipe de segurança da informação. A posição pode incluir trabalho técnico prático.
Diretor de Segurança (CSO)
Uma posição de gerenciamento de alto nível responsável por toda a divisão / equipe de segurança. Uma posição mais nova agora considerada necessária conforme os riscos de segurança aumentam.
Consultor de Segurança / Especialista / Inteligência
Títulos abrangentes que abrangem qualquer uma ou todas as outras funções ou títulos com a tarefa de proteger computadores, redes, software, dados ou sistemas de informação contra vírus, worms, spyware, malware, detecção de intrusão, acesso não autorizado, ataques de negação de serviço, e uma lista cada vez maior de ataques de hackers agindo como indivíduos ou como parte do crime organizado ou de governos estrangeiros.
Os programas para estudantes também estão disponíveis para pessoas interessadas em iniciar uma carreira em segurança cibernética. Enquanto isso, uma opção flexível e eficaz para profissionais de segurança da informação de todos os níveis de experiência continuarem estudando é o treinamento de segurança online, incluindo webcasts. Uma grande variedade de cursos certificados também estão disponíveis.
No Reino Unido, um conjunto nacional de fóruns de cibersegurança, conhecido como Fórum de segurança cibernética do Reino Unido, foi estabelecido com o apoio da estratégia de cibersegurança do governo A fim de encorajar start-ups e inovação e abordar a falta de competências identificado pelo Governo do Reino Unido.
Terminologia
Os seguintes termos usados em relação à segurança de computadores são explicados abaixo:
Acesso autorização restringe o acesso a um computador a um grupo de usuários por meio do uso de sistemas autenticação. Esses sistemas podem proteger todo o computador, como por meio de uma tela login interativa, ou serviços individuais, como um servidor FTP. Existem muitos métodos para identificar e autenticar usuários, como senhas, documento de identidade, cartão inteligente e sistemas biométricos.
Antivírus consiste em programas de computador que tentam identificar, impedir e eliminar vírus de computador e outro software malicioso (malware).
Aplicativos são códigos executáveis, então a prática geral é desabilitar o poder dos usuários de instalá-los; para instalar apenas aqueles que são conhecidos por serem confiáveis - e para reduzir a superfície de ataque instalando o mínimo possível. Eles são normalmente executados com privilégio mínimo, com um processo robusto em vigor para identificar, testar e instalar quaisquer patchs de segurança ou atualizações lançadas para eles.
As técnicas de autenticação podem ser usadas para garantir que os terminais de comunicação sejam quem dizem ser.
Prova automática de teoremas e outras ferramentas de verificação podem permitir que algoritmos e códigos críticos usados em sistemas seguros sejam matematicamente comprovados para atender às suas especificações.
Backups são uma ou mais cópias mantidas de arquivos importantes do computador. Normalmente, várias cópias são mantidas em locais diferentes para que, se uma cópia for roubada ou danificada, outras cópias ainda existam.
A Capacidade e listas de controle de acesso técnicas podem ser usadas para garantir a separação de privilégios e o controle de acesso obrigatório.
As técnicas de Cadeia de confiança podem ser usadas para tentar garantir que todo o software carregado foi certificado como autêntico pelos projetistas do sistema.
Confidencialidade é a não divulgação de informações, exceto para outra pessoa autorizada.
Técnicas de criptografia podem ser usadas para defender dados em trânsito entre sistemas, reduzindo a probabilidade de que dados trocados entre sistemas possam ser interceptados ou modificados.
Ciberguerra é um conflito baseado na Internet que envolve ataques com motivação política contra a informação e os sistemas de informação. Esses ataques podem, por exemplo, desativar sites e redes oficiais, interromper ou desativar serviços essenciais, roubar ou alterar dados classificados e paralisar sistemas financeiros.
Integridade de dados é a precisão e consistência dos dados armazenados, indicada pela ausência de qualquer alteração nos dados entre duas atualizações de um registro de dados.
Criptografia é usada para proteger a confidencialidade de uma mensagem. Cifras criptograficamente seguras são projetadas para fazer qualquer tentativa prática de quebrá-las inviável. As cifras de chave simétrica são adequadas para criptografia em massa usando chave compartilhada e criptografia de chave pública com um certificado digital podem fornecer uma solução prática para o problema de comunicação segura quando nenhuma chave é compartilhada com antecedência.
O software de segurança de endpoint auxilia as redes na prevenção de infecção por malware e roubo de dados em pontos de entrada de rede tornados vulneráveis pela prevalência de dispositivos potencialmente infectados, como laptops, dispositivos móveis e drives USB.
Firewalls servem como um sistema de gatekeeper entre as redes, permitindo apenas o tráfego que corresponda às regras definidas. Eles geralmente incluem log de dados detalhado e podem incluir recursos como a detecção de intrusão. Eles são quase universais entre a empresa redes locais e a Internet, mas também podem ser usados internamente para impor regras de tráfego entre as redes se segmentação de rede estiver configurada.
Um hacker é alguém que busca violar as defesas e explorar os pontos fracos de um sistema de computador ou rede.
Honeypots são computadores que são deixados intencionalmente vulneráveis a ataques de crackers. Eles podem ser usados para pegar biscoitos e identificar suas técnicas.
Sistemas de detecção de intrusões são dispositivos ou aplicativos de software que monitoram redes ou sistemas quanto a atividades maliciosas ou violações de políticas.
Um microkernel é uma abordagem ao design do sistema operacional que tem apenas a quantidade quase mínima de código em execução no nível mais privilegiado - e executa outros elementos do sistema operacional, como drivers de dispositivos, pilhas de protocolo e sistemas de arquivos, no espaço do usuário mais seguro e menos privilegiado.
Pinging. O aplicativo "ping" padrão pode ser usado para testar se um endereço IP está em uso. Se for, os invasores podem tentar utilizar um port scanner para detectar quais serviços estão expostos.
Um port scanner é usada para sondar um endereço IP para portas abertas para identificar serviços e aplicativos de rede acessíveis.
Um Keylogger é um spyware que captura e armazena silenciosamente cada tecla que um usuário digita no teclado do computador.
Engenharia social é o uso de engano para manipular indivíduos para violar a segurança.
Bomba lógica é um tipo de malware adicionado a um programa legítimo que permanece adormecido até ser disparado por um evento específico.
Acadêmicos
Ver também
Bibliografia
Ligações externas
Segurança da informação
Ciência da computação
Cibersegurança
Falhas em segurança de computadores |
Nos últimos anos a questão do software livre nos governos tem sido um tema de destaque, tanto na adoção quanto no incentivo e divulgação do software livre. Diversos governos tem adotado leis e medidas favoráveis ao software livre e dentre eles, alguns de destaque são: Brasil, Alemanha, França e Espanha. Este artigo apresenta informações sobre o estado do software livre, alguns dados históricos e uma perspectiva de uso e de investimentos até o ano de 2020. Para tanto, são considerados relatórios de empresas de consultoria contratadas por governos e documentos governamentais.
Argumentos
Defensores do Movimento de Software Livre comentam que os governos deveriam adotar software livre porque:
promove a independência do fornecedor já que o governo não fica dependente de apenas um fabricante, tão pouco obrigado a adquirir novas licenças a cada vez que algum software deixa de ter suporte ou lança-se uma nova versão;
promove a inclusão digital de forma econômica e eficiente, desde que haja planejamento, por exemplo, treinando instrutores;
economiza dinheiro público pois, deixaria de pagar as licenças cada vez mais caras dos softwares proprietários;
intensifica a segurança da informação pois, com software aberto é possível identificar e adaptar a lógica do sistema para um formato confiável de transporte e de divulgação das informações;
incentiva o mercado interno pois os desenvolvedores e técnicos locais encontrariam mais emprego nessa área.
Os defensores do software proprietário contrapõem que:
o software livre têm custos de manutenção maiores porque requer pessoal especializado, e a maioria dos técnicos locais já possuem conhecimentos para trabalhar nos atuais sistemas;
a questão da soberania não é assim tão importante porque as grandes empresas de software estão dispostas a fornecer acesso a seus códigos-fontes para a análise dos governos ou de grandes grupos empresariais.
Em momentos de crise econômica, com governos cautelosos e com obrigação de economizar, software livre também se apresenta como uma alternativa viável. Um outro fator importante que deve ser considerado é que já existe demanda do setor público para aplicações de computação nas nuvens, e, até o momento, não há concorrência de software proprietário neste cenário.
Alguns juristas ainda divergem sobre a obrigatoriedade do uso de software livre na administração pública, mas autores como Túlio Vianna são categóricos em afirmar que os princípios econômicos consagrados na Constituição brasileira de 1988 impõem o uso do software livre quando houver software disponível nesta licença.
Brasil
Software livre no Brasil é um item fundamental para a estratégia de TI, tanto no governo quanto na indústria de software. A liberdade de escolha e a possibilidade de independência das empresas de software de grande porte é vista como uma grande oportunidade para o desenvolvimento da indústria de TI. Considerando o enorme capital humano que o país tem e o tamanho do seu mercado, torna-se viável a criação de um ecossistema apto a desenvolver este tipo de tecnologia.
Através do Decreto de 18 de Outubro de 2000, foi criado o Comitê Executivo do Governo Eletrônico (CEGE) com objetivo de formular políticas, estabelecer diretrizes, coordenar e articular as ações de implantação do Governo Eletrônico, voltado para a prestação de serviços e informações ao cidadão. Como uma de suas diretrizes, o software livre deve ser entendido como opção tecnológica do governo federal. Onde for possível, deve ser promovida sua utilização. Para tanto, deve-se priorizar soluções, programas e serviços baseados em software livre que promovam a otimização de recursos e investimentos em tecnologia da informação. Entretanto, a opção pelo software livre não pode ser motivada tão somente por aspectos econômicos, mas pelas possibilidades que abre no campo da produção e circulação de conhecimento, no acesso a novas tecnologias e no estímulo ao desenvolvimento de software em ambientes colaborativos e ao desenvolvimento de software nacional.
O CEGE estabeleceu a arquitetura e-PING – Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico que é um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação no governo federal, estabelecendo as condições de interação com os demais poderes e esferas de governo e com a sociedade em geral. e-PING define que, sempre que possível, padrões abertos e soluções em software devem ser adotados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do Decreto de 29 de outubro de 2003, instituiu 8 comitês técnicos com o objetivo de coordenar e articular o planejamento e a implementação de software livre, inclusão digital e integração de sistemas, dentre outras questões relacionadas. Dentre estes comitês, o Comitê Técnico de Implementação de Software Livre aprovou, no dia 2 de outubro 2004, o relatório final que traça diretrizes, objetivos e ações para a implantação de programas de código aberto na administração pública. Ao todo, 18 diretrizes, 12 objetivos e 29 ações prioritárias formam o conjunto de orientações que vão garantir a migração.
Em 2005, o Grupo de Migração de Trabalho para Software Livre (GT-Migra) publica o “Guia Livre: Referência de Migração para Software Livre do Governo Federal”, documentação que serviu de base para implementação de planos de migração nas agências governamentais e outras organizações.
Software Público Brasileiro (SPB)
O conceito de software público surgiu como uma estratégia para compartilhar softwares desenvolvidos pelos órgãos públicos. Os principais objetivos deste compartilhamento foi de reduzir custos, aumentar a produtividade, reaproveitar as soluções existentes, evitar duplicação de esforços, usufruir dos benefícios de ações cooperadas entre outros. As tentativas de compartilhar softwares livres desenvolvidos pelo setor público datam de 1995 e muitas delas não deram certo devido a barreira tecnológica e ao modelo de licença.
Em 2001, o conceito de Software Público foi formalizado através da área de Economia, na Teoria dos Bens Públicos. Bem público é aquele que apresenta características de "indivisibilidade" e de "não rivalidade", e, aplicado a produto como software, permite ser livremente compartilhado entre entidades governamentais e com a sociedade.
Neste mesmo ano, a empresa de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (PROCERGS) disponibilizou a ferramenta de e-mail DIRETO. O compartilhamento focou num primeiro esboço de disponibilização com menor peso nos acordos formais. Ainda existiam à época preocupações de ordem jurídica para concluir os processos de liberação para a sociedade de programas desenvolvidos e geridos com recursos públicos. Isto acabou causando um longo embate jurídico, refletindo em todas as outras instituições de mesmo interesse.
Neste embate jurídico, dois acontecimentos que merecem destaque na promoção do compartilhamento de software pelo setor público:
o resultado do estudo da Fundação Getúlio Vargas demonstrando que a Licença Pública Geral - GPL, adotada pelo software livre, não fere a Constituição e nem o Direito Público e Administrativo;
o licenciamento do primeiro software pelo Governo Federal com a licença GPL: CACIC (Configurador Automático e Coletor de Informações Computacionais). O programa é um inventário de hardware e software desenvolvido pela Dataprev. Devido a aceitação por várias áreas do governo e da sociedade, em menos de um ano criou-se uma ampla rede de colaboração.
Com base no acúmulo de experiência com o software CACIC, aos pouco o conceito de software público foi se desenvolvendo e diferenciando do conceito de software livre. Desta forma, o conceito de Software Público Brasileiro foi adquirindo maturidade e características específicas, tais como a Licença Pública de Marca, a manifestação expressa do interesse público no software, a formação do ambiente público de produção colaborativa de software e o registro do software junto ao INPI.
A concretização do conceito de software público foi obtida através da criação do Portal do Software Público Brasileiro. O Portal do SPB foi criado por iniciativa do Ministério do Planejamento e disponibilizado em abril de 2007, com o objetivo de promover um ambiente de colaboração de usuários, desenvolvedores e prestadores de serviço, auxiliando no desenvolvimento, disponibilização e suporte aos softwares aderentes ao conceito. Atualmente, o portal conta com mais de 130 mil usuários e 56 programas a disposição de gestores públicos e sociedade em diversas áreas, tais como: saúde, educação, saneamento, gestão de TI, TV digital e geoprocessamento.
Assim, conforme a Instrução Normativa Nº 01 de 17 de janeiro de 2011: "O Software Público Brasileiro é um tipo específico de software que adota um modelo de licença livre para o código-fonte, a proteção da identidade original entre o seu nome, marca, código-fonte, documentação e outros artefatos relacionados por meio do modelo de Licença Pública de Marca – LPM e é disponibilizado na internet em ambiente virtual público, sendo tratado como um benefício para a sociedade, o mercado e o cidadão conforme as regras e requisitos previstos no Capítulo II desta Instrução Normativa".
Europa
Conforme relatório do CENATIC "Report on the International Status of Open Source Software 2010", as Instituições da União Europeia têm sido uma importante força impulsionadora no desenvolvimento e adoção de software livre. CENATIC é um projeto estratégico do Governo da Espanha para fomentar o conhecimento e o uso de software livre em todos os âmbitos da sociedade. Essa pesquisa oferece uma visão geral da situação do software livre em diferentes regiões do mundo. Como resultado, vários relatórios e políticas públicas foram desenvolvidas.
O Relatório Técnico e Científico da União Europeia tem destacado que o emprego na área de Serviços de Computação e Software só tem crescido desde 1999, mesmo em momentos de crise. Em comparação com outros países, a Europa só faz menos investimentos na área de TI que os Estados Unidos.
A situação atual do software livre na Europa é resultado de planejamentos feitos no início da década. Destacam-se abaixo os principais fatos históricos que tem relação com a política de uso de software livre nos governos:
em 2001, O documento "eEurope: An Information Society for All", recomendou para que a Comissão Europeia e os estados-membros promovessem o uso de software livre no setor público e também apontou que é possível conseguir melhores práticas em administração eletrônica por meio de troca de experiências;
o relatório emitido pela Comissão Europeia no sentido de promover o software livre, "Pooling Open Source Software", apontou seu potencial na administração eletrônica e recomenda a criação de um repositório público;
em 2003, a Comissão Europeia publicou o documento "Encouraging good practice in the use of open source software in public administrations", que se concentrou no desenvolvimento de centros de competência em OSS em nível nacional e regional, para facilitar o intercâmbio de informações sobre as oportunidades e os riscos associados ao software livre;
ainda em 2003, também foi publicado o documento "Open Source Migration Guidelines", que destacou os principais benefícios da migração para software livre nas administrações públicas. Estas recomendações são destinadas para o uso de gestores de tecnologia da informação e profissionais na administração pública, com o objetivo de ajudá-los a decidir se devem realizar a migração para software livre e como proceder com essa migração.
A Europa tem uma importante comunidade de desenvolvedores ajudando no desenvolvimento do software livre. Esta comunidade pode ter um tamanho até 2,5 maior que o da comunidade de desenvolvedores nos Estados Unidos. No entanto, a fragmentação das Universidades e a falta de coordenação dos esforços de acadêmicos é um dos pontos fracos que a impede que a Europa faça maiores contribuições no desenvolvimento deste setor. A criação do Instituto Europeu de Tecnologia e Inovação tem por objetivo aliviar os efeitos associados a esta fragmentação acadêmica e fortalecer o papel das Universidades em inovação. Para tentar resolver este problema foi criado o "The Seventh Framework Programme" (FP7) que é o principal instrumento da União Europeia para financiar a sua pesquisa tecnológica, e, ficará em vigor de 2007 a 2013. Este instrumento tem contribuído para a participação das universidades em projetos de código aberto. Um desses exemplos é o projeto "SHARE Project", que procura melhorar a competitividade da indústria europeia de sistemas embarcados através da partilha de software livre. A Universidade de Bolonha e a Universidade Politécnica de Madrid participam deste projeto, assim como as empresas Siemens, SESM Scarl e Ciaotech.
Alemanha
A Alemanha é um dos países líderes em desenvolvimento de software livre, juntamente com os Governos da França e da Espanha.
Os principais atos públicos e históricos da Alemanha em apoio ao software livre foram:
em 2000, o governo demonstrou forte apoio público ao software livre, adotando-o como o modelo básico para a era da informação na Europa, com o objetivo de reduzir custos e melhorar a segurança. Posteriormente, o governo realizou uma série de iniciativas específicas para informar sobre as vantagens e desvantagens do software livre. Uma dessas iniciativas foi a criação do KBSt, uma agência de consultoria em Tecnologias de Informação e Coordenação para o Governo Federal. Esta agência publica relatórios, documentos e artigos de imprensa sobre o software livre na administração federal;
em novembro de 2001, o Bundestag, parlamento alemão, aprovou uma resolução promovendo o uso de software livre como um meio de garantir a concorrência, salientando as suas vantagens e retratando-o como uma oportunidade para o setor europeu de software;
em 2002, o Ministério Federal Alemão do Interior assinou um acordo com a IBM e o SuSe, onde as agências governamentais receberiam descontos para a implantação do Linux. Um ano mais tarde, mais de 500 agências de governo já tinha se beneficiado com o acordo;
um dos casos mais conhecidos de migração para software livre ocorreu na cidade de Munique. Em maio de 2003, a cidade anunciou seus planos para migrar 14 mil computadores da administração pública para o Linux e outros softwares livres através de um acordo com a IBM e o SuSe. Apesar da Microsoft fazer uma oferta com um custo inferior ao estimado para a migração, foi decidido implantar o software livre em vez de software proprietário, pois proporcionaria um maior nível de independência. A migração para o Linux foi realizada por dois fornecedores locais: Softcon e GONICUS. A Novell participou na migração do NetWare para o Open Enterprise Server. Foi alocado um orçamento de €35 milhões, sendo que 38% desse valor foi destinado ao treinamento das pessoas. Para muitos observadores, a conversão para software livre na administração da terceira maior cidade da Alemanha teve um efeito tipo onda para outras conversões no setor público alemão, assim como nas maiores cidades da Europa;
em 2009, o governo alemão investiu €500 milhões para o programa "Open Source e Green IT". Isto demonstra mais uma vez que o software livre foi, de certa forma, beneficiado com a crise mundial, já que nesses momentos é comum adotar padrões abertos.
Vários órgãos federais que utilizam software livre no Governo da Alemanha e alguns deles são: Ministério Federal das Finanças, Centro Aeroespacial Alemão, Ministério Federal dos Negócios Estrangeiros, Controle de Tráfego Aéreo, Instituto Federal Alemão de Geociências e Recursos Naturais, entre outros.
Há outros exemplos de implantação de software livre em nível local e regional, tais como em Schwäbisch Hall, Mannheim, North Rhine Westphalia, Lower Saxony, Heidenheim, Berlin, Treuchtlingen, Osterburg, Stuttgart, Frisia, Friesland, Freiburg e Nordrhein-Westfalen.
França
A França é considerada o segundo país europeu mais influente em software livre (desenvolvimento e implantação), ficando atrás apenas da Alemanha. Diversos fatos históricos proporcionaram o aumento do uso do software livre na França e esses fatos também influenciaram a política da União Europeia. Os principais atos públicos foram:
a Agência Francesa para a Administração e Desenvolvimento tem promovido desde 2001 o uso do Linux e de padrões abertos na administração pública;
em 2002, políticas públicas demonstraram um claro apoio para o uso de software livre, como descreve o documento "Guide de choix et d’usage des licences de logiciels libres pour les administrations" (Guia para a seleção e uso de software livre pelas administrações), cujo objetivo é facilitar a seleção e uso do software livre na administração pública. Durante este mesmo ano, a Comissão de Plano Geral publicou uma análise sobre a indústria francesa de software, no qual recomendou que a administração pública deva promover o desenvolvimento de padrões abertos. Também em 2002, a rede pública de hospitais em Paris migrou seu sistema para Linux na tentativa de reduzir custos de manutenção e como um instrumento para homogeneizar seus sistemas;
em 2005, 80.000 usuários de sistemas públicos migraram para o OpenOffice, proporcionando uma economia de 2 milhões de euros;
no final de 2006, um marco importante no desenvolvimento de software livre na França foi a execução do projeto que promovia o desenvolvimento da região ao redor de Paris como um Centro de Excelência para o Desenvolvimento de Software Livre, chamado de "Paris, Capitale du Libre";
entre as atividades realizadas ao longo dos últimos anos, destacam-se as declarações feitas em 2007 pelo Ministério da Defesa, no qual saiu em favor de projetos de software livre, tanto os desenvolvidos internamente quanto aqueles desenvolvidos através de contratos;
em 2008, uma comissão presidida por Jacques Attali chegou à conclusão de que software livre, banda larga e segurança em TI são pontos importantes para o desenvolvimento da nação. Neste mesmo ano, Nicolas Sarkozy recomendou que a França aumente o uso de software livre e argumentou que os incentivos fiscais devem ser considerados como uma forma de estimular o desenvolvimento do setor. Em 2008 o mercado de software livre na França cresceu cerca de 80%.
O apoio institucional para o setor continuou, como demonstrado pelo projeto que iniciou com a migração de 1.154 computadores do Parlamento Francês para o Ubuntu, Firefox, OpenOffice, Mozilla Thunderbird e outros.
A importância alcançada pelo software livre na sociedade francesa, tanto no setor público com no setor privado, foi promovido pelas comunidades que são sólidas e ativa. OW2, Mandriva, Alfresco, Drupal e FUSE são comunidades de destaque na França.
Espanha
Com a crise econômica que iniciou em 2009, a administração pública, as empresas, as universidades e os usuários na Espanha estão se voltando para o software livre. A Espanha está entre os países mais ativos na União Europeia em termos de adoção ao software livre, já que muitas das iniciativas de código aberto vão sendo amplamente aceitas nos setores público e privado. Alguns fatos históricos também tem contribuído com essa situação, e são eles:
em 2002 na cidade de Estremadura inicia-se o projeto gnuLinEx (combinação de Linux com Estremadura). Esse projeto tem por objetivo criar uma plataforma funcional plena, baseada em software livre, possibilitando acesso universal às ferramentas de SI por todos os cidadãos. O gnuLinEx contém uma grande quantidade de software, incluindo o sistema operacional GNU/Linux e aplicações em diversas áreas, tais como contábil, hospitalar e de agricultura. No fim de 2003, o gnuLinEx estava instalado em aproximadamente 40.000 computadores nas escolas, proporcionando um economia de €30 milhões;
em 2003, o documento "Criterios de seguridad, normalización y conservación de las aplicaciones utilizadas para el ejercicio de potestades" (Critério de Segurança, padronização e de conservação para aplicações utilizadas para o exercício de poderes), recomenda o uso de software livre sempre que possível, desde que ele atenda as necessidades exigidas. Posteriormente, o Ministério das Administrações Públicas publicou um guia com recomendações para a adoção de software livre na administração pública;
em julho de 2006, a pedido do Ministério do Turismo, Indústria e Comércio, o Conselho de Ministros aprovou a criação do CENATIC. CENATIC é o único projeto estratégico do Governo da Espanha criado para impulsionar o conhecimento e o uso de software livre em todos os âmbitos da sociedade;
em 2006, o Parlamento espanhol aprovou por unanimidade uma resolução “obrigando” o governo a promover ativamente o uso do software livre na administração pública.
Outro projeto realizado pela Administração Nacional na área de software livre é o Virtual MAP, do Ministério da Administração Pública, que implantou o Linux em 220 servidores, e o Projeto Agrega, promovido pelo Ministério do Turismo, Indústria e Comércio e pelo Ministério da Educação.
Itália
40% da administração publica italiana funciona com software livre, e 93% das Universidades também.
Ásia
China
Quando a Microsoft anunciou o fim do suporte ao MS Windows XP, a China anunciou o início do desenvolvimento de uma versão linux para uso no parque computacional governamental chinês, barrando neste inclusive a entrada do Windows 8.
Coreia do Norte
Também lançou uma versão governamental de linux, nesse caso com visual idêntico ao Mac OS
Perspectivas de crescimento da área de Software até 2020
A instituição membro da Comissão Europeia conhecida como CORDIS (Investigação Comunitária e Serviço de Informações de Desenvolvimento) tem feito análises do documento EC SEC 2009/02 sobre impacto econômico e ações políticas na Europa. Dentro dos resultados são observadas claramente as demandas por software livre. Considerando que a Europa é o segundo mercado mundial de software, os resultados da pesquisa não refletem unicamente naquela região, podendo influenciar também outras regiões, como a América Latina e os Estados Unidos.
O relatório descreve que as principais barreiras do software livre na atualidade são:
baixa adoção de clientes do mercado de PC (sistema operacional e ferramentas de escritório); e
o desenvolvimento conduzido pela comunidade não está adaptado a todos os negócios e segmentos de TI, que são altamente competitivos.
Embora existam essas barreiras, elas são consideradas superáveis. Um cenário pior seriam as barreiras criadas por legislações.
Para a CORDIS, a redução de custos é o primeiro objetivo em qualquer mercado de TI quando se está em crise. A crise de 2009 tem impactado bastante nas políticas de investimento. Nesses momentos de crise adotam-se padrões abertos, como o Linux, por exemplo. Outra razão para a adoção de software livre é muito bem argumentada pelo estudo feito pela UNU-MERIT. Nesse estudo calcula-se o custo de construção de cada uma dos 5 maiores produtos de FLOSS (OpenOffice, Kernel, Firefox, Gcc, XFree86). O resultado em milhões de Euros é respectivamente 482, 882, 154, 329, e 169. Portanto, não vale a pena construir um Software que já está disponível e exige apenas adaptações.
A Europa já investe em software livre na administração pública, assim como a América Latina, liderada pelo Brasil. Na Europa existe a solução para Interoperabilidade na Administração Pública (ISA). Como resultado desse trabalho surgiu o Observatório e Repositório de Software Livre. Também existe uma licença específica para a comunidade europeia conhecida como EUPL. Essa licença difere basicamente da GPL porque inclui a Cláusula de Compatibilidade. Ou seja, o desenvolvimento deve prover a interoperabilidade. O tema interoperabilidade será o mais importante na construção de software até 2020.
O relatório da CORDIS também observa que a implantação da computação nas nuvens atuará como um novo motor de crescimento e que há prosperidade para o software livre em geral. Entre 2015-2020 seu crescimento será limitado por fatores de mercado, como integração de sistemas. Uma razão para isto é que os sistemas estarão mais maduros (desenvolvidos). Essas mesmas observações foram feitas por UNU-MERIT, que afirma que o software livre estará em todos os setores da economia e muito mais bem aceito nas áreas governamentais. O mercado da computação em nuvem no Brasil é considerado fraco. Para a Aliança de Software dos Estados Unidos, o Brasil está em último lugar de uma lista de 100 países pesquisados. Por outro lado, isto também significa que há muito espaço para crescimento.
Para CORDIS os seguinte segmentos são emergente e impactarão na economia pelo menos até 2020:
Web 2.0 --> uma plataforma que possibilita facilidades de compartilhamento de informações e interoperabilidade. Os softwares são os serviços dessa plataforma. Neste ambiente aproveita-se a inteligência coletiva. Exemplos de WEB 2.0 são os Blogs e a própria Wikipédia, entre outros;
Mobilidade → aplicações para dispositivos móveis. Exemplos: serviços baseados em localização, aplicações que são executadas em computação nas nuvens com interface para o dispositivo móvel, entre outros;
M2M → comunicação sem fio de Máquina-para-Máquina. Exemplo: monitoração de equipamentos, onde um equipamento recebe informação de outro; e
IoT (Internet das Coisas) → um exemplo disto são os dispositivos monitorados por RFID. Essa tecnologia é considerada a sucessora do código de barras. Também há possibilidade de integração com Serviços de Internet, permitindo obter dados do dispositivo monitorado.
Esse avanço é possível porque há demanda para estes tipos de software e principalmente porque SOA (Arquitetura Orientada a Serviços) e código aberto vem evoluindo satisfatoriamente. Com a implantação de SOA consegue-se as camadas de interoperabilidade.
O investimento em software livre passará de 4 milhões de Euros em 2008 para 22 milhões em 2020. Isto se deve principalmente pela demanda gerada pelos governos. O setor privado já tem vem analisando esses dados e fará fortes investimentos na área. Isto também reflete na formação de profissionais e no mercado de trabalho. Assim, há demanda para desenvolvedores de software livre e essa demanda tende a crescer nos próximos anos.
Ver também
Software Livre
História do software livre
Ligações externas
Portal do Software Público Brasileiro
Centro Tecnológico de Informação e Modernização Administrativa do município de Itajaí
Celepar - Companhia de Informática do Paraná
SIGA - Sistema Integrado de Gestão Administrativa Desenvolvido pela Justiça Federal do Rio de Janeiro
Software livre
Governo |
A ilha de São Jorge é uma ilha situada no centro do Grupo Central do arquipélago dos Açores, separada da ilha do Pico por um estreito de 15 km - o canal de São Jorge. A ilha tem 53 km de comprimento e 8 km de largura, sendo a sua área total de 237,59 km², e tem uma população de 9171 habitantes (Censos de 2011).
Divisões administrativas
Administrativamente, a ilha é constituída por dois concelhos e onze freguesias:
Concelho: Calheta
Calheta
Norte Pequeno
Ribeira Seca
Santo Antão
Vila do Topo
Concelho: Velas
Manadas
Norte Grande
Rosais
Santo Amaro
Urzelina
Velas
Há três vilas: Calheta, Velas e Vila do Topo.
Geografia
Esta ilha é atravessada por uma cordilheira montanhosa que atinge a altitude máxima de 1 053 metros, no Pico da Esperança. A costa é em geral rochosa, com arribas altas e escarpadas.
A grande particularidade desta ilha são as Fajãs, quase todas habitadas mas de acesso muito difícil. Na costa Norte, destacam-se as Fajã do Ouvidor, Fajã da Caldeira de Cima, Fajã da Ribeira da Areia, Fajã dos Cubres e Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Na costa Sul, as mais importantes são a Fajã dos Vimes e a Fajã de São João.
A sua origem está ligada um vulcanismo fissural promovido pela expansão da crosta do Atlântico e está associada a uma falha transformante que vai desde a CMA até a ilha de São Miguel - a Falha de São Jorge
Foi assim esta ilha criada por sucessivas erupções vulcânicas em linha recta, de que restam crateras, a sua plataforma central tem a altitude média de 700 metros, descendo muitas vezes quase a pique desde essa altitude até às fajãs junto do mar. Tendo assim alguns locais uma costa altamente escarpada e quase vertical, sobretudo a norte. Está situada a 28º 33’ de longitude Oeste e a 38º 24’ de latitude Norte.
O clima como nas restantes ilhas do grupo Central, é moderado, com temperaturas médias anuais oscilando entre 12 °C (53 °F) e 25 °C (77 °F).
Esta ilha apresenta um perfil bastante alongado e bastante estreito que a torna única a nível do arquipélago dos Açores, dado que nenhuma outra apresenta semelhante característica. É uma ilha cujas Serras são muito elevadas nas vertentes voltadas ao Norte, principalmente devido à forte e constante abrasão do mar e também porque este se apresenta nesta face da ilha bastante profundo. Estas características permitiram o surgimento da fajã que no caso da ilha de São Jorge e devido à sua quantidade é também caso único nos Açores.
A costa sul apresenta-se com um declive muito menos acentuado, descendo quase com suavidade até ao mar. Nesta costa muito mais baixa é raro surgiram fajãs.
Para esta morfologia muito terá contribuído a da tectónica regional, que formou um alinhamento de cones estrombolianos com origem no vulcanismo fissural.
Ainda na mesma edição d'A Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 63, de Dezembro de 2003, afirma-se: ("… De entre os diversos trabalhos publicados sobre a ilha de São Jorge destacam-se, por estabelecerem uma escala vulcanoestratigráfica, os de Forjaz (1966, 1979), Forjaz et ai. (1970, 1990) e Forjaz & Fernandes (1970, 1975). Posteriormente, Madeira (1998) considera as mesmas unidades definidas por aqueles últimos autores, embora (l) usando a nomenclatura apresentada na Carta Geológica de Portugal na escala 1:50.000 (Forjaz & Fernandes, 1970); (2) inserindo as erupções históricas no complexo vulcânico mais recente e (3) apresentando algumas alterações nas manchas cartográficas definidas por Forjaz et al.(1970), que não se mostra relevante pormenorizar no âmbito deste trabalho.
Sucintamente serão caracterizados os diferentes complexos, que por ordem decrescente de idades são: Complexo Vulcânico do Topo, Complexo Vulcânico dos Rosais e Complexo Vulcânico de Manadas. …")
Pede desta forma descrever-se a geomorfologia da ilha de São Jorge que a Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 61, de Dezembro de 2003, afirma assim: "(… A ilha de São Jorge onde há uma clara expressão geomorfológica da tectónica regional, exibe um alinhamento de cones estrombolianos de direcção WNW-ESSE, que evidencia um vulcanismo fissural por excelência.
A ilha desenvolve-se ao longo de cerca de 55 km, desde a Ponta dos Rosais até ao Ilhéu do Topo observando-se a sua máxima largura entre a Fajã das Pontas e o Portinho da Calheta (aproximadamente 7 km). A área ocupada por São Jorge ronda os 246 km² (Madeira, 1998). A diferença entre um relevo vigoroso a W, e uma morfologia bastante mais suave a E permite individualizar duas regiões distintas, respetivamente, a Região Ocidental e a Região Oriental, separadas, grosso modo, pelo vale da Ribeira Seca.
A primeira abrange a área compreendida entre a Ponta dos Rosais e o limite definido pela Canada da Ponta, a norte, e a Grota Funda, a sul (Madeira, 1998). Esta é a região de vulcanismo mais recente, o que é inferido quer pelas formas bem preservadas de alguns cones e do aspeto fresco dos produtos vulcânicos a eles associados, quer por nela se situarem os centros eruptivos das erupções históricas de 1580 e 1808. Uma atividade vulcânica mais intensa foi determinante para que no centro e na parte oriental desta região se observem as maiores altitudes, nomeadamente no Pico da Esperança (1053 m). Pelo contrário, no extremo ocidental da ilha, a ausência de um processo construtivo similar permitiu que os efeitos erosivos marinhos prevalecessem, afetando drasticamente a superfície da ilha nas imediações de Rosais.
Para além dos cones resultantes de uma nítida atividade estromboliana são visíveis, ainda, três cones relacionados com atividade frea-tomagmática, subaérea (Pico do Areeiro) e submarina (Morro Grande e Morro do Lemos).
Os perfis representados na são demonstrativos do contraste que ocorre entre as vertentes NE e SW da ilha de São Jorge. A maioria das arribas do lado NE tem alturas entre 300 e 400 m e declives bastante acentuados (45° a 55°; Madeira, 1998). Neste sector são visíveis várias fajãs, sendo algumas lávicas (Fajã do Ouvidor, Fajã das Pontas e Fajã da Ribeira da Areia) e outras detríticas (Fajã de João Dias e Fajã da Penedia). No lado SW as arribas apresentam alturas mais variáveis, no entanto, sempre superiores a 100 m. Ao longo do litoral observam-se, também, algumas fajãs lávicas, tais como Fajã das Velas, Fajã da Queimada, Fajã Grande e Fajã da Calheta.
O regime de carácter periódico das ribeiras da região ocidental da ilha está fortemente condicionado pela morfologia vulcânica recente. Neste contexto, as linhas de água são pouco extensas, de padrão mais ou menos paralelo e mostram-se frequentemente pouco encaixadas, com exceção para os casos em que se desenvolvem sobre depósitos piroclásticos. A região oriental, igualmente resultante de uma atividade fissural intensa, é notoriamente mais antiga e fortemente modelada pela erosão. Deste modo verifica-se
(l) um recuo do litoral NE até à cadeia axial dos cones; (2) que as arribas são mais altas do que as existentes na região ocidental; (3) que a morfologia original dos cones está mais apagada; (4) que os efeitos da tectónica estão mais presentes; (5) que as fajãs são todas detríticas, por ausência de um vulcanismo mais recente; (6) que os cursos de água se mostram mais encaixados no relevo e (7) que o grau de hierarquização das bacias hidrográficas é um pouco mais elevado do que na região ocidental (Madeira, 1998).
É de realçar, ainda, o facto de os cursos de água da parte oriental, por se desenvolverem obliquamente à ilha, apresentarem um maior comprimento. …)
História
Descoberta e povoamento
A ilha aparece figurada, sem identificação, no "Portulano Mediceo Laurenziano" (Atlas Laurentino, Atlas Mideceu), de 1351, atualmente na Biblioteca Medicea Laurenziana, em Florença, na Itália. Mais tarde, no Atlas Catalão, de Jehuda Cresques, de cerca de 1375, actualmente na Bibliothèque Nationale de France em Paris, encontra-se figurada e nomeada com o seu atual nome: "São Jorge".
Desconhece-se a data exacta de quando os primeiros povoadores nela desembarcaram, no prosseguimento da política de povoamento do arquipélago, iniciada cerca de 1430 pelo Infante D. Henrique. Gaspar Frutuoso, sem indicar o ano da descoberta, refere ter sido:
"(...) achada e descoberta logo depois da Terceira, pois não se sabe com certeza quem fosse o que primeiro a descobriu, senão suspeitar-se que devia ser Jácome de Burgues [sic], flamengo, primeiro capitão da Ilha Terceira, que depois acharia a de São Jorge, e, pela achar em dia deste Santo [23 de abril], lhe poria o seu nome, ou por ventura a achou o primeiro capitão de Angra, Vascoeanes Corte Real [João Vaz Corte Real], depois de divididas as capitanias da mesma Ilha."
A mesma data será seguida pelo padre António Cordeiro, que entretanto refere o ano como 1450. Essa data, contudo, é incorreta, uma vez que pela carta de 2 de julho de 1439 Afonso V de Portugal concede ao seu tio, o infante D. Henrique, autorização para o povoamento das (então) sete ilhas dos Açores, em que São Jorge já se incluía. Por outro lado, João Vaz Corte Real foi capitão do donatário da Capitania de Angra em 1474, e da de São Jorge em 1483. Raciocínio semelhante se aplica à figura de Jácome de Bruges.
Sabe-se, no entanto, que o seu povoamento terá se iniciado por volta de 1460. Estudos recentes indicam que o primeiro núcleo populacional se tenha localizado na enseada das Velas de onde se irradiou para Rosais, Beira, Queimada, Urzelina, Manadas, Toledo, Santo António e Norte Grande. Um segundo núcleo ter-se-há localizado na Calheta, com irradiação para os Biscoitos, Norte Pequeno e Ribeira Seca.
Diante do insucesso do povoamento da Ilha das Flores, o nobre flamengo Willem van der Hagen (Guilherme da Silveira), por volta de 1480 veio a fixar-se no sítio do Topo fundando uma povoação, e aí vindo a falecer. Os seus restos mortais encontram-se sepultados na capela do Solar dos Tiagos.
É pacífico que a ilha já se encontrava povoada quando João Vaz Corte Real, Capitão-donatário da capitania de Angra (ilha Terceira), obteve a Capitania da Ilha de São Jorge, por carta régia de 4 de Maio de 1483 (Arquivo dos Açores, vol.3, p. 13).
Como nas demais ilhas atlânticas, os primeiros povoadores, vindos do mar, fixaram-se no litoral, junto aos melhores e mais seguros ancoradouros. O crescimento populacional e desenvolvimento económico foram rápidos, de modo que:
em 1500, a povoação das Velas foi elevada a vila e sede de concelho;
em 1510 (12 de setembro), a povoação do Topo foi elevada a vila e sede de concelho; e
em 1534 (3 de junho), a povoação da Calheta foi elevada a vila e sede de concelho.
Na segunda metade do século XVI, a ilha contava com cerca de 3000 habitantes, concentrados nas suas três vilas.
A economia desenvolveu-se em torno da agricultura do trigo, do milho e do inhames, complementada pela vinha. Eram importantes também o cultivo do pastel e a coleta de urzela, exportados para a Flandres, de onde eram redistribuídos para outros países da Europa. Remonta a este período a produção do tradicional Queijo São Jorge, tendo mais tarde Gaspar Frutuoso registado:
"Há nela muito gado vacum, ovelhum e cabrum, do leite do qual se fazem muitos queijos em todo o ano, o que dizem ser os melhores de todas as ilhas dos Açores, por causa dos pastos (...)." (Da Descrição da Ilha de S. Jorge. in Saudades da Terra, Livro VI, cap. 33)
Piratas e corsários
No decorrer da sua história, a ilha foi sujeita a ataques de piratas e corsários, como por exemplo os assaltos às Velas (1589 e 1590) e de piratas da Barbária durante todo o século XVI (dos quais o mais importante registou-se em 1597). Estes últimos promoveram um grande ataque à Calheta em 1599, tendo escravizado habitantes da Fajã de São João em 1625. No século seguinte, a calmaria foi rompida pelo ataque à vila das Velas pelos corsários franceses sob o comando de René Duguay-Trouin (20 de Setembro de 1708), a caminho do Rio de Janeiro. Embora a população tenha resistido durante vinte e quatro horas, não conseguiu, no entanto, evitar o desembarque. Os invasores foram detidos no sítio das Banquetas, impedidos assim de ocuparem e saquearem as povoações vizinhas. Nessa defesa, destacou-se a ação enérgica do Sargento-mor Amaro Soares de Sousa.
A Dinastia Filipina
Diante da crise de sucessão de 1580, a ilha de São Jorge, como a Terceira, declarou-se por D. António I de Portugal, vindo a capitular apenas quando da queda da Terceira, em 1583.
A ilha mergulha, a partir de então, num longo período de isolamento, devido em grande parte à precariedade de seus ancoradouros, incapazes de oferecer refúgio adequado às naus, bem como à limitada importância de sua economia. A Dinastia Filipina sujeitou-a a um regime tributário especial e, no geral, foi relegada a segundo plano.
Os séculos XVII e XVIII
O século XVII na ilha foi marcado pelo chamado Motim dos Inhames, uma revolta contra os pesados impostos cobrados à população à época, que eclodiu na Calheta e no Norte Grande (1697). Em sua origem esteve a ação de Francisco Lopes Beirão que, em 1692 arrematou por três anos em Lisboa, o contrato para cobrança do dízimo das "miunças e ervagens" da ilha pela quantia de 415$000 réis.
O século XVIII foi marcado pelo grande terramoto de 9 de Julho de 1757. Durou dois minutos e causou cerca de 1.000 mortos, 125 dos quais na Vila do Topo, sendo seguido de tsunami de fraca intensidade. Desde o Topo até à Calheta não houve casa que resistisse sem danos. Nos dias que se seguiram ao sismo surgiram na costa norte da ilha 18 ilhotas resultantes dos deslizamentos de terra e, passados 3 dias, ainda se ouviam os gritos de pessoas soterradas na Fajã de São João. Este foi o maior sismo registado na história da ilha, e ficou conhecido como o "mandado de Deus".
O século XIX
No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, regista-se o desembarque das tropas liberais na ilha (10 de Maio de 1831), tendo lugar o recontro da Ladeira do Gato, com a vitória dos liberais, registando-se algumas baixas.
Como nas demais ilhas do arquipélago, em meados do século XIX as vinhas foram devastadas pela filoxera (1850, 1860), período em que a exportação de laranjas trouxe alguma prosperidade à economia da ilha.
Na última década do século, a par com as ilhas vizinhas, inicia-se a caça à baleia.
Do século XX aos nossos dias
O histórico isolamento da ilha só começou a ser rompido no século XX, com as obras dos seus dois principais portos: o Porto de Velas e o Porto da Calheta, a que se somou a construção do Aeródromo de São Jorge, inaugurado em 23 de Abril de 1983.
Isso abriu a ilha a novos horizontes de desenvolvimento e progresso; para o qual junta-se o aproveitamento dos seus recursos naturais, a expansão da pecuária e pesca, o fabrico do famoso queijo da Ilha de São Jorge, o turismo.
O grande sismo de 1 de Janeiro de 1980 que atingiu as ilhas Terceira e Graciosa também se fez sentir em S. Jorge. Ocorreu pelas 16:42 (hora local), durou entre 11 a 20 segundos e teve magnitude de 7,2 na escala de Richter e intensidades de VIII na escala de Mercalli na Vila do Topo e em Santo Antão, em S. Jorge, tendo aqui feito, além de extensos danos materiais, 20 vítimas fatais.
Em 9 de julho de 1998 um forte sismo, que atingiu 5,8 na escala de Richter, causou danos materiais.
Património civil humano e agrícola
Durante os cinco séculos e meio de ocupação humana da ilha o homem marcou profundamente a paisagem; de uma cobertura vegetal dominada pelas florestas de laurissilva surgem novas marcas na paisagem da ilha. Essas marcas visíveis em vários campos estão na paisagem agrícola, na construção religiosa, na civil e também militar.
Passam pelo campo civilizacional transformando São Jorge numa ilha que se do ponto de vista paisagístico é considerada profundamente monumental, no sentido clássico do termo e tendo em atenção as suas arribas, falésias e fajãs, é por outro lado um "museu vivo", que se mostra claramente na sua história e tradições materializadas ou no património móvel e imóvel que se estende desde a Ponta dos Rosais à ponta do Topo.
Ao nível do património civil, esta ilha mostra as influências recebidas do exterior ao longo dos séculos. Essas influências chegaram a através dos contactos mantidos desde o século XV com várias regiões de Portugal e de outros países conforme a origem dos povoadores. Aqui e ali surgem na paisagem influencias espanholas trazidas eventualmente pelos Ávilas e da Flandres trazidas estas pelo povoador Willem van der Hagen. Manifestam-se principalmente nas construções mais antigas.
Este património também está nas adaptações que o homem fez da paisagem, seja por necessidade ou seja pela criatividade, de forma a facilitar a vida quotidiana, numa terra virgem e cujo ambiente nem sempre foi o mais dócil se tivermos em atenção não apenas as erupções vulcânicas, estas por si mesmas grandes transformantes da paisagem, mas também os terramotos, e a datação da própria orografia jovem que origina à queda de falésias, dando estas origem às características fajãs de São Jorge.
Este património pode ainda ser dividido entre as suas versões "rural" e "urbana", com as suas atuais vilas (Velas e Calheta) onde a arquitetura urbana mais se faz sentir, sem ainda esquecer o antigo concelho do Topo e a sua principal localidade (Vila do Topo).
Nos povoados mais antigos nota-se uma transição do rural ao urbano mais acentuada. Esta transição tem expressão na localidade do Topo, um dos mais antigos povoados da ilha de São Jorge, podendo aqui caracterizar-se por uma estrutura urbana bem acentuada. A Vila da Calheta tem uma estrutura urbana mais frágil e menos organizada desde o seu inicio construtivo, mantendo umas características tradicionais de ruas algo desalinhadas.
Na localidade da Velas existe uma estrutura urbana bem consolidada, para o que também contribuiu a plataforma plana onde o povoado se desenvolveu.
O povoamento rural mostra-se disperso, e basicamente ordenado ao longo das vias de comunicação apresentando grandes espaços vazios de habitações entre as localidades.
Desenvolvimento económico
Depois do estabelecimento de forma definitiva dos primeiros núcleos de povoadores e também depois de garantida a sua subsistência mais imediata principalmente do ponto de vista alimentar e de abrigos, deu-se o início do seu desenvolvimento económico que aconteceu com o cultivo da urzela e do pastel e a introdução de diversas culturas exportáveis como foram o trigo ou o milho.
O trigo foi um produto base da alimentação, tendo sido introduzido logo nos primeiros tempos do povoamento, foi além de uma base alimentar um importante produto de exportação para o reino e Praças da África Portuguesa, transformando-se assim num dos mais importante produtos de obtenção de riqueza, riqueza essa que no entanto ficava quase sempre na posse dos grandes latifundiários rurais pouco chegando a uma imensa mão de obra rural e barata que lutava pela subsistência.
O pastel foi um dos grandes produtos de exportação da ilha de São Jorge e dos Açores em geral. Foi introduzido nesta ilha pelo povoador Guilherme da Silveira por volta de 1490. Era exportado, junto com a urzela para a Flandres, de onde Guilherme da Silveira era natural. Nesses mercados centro Europeus, tanto a urzela como o pastel atingiam grandes preços e davam grandes lucros. Eram usados para efeitos de tinturaria.
O cultivo da Videira, mais tarde foi também um dos grandes produtos agrícolas da ilha de São Jorge. A vitivinicultura desempenhou um importante papel económico logo depois de passar o ciclo do trigo, do pastel e da urzela. Assim o vinho foi a mais importante exportação da ilha desde pelo menos 1571 e durou por três séculos.
Encontrando-se já no século XV, disseminado por parte significativa da costa sul da ilha de São Jorge, depois das primeiras experiências realizadas na ilha Terceira e na ilha de São Miguel.
Foi uma cultura que, devido às condições geológicas, se adaptou bem à faixa que vai desde o lugar da Ribeira do Almeida e freguesia da Queimada (Velas) até à freguesia das Manadas, com extensões cultivadas em várias fajãs do concelho da Calheta, nomeadamente na Fajã dos Vimes, na Fajã de São João, na Fajã do Ouvidor, na Fajã Grande entre outras.
Estes eram terrenos não adequados à cultura de cereais, para os quais foi encontrada esta cultura "alternativa".
As maiores produções localizaram-se principalmente no eixo Queimada–Urzelina–Manadas, de tal modo que esta parte da ilha se transformou num dos melhor espaços da ilha, sendo também o mais estimado e lucrativo.
As castas dominantes foram as do verdelho e do terrantez, embora também se tenha cultivado bastardo, moscatel, e alicante, entre outros.
Contrariamente ao que aconteceu em outras ilhas dos Açores, como foi o caso da ilha do Pico, ou nos Biscoitos, na ilha Terceira e também na ilha Graciosa, na ilha de São Jorge as vinhas produziam espalhadas pelas faias e pelos arvoredos, embora também se fizesse o cultivo nos tradicionais currais, feitos estes com muros de pedra basáltica e que abrigavam as plantas que cresciam junto ao solo.
Em anos considerados regulares, e já no século XVI, chagou-se a produzir nesta ilha vários milhares de pipas de vinho. Só na Queimada chegou-se às 1.500 pipas. Destas 1.500 pipas chegou-se às 10 000 pipas que eram suficientes para consumo da ilha, venda em outras ilhas do arquipélago e ainda vender no continente português, além de se proceder à exportação para o estrangeiro. (O vinho do Pico, produzido com as mesmas castas, chegou a estar na mesa dos czares da Rússia). A produção regular manteve-se sempre em torno das 10000 pipas, até meados do século XIX.
A produção de vinho da ilha de São Jorge atingiu elevada qualidade do ponto de Conde de Almada, então Capitão General dos Açores, emitir em 1801 um decreto no sentido de criar a marca "São Jorge" e isto para evitar as especulações e os fraudes com este produto de tão lucrativo.
A qualidade do vinho da ilha de São Jorge foi muito apreciada na Exposição Universal de Paris de 1867, em que se afirmou que este poderia rivalizar com o Vinho do Porto.
Tal como aconteceu nas outras ilhas dos Açores e em praticamente toda a Europa, mas nesta ilha só um pouco mais tarde, em 1854, também o famoso Oidium tukeri chegou a São Jorge.
Foram feitas várias tentativas de retoma da produção, nomeadamente pelo Barão de Ribeiro (Francisco José de Bettencourt e Ávila), na Urzelina, seguido por Miguel Teixeira Soares de Sousa e Marta Pereira da Silveira, que procederam à plantação da casta Izabela.
A filoxera, no entanto, continuava a causar grandes estragos no concelho da Calheta durante a segunda metade do século XIX. Só no fim do século, é que a produção foi retomada e foi muito abundante.
Esta terrível doença da videira praticamente destruiu toda a cultura da vinha da ilha e levou muitos agricultores que dependiam exclusivamente deste produtos à falência.
Para a história desta cultura ficou o famoso vinho do lugar dos Casteletes, na freguesia da Urzelina, por ser onde se produzia um dos vinhos de maior qualidade. Envolvidos nesta produção estiveram quase todas as famílias latifundiárias da ilha que possuíam terras em locais cuja produção do vinho fosse possível. Foi o caso da família Noronha na pessoa do morgado João Inácio de Bettencourt Noronha que fazia a grande produção vinhateira não só na Urzelina, mas também na Fajã de São João.
O Ciclo da laranja foi o nome como ficou conhecido o período do cultivo da Laranja nesta ilha e nos Açores em geral. A Laranja foi uma cultura introduzida nas ilhas durante o século XVII e que dado as condições ambientais aliadas à grande fertilidade do solo de cinzas vulcânicas alcançou uma grande produção. A exportação da laranja para a Inglaterra e América do Norte chegou a atingir, em anos ordinários, mais de seis barcos cargueiros por estação.
Procedeu-se ao cultivo da laranja na faixa territorial que se estende desde a localidade de Santo amaro, Urzelina, Ribeira Seca e Fajã de São João. Em anos de colheitas regulares chagou-se a produzir mais de 7000 milheiros (cada milheiro, equivale a 142 quilos, o que dá por ano o equivalente a 994 toneladas de laranja.)
A cultura do inhame foi desde a introdução desta planta na ilha de São Jorge, e mesmo nas restantes ilhas dos Açores, uma importante fonte de subsistência, particularmente das classes mais desfavorecidas. Cultivava-se em todas as freguesias e em todos os locais da ilha onde fosse possível aproveitar uma nesga de solo deixado por cultivar com outras produções tidas por mais valiosas.
Esta cultura entrou para a história da ilha de São Jorge, não só, como já referido por ser o produto alimentar por excelência das camadas mais desfavorecidas, mas principalmente, porque a cobrança do seu Dízimo originou um Motim na Calheta e Norte Grande em 1694, pelo que está representado no Escudo de Armas da Vila da Calheta.
A indústria da caça à baleia, foi igualmente e durante a última década do século XIX até meados do século XX, uma importante fonte de rendimento para uma extensa camada da população que vivia quase exclusivamente desta industria. Ao longo de locais estratégicos por oferecerem uma boa vista sobre o mar foram construídos locais de observação da baleia e que assim que um destes cetáceos era avistado, o vigia dava o alarme fazendo com que a população corresse para o cais mais próximo com o objetivo de dar inicio à caçada.
Durante o século XX, na década de 1960, foi de grande importância a pesca da albacora e do bonito, para o que foram armados diversos barcos dedicados a esta pesca cuja abundância foi tal que justificou a criação de duas unidades fabris na Vila da Calheta para a transformação e conserva do Peixe.
Atualmente a maior atividade produtiva é sem duvida a que está ligada à exploração agro-pecuária e que se devida desde a criação de bovinos quer para a produção de carne e de leite que, entregue, este último nas Cooperativas, é transformado no queijo de São Jorge, que é detentor de Denominação de Origem Protegida.
No artesanato local, destaca-se trabalhos em lã da Fajã dos Vimes, madeira de cedro na Ribeira Seca, bem como a construção de barcos de pesca na Calheta e no Topo.
Meteorologia
São Jorge localiza-se em pleno oceano Atlântico numa zona de altas pressões atmosféricas, beneficiando da influência da corrente do Golfo que, mantendo a temperatura da água do mar entre os 17° e os 23 °C e com temperaturas atmosféricas entre os 13° e os 24 °C, condiciona a humidade do ar com uma média anual de 75 % e proporciona um regime de chuvas que ajudam a moldar não só o aspeto físico da paisagem como dos seres que a habitam.
Flora
Está ilha era possuidora de uma flora característica e comum, aquando da sua descoberta, à flora das outras ilhas atlânticas da Macaronésia. Ao longo dos séculos a ação dos povoadores e de marinheiros vindos da África, Ásia, e Américas acabou por causar uma profunda alteração na cobertura vegetal da ilha.
Além disso, as arroteias muitas vezes feitas por grandes incêndio que ardiam durante semanas nas florestas primitivas, a agricultura e a pastorícia causaram o desaparecimento de grande parte da floresta primitiva da ilha ao ponto de atualmente só restarem vestígios nas zonas de mais difícil acesso, onde ainda é possível encontrar: cedro-do-mato, louro-sanguinho, dragoeiro, pau-branco, urze, faia, remania, vinhático. Estes locais encontram-se quase todos protegidos por lei.
A introdução de outras plantas teve também um papel importante na subsistência das populações e hoje apesar de caracterizarem, embelezarem e perfumarem as paisagens da ilha, são muitas vezes invasores e de difícil controlo chegando a causar grande dano à flora indígena. São exemplos de flora introduzida: batata, o inhame, o pastel, a batata-doce, a laranja, a conteira, a criptoméria, o linho, o trigo, o eucalipto, o milho, a vinha, a hortênsia, a acácia, entre várias muitas outras que são usadas desde a alimentação humana à animal, mas também como ornamentais.
Atualmente e em altitude predomina a pastagem, como constituinte principal da cobertura vegetal na ilha. Nas fajãs existe uma miríade de milhares de plantas em harmoniosa convivência podendo encontrar-se varias centenas de diferentes plantas em poucos hectares de terreno, constituindo um precioso e variado ecossistema em que esta coberta vegetal dá abrigo a uma fauna também muito abundante.
Fauna
Existem poucos dados sobre a fauna primitiva desta ilha a quando da sua descoberta. Sabe-se no entanto que era composta basicamente por aves e insetos.
Algumas das espécies de aves que na altura existiam ainda hoje persistem. São o caso do cagarro, do garajau, do milhafre, do canário, da labandeira, do pintassilgo, da estrelinha (raro e protegido), do melro, do tentilhão, da gaivota.
Na orla costeira, existe uma variedade de fauna que não sofreu alterações desde a descoberta da ilha, são crustáceos e moluscos que ainda se encontram como é o caso da amêijoa, do caranguejo, da lapa-brava, do búzio, da craca, da lapa-mansa entre muitas outras populações.
Todos os animais de grande e médio porte, à exceção do morcego, foram introduzidos e, alguns deles, bem recentemente como é o caso do pardal, que chegou à ilha de são Jorge em 1970.
Manifestações festivas de carácter popular
As principais manifestações festivas de carácter popular da ilha de São Jorge, não são diferentes das que se fazem na generalidade das restantes ilhas dos Açores, e são as Festas do Espírito Santo que convergem em torno do Império do Divino e são uma importante manifestação religiosa que tem lugar todos os domingos durante sete semanas após da Páscoa e culmina no sétimo domingo, Pentecostes, variando de localidade para localidade dentro da ilha.
A Semana Cultural das Velas é igualmente outra expressão popular que mistura o etnografia tradicional com nas novas manifestações culturais que chegam de fora. Durante esta semana celebram-se conferências e exposições de figuras destacadas da cultura de Açores. Na primeira semana de Julho são feitos concertos de artistas locais e vindos de Portugal Continental. Também se realiza durante estas festividades uma feira Taurina, e finalmente a regata de Horta-Velas-Horta, que completa o cartaz destas festas.
O Festival de Julho é o nome de outra manifestação festiva, desta vez realizada no concelho da Calheta. Estas festas duram quatro dias e são compostas por desfiles etnográficos, comédias musicais e representações teatrais, até exposições e concursos desportivos de diversas índoles.
As romarias são uma tradição da ilha de São Jorge e está profundamente ligada à crença da intervenção Divina contra a força dos Vulcões e Terramotos. Assim surge a Romaria de Nossa Senhora de Carmo que se realiza na Fajã dos Vimes, em 16 de Julho de cada ano. E a Romaria de Santo Cristo que se realiza na Fajã da Caldeira de Santo Cristo. Estas romarias são sempre compostas por uma procissão do orago do lugar, por fogos artificio e missa.
Gastronomia
A gastronomia da ilha de são Jorge embora inclua muitas das restantes tradições gastronómicas dos Açores, tem muitas características únicas da ilha. São os pratos típicos de carne e peixe confecionados com abundância de especiarias que a estas ilhas chegaram trazidas por mar.
Entre os pratos tradicionais e exclusivos da ilha de São Jorge há aqueles que são confecionados com amêijoas, visto esta ser a única ilha dos Açores onde esta espécie existe na natureza. Esta espécie é capturada na Fajã da Caldeira de Santo Cristo, nas margens da Lagoa da Fajã de Santo Cristo.
Na doçaria existe uma grande quantidade de doces variados, alguns de origem conventual, outros criados pela própria população. Entre esses doces destacam-se: Os coscorões, as rosquilhas de aguardente, as espécies, os suspiros, os olvidados, os bolos de véspera, os cavacos, a queijada de leite, e a açucareira branca.
Nesta ilha produz-se um pão tradicional exclusivamente feito de farinha de milho que pode ser milho branco ou milho amarelo e que foi durante séculos um dos poucos cereais ao alcance de todos, já que o trigo só se encontrava ao alcance das classes mais abastadas.
O inhame foi outros dos produtos grandemente ligado à gastronomia tradicional desta ilha chegando em alguns locais a ser a base da alimentação.
O queijo de São Jorge é um produto tão importante para a economia da ilha que até foi criada a Confraria do Queijo de São Jorge.
Este é um dos produtos mais famosos da ilha e que é exportando para todo o mundo é curado durante alguns vários meses em salas onde é mantida uma temperatura e humidade constante. (A sua receita e composição não é conhecida de todos, de modo que a receita tradicional é tida como secreta). O seu sabor é algo agreste e está profundamente ligado com a alimentação do gado, seja com a erva que o mesmo come, livre nas pastagens, seja por ser habito desta ilha alimentar-se o gado principalmente durante o Inverno com os ramos do incenso, árvore do origem Oriental e que foi introduzida nos Açores e que atualmente se encontra disseminada por todas as ilhas do arquipélago.
Bibliografia
ÁVILA, João Gabriel de. História da Ilha de São Jorge: descoberta, povoamento, economia (Conferência), Velas (Açores), Câmara Municipal da Velas, 1994. 36p. mapas.
Revista de Estudos Açorianos, Vol. X, Fasc. 1, página. 63, de Dezembro de 2003.
Açores, Guia Turístico 2003/2004, Ed. Publiçor.
ALBERGARIA. Isabel Soares de. Jardins e Parques dos Açores. Dep. Legal 235961/05
Guia do Património de São Jorge, Dep. Legal 197839/03
Ver também
Armazém da Laranja (Urzelina)
Câmara Municipal de Velas
Complexo Vulcânico do Topo
Complexo Vulcânico dos Rosais
Complexo Vulcânico de Manadas
Ermida de Nossa Senhora dos Milagres
Forte do Espírito Santo da Ilha de São Jorge
Grutas do Algar do Montoso
Lista das fajãs da ilha de São Jorge
Morro Norte (Velas)
Quinta do Canavial (Entre Morros)
Pico do Montoso
Ponta do Topo
Porto das Manadas
Porto de Vila do Topo
Solar dos Noronhas
Solar Soares Teixeira
Solar Cunha da Silveira
Solar João Inácio de Sousa
Ligações externas |
Suriname (; ; ; ), oficialmente chamado de República do Suriname (em neerlandês: Republiek Suriname), é um país do norte da América do Sul, limitado a norte pelo oceano Atlântico, a leste pela França (Guiana Francesa), a sul pelo Brasil e a oeste pela Guiana. Com pouco menos de 165 000 quilômetros quadrados, é o menor país da América do Sul. O Suriname tem uma população de aproximadamente 632,638 (2022 est.), a maioria dos quais vive na costa norte do país, dentro ou nos arredores da capital e maior cidade do país, Paramaribo. O Suriname é considerado uma nação medianamente desenvolvida, com índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,738, considerado elevado, e com um renda per capita de US$ 6 373 e perspectiva média de vida ao nascimento de .
Suriname foi por muito tempo habitado por vários povos indígenas antes de ser explorado e contestado pelas potências europeias do século XVI, chegando finalmente ao domínio holandês no final do século XVII. Durante o período colonial holandês, foi principalmente uma economia de plantação dependente de escravos africanos, mas que, após a abolição da escravidão, servos da Ásia foram contratados. Em 1954, Suriname tornou-se um dos países constituintes do Reino dos Países Baixos. Em 25 de novembro de 1975, Suriname deixou o Reino dos Países Baixos para se tornar um estado independente, mantendo, no entanto, estreitos laços econômicos, diplomáticos e culturais com seu antigo colonizador.
A rigor, apesar da contiguidade geográfica, é incorreto classificar o país como sendo integrante da América Latina devido à sua colonização pelos Países Baixos, cujo idioma, o neerlandês é de matriz germânica, assim como o inglês. Este fato favorece um vínculo cultural com a Guiana e com vários países da região do Caribe colonizados por britânicos e neerlandeses.
O Suriname é considerado um país culturalmente caribenho e é membro da Comunidade do Caribe (CARICOM). Enquanto o neerlandês é a língua oficial do governo, dos negócios, da mídia e da educação, o sranan ou surinamês, uma língua crioula baseada no inglês, é uma língua franca amplamente usada no país. O Suriname é a única nação soberana fora da Europa, onde o neerlandês é falado pela maioria da população. Como legado da colonização, o povo do Suriname está entre os mais diversos do mundo, abrangendo uma grande quantidade de grupos étnicos, religiosos e linguísticos.
Etimologia
O nome Suriname pode derivar de um povo indígena chamado Surinen, que habitava a área na época do contato com os europeus. O sufixo -ame, comum em nomes de lugares e rios surinameses (veja também o rio Coppename), pode vir de aima ou eima, significando a foz do rio ou riacho em lokono, uma língua aruaque falada no país. As primeiras fontes europeias dão variantes de "Suriname" como o nome do rio no qual as colônias foram fundadas. Lawrence Kemys escreveu em "Relation of the Second Voyage to Guiana" sobre a passagem de um rio chamado "Shurinama" enquanto viajava ao longo da costa. Em 1598, uma frota de três navios holandeses em visita à Costa Selvagem menciona a passagem pelo rio "Surinamo". Em 1617, um notário holandês soletrou o nome do rio em que existia um entreposto comercial holandês três anos antes como "Surrenant". Os colonos britânicos, que em 1630 fundaram a primeira colônia europeia em Marshall's Creek ao longo do rio Suriname, soletraram o nome como "Suriname"; essa seria por muito tempo a grafia padrão em inglês. O navegador holandês David Pietersz de Vries escreveu sobre viajar pelo rio "Sername" em 1634 até encontrar uma colônia inglesa ali; a vogal terminal permaneceu nas futuras grafias e pronúncias holandesas. Em 1640, um manuscrito espanhol intitulado "Descrição geral dos domínios de Sua Majestade na América" chamou o rio de "Soronama". Em 1653, instruções dadas a uma frota britânica navegando para encontrar Lord Willoughby em Barbados - que na época era a sede do governo colonial inglês na região - novamente soletrou o nome da colônia como "Suriname". Uma carta real de 1663 dizia que a região ao redor do rio era "chamada de Serrinam, também Surrinam".
Como resultado da grafia "Surrinam", fontes britânicas do século XIX ofereceram a etimologia popular "Surryham", dizendo que era o nome dado ao rio Suriname por Lord Willoughby, na década de 1660, em homenagem ao Duque de Norfolk e ao Conde de Surrey, quando uma colônia inglesa foi estabelecida sob uma concessão do rei Carlos II. Esta etimologia popular pode ser encontrada repetida em fontes posteriores da língua inglesa. Quando o território foi tomado pelos holandeses, passou a fazer parte de um grupo de colônias conhecido como Guiana Holandesa. A grafia oficial do nome em inglês do país foi alterada para "Suriname" em janeiro de 1978, mas "Surinam" ainda pode ser encontrado em inglês.
História
Colonização
O Suriname foi primariamente conquistado por espanhóis no e em meados do XVII os ingleses estabeleceram-se lá.
Embora mercadores neerlandeses tivessem estabelecido várias colónias na região da Guiana antes, os neerlandeses não tomaram posse do que é hoje o Suriname até ao Tratado de Breda, em 1667, que marcou o fim da Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1863 foi abolida a escravatura, e devido a isso começaram a ser trazidos trabalhadores da Índia e de Java.
Independência, golpe militar e guerra civil
Depois de se tornar numa parte autônoma do Reino dos Países Baixos, em 1954, o Suriname conseguiu a independência em 25 de novembro de 1975. Um regime militar dirigido por Desi Bouterse governou o país nos anos 80 até que a democracia foi restabelecida em 1988. É um país de baixa densidade demográfica. Diferentemente de outros países da América Latina que tiveram governos militares nas décadas de 1960 e 1970, o Suriname sofreu com um golpe de estado em 25 de fevereiro de 1980 dado pelo General Desi Bouterse, declarando o país como uma República Socialista. No dia seguinte o primeiro-ministro foi afastado por decisão do Conselho Militar Nacional (CMN) que fez um apelo aos líderes da oposição para governar o país, momento no qual vários líderes de esquerda tomaram as rédeas do governo.
Nos primeiros anos o governo estabeleceu relações com Cuba, enfrentando oposição interna e externa vinda principalmente dos Estados Unidos e dos Países Baixos. Em 8 de dezembro de 1982 jornalistas, intelectuais e líderes sindicais contrários ao governo de Bouterse foram presos, torturados e assassinados, provocando a suspensão de todos os acordos de cooperação assinados entre os Países Baixos e sua ex-colônia (desde agosto de 2008 Bouterse aguarda julgamento no Suriname por estes crimes). Em um esforço para reduzir o isolamento do Suriname, o governo aderiu à Comunidade do Caribe (CARICOM), como observador, restabelecendo relações com países como Granada, Nicarágua, Brasil e Venezuela.
Em 29 de novembro de 1986, mais uma vez a violência do governo de Bouterse foi direcionada contra os opositores em um ataque efetuado por uma unidade militar à aldeia de Moiwana. A casa do chefe da oposição armada, Ronnie Brunswijk, foi incendiada e 35 pessoas foram sumariamente executadas, principalmente mulheres e crianças. A repressão foi tanta que quando as investigações do caso foram reabertas em 1990, o inspetor-chefe encarregado do novo inquérito, Herman Gooding, foi assassinado, sendo seu corpo jogado na frente dos escritórios de Bouterse.
Em abril de 1987, a assembleia nacional aprovou uma constituição que proporcionou um enquadramento para o retorno às instituições. O projeto teve o apoio dos três principais partidos políticos do país e do exército. Nas eleições de 1988, a Frente para a Democracia e Desenvolvimento foi vitoriosa. Em julho de 1989, o presidente Ramsewak Shankar negociou uma anistia para os guerrilheiros, dando a possibilidade destes manterem-se armados no interior da selva. Bouterse, do PDN (Partido Democrático Nacional) opôs-se à medida, alegando que seria legalizar uma força militar autônoma.
A Nova Frente (NF) venceu as eleições para a Assembleia Nacional em Maio de 1991, e uma das suas principais propostas foi a de restabelecer as relações com o governo neerlandês. Em 16 de setembro, Ronald Venetiaan, líder da NF, foi eleito presidente em outubro e iniciou uma política de redução de gastos da defesa e das Forças Armadas. Deu-se início a um processo de paz com a guerrilha e movimentos de desarmamento, sob a supervisão da Guiana e do Brasil, representando as Nações Unidas. Em 1993, o país sofreu com a queda no preço de bauxita e sua economia diminuiu a uma taxa média anual de 2,6%. O novo governo civil teve um rigoroso programa de ajustamento estrutural, o que resultou em um significativo descontentamento na população. Pobreza e desemprego no país formaram o pano de fundo da ocupação da barragem de Afobakka, a 100 km ao sul de Paramaribo, em março de 1994. Os rebeldes, que exigiam a deposição do governo, foram expulsos por tropas governamentais após quatro dias de ocupação.
Em Abril de 1997, os Países Baixos lançaram um mandado de captura internacional contra o ex-ditador Bouterse, que era suspeito de manter ligações com o tráfico de drogas no Suriname. Em resposta, o presidente Jules Wijdenbosch foi nomeado como assessor do ex-ditador do Estado, com o que ganhou imunidade diplomática. Mais tarde naquele ano, uma tentativa de golpe levou à prisão de 17 oficiais de baixa graduação. A tentativa de golpe foi relacionada às condições de trabalho dos soldados, prejudicada pelos baixos salários e equipamentos obsoletos. Agitação social e uma crise econômica sem precedentes intensificaram-se no início de 1999. A maior greve geral na história do Suriname, que praticamente paralisou o país, e grandes manifestações de protesto ocorreram em Paramaribo tomou meses para colocar ao parlamento em Junho, o gabinete Wijdenbosch, acusando o colapso econômico do país.
Século XXI
Em Maio de 2000 a NF venceu as eleições parlamentares e, em agosto, Venetiaan foi eleito presidente com 37 dos 51 votos da Assembleia Nacional. As tensões entre Suriname e Guiana, devido à disputa que durante décadas foi exacerbada por águas territoriais, aumentaram em Junho de 2000, quando um navio surinamês foi forçado a retirar para a empresa canadense CGX Energia, que tinha obtido permissão de exploração petrolífera da Guiana. Em julho, depois de os líderes de ambos os países não chegarem a um acordo após vários dias de negociações na Jamaica, a empresa canadense suspendeu o projeto. Em meados de 2001, durante a cerimônia de transferência de comando, o antigo comandante do exército nacional Sedney Glenn ofereceu suas desculpas à comunidade surinamesa por "feridas e divisões" que os militares haviam causado no passado.
Em maio de 2002, o presidente Ronald Venetiaan expressa a necessidade de monitorar continuamente o respeito pela liberdade de expressão e do reconhecimento de que, em 1980 e as décadas de 1990, houve incidentes de intimidação contra jornalistas e editores e estações de rádio. Venetiaan assinou a Declaração de Chapultepec, pela liberdade de expressão. A Associação dos Jornalistas recebeu as boas-vindas, salientando a necessidade de alterar algumas leis em conformidade com as orientações contidas na declaração.
Em uma manobra que visa fortalecer a economia, em Janeiro de 2004, o governo estabeleceu o Dólar do Suriname como a nova moeda, substituindo o florim neerlandês. Nenhum dos candidatos alcançou dois terços dos votos parlamentares necessários para a presidência no primeiro turno das eleições, em Julho de 2005, na segunda ronda a mesma coisa aconteceu. Finalmente, a Assembleia do Povo Unido, um organismo regional composto por 891 deputados e representantes de bairros, reelegeu Venetiaan presidente com 560 dos 879 votos. Em Maio de 2006, fortes chuvas atingiram o país causando graves inundações. Mais de 30 000 quilômetros quadrados de terra foram submersos por água e 175 aldeias foram virtualmente "varridas do mapa" a ser coberto por camadas de até dois metros de lama. Cerca de 25 000 pessoas perderam tudo que tinham. O governo, que descreveu a situação como "catástrofe", pediu assistência internacional de agências.
El anuario El Mundo Indígena 2006, elaborado pelo Grupo Internacional de Trabalho sobre Assuntos Indígenas (IWGIA), denunciou que um projeto de Lei de Mineração, que estava sendo estudado pela Assembleia Nacional, era racialmente discriminatório. O projeto, se aprovado, forçaria várias comunidades indígenas no norte do país a deixar suas terras para o assentamento de novas minas. Além disso, segundo o IWGIA, os habitantes das áreas circunvizinhas tornar-se-iam demasiado vulneráveis aos impactos do mercúrio usado na mineração, que poderia resultar em malformações congênitas, bem como intoxicações em adultos. A disputa com a Guiana para os direitos de uma bacia submarina teve início em 2004, até agosto de 2007 ainda estava pendente. Ambos os governos aguardam uma resolução da ONU a respeito do embate. De acordo com especialistas, a bacia pôde deter cerca de 15 000 milhões de barris de petróleo e gás natural exploráveis. Na madrugada de 19 de Julho de 2010, o ex-ditador Desi Bouterse foi restabelecido no governo surinamês em votação realizada no Parlamento do país, conseguindo 36 dos 50 votos possíveis.
Geografia
O Suriname é o menor país independente na América do Sul. Situado no Planalto das Guianas, encontra-se principalmente entre as latitudes 1° e 6° N e longitudes 54° e 58° W. O país pode ser dividido em duas principais regiões geográficas. A área costeira do norte, formada por planície, é onde se registra as maiores áreas de cultivos e onde a maioria da população vive. A parte sul é composta por floresta tropical e savana, além de ser pouco habitada, ao longo da fronteira com o Brasil, cobrindo cerca de 80% da superfície terrestre do Suriname. As duas principais cadeias de montanhas são as montanhas Bakhuys e Montanhas Van Asch Van Wijck. A Juliana Top é o ponto mais elevado no Suriname, com 1 286 metros acima do nível do mar. Outras montanhas importantes no país são a Tafelberg, com 1 026 metros, o Monte Kasikasima, com 718 metros, Goliathberg, com 358 metros e Voltzberg, com 240 metros de altitude.
O país está situado entre a França (Guiana Francesa), a leste, e a Guiana, a oeste. A fronteira sul é compartilhada com o Brasil, e a fronteira norte é a costa atlântica. As fronteiras meridionais com a França (Guiana Francesa) e com a Guiana são disputadas por estes países ao longo dos rios Maroni e Corentine, respetivamente. Uma parte da fronteira marítima disputada com a Guiana foi arbitrada por um tribunal, convocado sob as regras estabelecidas no anexo VII da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, em 20 de setembro de 2007.
Clima
Localizado na região equatorial, o Suriname tem um clima tropical muito quente, e as temperaturas médias máximas e mínimas dos dias são praticamente idênticas em todos os meses. Em Paramaribo as mínimas médias são 23 °C e as máximas médias 28 °C. O ano tem duas estações chuvosas, de abril a agosto e de novembro a fevereiro. E tem também duas estações secas, de agosto a novembro e de fevereiro a abril.
Biodiversidade
Devido à variedade de habitats e temperaturas, a biodiversidade no Suriname é considerada alta. Em outubro de 2013, 16 cientistas internacionais pesquisando os ecossistemas durante uma expedição de três semanas na Bacia do Alto Rio Palumeu, no Suriname, catalogaram 1.378 espécies e encontraram 60 outras - incluindo seis sapos, uma cobra e 11 peixes - que podem ser espécies desconhecidas anteriormente. De acordo com a Conservação Internacional, organização ambiental sem fins lucrativos, que financiou a expedição, o amplo suprimento de água doce do Suriname é vital para a biodiversidade e os ecossistemas saudáveis da região.
Muirapinima (Brosimum guianense), uma árvore semelhante a um arbusto, é nativa desta região tropical das Américas. A Alfândega do Suriname informa que a muirapinima é frequentemente exportada ilegalmente para a Guiana Francesa, considerada para a indústria do artesanato.
Demografia
Composição étnica
A população do Suriname é constituída por vários grupos étnicos culturais. Segundo o censo oficial de 2012, os grupos mais numerosos são formados pelos hindustanis (27,4%), descendentes de indo-paquistaneses que chegaram durante o como trabalhadores assalariados para substituir a mão de obra escrava quando abolida a escravidão; e pelos maroons (21,7%), descendentes de africanos trazidos como escravos durante o regime colonial e que conseguiram fugir da escravidão para as florestas do interior e formar seis povos tribais distintos: boni, kwinti, matawai, ndjuka, paramaka, saramaka.
Os crioulos (descendentes de escravos africanos libertados com a abolição da escravatura, frequentemente misturados com brancos) e os javaneses (descendentes de indonésios originários de Java, chegados no ) formam 15,7% e 13,7%, respectivamente; quase o mesmo percentual de mestiços (13,4%). Os povos indígenas (akurió, lokono, kalin'a, tiriyó e wayana) representam 3,7% do total da população, chineses são 1,4% e brancos (principalmente descendentes de holandeses e de judeus sefarditas), 0,3%. Imigrantes brasileiros somam 0,9% dos habitantes do país.
Línguas
A língua neerlandesa, ou holandês, é a língua oficial do Suriname, que aderiu em 2004 à União da língua Neerlandesa e é a mais difundida, sendo a primeira língua de mais de 60% dos habitantes. Como a população surinamesa é muito diversificada, os idiomas também assumem recortes étnicos: javaneses falam javanês e indonésio; hindustanis falam sarnami-hindi (hindi do Suriname) e os ameríndios utilizam suas línguas originais (dos troncos linguísticos caribe e aruaque). Os maroons possuem seus próprios idiomas, o aucano (língua crioula de base lexical inglesa falada pelos ndjuka, boni, paramaka e kwinti) e o saramacano (crioulo de base lexical anglo-portuguesa falado pelos saramaka e pelos matawai). Em meio à diversidade linguística, o sranantongo ou surinamês, (idioma crioulo base lexical inglesa com influências do neerlandês, do português e de idiomas africanos) funciona como língua franca e tem uma grande difusão no país como segunda língua, sendo falado por 37% da população.
O inglês é também bastante utilizado, principalmente em instalações orientadas para o turismo, e também em zonas fronteiriças com a Guiana. O português e o espanhol também são falados, principalmente pelos residentes latino-americanos e seus descendentes, e também por razões comerciais, sendo às vezes também ensinados nas escolas. Na fronteira oriental do país, ao redor da fronteira com a Guiana Francesa, o francês também tem um certo número de falantes.
Cidades mais populosa
Política
O Suriname é uma democracia sujeita à constituição de 1987. O ramo legislativo do governo é a Assembleia Nacional, que consiste de 51 membros, eleitos pelo voto popular de cinco em cinco anos. A Assembleia Nacional elege o chefe do ramo executivo, o presidente, através de uma maioria de dois terços. Se nenhum candidato atingir essa maioria, o presidente é eleito pela Assembleia do Povo, uma instituição de 340 membros que é composta pelos membros da Assembleia Nacional e por representantes regionais.
O Suriname é um membro de pleno direito da UNASUL, CARICOM, OEA, CEPAL e OCI.
Subdivisões
O Suriname está dividido em dez distritos e cada distrito por sua vez é subdividido em ressorten (singular ressort):
Economia
A economia do Suriname é movimentada principalmente pela produção de ouro, bauxita e pela exportação de alumínio. A importação de produtos de consumo torna o país dependente do capital externo. A atividade industrial é voltada à transformação de minérios e de madeira. O processamento de alimentos e a indústria têxtil são outras atividades industriais no Suriname, onde o padrão de consumo é alto. A exploração do petróleo é promissora no país. O governo controla a economia, e emprega aproximadamente 65% da população, tanto na administração quanto nas empresas estatais.
Em 2002, a taxa de câmbio sofreu intensa desvalorização, devido a um esvaziamento nas reservas de ouro do país. O governo então adotou um câmbio paralelo flutuante, como medida para conter a desvalorização da moeda. Naquele período, a moeda oficial do país era o florim surinamês (SGR). Em 2004, três zeros foram excluídos e a moeda passou a se chamar dólar surinamês, sendo que a cotação era então de US$ 1 = SD 2,75.
O PIB do Suriname, em 2006, foi de US$ 3 136 bilhões, com um crescimento de 5 % em relação ao período anterior. O PIB per capita ficou em US$ 7 100.
Na costa do Suriname se concentram alguma atividades agrícolas, principalmente a produção de banana, arroz, frutas cítricas e vegetais, enquanto no interior a exploração de minerais e madeira são a principal atividade. A extração clandestina de minérios é motivo de preocupação para os governantes por vários motivos. Além de não haver os cuidados ambientais com o mercúrio no garimpo de ouro, por exemplo, há um aumento da circulação de armas ilegais e um aumento da incidência de doenças como a AIDS e a malária. O principal transporte utilizado para exportação e importação é o marítimo, sendo que mesmo a produção interna, sobretudo de minérios do interior, são transportados em navios pelos rios do país, em embarcações que podem ter até 7 metros de calado. A ausência de portos com maior calado prejudica a economia do país.
A energia utilizada no Suriname é obtida por usinas hidrelétricas ou térmicas. A capacidade de geração de energia é bem maior que o consumo do país, sendo o custo de energia favoravelmente baixo.
A Holanda concedeu a independência do Suriname em 1975. Uma das heranças deixada pelo colonizador foi a estrutura educacional eficiente, sobretudo em relação a alfabetização. Contudo, existe uma deficiência em relação ao ensino superior, o que impede o desenvolvimento científico e tecnológico do país.
O Suriname é membro do CARICOM (Comunidade do Caribe).
Infraestrutura
Educação
A educação no Suriname é gratuita e obrigatória até os 12 anos. O governo, a Igreja Católica e a Irmandade Moraviana proveem desde a educação infantil até a escola secundária. Como regra, todas as instruções são em neerlandês, com três exceções: International Academy of Suriname, Christian Liberty Academy e AlphaMax Academy. O índice de alfabetização de adultos é de aproximadamente 99,6%. As instituições de treinamento de professores, escola secundária e escola técnica emitem diplomas de conclusão.
Transportes
O Suriname, por influência da Guiana, tem mão de direção inglesa, sendo estes dois países os únicos da América continental a ter esta característica. Os visitantes deste país devem se atentar a este fato se desejarem alugar um carro ou mesmo dirigir no Suriname, Apesar de a Permissão Internacional de Dirigir tecnicamente habilitar brasileiros e portugueses a dirigir no Suriname, o visitante deve considerar se irá se adaptar a esta característica do trânsito local.
Cultura
A cultura envolve artesanato, biografia, cibercultura, cinema, esporte, entretenimento, folclore, gastronomia, passatempos, jogos, misticismo, mitologia, ocultismo, religião e turismo.
A mistura étnica do país evidencia-se nas crenças religiosas do povo. As maiores influências vêm de costumes cristãos, apesar de existir fortes traços do hinduísmo. O desenvolvimento das artes locais diminuiu pelo fato de grande parte da população erudita morar fora do país (principalmente nos Países Baixos), em busca de melhores oportunidades econômicas e também por causa da repressão militar. Contudo, podem se apreciar esculturas que expressam parte da cultura dos índios e da população negra.
Esportes
O maior esportista da história do Suriname é Anthony Nesty, campeão olímpico dos 100 metros borboleta nos Jogos Olímpicos de Verão de 1988, e bronze na mesma prova nos Jogos Olímpicos de Verão de 1992, que são, até hoje, as únicas medalhas ganhas pelo país nas Olimpíadas. Outros notáveis nomes de desportistas nascido no Suriname são os dois jogadores de futebol Clarence Seedorf e Edgar Davids que atuaram pela Seleção Holandesa
Feriados
Existem vários feriados nacionais hindus e islâmicos como Diwali (deepavali), Phagwa e Eid ul-Fitr e Eid-ul-adha. Esses feriados não têm datas fixas no calendário gregoriano, pois são baseados nos calendários hindu e islâmico, respectivamente.
Existem vários feriados exclusivos para o Suriname. Estes incluem os dias de chegada dos indianos, javaneses e chineses. Eles comemoram a chegada dos primeiros navios com seus respectivos imigrantes.
1 de janeiro - dia de ano novo
6 de janeiro - dia dos três reis
Janeiro - Dia Mundial da Religião
Janeiro / fevereiro - Ano Novo Chinês
25 de fevereiro - dia da revolução
Março (varia) - Holi
Março / abril - sexta-feira Santa
Março / abril - Páscoa
1 de maio - Dia do Trabalhador
Maio / junho - dia da ascensão
5 de junho - dia da chegada da Índia
1 de julho - Keti Koti (Dia da Emancipação - fim da escravidão)
8 de agosto - dia de chegada javanesa
9 de agosto - Dia dos Povos Indígenas
10 de outubro - dia dos quilombolas
20 de outubro - dia de chegada da China
Outubro / novembro - Diwali
25 de novembro - Dia da Independência
25 de dezembro - Natal
26 de dezembro - dia de boxe
Ver também
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da América
Ligações externas
Assembleia Nacional do Suriname(em neerlandês) |
Uma prévia (conhecido também como teaser, do inglês e significa ''provocar'') é uma técnica usada em marketing para chamar a atenção para uma campanha publicitária, aumentando o interesse de um determinado público alvo a respeito de sua mensagem, por intermédio do uso de informações enigmáticas no início da campanha.
Utilização
A técnica é utilizada, muitas vezes como um dos recursos iniciais de uma campanha publicitária. Através de uma pequena peça, veiculada por qualquer mídia publicitária, seja em rádios, jornais, revistas, "outdoors", televisão, internet ou outros meios, procura-se levar o público alvo a interrogar-se sobre a mensagem que pretende ser passada, interessando-se pela continuação do tema. Posteriormente, na continuação da campanha, o assunto é esclarecido.
A prévia pode ser utilizado, por exemplo, como parte inicial da "mescla de comunicação" do lançamento de um novo produto no mercado, criando uma determinada expectativa a seu respeito. O conteúdo da peça tem o intuito de gerar no publico indagações como: "o que será?", "que produto é esse"?
Na mídia eletrônica, a prévia é aplicado, por exemplo, através da implantação de uma tela, em um novo portal eletrônico, com o objetivo de gerar interesse em conhecer um projeto novo, ou novo serviço que esta por vir. Pode ser também comumente encontrado aliado a outras técnicas, como por exemplo a de marketing viral.
Em publicações online, como blogues, jornais e revistas eletrônicas, o termo prévia se refere ao trecho de texto que é apresentado antes da tag "mais", devendo o leitor clicar em um enlace ao final da prévia para ter acesso ao texto completo. Este recurso normalmente é usado para permitir ao leitor acessar somente os textos que lhe interessam, sem ter que carregar para seu computador conteúdos que não pretende ler ou visualizar, poupando tempo e tráfego de internet.
Na indústria fonográfica, uma prévia é mencionado quando um artista ou banda disponibiliza um trecho de uma nova música ou single que, por padrão, possui 30 segundos de duração. Dessa forma, os fãs são atraídos pela parte da canção divulgada e incentivados a comprá-la na íntegra após o lançamento.
É comum também, antes de espetáculos ou eventos específicos, ver a técnica sendo utilizadas com o uso de impressos gráficos, que chamam a atenção do público para comparecer ao evento.
Um trailer de um filme costuma apresentar cenas escolhidas, com frases de efeito superpostas às cenas ou um narrador, motivando o espectador a assisti-lo. Trata-se então, também, de uma prévia destinada a atrair a atenção do público a comparecer na exibição do filme completo.
Um outro exemplo vem nas novelas. Antes da novela ser estreada passam prévias (como as chamadas de elenco e de estreia).
Quando o primeiro teaser de Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma foi anexado aos filmes O Cerco, Vida de Inseto, e Meet Joe Black, foi relatado que muitas pessoas pagaram pela entrada nos filmes apenas para assistir ao trailer e, posteriormente, saíram depois que o trailer foi exibido.
Ver também
Trêiler
Filme
Clipe
Marketing
Campanhas publicitárias
Palavras, frases e expressões em inglês |
Truco é um jogo de cartas praticado em diversos locais da América do Sul e algumas regiões da Espanha e Itália. É um jogo de vazas jogado com o baralho espanhol, por dois, quatro ou seis jogadores, divididos em dois lados opostos. Na Região Sudeste do Brasil é jogado com o baralho francês, enquanto na Região Sul usa-se o baralho espanhol.
Na versão jogada em Valência, na Espanha, utiliza-se um baralho espanhol de 22 cartas, já que todos os noves, oitos, figuras (reis, cavalos e damas), dois, ases de copas e de ouros e curingas são removidos.
Origem
A origem do truco é incerta, especula-se que tenha surgido dos mouros, porém não há consenso a esse respeito. No Brasil foi popularizado por imigrantes italianos, portugueses e espanhóis, , posteriormente espalhando-se por todo o país e originando diversas variações.
Regras
Cada jogador recebe três cartas que são de um subconjunto do baralho constituído pelos números 1 a 7, a dama (), no valor de 8, o valete ou o Cavalo (), no valor de 9 e o Rei (), no valor de 10.
A forma mais comum do jogo é a versão com quatro jogadores, em que há duas equipes de dois jogadores, que se sentam em frente um ao outro. Para seis jogadores, há duas equipes de três jogadores.
No Truco Cego, também são tirados os 8s e os 9s, jogando-se com os números de 1 a 7, mais o Valete ( ou ), o Cavalo ( ou ) e o Rei ( ou ).
Pode-se jogar com 2, 4, 6, 8, 10 ou 12 pessoas, sempre divididos em dois times. Nas modalidades de 6 a 12 pessoas, as rodadas ímpares são jogadas em equipes e as rodadas pares são jogadas individualmente, somente os jogadores que estão de frente para o outro (as chamadas partidas de testa). Neste caso, os pontos individuais contam para a equipe como um todo. Ainda há uma última modalidade, com três pessoas, onde os jogadores se revezam, formando duplas contra um jogador sozinho, o carancho. Neste caso, os pontos são contados individualmente (mas a dupla ganha os pontos em conjunto). O carancho sempre recebe a primeira carta e uma carta extra. Destas, pode escolher as três melhores e descartar uma; daí o jogo segue normalmente.
O jogo é jogado até que uma equipe termine o jogo com 2 jogos de 12 pontos. São 24 pontos dividido em duas metades, a metade inferior chamado ruins (), e a metade superior chamada boas (). A primeira equipe que fizer 12 pontos zera a pontuação e ela terá um ruins (), se ela conseguir fazer 12 pontos de novo ela ganha as boas () e ganha a queda, caso contrario a outra equipe também terá um ruins () e quem vencer a próxima ganha a queda.
O apelo popular do jogo vem do sistema emocionante de apostas. Cada tipo de pontuação pode ser apostado para marcar mais pontos para a equipe. As propostas podem ser aceitas, rejeitadas ou aumentadas. O blefe e o engano também são fundamentais para o jogo.
Ranking das cartas
Mão e Pé
No Truco, existem dois conceitos sobre o jogador que começa a rodada e quem é o último. O mão (), é o que joga primeiro, e o pé (), é o último a jogar. O mão é sempre o jogador à direita do pé. A troca para dar as cartas é então passada para a esquerda, de modo que a mão da primeiro turno é o pé do segundo e assim por diante. Se estiver jogando em equipes, parceiros sentam-se de frente um para o outro. Há um costume entre os jogadores mais experientes (por vezes considerado até como uma regra) de se deixar o baralho à esquerda de quem ira distribuir as cartas. Assim, o próximo "dador" saberá que é a sua vez ao ver o baralho à sua esquerda.
Eles também podem se referir, quando jogando em equipes de dois, qual jogador da parceria joga antes e qual depois. Isso não tem importância no jogo, como o jogo é sempre feito sentido anti-horário. Mas tem um significado estratégico uma vez que o pé de uma equipe é tradicionalmente considerado o "capitão" da parceria durante a rodada, decidindo a melhor tática a ser aplicada por saber quais cartas já foram jogadas.
O mão da equipe adversária é o primeiro a falar ("cantar") os seus pontos de envido. Se o jogo estiver empatado (por exemplo, se dois adversários têm os mesmos pontos de envido), o mão ganha. Essa vantagem é compensada pelo fato de que, sendo o último a jogar, o pé joga com todas as cartas visíveis de seus oponentes, como visto acima. Isso também leva ao fato de, apesar de não ser obrigatório, o pé da dupla ser quem chama o envido. Outra questão é o fato de o pé poder ter uma "flor"; se o mão chamar o envido, está falando pela dupla (ou equipe), o que anularia a flor do seu parceiro.
Embaralhamento e distribuição das cartas
Um dos jogadores é escolhido para ser o primeiro a distribuir as cartas, três para cada jogador e uma vira (truco paulista). As cartas podem ser dadas picadas ou três a três com a primeira sendo do mão. É permitida a feitura do maço, assim como é permitido o desfiamento das cartas nas mãos, sem a criação de montinhos na mesa. Dá-se o monte para o adversário à esquerda cortar. Se o corte for seco ou não houver corte, o cortador poderá tirar cartas para o seu parceiro ou para si, respeitando-se as normas gerais explicadas adiante. O monte cortado volta então ao distribuidor. Mesmo que o cortador corte o maço a seco, bata o cotovelo ou embaralhe, o pé dará cartas por cima ou por baixo, a seu critério. Porém, após deslizar a primeira carta (por cima ou por baixo), não pode mais mudar de opinião. Também é permitido que ocorra a troca de cartas caso algum dos jogadores tenha recebido os 3 palhaços, Dá-se esse nome as 3 sucessivas cartas Q,J,K se o adversário não falar aonde pegar as 3 cartas, as mesmas são pegas de cima do monte.
Sistema de pontos (Sistema de 1 tento, geralmente truco paulista)
O jogo é disputado em mãos. Cada mão vale inicialmente 1 ponto, e ganha o jogo a dupla, trio, etc. que fizer 12 pontos. A mão é dividida em três rodadas (ou vazas). Em cada rodada cada jogador coloca uma de suas cartas na mesa, e o jogador com a carta mais forte vence a rodada. Quem ganhar duas dessas rodadas ganha a mão e marca 1 ponto, e uma nova mão se inicia.
Em caso de empate ("cango") na primeira rodada, o vencedor da segunda é o vencedor, se "cangar" na segunda de novo o vencedor da terceira é o vencedor, se mais uma vez "cangar" não tem nenhum vencedor.
Em caso de empate na segunda ou terceira rodada, o vencedor da primeira é o vencedor.
A qualquer hora o jogador pode pedir Truco. É o grande momento do jogo. O Truco é pedido para elevar a aposta a três tentos. Ao ser trucada, a dupla adversária tem direito a três ações:
Mandar cair: a mão passa a valer três tentos.
Pedir 6: a mão passa a valer seis tentos.
Fugir: a dupla que trucou leva um tento.
Ao optar pela segunda opção (pedir 6), a dupla trucada passa à dupla que trucou três novas ações:
Mandar cair: a mão passa a valer seis tentos.
Pedir 9: a mão passa a valer nove tentos.
Fugir: a dupla que pediu 6 leva três tentos.
Ao seguir a segunda opção, a dupla que pediu 9 passa à dupla que pediu 6 três ações:
Mandar cair: a mão passa a valer nove tentos.
Pedir jogo: a mão passa a valer o jogo (doze tentos).
Fugir: a dupla que pediu 9 leva seis tentos.
Ao seguir a segunda opção, pela segunda ação, a dupla que pediu jogo deixa à dupla que pediu 9 três ações:
Mandar cair: a mão vale o jogo (12 tentos).
Pedir queda: a mão vale a queda (2 jogos, ou seja 24 pontos, o ganhar do jogo inteiro)
Fugir: a dupla que pediu jogo leva nove tentos.
Finalmente, pela segunda ação, a dupla que pediu queda deixa à dupla que pediu jogo duas ações:
Mandar cair: a mão vale a queda, o vencedor vence tudo.
Fugir: a dupla que pediu jogo leva o jogo.
A Mão de 11 é aquela na qual uma dupla ou trio atinge 11 pontos. Na Mão de 11 é permitido olhar as cartas do parceiro, para as duas duplas. Caso a dupla resolva jogar, a mão valerá três tentos. Caso resolva fugir, os adversários ganham um tento. Quem trucar em Mão de 11 perderá três tentos. O empate em Mão de 11 beneficiará os adversários com três tentos. Com cartas a provar vitória garantida em Mão de 11, o desenvolvimento da jogada se torna desnecessário, bastando tão somente que essas cartas sejam mostradas.
Havendo empate, ninguém ganha tento, passando-se o monte adiante.
Há ainda uma variação jogada neste caso, em que nenhum jogador pode ver suas cartas. Deve-se jogar as cartas na sorte (no Escuro) chamada mão de ferro, normalmente usa-se a mão de ferro quando esta mão de 11 a mão de 11.caso alguma dupla ver as cartas, nas cegas, a dupla perde.
Situações especiais e particularidades
Quando um jogador não recebe três cartas, e é o adversário quem as distribui, não sendo isso percebido, a mão é ganha por quem recebeu o número errado de cartas, valendo o número de pontos que eram disputados na mão. Por isso é que geralmente, após se dar as cartas, quem distribui pergunta se todos têm três cartas, pois havendo a constatação de tal antes da mão iniciar-se, pode ser regularizado o número de cartas.
Quando é provado que há fraude (roubo, escolha de cartas, olhar o bolo de cartas, ver as do adversário - antes ou depois do término da mão), a dupla que a comete é punida com a perda de um ponto e, caso esteja distribuindo as cartas, "perde a mão", ou seja, perde o direito de distribuí-las.
se um integrante trucar novamente não é valido, mas não perde pontos.
Se o jogador perder de 0 ponto há uma tradição muito popular onde o mesmo deve passar por de baixo da mesa que jogaram a partida.
Se o jogador perder de 1 ponto, deve-se morder a ponta da mesa jogada
Desenvolvimento do jogo (Sistema de 2 tentos, geralmente truco mineiro)
O jogo é disputado em mãos. Cada mão vale inicialmente 2 pontos, e ganha o jogo a dupla, trio, etc. que fizer 12 pontos. A mão é dividida em três rodadas (ou vazas). Em cada rodada cada jogador coloca uma de suas cartas na mesa, e o jogador com a carta mais forte vence a rodada. Quem ganhar duas dessas rodadas ganha a mão e marca 2 pontos, e uma nova mão se inicia.
Em caso de empate ("cango") na primeira rodada, o vencedor da segunda é o vencedor, se "cangar" na segunda de novo o vencedor da terceira é o vencedor, se mais uma vez "cangar" não tem nenhum vencedor.
Em caso de empate na segunda ou terceira rodada, o vencedor da primeira é o vencedor.
A qualquer hora o jogador pode pedir Truco. É o grande momento do jogo. O Truco é pedido para elevar a aposta a Quatro tentos. Ao ser trucada, a dupla adversária tem direito a três ações:
Mandar cair: a mão passa a valer 4 tentos.
Pedir 6: a mão passa a valer 8 tentos.
Fugir: a dupla que trucou leva 2 tentos.
Ao optar pela segunda opção (pedir 6), a dupla trucada passa à dupla que trucou três novas ações:
Mandar cair: a mão passa a valer 8 tentos.
Pedir 9: a mão passa a valer 10 tentos.
Fugir: a dupla que pediu 6 leva 4 tentos.
Ao seguir a segunda opção, a dupla que pediu 9 passa à dupla que pediu 6 três ações:
Mandar cair: a mão passa a valer 10 tentos.
Pedir jogo: a mão passa a valer 12 tentos.
Fugir: a dupla que pediu 9 leva 8 tentos.
Ao seguir a segunda opção, pela segunda ação, a dupla que pediu jogo deixa à dupla que pediu 9 três ações:
Mandar cair: a mão vale o jogo (12 pontos).
Pedir queda: a mão vale a queda (2 jogos, ou seja 24 pontos, o ganhar do jogo inteiro)
Fugir: a dupla que pediu 12 leva 10 tentos.
Finalmente, pela segunda ação, a dupla que pediu queda deixa à dupla que pediu jogo duas ações:
Mandar cair: a mão vale a queda, o vencedor vence tudo.
Fugir: a dupla que pediu queda leva o jogo.
A Mão de 10 é aquela na qual uma dupla ou trio atinge 10 pontos. Na Mão de 10 para uma só equipe, é permitido olhar as cartas do parceiro (isso combinado antes de iniciar o jogo). Caso a dupla resolva jogar, a mão valerá 4 tentos. Caso resolva fugir, os adversários ganham 2 tentos. E proibido trucar, quem trucar em Mão de 10 perderá 4 tentos. Com cartas a provar vitória garantida em Mão de 10, o desenvolvimento da jogada se torna desnecessário, bastando tão somente que essas cartas sejam mostradas. Havendo empate, ninguém ganha tento, passando-se o monte adiante. Há ainda uma variação jogada neste caso, em que nenhum jogador pode ver suas cartas. Deve-se jogar as cartas na sorte (no Escuro) chamada mão de ferro, normalmente usa-se a mão de ferro quando está, mão de 10 a mão de 10.
Truco paulista
Truco paulista ou ponta acima é um jogo de Vaza, variação do truco mineiro, e se diferencia desta pela manilha (trunfo), que varia a cada rodada. É jogada com o baralho francês de 52 cartas, removendo-se as cartas 8, 9 e 10 do baralho, como forma de obter as 40 cartas necessárias para jogar, conjunto conhecido como Baralho Espanhol.
Em cada mão são distribuídas três cartas para cada jogador. A cada vez, um dos participantes será o mão, responsável por jogar a primeira carta e a vitória no caso de empate na jogada das cartas. As mãos são formadas por três rodadas, começadas pelo jogador mão (que ficará sempre à direita de quem deu as cartas). Em cada rodada, o jogador abre uma carta na mesa, e vence aquele que tiver a mais forte. O vencedor é o jogador ou dupla que vencer duas das três rodadas. No truco, é fundamental ter em mente a força das cartas, pois ela é diferente do comum e serve para derrotar o adversário. A força das cartas é pré-definida, mas também variável em função da carta vira, que é a carta aberta após distribuição das cartas. A vira determina a manilha.
A força das cartas, da maior para a menor, independente da vira é: 3 (Terno), 2 (Duque), A (Ás), K (Rei), J (Valete), Q (Dama), 7, 6, 5 e 4. O naipe da carta virada não tem importância, e o valor das manilhas para o jogo segue a seguinte ordem de naipes
Os critérios de desempate são:
Quem vencer a primeira rodada possui vantagem em caso de empate nas outras duas rodadas.
Em caso de empate na primeira rodada, o vencedor da segunda é o vencedor da mão.
Sempre que houver empate, a vez de jogar é do jogador mão.
Em caso de empate em todas as rodadas, o mão será o vencedor.
Truco gaudério
Truco gaudério ou truco gaúcho é uma variação do truco, praticada principalmente no Rio Grande do Sul. É jogado com o baralho espanhol de 50 cartas, mas as cartas 8 e 9, além dos curingas, são removidas, somando um total de apenas 40 cartas (10 de cada naipe). Diferencia-se igualmente pelos pedidos de Envido e Flor.
Pode ser disputado por 2, 3, 4 ou 6 jogadores, que se enfrentam em duplas. Cada jogador recebe 3 cartas, e a equipe que fizer o número de tentos máximo (12 ou 24) é a vencedora. Além do pedido de Truco, que pode aumentar o valor da mão, também existem os pedidos de Envido e Flor, que são disputas paralelas e também contabilizam pontos no placar geral. Ao contrário do truco paulista, no truco gaudério não há existência da carta vira. As manilhas são pré-determinadas, e são as cartas mais fortes do jogo. Além das manilhas, o ranking de força das cartas na ordem decrescente é 3, 2, 1, 12, 11, 10, 7, 6, 5 e 4.
O Envido é uma disputa paralela, que ocorre antes do início de cada rodada. Isso significa que ela não interfere nos pedidos de truco, e possibilita que uma equipe some pontos do mesmo naipe, mesmo perdendo na disputa de cartas. A base do Envido é a soma do valor de duas cartas do mesmo naipe na mão de cada jogador, sendo que cada uma vale o número que corresponde, com exceção do 10, 11 e 12. Isto significa que o 2 vale 2, o 3 vale 3 e assim por diante. As cartas 10, 11 e 12 valem zero ponto.
Bibliografia
AGNOLETTO, Giovanni Celso. Truco: como jogar, causos e dicas: Truco. São Paulo: Letras Jurídicas, 2006.
TOSCANI, Simão Irineo. Está tudo dito na lei do jogo: Truco. Porto Alegre: Sagra, 1988.
Ligações externas
Regulamento em espanhol
Jogos de cartas
Jogos de cartas com baralho espanhol
Jogos de cartas com baralho francês |
Os vegetais possuem grupos de células especializadas para determinados tipos de ações. A esses grupos damos o nome de tecidos.
Veja a relação destes tecidos.
Tecidos fundamentais
Tecido de preenchimento
Parênquima
Tecidos de sustentação
Colênquima
Esclerênquima
Tecidos de Revestimento
Epiderme
Periderme
Tecidos de Condução
Xilema
Floema
Ver também
Célula Vegetal
Botânica
Histologia vegetal |
Em matemática, o teorema das quatro cores, ou teorema do mapa das quatro cores, afirma que não mais do que quatro cores são necessárias para colorir as regiões de qualquer mapa, de modo que duas regiões adjacentes não tenham a mesma cor. Adjacente significa que duas regiões compartilham um segmento de curva limite comum, não apenas um canto onde três ou mais regiões se encontram. Foi o primeiro teorema importante a ser provado usando um computador. Inicialmente, essa prova não foi aceita por todos os matemáticos porque a prova assistida por computador era inviável para um ser humano verificar manualmente. Desde então, a prova ganhou ampla aceitação, embora alguns questionadores permaneçam.
A sua formulação é a seguinte:
Dado um mapa plano, dividido em regiões, quatro cores são suficientes para colori-lo de forma a que regiões vizinhas não partilhem a mesma cor.
O teorema das quatro cores foi provado em 1976 por Kenneth Appel e Wolfgang Haken após muitas provas e contra-exemplos falsos (ao contrário do teorema das cinco cores, provado na década de 1800, que afirma que cinco cores são suficientes para colorir um mapa). Para dissipar quaisquer dúvidas remanescentes sobre a prova Appel-Haken, uma prova mais simples usando as mesmas idéias e ainda contando com computadores foi publicada em 1997 por Robertson, Sanders, Seymour e Thomas. Além disso, em 2005, o teorema foi provado por Georges Gonthier com software de prova de teorema de uso geral.
Relação com outras áreas da matemática
Dror Bar-Natan deu uma demonstração sobre Álgebra de Lie e Invariante de Vassiliev que é equivalente ao teorema das quatro cores.[25]
Uso fora da matemática
Apesar da motivação de colorir mapas políticos de países, o teorema não é de interesse particular para os cartógrafos. De acordo com um artigo do historiador de matemática Kenneth May, "Mapas que utilizam apenas quatro cores são raros, pois geralmente requerem apenas três. Livros sobre cartografia e história da cartografia não mencionam a propriedade de quatro cores" (Wilson 2014, 2). O teorema também não garante a exigência cartográfica usual de que regiões não contíguas de um mesmo país (como o exclave do Alasca e o resto dos Estados Unidos) sejam coloridas de forma idêntica.
Fontes
Quatro Cores
Topologia |
Tropix (pronuncia-se "Trópix") é um sistema operacional multiusuário e multitarefa, de filosofia Unix, desenvolvido no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O Tropix foi inicialmente concebido durante os anos de 1982 a 1986 (na época com o nome "Plurix") para o computador Pegasus. Este computador foi construído também no NCE, e era baseado nos processadores Motorola 68010/20. O sistema foi transportado em 1987 para o computador Icarus, também baseado nestes mesmos processadores. Em 1994 foi iniciado o transporte para a linha Intel de processadores (386, 486, Pentium), e desde 1996 o Tropix já está operacional em PCs, sendo utilizado em diversos computadores.
O Tropix tem diversas utilidades, tais como o estudo/aprendizado/utilização de um sistema operacional de filosofia Unix, o desenvolvimento de programas ("software") e a implementação de servidores para a internet. Além disto, é ideal para a utilização em cursos de sistemas operacionais, pois contém primitivas para processos "leves" ("threads"), memória compartilhada, semáforos a nível de usuário, dentre outros.
Ligação exterior
http://allegro.nce.ufrj.br/tropix/index.html
Sistemas operativos |
Topografia - descrição física pormenorizada de uma área de terreno ou região, com todos os seus acidentes geográficos
Topologia de rede — forma por meio da qual uma rede se apresenta fisicamente, ou seja, como os elementos de rede (network nodes) estão dispostos
Topologia (matemática) — área em que se estudam os espaços topológicos
Desambiguação |
Chama-se UML Ator ao estereótipo standard do UML usado para definir o papel que um utilizador representa relativamente ao sistema informático modelado. Um ator representa um conjunto coerente de papéis que os usuários de casos de uso desempenham quando interagem com esses casos de uso. Tipicamente, um ator representa um papel que um ser humano, um dispositivo de hardware ou até outro sistema desempenha com o sistema. De notar que um utilizador pode ser uma das seguintes entidades:
Pessoa;
Outro sistema informático;
Equipamento hardware especializado;
Passagem de tempo
Por omissão o seu ícone representa a figura de um individuo.
Uma entidade pode ser representada por vários actores, já que pode estar a assumir diferentes papéis.
Diagramas da UML
UML |
20000 Varuna, anteriormente conhecido pela designação provisória de , é um grande objeto transnetuniano que está localizado no Cinturão de Kuiper, uma região do Sistema Solar. Este objeto é classificado como um cubewano. Ele possui uma magnitude absoluta de 3,6 e tem um diâmetro estimado com cerca de 764 km. É provavelmente um planeta anão.
Descoberta
20000 Varuna foi descoberto no dia 28 de novembro de 2000, pelo astrônomo Robert S. McMillan através do programa Spacewatch.
Nome
Varuna foi nomeado em homenagem de uma divindade hindu. Varuna foi uma das divindades mais importantes dos antigos indianos, e presidiu as águas do céu e do oceano e era o guardião da imortalidade. Devido a sua associação com às águas e do oceano, ele é frequentemente identificado com o grego Poseidon e o romano Netuno. Varuna recebeu o número de planeta menor 20000 porque foi o maior cubewano encontrado até agora e foi considerado para ser tão grande quanto Ceres.
Tamanho
As estimativas para o diâmetro de Varuna têm variado de 500 a km. Medições térmicas multi-banda do Observatório Espacial Herschel em 2013 produziu um diâmetro de 668 km.
Órbita
A órbita de 20000 Varuna tem uma excentricidade de 0,051 e possui um semieixo maior de 43,160 UA. O seu periélio leva o mesmo a uma distância de 40,972 UA em relação ao Sol e seu afélio a 45,349 UA.
Características físicas
Varuna tem um período de rotação de aproximadamente 6,34 horas. Tem uma curva de luz de duplo pico. Dada a rápida rotação, de modo raro para objetos grandes, acredita-se que Varuna, assim como o planeta anão Haumea, seja um esferoide alongado.
Em trabalho publicado na revista Nature, a equipe do astrônomo David Jewitt mostrou que Varuna tem 40% do diâmetro de Plutão.
Planeta anão
A União Astronômica Internacional não o classificou como um planeta anão. No entanto, Brown considera o mesmo em sua lista de candidatos a planeta anão como sendo altamente provável um planeta anão, e Tancredi (em 2010) classificou Varuna como "aceito", mas não fez uma recomendação direta para a sua inclusão na lista oficial de Planetas anões.
Ver também
Objeto transnetuniano
Lista de objetos transnetunianos
Ligações externas
LPL Arizona
Cubewanos
Objetos do cinturão de Kuiper
Candidatos a planeta anão
Objetos transnetunianos
Objetos astronômicos descobertos em 2000 |
Vila Nova de Gaia ou Gaia é uma cidade portuguesa localizada na sub-região da Área Metropolitana do Porto, pertencendo à região do Norte e ao distrito do Porto.
É sede do Município de Vila Nova de Gaia que tem uma área total de 168,46 km2, 304.149 habitantes em 2021 e uma densidade populacional de 1.805 habitantes por km2, subdividido em 15 freguesias. O município é limitado a norte pelo município do Porto, a leste pelo município de Gondomar, a sudeste pelo município de Santa Maria da Feira, a sul pelo município de Espinho e a oeste pelo Oceano Atlântico.
A cidade está localizada na margem sul da foz do rio Douro. As caves do famoso vinho do Porto ficam localizadas neste concelho. Formada, originalmente, a partir de duas povoações distintas, Gaia e Vila Nova, foi elevada a cidade, no dia 28 de Junho de 1984.
Gaia tem e sempre teve uma ligação muito forte à cidade vizinha do Porto, não apenas pela partilha do património comum do Vinho do Porto, mas também pelo facto de, no passado, as famílias burguesas e nobres do Porto terem, em Vila Nova de Gaia, quintas e casas de férias. Nas últimas décadas, devido ao crescimento económico e à melhoria das comunicações com a margem norte do rio Douro, Vila Nova de Gaia, progressivamente, acolheu população que trabalha, diariamente, no Porto (sobretudo, devido à construção do Metro do Porto, que estimulou e tornou ainda mais funcional esses movimentos pendulares entre Gaia e o Porto), bem como é um concelho onde trabalham e residem muitos cidadãos originários dos concelhos vizinhos da Área Metropolitana do Porto, situados logo a seguir à margem sul do rio Douro, como Espinho, Santa Maria da Feira, Arouca, São João da Madeira, Vale de Cambra ou Oliveira de Azeméis. Gaia é um concelho de residência semanal, durante os dias úteis da semana, de muitos cidadãos naturais desses concelhos que trabalham no espaço urbano de Gaia ou do Porto ou de Matosinhos, devido ao facto do custo das habitações ser menor em Gaia do que no espaço urbano do Porto e estar muito próxima do Porto, o que fez com que Gaia se tornasse um dos concelhos mais populosos de todo o país.
Gaia, juntamente com os concelhos vizinhos do Porto e de Matosinhos, forma a Frente Atlântica do Porto, que constitui o núcleo populacional mais urbanizado da Área Metropolitana do Porto, situado no litoral, delimitado, a oeste, pelo Oceano Atlântico, com a influência estrutural do estuário do Rio Douro, que une Gaia ao Porto.
História do município
Origens
A origem da cidade e da humanidade de Vila Nova de Gaia remonta, provavelmente, a um castro celta. Quando integrada no Império Romano, tomou o nome Cale (ou Gale, uma vez que no latim clássico não há uma distinção clara entre as letras e o som "g" e "c"). Este nome é, com grande probabilidade de origem céltica, um desenvolvimento de "Gall-", com a qual os celtas se referiam a eles próprios (outros exemplos podem ser encontrados em "Galiza", "Gaul", "Galway"). O próprio rio Douro (Durius em latim), é igualmente celta, construído a partir do celta "dwr", que significa água. Durante os tempos romanos, a grande maioria da população viveria na margem sul do Douro, situando-se a norte uma pequena comunidade em torno do porto de águas fundas, no local onde se situa agora a zona ribeirinha do Porto. O nome da cidade do Porto, posteriormente, "Portus Cale", significaria o Porto (portus em latim) da cidade de Gaia. Com o desenvolvimento como centro de trocas comerciais, a margem norte acabou por também crescer em importância, tendo-se aí estabelecido o clero e burgueses.
Com as invasões mouras do século VII D.C., a fronteira "de facto" entre o estado árabe e cristão acabou por se estabelecer por um longo período de tempo no rio Douro, por volta do ano 1000. Com os constantes ataques e contra-ataques, a cidade de Cale, ou Gaia, perdeu a sua população, que se refugiou na margem norte do Rio Douro. Uma das lendas mais associadas a Gaia refere-se ao confronto entre o rei cristão D. Ramiro, e o rei mouro Albazoer, despoletado por pretensões amorosas.
Após a conquista e pacificação dos territórios a sul do Douro, por volta de 1035, com o êxodo e expulsão das populações Muçulmanas, deixando terras férteis abandonadas, os colonos estabeleceram-se novamente em Gaia, em troca por melhores contratos feudais, com os novos senhores das terras conquistadas. Esta nova população refundou a antiga cidade de Cale com o nome de Gaia em torno do castelo e ruínas da velha "Gaia".
O nome das duas cidades de Porto e Gaia era frequentemente referida em documentos contemporâneos como "villa de Portucale", e o condado do Reino de Leão em torno da cidade denominado Portucalense. Este condado esteve na origem do posterior reino de Portugal.
Da fundação de Portugal às Guerras Liberais e Orientais
Após a fundação do reino de Portugal, as duas povoações de Gaia e de Vila Nova mantiveram-se autónomas. Gaia recebeu Carta de Foral passada pelo rei D. Afonso III em 1255 seguindo-se Vila Nova, por D. Dinis, em 1288. Em 1383, no entanto, ambas foram integradas no julgado do Porto, perdendo a sua autonomia.
Gaia, reconhecida sobretudo pela pujança agrícola, teve um papel fundamental no desenvolvimento comercial do Vinho do Porto, aqui tendo se fixado no século XVIII a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, e os armazéns das diversas companhias exportadoras.
No século XIX, a cidade esteve no centro de batalhas significativas tanto na Guerra Peninsular como na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando uma vez mais o Douro marcou a fronteira entre os beligerantes. Data deste segundo conflito o desenvolvimento e reputação de uma das imagens de marca da cidade, a fortificação da serra do Pilar, durante o cerco do Porto.
Junção de Gaia e Vila Nova
No final das guerras liberais, Gaia e Vila Nova foram, finalmente, agraciadas com autonomia política e, ao fundirem-se, nasceu o atual concelho de Vila Nova de Gaia com o Decreto n.º 23, de 16 de Maio de 1832 que implantou um novo sistema administrativo depois para o país.
Embora autónoma, o fluxo de trânsito entre as duas margens do Douro continuou a aumentar. A partir deste momento a história da cidade confunde-se com a história das suas pontes. A Ponte Pênsil, concluída em 1843 for a primeira ligação permanente. Em 1877 inaugurou-se a primeira travessia ferroviária para a margem norte com a Ponte D. Maria Pia. Seguiu-se a construção da Ponte D. Luís, terminada em 1886. Passaram 77 anos conturbados até que em 1963 a emblemática Ponte da Arrábida foi colocada em funcionamento, projeto do engenheiro Edgar Cardoso, que seria responsável igualmente pelo projeto de substituição da travessia ferroviária com a construção da Ponte de S. João em 1991. Mais uma vez, o forte crescimento populacional forçou o aumento das ligações entre as duas margens. A Ponte do Freixo concluída em 1995 e a Ponte do Infante, em 2003 são as mais recentes travessias a servirem o concelho.
O crescimento populacional e económico da cidade teve paralelos com os períodos de construção das pontes. Com inúmeras indústrias a fixarem-se na vila nos finais do século XIX, e o grande aumento populacional na segunda metade do século XX, foi finalmente elevada a cidade em 1984.
Atualmente algumas opiniões apontam no sentido de fundir os concelhos do Porto e Gaia.
Geografia
Com 168,46 km² de área (2013) é o maior município da sub-região do Grande Porto. Subdividido em 15 freguesias, está limitado a norte pelo município do Porto, a nordeste por Gondomar, a sul por Santa Maria da Feira e Espinho e a oeste pelo oceano Atlântico. Este contexto permite-lhe ser um concelho de grandes contrastes, entre zonas interiores, rio e mar, bem como entre áreas urbanas, industriais e rurais.
Em termos aquíferos para além das marcantes orla atlântica e a zona fluvial do Douro, atravessam o concelho inúmeras ribeiras. Destaca-se ainda o rio Febros, que atravessa as freguesias de Pedroso e Avintes. Embora com uma morfologia acidentada e muito desnivelada, o ponto mais alto do concelho situa-se a 261 m. Entre outros pontos, podem-se ainda citar o Monte da Virgem e a Serra de Canelas.
Os depósitos marinhos mais elevados situam-se, actualmente pelo 100–110 m e 120–130 m. Considerados Pré-Sicilianos surgem com frequência, apresentando geralmente uma grande espessura, como é possível observar em Canelas. O nível de praia imediatamente inferior (80-90m) encontra-se essencialmente no norte do concelho, na área de Canidelo e Afurada e ainda na freguesia de Arcozelo.
Paralelamente à linha da costa actual, surgem-nos pequenos retalhos do nível de 60–70 m de altitude, enquanto que o de 30–40 m se estende quase numa mancha contínua, desde Lavadores até ao limite sul do concelho. Entre a Praia da Madalena e a Praia da Granja, surgem-nos alguns depósitos a 15–30 m, enquanto que os de 5–8 m só é possível observá-los numa área muito localizada entre a Praia de Valadares e a Praia de Miramar. Relativamente aos materiais constituintes dos depósitos de praia da plataforma litoral, a inexistência de estudos sobre as suas características sedimentológicas não permite uma abordagem tão profunda quanto seria desejável.
Todavia pode referir-se que na generalidade se verifica um predomínio de calhaus de quartzo e quartzite, relativamente bem rolados, apresentando dimensões várias nos diferentes níveis de praias e por vezes no mesmo depósito, encontrando-se envolvidos num material arenoso mal calibrado e ainda uma matriz argilosa.
Demografia
Presentemente é o terceiro município mais populoso de Portugal, e o mais populoso na região Norte, com 302 295 habitantes (2011), dos quais aproximadamente 180 000 são residentes urbanos, distribuídos essencialmente em Mafamude, Santa Marinha, Oliveira do Douro e Canidelo.
Algumas das freguesias que formam a cidade de Vila Nova de Gaia são: Santa Marinha e São Pedro da Afurada (sede), Mafamude e Vilar do Paraíso, Canidelo, Madalena, Gulpilhares e Valadares, Vilar de Andorinho e Oliveira do Douro.
População
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste concelho à data em que os censos se realizaram.)
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no concelho à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)
Freguesias
O município de Vila Nova de Gaia está subdividido em 15 freguesias:
Arcozelo
Avintes
Canelas
Canidelo
Grijó e Sermonde
Gulpilhares e Valadares
Madalena
Mafamude e Vilar do Paraíso
Oliveira do Douro
Pedroso e Seixezelo
Sandim, Olival, Lever e Crestuma
Santa Marinha e São Pedro da Afurada
São Félix da Marinha
Serzedo e Perosinho
Vilar de Andorinho
Economia
Sendo um concelho de grandes dimensões, Gaia tem historicamente uma diversidade significativa na sua estrutura económica. Em todos os sectores, o concelho serviu de sede ou esteve na génese de empresas de referência nacional. Mantendo uma forte diversidade em todos os sectores de actividade, e presentemente uma referência no comércio a retalho. A Associação Comercial e Industrial de Gaia mantém uma caracterização permanente das actividades económicas.
Apesar da Câmara municipal de Vila Nova de Gaia apresentar o segundo maior Orçamento Municipal para o ano de 2012, com um total de 230 milhões de euros, representando um investimento de 112 milhões de euros, é a segunda mais endividada do país em 2012, com cerca de 236 milhões de euros.
Apesar de grande percentagem da população residente efectuar movimentos pendulares para o concelho vizinho do Porto, Gaia tem uma grande tradição industrial. Existem empresas de dimensões variáveis em áreas distintas como cerâmica, têxtil, ferragens, construção civil, sejam fornecedoras ou transformadoras finais.
Na década de 1990 a cidade recebeu duas grandes superfícies comerciais, que foram marcos importantes no desenvolvimento do concelho: Gaia Shopping e ArrábidaShopping. Recentemente, também a cadeia El Corte Inglés se fixou na freguesia de Mafamude, escolhendo o concelho para a sua segunda implementação em Portugal.Todos os bancos portugueses tem várias representações no concelho, incluindo algumas agências especializadas em Private Banking. A Avenida da República concentra uma parte significativa da actividade financeira.
Na área de saúde, a cidade é servida pelo Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia - Espinho, bem como por várias clínicas e laboratórios de análise. A cidade dispõe ainda do Hospital da Arrábida, um dos primeiros hospitais privados no país.
Sendo um concelho com uma área significativa, com frentes de mar e rio, e um interior de ruralidade significativa, encontramos vários exemplos no concelho de diversificação da actividade económica. S. Pedro da Afurada e Aguda são exemplos de comunidades muito activas no sector piscatório, possibilitando a compra directa de peixe fresco. De igual modo, embora o desenvolvimento urbano tenha reduzido o espaço disponível para terrenos agrícolas, mantém-se a capacidade de produção, nomeadamente em nichos de mercado como a agricultura biológica. Disto são exemplos o Projecto Raízes e o Cantinho das Aromáticas. Lojas de ferramentas e fornecedores de equipamento agrícola podem ser encontrados um pouco por todo o concelho.
Em Vila Nova de Gaia encontram-se localizados os estúdios RDP-Norte, sitos no Monte da Virgem. Além da Rádio e Televisão de Portugal, também a Rádio Nova Era é sediada nesta cidade. A sede da Associação das Empresas do Vinho do Porto situa-se na freguesia Sta. Marinha.
Turismo
Praias e orla costeira
Vila Nova de Gaia é conhecida pela sua extensa faixa costeira, com aproximadamente 17 km de areal. Em anos recentes, tem sido o concelho do país com mais praias ostentando o prémio Bandeira Azul. No total, em 2008, 17 praias receberam o galardão. Recentemente a requalificação de toda esta área contemplou a construção de um passadiço em madeira que permite percorrer a frente de mar, livre de trânsito, e ligando a praia de Lavadores a Espinho. Entre outras encontramos as praias da Madalena, Valadares, Miramar, Aguda e Granja.
Ao longo da costa, existem vários locais de interesse para além da actividade balnear, entre os quais se destacam a Capela do Senhor da Pedra na Praia de Francelos em Gulpilhares, a vila piscatória da Aguda e finalmente, o lugar da Granja, uma das mais famosas e antigas estâncias balneares portuguesas. A Granja é ainda conhecida por ter sido o local onde Sophia de Mello Breyner Andresen passou grande parte da sua infância e juventude e fonte de inspiração para os elementos marítimos das suas obras.
Ambiente e natureza
A instalação em 1983 do Parque Biológico de Gaia, posteriormente estendido e ampliado em 1998 tornou o concelho um ponto de referência em termos de instalações dotadas para a prática da educação e turismo ambiental sendo reconhecido por uma revista especializada como "provavelmente o melhor zoo de Portugal". Também em 1997 o Parque de Dunas da Aguda foi inaugurado, possibilitando a conservação de uma flora e fauna raras.
O Centro de Educação Ambiental das Ribeiras de Gaia desenvolve igualmente programas ligados ao ambiente, estando localizado junto à Praia de Miramar. Este centro é ainda responsável pelo desenvolvimento de percursos ao longo das ribeiras de Gaia, recuperando e revitalizando as zonas mais afastadas da orla marítima.
Outras oportunidades de turismo ligado à Natureza são oferecidas pela Estação Litoral da Aguda, que para além de desenvolver actividades ligadas à investigação do meio aquático, disponibiliza nas suas instalações Aquário e Museu das Pescas.
O Zoo Santo Inácio, localizado em Avintes é outra possibilidade dedicada à vertente fauna. Cerca de 1200 animais e 350 espécies podem aqui ser conhecidas em programas de visita vocacionados para os amantes da natureza.
Política
Eleições autárquicas
Eleições legislativas
Os resultados apresentados referem-se às eleições realizadas após 1976, apresentando-se os resultados dos partidos que obtiveram deputados, ao longo de tais eleições:
Infraestruturas
Educação
Sendo um concelho com uma área e população significativas, existem inúmeras instituições de ensino públicas e privadas, para os diferentes escalões etários.
84 jardins de infância integrados na rede pública
115 escolas do 1º ciclo de ensino básico, das quais 15 contemplam igualmente 2º e 3º ciclo.
9 escolas secundárias com 3º ciclo de ensino básico
2 escolas profissionais
7 colégios
12 instituições de apoio à deficiência
Recentemente, a Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto, ensino público pertencente ao Politécnico do Porto instalou-se em Vila Nova de Gaia. Anteriormente, apenas existia ensino superior de iniciativas privadas:
Instituto Piaget - Cooperativa para o Desenvolvimento Humano Integral e Ecológico, C.R.L.
ISPGaya - Instituto Superior Politécnico Gaya
IESF - Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais
ISLA - Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia
Conservatório Superior de Música de Gaia
Transportes e vias de comunicação
A cidade é servida pelo Metro do Porto e pela STCP. No entanto, a maior parte do concelho encontra-se coberta por companhias de transporte privadas, tais como a UTC, Espírito Santo.
A CP tem na Estação das Devesas um dos seus pontos nevralgicos. Todos os comboios Alfa Pendular da linha do Norte servem Vila Nova de Gaia a partir deste ponto de paragem. O concelho, na sua totalidade é ainda servido por diversas estações e apeadeiros. Destes, Granja, Aguda, Miramar e Francelos tem um pico de utilizadores significativo durante a época balnear, servindo diversas praias do concelho.
Diversas auto-estradas podem ser encontradas: A1, A29, A20, A32, A41 e A44, que fecha o anel circular interno (VCI de Gaia) com a VCI do Porto. A A41, também conhecida como IC24, é a circular externa da área Metropolitana do Porto, evitando que o tráfego pesado extra-metropolitano para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e Porto de Leixões se misture com as deslocações internas entre Porto e Gaia.
O aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro situa-se a sensivelmente 20 km, dispondo de bons acessos através das auto-estradas supra-referidas. O Porto de Leixões encontra-se a 15 km.
Cultura
Património
Mosteiro de Grijó ou Mosteiro de São Salvador de Grijó
Igreja da Serra do Pilar
Antigo Convento Corpus Christi ou Instituto do Bom Pastor
Monte do Castelo (área do Castelo de Gaia)
Casa da Família Barbot e jardins
Mosteiro da Serra do Pilar ou Mosteiro de Santo Agostinho da Serra do Pilar
Fábrica de Cerâmica das Devesas
Clínica Heliântia e Sanatório Marítimo do Norte
Quinta de Baixo ou Quinta dos Condes de Paço Vitorino
Desporto
A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia nomeia todos os anos os atletas que se distinguiram durante a época desportiva.
Património cultural
Auditório municipal
Biblioteca municipal
Casa-Museu Teixeira Lopes
Cine-Teatro Eduardo Brazão
Cinema Sandim
Capela do Senhor da Pedra
Casa Barbot (Casa da cultura)
Igreja do Mosteiro da Serra do Pilar (Património Mundial)
Mosteiro de Grijó
Mosteiro de Pedroso
Solar dos Condes de Resende (Canelas)
Alto da Bandeira
Arcozelo (Santa Maria Adelaide)
Arnelas
Campus Escolar Serra do Pilar
Cais de Gaia
Candal
Casa-Museu Ramos Pinto
Casa-Museu Van-Zeller
Cine-teatro Eduardo Brazão
Coimbrões
Convento de Corpus Christi
Francelos
Monte da Virgem
Pedra da Audiência - Avintes
Parque Biológico de Gaia - Avintes
Parque Municipal da Lavandeira
Ponte Luís I (Património Mundial)
Ponte de D. Maria Pia
Ponte de São João
Ponte da Arrábida
Ponte do Infante
Praia da Aguda - Estação Litoral da Aguda, um parque zoológico/aquário.
Praia da Granja
Praia de Miramar
Santo Ovídio
Igreja Paroquial de Santo Ovídio
Serra de Canelas
Serra do Pilar
Solar dos Condes de Resende
Zoo Santo Inácio (Avintes)
A Volta dos Tristes, Maria Sequeira (2018)
Ver também
A Voz de Gaia
Castelo de Gaia
Personalidades Ilustres
Acácio Barradas (jornalista)
Adriano Correia de Oliveira (cantor e compositor)
Agostinho Santos (jornalista)
Albertinho Fortuna (cantor)
Alberto Barros (médico, professor catedrático e diretor do departamento de genética da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto)
Alcino Soutinho (arquiteto)
Álvaro Pires de Castro (irmão de Inês de Castro)
Alves de Sousa (escultor)
Ana Burnay Aranha (aviadora)
Ana Macedo (escritora)
André Gomes (futebolista português)
António Augusto Peixoto Correia (oficial da marinho e político)
António de Assunção Sampaio (pintor)
António Folha (futebolista)
António Jorge Pereira dos Santos (futebolista)
António Manuel Louro Paula (futebolista)
António Monteiro Cantarino (industrial de cerâmica)
António Pinho Vargas (compositor)
António Reis (cineasta)
António Sala (locutor e cantor)
António Soares dos Reis (escultor)
António Teixeira Lopes (escultor)
Artur Soares Dias (futebolista)
Bruno Vale (futebolista)
Carlos Herdeiro (físico)
Carolina Salgado (escritora)
Cátia Tavares (atriz e cantora)
Celeste Ferreira (artista plástica)
António Tomás dos Santos (empresário)
Dalila Carmo (atriz)
Débora Monteiro (atriz e apresentadora de televisão)
Diogo de Macedo (escultor e escritor)
Eduardo Vítor Rodrigues (professor universitário e político)
Emplastro (figura pública)
Fernando Alvim (humorista, locutor e apresentador de televisão)
Fernando Azevedo (pintor)
Francisco de Azeredo Teixeira de Aguilar (professor, engenheiro civil, militar e antigo presidente da Câmara Municipal do Porto)
Luís Gomes (ciclista)
Guilherme Camarinha (pintor)
Hélder Lopes (futebolista)
Henrique Moreira (escultor)
Horácio Manuel Tavares de Carvalho (político)
Igor Miguel Castro da Rocha (futebolista)
Isolino Vaz (pintor)
Jaime Milheiro (psiquiatra e psicanalista)
Joana Cunha (atleta de taekwondo)
Joana Vasconcelos (canoísta)
João de Miranda Ribeiro (carpinteiro radicado na Bahia)
João Domingos da Silva Pinto (futebolista)
Joaquim Pinto Vieira (pintor)
Joaquim Poças Martins (engenheiro, professor, gestor público e ex-governante)
Jorge Gonçalves (futebolista)
José Maria Sá Lemos (escultor)
José Reis da Silva Ramos (empresário)
José Rentes de Carvalho (jornalista)
José Sardinha (arquiteto)
José Sousa Caldas (escultor)
José Vaz (escritor)
Lenine Cunha (atleta paralímpico)
Luís António Ferreira Teixeira de Vasconcelos Girão (escritor)
Magalhães Costa (militar e aeronauta)
Manuel Abranches de Soveral (escritor e jornalista)
Manuel Alberto Valente (escritor)
Manuel Bento Rodrigues da Silva (antigo patriarca de Lisboa)
Manuel Cunha (ciclista)
Manuel dos Santos Castro (artista plástico)
Manuel Jorge da Silva Cruz (futebolista)
Manuel José Azevedo Vieira (futebolista)
Manuel Lima Fernandes de Sá (arquiteto)
Manuel Marques (arquiteto)
Manuel Marques Gomes (homem de negócios)
Margarida Reis Alves (artista plástica)
Maria Alberta Menéres (escritora e poetisa)
Maria Amélia Ferreira (investigadora, médica e primeira diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto)
Maria do Couto Maia-Lopes (Supercentenária)
Maria Manuel Mota (cientista, investigadora e imunologista)
Mário Brochado Coelho (advogado, político e escritor)
Nuno Pinto (futebolista)
Nuno da Silva (piloto e corsário)
Ivo Oliveira (ciclista)
Rui Oliveira (ciclista)
Paulo Barros (músico)
Paulo Miguel Campos de Sousa (futebolista)
Paulo Rangel (político)
Pedro Gomes (canoísta)
Pedro Miguel da Câmara Pinheiro (futebolista)
Reinaldo Ventura (jogador de hóquei em patins)
Ricardo Costa (futebolista)
Ricardo Nuno Queirós Nascimento (futebolista)
Rui Jorge (futebolista)
Rui Pedro Couto Ramalho (futebolista)
Rui Pinto (hacker)
Salvador Caetano (empresário)
Sky (cantora)
José Tavares (futebolista)
Teodósio Gonçalves da Silva (filantropo)
Teresa Ricou (artista circense, criadora do circo Chapitô)
Vanessa Fernandes (atleta de trialto)
Vasco Santos (árbitro)
Venceslau Fernandes (ciclista, 1945)
Vítor Baía (futebolista)
Ligações externas
Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Agência Municipal de Investimento
Vila Nova de Gaia - Rede Social Local
Municípios na Área Metropolitana do Porto
Vila Nova de Gaia |
Varre-Sai é um município brasileiro do estado do Rio de Janeiro, localizado na Região Imediata de Itaperuna, que integra a Região Intermediária de Campos dos Goytacazes.
É o município do estado mais distante da capital Rio de Janeiro. Quarta sede de município mais elevada do estado, Varre-Sai, por seu clima frio e altitude elevada, se destaca como maior produtor de café do estado, sendo inclusive reconhecido pela ALERJ como Capital Estadual do Café. Também se destaca por ser a maior colônia de descendentes de italianos do estado (compõe mais de setenta por cento da população do município).
Além da produção cafeeira, outro importante segmento da economia que vem crescendo é o turismo, integrante dos "Circuitos das Águas" (juntamente com Itaperuna, Porciúncula, Natividade e Raposo) e também como importante rota de acesso ao Parque Nacional do Caparaó. Sua maior atração é o Festival do Vinho e Festa da Colônia Italiana, seguido pelas festas de Abril e Cruz da Ana. Outro ponto que vem se destacando é o turismo rural (fazendas de café e suas lavouras, hotéis-fazenda, artesanatos, queijos, vinhos e licores) e o turismo de aventura (parapente [este, em 2009, teve participantes de outros países, como Alemanha], motocross, cachoeiras e passeios nas matas e montanhas).
História
Os primeiros habitantes conhecidos da região do atual município de Varre-Sai foram os índios puris e goitacases. Estes índios impediram a ocupação da região pelos portugueses, que, nela, criaram a Capitania de São Tomé no século XVI. A região só começou a ser ocupada por não índios por volta de 1830, com a chegada de José de Lannes Dantas Brandão, procedente de Minas Gerais.
A origem do nome "Varre-Sai" remota a meados do século XIX: onde fica a atual sede do município, existia um rancho que era cuidado por uma velha senhora chamada dona Inácia. Este rancho era ponto de parada dos rancheiros que vinham das Minas Gerais para vender seus produtos no Espírito Santo. A condição para que eles pernoitassem era que os tropeiros, após dormirem, limpassem o estábulo onde ficavam os cavalos e burros. Daí, o rancho foi ganhando popularidade, passando a ser conhecido como "Rancho Varre-Sahe". Algum tempo depois, o proprietário das terras doou um pedaço de terra para a construção da atual Igreja Matriz São Sebastião.
No seu entorno, começou a nascer uma vila que viria a se tornar o atual município. Já no final do século XIX e início do século XX, com auge da economia cafeeira no Brasil, começaram a chegar os imigrantes, principalmente italianos, que se estabeleceram para trabalhar nas lavouras de café. Na condição de distrito, Varre-Sai ficou politicamente subordinado à sede, que era o município de Natividade, embora deste fosse bem diferente em aspectos culturais, geográficos e econômicos. A tão almejada emancipação veio no ano de 1990 com o plebiscito em 25 de novembro (feriado na cidade), no ano de 1991 foi assinado pelo então Governador Moreira Franco a Lei de Emancipação com a criação do atual município de Varre-Sai.
Geografia
Com uma população estimada de 11 208 habitantes em 2021 e área de 201,94 quilômetros quadrados, a densidade demográfica de Varre-Sai é de 55,5 habitantes por quilômetro quadrado. É o município fluminense mais distante da capital Rio de Janeiro, localizado a 363 km do centro desta – distância comparável à existente entre as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo (430 km). Situa-se mais próximo da capital do estado do Espírito Santo (Vitória). Varre-Sai faz divisa com os municípios de Natividade, Porciúncula, Bom Jesus do Itabapoana e Guaçuí, este já no estado do Espírito Santo, e próximo da divisa com Minas Gerais.
Quarta sede de município mais elevada do estado do Rio de Janeiro, com 700 metros de altitude média, seu relevo varia de ondulado a montanhoso. Situa-se na Serra da Sapucaia, um prolongamento da Serra do Caparaó. Varia de altitudes entre 600 a 1 100 metros. Embora seu relevo seja relativamente baixo se comparado a outras regiões do Brasil, quando comparado com as regiões Norte e Noroeste do estado, Varre-Sai apresenta características únicas. É conhecido como a "Petrópolis do Noroeste" por sua altitude e clima bem parecidos a Petrópolis.
Outra característica marcante sua é que, diferente de seus vizinhos, a cidade, no perímetro urbano, não é cortado por um rio e sim um pequeno valão denominado Ribeirão Santa Cruz, embora faça parte da bacia hidrográfica do Rio Itabapoana, através do Rio da Prata, que inclusive dá nome à localidade de Santa Rita do Prata. Este rio, devido ao seu curso acidentado, é muito utilizado para produção de energia elétrica.
Sua composição étnica é formada principalmente por descendentes de italianos (setenta por cento da população), portugueses, sírio-libaneses, negros e índios. Embora a maior parte de sua população viva na área urbana, cerca de 40 por cento da população vive na zona rural. Sua população, em sua imensa maioria, professa a religião católica, novamente contrariando uma característica do Estado do Rio de Janeiro, que é considerado um dos estados menos católicos do país. Os não católicos professam religiões protestantes, espíritas ou não têm religião.
Clima
Seu clima é tropical de altitude, com verões frescos e invernos mais frios se comparado a outros municípios da região. Uma característica é a neblina na época do inverno, que costuma cobrir a cidade nas madrugadas e na parte da manhã. Esta neblina, após se dissipar, deixa o tempo aberto durante todo o dia com temperaturas amenas. Às vezes, não passa dos 12 graus centígrados. Nas noites, de madrugada, são registradas as mínimas mais baixas. Com média anual de 19 graus centígrados (na sede), pode ter médias bem menores nas áreas mais elevadas da zona rural.
Suas médias máximas sobem para 24,6 graus centígrados, com temperatura máxima rara de 35,9 graus centígrados, enquanto que as médias mínimas ficam em torno de 14,2 graus centígrados, com mínimas raras na sede de 1 grau Celsius ou menos, chegando próximo a 0 grau Celsius nas áreas mais elevadas do município, onde já ocorreram registros de geadas. Já foi relatada temperatura de -0,6 grau Celsius em 1975, embora não seja um dado oficial e seja um caso extremamente raro.
Economia
Possui 4 Bancos, sendo que o Banco do Brasil é o maior deles, responsável por mais de 90% do crédito agrícola local.
A principal atividade econômica é a cafeicultura, responsável por um terço do produto interno bruto do município. Abragendo cerca de 38,4 por cento do parque cafeeiro do Estado do Rio de Janeiro, Varre-Sai se destaca como o maior produtor estadual de café, produzindo algo próximo a duzentas mil sacas de café, tipo arábica, por ano.
A pecuária também é importante fonte econômica. Destaca-se ainda a vocação do município para o turismo rural e ecoturismo, com seus produtos artesanais, como vinho de jabuticaba, queijo, doces, licores, cachaça (produto que já foi exportado para outros países) e artigos em geral.
Filho ilustre
Varre-Sai é a cidade natal do violonista Baden Powell de Aquino, um dos principais nomes da música brasileira.
Turismo
Janeiro: Festa de São Sebastião, padroeiro da cidade e Festa de Aniversário do município
Abril: Festa da Cidade, em homenagem à banda Lira de Santa Cecília. Esta festa atrai milhares de visitantes de municípios vizinhos, com seus shows, atrações de motocross e voo livre.
Março/Abril: Semana Santa, mostra da grande religiosidade do povo.
Maio: Festa do Divino, por ocasião de Pentecostes. Festa com grande participação popular, e Bênção de tratores. É promovida pela Paróquia Nossa Senhora das Graças.
Julho: Festival do Vinho e desfile da colônia italiana. Uma das maiores e mais importantes festas do interior do estado, o Festival do Vinho resgata as origens da colônia italiana, regada a muito vinho de jabuticaba, atrações, frio e com público de vários cantos do Brasil.
Agosto: Ocorrem aos 10 de agosto os Festejos de Santa Filomena com cerimônias religiosas, passeios ciclísticos e procissão de motocicletas.
Setembro: Festa do Dia do Evangélico; com os tradicionais e grandes festejos que embalam o último sábado de setembro. É realizado no Centro da cidade.
Outubro: Festa de Nossa Senhora Aparecida com tradicional Cavalgada.
Novembro: Em 25 de novembro comemora-se a emancipação político administrativa da cidade - Festa de Nossa Senhora das Graças.
Além das festas, Varre-Sai detém um imenso potencial turístico para o turismo rural e o turismo de aventura. Dispõe de Pousadas rurais com chalés, restaurante, cavalgada e rampa para asa delta. No município, existem cachoeiras, matas e grutas que favorecem a prática de esportes. No 3M, morro sagrado para os praticantes de parapente, existe um desnível com a vizinha Bom Jesus do Querendo-Natividade de mais de 600 metros.
Há, também, passeios aos pontos mais elevados do município, como o Morro da Malacacheta, a apenas 3 km do centro da cidade, com seus 1 020 metros de altitude (embora o ponto culminante encontre-se na comunidade da Jacutinga, com aproximadamente 1 100 metros, este pertencente à Paróquia de Nossa Senhora das Graças, chamado Alto do Santo Cristo, um dos locais mais visitados hoje em dia devido à bela visão de todo o redor que proporciona (local de afluência de devotos e esportistas). Existem, no município, pelo menos 8 pontos que superam os mil metros de altitude; 10 que superam os novecentos, com destaque para o Morro do Pirozzi, com 970 metros; e inúmeros pontos que superam os oitocentos de altitude, com destaque para o morro da Torre, com 890 metros e o Morro do Calvário, com 840 metros.
As fazendas do ciclo do café, algumas centenárias, conservam toda sua imponência da época aúrea do café. Já na cidade, destacam-se as adegas de vinho de jabuticaba, com seu processo artesanal, seus bares e botecos, suas praças e a arquitetura das igrejas e das casas do Centro, algumas centenárias e das mais conservadas do Noroeste Fluminense. Além do Vilagge Club de Varre-Sai.
Ligações externas
Página da Prefeitura Municipal
Jornal Conexão Noroeste
Terra: Meteorito muda rotina de cidade e atrai caçadores de tesouro
Fundações no Rio de Janeiro em 1991 |
Microsoft Windows (ou simplesmente Windows) é uma família de sistemas operacionais desenvolvidos, comercializados e vendidos pela Microsoft. É constituída por várias famílias de sistemas operacionais, cada qual atendendo a um determinado setor da indústria da computação, sendo que o sistema geralmente é associado com a arquitetura IBM PC compatível. As famílias ativas do Windows incluem Windows NT e Windows Embedded; estes podem abranger subfamílias, como Windows CE ou Windows Server. Entre algumas das famílias Windows extintas estão o Windows 9x, o Windows 10 Mobile e o Windows Phone.
A Microsoft introduziu um ambiente operacional chamado Windows em 20 de novembro de 1985, como um shell para MS-DOS, em resposta ao crescente interesse em interfaces gráficas de usuário (GUIs).
O Microsoft Windows passou a dominar o mercado de computadores pessoais (PC) do mundo, com mais de 90% de participação de mercado, superando o macOS, que havia sido introduzido em 1984. A Apple chegou a ver o Windows como uma invasão injusta em sua inovação no desenvolvimento de produtos GUI, como o Lisa e o Macintosh (eventualmente resolvido na Justiça em favor da Microsoft em 1993). Nos PCs, o Windows ainda é o sistema operacional mais popular.
No entanto, em 2014, a Microsoft admitiu a perda da maioria do mercado global de sistemas operacionais do sistema operacional móvel Android, devido ao enorme crescimento nas vendas de smartphones. Em 2014, o número de dispositivos Windows vendidos era menos de 25% dos dispositivos Android vendidos. Essas comparações, no entanto, podem não ser totalmente relevantes, já que os dois sistemas operacionais visam plataformas tradicionalmente diferentes. , a versão mais recente do Windows para PCs, tablets, smartphones e dispositivos embutidos é o Windows 11. A versão mais recente para servidores é o Windows Server 2022. Uma versão especializada do Windows é executada no console de jogos Xbox One, Xbox Series X e Series S.
História
A Microsoft começou a desenvolver o Microsoft Windows em setembro de 1981. Os primeiros Windows, como o 1.0, 2.0, são compatíveis apenas com partições formatadas em sistema de ficheiros FAT, nesse caso, o FAT 16. O 3.x poderia ser instalado em FAT 32, porém necessita ser instalado o MS-DOS 7.10, que era incluído nos disquetes de inicialização do Windows 95 OSR2 e Windows 98, necessitando modificar alguns arquivos para permitir seu funcionamento. Ao mudar do 3.1 para o 95B (Windows 95 OSR 2/OSR 2.1), os HD's poderiam ser formatados em FAT 32. Inicialmente lançado com o Windows NT, a tecnologia NTFS é ainda hoje (2020) o padrão de fato para esta classe. Com a convergência de ambos sistemas, o Windows XP passou também a preferir este formato.
Windows 95
O Windows 95 foi lançado em 24 de agosto de 1995. Ele era um Windows completamente novo, e de nada lembra os Windows da família 3.xx. O salto do Windows 3.0 ao Windows 95 era muito grande e ocorreu uma mudança radical na forma da apresentação do interface. Introduziu o Menu Iniciar e a Barra de Tarefas. Enquanto nesta versão, o MS-DOS perdeu parte da sua importância visto que o Windows já consegue ativar-se sem precisar da dependência prévia do MS-DOS. As limitações de memória oferecidas ainda pelo Windows 3.0 foram praticamente eliminadas nesta versão. O sistema multitarefa tornou-se mais eficaz. Utilizava o sistema de ficheiros FAT-16 (VFAT). Os ficheiros (arquivos) puderam a partir de então ter 255 caracteres de nome (mais uma extensão de três caracteres que indica o conteúdo do arquivo, facilitando assim sua identificação e podendo ser associado para abertura em determinados programas). O salto foi enorme, e o lançamento foi amplamente divulgado pela imprensa, inclusive pelas grandes redes de televisão. Existe uma outra versão do Windows 95, lançada no início de 1996, chamada de Windows 95 OEM Service Release 2 (OSR 2), com suporte nativo ao sistema de arquivos FAT32. Já o Windows 95, a partir da revisão OSR 2.1, incluía o suporte nativo ao Barramento Serial Universal (USB) e Ultra DMA (UDMA). Foi lançada ainda uma versão especial, o Windows 95 Plus!, com um pacote de diferentes temas visuais e sonoros para personalização do sistema operacional. Esta versão também incluía o navegador Internet Explorer.
Windows 98
Esta versão foi lançada em 25 de Junho de 1998. Foram corrigidas muitas das falhas do seu antecessor. A maior novidade desta versão era a completa integração do S.O. com a Internet. Utilizava o Internet Explorer 4. Introduziu o sistema de arquivos FAT 32 e começou a introduzir o teletrabalho (só foi possível devido à integração do Web). Melhorou bastante a interface gráfica. Incluiu o suporte a muitos monitores e ao USB (Universal Serial Bus). Mas, por ser maior do que o Windows 95 e possuir mais funções, era também mais lento e mais instável. Nessa versão, nasce a restauração de sistema via MS-DOS (Scanreg.exe /restore). A restauração de sistema visava corrigir problemas retornando o computador a um estado anteriormente acessado (ontem, antes de ontem, etc).
Windows CE
Windows CE (às vezes abreviado para WinCE, apesar de a Microsoft já ter negado esta relação), é o sistema operativo Windows para dispositivos portáteis, Tablet PCs e sistemas embarcados. Ele equipa desde microcomputadores até telefones celulares mais antigos e o Dreamcast. É suportado no Intel x86 e compatíveis, MIPxS, ARM, e processadores SuperH Hitachi. O Windows CE não deve ser confundido com o Windows Embedded Standard, que é uma versão componentizada e reduzida dos sistemas operacionais Windows para desktops. Trata-se de um sistema operacional distinto, com um projeto diferente de kernel, diferente da versão desktop do Windows, sendo a base para projetos recentes como o Windows Phone. Esse sistema já foi usado em alguns governos para eleições por meio das urnas eletrônicas, e também é usado em alguns caixas eletrônicos de bancos.
Windows XP
O Windows XP foi o primeiro da família a oferecer suporte a sistemas de 64 bits. O nome "XP" deriva de eXPerience. É o sucessor de ambos os Windows 2000 e Windows ME e é o primeiro sistema operacional para consumidores produzido pela Microsoft construído em nova arquitetura e núcleo (Windows NT 5.1). O Windows XP foi lançado no dia 25 de outubro de 2001 e mais de 400 milhões de cópias estavam em uso em Janeiro de 2006, de acordo com estimativas feitas naquele mês pela empresa de estatísticas IDC. Foi sucedido pelo Windows Vista lançado para pré-fabricantes no dia 8 de novembro de 2006 e para o público em geral em 30 de Janeiro de 2007. Suas vendas cessaram no dia 30 de junho de 2008, porém ainda era possível adquirir novas licenças com os desenvolvedores do sistema até 31 de janeiro de 2009 ou comprando e instalando as edições Ultimate ou Business do Windows Vista e então realizando o downgrade para o Windows XP. Até o final de Julho de 2010, o Windows XP era o sistema operacional mais utilizado no mundo com 62.43% de participação no mercado, tendo chegado a 85% em Dezembro de 2006. Os números mostram a queda exponencial do uso do sistema operacional, acelerada pelo lançamento do Windows 7, que chegou para corrigir os problemas do Vista.
Windows Vista
O Windows Vista é a sexta versão do Windows, lançada em 30 de janeiro de 2007. Antes do seu anúncio em 22 de julho de 2005, o Windows Vista era conhecido pelo nome de código Longhorn. O lançamento do Windows Vista veio mais de cinco anos depois da introdução do seu predecessor, o Windows XP. O Windows Vista possui novos recursos e funções dos que os apresentados por sua versão anterior o Windows XP, como uma nova interface gráfica do usuário, apelidada de Windows Aero.
Windows 7
Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para usuários comuns às 00h00 do dia 22 de outubro de 2009, menos de 3 anos depois do lançamento de seu predecessor, Windows Vista. Pouco mais de três anos depois, o seu sucessor, Windows 8, foi lançado em 26 de outubro de 2012.
Diferente do Windows Vista, que introduziu um grande número de novas características, Windows 7 foi uma atualização mais modesta e focalizada para ser mais eficiente, limpo e mais prático de usar, com a intenção de torná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares com os quais o Windows Vista já era compatível.
Windows 8
O Windows 8 foi lançado em 26 de outubro de 2012, trazendo uma grande mudança na sua interface, o chamado Metro UI, O Menu Iniciar foi completamente reformulado, agora sendo chamado de Tela Iniciar. Ao mover o ponteiro do mouse no canto inferior esquerdo, você pode tanto visualizar os seus arquivos e programas da maneira clássica, como os aplicativos da Windows Store, além da busca mantida do Windows 7.
Windows 10
A Microsoft lançou o Windows 10 Technical Preview (nome de código Threshold) no dia 30 de setembro de 2014 e em seu lançamento foi enfatizado o retorno do Menu Iniciar de que tanto os utilizadores sentiam falta.
Houveram muitas alterações quando se compara o design com a versão anterior (Windows 8.1). A promessa do novo sistema operacional era unir o melhor de dois mundos que se tornaram distantes (Windows 7, focado em desktops, e Windows 8.1, focado em tablets). Outro recurso apresentado foram as novas Live Tiles, que podem ser inseridas agora, ao lado do Menu Iniciar, e dimensionadas, tal como no Windows 8.1. Além disso, o Windows 10 traz diversos novos recursos e inovações que superam, em quantidade, as apresentadas no Windows Vista. Diversos recursos e funcionalidades foram substituídas/remodeladas ou, simplesmente, deletadas, tornando o sistema mais limpo e fluido. Funcionalidades comuns, como calculadora por exemplo, foram substituídas pelos Aplicativos Universais. Se o usuário ainda não desejar ter o menu iniciar de volta, pode substitui-lo pela Tela Iniciar clicando com o botão direito sobre a barra de ferramentas e, na aba "Menu Iniciar", desabilitar a opção "Usar o Menu Iniciar ao invés da Tela Iniciar". No dia 29 de julho de 2015, a versão final do Windows 10 foi lançada pela Microsoft.
Windows 11
O Windows 11 foi lançado em 5 de outubro de 2021, mostrando uma interface muito próxima da aparência do cancelado Windows 10X. As maiores novidades são o redesign do Menu Iniciar, a nova tela de Widgets. O sistema foi criticado várias vezes devido a falta de funcionalidades em relação ao antecessor.
Características técnicas
A principal linguagem de programação usada para escrever o código-fonte das várias versões do Windows é o C e algumas partes com C++ e Assembly. Até a versão 3.11, o sistema rodava em 16 bits (apesar da possibilidade de instalar um update chamado Win32s para adicionar suporte a programas 32 bits), e daí em diante, em 32 bits. Desde o Windows XP e Windows Server 2003 existe suporte para a tecnologia 64 bits. A partir do Windows 11, não há mais suporte para sistemas 32 bits. Os sistemas de 64 bits não possuem mais suporte para rodar nativamente aplicativos de 16 bits, sendo necessário o uso de emuladores/máquinas virtuais.
Os bits são relacionados ao volume de dados que um microprocessador é capaz de lidar. Se um processador tem uma arquitetura de 64 bits, ele é capaz de lidar com dados na ordem de 264, ou seja, 18 446 744 073 709 552 000. Só que para isso ser possível, é necessário que o sistema operacional seja de 64 bits, caso contrário ele trabalhará com somente com instruções de 32 bits (Se o sistema for de 32 bits). Sistemas operacionais de 64 bits também endereçam uma quantidade maior de RAM, suportando até 192 GB (Windows 7 Ultimate) ou 128 GB (Windows XP Professional), contra 3,2 GB dos sistemas de 32 bits.
Outra característica denominada de herança maldita devido o fato de ter herdado essa regra do DOS é o fato de não se poder criar pastas com os determinado nomes: con, prn, aux, com1 e lpt1. Trata-se de uma antiga herança que os SOs Windows carregam do MS-DOS e são palavras reservadas para a comunicação interna do SO.
Através do Prompt de Comandos é possível criar pastas e arquivos com qualquer um dos nomes acima. Mas o sistema impede que os documentos sejam editados e excluídos pelo Windows Explorer.
Implementações alternativas ao Windows e suas APIs de programação
Wine
CrossOver
ReactOS
Cedega
Darwine
Ver também
Microsoft Security Essentials
Readyboost
Ligações externas
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Tecnologia da informação |
O Rei é a peça mais importante do xadrez ocidental, cuja captura é o único objetivo do jogo. Nos países lusófonos, o rei é representado pela letra R na notação algébrica de xadrez. Uma vez que não pode ser trocado durante uma partida, ele é considerado uma peça de valor inestimável. Entretanto, alguns autores lhe atribuem de dois a quatro pontos de valor relativo, numa escala de um a dez, baseando-se em sua mobilidade, segurança e no papel ativo que desempenha na fase final da partida.
Durante uma partida, o Rei não pode permanecer sob ameaça das peças adversárias em nenhum instante, devendo ser colocado em segurança imediatamente no movimento seguinte, caso seja atacado. As regras de etiqueta no xadrez indicam que ao ameaçar o Rei do adversário, o atacante pode quebrar o silêncio da partida e anunciar "Xeque!" e, no caso do Rei não poder escapar da captura, anunciar "Xeque-mate!". Esses gestos são considerados opcionais segundo as leis do jogo.
A sua movimentação consiste no deslocamento de uma casa na direção horizontal, vertical ou diagonal, desde que ela não esteja sob ataque adversário. Caso ainda não tenha sido movimentado no jogo, é permitido ao Rei realizar um movimento especial denominado roque com uma das torres, com o que se pode protegê-lo deslocando-o duas casas horizontalmente, caso estas casas não estejam sob ataque e o Rei não esteja em xeque.
Origem e etimologia
Uma das lendas que acompanham a criação do jogo conta que o brâmane Lahur Sessa criou o chaturanga, predecessor mais antigo do xadrez, a pedido do Rajá indiano Balhait. Sessa tomou por base as figuras do exército indiano, e incluiu a peça hoje conhecida Rei como forma representativa do seu monarca e do papel que ele desempenhava na condução dos exércitos na guerra. Este simbolismo da peça, representando o poder do estado, acompanhou os controversos fatos sobre a origem do jogo. Quando os persas assimilaram o xadrez, adaptaram o nome da peça principal de acordo com a figura do seu chefe de estado, o Shah. Esta adaptação originou também a expressão "xeque-mate", que é uma transliteração de Shah Mat, que significa "rei emboscado".
A expansão do jogo pelo mundo continuou e ao chegar à Europa, trazido provavelmente pelos árabes, a peça foi novamente designada pela figura do Rei, que era o chefe de Estado presente na maioria dos países europeus. No subcontinente indiano e nos países do sudeste asiático manteve-se o nome original "Rajá".
Arqueologia
O artefato arqueológico mais antigo pertence ao conjunto de peças de Afrassíabe do qual foi encontrado somente uma peça do Rei ou Shah. Esta é uma figura sentada em um trono numa grande carruagem puxada por três cavalos.
Desenhos mais simples e estilizados foram desenvolvidos pelos muçulmanos seguindo a proibição do islamismo de representar figuras vivas. Nestes conjuntos, o Rei é representado pela maior peça e normalmente adornado apenas com uma coroa. No conjunto das peças de Ager, o Rei é estilizado como um pequeno bloco cilíndrico com um corte, sugerindo a figura de um trono.
No conjunto de Peças de Lewis, importante artefato arqueológico encontrado no século XVIII, foram encontradas oito peças do Rei que é caracterizado com coroa, uma espessa barba, sentando em um trono e munido de uma espada desembainhada sobre o colo.
Outras representações do Rei incluem o conjunto de peças de Carlos Magno, onde o monarca é representado num pequeno palácio esculpido em marfim de elefante. Apesar do imperador francês não ter conhecido o jogo, o nome foi dado em função do local onde as peças foram encontradas no século XIII: a Basílica de Saint-Denis.
Em 1849, Jaques of London e Nathaniel Cook desenharam o modelo de peças Staunton que é considerado padrão mundial para competições de xadrez. O modelo do Rei no padrão Staunton consiste numa figura de aproximadamente 9,5 cm com um florão ao topo, que pode ser uma cruz pátea, uma flor-de-lis ou uma gota invertida. Sua base deve ter aproximadamente 40 a 50% da sua altura sendo opcional o emprego de materiais densos no interior da peça, todavia estas precisam ter estabilidade.
Movimento e valor relativo
Na posição inicial das peças sobre o tabuleiro, o Rei de cor branca permanece na casa e1 de cor escura, e o Rei de cor preta posicionado na casa e8 de cor clara. Conforme estabelece a FIDE, o Rei deve ser representado pela letra R nas notações algébricas de xadrez que devem ser utilizadas em torneios oficiais. Em periódicos e na literatura, recomenda-se a utilização de figuras ou diagramas ( e ).
O movimento do Rei permaneceu praticamente inalterado durante a evolução do xadrez ao longo dos séculos. Mesmo o predecessor mais antigo tinha como movimentação 1 casa na direção vertical, horizontal ou diagonal, limitada a condição da casa para o qual deseja-se mover a peça não estar sob ataque das peças adversárias. Nas primeiras versões do xadrez, era permitido o Rei pular uma peça em uma única ocasião durante o jogo, sob a condição de que a casa sobre o qual pula também não estar sob o ataque do adversário, o Rei não ter se movimentado e não ter sido ameaçado por xeque até o momento de execução do movimento. O Rei posicionado em e1, por exemplo, poderia se mover para c1, c2, c3, d3, e3, f3, g1, g2 e g3 e em algumas variações regionais até para b1 ou b2.
Versões variadas deste movimento originaram o roque e por volta do século XVII a regra atual do movimento foi estabelecida. A principal alteração em relação a regra original foi a retirada da exigência do Rei não ter sido ameaçado anteriormente.
O roque tem como objetivo proteger o Rei, ao colocá-lo num dos cantos do tabuleiro, normalmente atrás de uma fileira de peões.
Segundo as leis do xadrez, o enxadrista não é obrigado anunciar xeque ou xeque-mate durante a partida, entretanto este gesto ainda é praticado em partidas de nível amadores.
Estratégia
Na fase de abertura e meio-jogo é desaconselhável mover o Rei exceto para protegê-lo ou realizar o roque. Sua proteção é baseada nas peças a sua volta que bloqueiam a maioria dos ataques adversários. A medida que as peças são trocadas e o jogo se encaminha para o final, o Rei começa a desempenhar funções estratégicas na defesa e ataque de peças menores, bloqueio e captura de peões passados e a proteção de seus próprios peões passados até a casa de promoção. Outro aspecto importante no final do jogo é a oposição entre os reis que pode levar a posições de zugzwang ou squeeze que podem ser decisivas no desfecho da partida.
No final do jogo o Rei torna-se um bom atacante e defensor das peças a sua volta, defendendo-as melhor que um Cavalo e atacando melhor que um Bispo. A escassez de peças adversárias facilita a fuga do Rei em caso de xeque, principalmente no centro do tabuleiro tornando conveniente movimentá-lo a posições mais ativas no tabuleiro, onde o Rei pode auxiliar outras peças para aplicar garfos.
Ainda não existe um consenso claro de quando é permitido ao Rei se lançar ao jogo com segurança desempenhando funções ativas, entretanto, existem alguns exemplos ousados do monarca participando do mate ao adversário ainda no meio-jogo. Em 1902, Richard Teichmann, um proeminente jogador do final do século XIX, visitava Glasgow e numa partida contra enxadristas locais demonstrou com brilhantismo a importância do Rei como peça de apoio ao mate. No diagrama ao lado, as brancas estão prestes a iniciar uma caminhada do Rei a casa g6, forçando o mate. 28.Rh2! b5 29.Rg3! a5 30.Rh4! (As brancas estão prestes a criar a ameaça de mate e o Cavalo protege as casas chaves e8 e f7) 30...g6 (Forçado, devido ao avanço do Rei branco) 31.Te3! Dxg2 32.Tg3 Df2 ou 32...g5+ 33.Rh5 Dxg3 34.Rg6! (depois de cruzar o tabuleiro, o Rei branco apoiará o mate) 33.fxg6 Df4+ 34.Tg4 Df2+ 35.Rh5! e as pretas abandonam. Nigel Short, Howard Staunton, Alexander Alekhine e Anatoly Karpov entre outros, também empregaram o Rei de forma ousada em suas partidas.
Diante de uma derrota iminente e sob certas condições, o Rei pode ser utilizado para forçar um Empate. Uma das estratégias empregadas é o empate por afogamento, quando o enxadrista não pode jogar porque todos os movimentos possíveis deixam o Rei em xeque. Como as regras do xadrez não permitem que o Rei seja deslocado para uma casa sob ataque, o enxadrista que busca um empate sacrifica as peças restantes e bloqueia os seus peões caso ainda os possua no tabuleiro, para que não lhe restem mais possibilidades de movimentos. No caso do Rei estar sozinho sobre o tabuleiro, diz-se que se trata de um rei solitário, que, em variantes mais antigas do jogo, era considerado um método de vitória.
Sua força é avaliada em torno de quatro pontos (uma peça menor e um Peão), embora não faça sentido prático em trocas. Em programas de computador, é empregado um valor arbitrário de duzentos ou um milhão de pontos, de modo a indicar nas funções de avaliação a inviabilidade da perda da peça.
A figura do Rei em outras variantes
Devido à sua importância, o Rei está presente nas principais variantes regionais do xadrez, como o Shogi, o Xiangqi e variantes dimensionais como o xadrez hexagonal e o xadrez tridimensional que também têm a figura do monarca. Cada variante atribui um papel diferente ao Rei, embora na maioria dos casos seus movimentos sejam os mesmos. O desenho da peça também é variado principalmente em versões regionais onde são preservados elementos culturais com grafia e formato representativo.
No Xiangqi, a peça representativa do Rei é denominada "General", e segundo as regras do jogo não se move em diagonais, ficando também restrita a uma área do tabuleiro denominada "palácio". Na variante chamada de cavalomate sua função é secundária, deixando o status de peça real para o Cavalo, podendo inclusive ser capturado como as outras peças e na variante Arktur são utilizados dois reis devendo um destes ser capturado para alcançar a vitória.
O antixadrez possui uma peça não-ortodoxa baseada no monarca ocidental chamada Anti-Rei. Esta peça possui os mesmos movimentos do Rei, entretanto não captura as peças adversárias e seu objetivo é fugir da ameaça destas, ou seja, o Anti-Rei inicia o jogo ameaçado pelo xeque convencional e deve fugir desta condição. Esta é um dos métodos de vitória sendo o outro aplicar o xeque-mate ao Rei convencional. O Rei tem seus movimentos alterados na variante Escorpião-Rei onde incorpora os poderes da peça não-ortodoxa denominada gafanhoto. Por se tornar uma peça forte sua captura é dificultada o que estende o tempo de jogo.
Bibliografia
Ver também
Rei de Carlos Magno
Valor relativo das peças de xadrez
Ligações externas
Peças de xadrez |
A zoologia (do grego antigo: ζώο, zôion, 'animal'; e -λογία, -logia, 'estudo') ou biologia animal é o ramo da biologia especializado no estudo científico dos animais. O profissional especializado em zoologia é chamado zoólogo ou, às vezes, zoologista.
Classificações
Seguindo a divisão proposta por Carolus Linnaeus, o reino animal é um dos cinco reinos, sendo subdividido principalmente nos seguintes filos: poríferos, cnidários, platelmintos, nematelmintos, anelídeos, moluscos, artrópodes, equinodermos, e cordados: peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos — animais com corda dorsal.
Ramos
Os ramos originais da zoologia estabelecidos no final do século XIX como zoofísica, ecologia e morfografia, estão constituídos nas mais diversas áreas da biologia que incluí estudo de mecanismos comuns para plantas e animais. A biologia animal aborda várias áreas.
Estrutura
A biologia celular estuda as propriedades estruturais e fisiológicas das células), incluindo seu comportamento, interações, e ambiente. Isso é feito tanto em nível microscópico quanto em molecular, para organismos unicelular como bactérias e célular especializadas em organismos multicelular como os humanos. Entender a estrutura e função das células é fundamental para todas as ciências biológicas. Essas similaridades e diferenças entre os tipos de célula são particularmente relevantes para a biologia molecular.
A Anatomia considera as formas de estrutura macroscópica como os órgãos e sistemas.
Fisiologia
A fisiologia estuda os processos mecânicos, físicos, e bioquímicos dos organismos vivos ao tentar entender como todas as estruturas funcionam como um todo. O tema da "estrutura para função" é central para a biologia. Estudos fisiológicos tem sido tradicionalmente divididos em fisiologia vegetal e fisiologia animal, mas algumas propriedades da fisiologia são universais, não importando qual o organismo particular está sendo estudado. Por exemplo, o que se aprende na fisiologia das células de levedura também pode ser aplicado para células humanas. O campo da fisiologia animal se estende desde as ferramentas e métodos da fisiologia humana até as espécies não-humanas. A fisiologia estuda como, por exemplo, os sistemas nervoso, imunológico, endócrino, respiratório, e circulatório funcionam e interagem entre si.
Evolução
A pesquisa evolucionária se preocupa com a origem e as descendências das espécies, assim como a sua mudança com o passar do tempo, e inclui cientistas de várias disciplinas orientadas pela taxonomia. Por exemplo, geralmente envolve cientistas que possuem um treinamento especial em organismos particulares como mamologia, ornitologia, ou herpetologia, mas usa esses organismos como sistemas para responder as questões gerais sobre a evolução.
A biologia evolucionária é parcialmente baseada na paleontologia, que usa os registros fósseis para responder as questões sobre o modo e o tempo da evolução, e parcialmente em desenvolvimentos nas áreas de genética populacional e teoria evolucionária.
Sistemática
A classificação científica em zoologia é o método pelo qual os zoologistas agrupam e categorizam organismos pelo seu tipo biológico, como gêneros e espécies. A classificação biológica é uma forma de taxonomia científica. As classificações biológicas modernas tem raízes no trabalho de Carolus Linnaeus, que agrupou as espécies de acordo com características físicas em comum. Esses agrupamentos tem sido revisados desde então para melhorar a consistência com os princípios de Darwin sobre descendente comum. Filogeneticistas moleculares, que usam sequência de DNA como dados, tem levado a muitas revisões recentes e provavelmente continuarão a fazê-lo. A classificação biológica pertence a ciência da sistemática zoológica.
Muitos cientistas atualmente consideram o sistema de cinco reinos ultrapassado. Sistemas de classificação alternativos geralmente começam com um sistema de três reinos: Archaea (originalmente Archaebacteria); Bacteria (originalmente Eubacteria); Eukariota (incluindo protistas, fungos, plantas, e animais) Esses domínios se referem a célula possuir ou não núcleo, assim como, também, às diferenças da composição química do exteriores da célula.
Após, cada reino é dividido recursivamente até que cada espécie tenha uma classificação separada. A ordem é: Domínio; Reino; Filo; Classe; Ordem; Família; Género; Espécie. O nome científico dos organismos é gerado do seu gênero e espécie. Por exemplo, humanos são listados como Homo sapiens. Homo é o gênero, sapiens a espécie. O nome científico de um organismo, se capitaliza a primeira letra do gênero e mantem em caixa baixa todas as letras da espécie, com todo o termo podendo estar em itálico ou sublinhado.
Sistemas de classificação
Morfografia inclui toda a exploração sistemática e classificação dos fatos (pt: factos) envolvidos no reconhecimento de todos os tipos de animais extintos e atuais e a distribuição deles no espaço e no tempo. Os fundadores de museus de tempos atrás e seus representantes modernos, os curadores, descritores de coleções zoológicas, os primeiros exploradores, naturalistas modernos, escritores de zoo-geografia, coletores de fósseis e paleontólogos, são os principais responsáveis por qualquer pessoa que trabalhe com zoologia que não esteja nesse grupo citado acima. Gradualmente, desde a época de Hunter e Cuvier, o estudo anatômico tem associado a si mesmo com a morfografia mais superficial e, até hoje, ninguém considera um estudo de forma animal que tenha algum valor, caso não inclua estrutura interna como histologia e embriologia nos seus objetivos.
O real alvorecer da zoologia depois do período lendário da Idade Média, está conectado com o nome de um inglês, Edward Wotton, nascido em Oxford, em 1492, que foi médico em Londres e morreu em 1555. Ele publicou um tratado - "De differentiis animalium" - em Paris, em 1552. Em muitos aspectos, Wotton foi, simplesmente, um expoente de Aristóteles, cujo ensinamentos, junto com várias ideias fantasiosas da época, constituiu a base real do conhecimento zoológico, ao longo da Idade Média. Foi mérito de Wotton ter rejeitado essas lendárias ideias, e retornou apenas a Aristóteles e a observação da natureza.
O significado mais notável do progresso da zoologia, durante os séculos XVI, XVII e XVIII, é comparar as concepções classificatórias de Aristóteles e de sucessivos naturalistas, com aquelas que são encontradas nos trabalhos de Caldon.
Ramos
Exemplos de ramos da zoologia são:
Entomologia - insetos
Carcinologia - crustáceos
Helmintologia - vermes
Malacologia - moluscos
Ictiologia - peixes
Herpetologia - répteis e anfíbios
Mastozoologia - mamíferos
Ornitologia - aves
Etologia - comportamento dos animais
Mirmecologia - Estudo das formigas
Primatologia - Estudo dos primatas
Aracnologia - Estudo dos aracnídeos
Zoólogos e Naturalistas
Alexandre Rodrigues Ferreira
Rodolpho von Ihering
Edwin Willis
Eugene Odum
Jacques Veilliard
José Carlos Reis de Magalhães
Richard Dawkins
Steve Irwin
Austin Stevens
Steve Backshall
Jeff Corwin
Divisões da biologia |
Índia (; , , ; , ), oficialmente denominada República da Índia (, ; ), é um país da Ásia Meridional. É o país mais populoso, o sétimo maior em área geográfica e a democracia mais populosa do mundo. Delimitada ao sul pelo Oceano Índico, pelo mar da Arábia a oeste e pelo golfo de Bengala a leste, a Índia tem uma costa com km de extensão. O país faz fronteira com Paquistão a oeste; China, Nepal e Butão ao norte e Bangladexe e Mianmar a leste. Os países insulares do Oceano Índico — Seri Lanca e Maldivas — estão localizados bem próximo da Índia.
Lar da Civilização do Vale do Indo, de rotas comerciais históricas e de vastos impérios, o subcontinente indiano é identificado por sua riqueza comercial e cultural de grande parte da sua longa história. Quatro grandes religiões — hinduísmo, budismo, jainismo e siquismo — originaram-se no país, enquanto o zoroastrismo, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo chegaram no e moldaram a diversidade cultural da região. Anexada gradualmente pela Companhia Britânica das Índias Orientais no início do e colonizada pelo Império Britânico a partir de meados do , a Índia tornou-se uma nação independente em 1947, após uma luta social pela independência que foi marcada pela extensão da resistência não violenta.
A Índia é uma república composta por 28 estados e sete territórios da união, com um sistema de democracia parlamentar. O país é a sexta maior economia do mundo em Produto Interno Bruto (PIB) nominal, bem como a terceira maior do mundo em PIB medido em Paridade de Poder de Compra. As reformas econômicas feitas desde 1991 transformaram o país em uma das economias de mais rápido crescimento do mundo; no entanto, a Índia ainda sofre com altos níveis de pobreza, analfabetismo, violência de género, doenças e desnutrição. Uma sociedade pluralista, multilíngue e multiétnica, a Índia também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos. A Índia passou do 140.º para o 177.º lugar entre 2016 e 2018 no Índice de Desempenho Ambiental compilado por pesquisadores das Universidades de Yale e Columbia. Em particular, o estudo destaca a "alarmante" deterioração da qualidade do ar.
Etimologia
O nome Índia é derivado de Indus, que por sua vez é derivado da palavra Hindu, em persa antigo. Do sânscrito Sindhu, a denominação local histórica para o rio Indus. Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi (Ινδοί), povos do Indus A Constituição da Índia e o uso comum em várias línguas indianas igualmente reconhecem Bharat como um nome oficial de igual status. Hindustão (ou Indostão), que é a palavra persa para a “terra do Hindus” e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia.
História
Antiguidade
Os primeiros restos de humanos anatomicamente modernos encontrados na Ásia Meridional datam de aproximadamente 30 mil anos atrás. Sítios arqueológicos com arte rupestre do período Mesolítico foram encontrados em muitas partes do subcontinente indiano, como nos abrigos na Rocha de Bhimbetka, em Madia Pradexe. Por volta de , os primeiros assentamentos neolíticos conhecidos apareceram no subcontinente em locais como Mergar e outros no Paquistão ocidental. Estes locais gradualmente desenvolveram a Civilização do Vale do Indo, a primeira cultura urbana da Ásia Meridional; essa civilização floresceu entre e no Paquistão e na região oeste da Índia. Centrada em torno de cidades como Moenjodaro, Harapa, Dolavira e Kalibangan, e contando com variadas formas de subsistência, a cultura desenvolveu uma produção robusta de artesanatos e um amplo comércio.
Durante o período de -, culturas de muitas regiões do subcontinente fizeram a transição do Calcolítico para a Idade do Ferro. Os Vedas, as escrituras mais antigas do hinduísmo, foram compostas durante esse período e os historiadores têm conectado os textos à cultura védica, localizada na região do Panjabe e na planície Indo-Gangética. A maioria dos historiadores também considera que este período abrangeu várias ondas migratórias indo-arianas no subcontinente, de norte a oeste. O sistema de castas, que criou uma hierarquia de sacerdotes, guerreiros e camponeses livres, mas excluiu os povos indígenas ao rotular suas ocupações como "impuras", surgiu durante este período. Sobre o planalto do Decão, evidências arqueológicas deste período sugerem a existência de um estágio patriarcal de organização política. No sul da Índia, uma progressão para a vida sedentária é indicada pelo grande número de monumentos megalíticos que datam deste período, bem como por vestígios de agricultura, tanques de irrigação e de tradições de artesanato.
No período védico, por volta do , as pequenas tribos do planalto do Ganges e de regiões do noroeste haviam se consolidado em 16 grandes oligarquias e monarquias que eram conhecidas como os mahajanapadas. A urbanização crescente e as ortodoxias desta época também criaram os movimentos de reforma religiosa do budismo e do jainismo, sendo que ambos se tornaram religiões independentes. O budismo, com base nos ensinamentos de Gautama Buda, atraiu seguidores de todas as classes sociais, com exceção da classe média; as narrações da vida de Buda foram fundamentais para o início do registro da história indiana. O jainismo entrou em destaque na mesma época durante a vida de seu "Grande Herói", Mahavira. Em uma época de crescente riqueza urbana, ambas as religiões levantaram a renúncia aos bens materiais como um ideal e estabeleceram mosteiros de longa duração. Politicamente, por volta do , o Reino de Mágada tinha anexado ou reduzido outros Estados para emergir como o Império Máuria. Já se acreditou que esse império controlou a maior parte do subcontinente com exceção do extremo sul, mas agora acredita-se que as suas regiões centrais eram separadas por grandes áreas autônomas. Os reis máurias são conhecidos tanto pela construção do seu império e determinação na gestão da vida pública, quanto pela renúncia de do militarismo e de sua promoção do darma budista.
A literatura sangam, escrita em tâmil, revela que entre e o sul da península estava sendo governado pelas dinastias , Cholas e Pandias, que comercializavam extensivamente com o Império Romano e com o Sudoeste e o Sudeste da Ásia. Nesse período o território do país também se tornou parte da Rota da Seda, uma rede de rotas comerciais que ligava o Extremo Oriente à Europa. Por essas estradas os comerciantes indianos vendiam tecidos e especiarias para mercados da Ásia Central, enquanto monges e peregrinos budistas vinham da China, até o período das Grandes Navegações, quando ligações comerciais marítimas foram criadas entre o Ocidente e o Oriente. No norte da Índia, o hinduísmo afirmou controle patriarcal familiar, o que levou ao aumento da subordinação das mulheres. Até os séculos IV e V, o Império Gupta havia criado um complexo sistema fiscal e de administração nos grandes planaltos do Ganges, que se tornou um modelo para reinos indianos posteriores. Sob os governos dos Guptas, um hinduísmo renovado baseado na devoção ao invés da gestão ritualística começou a se estabelecer. A renovação se refletiu em um florescimento da escultura e da arquitetura, que encontrou patronos entre uma elite urbana. A literatura sânscrita clássica floresceu e ciência, astronomia, medicina e matemática indianas tiveram avanços significativos.
Idade Média
A idade medieval indiana, de 600 a , é definida por reinos regionais e pela diversidade cultural. Quando o imperador de , que governou grande parte da Planície do Ganges de 606 a , tentou expandir seu território para o sul, ele foi derrotado pelo governante Chaluca do Decão. Seu sucessor, na tentativa de expandir para o leste, foi derrotado pelo rei Pala de Bengala. Quando os Chalucas tentaram se expandir para o sul, eles foram derrotados pelos Palavas, que por sua vez se opunham aos Pandias e aos Cholas, de ainda mais ao sul. Nenhum governante desse período foi capaz de criar um império unificado e os territórios sob seu controle geralmente não passavam muito além de sua região central. Durante este tempo, povos de pastoreio cujas terras tinham sido liberadas para abrir caminho para a crescente economia agrícola foram acomodados dentro do sistema de castas, assim como as novas classes dominantes não tradicionais. O sistema de castas, consequentemente, começou a mostrar as diferenças regionais.
Nos séculos VI e VII, os primeiros hinos devocionais foram criados na língua tâmil. Eles foram imitados por toda a Índia e levaram ao ressurgimento do hinduísmo e ao desenvolvimento de todas as línguas modernas do subcontinente. A realeza indiana, grande e pequena, e os templos por ela frequentados, atraíram cidadãos em grande número para as principais cidades, que tornaram-se também importantes centros econômicos. Templos em cidades de vários tamanhos começaram a aparecer em todos os lugares, ao mesmo tempo que a Índia passava por outra era de urbanização. Pelos séculos VIII e IX, os efeitos disso foram sentidos no Sudeste da Ásia, conforme os sistemas culturais e políticos do sul da Índia eram exportados para terras que se tornaram parte dos atuais Mianmar, Tailândia, Laos, Camboja, Vietnã, Malásia e Java (Indonésia). Comerciantes, estudiosos e às vezes exércitos indianos envolveram-se nesta transmissão cultural; os asiáticos do sudeste do continente também tomaram a iniciativa e organizaram muitas peregrinações para os seminários indianos, além de terem traduzido os textos budistas e hindus para os seus respectivos idiomas.
Desde o , com as invasões de em 712, clãs nômades muçulmanos do centro da Ásia usaram cavalaria de guerra e organizaram vastos exércitos unidos pela etnia e religião para continuamente invadir, saquear e reduzir milhares de indianos à escravidão no noroeste da Ásia Austral, levando à criação do islâmico Sultanato de Déli em 1206, após as vitórias de Muizadim Maomé Gori. O sultanato controlou grande parte do norte da Índia e fez muitas incursões ao sul do subcontinente. Embora tenha sido perturbador para as elites indianas, o sultanato deixou a maioria da população não muçulmana sujeita às suas próprias leis e costumes, embora os templos hindus fossem saqueados, danificados e até destruídos em várias ocasiões. Uma consequência do domínio do Sultanato que pode ter tido as piores repercussões sobre a vida das massas indianas foi um aumento na escala da escravatura. Cobadim Aibaque, que era um ex-escravo, foi o primeiro sultão de Déli e a sua dinastia conseguiu conquistar grandes áreas do norte da Índia. Apenas numa das suas batalhas, reduziu à escravatura cerca de cinquenta mil homens indianos.
Ao repelir repetidamente os invasores mongóis no , o sultanato salvou-se da devastação experimentada pela Ásia Central e Ocidental, criando o cenário para séculos de migração de soldados, homens instruídos, místicos, comerciantes, artistas e artesãos que vinham em fuga daquelas regiões para o subcontinente indiano, criando assim uma cultura indo-islâmica sincrética no norte do país. A invasão do sultanato e o enfraquecimento dos reinos da região do sul da Índia abriram o caminho ao Reino de Bisnaga. Abraçando uma forte tradição xivaísta e construído sobre a tecnologia militar do sultanato, o império passou a controlar a maior parte da Índia peninsular e foi influente na sociedade do sul do país por muito tempo.
Era moderna
No início do , o norte da Índia, na época sob domínio principalmente muçulmano, caiu novamente para a superioridade da mobilidade e do poder de fogo de uma nova geração de guerreiros da Ásia Central. O subsequente Império Mogol não erradicou as sociedades locais que passou a governar, mas as equilibrou e pacificou através de novas práticas administrativas e de elites dominantes diversas e inclusivas, levando a uma lei mais sistemática, centralizada e uniforme por todo o império. Evitando sua identidade tribal e islâmica, especialmente durante o governo de , os mogóis uniram seus reinos distantes através da lealdade, expressa através de uma cultura influenciada pela Pérsia e de um imperador que tinha importância quase divina. As políticas econômicas do Estado Mogol tiravam a maior parte das receitas do império do setor agrícola e determinavam que os impostos deviam ser pagos em moedas de prata oficiais, o que causou a entrada de camponeses e artesãos em mercados maiores.
A relativa paz mantida pelo império durante grande parte do foi um dos fatores que ajudaram na expansão econômica da Índia nesse período, o que resultou em investimentos maiores em pintura, além de obras literárias, têxteis e de arquitetura. Novos grupos sociais homogêneos no norte e no oeste da Índia, como os maratas, os rajaputes e os siques, ganharam ambições militares e de governo durante o domínio mogol, que, através da colaboração ou da adversidade, deu-lhes reconhecimento e experiência militar. A expansão do comércio durante o governo mogol deu origem à novas elites comerciais e políticas ao longo das costas do sul e do leste do país. À medida que o império se desintegrou, muitas dessas elites foram capazes de manter seus negócios sob controle.
Em 1498 o navegador português Vasco da Gama chega a Calecute, na costa ocidental do subcontinente indiano, o marco inicial de uma relação luso-indiana que duraria cerca de 500 anos. Em 1510, o explorador português Afonso de Albuquerque amplia os territórios portugueses com a conquista de Goa, que rapidamente se tornaria a capital do Estado Português da Índia (uma entidade política parte do Império Português). A Índia Portuguesa, como a colônia lusitana também era conhecida, inicialmente abrangia todos os territórios conquistados pelos portugueses no Oceano Índico, mas depois ficou restrita à Costa do Malabar, no até 1961 em territórios como Goa, Damão, Diu, ilha de Angediva, Dadrá e Nagar Aveli, Simbor e Gogolá.
No início do , com a linha entre a dominação comercial e política cada vez mais tênue, uma série de empresas comerciais europeias, como a Companhia Britânica das Índias Orientais, haviam estabelecido postos nas regiões costeiras do país. O controle dos mares, maiores recursos, treinamento militar e tecnologia mais avançados levaram a Companhia Britânica das Índias Orientais a flexionar cada vez mais a sua força militar e tornar isso atraente para uma parcela da elite indiana. Esses dois fatores foram cruciais para permitir que a Companhia Britânica ganhasse o controle sobre a região de Bengala em 1765 e marginalizasse as outras empresas europeias concorrentes.
O acesso maior às riquezas da Bengala e o subsequente aumento da força e do tamanho de seu exército permitiram à Companhia das Índias Orientais anexar ou subjugar a maior parte do subcontinente indiano durante os anos 1820. A Índia então parou de exportar bens manufaturados e, em vez disso, passou a abastecer o Império Britânico com matérias-primas. Esse momento é considerado por muitos historiadores o início do período colonial no país. Por esta altura, com seu poder econômico severamente restringido pelo parlamento britânico, a Companhia começou a entrar mais conscientemente em áreas não econômicas, como educação, reforma social e cultura.
Era contemporânea
Os historiadores consideram que a era contemporânea da Índia começou em algum momento entre 1848 e 1885. A nomeação, em 1848, de , Lord Dalhousie, como governador-geral do Companhia das Índias Orientais preparou o palco para alterações essenciais na transição do país para um Estado moderno. Estas mudanças incluíram a consolidação e a demarcação da soberania, a vigilância da população e a educação dos cidadãos. Mudanças tecnológicas — como as ferrovias, os canais e o telégrafo — foram introduzidas no país não muito tempo depois de sua introdução na Europa. No entanto, a insatisfação com a Companhia também cresceu durante este período e definiu a Revolta dos Sipais, em 1857. Alimentada por diversos ressentimentos e percepções entre a população, como as invasivas reformas sociais ao estilo britânico, altos impostos sobre propriedades e o tratamento sumário de alguns príncipes e fazendeiros ricos, a revolta abalou muitas regiões do norte e do centro da Índia e sacudiu os alicerces do governo da Companhia. Embora a rebelião tenha sido reprimida em 1858, ela levou à dissolução da Companhia das Índias Orientais e a administração da Índia passou a ser exercida diretamente pelo governo britânico. Além de proclamarem um Estado unitário e um sistema parlamentarista limitado, inspirado pelo parlamento britânico, os novos governantes também protegeram príncipes e aristocratas como uma salvaguarda contra uma possível agitação feudal futura. Nas décadas seguintes, a vida pública emergiu gradualmente em toda a Índia, levando à fundação do partido Congresso Nacional Indiano, em 1885.
A corrida tecnológica e a comercialização da agricultura na segunda metade do foi marcada por muitos contratempos econômicos — muitos pequenos produtores tornaram-se dependentes dos caprichos de mercados distantes. Houve um aumento no número de grandes crises de fome e, apesar dos riscos do desenvolvimento de uma infraestrutura suportada pelos contribuintes indianos, pouco emprego industrial foi gerado para a população. Houve também efeitos salutares: cultivos comerciais, especialmente na região recém-canalizada do Punjabe, levaram a um aumento da produção de comida para o consumo interno. A rede ferroviária, desde o alívio da crise de fome, ajudou a reduzir o custo dos bens móveis e auxiliou a nascente indústria indiana.
Após a Primeira Guerra Mundial, onde alguns milhares de indianos serviram, um novo período começou. Ele foi marcado por reformas britânicas, mas também por uma legislação mais repressiva; pelas reivindicações cada vez mais estridentes da população indiana por independência e pelo começo de um movimento não violento de não cooperação, do qual Mohandas Karamchand Gandhi se tornaria o líder e símbolo de resistência. Durante os anos 1930, uma lenta reforma legislativa foi promulgada pelos britânicos e o Congresso Nacional Indiano saiu vitorioso nas eleições seguintes. A década posterior foi cheia de crises: a participação indiana na Segunda Guerra Mundial, o impulso final do Congresso para a não cooperação com os britânicos e uma onda de nacionalismo muçulmano. Todos foram coroados com o advento da independência em 1947, mas ao custo de uma sangrenta divisão do subcontinente em dois Estados: Índia e Paquistão.
Vital para a autoimagem da Índia como uma nação independente foi a sua constituição, concluída em 1950, que colocou no lugar da antiga colônia britânica uma república secular e democrática. Nos 60 anos seguintes, a Índia teve um resultado misto de sucessos e fracassos. Manteve-se uma democracia com liberdades civis, uma Suprema Corte ativista e uma imprensa, em grande parte, independente. A liberalização econômica, que teve início na década de 1990, criou uma grande classe média urbana e transformou a Índia em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo, o que aumentou a influência geopolítica do país. Filmes, músicas e ensinamentos espirituais indianos desempenham um papel cada vez maior na cultura mundial. No entanto, o país também tem sido oprimido por uma pobreza aparentemente inflexível, tanto no meio rural quanto no urbano; pela violência religiosa e entre castas; por grupos insurgentes de inspiração maoista chamados naxalitas; e pelo separatismo em Jamu e Caxemira e no Nordeste da Índia. O país tem disputas territoriais não resolvidas com a China, que se deterioraram até a guerra sino-indiana de 1962; e com o vizinho Paquistão, em guerras travadas em 1947, 1965, 1971 e 1999. A rivalidade nuclear entre a Índia e o Paquistão veio à tona em 1998. As liberdades democráticas sustentadas da Índia são únicas entre as novas nações do mundo; no entanto, apesar de seus sucessos econômicos recentes, a liberdade de sua população desfavorecida continua a ser um objetivo a ser alcançado.
Geografia
A Índia ocupa a maior parte do subcontinente indiano, encontrando-se por cima da placa indiana, uma placa tectônica que faz parte da placa indo-australiana. Os processos geológicos que definiram a atual situação geográfica da Índia começaram há 75 milhões de anos, quando o subcontinente indiano, então parte do sul do supercontinente Gondwana, começou a se mover para nordeste através do que posteriormente se converteria no Oceano Índico. A colisão superior do subcontinente com a placa euro-asiática e a subducção debaixo dela deram lugar à cordilheira do Himalaia, o sistema montanhoso mais alto do planeta, que atualmente é a fronteira da Índia a norte e a noroeste. O antigo leito marinho que emergiu imediatamente ao sul do Himalaia fez com que o movimento da placa criasse uma grande depressão, que foi sendo levada pouco a pouco por sedimentos propagados por rios, o que atualmente constitui a planície Indo-Gangética. A oeste desta planície encontra-se o deserto do Thar, separado pela .
A placa original indiana corresponde hoje ao subcontinente indiano, sendo também a parte mais antiga e estável da Índia, que se estende desde o norte, com as cordilheiras Satpura e Vindhya no centro. Estas cordilheiras paralelas vão desde a costa do mar Arábico, no estado de Gujarat, até o planalto de Chota Nagpur, no estado de Jarcanda. No sul, o planalto do Decão contém à esquerda e à direita os Gates Ocidentais e Orientais; o planalto contém as formações rochosas mais antigas do território, algumas com mais de um de anos de idade. Os pontos extremos do país se localizam a 6° 43' e 39° 26 'de latitude norte e 68°7' e 89°25' de longitude leste.
Os principais rios têm sua origem na cordilheira Himalaia, como o Ganges e o Bramaputra, que desembocam no golfo de Bengala. Entre os afluentes mais importantes do Ganges encontram-se os rios Jamuna e o Kosi, cuja pendente extremamente baixa provoca inundações catastróficas quase todos os anos. Os rios peninsulares mais importantes cujas pendentes evitam inundações são o Godavari, o Mahanadi, o Kaveri e o Krishna, que também desembocam no golfo de Bengala; e os rios Narmada e Tapti, que desembocam no mar Arábico.
Na costa oeste, encontram-se os pântanos do Rann de Kutch, enquanto no leste há a área protegida de Sundarbans, que a Índia divide com Bangladexe. A Índia possui dois arquipélagos: Laquedivas, atóis de corais na costa sudoeste indiana, e as ilhas de Andamão e Nicobar, cadeias de ilhas vulcânicas no mar de Andamão. O país tem quilômetros de litoral, dos quais pertencem ao subcontinente indiano e pertencem aos arquipélagos de Andamão e Nicobar e Laquedivas. A costa indiana tem 43% de praias arenosas, 11% de costas rochosas (incluindo falésias) e 46% de marismas ou costas pantanosas.
O clima indiano é fortemente influenciado pelo Himalaia e pelo deserto do Thar, os quais favorecem o desenvolvimento das monções. O Himalaia barra a entrada de ventos catabáticos frios, vindos da Ásia Central, mantendo a maior parte do subcontinente indiano mais quente do que a maioria das localidades que se localizam em latitudes similares. O deserto do Thar desempenha um papel crucial para atrair ventos de monção carregados de umidade desde o sudoeste, os quais entre junho e outubro proporcionam a maioria das precipitações do país. As zonas climáticas principais que predominam em território indiano são o tropical úmido, tropical semiúmido e o subtropical úmido.
Biodiversidade
O território indiano se encontra dentro da biorregião himalaia, que apresenta grande biodiversidade. Acolhendo 7,6% de todos os mamíferos, 12,6% de todas as aves, 6,2% de todas os répteis, 4,4% de todos os anfíbios, 11,7% de todos os peixes e 6% de todas as espermatófitas do mundo, a Índia é um dos dezoito países megadiversos. Em muitas regiões indianas existem altos níveis de endemismo; em geral, 33% das espécies indianas são endêmicas.
Os bosques da Índia variam de florestas úmidas nas ilhas de Andamão, Gates Ocidentais e noroeste indiano, até florestas temperadas de coníferas do Himalaia. Entre esses extremos encontram-se os bosques caducifólios da Índia Oriental; o bosque caducifólio no centro-sul e o bosque xerófito do Decão central e a planície ocidental do Ganges. Estima-se que menos de 12% da massa da Índia Continental esteja coberta por densos bosques.
Muitas espécies da Índia são descendentes de táxons originários de Gondwana, do qual a placa tectônica indiana se separou. O movimento posterior da placa do subcontinente indiano e a sua colisão com a massa de terra da Laurásia deu início a um intercâmbio massivo das espécies. Entretanto, o vulcanismo e as mudanças climáticas registradas há vinte milhões de anos provocaram uma extinção em massa de espécies originárias de Gondwana. A partir de então, mamíferos ingressaram ao subcontinente a partir da Ásia por meio de dois passos zoogeográficos em ambos os lados emergentes do Himalaia. Em consequência, apenas 12,6% dos mamíferos e 4,6% das aves são espécies endêmicas, em contraste com 45,8% dos répteis e 55,8% de anfíbios endêmicos.
Na Índia existem 172 espécies ameaçadas, ou 2,9%. Entre elas encontram-se o leão-asiático, o tigre-de-bengala e o abutre-indiano-de-dorso-branco (Gyps bengalensis), que está quase ameaçado de extinção devido à ingestão de carne de gado tratada com diclofenaco.
Nas últimas décadas, a invasões humanas generalizadas e ecologicamente devastadoras criaram uma ameaça crítica à vida silvestre da Índia. Em resposta, o sistema de áreas protegidas e parques nacionais, estabelecido pela primeira vez em 1935, foi ampliado consideravelmente. Em 1970, o governo indiano decretou a Lei de Proteção da Vida Silvestre e o "Projeto Tigre", para proteger o habitat crucial destes animais, além de em 1980 ter sido decretada a Lei de Conservação dos Bosques. A Índia tem mais de quinhentos santuários de vida selvagem e treze reservas da biosfera, quatro das quais fazem parte da Rede Mundial de Reservas da Biosfera. Vinte e cinco zonas de umidade estão registradas na Convenção sobre as Zonas Úmidas.
Demografia
Com uma população de mais de um de habitantes, a Índia é o segundo país mais populoso do mundo. Desde os anos 1960, o país tem vivido um rápido aumento em sua população urbana devido, em grande parte, aos avanços médicos e aos aumentos massivos da produtividade agrícola devidos à "revolução verde".
A taxa de alfabetização no país é de 64,8% (53,7% para as mulheres e 75,3% para os homens) O estado com o maior índice de alfabetização é Querala, com 91%, enquanto Biar tem a menor taxa, com apenas 47%. A razão sexual é de 944 homens para cada mil mulheres, enquanto que a taxa de crescimento demográfico anual é de 1,38%; a cada ano são registrados 22,01 nascimentos para cada mil pessoas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano morrem novecentos mil indianos por beberem água imprópria e por inalarem ar contaminado. A malária é endêmica na Índia. Existem cerca de 60 médicos para cada 100 mil pessoas no país.
Línguas
A Índia é a segunda entidade geográfica com maior diversidade cultural, linguística e genética do mundo, depois da África. O país é o lar de duas grandes famílias linguísticas: a indo-ária (falada por aproximadamente 74% da população) e a dravídica (falada por aproximadamente 24%). Outras línguas faladas na Índia provêm das línguas austro-asiáticas e tibeto-birmanesas. O hindi (ou híndi) conta com o maior número de falantes e é a língua oficial da república. O inglês é utilizado amplamente em negócios e na administração e tem o status de "idioma oficial subsidiário", sendo também importante na educação, especialmente no ensino médio e superior.
Cada estado e território da união tem seus próprios idiomas oficiais e a constituição reconhece outras 21 línguas, que são faladas por um importante setor da população ou são parte da herança histórica indiana, e que são denominadas "línguas clássicas". Enquanto o sânscrito e o tâmil têm sido consideradas como línguas clássicas por muitos anos, o governo indiano também concedeu o estatuto de língua clássica ao canarês e ao telugo. O número de dialetos na Índia chega a mais de .
Religiões
A religião na Índia é caracterizada por uma diversidade de crenças e práticas religiosas. O Preâmbulo da Constituição da Índia afirma que o país é um Estado laico. O subcontinente indiano é o local de nascimento de quatro das principais religiões do mundo: hinduísmo, budismo, jainismo e siquismo - conhecidas coletivamente como religiões indianas que acreditam que Moksha é o estado mais supremo da Ātman (alma). De acordo com o censo de 2011, 79,8% da população da Índia pratica o hinduísmo, 14,2% adere ao islamismo, 2,3% ao cristianismo, 1,72% ao sikhismo, 0,7% ao budismo e 0,37% ao jainismo.
Ao longo da história da Índia, a religião tem sido uma parte importante da cultura do país. A diversidade e a tolerância religiosa são ambas estabelecidas no país pela lei e pelos costumes; a Constituição declarou que a liberdade de religião é um direito fundamental.
Atualmente, a Índia abriga cerca de 94% da população global de hindus. A maioria dos santuários e templos hindus estão localizados no país, assim como os locais de nascimento da maioria dos santos hindus. Prayagraj hospeda a maior peregrinação religiosa do mundo, o Prayag Kumbh Mela, quando hindus de todo o mundo se reúnem para se banhar na confluência de três rios sagrados da Índia: o Ganges, o Jamuna e o Sarasvati. A diáspora indiana no mundo ocidental popularizou muitos aspectos da filosofia hindu, como ioga, meditação, medicina aiurvédica, adivinhação, carma e reencarnação.
O subcontinente indiano também contém a maior população de muçulmanos do mundo, com cerca de um terço de todos os seguidores do Islã do sul da Ásia. Em 2050, a população muçulmana da Índia deve crescer para 311 milhões e ultrapassar a Indonésia para se tornar a maior população muçulmana do mundo, embora a Índia mantenha uma maioria hindu (cerca de 77%). A Índia também é o berço do islã ahmadi. Os santuários de alguns dos santos mais famosos do sufismo são encontrados na Índia e atraem visitantes de todo o mundo.
Urbanização
A população urbana da Índia no fim do era onze vezes superior à do início do século e vem se concentrando cada vez mais nas grandes cidades. Em 2001, 35 cidades indianas tinham população igual ou superior a um milhão de habitantes. Cada uma das três cidades mais populosas (Bombaim, Déli e Calcutá) tinham então mais de dez milhões de habitantes. Porém, nesse mesmo ano, 70% da população indiana vivia em áreas rurais.
Governo e política
Governo
A constituição indiana, maior do que a de qualquer outra nação do mundo, entrou em vigor em 26 de janeiro de 1950. O seu preâmbulo define a Índia como uma república soberana, secular e democrática. O parlamento indiano é bicameral, regido pelo sistema Westminster. Sua forma de governo foi tradicionalmente descrita como "quase federalista", com uma forte tendência à centralização, tendo os estados relativamente pouco poder. Desde finais da década de 1990, o federalismo tem crescido cada vez mais, como resultado de mudanças políticas, sociais e econômicas.
O presidente da Índia é o chefe de estado e é eleito indiretamente por um colégio eleitoral para um mandato de cinco anos. O primeiro-ministro é o chefe do governo e exerce a maioria das funções do poder executivo. Nomeado pelo presidente, o primeiro-ministro é geralmente próximo do partido ou aliança política que conta com a maioria das cadeiras da câmara baixa do parlamento. O poder executivo consiste no presidente, o vice-presidente, o conselho de ministros (sendo o gabinete seu comitê executivo), encabeçado pelo primeiro-ministro. Qualquer ministro do conselho deve ser membro de qualquer câmara parlamentar. No sistema parlamentarista indiano, o poder executivo está subordinado ao poder legislativo, o primeiro-ministro e seu conselho são diretamente vigiados pela câmara baixa do parlamento.
O poder legislativo da Índia está representado pelo parlamento bicameral, que consiste na câmara alta, chamada Rajya Sabha (conselho dos estados) e a câmara baixa, chamada Lok Sabha (conselho do povo). A "Rajya Sabha" é um órgão permanente, que conta com duzentos e quarenta e cinco membros que servem por um período de seis anos. A maioria deles é eleita indiretamente pelas legislaturas estatais e territoriais, mediante representação proporcional. Dos 545 membros do Lok Sabha, 543 são eleitos diretamente pelo voto popular para representarem determinados grupos sociais por um período de cinco anos. Os outros dois membros são nomeados pelo presidente entre a comunidade anglo-indiana.
A Índia conta com um poder judiciário de três níveis, que consistem na Suprema Corte de Justiça, encabeçada pelo chefe de justiça, vinte e um tribunais superiores e um grande número de tribunais de primeira instância. A suprema corte é um tribunal de primeira instância para casos relacionados com os direitos humanos fundamentais e um tribunal de apelação acima dos tribunais superiores. É judicialmente independente, tendo o poder de declarar e elaborar leis e revogar leis nacionais ou estaduais que violem a constituição. A função de intérprete último da constituição é uma das funções mais importantes da suprema corte.
Política
A Índia é a democracia mais populosa do mundo. O país é uma república parlamentarista com um sistema multipartidário com seis partidos nacionais credenciados, como o Partido do Congresso Nacional Indiano ( ou simplesmente Congresso) e o Partido do Povo Indiano (Bharatiya Janata Party - BJP), além de mais de 40 partidos regionais. O Partido do Congresso é considerado de centro-esquerda ou "liberal" dentro da cultura política indiana, enquanto o BJP é de centro-direita ou "conservador". Durante a maior parte do período compreendido entre 1950 — quando a Índia se tornou uma república pela primeira vez — e o final dos anos 1980, o Congresso manteve maioria no parlamento indiano. Desde então, no entanto, o partido cada vez mais divide o palco político com o BJP e com poderosos partidos regionais que muitas vezes forçam a criação de coalizões multipartidárias.
Nas três primeiras eleições gerais da República da Índia — em 1951, 1957 e 1962 — o Congresso, liderado por Jawaharlal Nehru, teve uma série de vitórias fáceis. Com a morte de Nehru em 1964, Lal Bahadur Shastri tornou-se rapidamente o primeiro-ministro; ele foi sucedido, após a sua morte inesperada em 1966, por Indira Gandhi, que levou o Partido do Congresso a vitórias eleitorais em 1967 e 1971. Após o descontentamento público causado pela declaração de estado de exceção em 1975 pela primeira-ministra, o Congresso perdeu as eleições em 1977; o então novo Partido Janata Dal, que se opôs ao estado de exceção, ganhou e seu governo durou pouco mais de três anos. Ao voltar ao poder em 1980, o Congresso viu uma mudança em sua liderança em 1984, quando Indira Gandhi foi assassinada e então foi sucedida por seu filho, Rajiv Gandhi, que conquistou uma vitória fácil nas eleições gerais no final daquele mesmo ano. O Congresso foi eleito novamente em 1989, quando a coalizão Frente Nacional, liderada pelo Janata Dal (um partido recém-criado), em aliança com a Frente de Esquerda, venceu as eleições; esse governo também foi relativamente curto: durou pouco menos de dois anos.
Novas eleições foram realizadas em 1991, mas nenhum partido obteve a maioria absoluta no parlamento. O Congresso, no entanto, por ser o maior partido único do país, conseguiu formar um governo de minoria liderado por P. V. Narasimha Rao. Entre 1996 e 1998, ocorreu um forte período de agitação no governo federal com várias alianças de curta duração, tentando estabilizar a Índia. Brevemente, o BJP chegou ao governo em 1996, seguido por uma coalizão de frente unida que excluiu tanto o BJP quanto o INC. Em 1998, o BJP formou com outros partidos menores a Aliança Democrática Nacional, que obteve vitória e se converteu no primeiro governo não congressista por um mandato completo de cinco anos.
Nas eleições gerais de 2004, o INC ganhou a maioria das cadeiras no Lok Sabha (câmara baixa do parlamento) e formou um governo de coalização denominada de (UPA), apoiada por diversos partidos de esquerda e membros de oposição ao BJP. A UPA chegou novamente ao poder nas eleições gerais de 2009, entretanto, a representação dos partidos de esquerda dentro da coalizão foi reduzida significativamente, Manmohan Singh foi convertido em primeiro-ministro, sendo reeleito após completar um mandato de cinco anos desde as eleições de 1962, onde Jawaharlal Nehru foi eleito no seu cargo.
Relações internacionais
Desde a sua independência, em 1947, a Índia mantém relações cordiais com a maioria das nações. Na década de 1950, apoiou fortemente a descolonização da África e da Ásia e desempenhou um papel de liderança no Movimento Não Alinhado. No final da década de 1980, o exército indiano interveio duas vezes no exterior, a convite de países vizinhos: uma operação de manutenção da paz no Seri Lanca entre 1987 e 1990 e uma intervenção armada para impedir uma tentativa de . A Índia tem relações muito tensas com o vizinho Paquistão; as duas nações já entraram em guerra quatro vezes: em 1947, 1965, 1971 e 1999. Três dessas guerras foram travadas no território disputado da Caxemira, enquanto a quarta, em 1971, começou depois do apoio da Índia à independência de Bangladexe. Depois de travar a guerra sino-indiana em 1962 e a guerra com o Paquistão em 1965, a Índia estreitou seus laços militares e econômicos com a União Soviética; no final dos anos 1960, os soviéticos eram os maiores fornecedores de armas dos indianos.
Além das atuais relações estratégicas com a Rússia, a Índia tem relações de defesa de grande alcance com Israel e França. Nos últimos anos, tem desempenhado um papel-chave na Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional (SAARC) e na Organização Mundial do Comércio. A nação indiana disponibilizou 100 mil militares e policiais para servir em 35 operações de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em quatro continentes. O país participa da Cúpula do Leste Asiático, do G8+5 e de outros fóruns multilaterais. A Índia tem estreitos laços econômicos com América do Sul, Ásia e África; desde 1991 que prossegue a política "Look East" ("olhar para oriente"), que visa a fortalecer parcerias com os países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Japão e Coreia do Sul, e que gira em torno de muitas questões, mas especialmente aquelas que envolvem investimento econômico e segurança regional.
Forças armadas
O teste nuclear de 1964, feito pela China, e as repetidas ameaças do governo chinês de intervir em apoio ao Paquistão na guerra de 1965, convenceram a Índia a desenvolver armas nucleares. O país realizou seu primeiro teste nuclear em 1974 e realizou mais [[Pokhran-II|testes subterrâneos em 1998}}. Apesar das críticas e sanções militares, a Índia não assinou o Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares, nem o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, por considerar os acordos falhos e discriminatórios.
O país mantém a política nuclear de "não usar primeiro" () e está desenvolvendo uma capacidade tríade nuclear, como parte de sua doutrina de "dissuasão credível mínima". O governo indiano está desenvolvendo um e, com colaboração da Rússia, de um avião caça de quinta geração. Outros projetos militares indianos envolvem a concepção e implementação dos porta-aviões da e dos submarinos nucleares da classe Arihant.
Desde o fim da Guerra Fria, a Índia tem aumentado a sua cooperação econômica, estratégica e militar com os Estados Unidos e a União Europeia. Em 2008, um pacto nuclear foi assinado entre a Índia e os Estados Unidos. Embora a Índia já possuísse armas nucleares na época e não fosse um membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear, o acordo recebeu isenção da Agência Internacional de Energia Atômica e do Grupo de Fornecedores Nucleares, acabando com as restrições anteriores sobre tecnologia e o comércio nuclear do país. Como consequência, a Índia se tornou o sexto Estado com armas nucleares de facto do mundo. Posteriormente o país assinou acordos de cooperação em energia nuclear civil com Rússia, França, Reino Unido e Canadá.
O presidente da Índia é o comandante supremo das forças armadas do país; com 1,6 milhão de soldados ativos, eles compõem o terceiro maior exército do mundo. As forças armadas compreendem o exército, a marinha e a força aérea; organizações auxiliares incluem o Comando de Forças Estratégicas e três grupos paramilitares: os Assam Rifles, a Força Especial de Fronteira e a Guarda Costeira. O orçamento de defesa oficial indiano para 2011 foi de de dólares, ou 1,83% do seu PIB. Para o ano fiscal que abrange 2012-2013 foram orçados para essa área de dólares.
De acordo com um relatório de 2008 do SIPRI, a despesa militar anual da Índia em termos de poder de compra foi de de dólares. Em 2011, o orçamento anual de defesa do país teve um aumento de 11,6%, embora isso não inclua os fundos que chegam aos militares através de outros ramos do governo.
Em 2012, o país era o maior importador de armas do mundo; entre 2007 e 2011, a Índia foi responsável por 10% dos fundos gastos em compras internacionais de armas. Grande parte das despesas militares é voltada para a defesa contra o Paquistão e para combater a crescente influência chinesa no Oceano Índico.
Direitos humanos
A sociedade tradicional da Índia está definida como uma hierarquia social relativamente restrita. O sistema indiano de castas descreve a estratificação e as restrições sociais do subcontinente indiano; também define as classes sociais por grupos endogâmicos hereditários, que a princípio se denominam jatis ou castas. A Índia declarou a "intocabilidade" ilegal em 1947 e, desde então, promulgou outras leis antidiscriminatórias e iniciativas para o bem-estar social, embora relatórios sugiram que muitos dalits ("ex-intocáveis") e outras castas mais baixas em áreas rurais continuam a serem segregadas e enfrentam perseguição e discriminação. No local de trabalho das grandes cidades e nas principais empresas indianas ou internacionais, o sistema de castas praticamente perdeu a sua importância.
Os valores tradicionais das famílias indianas são muito importantes e o modelo patriarcal tem sido o mais comum durante séculos, ainda que recentemente a família nuclear esteja se convertendo no modelo seguido pela população que vive nas zonas urbanas. A maioria dos indianos tem seus casamentos arranjados por seus pais ou por outros membros da família , com o consentimento da noiva e do noivo. O matrimônio é planejado para toda a vida,a taxa de divórcio é extremamente baixa. O casamento na infância é ainda uma prática comum, e metade das mulheres indianas se casa antes dos dezoito anos. O infanticídio feminino e o feticídio feminino no país causaram uma discrepância na proporção entre os sexos; a partir de 2005, estimava-se que havia mais 50 milhões de homens do que de mulheres. De acordo com um estudo de 2011, de Sonia Bhalotra, do Centre for Market and Public Organisation (CMPO) na Universidade de Bristol, a prática está mais fortemente estabelecida entre as famílias de maiores recursos do que nas áreas rurais pobres.
O pagamento de um dote, embora ilegal, continua generalizado entre as classes. Uma mulher é morta por cada hora na Índia porque sua família não conseguiu responder às demandas do marido e dos sogros por pagamentos de dote mais altos e presentes generosos. As mortes por dote, uma variante dos chamados "crimes de honra", foram em 2012, segundo os próprios dados oficiais, 8233. Perto de 40% dos suicídios femininos, a nível mundial, ocorrem na Índia; um estudo de 2018 responsabiliza por isso os casamentos precoces, a violência masculina e a cultura patriarcal. Na Índia, a cada 15 minutos uma violação de uma mulher é reportada. Mas, na maioria dos casos, leva anos até o culpado ser punido. Porém, quando uma vaca é abatida, existem grupos extremistas que, imediatamente, matam ou agridem os suspeitos do crime. A Índia é considerada o quarto país do mundo mais perigoso para as mulheres. Em 2012, o brutal estupro coletivo de Jyoti Singh Pandey no interior de um ônibus em Déli encheu as primeiras páginas dos noticiários, com milhares de pessoas manifestando-se nas ruas para protestar contra a falta de proteção legal para as vítimas de assaltos sexuais, a lentidão ou desprezo dos tribunais, práticas policiais nocivas e as questões sociais subjacentes que levam a esse estado de coisas.
Em 6 de setembro de 2018, o Tribunal Supremo da União Indiana aboliu a lei que criminalizava as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, uma regra que vinha do tempo colonial.
Subdivisões
A Índia se subdivide em vinte e oito estados e oito"territórios da União". Todos os estados e os dois territórios da União de Pondicheri e o território da capital nacional elegem suas legislaturas e governos por meio do modelo de Westminster. Os outros cinco territórios união são regidos de forma direta pelo governo federal, através de várias administrações designadas. Em 1956, em virtude da Lei de Reorganização dos Estados, o território indiano foi dividido baseando-se em aspectos linguísticos. A partir de então, esta estrutura permaneceu sem mudanças. Cada estado ou território da união se divide em distritos administrativos. Por sua vez, os distritos se dividem em tehsils e finalmente em aldeias.
Estados
{|
|-
|
Andra Pradexe
Arunachal Pradexe
Assão
Biar
Chatisgar
Goa
Guzerate
Harianá
Himachal Pradexe
|
<ol start="10">
Jarcanda
Carnataca
Querala
Madia Pradexe
Maarastra
Manipur
Megalaia
Mizorão
|
<ol start="18">
Nagalândia
Orissa
Panjabe
Rajastão
Siquim
Tâmil Nadu
Telanganá
Tripurá
Utar Pradexe
Utaracanda
Bengala Ocidental
|}
Territórios da união
Economia
A Índia, com um produto interno bruto nominal estimado em de dólares, ocupa o 7ª lugar na lista de maiores economias do mundo por PIB nominal, enquanto sua paridade de poder de compra calculada em 2011 em de dólares, é a terceira maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. Contudo, ainda é um país muito pobre, com uma renda per capita nominal de apenas dólares e renda per capita PPC de dólares em 2011.
No período compreendido entre as décadas de 1950 e 1980, a economia indiana seguia tendências socialistas. A economia se manteve paralisada por regulamentos impostos pelo governo, o protecionismo e a propriedade pública, o que levou a uma corrupção generalizada e a um lento crescimento econômico. Em 1991, a economia nacional se converteu em uma economia de mercado. Esta mudança na política econômica em 1991 se deu pouco depois de uma crise aguda no balanço de pagamentos, pelo que desde então se pôs ênfase em fazer do comércio internacional e do investimento estrangeiro direto um setor primordial da economia indiana.
Durante as últimas décadas a economia indiana tem tido uma taxa de crescimento anual do produto interno bruto ao redor de 5,8%, convertendo-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo. A Índia conta com a maior força de trabalho do mundo, com mais de 513,6 milhões de pessoas. Em termos de produção, o setor agrícola representa 28% do PIB; o setor de serviços, 54% e a indústria, 18%. Os principais produtos agrícolas e de gado incluem arroz, trigo, sementes oleaginosas, algodão, juta, chá, a cana-de-açúcar, ovinos, caprinos, aves de curral e pescados.
Um relatório em 2007 da Goldman Sachs previa que entre 2007 e 2020 o PIB indiano quadruplicaria e que poderia superar o PIB dos Estados Unidos antes de 2050, mas que a Índia continuaria sendo um dos países com habitantes mais pobres do mundo durante várias décadas, com renda per capita abaixo dos seus companheiros "BRIC" (Brasil, Rússia, Índia e China).
As principais indústrias são a têxtil, maquinaria, produtos químicos, aço, transportes, cimento, mineração e software. Em 2006, o comércio indiano havia alcançado uma proporção relativamente moderada de 24% do PIB, crescendo à taxa de 6% desde 1985. O comércio da Índia representa um pouco mais de 1% do comércio mundial. As principais exportações incluem os derivados de petróleo, alguns produtos têxteis, pedras preciosas, software, engenharia de bens, produtos químicos, peles e couros. Entre as principais importações estão o petróleo cru, maquinarias, joias, fertilizantes e alguns produtos químicos.
Apesar de seu notável crescimento econômico nas últimas décadas, a Índia contém a maior concentração de pessoas pobres do mundo e tem uma alta taxa de subnutrição em crianças menores de três anos (46% em 2007). A porcentagem de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza segundo o Banco Mundial, vivendo com menos de um dólar por dia (PPA, em termos nominais Rs. 21,6 ao dia nas zonas urbanas e Rs. 14,3 nas zonas rurais) diminuiu de 60% em 1981 para 42% em 2005. Apesar de nas últimas décadas a Índia ter evitado a carestia, a metade das crianças tem um peso inferior à média mundial, uma das taxas mais altas do mundo e quase o dobro da taxa da África subsaariana.
Apesar de nos últimos decênios a economia indiana ter aumentado de forma constante, este crescimento tem ocorrido de maneira desigual, em especial quando se compara à qualidade de vida nos diferentes grupos sociais, econômicos, em diversas regiões geográficas, zonas rurais e urbanas. Em 2008, o Banco Mundial afirmava que as prioridades mais importantes para o governo indiano deveriam ser a reforma do setor público, a construção de infraestruturas básicas, o desenvolvimento agrícola e rural sustentável, a eliminação das normas de trabalho, a reforma nos estados mais atrasados e a luta contra a AIDS.
Infraestrutura
Ciência e tecnologia
Jawaharlal Nehru, o primeiro primeiro-ministro da Índia, que governou de 15 de agosto de 1947 a 27 de maio de 1964, iniciou reformas para promover a educação superior e a ciência e tecnologia no país. O Instituto Indiano de Tecnologia — concebido por uma comissão de 22 membros de estudiosos e empresários com o objetivo de promover o ensino técnico — foi inaugurado em 18 de agosto de 1951, em Kharagpur, Bengala Ocidental, pelo então ministro da educação, Abul Kalam Azad. Nos anos 1960, laços mais estreitos com a União Soviética permitiram à Organização Indiana de Pesquisa Espacial desenvolver rapidamente o seu programa espacial e avançar em energia nuclear, mesmo após o primeiro teste nuclear da Índia ter sido realizado em 18 de maio de 1974, em Pokharan.
A Índia responde por cerca de 2,9% de todas as despesas em pesquisa e desenvolvimento do mundo em 2012 e o número de publicações científicas do país é crescente. No entanto, de acordo com o ministro de ciência e tecnologia indiano, Kapil Sibal, o país está ficando para trás em ciência e tecnologia em comparação aos países desenvolvidos. A Índia tem apenas 140 pesquisadores para cada milhão de habitantes, em comparação com nos Estados Unidos. O país investiu 3,7 bilhões de dólares em ciência e tecnologia entre 2002 e 2003. Em comparação, a China investiu cerca de quatro vezes mais, enquanto os Estados Unidos investiram cerca de 75 vezes mais do que os indianos em ciência e tecnologia. Apesar disso, cinco Institutos Indianos de Tecnologia foram listados entre as dez melhores escolas de ciência e tecnologia da Ásia, pela Asiaweek. O número de publicações de cientistas indianos é caracterizada por algumas das taxas de crescimento mais rápidas entre os principais países. A Índia, juntamente com China, Irã e Brasil são os únicos países em desenvolvimento que fazem parte dos 31 países que juntos são responsáveis por 97,5% da produção científica do mundo.
Educação
A educação no país é fornecida e mantida pelos setores público e privado, com controle e financiamento proveniente de três níveis de governo: central, estadual e local. Na cidade antiga de Taxila foi encontrado o primeiro centro de ensino superior registrado da Índia, datado do , mas é discutível se ele pode ser considerado uma universidade. A Universidade de Nalanda, fundada em 470, foi o mais antigo sistema educacional universitário de todo o mundo, no sentido moderno de "universidade".
A educação ocidental enraizou-se na sociedade indiana com o estabelecimento do Raj britânico. O sistema educacional indiano está sob o controle do Governo da União e, com alguma autonomia, dos estados. Vários artigos da constituição indiana classificam a educação como um direito fundamental. A maioria das universidades no país é controlada pela União ou pelos governos dos estados. O país tem feito progressos em aumentar a taxa de frequência no ensino primário e na expansão da alfabetização para cerca de três quartos da população. A melhora no sistema de ensino indiano é frequentemente citada como um dos principais contribuintes para o crescimento econômico do país nos últimos anos. Grande parte do progresso, especialmente na educação superior e na pesquisa científica, foi atribuído a várias instituições públicas. O mercado educacional privado indiano movimentou 40 bilhões de dólares em 2008 e aumentou esse valor para 70 bilhões em 2012.
No entanto, o país continua a enfrentar severos desafios nessa área. Apesar do crescente investimento educacional, 25% de sua população ainda é analfabeta, apenas 15% dos estudantes indianos chegam à escola secundária e apenas 7% à pós-graduação. A qualidade da educação, seja no ensino fundamental ou no superior, é significativamente baixa em comparação com a das principais nações em desenvolvimento. Em 2008, as instituições de ensino superior ofereciam vagas suficientes para apenas 7% da população em idade universitária do país, 25% dos cargos de ensino em todo a Índia estão vagos e 57% dos professores universitários indianos não tinham mestrado ou doutorado. Em 2011, existiam faculdades de engenharia, com um total anual de 582 mil estudantes, além de politécnicos, com um total anual de 265 mil estudantes. No entanto, estas instituições enfrentam problemas, como a escassez de professores e preocupações têm sido levantadas sobre a qualidade do ensino oferecido.
Saúde
A Índia tem um sistema de saúde universal mantido pelos seus estados e territórios constituintes. A constituição cobra de cada estado "elevar o nível da nutrição e da qualidade de vida de seu povo e da melhoria da saúde pública como entre suas funções primárias". A Política Nacional de Saúde foi aprovada pelo Parlamento da Índia em 1983 e atualizada em 2002. Paralelo ao setor de saúde pública, e de fato mais popular, é o setor médico privado. Famílias indianas urbanas e rurais tendem a utilizar o setor médico privado com mais frequência do que o setor público, como refletido em pesquisas.
A Índia tem uma expectativa de vida de 64/67 anos (m/f) e uma taxa de mortalidade infantil de 61 por mil nascidos vivos. 42% das crianças indianas abaixo de três anos de idade são desnutridas, taxa maior que a encontrada em estatísticas da região subsaariana da África, que é de 28%. Embora a economia do país tenha crescido 50% entre 2001 e 2006, a taxa de desnutrição infantil caiu apenas 1%, ficando atrás de países com taxas de crescimento similares. A desnutrição impede o desenvolvimento social e cognitivo das crianças, além de reduzir seus níveis de escolaridade e renda quando adultas. Estes danos irreversíveis resultam em uma menor produtividade para o país. Como mais de 122 milhões de famílias sem banheiros e 33% sem acesso à latrinas, mais de 50% da população do país (638 milhões de pessoas) defecam ao ar livre todos os dias. Esta taxa é consideravelmente maior do que as de Bangladexe e Brasil (7%) e da China (4%). Apesar de 211 milhões de pessoas terem ganho acesso a sistemas de saneamento básico entre 1990 e 2008, apenas 31% utilizam os recursos oferecidos.
Transportes
Desde a liberalização econômica dos anos 1990, o desenvolvimento da infraestrutura no país progrediu a um ritmo rápido e hoje há uma grande variedade de meios de transporte por terra, água e ar. No entanto, o PIB per capita relativamente baixo da Índia fez com que o acesso a estes modos de transporte não tenha sido homogêneo. A penetração de veículos motorizados é baixa para os padrões internacionais, com apenas 103 milhões de carros nas estradas indianas. Além disso, apenas cerca de 10% dos lares do país possuem uma motocicleta. Ao mesmo tempo, a indústria automobilística indiana está crescendo rapidamente, com uma produção anual de mais de 4,6 milhões de veículos e o volume de veículos deverá aumentar significativamente no futuro. Nesse contexto, porém, o transporte público continua a ser o principal meio de locomoção da maioria da população e os sistemas de transporte públicos do país estão entre os mais utilizados no mundo.
Apesar das melhorias em curso na área, vários aspectos do setor de transportes ainda estão cheios de problemas devido à infraestrutura precária e à falta de investimento em regiões menos economicamente ativas do país. A demanda por infraestrutura e serviços de transportes tem vindo a aumentar em cerca de 10% ao ano, já que a infraestrutura atual é incapaz de atender às demandas econômicas crescentes. De acordo com estimativas de 2008 da Goldman Sachs, a Índia teria que gastar 1,7 trilhão de dólares em projetos de infraestrutura ao longo da década seguinte para impulsionar seu crescimento econômico, do qual 500 bilhões de dólares estão orçados para serem gastos durante o Décimo Primeiro Plano Quinquenal.
A rede ferroviária indiana é uma das maiores do mundo (com quilômetros de extensão) e é o sistema mais utilizado do planeta, transportando 651 milhões de passageiros e mais de 921 milhões de toneladas de carga em 2011. O sistema ferroviário indiano, introduzido em 1853 pelos britânicos, é fornecido e mantido pela estatal Indian Railways, sob a supervisão do Ministério das Ferrovias.
A Índia tem uma rede de estradas nacionais que ligam todas as principais cidades e capitais estaduais, formando a espinha dorsal econômica do país. Em 2010, o país tinha um total de de estradas nacionais, das quais 200 km eram classificadas como autoestradas. A rede de estradas estaduais totalizava no mesmo ano e o total da rede rodoviária indiana cerca de .
De acordo com Projeto de Desenvolvimento Rodoviário Nacional (PNDS), a intenção é equipar algumas das principais estradas nacionais com quatro pistas de rodagem, além de também existir um plano de converter alguns trechos dessas estradas em seis pistas. A Autoridade Nacional de Estradas estima que cerca de 65% da carga e 80% do tráfego de passageiros do país seja transportado por rodovias. As estradas nacionais indianas transportam cerca de 40% do total do tráfego rodoviário, embora apenas cerca de 1,7% da rede de estradas esteja coberta por essas estradas principais. O crescimento médio do número de veículos tem sido em torno de 10,16% ao ano nos últimos anos.
Em 2012, havia 352 aeroportos civis na Índia, dos quais 251 com pistas pavimentadas. Há mais de 20 aeroportos internacionais. O Aeroporto Internacional Indira Gandhi, em Nova Déli, e o Aeroporto Internacional de Chhatrapati Shivaji, em Bombaim, lidam com mais de metade do tráfego aéreo do sul da Ásia.
Os portos são os principais centros para o comércio. No país, cerca de 95% do comércio exterior em quantidade e 70% em valor ocorre através de portos marítimos. A Mumbai Port & JNPT (Nova Bombaim) controla 70% do comércio marítimo na Índia. Há doze portos principais nas seguintes cidades: Nova Bombaim, Bombaim, Kochi, Calcutá (incluindo Haldia), Paradipe, Visagapatão, Ennore, Chenai, Tuticorim, Nova Mangalor, Mormugão e Kandla. Além destes, existem 187 portos menores e intermediários, 43 dos quais lidam com cargas.
Energia
A política energética da Índia está em grande parte definida pelo crescente déficit energético do país e pelo maior foco no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, particularmente energia nuclear, solar e eólica. Cerca de 70% da capacidade de geração de energia do país provém de combustíveis fósseis, sendo o carvão o responsável por 40% do consumo total de energia indiano, seguido pelo petróleo bruto e pelo gás natural com 24% e 6%, respectivamente. O país é em grande parte dependente de importações de combustíveis fósseis para atender suas demandas de energéticas; em 2030, a dependência da Índia de importações de energia deverá ultrapassar 53% do consumo total do país. Em 2009-10, o país importou 159,26 milhões de toneladas de petróleo bruto, que equivale a 80% do seu consumo interno, e 31% do total das importações indianas são provenientes do petróleo. O crescimento da geração da eletricidade na Índia tem sido dificultado pela escassez de carvão nacional e, como consequência, as importações de carvão para a produção de eletricidade aumentaram 18% em 2010.
Devido à sua rápida expansão econômica, o país tem um dos mercados de energia que crescem mais rapidamente no mundo e espera-se que se torne o segundo maior contribuinte no aumento da demanda energética global até 2035, sendo responsável por 18% do aumento do consumo mundial. Dada a crescente demanda de energia e as limitadas reservas de combustíveis fósseis no mercado interno, o país tem planos ambiciosos para expandir suas indústrias de energia renovável e nuclear. A Índia tem o quinto maior mercado de energia eólica do mundo e tem planos de adicionar cerca de 20 gigawatts de capacidade de energia solar até 2022, além de também prever aumentar a contribuição da energia nuclear para a capacidade total de geração de eletricidade de 4,2% para 9% em 25 anos. O país tem cinco reatores nucleares em construção e planeja construir outros dezoito até 2025. A Índia possui uma importante reserva do elemento tório e objetiva usá-la na geração de energia. O KAMINI (Kalpakkam Mini reactor) é o reator de tório indiano, que opera em caráter experimental.
Em 2021, a Índia tinha, em energia elétrica renovável instalada, em energia hidroelétrica (6º maior do mundo), em energia eólica (4º maior do mundo), em energia solar (5º maior do mundo), e em biomassa.
Cultura
A história cultural indiana se estende por mais de anos de história. Durante o período védico (), os fundamentos da filosofia, mitologia e literatura hindu foram estabelecidos e muitas crenças e práticas que ainda existem atualmente, tais como darma, carma, ioga e moksha, foram consolidadas. A Índia é notável por sua diversidade religiosa, sendo hinduísmo, siquismo, islamismo, cristianismo e jainismo as principais e mais populares religiões do país. A religião predominante, o hinduísmo, foi moldada por várias escolas históricas de pensamento, como os upanixades, os Iogassutras, o movimento bhakti e a filosofia budista.
A cultura indiana está marcada por um alto grau de sincretismo e pluralismo. Os indianos têm conseguido conservar suas tradições previamente estabelecidas, enquanto absorvem novos costumes, tradições e ideias de invasores e imigrantes, ao mesmo tempo que estendem a sua influência cultural a outras partes da Ásia, principalmente Indochina e Extremo Oriente.
As práticas religiosas são parte integral da vida cotidiana e são um assunto de interesse público. A roupa tradicional varia de acordo com as cores e estilos segundo a região e depende de certos fatores, incluindo o clima. Os estilos de vestir incluem prendas simples como o sári para as mulheres e o dhoti para os homens; calças e camisas de estilo europeu também são populares entre os homens. O uso de joias delicadas, modeladas em flores reais usados durante a Índia antiga, faz parte de uma tradição que remonta a cerca de 5 000 anos; pedras preciosas também são usadas na Índia como talismãs.
Festivais
Muitas celebrações indianas são de origem religiosa, ainda que algumas independam da casta ou credo. Alguns dos festivais mais populares do país são: Diwali, Holi, Durga Puja, Eid ul-Fitr, Eid al-Adha, Natal e Vesak. Além destas, a nação tem três festas nacionais: o dia da República, o dia da independência e o Gandhi Jayanti, em homenagem a Mahatma Gandhi. Uma outra série de dias festivos, variando entre nove e doze dias, são oficialmente celebrados em cada estado nacional.
Culinária
A culinária indiana apresenta uma forte dependência de ervas e especiarias, com pratos muitas vezes apelando para o uso sutil de uma dúzia ou mais de condimentos diferentes; a gastronomia do país também é conhecida por suas preparações tanduri. No tandur, um forno de argila usado na Índia há quase anos, as carnes ficam com uma "suculência incomum" e é possível produzir o pão sírio inchado conhecido como naan. Os alimentos básicos são o trigo (principalmente no norte do país), arroz (especialmente no sul e no leste) e lentilhas. Muitas especiarias populares no mundo todo são nativas do subcontinente indiano, enquanto o pimentão, que é nativo das Américas e foi introduzido pelos portugueses, é amplamente utilizado pela população local. O aiurveda, um sistema de medicina tradicional, usa seis rasas e três gunas para ajudar a descrever os comestíveis.
Ao longo do tempo, conforme os sacrifícios de animais feitos pelos védicos foram suplantados pela noção de sacralidade inviolável da vaca, o vegetarianismo foi associado a um alto nível religioso e tornou-se cada vez mais popular, uma tendência auxiliada pelo aumento de normas budistas, jainistas e bhaktis hindus. A Índia tem a maior concentração de vegetarianos do mundo: uma pesquisa realizada em 2006 constatou que 31% dos indianos eram lactovegetarianos e outros 9% eram ovovegetarianos. Entre os costumes alimentares mais tradicionais e comuns estão refeições feitas perto ou no próprio chão, refeições segregadas por casta e gênero e uso da mão direita ou de um pedaço de roti (tipo de pão) no lugar dos talheres.
Artes e arquitetura
Grande parte da arquitetura indiana, incluindo o Taj Mahal e outras obras da arquitetura mogol e do sul da Índia, combina antigas tradições locais com estilos importados de outras nações. A arquitetura vernacular, no entanto, é altamente regionalizada. A Vastu Shastra, literalmente "ciência da construção" ou "arquitetura" e atribuída a Mamuni Maia, explora como as leis da natureza afetam as habitações humanas, além de empregar geometria precisa e alinhamentos direcionais para refletir construções cósmicas.
A arquitetura dos templos hindus é influenciada pelos Shastras Shilpa, uma série de textos fundamentais cuja forma mitológica básica é a mandala Vastu-Purusha, uma praça que encarna o conceito de "absoluto".
O Taj Mahal, construído na cidade de Agra entre 1631 e 1648 por ordem do imperador Shah Jahan e em memória de sua esposa, é descrito na lista do Patrimônio Mundial da UNESCO como "a joia da arte muçulmana na Índia e uma das obras-primas universalmente admiradas da herança do mundo". A arquitetura neo-indo-sarracena, desenvolvida pelos britânicos no final do , baseou-se em arquitetura indo-islâmica.
Artes cênicas
A música indiana varia através de várias tradições e estilos regionais. A música clássica abrange dois gêneros e suas diversas ramificações populares: o hindustai, do norte, e escolas carnáticas, do sul. Entre as formas populares regionalizadas incluem-se o filmi e músicas folclóricas; a tradição sincrética dos bauls é uma forma bem conhecida desta última.
A dança indiana também tem formas clássicas e diversas. Entre as danças folclóricas mais conhecidas estão o bhangra do Punjabe, o bihu de Assão, o chhau de Bengala Ocidental e Jharkhand, o sambalpuri de Odisha, o ghoomar do Rajastão e o lavani, de Maarastra. Oito formas de dança, muitas com formas narrativas e elementos mitológicos, têm sido reconhecidas como danças clássicas pela Academia Nacional de Música, Dança e Teatro da Índia. São elas: bharatanatyam, do estado de Tâmil Nadu, kathak,de Utar Pradexe, kathakali e mohiniyattam, de Querala, kuchipudi, de Andra Pradexe, manipuri, de Manipur, odissi, de Orissa, e o sattriya, de Assão.
O teatro indiano mescla música, dança e diálogos improvisados ou escritos. Muitas vezes baseado na mitologia hindu, mas também inspirado em romances medievais ou eventos sociais e políticos, o teatro indiano inclui o bhavai de Gujarat, o jatra de Bengala Ocidental, o nautanki e o ramlila do Norte da Índia, o tamasha de Maarastra, o burrakatha de Andra Pradexe, o terukkuttu de Tâmil Nadu e o yakshagana de Carnataca.
Literatura
As primeiras obras literárias da Índia, compostas entre e , foram escritas no idioma sânscrito. Obras proeminentes desta literatura sânscrita incluem épicos, como o Mahābhārata e o Ramayana, e dramas de Kālidāsa, como o Abhijñānaśākuntalam (O Reconhecimento de Sakuntala), e poesias, como o Mahākāvya. O Kamasutra, o famoso livro sobre relações sexuais, também se originou no país. Desenvolvida entre e no sul da Índia, a literatura sangam compôs poemas e é considerada como uma antecessora da literatura tâmil.
Do ao XVIII, as tradições literárias indianas passaram por um período de drástica mudança por causa do surgimento de poetas devocionais (movimento bhakti) como Kabir, Tulsidas e Guru Nanak. Este período foi caracterizado por um espectro variado e amplo de expressão e correntes de pensamento e, como consequência, obras literárias medievais indianas diferem significativamente da tradição clássica. No , os escritores indianos tomaram um novo interesse pelas questões sociais e descrições psicológicas. No , a literatura indiana foi influenciada pelas obras do poeta e romancista bengali Rabindranath Tagore.
Cinema e mídia
A indústria cinematográfica indiana é a maior do mundo. Bollywood, bairro localizado na cidade de Bombaim onde são feitos os filmes e comerciais em hindi, foi recentemente convertido no centro da indústria cinematográfica mais prolífica do mundo, igualando sua importância com Hollywood. Também são feitos filmes tradicionais e comerciais em zonas onde o bengali, canarês, malaiala, marata, tâmil e telugo são idiomas oficiais. O cinema do sul da Índia atrai mais de 75% da receita do cinema nacional.
A radiodifusão televisiva começou na Índia, em 1959, como um meio estatal de comunicação e teve expansão lenta por mais de duas décadas. O monopólio estatal na transmissão da televisão terminou em 1990 e, desde então, canais por satélite têm se tornado cada vez mais populares na cultura popular da sociedade indiana. Hoje, a televisão é a mídia com maior alcance na Índia; estimativas da indústria indicam que em 2012 havia mais de 554 milhões de consumidores de TV, 462 milhões de satélite e/ou conexões por cabos, em comparação com outras formas de mídia de massa, como a imprensa (350 milhões), o rádio (156 milhões) ou a internet (37 milhões).
Esportes
Na Índia, vários esportes tradicionais permanecem bastante populares, como o kabaddi, kho kho, pehlwani e gilli-danda. Algumas das primeiras formas de artes marciais asiáticas, como kalari payattu, mushti yuddha, silambam e marma adi, se originaram na Índia. O Rajiv Gandhi Khel Ratna e o Prêmio Arjuna são as mais altas formas de reconhecimento do governo para a realização atlética; o Prêmio Dronacharya é concedido pela excelência em treinamento. O xadrez, que acredita-se que originou-se na Índia como chaturanga, está a recuperar popularidade com o aumento do número de mestres indianos nesse esporte. O tradicional jogo de tabuleiro indiano chamado pachisi foi jogado em uma quadra gigante de mármore pelo imperador Akbar.
Os bons resultados conquistados pela equipe indiana de Copa Davis e outros tenistas indianos no início de 2010 fizeram o tênis se tornar cada vez mais popular no país. A Índia tem uma presença relativamente forte no tiro esportivo e já ganhou várias medalhas no Jogos Olímpicos, nos Campeonatos do Mundo de tiro e nos Jogos da Commonwealth. Outros esportes em que os indianos têm sido bem sucedidos internacionalmente incluem o badminton, o boxe e o wrestling. O futebol é popular em Bengala Ocidental, Goa, Tâmil Nadu, Querala e em estados do nordeste.
O hóquei em campo na Índia é administrado pelo Hockey India. A seleção nacional de hóquei venceu a Copa do Mundo de Hóquei sobre a Grama de 1975 e, até 2012, tinha oito medalhas olímpicas de ouro, uma de prata e duas de bronze, o que a torna a equipe mais bem sucedida dessa prática. A Índia também tem desempenhado um papel importante na popularização do críquete, sendo o esporte mais popular do país. O críquete indiano ganhou a Copa do Mundo de Críquete de 1983 e de 2011, ICC Mundial Twenty20 de 2007 e dividiu o troféu do ICC Champions de 2002 com o Seri Lanca. O Conselho Nacional de Controle do Críquete na Índia (BCCI) realiza uma competição Twenty20 conhecida como Indian Premier League. A Índia já hospedou ou co-organizou vários eventos esportivos internacionais; os Jogos Asiáticos de 1951 e de1982, as Copas do Mundo de Críquete de 1987, 1996 e 2011, os Jogos Afro-Asiáticos de 2003, o ICC Champions Trophy de 2006, a Copa de Hóquei Masculino de 2010 e os Jogos da Commonwealth de 2010. Grandes eventos esportivos internacionais realizados anualmente na Índia incluem o Chennai Open (tênis), a Maratona de Bombaim, a Meia Maratona de Déli e o Indian Masters (golfe). O primeiro Grande Prêmio da Índia aconteceu no final de 2011. O país tem sido, tradicionalmente, dominante nos Jogos Sul-Asiáticos. Um exemplo dessa dominação é a competição de basquete, onde seleção nacional indiana de basquete venceu três dos quatro torneios até a data.
Feriados
Ver também
Notas
Bibliografia
Ligações externas
Governo da Índia |
(, na numeração romana) foi um ano bissexto do século XX do atual Calendário Gregoriano, da Era de Cristo, e as suas letras dominicais foram C e B (52 semanas), teve início a uma sexta-feira e terminou a um sábado.
Eventos
Março – Se inicia a Guerra Russo-Japonesa
Sob o comando do general Nogi, o Japão iniciou a conquista da Manchúria, ocupada pelos russos desde 1900.
8 de Abril – A aliança entre a Grã-Bretanha e a França foi reforçada com a assinatura de um acordo sobre os seus interesses no Norte de África.
28 de Fevereiro – Criação do clube desportivo Sport Lisboa e Benfica.
Ocorre a Reforma urbana do Rio de Janeiro.
31 de Outubro – O Congresso brasileiro aprova a Lei da Vacina Obrigatória.
8 de Novembro – O Republicano Theodore Roosevelt foi eleito presidente dos EUA com 56% dos votos.
10 de Novembro – Eclode a Revolta da Vacina no Rio de Janeiro.
16 de Novembro – Durante visita de Estado a Inglaterra, o rei Dom Carlos assinou, com Eduardo VII, o Segundo Tratado de Windsor. É declarado Estado de Sítio no Rio de Janeiro. Fim da Revolta da Vacina.
Fim da disputa entre o Brasil e a Inglaterra pela posse de Roraima.
Marcelo de Azcárraga y Palmero substitui Antonio Maura y Montaner como presidente do governo de Espanha.
Nascimentos
23 de Março – Germán Busch Becerra, presidente da Bolívia de 1937 a 1939 (m. 1939).
22 de Abril – Alaíde Lisboa, pedagoga, jornalista, escritora e política brasileira (m. 2006).
11 de Maio – Salvador Dalí, pintor surrealista, Figueres, Catalunha (m. 1989).
12 de Agosto – Alexei Nikolaevich Romanov, czarevich da Rússia; (m. 1918)
22 de Agosto – Deng Xiaoping, secretário-geral do Partido Comunista Chinês(PCC) e líder político da República Popular da China entre 1978 e 1992 (m. 1997).
3 de Dezembro – Roberto Marinho, jornalista brasileiro (m. 2003)
Falecimentos
Prémio Nobel
Física – John William Strutt (Lord Rayleigh).
Literatura – Frédéric Mistral e José Echegaray.
Química – Sir William Ramsay.
Medicina – Ivan Petrovich Pavlov.
Paz – Instituto de Direito Internacional. |
(, na numeração romana) foi um ano bissexto do século XX do atual Calendário Gregoriano, da Era de Cristo, e as suas letras dominicais foram G e F (52 semanas), teve início a uma segunda-feira e terminou a uma terça-feira.
Eventos
Álvaro Figueroa y Torres Mendieta substitui Manuel García Prieto como presidente do governo de Espanha
A República da China é estabelecida dando fim a 2000 anos de domínio Imperial e 268 anos da Dinastia Qing.
A República da China adota o Calendário Gregoriano
Janeiro
1 de janeiro - Sun Yat-Sen toma posse como primeiro Presidente da Antiga República da China.
1 de janeiro - A China declara-se independente em relação ao Japão e a Dinastia Qing.
6 de janeiro - Novo México torna-se o 47º estado norte-americano.
17 de janeiro - Robert Falcon Scott alcança o Polo Sul, constatando que Roald Amundsen tinha estado lá um mês antes.
30 de Janeiro - Pacto de Dover, acordo estabelecido entre D. Manuel II e o seu primo D. Miguel de Bragança no qual este último reconhecia o primeiro como legítimo Rei de Portugal.
Fevereiro
12 de Fevereiro - O Imperador Pu Yi abdica o seu trono em favor da República da China que marcou o fim da Dinastia Qing que durou 268 anos e o começo da República da China que governou a China Continental de 1912 até 1949.
Março
1 de março - Sun Yat-sen renuncia a Presidência da República da China, e sobe ao poder Yuan Shikai.
5 de março — Forças italianas usam pela primeira vez dirigíveis para fins militares, utilizando-os para missões de reconhecimento aéreo por detrás das linhas turcas.
29 de março - Robert Falcon Scott e seu grupo de exploradores morrem em uma nevão em Antártida.
Abril
10 de abril - O transatlântico RMS Titanic deixa o porto de Southampton com destino a Nova Iorque.
14 de abril - É fundado o Santos Futebol Clube.
14—15 de abril - Naufrágio do transatlântico RMS Titanic após o choque contra um iceberg no Atlântico Norte, causando a morte de mais de 1500 pessoas.
Junho
16 de junho- Toma posse o III Governo Constitucional português chefiado por Duarte Leite.
Novembro
5 de novembro - O Governador de Nova Jérsei e Democrata Woodrow Wilson é eleito Presidente dos Estados Unidos derrotando Theodore Roosevelt e William Howard Taft, encerrando 16 anos de Governos do Partido Republicano, e o primeiro Democrata a governar o país desde Grover Cleveland (Presidente dos Estados Unidos de 1885 - 1889; 1893 - 1897).
12 de novembro - Manuel García Prieto substitui José Canalejas y Méndez como presidente do governo de Espanha.
27 de novembro - França e Espanha assinam um tratado segundo o qual todas as terras do que é atualmente Marrocos a sul do rio Drá passariam a estar sob domínio espanhol; esse território teve as designações de colónia de Cabo Juby e zona sul do protetorado de espanhol de Marrocos.
28 de novembro Proclamada a independência da Albânia, do Império Otomano.
Nascimentos
31 de janeiro - Camilo Ponce Enríquez, presidente do Equador de 1956 a 1960 (m. 1976).
11 de março - Wálter Guevara Arze, presidente da Bolívia em 1979 (n. 1996).
19 de março - Adolf Galland, piloto alemão que se distinguiu durante a Segunda Guerra Mundial (m. 1996)
15 de Abril - Kim Il-Sung, político e presidente da Coreia do Norte (m. 1994).
24 de maio - Edward Victor Luckhoo, presidente da Guiana de 1966 a 1970 (m. 1998).
10 de agosto - Jorge Amado, jornalista, político e escritor baiano (m. 2001).
22 de agosto - Stanislavs Ladusãns, padre e filósofo letão (m. 1993).
23 de agosto - Gene Kelly, dançarino, diretor, ator, cantor, produtor e coreógrafo estadunidense. Mais conhecido pelo seu trabalho mais famoso, Cantando na Chuva (m.1996).
30 de agosto - Nancy Wake, espiã neozelandesa que se destacou durante a Segunda Guerra Mundial (m. 2011).
12 de outubro - Helena Kolody, escritora Brasileira (m. 2004).
17 de Outubro - Papa João Paulo I, 263º papa (m. 1978).
3 de Novembro - Alfredo Stroessner, militar, político e presidente do Paraguai de 1954 a 1989 (m. 2006).
13 de Dezembro - Luiz Gonzaga, músico considerado como Rei do Baião (m.1989)
Falecimentos
28 de Janeiro - Eloy Alfaro - presidente do Equador de 1895 a 1901 e de 1907 a 1911 (n. 1842).
29 de Março - Robert Falcon Scott, explorador britânico da Antártida (n. 1868).
6 de Abril - Giovanni Pascoli, escritor e poeta italiano (n. 1855).
14 de Maio - Frederico VIII, rei da Dinamarca (n. 1843).
15 de Maio - Albino Jara, Presidente do Paraguai (n. 1877).
30 de julho
Meiji (Mutsuhito), imperador japonês (n. 1852).
Juan Gualberto González, Presidente do Paraguai (n. 1851).
8 de agosto - Cincinnatus Leconte, presidente do Haiti de 1911 a 1912 (n. 1854).
17 de Novembro - Richard Norman Shaw, arquitecto britânico (n. 1831).
Prémio Nobel
Física - Nils Gustaf Dalén.
Literatura - Gerhart Hauptmann.
Química - Victor Grignard, Paul Sabatier.
Medicina - Alexis Carrel.
Paz - Elihu Root.
Epacta e idade da Lua |
Roldão de Siqueira Fontes (Flores, 29 de dezembro de 1909 — 5 de novembro de 1996) foi um educador e ambientalista brasileiro.
Foi um grande defensor da recuperação do pau-brasil (também conhecido como pau-de-pernambuco, pau-pernambuco ou pau-de-tinta), uma leguminosa nativa da Mata Atlântica e árvore símbolo do Brasil. Criou o Movimento em Defesa do Pau-brasil, em 1970. Quando professor do então Colégio Agrícola de São Lourenço, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), conservou mudas e sementes e as distribuiu para outros pontos do país. O sonho de Roldão era de que a espécie, depois de estar ameaçada de extinção, em razão da devastação da Mata Atlântica, fosse recuperada e conservada, e que em toda escola de todo município brasileiro houvesse uma árvore de pau-brasil. Graças a essa campanha foi criada em 1988 a Fundação Nacional do Pau-brasil.
Biografia
Roldão de Siqueira Fontes foi professor de história e geografia geral e do Brasil, por mais de 40 anos, do antigo Colégio Agrícola de São Bento, pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No final de 1969, estudando o livro O Pau-Brasil na História Nacional, de Bernardino José de Souza, descobriu que o pau-brasil se encontrava em extinção. Começou, então, com seus parcos recursos de professor, a produzir mudas por conta própria, distribuindo-as posteriormente aos pais de alunos que visitavam a escola.
Em 1972, já dispondo de um viveiro com 10.000 mudas de pau-brasil, conseguiu sensibilizar o então reitor da UFRPE, Dr. Erasmo Adierson de Azevedo, que, junto com o Governo Federal, lançou em outubro de 1972, em Brasília, uma campanha de âmbito nacional em defesa da espécie. Em seguida, firmado um convênio entre a UFRPE e o antigo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), o professor Roldão coordenou o plantio de 50.000 plantas da espécie Caesalpinia echinata Lam. no entorno da barragem do rio Tapacurá, no município de São Lourenço da Mata.
Em 1977, faltando cerca de um ano para o término do convênio, Roldão envia cartas aos deputados federais José Bonifácio Neto, do MDB, e Faria Lima, da ARENA, para que elaborassem uma lei que protegesse o pau-brasil. Afinal, foi sancionada a Lei Federal Nº 6.607, de 7 de dezembro de 1978. No seu arquivo pessoal, existem cartas de próprio punho dos dois deputados citados, congratulando-se com Roldão pela instituição da lei.
O professor Roldão de Siqueira Fontes continuou a divulgar o pau-brasil por meio de palestras e eventos comemorativos da "árvore nacional" até criar, em 30 de julho de 1988, a Fundação Nacional do Pau-Brasil, que tem, entre outras, duas importantes metas que são:
plantar uma muda de pau-brasil em cada escola de cada município brasileiro
criar oportunidades para que todo brasileiro conheça a única árvore do mundo que deu nome a nação brasileira e a seu povo.
O professor Roldão faleceu em 5 de novembro 1996, aos 86 anos deixando, além da FunBrasil, para dar prosseguimento aos seus trabalhos de preservação, um legado de mais de dois milhões e setecentas mil plantas distribuídas por todo o território nacional. Foi cognominado pelo então Presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, "o apóstolo do pau-brasil". Sua filha, Ana Cristina, continuou a plantar e divulgar a árvore, cujos estoques naturais foram exauridos pela exploração predatória.
Ligações externas
Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade da Mata Atlântica 2005. [ De muda em muda, a restauração. Explorada até a exaustão desde o Descobrimento, a árvore símbolo nacional rebrota em Pernambuco, graças a ações e campanhas de conservação]. Matéria sobre Roldão de Siqueira Fontes e sua campanha.
Vídeo: O trabalho da Fundação Nacional do Pau-Brasil. National Geographic, 2 de fevereiro de 2012.
Ambientalistas do Brasil
Professores de Pernambuco
Naturais de Flores (Pernambuco) |
Colonizadores de Catan (no Brasil) ou Descobridores de Catan (em Portugal) é um Jogo de Tabuleiro criado por Klaus Teuber.
Foi o primeiro jogo de tabuleiro de estilo alemão a alcançar popularidade fora da Europa.
Foi traduzido para o inglês, francês, italiano, japonês, português, húngaro, entre outros, do original alemão. Aparentemente Teuber desenhou o jogo a pensar já na sua expansão Seafarers Expansion, que combinada com o jogo básico forma Novas Costas.
Edições
A Editora Kosmos publicou o jogo na Alemanha em 1995 com o nome Die Siedler von Catan.
Nos Estados Unidos, é publicado desde 1996, com o título de Settlers of Catan, pela Mayfair Games.
Edições em português
Foi editado pela primeira vez em português pela empresa Logojogos em 1999 e a partir de 2000 pela Devir.
Em 23 fevereiro de 2011, a Grow Jogos informou em sua conta do Twitter que concluiu negociação para lançar o jogo no Brasil a partir de maio. O jogo recebeu o nome de "Colonizadores de Catan" no mercado brasileiro e chegou às lojas em junho de 2011, com preço sugerido de R$ 85,00 (mantido assim até julho de 2012). Em 2022 está a custar R$299.
Prêmios
Ganhou os prémios Spiel des Jahres em 1995, o 1º lugar do Deutscher SpielePreis em 1995 e o Origins Award de 1996.
Campeão Mundial
No dia 15 de junho de 2021, na 1ª edição da CMAC (Concentração Mundial Anual de Catan) , realizada na cidade da Póvoa de Varzim, em Portugal, a dupla Kika e a estagiária Likas consagrou-se campeã mundial depois de um jogo emocionante e disputado até ao último minuto frente à dupla de chineses de Wuhan (José A.P. e Bernardo L.X.).
Na modalidade individual, o vencedor foi também português, e como já seria de prever, Rui Oliveira. Rui que, na final defrontou Iqbal Chandrahasan, do Sri Lanka.
Descrição
O jogo tornou-se popular em parte devido à sua mecânica extremamente simples, no entanto o jogo é extremamente dinâmico, com inúmeras possibilidades. A nível puramente recreativo o jogo tem algumas características que o tornam adequado a ser jogado em família. Por exemplo, ninguém é eliminado, e jogadores que ficam para trás no progresso do jogo dispõem sempre de objectivos quantificáveis e dentro de alcance, como construir uma cidade numa certa localização. Em termos de competitividade, o jogo mostra até onde pode chegar a mente humana em termos de análise e estratégia adaptativas. Informação acerca de onde e como comprar uma cópia do jogo está incluída mais abaixo. Descobridores de Catan pode ser jogado em inúmeras variantes em 23 mapas oficiais, criados pela combinação do jogo básico com as suas expansões. Os tabuleiros são mostrados na lista abaixo.
Mapas Dinâmicos
Standard (III-IV) / (V-VI): jogo de 10 pontos
Novas Costas (III-IV): jogo de 13 pontos
Oceanos (III) / (IV) / (V) / (VI): jogo de 12 pontos
Novo Mundo (III) / (IV) / (V) / (VI): jogo de 12 pontos
Greater Catan (IV) / (VI): jogo de 18 pontos
Mapas Estáticos
Quatro Ilhas (III) / (IV) / (V) / (VI): jogo de 12 pontos
Pelo Deserto (III) / (IV) / (V) / (VI): jogo de 12 pontos
A Grande Travessia (IV) / (VI): jogo de 13 pontos
Presume-se que os o jogadores são colonos na ilha desabitada de Catan. Em todos os tabuleiros além dos dois básicos, existem também de uma a três ilhas menores à volta da ilha de Catan, até às quais os colonos podem velejar e estabelecer-se. Cada colono deve explorar os recursos naturais da ilha para construir estradas, aldeias e cidades, além de poder comprar cartas de desenvolvimento que representam progressos em direcção à civilização. A produção de recursos é controlada por dois dados, cada vez que os dados são rodados são produzidos recursos para cada colono que possua aldeias ou cidades no vértice de qualquer hexágono que tenha o número obtido através dos dados. O vencedor é o primeiro jogador que declarar, no seu turno que acumulou suficientes pontos de vitória para esse tabuleiro, como listado acima. Pontos de vitória extra, além desse número são ignorados.
A importância da aleatoriedade dos dados como um factor decisivo nos resultados de um jogador varia inversamente com o progresso dessa pessoa em termos de aptidão para o jogo. Ou seja, quanto melhor se joga, menos importantes são os resultados dos dados.
Tabuleiro
O tabuleiro (III-IV) Standard consiste em 37 peças de cartão hexagonais, representando os terrenos. À direita está um exemplo de um mapa.
De modo a seguir a regras oficiais para montagem do tabuleiro :
Separar os hexágonos de terreno, mar, e portos em três pilhas.
Baralhar as peças de terreno virados para baixo, e começando no topo da pilha, distribuir as peças da forma seguinte:
Colocar cinco terrenos formando uma coluna ao centro da mesa.
Colocar uma coluna de quatro terrenos à direita e à esquerda da coluna central.
Colocar uma coluna de três terrenos à direita e à esquerda da colunas anteriores.
Baralhar as peças de portos, e começando pelo topo da pilha, colocar os hexágonos espaço sim, espaço não, ao longo da costa, sempre deixando espaço para um hexágono entre cada porto. Os portos devem ser orientados de maneira a que os meios círculos toquem terra. Devem estar directamente virados para a maior linha possível de terrenos.
Colocar as peças de mar no espaços restantes entre as peças de portos.
Colocar os números, um por cada hexágono de terreno em ordem alfabética, começando num canto exterior e continuando no sentido inverso dos ponteiros do relógio. O deserto não tem número.
Regras básicas de jogo
Ganho de recursos
Produção natural
Cada hexágono de terreno, à excepção do deserto, produz um recurso natural específico para os jogadores que tenham construído nos seus cantos. Dois dados de seis lados são rolados em cada turno, todos os hexágonos de terreno com o número resultante produzem um recurso por cada aldeia aí colocada, e dois recursos por cada cidade. As probabilidades que governam o resultado dos dados ditam que o hexágonos marcados com seis ou oito são os que se "esperam" mais produtivos. O 6 e o 8 têm cor vermelha, para realçar esta expectativa. Todas as cartas devem ser sempre visíveis; especificamente, o número total de recursos de cada jogador é informação pública, e deve ser confirmada com veracidade em caso de dúvidas .
No início de qualquer jogo de 3 ou 4 jogadores, o banco contém 19 recursos de cada tipo; em qualquer jogo de 5 ou 6 jogadores, o banco contem 24 de cada recurso. Os jogadores podem estimar a quantidade de cada recurso que está em jogo olhando para o banco, como se pode vêr na imagem. Se em algum ponto não restarem cartas de algum tipo de recurso no banco para pagar a todos os jogadores os recursos que produziram, nesse caso nenhum jogador recebe produção.
Trocas e comércio
Trocas domésticas
O comércio livre entre todos os jogadores em qualquer turno não é permitido. As negociações podem ser iniciados por qualquer um, desde que envolvam o jogador que rolou os dados.
Trocas entre jogadores podem ser feitas a qualquer razão acordada entre o jogador que rolou os dados, e o seu parceiro de troca.
Cada jogador deve contribuir com um número não nulo de cartas para cada transacção.
Trocas marítimas/Portos:
Um jogador apenas pode usar o(s) seu(s) porto(s) no seu próprio turno.
Existem um porto de 2:1 especializado para cada um dos cinco tipos de recurso. Cada porto de 2:1 permite que o seu dono execute uma conversão de 2 recursos do tipo do porto, em um recurso de qualquer dos outros tipos.
Cada um dos portos de 3:1 permite ao seu dono executar uma conversão de 3 recursos iguais, de qualquer tipo, em um recurso à escolha.
Nota: Devido à ordem de acções no turno, é possível que um porto marítimo não fique disponível no mesmo turno em que foi construído.
Trocas com o banco:
O banco permite a qualquer jogador, no seu turno, executar uma troca de 4:1 de um recurso qualquer, em qualquer dos outros recursos.
Perda de recursos
Por roubo e colocação do ladrão
No início de cada jogo, uma peça preta, que representa o ladrão, reside no hexágono de deserto. Sempre que um sete resulta dos dados, o jogador que lançou os dados deve mudar o ladrão da sua posição para um hexágono de terreno, que produza recursos, diferente. O jogador que lançou os dados também pode roubar uma carta de um dos jogadores presentes nesse hexágono, desde que este tenha cartas na mão. Uma carta deve ser roubada sempre que fisicamente possível. O hexágono onde o ladrão está colocado torna-se improdutivo enquanto o ladrão aí permanecer; isto é, quando o número desse hexágono for obtido pelos dados, os jogadores aí colocados não têm direito a nenhuma produção. O ladrão não tem nenhum efeito sobre a funcionalidade dos portos.
Descarte quando é obtido um 7 nos dados
Sempre que um 7 é obtido nos dados num jogo de 3 ou 4 jogadores, cada jogador que tenha mais de 7 recursos deve escolher metade das suas cartas (arredondando para baixo se tiver um número ímpar de cartas) e devolvê-las ao banco. As regras oficiais dizem que a mesma regra se aplica a jogos de 5 ou 6 jogadores, mas que todos os jogadores podem comprar qualquer coisa durante uma nova fase de construção especial em cada turno (acções além de comprar não são permitidas). No entanto, em vez de usar esta regra da fase de construção especial, muitos jogadores preferem usar a regra não oficial variante, que permite um jogador reter até 9 cartas na mão (em vez das 7) sem ter de descartar metade quando sai 7 nos dados.
Ordem de jogo
No início de cada jogo, cada jogador rola os dados. O jogador com o resultado mais alto é o primeiro, a ordem de jogo é no sentido dos ponteiros do relógio. Uma extensa análise estatísticas revelou que para um bom jogador a percentagem de jogos ganhos tende a ser a mesma para várias posições de início. Ou seja o jogo é notável pelo seu equilíbrio, de forma que em cada jogo particular cada jogador tem grosso modo a mesma possibilidade de ganhar com perícia, independentemente da posição de início. Jogadores sério devem comparar as suas estatísticas de jogos ganhos para cada posição, desvios grandes podem indicar por exemplo, força extra ao começar em primeiro, e em contraste vulnerabilidade ao começar em terceiro.
Regras de construção
Uma vez o tabuleiro montado, arestas podem ser encontradas onde dois hexágonos se encontram. As estradas podem ser colocadas apenas em arestas, mas nunca em arestas entre dois hexágonos de mar. Da mesma forma, os barcos podem ser colocados apenas nas arestas, mas nunca na aresta entre dois hexágonos de terreno, e apenas nos mapas para além dos dois standard. Intersecções encontram-se onde três hexágonos adjacentes se encontram. Aldeias podem ser colocadas apenas em intersecções. Como cada intersecção faz fronteira com três hexágonos, a influência de uma aldeia ou cidade estende-se a esses três hexágonos. Nenhuma aldeia (amigável ou não) pode ser colocada à distância de uma intersecção de outra aldeia pré-existente (Regra da Distância). Para construir cada tipo de propriedade na ilha de Catan, cada jogador deve pagar uma combinação específica de recursos, mostrados à direita.
Colocação inicial
No princípio do jogo, cada jogador pode fazer duas colocações iniciais. Cada colocação inicial consiste numa aldeia, colocada em qualquer intersecção da ilha (desde que permitida pela Regra da Distância), e uma estrada em terra ou um barco caso seja no mar, a partir dessa intersecção. (Os barcos podem ser usados caso se esteja a usar a expansão Seafarers Expansion.) Seguindo a ordem normal em que estão sentados, cada jogador efectua uma colocação. A seguir, seguindo a ordem inversa, cada jogar efectua a segunda colocação. Cada jogador começa o jogo com os recursos produzidos pelos hexágonos adjacentes à sua segunda aldeia colocada. Muitas vezes os jogadores acham útil começar o jogo com certo tipo de recursos em seu poder, por exemplo: uma estrada (madeira e barro), uma carta de desenvolvimento (trigo, minério e ovelha), ou também cartas para construir uma cidade (minério e trigo).
Expansão posterior
Fases de um turno
Os turnos de cada jogador compõe-se das seguintes fase. Não é possível voltar atrás.
Jogar uma carta de desenvolvimento em qualquer altura, mesmo antes de lançar os dados. (opcional)
Lançar os dados e receber (ou descartar) recursos. (obrigatório)
Colocar o ladrão e roubar um recurso. (obrigatório se o resultado dos dados foi 7)
Trocas domésticas, nos portos, ou no banco. (opcional)
Construir. (opcional)
Passar os dados e finalizar o turno. (obrigatório)
Estradas
Cada estrada custa uma madeira e um barro para pavimentar. Estradas adicionais podem ser construídas apenas se forem extensões de uma das estradas já existentes do jogador. As estradas não podem ser movidas, nem devolvidas para a mão. Cada jogador tem 15 estradas ao seu dispor. Se estas eventualmente se esgotarem, a situação não pode ser remediada, esse jogador não poderá construir mais estradas.
Barcos
Cada barco custa uma madeira e uma ovelha. Os barcos só podem ser construídos como extensões dos barcos já existentes do jogador. Especificamente, um barco não pode ser construído a partir de uma estrada sem uma aldeia ou cidade na costa como ponto de transição. Uma vez por turno, um jogador pode escolher mover o último barco de uma cadeia aberta de barcos seus, para qualquer outra aresta no tabuleiro onde a construção de um barco lhe seja permitida. Nos dois mapas standard não é permitido o uso de barcos. Nos outros 21 tabuleiros, cada jogador tem 15 barcos ao seu dispor. Se estes se esgotarem, não poderá construir mais.
Aldeias
Cada aldeia custa uma madeira, um trigo, um barro, e uma ovelha. Cada jogador pode construir aldeias adicionais numa intersecção que faça parte de uma rota de estradas ou barcos sua. Uma nova aldeia poder proporcionar acesso a novos hexágonos de recursos e novos números. A Regra da Distância que governa a localização das aldeia continua em vigor, isto é, a posição de cada nova aldeia deve satisfazer o espaçamento mínimo. Cada jogador tem 5 aldeias ao seu dispor. Se estas acabarem, ele não poder construir uma nova aldeia até que uma cidade substitua uma aldeia no tabuleiro, e a aldeia retorne à mão do jogador. Por esta razão, é pouco aconselhável que um jogador construa a sua quinta aldeia antes da sua primeira cidade. Existem excepções a esta regra, por exemplo quando para ganhar é necessário apenas construir mais uma aldeia.
Cidades
Cada cidade custa dois trigos e três pedras. As cidades podem apenas ser construídas como um melhoramento a uma das aldeias do jogador, a cidade substitui a aldeia. Muitas vezes construir uma cidade numa boa intersecção oferece o melhor aumento em capacidade de produção. Durante o mesmo turno jogador é permitido ao jogador construir uma aldeia e fazer-lhe o melhoramento para cidade. Cada jogador tem 4 cidades ao seu dispôr. Se se acabarem não poderá construir mais.
Cartas de desenvolvimento
Cada carta de desenvolvimento custa um trigo, uma pedra, e uma ovelha. Uma carta de desenvolvimento, desde que não seja um ponto de vitória, pode ser jogada em qualquer altura durante o turno de um jogador, começando pelo turno a seguir aquele em que foi comprada, nesse turno já não poderão ser jogadas outras cartas de desenvolvimento. No entanto, os pontos de vitória podem ser jogados imediatamente após a compra, e também não contam para o limite de uma por turno. Os pontos de vitória que não tiverem sido jogados no fim do jogo contam na mesma para a pontuação final. Assim sendo não existe nenhuma vantagem em jogar pontos de vitória que estejam escondidos, a não ser para ganhar nesse turno.
No início de cada jogo de 3 ou 4 jogadores, o banco contém 25 cartas de desenvolvimento: 14 Soldados, 5 Pontos de Vitória, 2 Monopólios, 2 Construção de Estrada, e 2 Anos de Abundância. Num jogo de 5 ou 6 jogadores, o banco contém 34 cartas de desenvolvimento: 20 Soldados, 5 Pontos de Vitória, 3 Monopólios, 3 Construções de Estrada, e 3 Anos de Abundância. Cada carta que é jogada tem o seu efeito precisamente uma vez, e permanace virada para cima de modo a que todos saibam que foi jogada. Por outras palavras, as cartas de desenvolvimento jogadas não voltam ao baralho. Quando todas as cartas de desenvolvimento tiverem sido compradas o jogo continua, mas os jogadores simplesmente não podem comprar mais cartas de desenvolvimento. Uma carta de desenvolvimento não pode ser trocada em qualquer circunstância, mesmo quando o seu dono não a pode usar.
Maior exército
O primeiro jogador a jogar o seu terceiro soldado é considerado o detentor do Maior Exército, e recebe 2 pontos de vitória. Durante o curso do jogo, se outro jogador joga mais soldados que o detentor do Maior Exército, esse jogador imediatamente toma posse do Maior Exército e dos pontos de vitória a ele associados. Se o exército de um jogador chega ao mesmo tamanho do exército da pessoa que actualmente possui o Maior Exército, a sua posse não muda de mãos. Apenas o actual dono do Maior Exército possui os 2 pontos de vitória.
Maior rota
O primeiro jogador a possuir uma rota contínua, com um comprimento de 5 (não vale contabilizar as bifurcações)estradas e/ou barcos, é considerado o detentor da Maior Rota, e recebe 2 pontos de vitória. Durante o curso do jogo se outro jogador constrói uma rota de comprimento superior ao da Maior Rota, esse jogador imediatamente toma posse da Maior Rota e dos pontos de vitória associados. Se um jogadar atinge um comprimento igual ao da Maior Rota, a posse da Maior Rota não muda de mãos. Apenas o actual dono da Maior Rota possui os 2 pontos de vitória.
No entanto as rotas podem ser quebradas, se outro jogador constrói uma aldeia numa instersecção que esteja disponível. Se uma interrupção destas cria uma situação onde dois jogadores possuem rotas de igual comprimento, então a Maior Rota e os 2 pontos de vitória a ela associados não pertencem a ninguém, até que algum dos jogadores restabeleça a propriedade da Maior Estrada.
Um jogador ganha o jogo ao obter o seu último ponto de vitória ao colocar uma aldeia que quebra a Maior Rota, mesmo que colocando um dos seus oponentes na posse de 10 ou mais pontos de vitória ao passar a possuir a Maior Rota, já que a vitória deve ser declarada no nosso próprio turno. Ver Mayfair Games's Rules Clarifications para resolver quaisquer outras confusões envolvendo a Maior Rota.
Pontos para a vitória
As seguintes propriedades valem cada uma um ponto de vitória: (1) uma aldeia e (2) uma carta de ponto de vitória. As seguintes propriedades valem cada uma dois pontos de vitória: (1) uma cidade, (2) o Maior Exército e (3) a Maior Rota. Em alguns mapas são atribuídos pontos de vitória por alcançar objectivos pré-definidos; por exemplo, construir em novas ilhas ou construir rotas comerciais. Ver as páginas dedicadas a esses mapas para mais detalhes.
Variantes
Existe um artigo especifíco sobre as Variantes ao jogo pode consulta-lo em Descobridores de Catan, Variantes.
Considerações Estratégicas
Tal como a secção anterior esta encontra-se em Descobridores de Catan, Considerações Estratégicas.
Ligações externas
Onde encontrar o jogo
Compra:
Aviso: Este artigo não pretende tomar nenhuma posição ou influenciar ninguém a comprar este jogo, ou onde comprá-lo.
Em Portugal: Devir.
Lojas Online: Funagain Games, Mayfair Games etc.
No Brasil:
O jogo é importado para o Brasil pela Grow e vendido em lojas de brinquedos e departamentos.
Produtos comerciais
Descobridores de Catan: o jogo tandard, Settlers of Catan (1995), é requerido para jogar a todos os mapas. Foi traduzido para português e encontra-se disponível através da Devir.
Expansões: Devido à popularidade do jogo original uma nova expansão tem sido edita quase todos os anos, para adicionar novas possibilidades e tornar o jogo mais complexo e intrincado.
Settlers of Catan, 5 to 6 player expansion (1996), necessário para jogar Standard (V-VI)
Seafarers expansion (for 3 to 4 players) (1997), necessário para jogar todos os mapas do mar (III-IV)
Seafarers, 5 to 6 player expansion, necessário para jogar todos os mapas do mar (V-VI)
Cities and Knights expansion (for 3 to 4 players) (1998),necessário para jogar todos os mapas (III-IV) com a variante Cities & Knights
Cities and Knights, 5 to 6 player expansion, necessário para jogar todos os mapas (V-VI) com a variante Cities & Knights
Alexander the Great historical expansion (1998)
The Trojan War historical expansion (2001)
Outras versões: Os seguintes jogos não são tecnicamente expansões, porque jogam-se sem o original.
Settlers of Catan, The Card Game (1996)
Settlers of Catan The Card Game expansion
Starfarers of Catan (1999)
Starfarers of Catan, 5 to 6 player expansion
Starfarers Figurines
Starship Catan (2001)
Settlers of the Stone Age (2002)
Die Siedler von Nürnberg (1999)
The Settlers of Canaan (2002)
The Kids of Catan (2003)
Settlers of Catan, Travel Edition (2003)
Implementações Online: Existem algumas versões online de uso livre, na condição de que os jogadores já possuam uma cópia física do jogo de tabuleiro.
- jogo Standard (III)
- jogo Standard (IV)
- regras Standard (IV) e Novas Costas
- Greater Catan (IV) e Cities & Knights (III-IV)
(alemão) - portal oficial de jogos com uma subscrição mensal, oferece a maioria dos tabuleiros e o jogo de cartas
Regras Oficiais e jogo competitivo
Escritos de Fãs
Jogos de tabuleiro
Jogos de tabuleiro de estilo alemão
Devir |
Educação ambiental é um processo de educação, responsável por formar indivíduos preocupados com os problemas ambientais e que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade, considerando a temática de forma holística, ou seja, abordando os seus aspectos econômicos, sociais, políticos, ecológicos e éticos. Dessa forma, ela não deve ser confundida com ecologia, sendo, esta, apenas um dos inúmeros aspectos relacionados à questão ambiental. Portanto, falar sobre Educação Ambiental é falar sobre educação acrescentando uma nova dimensão: a dimensão ambiental, contextualizada e adaptada à realidade interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais e globais.
Vertentes
Atualmente existem duas principais vertentes da educação ambiental, a crítica e a conservadora.
Educação ambiental conservadora
A educação ambiental conservadora é a vertente pioneira da educação ambiental. Tal modelo baseia-se no indivíduo e acredita que o ato educativo é suficiente para gerar mudanças de comportamentos individuais para chegar a uma mudança global. Nessa vertente a ordem social vigente é não é criticada. O ser humano é colocado como um ser genérico afastado da história e a degradação ambiental é um fruto da humanidade.
Educação ambiental crítica
Essa vertente da educação ambientalista originou do desejo de transformação a partir da crise socioambiental e visa um trabalho com atividades educativas de forma transversal e construtivistas.
Nessa perspectiva os indivíduos são capazes de atuar de forma crítica se reconhecendo como parte do ambiente em que vivem, dessa forma conseguem pensar em soluções para os problemas e dar importância aos mesmos.
Os autores que discutem essa vertente defendem a possibilidade de criação de um vínculo pessoal de interesse sobre o tema ambiental a partir do momento que os estudantes sejam capazes de percebê-lo na prática e em seus cotidianos. Isso contribui para a formação global do sujeito crítico porque começando da percepção pessoal pode-se ampliar o pensamento fomentando análises e discussões externas, além de contar com métodos de ensino que fogem das bases de memorização “vazias”.
Descrição
A ciência moderna teve origem no Século XVII por Descartes e fundou-se na racionalidade de caráter formal e instrumental (Moraes, 1997). Trata-se de um paradigma de conhecimento que parte da contraposição entre indivíduo e natureza, homem e mundo, regido por uma lógica dual/binária da vida. O ato de conhecer pressupõe a submissão da realidade a um esquema de simplificação imposto pelo sujeito. Ou seja, fala-se de uma racionalidade que ignora a complexidade própria do real. A despeito de ter obtido importante progresso no âmbito educacional, ela não conseguiu resolver outros problemas da existência humana como a liberdade, a dignidade humana, o respeito à diversidade e a realização da promessa de vida feliz e sem sofrimento para todos.
A educação ambiental crítica tenta despertar, em todos, a consciência de que o ser humano é parte do meio ambiente, tentando superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo, esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. Desde muito cedo na história humana, para sobreviver em sociedade, todos os indivíduos precisavam conhecer seu ambiente. O início da civilização coincidiu com o início do uso do fogo e de outros instrumentos para modificar o ambiente. Com os avanços tecnológicos, esquecemos que nossa dependência da natureza continua.
Os problemas causados pelo crescimento populacional, urbanização, industrialização, desmatamento, erosão, poluição atmosférica, aquecimento global, destruição da camada de ozônio, dentre outros, obrigaram o mundo a refletir sobre a necessidade de impulsionar a educação ambiental. O cenário é muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as consequências vão atingir a todos, sem distinção.
Na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, a comunidade internacional se reuniu para discutir a preservação e melhoria do ambiente humano, destacando, na recomendação 96, a importância estratégica da educação ambiental. A partir do documento gerado nessa conferência, esse tema foi incluído de forma oficial nas discussões dos organismos internacionais.
Muitos países já possuem leis que regulamentam a educação ambiental. No Brasil, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) foi proposta em 27 de abril de 1999, pela Lei nº 9 795. Essa lei, em seu Art. 2.º afirma:
De acordo com os fundamentos da educação ambiental e da PNEA, a educação ambiental deve ser abordada de forma interdisciplinar, abrangendo todas as áreas do conhecimento, não devendo se restringir a uma disciplina específica no currículo. Apenas nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental é que é facultada a criação de disciplina específica, se for necessário. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que o tema "meio ambiente" seja de cunho transversal.
O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a influência e vivência de cada um.
Deve ocorrer como um processo pedagógico participativo permanente para incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. Não deve ficar restrita a ações pontuais, apenas em datas comemorativas.
No Brasil, a educação ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando, fortemente, a proposta de construção de sociedades sustentáveis.
É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente interesse do ser humano em assuntos como o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas.
Aquele que pratica a educação ambiental no âmbito de ensino é conhecido como "educador ambiental" e não precisa, necessariamente, ser um professor. Por ser uma área interdisciplinar pode e deve estar presente nos espaços formais e não formais. Qualquer indivíduo da sociedade pode se tornar um educador ambiental desde que desenvolva um trabalho nessa área. Entre os profissionais que trabalham com educação ambiental encontra-se o biólogo, como mostra a Resolução CFBio nº 227/2010, que dispõe sobre a regulamentação das atividades profissionais e as áreas de atuação do biólogo, em meio ambiente e biodiversidade.
A educação ambiental tem sido apontada com uma poderosa alternativas às leis e à fiscalização.
História
A I Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente e desenvolvimento (1972) marca um processo de criação de profissionais e pessoas pelo mundo com uma visão voltada as discussões do meio ambiente e seus afins, como sustentabilidade. A partir da Conferência de Estocolmo, a educação ambiental se contextualiza.
Em 1975, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) promoveu, em Belgrado (Iugoslávia), o Encontro Internacional de Educação Ambiental, criando o Programa Internacional de Educação Ambiental – PIEA, que apresenta um conjunto de princípios e diretrizes para o desenvolvimento da área.
Logo em seguida, em 1977, aconteceu a Primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental, em Tbilisi (Rússia), organizada pela UNESCO com a colaboração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que gerou um documento onde constam os objetivos, funções, estratégias, características, princípios e recomendações da educação ambiental, que servem como base para a prática dos educadores ambientais no mundo inteiro até os dias atuais.
Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) para avaliar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas desde a Conferência de Estocolmo. De forma paralela a esse evento, ocorreu a 1ª Jornada Internacional de Educação Ambiental, que gerou três documentos que são referência para a prática de educação ambiental: Agenda 21, Carta Brasileira para a Educação Ambiental e o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.
Em 2012, foi publicado, na III Conferência Brasileira de Gestão Ambiental, o estudo "Educação Ambiental Virtual", elaborado pelos gestores ambientais Cássio Bergamasco e Virgínia Lages. Tal estudo abordou a aplicação da educação ambiental no ambiente virtual; evidenciou a viabilidade financeira de projetos semelhantes; e demonstrou o alto nível de engajamento social em relação às temáticas ambientais cotidianas.
Ver também
Sustentabilidade ambiental
Ecologia urbana
Desenvolvimento sustentável
Ecologia
Escola da Amazônia
Bibliografia
Fórum das ONGS. Meio Ambiente e Desenvolvimento: uma visão das ONG's e dos Movimentos Sociais Brasileiros. Rio de Janeiro, 1992, 190p.
UNESCO.LE Programme International D'Éducation Relative á L' Énvironnement. (UNESCO-PNUE). Paris, 1993, 40p.
Ligações externas
Estratégia Nacional para a Educação Ambiental - período 2017-2020
Ambiente
Ecologia |
Afonso da Maia (1797 - 1877) é uma personagem do romance Os Maias, de Eça de Queirós.
Biografia
O seu pai era Caetano da Maia, um português antigo e fiel que se benzia ao nome de Robespierre, e que na sua apatia de fidalgo beato e doente, tinha só um sentimento vivo: o horror, o ódio ao Jacobino, e como tal custava-lhe a aceitar um filho jacobino; assim, Caetano da Maia desterrou o seu filho, Afonso da Maia, para a Quinta de Santa Olávia.
Meses depois desta atitude, Afonso voltava de Santa Olávia um pouco contrito, enfastiado daquela solidão, pedindo a bênção e dinheiro para ir para Inglaterra. Para lá foi, e durante a sua estadia o pai faleceu em Portugal.
Ao regressar a Lisboa conheceu D. Maria Eduarda Runa, com quem depois do luto do pai veio a casar-se.
De tão doce união, nasceu o Pedrinho.
D. Maria Eduarda era uma beata, o que dava grandes dores de cabeça a Afonso, pois se havia coisa que Afonso não suportava era o corropio de frades e boleeiros, atroando tabernas e capelas. Mas mesmo assim Afonso foi como que obrigado a deixar Pedrinho crescer neste ambiente de doutrina, devido à mulher doente que amava.
Porém, a educação de Carlos da Maia foi totalmente diferente, não tendo Afonso autorizado uma única palavra de doutrina, o que deixou Custódio (o abade) bastante triste. Em contrapartida, Carlinhos teve uma educação de grande rigidez, (típico sistema inglês, nação que o fascinara) que valorizava a força e o músculo, antes de proceder à educação livresca e académica, tendo como preceptor Sr. Brown. Esta deu bons frutos, fazendo de Carlinhos, um miúdo "levado da breca", um ilustre fidalgo.
Com o passar de todos estes anos, Afonso da Maia contou com a generosidade dos tempo e da saúde, pois manteve-se sempre forte, robusto e cheio de saúde.
No entanto, ele é a vítima inocente da tragédia que se desenrolará. Tendo sobrevivido à desgraça do filho, traído e abandonado pela mulher com quem casara contra a vontade do pai, Afonso não sobreviverá à desgraça do neto: morre de uma apoplexia na madrugada em que percebe que Carlos, mesmo sabendo que Maria é a sua irmã, continua a ser amante dela.
Características
Afonso da Maia, fisicamente era baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes, cara larga, o nariz aquilino e a pele corada. Os cabelos eram brancos, muito curtos e a barba branca e comprida, lembrava um varão esforçado das idas heróicas, um D. Duarte de Meneses ou um Afonso de Albuquerque; psicologicamente consideravam-no o personagem mais simpático do romance e aquele que o autor mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos e é um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, por seu pai, a sair de casa; instalando-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Mais tarde, dedica a sua vida ao neto Carlos e já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza, o que é pobre e fraco e tem altos e firmes princípios morais.
Personagens d'Os Maias |
O gato de pelo curto brasileiro é uma raça de gato originária do Brasil. Foi a primeira raça de gatos brasileira a ser reconhecida internacionalmente através da World Cat Federation (WCF) em 1998, sendo antes considerado vira-lata. Descende da espécie gato-bravo, trazida ao país pelos europeus desde o início da colonização, com fins de proteger o alimento de ratos.
Características físicas
No Brasil, desenvolveu seu próprio padrão, pelo qual não é mais enquadrado na categoria Keltic Shorthair. O pelo é bem deitado junto ao corpo, cabeça e orelhas de tamanho médio, proporcionais a largura da base, bem colocadas. Os olhos ligeiramente oblíquos e o nariz da mesma largura da base até à ponta. Peito largo, pernas de tamanho médio e patas arredondadas, também de tamanho médio. O corpo é forte, musculoso, sendo levemente menos robusto que o pelo curto europeu. O aspecto geral é de um gato muito ágil e elegante. Não tão esguio como o siamês e o oriental, nem tão corpulento como o gato persa e os gatos europeus. O rabo, de comprimento médio, é grosso na base e afina até a ponta.
Assim como ingleses e americanos transformaram gatos de rua em gatos de raça, surgindo, assim, o British Shorthair (britânico de pelo curto) e o American Shorthair (americano de pelo curto); por ter uma tipologia padrão, nosso gato de rua também mereceu reconhecimento como raça.
O pelo curto brasileiro é originário dos gatos aqui introduzidos pelos europeus por ocasião da colonização do país.
Bastante conhecido em todo o Brasil, estes animais têm suas origens entre os gatos europeus introduzidos no país na época da colonização. Reconhecido como raça no Brasil, e já conquistando renome internacional, a história do pelo curto brasileiro teve início em 1985, por iniciativa da Federação Brasileira do Gato. Provavelmente, o principal motivo do sucesso desta raça é o excelente temperamento. Sempre ativo e ágil, brincalhão e apegado ao dono, apesar da independência natural, é além de tudo um gato extremamente inteligente. A mistura de raças e a necessidade de sobreviver nas ruas conferiu a estes gatos uma saúde excelente.
O pelo curto brasileiro é um gato forte, a pelagem é curta e os olhos de cor preferencialmente combinando com a da pelagem. O temperamento é brincalhão, alegre, ativo e muito apegado ao dono, inteligente e aprende as coisas com facilidade, excelente caçador, resistente a doenças, amistoso e apegado ao dono, mas se não encontrar carinho e afeto onde vive, pode procurar outro lugar para viver.A Federação Brasileira do Gato está dando registro inicial (RI) para os exemplares que se aproximam do padrão da raça e também registro definitivo (LO) para os que conseguirem determinado número de títulos em exposições ou forem provenientes de gerações cruzadas segundo determinadas regras.
Para obter o registro, é só apresentá-los para exame na FBG.
A raça pelo curto brasileiro é a primeira raça brasileira de gatos a obter reconhecimento internacional, apesar de ainda não ser reconhecido pela FIFé, organização pela qual Portugal se rege.
Descendente dos gatos introduzidos no Brasil pelos colonos, o pelo curto brasileiro passou por uma variedade de transformações até chegar à conformação actual. Existem ainda poucos criadores dedicados ao Pelo Curto Brasileiro. Isto deve-se não só ao facto de a raça ainda não ser reconhecida por todas as grandes associações internacionais de felinos, mas também porque a linhagem destes gatos desenvolve-se ainda naturalmente, nas ruas, no seu país de origem, o que torna difícil que uma criação selectiva possa encontrar compradores e vingar.
Temperamento
O gato desta raça é afetuoso ao ponto de sempre estar acerca do dono e segui-lo para todo o lado. Contudo não é um gato de um só dono. Gosta de companhia e por isso gosta de todos com quem partilha a casa, ativo, dócil e amigo. As suas necessidades de atenção são elevadas e, caso não sejam satisfeitas, pode-se tornar num gato irritável ou arisco.
O Pelo Curto Brasileiro é um gato inteligente e brincalhão.
Aparência Geral
O Pelo Curto Brasileiro é um gato ágil e elegante. É um gato menos robustos do que as raças que também provieram das ruas europeias (Europeu) ou norte-americanas (American Shorthair). Contudo não tem um pelo tão refinado como o Siamês.
O Pelo Curto Brasileiro pode ser encontrado numa vasta gama de cores e padrões. A cor dos olhos varia conforme a cor da pelagem. Um das particularidades deste gato é o facto de ter o espaçamento entre os olhos do tamanho da largura de um olho.
Tipo
Aparência geral de um gato saudável, levemente esbelto, rápido e elegante.
Corpo
Firme, tamanho médio, não compacto, e ligeiramente esbelto.
Pernas
Pernas firmes, não demasiadamente musculosas, comprimento médio, pés de tamanho médio e arredondados.
Rabo
Comprimento médio a longo, não grosso na base, afinando para o final.
Cabeça
Tamanho pequeno a médio, sendo mais comprida do que larga, levemente em forma de cunha.
Orelhas: Orelhas grandes, com tufos de pelos dentro delas, colocadas quase retas para cima. Sua altura é maior do que o comprimento da base.
Olhos
Forma arredondada. Todas as cores são aceitas. A distância entre os dois olhos é de um olho e meio um do outro.
Nariz
Tamanho médio a grande com uma leve curvatura na base.
Pescoço
Comprimento médio a grande, não musculoso. Apenas firme.
Queixo
Forte queixo.
Bochechas
Levemente desenvolvidas.
Pelagem
Curta, sedosa, bem fechada, deitada junto ao corpo. Sem subpelo .
Faltas
Rabo anormal ou com nó, acentuado stop (quebra/depressão) na base do nariz, subpelo, corpo compacto.
Cores
Todas as cores são aceitas. Preferência será dada às já conhecidas.
Amarelo com pequenas linhas pretas.
Branco com linhas cinzas e pretas.
Malhado com cores variadas.
Entre várias outras tonalidades.
Ligações externas
Padrão oficial da raça em inglês
Pelo curto brasileiro |
A Ciência da Computação lida com fundamentos teóricos da informação, computação, e técnicas práticas para suas implementações e aplicações.Ciência da computação é a ciência que estuda as técnicas, metodologias, instrumentos computacionais e aplicações tecnológicas, que informatizem os processos e desenvolvam soluções de processamento de dados de entrada e saída pautados no computador. Não se restringindo apenas ao estudo dos algoritmos, suas aplicações e implementação na forma de software. Assim, a Ciência da Computação também abrange as técnicas de modelagem de dados e gerenciamento de banco de dados, envolvendo também a telecomunicação e os protocolos de comunicação, além de princípios que abrangem outras especializações da área.
Enquanto ciência, classifica-se como ciência exata, apesar de herdar elementos da lógica filosófica aristotélica, tendo por isto um papel importante na formalização matemática de algoritmos, como forma de representar problemas decidíveis, i.e., os que são susceptíveis de redução a operações elementares básicas, capazes de serem reproduzidas através de um dispositivo qualquer capaz de armazenar e manipular dados. Um destes dispositivos é o computador digital, de uso generalizado, nos dias de hoje. Também de fundamental importância para a área de Ciência da Computação são as metodologias e técnicas ligadas à implementação de software que abordam a especificação, modelagem, codificação, teste e avaliação de sistemas de software.
Os estudos oriundos da Ciência da Computação podem ser aplicados em qualquer área do conhecimento humano em que seja possível definir métodos de resolução de problemas baseados em repetições previamente observadas. Avanços recentes na Ciência da Computação têm impactado fortemente a sociedade contemporânea, em particular as aplicações relacionadas às áreas de redes de computadores, Internet, Web, ciência de dados e computação móvel, que têm sido utilizadas por bilhões de pessoas ao redor do globo.
História da Computação
A primeira ferramenta conhecida para a computação foi o ábaco, cuja invenção é atribuída a habitantes da Mesopotâmia, em torno de 2700–2300 a.C.. Seu uso original era desenhar linhas na areia com rochas. Versões mais modernas do ábaco ainda são usadas como instrumento de cálculo.
No século VII a.C., na antiga Índia, o gramático Pānini formulou a gramática de Sânscrito usando 3959 regras conhecidas como Ashtadhyāyi, de forma bastante sistemática e técnica. Pānini usou transformações e recursividade com tamanha sofisticação que sua gramática possuía o poder computacional teórico tal qual a Máquina de Turing.
Entre 200 a.C. e 400, os indianos também inventaram o logaritmo, e a partir do século XIII tabelas logarítmicas eram produzidas por matemáticos islâmicos. Quando John Napier descobriu os logaritmos para uso computacional no século XVI, seguiu-se um período de considerável progresso na construção de ferramentas de cálculo.
Algoritmos
No século VII, o matemático indiano Brahmagupta explicou pela primeira vez o sistema de numeração hindu-arábico e o uso do 0. Aproximadamente em 825, o matemático persa al-Khwarizmi escreveu o livro Calculando com numerais hindus, responsável pela difusão do sistema de numeração hindu-arábico no Oriente Médio, e posteriormente na Europa. Por volta do século XII houve uma tradução do mesmo livro para o latim: Algoritmi de numero Indorum. Tais livros apresentaram novos conceitos para definir sequências de passos para completar tarefas, como aplicações de aritmética e álgebra. Por derivação do nome do matemático, atualmente usa-se o termo algoritmo.
Lógica binária
Por volta do século III a.C., o matemático indiano Pingala inventou o sistema de numeração binário. Ainda usado atualmente no processamento de todos os computadores modernos, o sistema estabelece que sequências específicas de uns e zeros podem representar qualquer informação.
Em 1703 Gottfried Leibniz desenvolveu a lógica em um sentido formal e matemático, utilizando o sistema binário. Em seu sistema, uns e zeros também representam conceitos como verdadeiro e falso, ligado e desligado, válido e inválido. Mais de um século depois, George Boole publicou a álgebra booleana (em 1854), com um sistema completo que permitia a construção de modelos matemáticos para o processamento computacional. Em 1801, apareceu o tear controlado por cartão perfurado, invenção de Joseph Marie Jacquard, no qual buracos indicavam os uns e áreas não furadas indicavam os zeros. O sistema está longe de ser um computador, mas ilustrou que as máquinas poderiam ser controladas pelo sistema binário.
Engenho analítico
Foi com Charles Babbage que o computador moderno começou a ganhar forma, através de seu trabalho no engenho analítico. O equipamento descrito originalmente em 1837, mais de um século antes de seu sucessor, nunca foi construído com sucesso, mas possuía todas as funções de um computador moderno. O dispositivo de Babbage se diferenciava por ser programável, algo imprescindível para qualquer computador moderno.
Durante sua colaboração, a matemática Ada Lovelace publicou os primeiros programas de computador em uma série de notas para o engenho analítico. Por isso, Lovelace é popularmente considerada como a primeira programadora.
Nascimento da Ciência da Computação
Antes da década de 1920, computador era um termo associado a pessoas que realizavam cálculos, geralmente liderados por físicos. Milhares de computadores eram empregados em projetos no comércio, governo e sítios de pesquisa. Após a década de 1920, a expressão máquina computacional começou a ser usada para referir-se a qualquer máquina que realize o trabalho de um profissional, especialmente aquelas de acordo com os métodos da Tese de Church-Turing.
O termo máquina computacional acabou perdendo espaço para o termo reduzido computador no final da década de 1940, com as máquinas digitais cada vez mais difundidas. Alan Turing, conhecido como pai da Ciência da Computação, inventou a Máquina de Turing, que posteriormente evoluiu para o computador moderno.
Trabalho teórico
Os fundamentos matemáticos da Ciência da Computação moderna começaram a ser definidos por Kurt Gödel com seu teorema da incompletude (1931). Essa teoria mostra que existem limites no que pode ser provado ou desaprovado em um sistema formal; isso levou a trabalhos posteriores por Gödel e outros teóricos para definir e descrever tais sistemas formais, incluindo conceitos como recursividade e cálculo lambda.
Em 1936 Alan Turing e Alonzo Church independentemente, e também juntos, introduziram a formalização de um algoritmo, definindo os limites do que pode ser computador e um modelo puramente mecânico para a computação. Tais tópicos são abordados no que atualmente chama-se Tese de Church-Turing, uma hipótese sobre a natureza de dispositivos mecânicos de cálculo. Essa tese define que qualquer cálculo possível pode ser realizado por um algoritmo sendo executado em um computador, desde que haja tempo e armazenamento suficiente para tal.
Turing também incluiu na tese uma descrição da Máquina de Turing, que possui uma fita de tamanho infinito e um cabeçote para leitura e escrita que move-se pela fita. Devido ao seu caráter infinito, tal máquina não pode ser construída, mas tal modelo pode simular a computação de qualquer algoritmo executado em um computador moderno. Turing é bastante importante para a Ciência da Computação, tanto que seu nome é usado para o Prêmio Turing e o teste de Turing. Ele contribuiu para a quebra do código da Alemanha pela Grã-Bretanha na Segunda Guerra Mundial, e continuou a projetar computadores e programas de computador pela década de 1940; cometeu suicídio em 1954.
Shannon e a teoria da informação
Até a década de 1930, engenheiros eletricistas podiam construir circuitos eletrônicos para resolver problemas lógicos e matemáticos, mas a maioria o fazia sem qualquer processo, de forma particular, sem rigor teórico para tal. Isso mudou com a tese de mestrado de Claude Shannon de 1937, A Symbolic Analysis of Relay and Switching Circuits. Enquanto tomava aulas de Filosofia, Shannon foi exposto ao trabalho de George Boole, e percebeu que poderia aplicar esse aprendizado em conjuntos eletro-mecânicos para resolver problemas. Shannon desenvolveu a teoria da informação no artigo de 1948: A Mathematical Theory of Communication, cujo conteúdo serve como fundamento para áreas como compressão de dados e criptografia.
Contribuição social
Apesar de sua pequena história enquanto uma disciplina acadêmica, a Ciência da Computação deu origem a diversas contribuições fundamentais para a ciência e para a sociedade. Esta ciência foi responsável pela definição formal de computação e computabilidade, e pela prova da existência de problemas insolúveis ou intratáveis computacionalmente.
Também foi possível a construção e formalização do conceito de linguagem de computador, sobretudo linguagem de programação, uma ferramenta para a expressão precisa de informação metodológica flexível o suficiente para ser representada em diversos níveis de abstração.
Para outros campos científicos e para a sociedade de forma geral, a Ciência da Computação forneceu suporte para a Revolução Digital, dando origem a Era da Informação. A computação científica é uma área da computação que permite o avanço de estudos como o mapeamento do genoma humano (ver Projeto Genoma Humano).
Pessoas notáveis
Algumas das pessoas mais importantes da computação foram agraciadas com o Prêmio Turing.
Precursores
Blaise Pascal, desenvolveu a calculadora mecânica e tem seu nome em uma linguagem de programação;
Charles Babbage, projetou um computador mecânico, a máquina analítica;
Ada Lovelace, considerada a primeira pessoa programadora, deu nome a uma linguagem de programação;
Alan Turing, participou do projeto Colossus e foi um dos cérebros que decifra a Enigma. Também inventou um tipo teórico de máquina super-simples capaz de realizar qualquer cálculo de um computador digital, a Máquina de Turing;
John von Neumann, descreveu o computador que utiliza um programa armazenado em memória, a Arquitetura de von Neumann, que é a base da arquitetura dos computadores atuais;
John Backus, líder da equipe que criou o Fortran e criou a notação BNF;
Maurice Vicent Wilkes, inventor do somador binário;
Howard Aiken, inventor do Mark I;
Walter H. Brattain, inventor do transístor;
William Shockley, inventor do transístor;
John Bardeen, inventor do transístor;
Fred Williams, inventor da memória RAM;
Tom Kilburn, inventor da memória RAM;
Konrad Zuse, inventor independente do computador digital e de linguagens de programação na Alemanha nazista;
John Atanasoff, inventor do primeiro computador digital, o Atanasoff–Berry Computer, ABC;
Clifford Berry, assistente de Atanasoff;
Almirante Grace Hopper, programadora do Mark I, desenvolveu o primeiro compilador; primeira mulher a receber um Ph.D. em matemática;
Edsger Dijkstra, líder do ALGOL 60, publicou o artigo original sobre programação estruturada;
J. Presper Eckert, criador do ENIAC;
John William Mauchly, criador do ENIAC.
Personalidades influentes
Andrew Stuart Tanenbaum, pesquisador na área de sistemas operacionais, inventor do MINIX; seus livros-texto são dos mais referenciados na área;
Edgar Frank Codd, inventor de Banco de dados relacionais;
Brian Kernighan, inventor da linguagem de programação C;
Dennis Ritchie, inventor da linguagem de programação C e do Unix;
Bjarne Stroustrup, inventor da linguagem de programação C++;
Ken Thompson, inventor do Unix e da codificação de caracteres UTF-8;
Peter Chen, inventor do Modelo de entidades e relacionamentos;
Donald Ervin Knuth, criador do TeX, da programação literária e da influente série (inacabada em 2011) sobre algoritmos The Art of Computer Programming;
Richard Stallman, fundador do projeto GNU e idealizador da licença de software livre GPL;
Linus Torvalds, criador do núcleo Linux;
Alan Kay, um dos inventores da orientação a objeto, também concebeu o laptop e a interface gráfica do utilizador;
Steve Wozniak e Steve Jobs, criadores da Apple Inc., e do primeiro computador pessoal, o Apple I;
Bill Gates e Paul Allen, criadores da Microsoft, a empresa que criou o Windows;
James Gosling, criador da linguagem Java;
Guido van Rossum, criador da linguagem Python;
Tim Berners-Lee, criador da World Wide Web e do HTML;
Brendan Eich, criador do JavaScript.
Áreas de pesquisa
Fundamentos matemáticos
Álgebra linear
Cálculo diferencial e integral
Cálculo numérico
Analise combinatória
Geometria analítica — o estudo de algoritmos para a resolução de problemas de geometria, ou que dependem da geometria
Heurística - o desvendamento de soluções de problemas com alto grau de complexidade
Lógica matemática — lógica booleana e outras formas para a modelagem lógica de problemas
Matemática discreta
Teoria do caos - sistemas complexos e não determinísticos influenciam a confecção de novos algoritmos e metodologias matemáticas na computação
Probabilidade e estatística
Teoria da informação
Teoria das categorias
Teoria dos grafos — fundações para estruturas de dados e algoritmos de busca
Teoria dos números — teoria para a definição de provas a conjunto dos números inteiros, usada em criptografia e no teste de inteligência artificial
Teoria dos tipos — análise formal de tipos de dados e seu uso para entender a propriedade de programas de algoritmos
Fundamentos de computação
Paradigma de programação
Circuitos digitais
Complexidade computacional — definição de limites computacionais (sobretudo relativo a espaço e tempo) fundamentais em classes de computação
Criptografia — aplicação da complexidade computacional, da probabilidade e da teoria de números para a criação ou quebra de códigos
Estrutura de dados — a organização e as regras para a manipulação de informação
Linguagens formais — estudo de modelos para especificar e reconhecer linguagens de forma geral
Métodos formais — o uso de abordagens matemáticas para descrever e formalizar padrões de desenvolvimento de software
Pesquisa e ordenação
Projeto e análise de algoritmos — complexidade computacional aplicada aos algoritmos
Robótica — o controle do comportamento de robôs
Semântica formal — estudo da especificação do significado (ou comportamento) de programas de computador e partes de hardware
Teoria da computabilidade — definição do que é computável utilizando-se os modelos atuais, definindo as possibilidades teóricas da computação
Teoria da computação
Teoria dos algoritmos de informação
Teoria dos autômatos
Física
Eletromagnetismo
Mecânica quântica
Tecnologia da computação
Banco de dados
Compiladores — tradução de algoritmos entre diferentes linguagens de computador, geralmente de uma linguagem de alto nível, mais abstrata e legível para seres humanos, para uma linguagem de baixo nível, mais concreta e voltada para o computador digital
Computação gráfica — geração sintética de imagens, e a integração ou alteração visual de informações visuais do mundo real
Engenharia de software
Inteligência artificial — o estudo e a implementação de sistemas que exibem um comportamento autônomo inteligente
Microprocessamento - o estudo dos chips, circuitos integrados e sistemas digitais que interagem com as linguagens de baixo nível
Processamento de imagens — a obtenção de informação a partir de imagens
Rede de computadores — algoritmos e protocolos para a comunicação de dados confiável entre diferentes sistemas, incluindo mecanismos para a identificação e correção de erros
Sistemas operacionais - softwares básicos que gerenciam os recursos computacionais e fazem a interação entre hardware e software
Sistemas de Informação - todos os recursos em TI que servem para armazenar, manipular, transferir e tratar dados, sejam eles elementos computacionais ou não-computacionais
Ciência da computação aplicada
Álgebra computacional
Especificação de programas
Estrutura de dados
Informática educativa
Interação homem-computador — estudo sobre a utilidade e usabilidade de computadores, tornando-os acessíveis às pessoas
Otimização combinatória
Pesquisa operacional
Planejamento automatizado — estuda o processo de deliberação por meio da computação
Programação de computadores — o uso de linguagens de programação para a implementação de algoritmos
Reconhecimento de padrões
Recuperação de informações
Redes de Petri
Redes neurais
Redes semânticas
Segurança de computadores
Sistemas multiagentes
Tolerância a falhas
Vida artificial — o estudo de organismos digitais
Organização dos sistemas computacionais
Arquitetura de computadores — o desenvolvimento, a organização, a otimização e a verificação de sistemas computacionais
Computação distribuída — computação sendo executada em diversos dispositivos interligados por uma rede, todos com o mesmo objetivo comum
Computação paralela — computação sendo executada em diferentes tarefas; geralmente concorrentes entre si na utilização de recursos
Computação quântica — representação e manipulação de dados usando as propriedades quânticas das partículas e a mecânica quântica
Sistemas operacionais — sistemas para o gerenciamento de programas de computador e para a abstração da máquina, fornecendo base para um sistema utilizável
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Relacionamento com outros campos
Por ser uma disciplina recente, existem várias definições alternativas para a Ciência da Computação. Ela pode ser vista como uma forma de ciência, uma forma de matemática ou uma nova disciplina que não pode ser categorizada seguindo os modelos atuais. Várias pessoas que estudam a Ciência da Computação o fazem para tornarem-se programadores, levando alguns a acreditarem que seu estudo é sobre o software e a programação. Apesar disso, a maioria dos cientistas da computação são interessados na inovação ou em aspectos teóricos que vão muito além de somente a programação, mais relacionados com a computabilidade.
Apesar do nome, muito da Ciência da Computação não envolve o estudo dos computadores por si próprios. De fato, o conhecido cientista da computação Edsger Dijkstra é considerado autor da frase "Ciência da Computação tem tanto a ver com o computador como a astronomia com o telescópio […]". O projeto e desenvolvimento de computadores e sistemas computacionais são geralmente considerados disciplinas fora do contexto da Ciência da Computação. Por exemplo, o estudo do hardware é geralmente considerado parte da engenharia de computação, enquanto o estudo de sistemas computacionais comerciais são geralmente parte da tecnologia da informação ou sistemas de informação.
Por vezes a Ciência da Computação também é criticada por não ser suficientemente científica, como exposto na frase "Ciência é para a Ciência da Computação assim como a hidrodinâmica é para a construção de encanamentos", credita a Stan Kelly-Bootle. Apesar disso, seu estudo frequentemente cruza outros campos de pesquisa, tais como a inteligência artifical, física e linguística.
Ela é considerada por alguns por ter um grande relacionamento com a matemática, maior que em outras disciplinas. Isso é evidenciado pelo fato que os primeiros trabalhos na área eram fortemente influenciados por matemáticos como Kurt Gödel e Alan Turing; o campo continua sendo útil para o intercâmbio de informação com áreas como lógica matemática, teoria das categorias e álgebra. Apesar disso, diferente da matemática, a Ciência da Computação é considerada uma disciplina mais experimental que teórica.
Várias alternativas para o nome da disciplina já foram cogitadas. Em francês ela é chamada informatique, em alemão Informatik, em espanhol informática, em holandês, italiano e romeno informatica, em polonês informatyka, em russo информатика e em grego Πληροφορική. Apesar disso, tanto em inglês quanto em português informática não é diretamente um sinônimo para a Ciência da Computação; o termo é usado para definir o estudo de sistemas artificiais e naturais que armazenam processos e comunicam informação, e refere-se a um conjunto de ciências da informação que engloba a Ciência da Computação. Em Portugal, no entanto, apesar de a palavra estar dicionarizada com esse sentido amplo, o termo é usado como sinónimo de Ciência da Computação.
Profissão
De forma geral, cientistas da computação estudam os fundamentos teóricos da computação, de onde outros campos derivam, como as áreas de pesquisa supracitadas. Como o nome implica, a Ciência da Computação é uma ciência pura, não aplicada. Entretanto, o profissional dessa área pode seguir aplicações mais práticas de seu conhecimento, atuando em áreas como desenvolvimento de software, telecomunicação, consultoria, análise de sistemas, segurança em TI, governança em TI, análise de negócios e tecnologia da informação. O profissional de computação precisa ter muita determinação na apreensão tecnológica, uma vez que esta área sofre contínuas transformações, modificando rapidamente paradigmas.
Ver também
Informática
Tecnologia da informação
Ligações externas
Fundamentos em informática
Análise de sistemas e tecnologia da informação
Lista de termos de computação
Engenharia de computação
Engenharia Informática
Sistema de informação
Informática
Problemas em aberto da Ciência da computação
Computação afetiva
Ciências exatas |
Efeito Doppler é um fenômeno físico observado nas ondas quando emitidas ou refletidas por um objeto que está em movimento com relação ao observador. Foi-lhe atribuído este nome em homenagem a Christian Doppler, que o descreveu teoricamente pela primeira vez em 1842. A primeira comprovação experimental foi obtida por Buys Ballot, em 1845, numa experiência em que uma locomotiva puxava um vagão com vários trompetistas.
Este efeito é percebido, por exemplo, ao se escutar o som - que é uma onda mecânica - emitido por uma ambulância que passa em alta velocidade. O observador percebe que o tom, em relação ao emitido, fica mais agudo enquanto ela se aproxima, idêntico no momento da passagem e mais grave quando a ambulância começa a se afastar. Graças também ao conhecimento deste efeito é possível determinar a velocidade de estrelas e galáxias, uma vez que a luz é uma onda eletromagnética.
Nas ondas eletromagnéticas, este fenômeno foi descoberto de maneira independente, em 1848, pelo francês Hippolyte Fizeau. Por este motivo, o efeito Doppler também é chamado efeito Doppler-Fizeau.
Características
No Efeito Doppler ocorre a percepção de uma frequência relativa, que é diferente da frequência de emissão da onda. Consideremos o Efeito Doppler Clássico, denominado dessa forma em contraste com o relativístico, que envolve ondas eletromagnéticas.
Ondas emitidas por objetos estáticos se propagam em todas as direções de maneira uniforme. Seu comprimento de onda é :, sendo β uma constante que define o meio pelo qual a onda se propaga, chamada constante de fase.
A mudança relativa na frequência das ondas pode ser explicada desta maneira: Quando a fonte das ondas está se movendo na direção do observador, cada crista de onda sucessiva será emitida de uma posição mais próxima do observador do que a última. Portanto, cada onda leva um pouco menos de tempo para alcançar o observador do que a última, e assim, há um aumento na frequência com que estas ondas atingem o observador. Do mesmo modo, se a fonte se afasta do observador, cada onda é emitida de uma posição um pouco mais distante, fazendo com que o tempo entre as chegadas de duas ondas consecutivas aumente, diminuindo sua frequência.
Para a luz, já no caso do Efeito Doppler Relativístico, este fenômeno é observável quando a fonte e o observador se afastam ou se aproximam com grande velocidade relativa. Neste caso, o espectro da luz recebida apresenta desvio para o vermelho (quando se afastam) e desvio para o violeta (quando se aproximam), costumamos observar este efeito em estrelas.
Quantificando o efeito Doppler
Podemos determinar a frequência observada por:
Onde:
é a frequência que o observador recebe
é a frequência emitida pela fonte
é a velocidade da onda no meio
é a velocidade do observador em relação ao meio (positiva ao se aproximar da fonte, negativa ao se afastar)
é a velocidade da fonte em relação ao meio (positiva ao se afastar, negativa ao se aproximar do observador)
A fórmula acima assume que a fonte e o observador se aproximam, ou se afastam, indo diretamente na direção um do outro. Se eles se aproximam em ângulo (mas ainda com velocidade constante), a frequência observada vai ser maior do que a emitida, mas vai diminuir conforme se aproximam, chegando a ser igual à emitida quando se encontram e continua a diminuir à mesma taxa constante quando se afastam. Quando o observador está próximo ao trajeto da fonte, a mudança de frequência alta para baixa se da de forma abrupta. Já se ele está longe do trajeto, a mudança se dá de forma gradual. Por exemplo, se uma sirene se aproximasse do observador diretamente, o seu tom permaneceria constante até que ela atingisse o observador, e, então, pularia para um tom mais grave. Como a sirene passa pelo observador sem atingi-lo, a velocidade radial não permanece constante, mas varia em função do ângulo entre a reta que liga os dois e a velocidade da sirene:
Se as velocidades e forem pequenas quando comparadas com a velocidade da onda, a relação entre e é aproximadamente
onde
é a velocidade do receptor em relação à fonte: é positiva quando a fonte e o receptor estão se movendo na direção um do outro.
Efeito Doppler inverso
Desde 1968, cientistas como Victor Veselago especulam sobre a possibilidade de um efeito Doppler inverso. O tamanho do deslocamento Doppler depende do índice de refração do meio pelo qual uma onda está viajando. Mas alguns materiais são capazes de refração negativa, o que deve levar a um desvio Doppler que funciona em uma direção oposta à de um desvio Doppler convencional. O primeiro experimento que detectou esse efeito foi conduzido por Nigel Seddon e Trevor Bearpark, em Bristol, Reino Unido, em 2003. Mais tarde, o efeito Doppler inverso foi observado em alguns materiais não homogêneos e previsto dentro do cone Vavilov – Cherenkov.
Aplicações
O efeito Doppler permite medir a velocidade de objetos através da reflexão de ondas emitidas pelo próprio equipamento de medida, que podem ser radares, baseados em radiofrequência, ou lasers, que utilizam frequências luminosas.
É muito utilizado para medir a velocidade de automóveis, aviões, bolas de tênis e qualquer outro objeto que cause reflexão, como, na Mecânica dos fluidos e na Hidráulica, partículas sólidas dentro de um fluido em escoamento.
Basicamente um radar detecta a posição e velocidade de um objeto transmitindo uma onda e observando o eco.
Um radar de pulso emite uma rajada (Burst) curta de energia. Depois o receptor é ligado para “escutar” o eco.
O transmissor do radar pode operar melhor se uma onda for emitida continuamente, desde que haja a possibilidade de separar o sinal transmitido do eco no receptor.
O desvio de frequência resultante de objetos em movimento é conhecido como “Frequência de desvio Doppler” (FD).
Se há uma distância R entre o objeto e o radar, o número total de comprimentos de onda existentes entre o sinal do radar e do objeto é dado por . Já que uma onda corresponde a radianos, a excursão angular entre o caminho de ida e volta do objeto é . Para objetos em movimento a distância muda sempre, o que implica que também varia. Uma mudança de no tempo implica mudança de frequência. A frequência de desvio Doppler é a diferença entre a frequência da onda transmitida (Ft) e a frequência recebida no receptor (Fr):
Em astronomia, permite a medida da velocidade relativa das estrelas e outros objetos celestes luminosos em relação à Terra. Estas medidas permitiram aos astrónomos concluir que o universo está em expansão, pois quanto maior a distância desses objetos, maior o desvio para o vermelho observado. O Efeito Doppler para ondas eletromagnéticas tem sido de grande uso em astronomia e resulta em desvio para o vermelho ou azul.
Na medicina, um ecocardiograma utiliza este efeito para medir a direção e velocidade do fluxo sanguíneo ou do tecido cardíaco. O ultra-som Doppler é uma forma especial do ultra-som, útil na avaliação do fluxo sanguíneo do útero e vasos fetais. Pode ser mostrado de várias formas: com som audível, com espectro de cores dentro do vaso ou na forma de gráficos que permitem a mensuração na velocidade sanguínea nos tecidos normais.
O efeito Doppler é de extrema importância em comunicações a partir de objetos em rápido movimento, como no caso dos satélites.
Instrumentos como o velocímetro laser Doppler (VLD) e o velocímetro acústico Doppler (VAD) foram desenvolvidos para medir as velocidades em um fluxo de fluido. O VLD emite um feixe de luz e o VAD emite uma explosão acústica ultrassônica e mede a variação do Doppler no comprimento de onda das reflexões das partículas que se movem com o fluxo. O fluxo real é calculado em função da velocidade e fase da água. Essa técnica permite medições de fluxo não intrusivas, com alta precisão e alta frequência.
Um vibrômetro Doppler a laser (VDL) é um instrumento sem contato para medir vibração. O feixe de laser do VDL é direcionado para a superfície de interesse e a amplitude e a frequência da vibração são extraídas do deslocamento Doppler da frequência do feixe de laser devido ao movimento da superfície
Durante a segmentação dos embriões de vertebrados, ondas de expressão gênica varrem o mesoderma pré-somítico, o tecido a partir do qual os precursores das vértebras (somitos) são formados. Um novo somito é formado após a chegada de uma onda na extremidade anterior do mesoderma pré-somítico. No peixe-zebra, foi demonstrado que o encurtamento do mesoderma pré-somítica durante a segmentação leva a um efeito Doppler à medida que a extremidade anterior do tecido se move para as ondas. Esse efeito Doppler contribui para o período de segmentação
Um efeito interessante predito por Lord Rayleigh no seu livro clássico sobre o som: se a fonte está se movendo com o dobro da velocidade do som, uma música emitida por esta fonte seria ouvida no tom e compasso certos, mas de trás para a frente.
Exemplo do efeito Doppler no som
Ver também
Eco
Frequência
Radar
Sonar
Velocidade do som
Velocimetria laser
Doppler
Acústica
Mecânica ondulatória |
Catolicidade (do grego , "catolicismo da igreja") é um conceito pertencente a crenças e práticas amplamente aceitas em várias denominações cristãs, mais notavelmente aquelas que se descrevem como "católicas" de acordo com as Quatro Marcas da Igreja. Como expresso no Credo Niceno do Primeiro Concílio de Constantinopla em 381: "Creio em uma igreja santa, católica e apostólica".
Enquanto o termo catolicismo é mais comumente associado com a fé e as práticas da Igreja Católica liderada pelo papa em Roma, os traços de catolicidade e do termo "católico", também são reivindicados por outras denominações, como a Igreja Ortodoxa Oriental e a Igreja Assíria do Oriente. Também ocorre no luteranismo, no anglicanismo, bem como no catolicismo independente e em outras denominações cristãs. Embora as características usadas para definir a catolicidade, bem como o reconhecimento dessas características em outras denominações, varie entre esses grupos, tais atributos incluem sacramentos formais, uma política episcopal, a sucessão apostólica, o culto litúrgico altamente estruturado e outras eclesiologias compartilhadas. A Igreja Católica é também conhecida como a Igreja Católica Romana; o termo "católico romano" é usado especialmente em contextos ecumênicos e em países onde outras igrejas usam o termo católico, para distingui-lo dos significados mais amplos do termo.
Entre as tradições protestantes e afins, o termo "católico" é usado no sentido de indicar uma autocompreensão da continuidade da fé e da prática do cristianismo primitivo, conforme delineada no Credo de Niceia. Entre as denominações metodistas, luteranas, morávias e reformadas, o termo "católico" é usado na pretensão de serem "herdeiros da fé apostólica". Estas denominações consideram-se católicas, ensinando que o termo "designa o mainstream ortodoxo histórico do cristianismo cuja doutrina foi definida pelos concílios e credos ecumênicos" e como tal, a maioria dos reformados "apelou para esta tradição católica e acreditou que estavam em continuidade com ela."
Interpretações denominacionais
O termo "católico" é comumente associado a toda a igreja liderada pelo Pontífice Romano, a Igreja Católica. Outras igrejas cristãs que usam a descrição "católico" incluem a Igreja Ortodoxa Oriental e outras igrejas que acreditam no episcopado histórico (bispos), como a Comunhão Anglicana. Muitos daqueles que aplicam o termo "Igreja Católica" a todos os cristãos se opõem ao uso do termo para designar o que eles veem como apenas uma igreja dentro do que eles entendem como a Igreja Católica "completa".
Igreja Católica
A Igreja Católica, liderada pelo Bispo de Roma, geralmente se distingue das outras igrejas chamando-se de "católica", no entanto, também usa a descrição "católica romana". Mesmo à parte dos documentos elaborados em conjunto com outras igrejas, algumas vezes, em vista da posição central que atribui à Sé de Roma, adotou o adjetivo "Romano" para toda a igreja, tanto oriental quanto ocidental, como no papa. encíclicas Divini illius magistri e Humani generis. Outro exemplo é a sua autodescrição como "a Santa Igreja Católica Apostólica Romana" (ou, separando cada adjetivo, como a "Igreja Santa, Católica, Apostólica e Romana") na Constituição Dogmática de 24 de abril de 1870 sobre a fé católica do Primeiro Concílio do Vaticano. A Igreja Católica contemporânea sempre se considerou a histórica Igreja Católica e considera todos os outros como "não católicos". Esta prática é uma aplicação da crença de que nem todos que afirmam ser cristãos fazem parte da Igreja Católica, como Inácio de Antioquia, o mais antigo escritor conhecido a usar o termo "Igreja Católica", considerou que certos hereges que se chamavam cristãos somente pareciam como tal.
Em relação às relações com os cristãos orientais, o Papa Bento XVI declarou seu desejo de restaurar a plena unidade com os ortodoxos. A Igreja Católica Romana considera que quase todas as diferenças teológicas antigas foram satisfatoriamente abordadas (a Cláusula Filioque, a natureza do purgatório, etc.) e declarou que as diferenças nos costumes tradicionais, observâncias e disciplinas não são obstáculo para a unidade da Igreja.
Recentes esforços ecumênicos históricos por parte da Igreja Católica se concentraram em acabar com a ruptura entre as igrejas ocidental ("católica") e oriental ("ortodoxa"). O Papa João Paulo II falou com frequência de seu grande desejo de que a Igreja Católica "respirasse novamente com os dois pulmões", enfatizando assim que a Igreja Católica Romana busca restaurar a comunhão plena com as igrejas orientais que estão separadas.
Ortodoxia
Todos os três ramos principais do cristianismo no Oriente (Igreja Ortodoxa, Igreja Ortodoxa Oriental e Igreja do Oriente) continuam a se identificar como católicos de acordo com as tradições apostólicas e o Credo Niceno. A Igreja Ortodoxa defende firmemente as antigas doutrinas da catolicidade ortodoxa oriental e comumente usa o termo católico, como no título de O Catecismo Mais Longo da Igreja Ortodoxa, Católica e Oriental. O mesmo acontece com a Igreja Ortodoxa Copta, que pertence à Ortodoxia Oriental e considera a sua comunhão como "a verdadeira Igreja do Senhor Jesus Cristo".
Protestantismo
No protestantismo, o termo é usado também para significar aquelas igrejas cristãs que sustentam que seu episcopado pode ser traçado ininterruptamente de volta aos apóstolos e se consideram parte de um corpo católico (universal) de crentes. Entre aqueles que se consideram "católicos", mas não "católicos romanos", estão os anglicanos e os luteranos, que enfatizam que ambos são "católicos reformados".
Metodistas e presbiterianos também acreditam que suas denominações devem suas origens aos apóstolos e à igreja primitiva, mas não reivindicam a descendência de antigas estruturas eclesiais, como o episcopado. No entanto, ambas as igrejas afirmam que são parte da igreja católica (universal). De acordo com a Harper's Magazine:
{{quote|As várias seitas protestantes não podem constituir uma igreja porque não têm inter-comunhão ... cada igreja protestante, seja metodista, batista ou o que for, está em perfeita comunhão consigo em toda parte como católica romana; e, a esse respeito, consequentemente, a Igreja Católica Romana não tem vantagem ou superioridade, exceto no ponto dos números. Como consequência adicional necessária, é claro que a Igreja Romana não é mais católica em nenhum sentido do que uma metodista ou uma batista.|Henry Mills Alden, Harper's Magazine, Volume 37, Edições 217-222.}}
Como tal, de acordo com um ponto de vista, para aqueles que "pertencem à Igreja", termos como "católico metodista", "católico presbiteriano" ou "católico batista" são tão apropriados quanto o termo "católico romano". De acordo com essa perspectiva, o termo "católico" significaria simplesmente o conjunto de crentes cristãos no mundo que concordam em suas visões religiosas e aceitam as mesmas formas eclesiásticas. Algumas igrejas protestantes, no entanto, evitam usar o termo completamente, preferindo a palavra "cristão" no lugar de "católico".
Catolicismo independente
Alguns católicos independentes aceitam que, entre os bispos, o de Roma é primus inter pares'' e sustentam que o conciliarismo é um teste necessário contra o ultramontanismo. Eles são, no entanto, por definição, não reconhecidos pela Igreja Católica. A Velha Igreja Católica, a Igreja Católica Liberal, a Igreja Católica Anglo-luterana, a Igreja Católica Apostólica, a Igreja Católica Apostólica Brasileira, a Igreja Independente das Filipinas, a Igreja Ortodoxa Africana, a Igreja Católica Nacional Polonesa e muitas outras igrejas católicas independentes, que surgiram direta ou indiretamente e têm crenças e práticas muito semelhantes ao catolicismo do rito latino, consideram-se "católicas" sem a plena comunhão com o bispo de Roma, cujo autoridade geralmente rejeitam. A Associação Patriótica Católica Chinesa, uma divisão do Escritório de Assuntos Religiosos da República Popular da China, exerce a supervisão estatal sobre os católicos da China continental, mantém uma posição semelhante, ao tentar, como com o budismo e o protestantismo, doutrinar e mobilizar para os objetivos do Partido Comunista da China.
Ver também
Anticatolicismo
Cisma do Oriente
Reforma Protestante
Bibliografia
Igreja Católica
Ortodoxia Oriental |
Diego de Almagro, o Moço (Panamá, 1520 — Cuzco, Peru, 1542), militar espanhol, filho de Diego de Almagro, o Velho, e de uma índia. Dotado do mesmo temperamento aventureiro do pai, enfrentou as tropas enviadas por Carlos V. Foi vencido e decapitado em Cuzco, quatro anos depois do pai ser executado na mesma cidade.
Militares da Espanha
Conquistadores
Mortos em 1542
Pessoas executadas por decapitação |
Na biologia, a autólise, mais comumente conhecida como autodigestão, refere-se à destruição de uma célula pela ação de suas próprias enzimas. Também pode se referir à digestão de uma enzima por outra molécula da mesma enzima.
O termo deriva do grego αὐτο- ("auto") e λύσις ("divisão").
Mecanismos bioquímicos de destruição celular
A autólise é incomum em organismos adultos vivos e geralmente ocorre em tecido necrótico, pois as enzimas atuam em componentes da célula que normalmente não serviriam como substratos. Essas enzimas são liberadas devido à cessação de processos ativos na célula que fornecem substratos em tecidos vivos e saudáveis; autólise em si não é um processo ativo. Em outras palavras, embora a autólise se assemelhe ao processo ativo de digestão de nutrientes por células vivas, as células mortas não estão se digerindo ativamente, como muitas vezes se afirma, e como sugere o sinônimo autodigestão. A falha na respiração e subsequente falha na fosforilação oxidativa é o gatilho do processo autolítico. A disponibilidade reduzida e subsequente ausência de moléculas de alta energia que são necessárias para manter a integridade da célula e manter a homeostase causa mudanças significativas no funcionamento bioquímico da célula.
O oxigênio molecular serve como aceptor de elétrons terminal na série de reações bioquímicas conhecidas como fosforilação oxidativa que são responsáveis pela síntese de trifosfato de adenosina, a principal fonte de energia para processos celulares termodinamicamente desfavoráveis. A falha na entrega de oxigênio molecular às células resulta em uma mudança metabólica para a glicólise anaeróbica, na qual a glicose é convertida em piruvato como um meio ineficiente de gerar trifosfato de adenosina. A glicólise tem um rendimento de ATP menor do que a fosforilação oxidativa e gera subprodutos ácidos que diminuem o pH da célula, o que permite muitos dos processos enzimáticos envolvidos na autólise.
A síntese limitada de trifosfato de adenosina prejudica muitos mecanismos de transporte celular que utilizam ATP para conduzir processos energeticamente desfavoráveis que transportam íons e moléculas através da membrana celular. Por exemplo, o potencial de membrana da célula é mantido pela bomba ATPase sódio-potássio. A falha da bomba resulta na perda do potencial de membrana à medida que os íons sódio se acumulam dentro da célula e os íons potássio são perdidos através dos canais iônicos. A perda do potencial de membrana estimula o movimento de íons de cálcio para dentro da célula, seguido pelo movimento de água para dentro da célula, conforme impulsionado pela pressão osmótica. A retenção de água, as alterações iônicas e a acidificação da célula danificam as estruturas intracelulares ligadas à membrana, incluindo o lisossomo e peroxissomo.
Os lisossomos são organelas ligadas à membrana que normalmente contêm um amplo espectro de enzimas capazes de desconstrução hidrolítica de polissacarídeos, proteínas, ácidos nucleicos, lipídios, ésteres de acil fosfóricos e sulfatos. Este processo requer compartimentalização e segregação de enzimas e substratos através de uma única membrana intracelular que previne a destruição injustificada de outros componentes intracelulares. Em condições normais, a maquinaria molecular da célula é ainda mais protegida da atividade enzimática lisossomal pela regulação do pH citosólico. A atividade das hidrolases lisossômicas é ideal em um pH moderadamente ácido de 5, que é significativamente mais ácido do que o pH médio mais básico de 7,2 no citosol circundante. No entanto, o acúmulo de produtos da glicólise diminui o pH da célula, reduzindo esse efeito protetor. Além disso, as membranas lisossômicas danificadas pela retenção de água na célula liberarão enzimas lisossômicas no citosol. Essas enzimas provavelmente são ativas devido ao pH citosólico diminuído e, portanto, são livres para utilizar componentes celulares como substratos.
Os peroxissomos normalmente são responsáveis pela quebra de lipídios, particularmente ácidos graxos de cadeia longa. Na ausência de uma cadeia de transporte de elétrons ativa e processos celulares associados, não há parceiro metabólico para os equivalentes redutores na quebra de lipídios. Em termos de autólise, os peroxissomos fornecem potencial catabólico para ácidos graxos e espécies reativas de oxigênio, que são liberados no citosol quando a membrana peroxissomal é danificada pela retenção de água e digestão por outras enzimas catabólicas.
Biologia celular
Morte celular programada |
Biosfera (do grego βίος, bíos = vida; e σφαίρα, sfaira = esfera; esfera da vida) ou ecosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra, sendo o maior nível de organização ecológica. Ela inclui a biota e os compartimentos terrestres com os quais a biota interage (litosfera, hidrosfera, criosfera e atmosfera), assim como seus processos e inter-relações. O termo foi introduzido em 1875 pelo geólogo austríaco Eduard Suess como o habitat dos seres vivos. Este conceito foi estendido para seu significado atual em 1926 pelo geoquímico russo Vladimir Vernadsky que reconheceu a biosfera como um sistema integrado de processos bióticos e abióticos.
A biosfera é um sistema essencialmente fechado para troca de matéria com o universo circundante, constituindo assim uma unidade natural. Trocas materiais ocorrem principalmente pela perda de gases no escape atmosférico (~1x108 kg ano-1) e o ganho de poeira cósmica pela atração gravitacional terrestre (~7x107 kg ano-1), mas representam apenas 1x10-16 da massa da biosfera.
Em contraste com a situação da matéria, a biosfera é um sistema aberto para o fluxo de energia, em um processo de troca contínua com o universo circundante conhecido como balanço radiativo. A principal fonte de energia para a biosfera é o Sol, com um aporte médio de ~ 1360.8 W m-2, com pequena contribuição do energia geotérmica (~0,09 W m-2).Esses ganhos são balanceados por perdas aproximadamente da mesma magnitude, diretamente pelo retroespalhamento da energia incidente (~29%) ou emissão na forma de calor (~71%).
O aporte de energia desencadeia os diversos processos bióticos e abióticos, caracterizando a biosfera como um sistema dinâmico , em constante transformação material. Essas transformações estão interligadas na biosfera gerando processos de ciclagem global conhecidos como ciclos biogeoquímicos. São estes ciclos que mantêm as concentrações dos componentes químicos nos diferentes compartimentos da biosfera em equilíbrio dinâmico. A vida, assim como os demais processos da biosfera, é causadora e ao mesmo tempo dependente dos ciclos biogeoquímicos para sua continuidade em um sistema materialmente fechado. A dependência energética destes processos determina que o aporte contínuo de energia é uma condição essencial para biosfera, uma vez que a energia não pode ser reciclada, isto é, os processos de conversão da energia implicam na redução contínua da energia livre em um sistema energeticamente fechado. Sem energia livre, todos os processos da biosfera, incluindo a vida, cessariam.
Em seu caminho pela biosfera, uma pequena fração da energia solar é utilizada para a produção primária de organismos fotoautotróficos, que a convertem em energia química, transformando compostos inorgânicos em orgânicos. Este processo sustenta quase a totalidade das teias tróficas. A biota depende da energia solar também indiretamente, uma vez que esta é a força motriz do ciclo hidrológico, que transporta água doce à ecossistemas terrestres e dulcícolas, e desencadeia a movimentação de massas de ar e de água que são essenciais aos ciclos biogeoquímicos e outros processos ecológicos.
A alta diversidade e complexidade de entidades e relações da biosfera exige uma abordagem interdisciplinar para seu estudo, e o conjunto de disciplinas aplicadas ao estudo da biosfera é conhecido como Ciências da Terra. Apesar do enfoque na Terra, a única biosfera natural conhecida, o conceito de “biosfera” pode ser expandido para compreender qualquer sistema vivo autoperpetuante que como a Terra é fechado para trocas materiais e aberto para o fluxo de energia. Assim, o termo pode ser aplicado ao conjunto ecossistêmico de outros corpos celestes que por ventura abriguem vida ou para sistemas artificiais e autossustentáveis de enclausuramento de seres vivos. O estudo destes sistemas é conhecido como bioesferologia, na denominação russa e biosférica, na denominação estadunidense.
Biociclos, biócoros e biomas
O conceito de biosfera pode ser interpretado como o conjunto formado pelos diferentes ecossistemas. Tendo em vista a abrangência dessa conceituação, costuma-se dividir a biosfera nos chamados biociclos, que representam conjuntos de ecossistemas dentro da biosfera. Os biociclos, por sua vez, são divididos em biócoros que podem se dividir em biomas. Existem três tipos de biociclos: epinociclo, talassociclo e limnociclo.
Divisões da Biosfera
Os seres vivos encontram-se disseminados pelas três partes fundamentais da terra: atmosfera; a litosfera, integrada pela crosta terrestre e pelo manto que a recobre; e a hidrosfera, conjunto das águas superficiais do planeta.
A biosfera, portanto, compreende as porções de terra, mar e águas continentais habitadas pelos seres vivos. Não coincide com a atmosfera, a litosfera ou a hidrosfera, pois abrange as três.
Os primeiros seres vivos surgiram na hidrosfera e foram evoluindo até chegar à litosfera. Eles se diferenciaram e distribuiram-se na atmosfera e em terra firme.
Epinociclo
O epinociclo é o biociclo terrestre . É o conjunto dos seres vivos que vivem sobre terra firme e apresenta quatro biócoros bem distintos: as florestas, as savanas, os campos e os desertos.
A biócora da floresta aparece em diversos biomas diferentes, exemplos:
Bioma da Floresta Amazônica;
Bioma da Mata Atlântica;
Bioma da Taiga.
Alguns exemplos de biomas que apresentam a biócora da savana:
Bioma Cerrado a savana do centro-oeste brasileiro;
Bioma Caatinga a savana seca do nordeste brasileiro;
Bioma Pantanal a savana alagada do centro-oeste brasileiro;
Bioma Serengueti nas savanas da África.
Alguns exemplos de biomas que apresentam o biócoro do campo:
Bioma Pampas gaúcho no sul do Brasil;
Bioma pradarias;
Bioma estepes.
Alguns exemplos de biomas que apresentam o biócoro do deserto:
Bioma Deserto do Saara;
Bioma Deserto da Líbia;
Bioma Deserto da Arábia;
Bioma Deserto de Calaári.
Talassociclo
O talassociclo é o biociclo marinho. É o conjunto dos seres vivos que vivem em água salgada representados pelo plâncton, nécton e benton. Os plânctons são seres microscópicos, tanto como o fitoplâncton quanto o zooplâncton; os néctons são os seres vivos macroscópicos que nadam livremente como, por exemplo, os peixes, os golfinhos etc. Os bentons são os seres vivos que passam a maior parte do tempo parados afixados nas rochas ou enterrados na areia do fundo dos mares e oceanos como, por exemplo, corais, ostras, mariscos etc. O talassociclo apresenta três biócoros distintos:
Biócoro da zona nerítica, que vai da superfície a até 200 metros de profundidade;
Biócoro da zona batial, que vai de 200 a até 2000 metros de profundidade;
Biócoro da zona abissal, que vai de 2000 a até o fundo do oceano em profundidades que variam em torno de 11.000 metros abaixo da superfície dos oceanos.
Limnociclo
O limnociclo é o biociclo dulcícola, ou seja, é o conjunto dos seres vivos que vivem em água doce e apresenta dois biócoros distintos:
O biócoro das águas lênticas: Águas lênticas são águas paradas como pântanos, brejos, poças de água e lagoas de água doce e parada;
O biócoro das águas lóticas: Águas lóticas são águas correntes como riachos, ribeirões, rios e lagos de água doce e corrente.
Espectro biológico
O Espectro biológico é a representação dos níveis de organização da vida.
Os organismos vivos se organizam em populações
As populações se organizam em comunidades
As comunidades se organizam em ecossistemas
Os ecossistemas se organizam em biomas
Os biomas se organizam em biócoros
Os biócoros se organizam em biociclos
Os biociclos se organizam na biosfera
Átomo <> Molécula <> Organela <> Célula <> Tecido <> Órgão <> Sistema <> Organismo <> População <> Comunidade <> Ecossistema <> Bioma <> Biócoro <> Biociclo <> Biosfera <> Cosmo
O Homem e a Biosfera
O homem, como ser vivo faz parte da biosfera, interage com os outros seres vivos mantendo relações ecológicas com eles, algumas vezes de forma harmônica, mas, na maioria das vezes de forma desarmônica, causando constantemente com isso prejuízos para a vida da biosfera em geral. A devastação de até biomas inteiros, a pesca abusiva, a substituição dos ecossistemas naturais por áreas destinadas a monoculturas e pecuária; o agronegócio em geral.
Os seres vivos não domesticados dependem uns dos outros nos ecossistemas e mantêm relações específicas entre uns e outros e todos eles também interagindo com o meio ambiente onde vivem, se o meio ambiente desaparece para ceder lugar aos agronegócios humanos todos aqueles seres vivos endêmicos daquela região, são extintos.
O homem moderno e civilizado é adaptado apenas para viver em sociedade e dentro das cidades, ele consegue viajar e acampar temporariamente em quase todos os lugares do planeta mas, não consegue mais se adaptar à vida dos indígenas, ficou impossível para o homem moderno voltar a viver nu na natureza.
Cada ser vivo tem um ambiente a que melhor se adapta, e, se o ecossistema em que ele vive for modificado pelo homem, a sobrevivência desse ser vivo é ameaçada. Do mesmo modo, outros seres vivos também são dependentes de ecossistemas que foram montados e organizados em teias alimentares, estabelecidas ao longo de milhões de gerações, e que fizeram e fazem a história da evolução genética de diversas espécies que viveram ou que ainda vivem há milhões de anos, sendo, por isso, ecossistemas bastante complexos e que, pouco a humanidade sabe como funcionam realmente.
O homem tem uma responsabilidade ainda maior que os demais seres vivos na manutenção da saúde da biosfera, pois ele, de uma forma significativamente maior, pode compreender o quão complexas e intrincadas são essas teias alimentares que demoraram milhões de anos em evolução para serem o que são hoje, como pode se visto através da luta pela sobrevivência dos seres vivos nas florestas e nos oceanos, cheios de vida, que por vezes, apresenta-se bastante frágil perante as consequências da interferência humana na busca desenfreada pela conquista de mais territórios sobre os ecossistemas naturais, causando com isso, a destruição destes.
Neste sentido, a UNESCO lançou, em 1971, o programa internacional "O Homem e a Biosfera" para incentivar a cooperação entre os países no sentido de conhecer e encontrar formas de evitar a degradação da biosfera.
A Degradação da Biosfera
Com o avanço da ocupação humana sobre os mais diversos ecossistemas, várias têm sido as formas de impacto sobre o equilíbrio ecológico. Os seres vivos e o meio ambiente estabelecem uma interação dinâmica, porém frágil. O grande dilema das sociedades modernas é conciliar o desenvolvimento tecnológico e a carência cada vez maior de recursos naturais com o equilíbrio da natureza.
A tentativa de conciliação ou harmonização começou a ser intensificada na década de 1980, quando se tornaram muito mais visíveis e preocupantes várias consequências da profunda interferência do homem na paisagem: o efeito estufa, as chuvas ácidas, as ilhas de calor nas cidades, o buraco de ozônio, a poluição dos oceanos, a grande extensão dos desmatamentos e extinção de espécies animais, o rápido esgotamento dos recursos não-renováveis, etc.
O Desenvolvimento Sustentável
O desenvolvimento sustentável proposto desde então define-se pela continuidade dos investimentos econômicos, das pesquisas tecnológicas e da exploração de matéria-prima, de tal forma que se leve em consideração não só o presente, mas também as gerações futuras. As diferentes nações têm procurado encontrar os meios de atingir a fórmula, como explorar sem destruir ou, pelo menos, diminuir os impactos ambientais.
A Degradação das Florestas
A degradação ambiental pode ser das formações vegetais, como a destruição das florestas. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, 61% das terras que hoje pertencem ao nosso país eram cobertos por matas. No Brasil, a preservação ambiental ocupa um espaço cada vez maior nos meios de comunicação que veiculam quase diariamente materiais de esclarecimento, alerta e denúncia sobre o assunto. Vários movimentos organizados, como o "S.O.S Mata Atlântica" trabalham em prol da defesa das florestas brasileiras. Quando há o rompimento do equilíbrio natural (o desmatamento das florestas) rompem-se a relação vegetação/solo que possibilita o desenvolvimento da vida vegetal e animal.
A Degradação dos Ecossistemas Marinhos
Além de reunir ecossistemas riquíssimos, os oceanos funcionam como fonte de alimento e de trabalho para milhares de pessoas em todo o mundo. Um dos principais problemas que atinge os ecossistemas próximos ao litoral, como mangues e os pântanos, é a grande concentração populacional ao longo da costa em vários países.
No caso dos recifes de coral, sua destruição é provocada pela exploração de mergulhadores, que retiram material para colecionar e vender, mas, principalmente, pela poluição das águas dos próprios oceanos. Outro fenómeno recente é o branqueamento dos corais, que é atribuído ao aquecimento global.
Mais de 80% da poluição oceânica vem do continente, trazida pelos rios, chuvas e ventos. Entre os principais poluentes, estão: agrotóxicos utilizados em plantações; plásticos, latas, metais, madeiras, resíduos industriais como metais pesados (chumbo, mercúrio, cobre, estanho); esgotos lançados sem tratamento, principalmente em países mais pobres e povoados do Terceiro Mundo.
Mas também há contaminação devida às atividades humanas no mar: óleo e petróleo derramado devido a acidentes com navios-tanques, rompimentos de dutos e emissários submarinos, lixo radioativo depositado por alguns países no fundo do mar e materiais de pesca.
Muitos desses poluentes trazem consequências devastadoras para a cadeia alimentar marinha. Peixes e outros animais contaminam-se com pesticidas, resíduos industriais, o que é repassado a diante para outros animais da cadeia, de maneira que o próprio homem acaba ingerindo peixes e mariscos contaminados.
O esgoto e o escoamento da área cultivada levam às águas oceânicas grande quantidades de nitrogênio e fósforo presente em detergentes e fertilizantes. Esses elementos aumentam a quantidade de algas principalmente nas regiões costeiras. Seu grande crescimento diminui o nível de oxigênio da água, sufocando as demais espécies.
Biosferas artificiais
As primeiras biosferas artificiais foram ecossistemas em miniatura, construídas no século passado com propósito tanto recreativo quanto de pesquisa científica. Alguns desses sistemas mostraram que é possível a aplicação do conceito de biosfera em pequenas escala, permanecendo viáveis por mais de 50 anos sem interferências externas. Essas biosferas em miniatura são atualmente comercializadas, como pela empresa estadunidense Ecosphere Associates Inc.
O maior desenvolvimento da bioesferologia, porém, se deu com o interesse em desenvolver tecnologia e conhecimento para fins de colonização espacial, motivando o desenvolvimento das primeiras biosferas artificiais de grande escala. A construção destes sistemas inciou em 1965 com o complexo BIOS-1 na cidade Russa de Krasnoyarsk e tive seu ápice com a construção do Biophere 2 (do inglês, Biosfera 2), o maior ecossistema fechado artificial atualmente, com 12.700 m². Nove dessas instalações continuam em operação e são utilizadas tanto em pesquisas de sistema de suporte de vida para colonização espacial quanto como modelos para compreender processos ambientais na Terra:
Sistema Biológico Fechado de Suporte de Vida (Biological Closed Life Support System-3, BIOS-3) – Krasnoyarsk, Rússia;
Complexo de Teste de Sistemas de Suporte de Vida Bioregenerativos (Bioregenerative Life Support Systems Test Complex, BIO-Plex) – Houston, Texas, EUA;
Biosfera 2 (Biosphere 2) – Oracle, Arizona, EUA;
Projeto placa de ensaio (Breadboard Project) – Flórida, EUA;
Instalações Experimentais de Ecologia Fechada (Closed Ecology Experiment Facilities, CEEF) – Rokkasho, Aomori, Japão;
Sistemas Biológicos Aquáticos Fechados e Equilibrados (Closed Equilibrated Biological Aquatic System, CEBAS) – Bochum, Renânia do Norte-Vestfália, Alemanha;
Complexo Experimental de Solo (Ground Experimental Complex) – Moscou, Rússia;
Laboratório Biosfera (Laboratory Biosphere) – Santa Fé, Novo México, EUA;
Sistema Micro-Ecológico Alternativo de Suporte de Vida (Micro-Ecological Life Support System Alternative, MELiSSA) – Barcelona, Catalunha, Espanha.
Destes complexos, o BIOS-3 e o Biosphere 2 tem instalações com habitações humanas e foram utilizados em experimentos com equipes de três a oito componentes mantidas em enclausuramento por quatro meses a dois anos.
Ver também
Reserva da biosfera
Referências bibliográficas
Coleção Biologia - 3 volumes - por César da Silva Junior e Sezar Sasson - Atual Editora - Biologia 1 - Capítulo I - Níveis de Organização - páginas 1 a 4 - São Paulo - Brasil, 1980
Ligações externas
Ciência
Ecologia
Biosfera |
As técnicas citoquímicas consistem num corte de tecido (pela rotina histológica) aderido a uma lâmina na qual se irá incubar diferentes reagentes (corantes e não corantes).
Citoquímica é o estudo da composição química celular e dos processos biológicos a nível molecular que se desenrolam no interior das células ainda que também se inclua aqui a área de histoquímica (coloração em tecidos) uma vez que os tecidos são constituídos por células. A citoquímica dedica-se ainda à identificação e localização dos compostos químicos e macromoléculas nas células. Esse estudo só é possível usando diferentes reagentes que, ao reagirem com as estruturas do tecido, permitem identificar as substâncias/estruturas em estudo bem como a sua localização.
Controlos e contrastante
Para se realizar a técnica e esta ser válida há a necessidade de incluir um controlo positivo - um corte em que previamente sabemos existir a substância/estrutura a detetar e que por isso o resultado deve ser positivo. O controlo negativo é utilizado em apenas algumas técnicas e consiste num corte de tecido onde não existe a substância/estrutura ou esta foi retirada por processos químicos/físicos e que irá demonstrar se existe coloração inespecíficas, ou seja, estruturas que não devem corar por uma técnica, coram.
Normalmente, aquando da coloração é também incubado o corte com um contrastante, um corante de uma cor totalmente diferente da da estrutura/substância e que permite uma localização histológica da mesma no tecido.
Técnicas
Há diversas tipos de técnicas, sendo uma delas a impregnação argêntica que apesar de não se tratar de uma coloração mas sim uma deposição de pigmentos ao redor da substância/estrutura a detetar é incluída nas técnicas de coloração. Nesta técnica é utilizado o fator da deposição da prata metálica que depois é substituída por cloreto de ouro para que a coloração possa permanecer igual mesmo quando exposta à luz (exemplo : metanamina prata).Uma técnica cuja deteção não é feita pela coloração da substância mas sim da falta da mesma é o PAS, em que é utilizado dois cortes em que um é feita a incubação com diastase que irá digerir o glicogénio e retirá-lo do corte. Assim, sabendo que o o glicogénio é corado com rosa (como o restante corte) quando no corte tratado com diastase há espaços brancos, estes são atribuídos ao glicogénio.
São diversas as técnicas existentes como:
Bibliografia
Bancroft - Theory and Practice of Histological Techniques
Bioquímica |
Diálise é o processo de separação de moléculas de acordo com seu tamanho utilizando membranas semipermeáveis que contêm poros. Na hemodiálise, a transferência de massa ocorre entre o sangue e o líquido de diálise através de uma membrana semipermeável artificial (o filtro de hemodiálise ou capilar). Já na diálise peritoneal, a troca de solutos entre o sangue e a solução de diálise ocorre através do peritônio.
O transporte de dispersos no processo dialítico ocorre por três mecanismos:
Difusão: é o fluxo de dispersos de acordo com o gradiente de concentração, sendo transferida massa de um local de maior concentração para um de menor concentração. Depende do peso molecular e características da membrana.
Ultrafiltração: é a remoção de líquido através de um gradiente de pressão hidrostática (como ocorre na hemodiálise) ou pressão osmótica (diálise peritoneal).
Convecção: é a perda de dispersos durante a ultrafiltração. Durante a ultrafiltração ocorre o arraste de dispersos na mesma direção do fluxo de líquidos através da membrana.
A diálise é demonstrada em aulas práticas nos laboratórios de Biofísica.
Metodologia: a partir dos conhecimentos teóricos sobre o processo, elaborou-se um protocolo, usando-se como membrana um saco de celofane, contendo uma solução dialisável de azul de metileno, imerso em água destilada (meio dialisador); variou-se a temperatura e a concentração da substância difundível e mediu-se, através de um fotocolorímetro, a absorbância das amostras coletadas a intervalos de cinco minutos.
Resultados: a análise dos dados de absorbância revelou valores crescentes ao longo do tempo em todos os experimentos realizados. Contudo, nos casos em que a temperatura e a concentração foram maiores, a absorbância aumentou mais rapidamente. O processo também pode ser acompanhado visualmente pelo aumento na intensidade da coloração da solução no meio dialisador.
Discussão: o aumento na absorbância indica que a concentração do azul de metileno estava aumentando no meio dialisador ao longo do tempo. Além disso, os valores obtidos com a temperatura e a concentração maiores, revelam que a difusão se processou mais rapidamente nesses casos.
Conclusão: os resultados obtidos indicam que o processo dialítico sofre influência da concentração e da temperatura. Quanto maiores essas variáveis, maior a velocidade de difusão das partículas.
Aplicação na ciência
A diálise é um tipo de filtração molecular. Ela é utilizada para trocar o solvente no qual macromoléculas estão dissolvidas. A solução de macromoléculas é colocada em um saco de diálise que é inserido na nova solução, então as moléculas menores passam pelos poros do saco de diálise para a nova solução. Após várias horas de agitação, as soluções estarão equilibradas, mas as macromoléculas permanecerão dentro do saco de diálise. A diálise vem sendo substituída pelo processo de ultrafiltração.
Aplicações médicas
A diálise tem grande importância na medicina no tratamento da insuficiência renal, crônica e aguda.
Entretanto, segundo censo feito em 2010 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, nos últimos dez anos, a hipertensão passou a ser o principal problema associado ao uso da diálise no Brasil. Em 1999, 17% dos pacientes que faziam diálise eram hipertensos, enquanto em 2009 era de 35%, ou seja, 18 pontos percentuais a mais.
Ver também
Hemodiálise
Diálise peritoneal
Medicamento de complementação à diálise: https://www.drentrega.com.br/bem-estar/dores-e-sintomas/endofolin-saiba-quais-sao-os-beneficios-deste-medicamento
Terapia renal substitutiva
Tecnologia de membrana |
Hemácias são unidades morfológicas da série vermelha do sangue, também designadas por eritrócitos ou glóbulos vermelhos, que estão presentes no sangue em número de cerca de 4,5 a 6,0 x 106/mm³, em condições normais. São constituídas basicamente por globulina e hemoglobina, e a sua função é transportar o oxigênio (principalmente) e o gás carbônico (CO2) (em menor quantidade) aos tecidos. Os eritrócitos vivem por aproximadamente 120 dias.
Estas células não possuem núcleo nem ADN e o seu citoplasma é rico em hemoglobina, que é responsável pela cor vermelha do sangue. Por conta da sua caraterística a hemácia é utilizada para diversas pesquisas, como osmolaridade de membranas.
Formação nos humanos
A formação de hemácias é denominada eritropoiese. Este processo é dinâmico e envolve os processos de mitose, síntese de DNA e hemoglobina, incorporação do ferro, perda de núcleo, organelos e resulta na produção de glóbulo vermelho sem núcleo e com reservas energéticas.
A medula óssea é o cerne da eritropoiese que realiza-se pela diferenciação das células-tronco em pro eritroblasto, eritroblasto basófilo, eritroblasto policromático, eritroblasto ortocromático e reticulócito (liberado na circulação). Após o período de um ou dois dias o reticulócito perde o retículo e torna-se um eritrócito.
Características
Nos mamíferos, os eritrócitos são discos bicôncavos que não têm núcleo e medem 0,007 mm de diâmetro. Nos demais vertebrados, são ovais e possuem núcleo. A ausência do núcleo em mamíferos pode ser considerada uma vantagem evolutiva, já que o espaço que seria ocupado pelo núcleo pode ser ocupado por uma maior quantidade de hemoglobina, aumentando a eficiência no transporte de oxigênio. A cor vermelha se deve à alta concentração da molécula de transporte de oxigênio dentro das células, a hemoglobina. Há cerca de 5 milhões de eritrócitos em um milímetro cúbico de sangue humano; eles são produzidos numa velocidade de 2 milhões por segundo por um tecido especial que se localiza na medula óssea de quase todos os ossos no recém nascido, e apenas nos ossos axiais em adultos (arcos costais, corpo vertebral, esterno e ílio) o tecido hematopoiético, e as partículas velhas são destruídas e removidas pelo baço liberando bilirrubina.
Os eritrócitos também atuam no começo da verífase (fase da divisão celular entre anáfase e telófase ) ativando a coenzima de restrição do MED2, enzima responsável pela promoção da citocinese.
As baixas tensões de oxigênio, hipoxia, nas grandes altitudes estimulam maior produção de hemácias para que o transporte de oxigênio seja facilitado. A hipoxia é detectada pelo sistema renal, e este produz a hormona Eritropoetina que estimula a medula óssea a produzir maior número de eritrócitos, consequentemente causando a correção da hipoxia.
Quando colocadas em solução hipotônica (menos concentrada), as hemácias sofrem hemólise, ou seja, se rompem. Em meio hipertônico (mais concentrado), perdem água e murcham, ocorrendo plasmólise.
Quando os eritrócitos se rompem, liberam a hemoglobina, que é convertida em bilirrubina e eliminada pela vesícula biliar ao sistema gastrintestinal.
Na membrana dos glóbulos vermelhos existem vários tipos de proteínas que são: a anquirina, actina, glicoforina, banda 3, espectrina e banda 4.1.
Doenças e ferramentas de diagnóstico
Doenças sanguíneas que envolvem as hemácias incluem:
Anemias são doenças caracterizadas pela capacidade diminuída de transporte de oxigénio devido à diminuição da contagem de eritrócitos ou à concentração de hemoglobina nestas células.
Anemia ferropénica (ou anemia ferropriva) é a anemia mais comum; ocorre quando a ingestão de ferro ou a sua absorção pelo organismo está diminuída, levando a diminuição da produção da hemoglobina, pois o ferro é um dos seus principais constituintes;
Anemia falciforme é uma doença genética que resulta da mutação das moléculas de hemoglobina. Quando estas se desligam do oxigénio tornam-se insolúveis e levam à alteração da forma das hemácias. Estas partículas em forma de foice são rígidas e podem bloquear os vasos sanguíneos, causar dor, tromboses e outros danos teciduais. Especificamente, a anemia falciforme é devida a uma mutação que consiste na troca de um aminoácido Glu-6 (glutamato na posição 6) por uma Val-6 (valina na posição 6) na zona externa da hemoglobina; esta mudança de um aminoácido polar para um hidrofóbico causa a alteração conformacional própria da anemia falciforme.
Talassemia é uma doença genética que resulta na alteração da quantidade produzida de subunidades da hemoglobina.
Anemia hemolítica é um grupo de anemias cuja causa se deve à destruição aumentada de glóbulos vermelhos (hemólise), podendo ter origem factores intrínsecos ou extrínsecos à hemácia.
Esferocitose é uma anemia hemolítica caracterizada por um defeito genético nas proteínas da membrana e/ou no citoesqueleto da partícula, levando a hemácias pequenas, de forma esférica (esferócitos), daí o nome, e de constituição frágil, ao contrário da sua forma bicôncava e flexível.
Anemia Perniciosa é uma doença autoimune caracterizada pela falta do factor intrínseco necessário para a absorção da vitamina B12 da comida. A vitamina B12 é essencial para a produção da hemoglobina.
Anemia aplástica é causada pela incapacidade da medula óssea de produzir partículas sanguíneas,(a produção de partículas sanguíneas pela medula óssea também pode ser chamada de eritropoiese).
O parasita da malária passa parte do seu ciclo de vida nas hemácias, alimenta-se da hemoglobina e depois provoca hemólise, o que origina febre. Tanto a anemia falciforme e a talassemia são comuns nas áreas da malária pois estas mutações oferecem resistência a esta doença.
Policitemias (ou eritrocitoses) são doenças caracterizadas por um aumento do número de glóbulos vermelhos. O aumento da viscosidade do sangue daí derivado pode causar vários sintomas.
Na policitemia primária o número aumentado de hemácias advém de uma alteração da medula óssea.
Várias doenças microangiopáticas, que incluem a coagulação intravascular disseminada e as microangiopatias trombóticas, apresentam no diagnóstico fragmentos de hemácias designado por esquistócitos. Estas patologias geram feixes de fibrina que prendem os glóbulos vermelhos quando estes tentam passar pelo trombose.
Os vários exames sanguíneos incluem a contagem de glóbulos vermelhos por volume de sangue e o hematócrito (percentagem de volume de sangue ocupado pelo volume total das hemácias). O tipo sanguíneo precisa de ser determinado se for necessária uma transfusão sanguínea ou um transplante de órgãos.
Sistema ABO
A descoberta dos grupos sanguíneos
Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de sangue de determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados semelhantes a coágulos. Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis, e, de fato, as pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos, nos diferentes indivíduos da população.
Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias transferidas vão se aglutinando assim que penetram na circulação, formando aglomerados compactos que podem obstruir os capilares, prejudicando a circulação do sangue.
Aglutinogênios e aglutininas
No sistema ABO existem quatro tipos de sangues: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias, os aglutinogênios, e pela presença ou ausência de outras substâncias, as aglutininas, no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de aglutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma; as do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma; pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma; e pessoas do grupo O não tem aglutinogénios na hemácias, mas possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.
Ver também
Hematopoiese
Eritropoiese
Hemácia
Hemácia |
Na filosofia, o empirismo (em latim: "experientia": "experiência", do grego: /έμπειρία/) é uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento sobre o mundo vem apenas da experiência sensorial; é a experiência do real.
Por sua vez, o método indutivo afirma que a Ciência como conhecimento somente pode ser derivada a partir dos dados da experiência. Essa afirmação filosófica rigorosa, acerca da construção do conhecimento, gera o problema da indução.
Dentre diversa gama de pontos de vista da epistemologia - estudo do conhecimento humano -, juntamente com o racionalismo, o idealismo, o historicismo e o empirismo enfatizam o papel da experiência (sensorial) e da evidência, especialmente na formação de ideias, sobre a noção de ideias inatas ou tradições. Contudo, os empiristas podem argumentar que os costumes (ou tradições) surgem devido às relações de experiências sensoriais, anteriormente vivenciadas.
Sob essa égide, o empirismo surgiu na Idade Moderna, como fruto de uma tendência filosófica que se desenvolvia, principalmente no Reino Unido, desde a Idade Média. Inclusive, verifica-se, com certa frequência, além de notória oposição ao chamado racionalismo, a presenca de características relacionadas à Filosofia continental.
Contemporaneamente, a oposição entre empirismo e racionalismo - tal qual a distinção analítico-sintética - é geralmente compreendida de forma absolutamente contundente, conforme ocorria nos tempos antigos.
Entretanto, é possível lançar mão de uma ou outra posição em contrário, sobretudo, devido à existência de questões metodológicas heurísticas, ou, ainda, à presença de atitudes vitais, desconsiderando-se os princípios filosóficos fundamentais propriamente ditos.
Com relação à problemática dos Universais, os empiristas são, em maioria, simpatizantes de críticas construtivas, de maneira que a adoção do termo "nominalista" remontaria somente ao final da Idade Média.
Durante a Antiguidade Clássica (Classicismo), o conhecimento empírico referia-se especialmente a arquitetos, artesãos, artistas e médicos, em geral, devendo ser obtido por meio de sua experiência, frente ao técnico e útil, em contraste ao conhecimento teórico, concebido como mera contemplação da verdade, além de qualquer utilitário.
Na FIlosofia da Ciência, o empirismo enfatiza as evidências, especialmente porque aqui o mesmo se desvenda a partir de experiências. Trata-se, portanto, de parte fundamental do método científico, de acordo com o qual todas as hipóteses e teorias devem ser testadas em confronto com as observações do mundo natural, ao invés de meramente se resumir a um raciocínio a priori, intuição ou revelação.
Por ter causado grande revolução na ciência, graças à progressiva valorização do conhecimento científico, aliado à valorização das experiências, o homem passou a buscar resultados práticos, almejando o domínio da natureza. Em suma, foi a partir do desenvolvimento do empirismo que se estabeleceram as bases fundamentais da metodologia científica moderna.
Dentre os filósofos associados ao empirismo, destacam-se os seguintes: Alhazen, Aristóteles, Avicena, David Hume, Ibn Tufail, Francis Bacon, George Berkeley, Guilherme de Ockham, Hermann von Helmholtz, John Locke, John Stuart Mill, Leopold von Ranke, Nicolau Maquiavel, Robert Boyle, Robert Grosseteste e Thomas Hobbes.
Etimologia
O termo "empirismo" vem do grego /έμπειρία/, que traduzido em latim significa "experientia", que significa "experiência", no idioma oficial brasileiro (português).
História
Antigas formas de empirismo incluem o trabalho epistemológico de Buda no Oriente. No entanto, aqui nós consideramos a evolução das atitudes filosóficas ocidentais. Segundo o Papa Francisco, a empiria não explica todos os aspectos da vida em que a teologia participa e por isso é limitada.
Antiguidade
Na antiguidade clássica havia uma separação clara entre:
Conhecimento para a experiência e o resultado: a técnica de trabalho e produtiva. O que tem sido historicamente entendida como "artes" e "artesanato".
O ideal de conhecimento teórico que compreende duas áreas:
A ciência: entendida como um conhecimento universal e necessário. Experimente o mais recente conhecimento de causas e dos primeiros princípios, o que é agora entendida como fundamento da realidade, a metafísica.
A práxis: Tão perfeito conhecimento prático ação direcionada para o bem e felicidade, que por sua vez opera em duas áreas:
A consecução de um bom indivíduo, a felicidade e Ética;
Alcançar o bem social comum, a política.
Na antiguidade clássica o conhecimento teórico e prático, como saber universal e necessário ideal de "conhecer" é independente da experiência, e é a sabedoria. A última expressão da verdade e do conhecimento, como a ciência, é a Metafísica e o mais próximo possível do modelo ideal de vida a felicidade, como ética, constituem o ideal do sábio.
Esta separação de conhecimento e ação prática na produção de bens materiais responde a uma tradição guerreira aristocrática da classe nobreza ou decisão. As artes e ofícios eram os de escravos e comerciantes, mas a "sabedoria" (filosofia) foi adequada para a nobreza e os homens livres.
Em Atenas clássica e apareceu uma dupla atitude de pensar que será mantida ao longo de toda a história da filosofia no Ocidente e hoje são conhecidos principalmente como racionalismo e empirismo. Na verdade, eles têm duas atitudes e formas de entender a função do pensamento e do sentido da vida.
O primeiro a manter uma atitude claramente empirista foram os sofistas racionalistas que negavam a especulação sobre o mundo natural compartilhado seus antecessores, pré-socráticos e, acima de tudo, Platão; pelo contrário preocupado "em tais entidades relacionadas como homem e da sociedade." O valor da verdade é restrita ao valor específico da experiência e do exercício do poder, quer individualmente (moral) ou social (política).
Este empirismo está interessada em retórica no domínio da linguagem como um instrumento essencial para a vida política ateniense e do exercício do poder.
Empirismo britânico
O método empírico de Francis Bacon e de Thomas Hobbes influenciou toda uma geração de filósofos no Reino Unido a partir do século XVII. John Locke é considerado o fundador ("pai") dessa tradição, que ficou conhecida como empirismo britânico, em oposição ao racionalismo que predominava na maior parte da Europa continental.
Em seu livro Ensaio Sobre o Entendimento Humano, Locke descreve a mente humana como uma tabula rasa (literalmente, uma "ardósia em branco"), onde, por meio da experiência, vão sendo gravadas as ideias. A partir dessa análise empirista da epistemologia, Locke diferencia dois tipos de ideias: as ideias simples, sobre as quais não se poderia estabelecer distinções, como a de amarelo, duro, etc., e as ideias complexas, que seriam associações de ideias simples (por exemplo ouro — que é uma substância dura e de cor amarelada). Com isso, formar-se-ia um conceito abstrato da substância material.
No século XVIII, George Berkeley desenvolve o empirismo de John Locke, mas não admite a passagem dos conhecimentos fornecidos pelos dados da experiência para o conceito abstrato de substância material. Por isso, Berkeley afirma que uma substância material não pode ser conhecida em si mesma. O que se conhece, na verdade, resume-se às qualidades reveladas durante o processo perceptivo. Assim, o que existe realmente nada mais é que um feixe de sensações. Daí sua famosa frase: ser é ser percebido.
Entretanto, para fugir do subjetivismo individualista (pois tudo que existe somente existiria para a mente individual de cada observador), Berkeley postula a existência de uma mente cósmica, que seria universal e superior à mente dos homens individuais. Deus é essa mente e tudo o mais seria percebido por Ele, de modo que a existência do mundo exterior à mente individual estaria garantida. No entanto, apesar de existir, o mundo seria impossível de ser conhecido verdadeiramente pelo homem, pois esse conhecimento só é acessível a Deus. Ao assumir esse empirismo radical, George Berkeley cria a corrente conhecida como idealismo subjetivo.
Levando ainda mais adiante o pensamento de Berkeley, o escocês David Hume identifica dois tipos de conhecimento: matérias de fato e relação de ideias. O primeiro está relacionado com a percepção imediata e seria a única forma verdadeira de conhecimento. A relação de ideias é uma inferência de outras ideias, ou seja ao relacionar duas ideias que temos na nossa mente provenientes da experiência concluímos outra ideia. Esta nova ideia, é logicamente verdadeira e necessária, pois é inferida através de um raciocínio demonstrativo (regras da lógica formal). Mas este conhecimento é tautológico, pois não acrescenta nada de novo, é apenas uma relação de ideias que já possuíamos.Baseado nisso, Hume refuta a própria causalidade, a noção de causa e efeito, fundamental para a ciência. Ao observarmos, por exemplo, um pedaço de metal, podemos chegar a um conceito de metal, que corresponde à realidade concreta, perceptível. Se aproximamos nossas mãos do fogo, temos uma ideia de calor, que também corresponde à realidade. Mas quando aproximamos um metal do fogo e observamos que ele se dilata com o calor, não podemos concluir que "o corpo se dilata porque esquenta". As ideias "o corpo esquenta" e "o corpo se dilata" teriam como origem duas impressões dos sentidos, provenientes, respectivamente, do tato e da visão. O problema está na expressão por que. Que impressão sensível origina a ideia de porquê? Como concluímos que um fenômeno é a causa de outro?
Para Hume, o simples motivo de um fenômeno ser sempre seguido de outro faz com que eles se relacionem entre si de tal forma que um é encarado como causa do outro. Causa e efeito, enquanto impressões sensíveis, não seriam mais do que um evento seguido de outro. A noção de causalidade-necessária a partir da simples observação, sem aplicação dos "raciocínios demonstrativos" (nesse caso, a matemática. Ou, nos dias atuais, podemos aplicar esse conceito de Hume como sendo a área que concerne atualmente à Física, à Química, ou a toda ciência que use de cálculos para provar realidades empíricas). Para ele, portanto, sem o uso desses "raciocínios demonstrativos" para comprovar a existência de causas necessárias ("leis gerais"), tudo o que se baseia apenas na simples experiência para a conclusão dessas causas é somente uma dedução humana, que de forma alguma constitui um conhecimento verdadeiro, é apenas um costume, hábito. Exemplo que Hume nos dá dessa sua tese é o nascimento do Sol: "O Sol nascerá amanhã!" nada mais é que uma crença que nos temos a partir da observação dos dias que se passaram. Mas só a experiência de ver o Sol sempre nascer todos os dias não prova, necessariamente, que ele nascerá amanhã; o que nos faz acreditar que ele nascerá é meramente nosso hábito, nosso costume de vê-lo nascer todos os dias.
Ver também
Racionalismo
Positivismo
Iluminismo
Ernest Gellner
Ligações externas
Rationalism vs. Empiricism. Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês)
Filosofia da ciência
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A linfa é um líquido que impregna o corpo, produzida quando o sangue atravessa os vasos capilares e vaza para o corpo; os poros dos capilares são pequenos e não permitem a passagem dos glóbulos vermelhos, mas deixam passar o plasma sanguíneo, contendo oxigênio, proteínas, glicose e glóbulos brancos. A linfa é transportada pelos vasos linfáticos em sentido unidirecional e filtrada nos linfonodos (também conhecidos como nódulos linfáticos ou gânglios linfáticos). Após a filtragem, é lançada no sangue, desembocando nas grandes veias torácicas.
É produzida pelo excesso de líquido que sai dos capilares sanguíneos ao espaço intersticial ou intercelular, sendo recolhida pelos capilares linfáticos que drenam aos vasos linfáticos mais grossos até convergir em condutos que se esvaziam nas veias subclávias.
Percorre o sistema linfático graças a débeis contrações dos músculos, da pulsação das artérias próximas e do movimento das extremidades. Se um vaso sofre uma obstrução, o líquido se acumula na zona afetada, produzindo-se um inchaço denominado edema.
A linfa é composta por um líquido claro pobre em proteínas e rico em lipídios, parecido com o sangue, mas com a diferença de que as únicas células que contém são os glóbulos brancos que migram dos capilares sanguíneos, sem conter hemácias. A linfa é mais abundante do que o sangue nos vasos sanguíneos.
Este fluido é responsável pela eliminação de impurezas que as células produzem durante seu metabolismo. Pode conter microorganismos que, ao passar pelo filtros dos gânglios linfáticos e baço são eliminados. Por isso, durante certas infecções pode-se sentir dor e inchaço nos gânglios linfáticos do pescoço, axila ou virilha, conhecidos popularmente como "íngua".
Ao contrário do sangue, que é impulsionado através dos vasos através da força do coração, a linfa depende exclusivamente da ação de agentes externos para poder circular. Ao caminharmos, os músculos da perna comprimem os vasos linfáticos, deslocando a linfa em seu interior. A linfa bombeada pela ação muscular segue desta forma em direção ao abdome, onde será filtrada e eliminará as toxinas com a urina e fezes. Outros movimentos corporais também deslocam a linfa, tais como a respiração, atividade intestinal e compressões externas, como a massagem. Permanecer por longos tempos parado em uma só posição faz com que a linfa tenha a tendência a se acumular nos pés, por influência da gravidade, causando inchaço.
Sistema linfático
Sistema imunológico |
Micróglia, microgliócitos ou células de Hortega (latim: microglia) são as menores células da neuroglia, possuem corpo celular alongado com muitos prolongamentos curtos e extremamente ramificados. Fazem a vigilância ativa do parênquima cerebral e da espinal medula, constituindo as células imunes residentes do Sistema Nervoso Central. A sua origem ainda é controversa, embora haja maior concórdia numa linhagem hematopoiética. A micróglia tem função fagocitoria. As micróglias são objetos de pesquisas sobre doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e a esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Função
Microglia são as células imunológicas do cérebro. Uma função principal da microglia é inspecionar o microambiente local e responder a lesões pela liberação de moléculas pró-inflamatórias e depuração fagocítica das células apoptóticas. Aquando de uma lesão ou infecção, a microglia migra e liberta uma gama de moléculas que, dependendo do estímulo inicial, podem ser tróficas ou citotóxicas. Na presença de antigênios ou partículas estranhas, cuja presença consegue reconhecer devido à expressão de várias proteínas na sua membrana citoplasmática, procede à fagocitose dos mesmos. Posteriormente, a microglia apresenta essas proteínas a outras células de defesa.
Distúrbios neurológicos e psiquiátricos
A atividade microglial aberrante está associada a muitos distúrbios neurológicos e psiquiátricos, mas o conhecimento sobre os mecanismos patológicos é incompleto. Em um estudo, os cientistas descreveram uma linhagem de células cerebrais especializadas, chamada microglia da linhagem Hoxb8, em camundongos que têm a capacidade de suprimir sintomas obsessivos de compulsão e ansiedade.
Células da glia
Macrófagos |
Hidatódio ou hidátodo (do grego transliterado , "água", e , "caminho") é a estrutura secretora composta por estômatos aquíferos nas margens e extremidades das folhas de algumas plantas, perto de terminações de pequenas nervuras. Se abre para o exterior através de poros na epiderme, permitindo, através da gutação, que água saia do interior da folha à superfície foliar. A água pode ser liberada de forma passiva ou por pressão radicular elevada.
Ver também
Excreção
Bibliografia
Anatomia vegetal |
Um espaço intersticial ou interstício é um espaço entre estruturas ou objetos. Em particular, intersticial pode se referir a:
Biologia
Célula intersticial, qualquer célula que se encontra entre outras células
Ceratite intersticial
Cistite intersticial
Colagenase intersticial, enzima que quebra as ligações peptídicas do colágeno
Dermatite granulomatosa intersticial
Doença pulmonar intersticial
Fluido intersticial, uma solução que banha e envolve as células de animais multicelulares
Gravidez intersticial
Infusão intersticial
Interstício, o espaço contíguo cheio de líquido existente entre a pele e os órgãos do corpo
Nefrite intersticial
Tumor de células intersticiais
Outros usos
Descrever os espaços dentro do material particulado, como areias, cascalhos, pedras, grãos, etc. que se encontram entre as partículas discretas.
Arte intersticial
Condensação intersticial, na construção
Local intersticial, na química
Defeito intersticial, na química
Espaço intersticial (arquitetura)
Interstícios (Catolicismo)
Página da web intersticial, na computação
Programa de televisão intersticial, na programação de televisão
Revolução intersticial, na política
Desambiguação |
A Metáfase (do grego μετά =depois e φάσις= estágio) é a fase mitótica em que os centrômeros dos cromossomas estão ligados às fibras ornitocóricas que provêm dos centríolos que se ligam aos microtúbulos do fuso mitótico.
Os cromossomos atingem seu máximo encurtamento - os cromatídios tornam-se bem visíveis.
Os pares de centríolos (isto é, nas células animais) estão nos pólos da célula.
O fuso acromático completa o seu desenvolvimento, notando-se que alguns microtúbulos se ligam a cromossomas.
Os cromossomos dispõem-se com os centrômeros no plano equatorial, voltados para o centro desse plano e com os braços para fora. Os cromossomos assim imobilizados dispõem-se na placa equatorial e estão prontos para se dividirem.
A sua divisão dá-se na etapa seguinte da fase mitótica, a anáfase;
Bibliografia
SILVA, Amparo Dias da, e outros; Terra, Universo de Vida 11 - 1ª parte, Biologia; Porto Editora; Porto; 2008;
Biologia celular
Ciclo celular
de:Mitose#Metaphase |
Maléolos são proeminências ósseas que existem nos ossos da tíbia e da fíbula. Cada maléolo possui um sulco maleolar e uma face articular maleolar. A tíbia possui o maléolo medial que se articula com o osso tálus na sua face maleolar medial. O tálus também se articula com a tíbia pela tróclea do tálus. Por fim o maléolo lateral da fíbula articula-se na face maleolar lateral do tálus. A junção dessas três articulações forma o tornozelo.
Ossos do membro inferior |
Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, são um grupo heterogêneo de células do sistema imunológico que executam a resposta imune, intervindo na defesa do corpo contra substâncias estranhas ou agentes infecciosos. Todos os leucócitos são produzidos a partir da diferenciação de células-tronco oriundas da medula óssea. São as únicas células sanguíneas encontradas em todo o corpo, incluindo o sangue, linfa, órgãos linfoides e vários tecidos conjuntivos.
Os leucócitos são células nucleadas, o que os diferencia das outras células sanguíneas, os glóbulos vermelhos e as plaquetas. Os glóbulos brancos compreendem um grande grupo de células que se apresenta numa grande variedade de formas, tamanhos, número e funções específicas.
Os diferentes tipos de glóbulos brancos são classificados de maneiras padronizadas; dois pares de categorias mais amplas classificam-nos por estrutura (granulócitos ou agranulócitos) ou por linhagem celular (células mieloides ou células linfoides). Essas categorias mais amplas podem ser divididas em cinco tipos principais: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos e monócitos, sendo que o primeiro e o último grupo são constituídos por células fagocíticas.
Em média, um humano adulto saudável possui entre e mil leucócitos por microlitro (milímetro cúbico) de sangue.
Não são como as células normais do corpo. Na verdade, na maioria das vezes, agem como se fossem organismos vivos independentes e unicelulares, capazes de se mover e capturar coisas por conta própria. As células comportam-se, de certo modo, como amebas em seus movimentos e são capazes de absorver outras células e bactérias. Algumas delas podem se dividir e se reproduzir por conta própria, mas são produzidas principalmente a partir de células da medula óssea. Sua diferenciação pode ocorrer tanto na própria medula quanto em órgãos específicos como o timo (linfócitos T), ou em estruturas localizadas nas paredes do intestino, apêndice e amígdalas, cujas naturezas remontam à bursa (linfócitos B).
Etimologia
Os leucócitos, do grego λευκός, leukós (branco) + κύτος, kýtos (célula), são também chamados de glóbulos brancos. O nome "glóbulo branco" deriva da aparência física de uma amostra de sangue após centrifugação. As células brancas são encontradas no buff, uma camada fina, tipicamente branca, de células nucleadas entre os glóbulos vermelhos sedimentados e o plasma sanguíneo.
Tipos de leucócitos
Visão geral
Neutrófilos
Os neutrófilos são os glóbulos brancos mais abundantes, constituindo 60-70% dos leucócitos circulantes, e incluindo duas subpopulações funcionalmente desiguais: os eliminadores de neutrófilos e os neutrófilos.
Os neutrófilos se defendem contra infecções bacterianas ou fúngicas. Geralmente são os primeiros a responder à infecção microbiana; sua atividade e morte em grande número formam pus. Eles são comumente referidos como leucócitos polimorfonucleares (PMN), embora, no sentido técnico, PMN se refira a todos os granulócitos. Eles têm um núcleo multilobulado, que consiste em três a cinco lobos conectados por fios delgados. Isso dá aos neutrófilos a aparência de ter múltiplos núcleos, daí o nome leucócito polimorfonuclear. O citoplasma pode parecer transparente devido aos grânulos finos, que são lilases claros quando manchados.
Os neutrófilos são ativos na fagocitose de bactérias e estão presentes em grande quantidade no pus das feridas. Essas células não são capazes de renovar seus lisossomos (usados na digestão de micróbios) e morrem após ter fagocitado alguns patógenos. Os neutrófilos são o tipo de célula mais comum observado nos estágios iniciais da inflamação aguda. A média de vida dos neutrófilos humanos inativados na circulação foi relatada por diferentes abordagens entre 5 e 135 horas.
Eosinófilos
Os eosinófilos constituem cerca de 2-4% do total de leucócitos. Essa contagem varia ao longo do dia, sazonalmente e durante a menstruação. Ele aumenta em resposta a alergias, infecções parasitárias, doenças do colágeno e doenças do baço e do sistema nervoso central. Eles são raros no sangue, mas numerosos nas membranas mucosas dos tratos respiratório, digestivo e urinário inferior. Eles lidam principalmente com infecções parasitárias. Os eosinófilos também são as células inflamatórias predominantes nas reações alérgicas.
As causas mais importantes de eosinofilia incluem alergias como asma, febre do feno e urticária; e também infecções parasitárias. Eles secretam substâncias químicas que destroem esses grandes parasitas, como ancilóstomos e tênias, que são grandes demais para fagocitar qualquer um dos leucócitos. Em geral, seu núcleo é bi-lobado. Os lóbulos são conectados por uma fita fina. O citoplasma está repleto de grânulos que assumem uma cor rosa-alaranjada característica com coloração de eosina.
Basófilos
Os basófilos são os principais responsáveis pela resposta alérgica e antigênica, liberando a histamina química que causa a dilatação dos vasos sanguíneos. Como são os mais raros dos leucócitos (menos de 0,5% da contagem total) e compartilham propriedades físico-químicas com outras células sanguíneas, eles são difíceis de estudar. Eles podem ser reconhecidos por vários grânulos violáceos grosseiros e escuros, dando-lhes uma tonalidade azulada. O núcleo é biolobulado ou tri-lobulado, mas é difícil de ver por causa do número de grânulos grossos que o escondem.
Linfócitos
Os linfócitos são muito mais comuns no sistema linfático do que no sangue. Os linfócitos são diferenciados por terem um núcleo profundamente corado, que pode ser excêntrico na localização, e uma quantidade relativamente pequena de citoplasma. Os linfócitos incluem:
Linfócito B: produz anticorpos que podem se ligar a patógenos, bloquear a invasão de patógenos, ativar o sistema complemento e aumentar a destruição de patógenos.
Linfócito T:
Linfócito T auxiliar CD4+: células T que apresentam o co-receptor CD4 são conhecidas como células T CD4+. Essas células têm receptores de células T e moléculas de CD4 que, em combinação, se ligam a peptídeos antigênicos apresentados nas moléculas de classe II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) em células apresentadoras de antígenos. As células T auxiliares produzem citocinas e executam outras funções que ajudam a coordenar a resposta imunológica. Na infecção pelo HIV, essas células T são o principal índice para identificar a integridade do sistema imunológico do indivíduo.
Linfócito T citotóxico CD8+: células T exibindo co-receptor CD8 são conhecidas como células T CD8+. Essas células se ligam a antígenos apresentados no complexo MHC I de células infectadas por vírus ou tumorais e as matam. Quase todas as células nucleadas exibem MHC I.
Linfócitos T gama/delta: possuem um receptor de células T alternativo (diferente do TCR αβ encontrado em células T CD4 + e CD8 + convencionais). Encontradas mais comumente no tecido do que no sangue, as células T γδ compartilham características das células T auxiliares, células T citotóxicas e células assassinas naturais.
Linfócito T regulador: retorna o funcionamento do sistema imunológico à operação normal após a infecção; impede a autoimunidade
Linfócito NKT: são capazes de matar células do corpo que não exibem moléculas de MHC de classe I, ou exibem marcadores de estresse, como a sequência A relacionada ao polipeptídeo de MHC de classe I (MIC-A). A expressão diminuída de MHC classe I e a regulação positiva de MIC-A podem ocorrer quando as células são infectadas por um vírus ou se tornam cancerosas.
Monócitos
Os monócitos, o maior tipo de leucócitos, compartilham a função de fagocitose dos neutrófilos, mas têm uma vida muito mais longa, pois têm uma função extra: apresentam pedaços de patógenos às células T para que os patógenos possam ser reconhecidos novamente e morto. Isso faz com que uma resposta de anticorpos seja montada. Os monócitos eventualmente deixam a corrente sanguínea e se tornam macrófagos do tecido, que removem os restos de células mortas e também atacam os microorganismos. Nem os restos de células mortas nem os microorganismos atacantes podem ser tratados de forma eficaz pelos neutrófilos. Ao contrário dos neutrófilos, os monócitos são capazes de substituir seu conteúdo lisossomal e acredita-se que tenham uma vida ativa muito mais longa. Eles têm o núcleo em forma de rim e são tipicamente agranulados. Eles também possuem citoplasma abundante.
Produção
São fabricados na medula óssea a partir de células hematopoiéticas que se diferenciam em células precursoras mieloides'' (para os granulócitos, monócitos e macrófagos) ou linfoides (para linfócitos).
No caso dos linfócitos: os linfócitos T4 migram para o timo, onde amadurecem, e os linfócitos B ficam na medula óssea para o mesmo efeito. Após serem linfócitos maduros migram para os órgãos linfoides secundários onde são armazenados. Estes órgãos são as adenoides, as tonsilas, o baço e os linfonodos que temos essencialmente nas axilas e nas virilhas.
Capacidades
Os leucócitos também têm capacidades especiais. São capazes de realizar a diapedese, ou seja, migrarem para fora dos vasos capilares, e também conseguem capturar material estranho através de um processo chamado fagocitose. Na fagocitose, os leucócitos projetam as suas extremidades (pseudópodes) de modo a conseguirem "aprisionar" corpos estranhos e então fazer a digestão dos mesmos.
Doenças
As duas categorias comumente usadas de distúrbios dos leucócitos os dividem quantitativamente em aqueles que causam números excessivos (distúrbios proliferativos) e aqueles que causam números insuficientes (leucopenias). A leucocitose é geralmente saudável (por exemplo, lutando contra uma infecção), mas também pode ser disfuncionalmente proliferativa. Os distúrbios proliferativos de leucócitos podem ser classificados como mieloproliferativos e linfoproliferativos. Alguns são autoimunes, mas muitos são neoplásicos.
Além disso, podemos também dividir estes transtornos de forma qualitativa, sendo que se podem identificar diversos tipos de doenças que podem afetar o correto funcionamento destas células.
A neoplasia de leucócitos pode ser benigna, mas costuma ser maligna. Dos vários tumores do sangue e da linfa, os cânceres de leucócitos podem ser amplamente classificados como leucemias e linfomas, embora essas categorias se sobreponham e sejam frequentemente agrupadas como um par.
Quantidade de leucócitos no sangue
Geralmente, a quantidade de leucócitos num determinado volume de sangue é determinada automaticamente através de um contador celular computadorizado. Esses instrumentos fornecem a contagem leucocitária total, expressa como quantidade de células por mililitros de sangue, assim como a proporção de cada um dos cinco tipos principais de leucócitos. A contagem leucocitária total normalmente varia de 4 mil a 12 mil células por milímetro cúbico. Uma quantidade muito pequena ou muito grande de leucócitos indica um distúrbio.
A leucopenia, uma diminuição na quantidade de leucócitos para menos de células por microlitro, torna uma pessoa mais suscetível a infecções. A leucocitose, um aumento na quantidade de leucócitos, pode ser uma resposta a infecções ou substâncias estranhas, ou ser resultante do estresse ou de determinadas drogas.
A maioria dos distúrbios dos leucócitos envolve os neutrófilos, os linfócitos, os monócitos e os eosinófilos. Distúrbios envolvendo os basófilos são muito raros.
Bibliografia
Vinay Kumar; et al. (2010). Robbins and Cotran pathologic basis of disease (8th ed.). Philadelphia, PA: Saunders/Elsevier. ISBN 1416031219.
Kenneth Kaushansky et al., eds. (2010). Williams hematology (8th ed.). New York: McGraw-Hill Medical. ISBN 0071621512.
Victor Hoffbrand - Fundamentos em Hematologia, 6ª Edição
Ligações externas
Sangue, células sanguíneas, coagulação e imunidade
Histologia
Sistema hematopoiético
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Hematologia |
Microvilosidade ou Microvilo é a projeção microscópica da membrana celular, e seu interior é formado de 25 a 40 filamentos de Actina. Estão envolvidos em uma ampla variedade de funções, incluindo absorção, Secreção e a adesão celular.
Os microvilos são prolongamentos digitiformes da superfície (membrana plasmática) de células, os quais ampliam a área disponível para a absorção, além de nutri-las.
São frequentes no epitélio intestinal e em outros tecidos. Possuem características especiais em certas células epiteliais, promovem a expansão do citoplasma e são ricos em feixes de filamentos actina em forma de dedo de luva.
Local
As microvilosidades formam uma estrutura semelhante aos dedos de uma luva que se encontram na superfície do tecido epitelial de certas células epiteliais, tais como o Intestino delgado. (Microvilosidade não deve ser confundido com Vilosidade intestinal).
A ocorrência das microvilosidades com forma e dimensões regulares é usualmente observada em dois tecidos, a superfície dos enterócitos que revestem o tubo digestório, onde formam a chamada borda estriada e na superfície das células que revestem os túbulos contorcidos proximais do néfron, no rim, onde formam a chamada borda em escova. Nos demais tecidos sua ocorrência pode ser em menor número e por vezes com comprimento variável.
Estrutura
Estas projeções são sustentadas por citoesqueleto polimerizado por proteína actina, os microfilamentos. Sua ocorrência é predominantemente apical nas células epiteliais, mas podem, eventualmente, ocorrer nas regiões laterais de células polarizadas.
Microvilosidades são também de importância para a superfície celular de glóbulos brancos.
as microvilosidades são denominadas planura estriada (nas células com origem a partir do endoderme) ou "borda em escova" (nas células de origem mesodérmica).A ponta da microvilosidade é constituida por substância amorfa, onde está imerso a extremidade (+) da actina, e a extremidade (-) está conectada ao córtex. Os feixes de filamentos de actina são dispostos paralelamente, interligados pela proteína vilina, que possui dois sítios de ligação. Os feixes laterais estão ligados a membrana plasmática através da miosina I.
Ver também
Flagelo
Cílio
Epitélio
Biologia celular
Anatomia |
Um plasmócito é uma célula agranulócita com aspecto ovóide. São pouco numerosas no tecido conjuntivo normal, mas abundantes em locais sujeitos à penetração de bactérias (como o intestino e a pele) e nos locais onde existe inflamação crônica.
Estas células têm a capacidade de produzir anticorpos contra substâncias e organismos estranhos que casualmente invadam o tecido conjuntivo. Ricas em ergastoplasma, são células anti-inflamatórias que se originam na diferenciação dos linfócitos B que chegam até os tecidos conjuntivos através do sangue.
Linfócitos |
Urina é um subproduto líquido do corpo, tipicamente estéril (na ausência de doenças), secretada pelos rins, depositada na bexiga e excretado pela uretra. O metabolismo celular gera vários subprodutos, muitos ricos em nitrogênio, que precisam ser eliminados da corrente sanguínea. Estes subprodutos são eventualmente expelidos do corpo em um processo conhecido como micção, o método primário para excretar do corpo substâncias químicas solúveis em água. Estas substâncias químicas podem ser analisadas por uranálise. É uma forma de limpar o organismo liberando gorduras, sais e outros.
Nos mamíferos, a urina é um fluido excretório resultante da filtragem do sangue nos rins. Nas aves e nos répteis é uma excreção sólida ou semi-sólida.
A urina é constituída pela filtração do plasma com posterior reabsorção dos nutrientes ainda presentes no mesmo, pelo túbulo proximal. A filtração é feita nos néfrons, que obtém uma parede, um tubo, que é chamado de túbulo, o qual é rodeado de vasos sanguíneos, que sugam os nutrientes que o organismo precisa, para depois ir para os ureteres, para a bexiga para ser armazenada, e passada para a uretra para finalmente ser expelida.
Urina humana
A urina humana, tal como a urina de outros animais, é composta por cerca de 3 000 componentes, mas principalmente de água (95%, em média), e contém também cerca de 3% de ureia e de ácido úrico, sal e outras substâncias, sendo expelida durante o ato de urinar. O volume, a acidez e a concentração de sais na urina são regulados por hormonas, entre as quais figuram a hormona antidiurética e a aldosterona. Estas hormonas atuam nos rins para garantir que a água, os sais e o equilíbrio ácido-base (acidez ou alcalinidade do sangue e do fluido intersticial) do organismo se mantêm dentro de estreitos limites. Cerca de metade dos sólidos na urina humana são ureias, o principal produto da degradação do metabolismo das proteínas, e o resto inclui nitrogénio, cloretos, cetosteroides, fósforo, amónio, creatinina e ácido úrico. A presença na urina de açúcar, albumina, pigmentos biliares ou quantidades anormais de algumas substâncias, incluindo as constituintes habituais, é indicador de doenças. A urina é normalmente estéril quando é expelida e tem só um vago cheiro. O cheiro desagradável da urina deteriorada é devido à ação de bactérias que provocam a libertação de amoníaco.
Conteúdos anormais da urina
Glicosúria: é a presença de glucose na urina e aparece sobretudo na diabetes mellitus;
Hematúria: é a presença de sangue na urina, podendo ser sinal de problemas como: infeção urinária, litíase urinária, glomerulonefrite, neoplasia (cancros da bexiga, do uréter, dos rins ou da próstata)
Bacteriúria: é a presença de bactérias na urina;
Piúria: é a presença de pus na urina;
Proteinúria: é a presença de proteínas na urina, como é costume observar-se nos casos de glomerulonefrite, infeção do trato urinário, intoxicações, diabetes e outras.
Termos relacionados
Anúria, falta de produção de urina.
Oligúria, diminuição do volume de urina para valores abaixo do normal (cerca de 1,4 l/dia no adulto normal).
Retenção urinária, impossibilidade de eliminação da urina acumulada na bexiga.
Infeção urinária, existência de germes na urina por causa de infeções na uretra, etc.
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Fluidos corporais |
Côndilo mandibular ou cabeça da mandíbula é uma eminência arredondada na extremidade do osso mandibular, que forma a articulação temporomandibular.
Conceito
Segundo os autores do livro "Anatomia aplicada à odontologia", o côndilo é uma saliência elipsóide, convexa no sentido antero-posterior e latero-medial. Ele tem cerca de 15 a 20 mm de largura e 8 a 10 mm de diâmetro antero-posterior. Seu longo eixo forma um ângulo de 90º com o ramo da mandibula e o prolongamento dos longos dos dois côndilos forma um ângulo, cujo vértice se situa aproximadamente na borda anterior do forame magno, ou no próprio forame. Os prolongamentos dos dois eixos menores de cada côndilo se encontram anteriormente na região da sínfise mentual.
Apresenta uma superfície posterior, rugosa e uma superfície antero-superior lisa, que é a própria superfície articular. Ambas as superfícies são separadas por uma crista transversal discreta. O côndilo apresenta também dois pólos, medial e lateral, sendo este último palpável através da pele.
O côndilo é suportado por uma porção estreita, o colo, que é arredondado posteriormente e apresenta ântero-medialmente uma depressão, fóvea pterigóidea, onde se insere o músculo pterigóideo lateral.
Bibliografia
Anatomia odontológica funcional e aplicada; Figún/garino; 3º edição; Guanabara Koogan.
Ver também
Ramo da mandíbula.
Processo coronóide.
Mandíbula
Anatomia |
Eritroplastos → (Eritro = vermelho). Os Eritoplastos são caracterizados pela presença de licopeno, pigmento carotenóide de cor vermelha. A cor do tomate é devida à abundância de eritoplastos.Esse tipo de célula só é encontrada em plantas.
Biologia celular |
Pronação é um termo utilizado para descrever um movimento que pode ocorrer tanto no antebraço como no pé.
De uma forma mais objetiva, pode-se dizer que há pronação quando se efetua um movimento que gere ou que seja uma "torção" ou "rotação". No caso do antebraço, a posição pronada fica caracterizada pela torção dos dois ossos que constituem o antebraço. No caso da pisada, há pronação quando se tem um movimento de rotação, ou seja, após o toque da parte externa do calcanhar, ocorre uma rotação ou torção do pé, mediante o que o apoio se desloca da parte externa do pé para a parte interna (o movimento se encerra com o impulso sendo dado pela região do "dedão").
Antebraço
No antebraço, o movimento de pronação é o movimento que ocorre no plano transverso, entre o rádio e a ulna. O movimento de pronação tem como resultado pôr o dorso da mão para 'cima' (anterior) e o polegar apontado medialmente.
Na posição anatômica, o antebraço encontra-se em sua posição oposta, denominada "supinado", onde o polegar encontra-se voltado lateralmente e a palma da mão anteriormente.
Pé
No pé, a pronação é um pouco mais complexa, pois apresenta um eixo de movimento inclinado. A pronação do pé acontece principalmente na articulação subtalar e tem como resultado a eversão do calcâneo associada a uma rotação interna do tálus. Durante a marcha fisiológica, o movimento de pronação da articulação subtalar (pronação do pé) contribui para absorver o impacto que ocorre após o contato do calcanhar. É mais correto o movimento ser denominado de "eversão".
O movimento de supinação do pé tem a direção oposta e durante a marcha é importante para "travar" os ossos da articulação do pé e promover uma alavanca rígida para a impulsão.
Ligações externas
Pronação excessiva Vídeo aula explicando sobre as consequências da pronação excessiva da articulação subtalar (pé)
Anatomia |
O humor vítreo, também conhecido por corpo vítreo do olho ou simplesmente por vítreo, é a substância gelatinosa e viscosa, formada por uma substância amorfa semilíquida, fibras e células, que se encontra no segmento posterior, entre o cristalino e a retina, sob pressão, de modo a manter a forma esférica do olho.
O humor aquoso é o líquido incolor, constituído por água (98%) e sais dissolvidos (2%) — predominantemente cloreto de sódio — que preenche as câmaras oculares (cavidade do olho, entre a córnea e o cristalino). O volume do vítreo é de 4 mL para o olho humano.
O Humor Vítreo é composto por substâncias hidrossolúveis e componente insolúvel (Proteína residual), além de ácido hialurônico, ácido ascórbico e láctico, glicose, lipídeos, albuminas, globulinas, aminoácidos (Glutamina e Histidina) e componentes inorgânicos; é mais viscoso que a água, devido a concentração de hialuronato de sódio, possui fibras de colágeno tipo II e podem ser encontradas células (Hialócitos) no córtex. Possui função estrutural a fim de manter o formato do olho e impedir o descolamento da retina.
Algumas matrizes biológicas são utilizadas como alternativas para análises laboratoriais, principalmente em estudos de toxicologia forense, como em casos de corpos carbonizados, por exemplo. O humor vítreo representa uma dessas matrizes biológicas complementares, no entanto possui algumas desvantagens: pequeno volume, pequenas concentrações de drogas, necessita de técnicas mais sensíveis e há poucos estudos sobre sua análise. Contudo, ele possui vantagens importantes como a resistência a mudanças bioquímicas de decomposição, além de ser menos suscetível à contaminação bacteriana.
A análise do Humor vítreo consiste na coleta de 2 a 4 mL por punção direta no globo ocular, este conteúdo será submetido a métodos analíticos que consigam determinar quais substâncias estão presentes e quantificar esses compostos, um dos métodos é o GS-MS (Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas) e o HPLC (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência). Os resultados laboratoriais devem ser rápidos, sensíveis e específicos para determinar certas substâncias. A quantificação dessas substâncias é de grande importância quando há ausência ou deterioração de outras matrizes. Frequentemente é analisado o etanol no humor vítreo para confirmação da ingestão deste. Analisa-se também a detecção de cocaína, opioides, diazepam, benzodiazepínicos, entre outros.
A análise macroscópica vai determinar a opacidade do vítreo e a microscópica vai revelar presença de células atípicas ou achados patológicos.
Alguns métodos utilizados em pesquisas para análise de Humor Vítreo:
• Extração em fase sólida e HPLC- PAD;
• HPLC com detector de Fluorescência para detecção de MDMA; MDEA e MDA em humor vítreo;
• Metilenodioxi derivados (MDMA: N-metil-3,4- metilenodioximetanfetamina, MDA: 3,4-metilenodioxianfetamina e MDEA: N-etil-3,4-metilenodioxietilanfetamina);
• Detecção de heroína, entre outros.
Fluidos corporais
Olho
Anatomia do olho humano |
Zigoto (do grego zygōtos "junto" ou "jugado", derivado de ζυγοῦν zygoun "juntar" ou "jugar"), também denominado ovo nos animais, é a célula eucariótica resultante da fecundação, que ocorre entre dois gametas mutuamente compatíveis, sendo o produto final da reprodução sexuada. O genoma do zigoto é uma combinação do DNA de cada gameta, contendo toda a informação genética necessária à formação de um novo indivíduo. Em organismos multicelulares, o zigoto é a primeira etapa no desenvolvimento, sucedido por diversas clivagens, já em organismos unicelulares, ele pode se dividir assexuadamente por meio da mitose, produzindo indivíduos idênticos.
Oscar Hertwig e Richard Hertwig realizaram algumas das primeiras descobertas na formação do zigoto animal.
Animais
Nos animais, o zigoto é denominado ovo e resulta da união de dois gametas: ovócito e espermatozoide. É uma célula totipotente, ou seja, é capaz de guardar as características genéticas dos progenitores, podendo gerar todas as linhagens celulares do organismo adulto.
Através de várias divisões mitóticas dá origem a um novo indivíduo (embrião). A quantidade e a distribuição do vitelo variam de acordo com o organismo considerado e dependem, inclusive, do tipo de desenvolvimento do embrião.
Humanos
Nos humanos, a formação do zigoto ocorre após a fecundação, na qual o ovócito liberado e um espermatozoide se combinam para formar uma única célula diploide (2n), o zigoto. Assim que a fecundação em si se inicia, ou seja, a entrada do espermatozoide no ovócito, ocorre a divisão da segunda meiose, formando duas novas células: uma célula haploide com apenas 23 cromossomos, quase todo o citoplasma e o pronúcleo do esperma (óvulo) e outra célula haploide muito menor, o corpúsculo polar, que logo sofre apoptose. No óvulo, o DNA então é replicado nos dois pronúcleos separadamente, provenientes do oócito e do espermatozoide, portanto por um breve momento o zigoto é tetraploide (4n). Após aproximadamente 30 horas após a fecundação, há a fusão dos pronúcleos e a primeira clivagem produz duas células diploides (2n), chamadas blastômeros.
Entre a fecundação e a nidação, o embrião é considerado um concepto pré-implantado.
Logo após o término da fecundação, o concepto se desloca ao longo do útero enquanto continua realizando clivagens. Após quatro divisões, o concepto consiste de 16 blastômeros e é denominado mórula. Através dos processos de compactação, divisão celular e blastulação, no quinto dia de desenvolvimento, o concepto toma a forma de um blastocisto, assim que se aproxima do ponto de nidação. Quando o blastocisto se separa da zona pelúcida, ele pode ser implantado no endométrio uterino e iniciar o desenvolvimento embrional.
Por meio de experimentos no zigoto com edição CRISPR/Cas9, há a possibilidade de cura de doenças herdades geneticamente.
Plantas
Nas plantas verdes, o zigoto pode apresentar poliploidia se a fertilização ocorrer entre gametas não reduzidos meioticamente. Ele é formado em uma câmara chamada de arquegônio. Nas plantas que não produzem sementes (lato sensu pteridófitas), o arquegônio normalmente possui o formato de um balão de vidro, com um longo tubo oco, pelo qual o gameta masculino entra. O zigoto então realiza suas clivagens e cresce dentro do arquegônio.
O zigoto vai dar origem ao esporófito, o estágio que produz esporos; a germinação desses esporos dá origem ao gametófito, capaz de produzir os gâmetas haploides. Nas espermatófitas, o zigoto primeiro se transforma num embrião que se encontra dentro da semente, enquanto nas pteridófitas, o zigoto se desenvolve diretamente na planta adulta.
Fungos
Nos fungos, ocorre o processo de cariogamia, no qual a fusão dos núcleos de dois gametas sexualmente compatíveis dá origem a um zigósporo, que produz uma nova hifa cujos núcleos poderão então, dependendo do ciclo de vida da espécie, sofrer mitose ou meiose para gerar esporos capazes de se desenvolver em novos indivíduos.
Quando submetidas a estresse ambiental, como a privação de nitrogênio, no caso de Chlamydomonas, as células são induzidas a formar gametas.
Unicelulares
No protista Plasmodium vivax, uma de suas formas infecciosas é chamada de merozoito, cujas células podem gerar gametas após meiose. As formas sexuais (macrogametas e microgametas) são aspiradas por novo mosquito Anopheles ao picar um ser humano infectado. No intestino do mosquito o microgameta sofre exflagelação e funde-se com o macrogameta, gerando um zigoto. Este diferencia-se em oocineto, uma forma móvel, que atravessa a parede do estômago e se aloja na membrana basal diferenciando-se em oocisto e desenvolvendo-se em esporozoítos, estourando o oocisto e migrando para as glândulas salivares do inseto, de onde invadem um novo hospedeiro humano. Podem exisitir muitos oocisto no estômago do Anopheles, mas os danos causados a parede do estômago quando os oocistos eclodem não parecem ter efeito negativo na longevidade do mosquito.
Bibliografia
GILBERT, S. Developmental biology 11ª edição; ed. Sunderland, Massachusetts: [s.n.] ISBN 9781605354705. OCLC 945169933
COBB, M. An Amazing 10 Years: The Discovery of Egg and Sperm in the 17th Century. Reproduction in Domestic Animals (em inglês). 47: 2–6. ISSN 1439-0531
Embriologia |
Plexo, rede ou entrecruzamento imbicado, especialmente de veias ou nervos(fibras nervosas).
Sistema circulatório
São plexos do sistema circulatório:
plexo coróide
Sistema nervoso
São plexos do sistema nervoso:
plexo braquial
plexo cardíaco
plexo cervical
plexo lombar
plexo solar
plexo esofágico
Anatomia |
Processo (do latim procedere) é um termo que indica a ação de avançar, ir para frente (pro+cedere) e é um conjunto sequencial e particular de ações com objetivo comum. Pode ter os mais variados propósitos: criar, inventar, projetar, transformar, produzir, controlar, manter e usar produtos ou sistemas.
Administração
Em administração de empresas, processo é a sequência de atividades realizadas na geração de resultados para o cliente, desde o início do pedido até a entrega do produto. De acordo com outro conceito mais moderno, que é multidisciplinar, é a sincronia entre insumos, atividades, infraestrutura e referências necessárias para adicionar valor para o ser humano.
Em gerenciamento de processos (também apelidado BPM), o processo de negócio é uma sequência de tarefas (ou atividades) que ao serem executadas transformam insumos em um resultado com valor agregado. A execução do processo de negócio consome recursos materiais e/ou humanos para agregar valor ao resultado do processo. Insumos são matérias-primas, produtos ou serviços vindos de fornecedores internos ou externos que alimentam o processo. Os resultados são produtos ou serviços que vão ao encontro das necessidades de clientes internos ou externos.
Dada a similaridade das suas composições, "Função de Negócio" e "Processo de Negócio" são conceitos que frequentemente suscitam dúvidas entre as pessoas interessadas em formar um melhor entendimento a respeito dos elementos de uma arquitetura de negócios. Ambos são "coisas que a empresa faz", no entanto, os processos são transfuncionais (ou horizontais), já que atravessam diversas barreiras funcionais enquanto que as funções, que em conjunto contribuem para a missão da empresa, são verticais (ex.: contabilidade, vendas, logística).
Em gerência de operações, é a sequência de passos, tarefas e atividades que convertem entradas de fornecedores em uma saída. Exemplos de processos incluem a formação, preparação, tratamento ou melhora de materiais em suas características físicas ou químicas, resultando na sua transformação.
Noutros campos de conhecimento
Em Direito, processo é um modo de proceder, necessário ao válido exercício do poder (do Estado). Processo judicial é o instrumento pelo qual se opera a jurisdição, cujos objetivos são eliminar conflitos e fazer justiça por meio da aplicação da Lei ao caso concreto. O processo no direito é necessariamente formal, com o objetivo de se buscar a imparcialidade, legalidade e isonomia na consecução das atribuições do Estado. A formalidade do processo também atua como barreira à busca de interesses individuais e à prática de arbitrariedades por aqueles que estão no Poder.
O Estado utiliza o processo em todos as suas atividades, em quaisquer dos poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, para a consecução de fins variados. Desta forma, existe o processo administrativo, o processo legislativo, e o mais comum, o processo judicial.
Em anatomia chamam-se processos às saliências ou protuberâncias naturais que órgãos, como os ossos), apresentam nos organismos.
Em psicologia, processo é o desempenho de uma atividade cognitiva composta: uma operação que afeta o conteúdo mental; "o processo do pensamento"; "o processo cognitivo da memória".
Em Engenharia de Alimentos, processo é o conjunto de atividades ou operações industriais que modificam as propriedades das matérias-primas com o propósito de obter produtos que atendam as necessidades da sociedade.
Ver também
Arquitetura de processos
Processo administrativo
Processo judicial
Processo civil
Processo penal
Processo legislativo
Qualidade
Sistemas
Gestão de processos |
A mesoderme é um folheto embrionário que se forma na terceira semana de gestação, após a gastrulação, durante a neurulação no embrião dos animais triploblásticos, como os vertebrados. Situado entre a endoderme e a ectoderme, envolve uma cavidade com líquido chamada celoma que forma parte do sistema digestivo. Dá origem ao mesênquima e aos somitos.
Diferenciação
A mesoderme faz diferenciação celular originando:
Mesênquima:
Sistema urinário (inclusive os rins);
Sistema reprodutor;
Músculos lisos e estriados;
Tecido conectivo.
Somitos:
Ossos,
Cartilagem,
Músculos lisos e estriados,
Medula óssea,
Sistema circulatório (inclusive coração).
Cordomesoderme:
Notocorda (será substituída posteriormente pela coluna vertebral) A notocorda forma o núcleo pulposo das vértebras.
Outros:
Mesotélio (dá origem ao revestimento seroso de diversos órgãos)
Baço (órgão que no feto faz eritropoiese e no adulto faz hemocatarese e é parte do sistema imunológico)
Sub-tipos
Durante a fase de neurulação, a mesoderme pode ser sub-divida em quatro áreas:
Mesoderme paraxial: desenvolve-se ao longo do eixo do embrião, formando somitos à volta do notocórdio e ao tubo neural (durante a fase denominada nêurula). Esses somitos dão origem ao esqueleto axial e músculos e tecidos conectivos do esqueleto central.
Mesoderme axial: Dá origem a notocorda.
Mesoderme intermédia: dará origem ao sistema urogenital.
Mesoderme lateral: divide-se em duas placas: a placa somática (parietal) e a placa esplâncnica (visceral) e, entre as duas, o celoma (nos animais celomados).
Somática: dá origem a ossos, ligamentos, tecido conectivo e vasos sanguíneos dos membros.
Esplâncnica: dá origem a coração, vasos sanguíneos e musculatura lisa dos pulmões e sistema digestivo.
Celoma: dá origem às cavidades do corpo (pleural, pericárdica e peritoneal)
Ver também
Ectoderme
Endoderme
Indução da Mesoderme
Ligações externas
North Carolina State University – Embryonesis
Embriologia |
ou "Casa do Crescimento", sendo Seicho a palavra para crescimento com o significado aplicado à frase: "a criança cresceu e se tornou um adulto" em português é uma nova religião de origem japonesa (Shinshūkyō) fundada em 1930 e que se faz presente em todo o mundo. A instituição religiosa se caracteriza pelo não-sectarismo, pelo estímulo ao aperfeiçomento e pelo cuidado ambiental. A partir de dados apresentados em 31 de dezembro de 2014, a instituição religiosa alega que possui cerca de 1.511.859 membros em todo o mundo, sendo cerca de 521.100 aqueles que vivem no Japão.
História
A nova religião japonesa foi fundada em 1 de março de 1930 (5º ano da Era Showa) por Masaharu Taniguchi (谷口 雅 春) (Kobe, 22 de Novembro de 1893 - Nagasaki, 17 de Junho de 1985), um proeminente escritor japonês simpático ao Novo Pensamento Americano. Desde o ano de 1929, Taniguchi alegou receber revelações feitas pela deidade xintoísta Suminoe-no-Ôkami, também conhecido por Shiotsuchi-no-Kami, Sumiyoshi, Seicho-no-Ie Ôkami ou simplesmente Deus. A religião se apresentava como a essência de todas as religiões e prometia a cura dos males psicológicos e físicos através do pensamento otimista e da crença no Jissô (Imagem Verdadeira, em português), a verdadeira realidade do Universo e dos sujeitos. Seu principal veículo de divulgação era um periódico com o mesmo nome da instituição.
Antes de fundar a nova religião, Masaharu Taniguchi foi membro e escritor da Omotô (Grande Fonte ou Grande Origem em português), uma nova religião japonesa surgida no século XIX e, por um breve período de tempo, da Ittoen, conforme argumenta Birgit Staemler. Diferente de outros fundadores de novos movimentos religiosos no Japão, Taniguchi tinha formação intelectual privilegiada e contato com a cultura ocidental, chegando, inclusive, a iniciar um curso superior na Universidade de Waseda. O curso não foi concluído pela falta de suporte familiar de sua tia adotiva.
Taniguchi também se interessava pela psicologia e por outras formas de conhecimento heterodoxos e pseudo-científicos que discutiam o lugar da mente na vida dos indivíduos, como é possível verificar em inúmeras publicações que se dedicam ao lugar da mente na vida e no destino dos sujeitos. Além disso, Taniguchi foi profundamente influenciado pelo Novo Pensamento Americano a partir da obra Law of Mind in Action, de Fenwick Holmes. Segundo Jonh S. Haller Jr, a Seicho-no-Ie é provavelmente a maior denominação vinculada no Novo Pensamento Americano em todo o mundo.
Em 1932, o fundador deu início a sua principal obra doutrinária, a coleção de 40 volumes intitulada Seimei no Jissō (生命の實相, A verdade da Vida, em português). No ano de 1941, a instituição foi reconhecida como uma religião pelo governo Imperial. É importante lembrar que naquele contexto inexistia liberdade religiosa no Japão em virtude da natureza teocrática do Xintoísmo de Estado que regulava o campo religioso.
Segundo H.N. McFarland, Takashi Meayama e Leila Bastos Albuquerque, a Seicho-no-Ie estava alinhada à ideologia nacionalista conhecida por Kokutai(Comunidade nacional, em tradução livre), que vigorou no Japão até a derrota em 1945, o que garantiu à instituição um destino melhor do que aquele enfrentado por outros grupos que contrariaram o poder. O fundador esposou a ideia da origem divina do Japão e do Crisântemo, o que naquela época legitimava o imperialismo nipônico. Segundo pronunciamento da Seicho-no-Ie, depois da derrota em 1945 Taniguchi experimentou novas revelações divinas que apontaram seus equívocos na interpretação do Kojiki (Crônica das Coisas Antigas, em português), obra mitológica japonesa que orientava o Xintoísmo de Estado.
Taniguchi enfrentou alguns problemas para reestruturar seu grupo religioso no país sob a nova constituição, o que certamente aconteceu em virtude de seu engajamento ideológico durante a guerra no Pacífico, responsável por macular a imagem do movimento religioso. A regularidade das atividades religiosas foi retomada em 1949. A despeito do fim do Xintoísmo de Estado, Taniguchi cultivou traços da ideologia nacionalista, o que estimulou o ingresso de seus seguidores na esfera política através do Yuseihogoho kaihai kisei domei (Liga para a abolição da lei de proteção à eugenia), criado em 1967. Em 1969, esse grupo passou a se chamar Seicho-no-ie seiji-rengo-kokkai-gi'in-renmei (A união política da Seicho-no-Ie e membros da Dieta), cuja sigla era Seiseiren. Além de combater o aborto, defendiam o ideal da família tradicional japonesa a partir do arquétipo imperial. Masaharu Taniguchi criticava a nova constituição japonesa (1947) e por isso evocava a necessidade do reavivamento do culto ao Imperador e a importância dos valores patrióticos. Algumas dessas ideias foram publicadas em língua portuguesa nos primeiros números do periódico Acendedor, publicado pela filial brasileira da Seicho-no-Ie durante a segunda metade da década de 1960, contexto da ditadura civil-militar. A participação política da instituição religiosa cessou em 1983. Contudo, os conteúdos nacionalistas antigos ofertam em nossos dias parte do suporte ideológico do grupo conhecido Nippon Kaigi (Conferência do Japão), cujo anelo é a restauração das tradições japonesas anteriores à derrota de 1945.[8] Na atualidade, a Seicho-no-Ie preserva mais elementos patrióticos que outras novas religiões japonesas, entre eles o hino nacional.
O movimento passou a existir oficialmente fora do Japão no início da década de 1960. Entretanto, focos religiosos já existiam nas décadas anteriores por vontade dos imigrantes japoneses que buscam na nova religião um meio de exercer sua identidade étnica nos países receptores. A visita de Masaharu Taniguchi ao Canadá, EUA e, em especial ao Brasil, país onde Taniguchi passou três meses em 1963, foi o marco da internacionalização da religião. Hoje, a maior parte dos adeptos do novo movimento religioso japonês vivem no Brasil e por volta de 95% deles, pelo menos no Brasil, não têm descendência nipônica.
Os líderes que sucederam Masaharu Taniguchi, Seicho e Masanobu Taniguchi, respectivamente genro e neto do fundador, ampliaram o esforço de acomodação da religião às demandas planetárias contemporâneas. Assim como o fundador, seus sucessores realizaram viagens pelo mundo e principalmente para o Brasil. Atualmente, o Supremo Presidente Masanobu Taniguchi compatibiliza os conteúdos ético-religiosos da Seicho-no-Ie ao combate do fundamentalismo, à promoção dos direitos humanos e, principalmente, à defesa do meio ambiente. A "virada ecológica" garantiu à instituição o selo ISO 14001 geralmente atribuído a empresas que promovem a sustentabilidade assim como inspirou a publicação em 2012 do livreto Daishizen Sanka, publicado no Brasil em 2014 com o título Canto em Louvor à Natureza. Ainda em 2014, a obra foi publicada em língua inglesa com o título Song in Praise of Nature.
Cisões
O grupo religioso experimentou cisões nos últimos anos em virtude de esforços da instituição em acomodar seus conteúdos à cultura contemporânea. As cisões também estão relacionadas a inclusão de temas mais amplos, sociais e ambientais, pelo atual presidente mundial da Seicho-no-Ie. O atual presidente é acusado pelos dissidentes de tentar ocupar o lugar espiritual de seu avô e fundador da instituição religiosa. O propósito dos grupos que romperam com a instituição religiosa é o retorno às origens do movimento, com ênfase na dimensão patriótica da espiritualidade de Taniguchi.
A instituição Taniguchi Masaharu Sensei o Manabu Kai (Associação Para o Estudo Sobre o Mestre Masaharu Taniguchi) representa o esforço em preservar a integridade do ensinamento original revelado por Masaharu Taniguchi. Além do uso de palavras em língua japonesa, preservando a força da vibração espiritual original, segundo acreditam, os adeptos da cisão religiosa mantém intacta a revelação a respeito do Trono Japonês (Jissô do Imperador) e do lugar espiritual do Japão (Jissô do Japão). Ressalte-se que tais conteúdos estão presentes nas publicações de Mestre Masaharu Taniguchi, como é o caso do capítulo primeiro do décimo sexto volume da obra "A Verdade de Vida" editado antes do fim da II Guerra Mundial, em 1945. No Brasil, Osvaldo Murahara, ex-integrante da liderança da Seicho-no-Ie, é o principal divulgador da Manabu Kai.
Segundo acreditam, o movimento foi fundado para manter a integridade da obra de Taniguchi. Como em outros grupos sectários, compreendem que o caminho original traçado pelo fundador foi adulterado pela liderança contemporânea da instituição, em especial por conta da adesão à questão ecológica. Afirmam que a Manabu Kai detém a posse dos direitos autorais da coleção "A Verdade da Vida", "A Verdade" e das "Sutras Sagradas". Em sua prática diária, o grupo mantém diversos termos em japonês por entenderem que que é impossível traduzi-los sem prejuízos. Pelo mesmo motivo, entoam o Canto Evocativo de Deus na língua japonesa. Acreditam que a língua japonesa favorece o acesso ao sagrado e por isso as traduções não alcançam o sentido profundo da espiritualidade japonesa. Acrescenta-se ainda que a Manabu Kai se debruça sobre o Kojiki (Crônica das Coisas Antigas), texto mítico-religioso compilado a partir da tradução oral no século VIII da Era Comum, razão pela qual até nossos dias os dissidentes veneram o Imperador (Jissô do Imperador) e o Japão (Jissô do Japão). Com efeito, enfatizam o Japão enquanto axis mundi espiritual, razão pela qual discordam de qualquer expediente tradutor, tanto do ponto de vista da língua como da cultura religiosa.Sabe-se que membros do Manuabi kai participam do grupo nacionalista Nippon Kaigi (Conferência do Japão, em tradução livre).
Outro grupo dissidente é o Tokimitsuru-Kai, liderado no Japão por Kiyoshi Miyazawa, marido de uma neta de Masaharu Taniguchi e cunhado de Masanobu Taniguchi. Em agosto de 2015, o grupo Seicho-no-Ie Templo Sumiyoshi publica seu texto de fundação no Brasil. No site em língua portuguesa, encontramos sua filiação doutrinária com o Tokimitsuru-Kai do Japão.
Por enfatizarem uma ideia essencialista sobre a religião japonesa, a doutrina defendida pelos grupos dissidentes está em afinidade com a ideologia nacionalista conhecida por nihonjinron (Teoria da niponicidade, em tradução livre) que, grosso modo, sugere a existência de uma essência cultural e identitária japonesa historicamente homogênea e imune aos efeitos do tempo. Nesses termos, acreditam que o retorno à essência sagrada implica o acesso à sua manifestação mais pura e original cuja fonte espiritual é o Japão, o centro para onde todas as coisas convergem.
Os dissidentes alegam que a nova sede da religião, o Escritório da Floresta, inaugurado em julho de 2013 na cidade de Hakuto,Província de Yamanashi, corporifica a mudança em relação ao conteúdo original do mestre fundador. A nova sede, cercada por uma ampla área florestal e erigido a partir do pensamento sustentável da Ecologia Profunda, substituiu a sede original fundada por Masaharu Taniguchi em Tóquio.
Composição Doutrinária
Como vários outros novos movimentos religiosos, a Seicho-no-Ie bricola elementos de religiões diversas, em especial do cristianismo, do budismo e do xintoísmo, três grandes religiões presentes ao longo da história do Japão. Seus preceitos morais são enraizados em princípios familistas e organicistas provenientes do confucionismo. Desde o início, as revelações de Masaharu Taniguchi apontam para a essência comum de todos os credos, uma espécie de perenialismo religioso que certamente chegou até Taniguchi pela influência da doutrina da Ômoto. Apesar disso, a nova religião é vinculada principalmente ao Xintoísmo. Assinala-se, contudo, que ao longo da história religiosa japonesa o budismo, o xintoísmo e confucionismo não foram experimentados como tradições distintas, mas complementares, como afirmam Joseph M. Kitagawa e Robert Ellwood
A divindade cultuada pela Seicho-no-Ie é representada como a fonte de toda a vida. Ela se manifesta em vários avatares ao longo da história, entre eles Sumiyoshi, também conhecido por Shiotsuchi-no-Kami, OkuniNushi-no-Mikoto, Amaterazu, Jizô Bosatsu, Kanzeon Bosatsu, personagens das narrativas religiosas xintoístas e budistas. Takashi Maeyama afirma que a Grande Vida, isto é, Deus, foi associado pela Seicho-no-Ie a Ame-no-Minaka-Nushi-no-Kami, a deidade primordial do Kojiki. Essa divindade também é objeto de culto de outras novas religiões japonesas.
O ponto chave da doutrina religiosa é a crença no Jissô (実 相), traduzido como Imagem Verdadeira. O Jissô é a natureza divina eterna cujas qualidades são a abundância, a perfeição e a não transitoriedade. Em virtude disso, a doutrina de Taniguchi afirma que mundo transitório dos fenômenos não tem dignidade ontológica.Segundo o fundador, foi-lhe revelado a seguinte verdade: “Matéria não existe, o corpo não existe, nem existe alma, o único que existe é Jissô. Jissô é Deus. Apenas Deus existe. O espírito de Deus e sua manifestação é a única realidade. Isso é Jissô".
Os conteúdos doutrinários da Seicho-no-Ie são expressos de forma prática e em linguagem simples, sendo comum o esforço para validá-los a parte do diálogo com a psicanalise, a psicologia e outras ciências. Essa aproximação com outras formas de apreensão da realidade influencia a autoimagem da instituição e de seus adeptos que entendem que a doutrina em questão é também uma filosofia de vida e uma ciência. Essa postura é compartilhada por várias espiritualidades contemporâneas que acreditam na compatibilidade entre religião e ciências.
O Jissô é a grande vida divina (daiseimei, em japonês) que nutre e sustenta toda a existência. A realização espiritual do adepto consiste em alcançar a consciência do Jissô que constitui seu eu interior, os próximos e a vida em sua totalidade. Ser "filho de Deus" para a Seicho-no-Ie significa partilhar da essência divina incorrupta e eterna.
Através da técnica meditativa Shinsokan, de entoações que evocam a verdadeira natureza das coisas e da disposição otimista através do pensamento e da palavra os sujeitos harmonizam sua existência com o Jissô e acessam o sagrado em seu íntimo, o que lhes permite a conexão harmoniosa com a totalidade da vida. A despeito de sua conexão com o cristianismo, a Seicho-no-Ie acredita que o homem não é pecador já que, enquanto filho de Deus e consubstancial a ele, sua real natureza é impoluta. A ideia de pecado, assim como as doenças e mesmo a pobreza são concebidos como produtos da projeção ilusória que constitui o que se chama de "mundo fenomênico" . Sua dissipação acontece com a mudança da consciência em relação ao Jissô dos Filhos de Deus.
Além do despertar da consciência para o Jissô, a Seicho-no-Ie acredita que a reverência aos antepassados é fundamental para a harmonia pessoal. Os antepassados são as raízes do tronco familiar e não reverenciá-los implica trazer sobre si insucessos. Por essa razão, os adeptos do movimento têm em casa pequenos altares particulares do tipo butsudan onde se encontram placas com os nomes dos familiares.
Em virtude da ênfase no que chamam de Lei Mental, os adeptos da Seicho-no-Ie adotam o pensamento otimista como meio de harmonizar-se com o Jissô e manifestar no mundo fenomênico a perfeição da Grande Vida. Acreditam que a mente comanda a experiência humana e por isso a consciência de sermos filhos de Deus implica uma vida de realizações. É nessa lei que se assenta a disposição otimista da nova religião em algumas das nuance do Novo Pensamento do qual ela se originou. Por esse motivo, as publicações e preleções da Seicho-no-Ie focam em declarações otimistas a respeito da condição humana.
Outra doutrina que se destaca é o princípio de que "todas as coisas convergem para o centro". Essa doutrina estabelece uma ética da harmonização entre as partes que constituem o todo do universo. O "centro" é o próprio Jissô, a essência divina do Universo ou Deus que também nos constitui.
Nos últimos anos, sobretudo desde a ascensão de Masanobu Taniguchi ao posto de Supremo Presidente Mundial no ano de 2009, a Seicho-no-Ie tem se dedicado à enfatizar a ecologia em sua doutrina religiosa. Essa disposição sugere que a Imagem Verdadeira, enquanto totalidade da vida, inclui também a natureza. A sacralização da natureza está assentada na cosmologia da unidade entre Deus, humanidade e natureza. A aproximação com a ecologia foi possível em virtude da apropriação religiosa de princípios da Ecologia Profunda e da Teoria de Gaia com os quais Masanobu Taniguchi está familiarizado. Nesse sentido, a Seicho-no-Ie assume, na contemporaneidade, uma identidade ecoespiritual.
O atual presidente também empreende esforços em adaptar os conteúdos à tradição religiosa do público alvo dos países onde o movimento se desenvolveu. É por esse motivo que no Brasil o que antes era chamado de "culto aos antepassados" foi renomeado "reverência aos antepassados", o que aproxima a nova religião da sensibilidade religiosa cristã, sobretudo Católica.
Práticas e meios de divulgação
Aqueles que praticam os ensinamentos da Seicho-No-Ie aprendem a reconhecer sua verdadeira natureza de filho de Deus. Acreditam que em virtude dessa consciência do divino interior sua realidade diária é transformada: reconciliação de lares em desarmonia, exteriorização de grandes talentos, êxito profissional, solução de problemas econômicos e amorosos, etc.
Em linhas bastante gerais, as principais práticas da Seicho-no-Ie dizem respeito a:
Evocação do Jissô através do Canto Evocativo de Deus;
Cerimônia de Culto aos Antepassados;
Cerimônia de Purificação da Mente
Meditação Shinsokan;
Oração para a manifestação da "Forma Humana".
Essas práticas são desenvolvidas nos encontros semanais da instituição, nas conferências, nos eventos de treinamento das academias religiosas e na cerimônia anual realizada no santuário de Hoozo que, no Brasil, faz parte do complexo da Acadêmia de Treinamento Espiritual de Ibiúna, em São Paulo. Algumas dessas práticas, sobretudo a meditação Shinsokan, também são realizadas de forma privada e diária pelos indivíduos. Outras acadêmias de treinamento estão distribuída em algumas cidades brasileiras e ao redor do mundo. Geralmente, elas servem para encontros em que acontecem práticas, preleções e aperfeiçoamento doutrinário.
Merecem destaque ainda os vários congressos e seminários, dentre eles o Seminário de Luz.
Atualmente, a Seicho-no-Ie divulga sua doutrina por meio de livros doutrinários, entre eles a coleção de quarenta volumes A Verdade da Vida, e de publicações periódicas destinadas a públicos específicos que constituem as Associações internas da instituição. São elas:
Revista Fonte de Luz, conhecida anteriormente no Brasil por Acendedor;
Revista Mulher Feliz, conhecida anteriormente por "Pomba Branca";
Revista Mundo Ideal;
Revista Querubim;
Jornal Circulo de Harmonia.
Acrescenta-se ainda o uso das redes sociais, páginas oficiais na internet, blogs de preletores, vídeos no Youtube e a participação no programa caritativo Teleton, exibido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT).
Organização interna
A sede mundial da Seicho-no-Ie se localiza hoje no Escritório na Floresta, localizado na cidade de Hokuto, Província de Yamanashi, cidade de cerca de 45 mil habitantes localizada a cerca de 125 km de Tóquio, onde se encontra a antiga sede fundada por Masaharu Taniguchi.
A instituição possui uma administração centralizada pela sede japonesa, a despeito da disposição de suas lideranças em estabelecer meios de atuação religiosa em diálogo com as culturas nacionais que receberam a nova religião. A centralização pode ser sentida principalmente no esforço institucional de controle sobre as publicações religiosas e no estabelecimento da forma correta de conduzir as práticas diárias.
Aqueles que se vinculam mais profundamente à Seicho-no-Ie se tornam contribuintes da "Missão Sagrada" de divulgação iniciada por Masaharu Taniguchi. Através de contribuições financeiras e também da doação de trabalho, os sujeitos ampliam seu envolvimento como grupo e deixam de ser apenas simpatizantes para se tornarem membros efetivos. Os mais engajadas e imbuídos da vontade de aprender e divulgar, se tornam Preletores.
A instituição está presente em vários países do mundo, como EUA, Canadá, Brasil, Peru, Austrália, Angola, Espanha, etc. No Brasil, existem sedes em praticamente todos os estados e sua sede central se localiza no bairro do Jabaquara, na Cidade de São Paulo (SP). A Seicho-no-Ie é constituída por Associações voltadas a públicos específicos. O conjunto delas dá origem a núcleos onde são realizadas reuniões religiosas, cerimônias e palestras. Por ser um movimento criado por um leigo, isto é, um sujeito que não era sacerdote de uma religião estabelecida, a Seicho-no-Ie não possui um corpo sacerdotal. Seus principais agentes de doutrinação são os Preletores que, grosso modo, são selecionados entre aqueles que se dedicam ao aprofundamento doutrinário através de cursos de formação. O grau de formação dos preletores varia de acordo com o esforço individual ao longo de módulos de estudo e de avaliações. Há, portanto, Preletor Aspirante, Preletor Júnior, Preletor Sênior e Preletor Master. É possível alcançar um novo status quando o sujeito se dedica à condição de preletor internacional. Outros agentes religiosos do grupo são os divulgadores que, no geral, são pessoas com alguma experiência na doutrina e que assumem o compromisso de aquisição mensal de revistas com o fito de distribui-las.
Missão da Tocha Sagrada
Masaharu Taniguchi, fundador do movimento da Seicho-no-Ie, foi presidente da instituição até o ano de seu falecimento, em 1985. O sucessor foi Seicho Taniguchi (nascido como Seicho Arashi), genro de Masaharu, para o qual foi delegada a Missão da Tocha Sagrada, o símbolo da liderança do movimento da iluminação mundial proposta pela instituição. Seicho Taniguchi permaneceu até 2008, ano de seu falecimento. Desde então, seu filho Masanobu Taniguchi é o presidente atual da Seicho-no-Ie. O ideal da Tocha Sagrada expressa o entendimento de que a nova religião japonesa levará a luz para o mundo a partir da doutrina que bricola elementos de várias tradições.
Normas Fundamentais dos Praticantes da Seicho-No-Ie
1ª Agradecer a todas as coisas do Universo;
2ª Conservar sempre o sentimento natural;
3ª Manifestar o amor em todos os atos;
4ª Ser atencioso para com todas as pessoas, coisas e fatos;
5ª Ver sempre as partes positivas das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas partes negativas;
6ª Anular totalmente o ego;
7ª Fazer da vida humana uma vida divina e avançar crendo sempre na vitória infalível;
8ª Iluminar a mente, praticando a Meditação Shinsokan todos os dias, sem falta.
Ligações externas
Filosofia oriental
Religiões sincréticas
Novos movimentos religiosos |
Soka Gakkai é uma associação shin-shûkyô (nova-religião) composta por doze milhões de pessoas no mundo inteiro. Tem, como base, o pensamento do monge japonês Nichiren (1222-1282) e, como prática principal, o Daimoku, que consiste na recitação do mantra "Nam-Myoho-Rengue-Kyo". Seu livro fundamental é o Sutra do Lótus.
História
Em 1903, aos 32 anos de idade, Tsunesaburo Makiguchi publicou, pouco antes da Guerra Russo-Japonesa, a obra "Geografia da Vida Humana". A mentalidade da sociedade japonesa da época pode ser simbolizada pela atitude de sete famosos acadêmicos do Japão, da Universidade Imperial de Tóquio, que fizeram uma petição ao Governo para que endurecesse sua postura com a Rússia, inflamando ainda mais a população à guerra. Já Makiguti, um professor desconhecido, enfocava a comunidade local, mas com a consciência da cidadania global.
Aos 42 anos, Makiguchi foi nomeado diretor de uma escola primária em Tóquio e, durante os vinte anos seguintes, desenvolveu algumas das mais notáveis escolas públicas de Tóquio.
Uma das maiores influências no pensamento de Makiguti foi o filósofo americano John Dewey, em cuja filosofia se baseou para criar uma mudança no sistema educacional japonês. Um franco defensor da reforma educacional, Makiguti encontrava-se sob constante vigilância e pressão das autoridades.
Em 1928, aos 57 anos, Makiguchi conheceu o budismo e sentiu que havia encontrado, nessa filosofia, os meios pelos quais poderia concretizar os ideais que buscara durante toda a vida — um movimento pela reforma social por meio da educação. Em 18 de novembro de 1930, Makiguchi e seu discípulo e também professor, Jossei Toda, publicaram o primeiro volume do livro "Sistema Pedagógico de Criação de Valores" (Soka Kyoikugaku Taikei). Eles decidiram chamar a editora de Soka Kyoiku Gakkai ("Sociedade Educacional de Criação de Valores") e formaram um grupo para empreender atividades educacionais e religiosas, o qual foi a instituição precursora da Soka Gakkai.
Makiguti pretendia publicar doze volumes da obra. O primeiro foi lançado em 1930. O segundo, em 1931, o terceiro em 1932 e o quarto, em 1934. Os oito volumes seguintes jamais foram publicados. Dez anos se passaram desde o lançamento do quarto volume até o falecimento de Makiguti na prisão em 1944. A visão de Makiguti passou por uma grande mudança nesse período por ter se convertido ao budismo de Nitiren Daishonin. Seu interesse por essa filosofia era tão grande que ele passou a se dedicar totalmente às atividades da Soka Gakkai. Ele via nela a possibilidade de propagar seus ideais humanísticos em prol da educação.
Em 1935, o estatuto da Sociedade Educacional de Criação de Valores ficou pronto. O artigo 1º estabelecia o seu nome e o artigo 2º estipulava que seus objetivos estavam voltados para as pesquisas relacionadas à criação de valores, ao desenvolvimento de professores altamente capacitados e à reforma do sistema educacional do país. Em julho de 1936, o primeiro dos seminários foi promovido pelo grupo no alojamento Rikyobo, no Taissekiji. Em 1937, Makiguti, Toda e mais de cinquenta pessoas realizaram uma cerimônia no Auditório Meikei de Tóquio, marcando um novo início para a organização, e assim instituindo oficialmente a Soka Kyoiku Gakkai. Iniciou-se também um grande movimento de propagação do Budismo Nitiren com a realização de reuniões de palestra, que logo se tornou uma atividade tradicional da organização.
Em 1940, foi realizado um segundo encontro. A organização havia atingido o número de quinhentas famílias, sendo necessária uma revisão em seus regulamentos. Makiguchi foi nomeado presidente e Toda, diretor-geral. Nessa época, eclodiu a Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pelos nazistas. As tropas do Japão também avançavam, invadindo a China e a Coreia.
Observando o desenrolar dos acontecimentos, Makiguchi criticou abertamente a política do governo japonês de unificar todos os ensinos ao xintoísmo, religião oficial do governo.
Makiguti não se intimidou e isso resultou na prisão dele, de Toda e de vários líderes da organização, acusados de violarem a Lei da Preservação da Paz e de desrespeitar os santuários xintoístas. Devido à pressão, somente Makiguti e Toda mantiveram-se firmes e irredutíveis. Makiguti foi enviado à prisão de Sugamo e submetido a interrogatórios, sendo privado de todos os direitos, até de escolher seu próprio advogado, sofrendo diversos tipos de privações. Debilitado pela desnutrição, no dia 17 de novembro de 1944, Makiguti pediu aos carcereiros que o transferissem para o ambulatório da prisão, onde logo entrou em coma e faleceu por volta das seis horas da manhã do dia 18 de novembro de 1944, aos 73 anos de idade.
Após ser libertado da prisão, em 3 de julho de 1945, Josei Toda deu continuidade aos ideais de Makiguchi, reformulando e construindo a base da organização, que passou a se chamar Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores). Em 1948, durante uma reunião de palestra - principal atividade da organização onde se realizam diálogos de vida a vida e discussões sobre a aplicação do Budismo na vida diária, Josei Toda se encontra pela primeira vez com Daisaku Ikeda. Impressionado com os nobres ideais de Toda, suas respostas claras e convictas e sua visão de um modo correto de se viver, Daisaku decide tornar-se seu discípulo, acompanhando-o em todos os empreendimentos delineados para a propagação do Budismo de Nitiren Daishonin.
Jossei Toda assume como presidente da Soka Gakkai em 3 de maio de 1951, quando lançou, como objetivo de sua vida, a expansão do budismo de Nichiren Daishonin para 750 mil famílias. Na ocasião, a organização contava com apenas 3 mil famílias e muitos dos presentes acharam que este objetivo nunca seria alcançado.
Ele passa a viver num ritmo alucinante a fim de reconstruir a Soka Gakkai. Edificou organizações de base, realizou reuniões de palestra por todas as partes do Japão, orientou os membros sobre diversos assuntos, fez visitas às famílias e fundou as Divisões Feminina, Feminina de Jovens e Masculina de Jovens.
Ainda no ano de 1951, visando a comemorar os setecentos anos do estabelecimento do Verdadeiro Budismo, Toda anunciou o projeto de publicação da coletânea completa das escrituras de Nitiren Daishonin (Gosho Zenshu). Com o auxílio de seu discípulo, Daisaku Ikeda, a obra foi lançada em 28 de abril de 1952.
Em 1957, o número de associados ultrapassou 765 mil famílias. No dia 8 de setembro daquele ano, foi realizado um festival esportivo pela Divisão dos Jovens denominado "Festival da Juventude". Nessa ocasião, Jossei Toda proferiu sua famosa "Declaração pela Abolição das Armas Nucleares" para as 50 000 pessoas presentes no Estádio Esportivo de Mitsuzawa e a deixou como principal testamento para os jovens.
Em 16 de março de 1958, Jossei Toda liderou, pela última vez, uma atividade. Essa data ficou conhecida como o "Dia do Kosen-rufu", ocasião da transmissão da tarefa de realizar a paz mundial à Divisão dos Jovens, mais precisamente a Daisaku Ikeda.
Duas semanas depois, no dia 2 de abril de 1958, Josei Toda encerrou sua nobre existência aos 58 anos de idade, após concluir todos os seus empreendimentos. Seu tumulo se encontra no Templo Principal da Nichiren Shoshu Taiseki-Ji ao lado da Torre de Cinco Andares denominada Gojunoto, conforme foto ao lado.
Com o falecimento de Toda, alguns duvidavam que a Soka Gakkai sobrevivesse, mas a determinação e o empenho de Ikeda fez com que as dúvidas se dissipassem no coração dos companheiros, devolvendo-lhes esperança e dando novo impulso à organização.
Em 3 de maio de 1960, Daisaku Ikeda assumiu a terceira presidência da Soka Gakkai. A data simboliza a unicidade de mestre e discípulo e o espírito primordial do budismo Nichiren. Decidido a impulsionar o Kosen-rufu mundial, no mesmo ano ele parte para o exterior para estruturar a organização e estreitar os laços de amizade entre os povos — missão que vem sendo cumprida até hoje. Com o grande desenvolvimento em nível mundial da organização, foi fundada, no 26 de Janeiro de 1975, na Ilha de Guam, a Soka Gakkai Internacional. Desde então, o budismo de Nichiren Daishonin foi difundido para diversas culturas e países através das atividades da Soka Gakkai, estando hoje presente em 192 países e territórios, perfazendo cerca de 13 milhões de associados praticantes em todo o mundo (2009). Dos 192 países, somente em 70 países a Soka Gakkai é reconhecida oficialmente, seja por motivos religiosos ou por não haver uma estrutura de organização. Recentemente, a SGI-Portugal estruturou-se como organização religiosa, apesar de haver praticantes lá desde a década de 1980.
Além de dialogar com líderes mundiais (cerca de 1,7 mil personalidades), Daisaku Ikeda fundou diversas instituições como a Associação de Concertos Min-On, o sistema educacional Soka, o Museu de Arte Fuji de Tóquio, o Centro de Pesquisas Ecológicas da Amazônia (Cepeam), entre outros, empreendimentos estes reconhecidos em todo o mundo.
Soka Gakkai no Brasil
No Brasil, é representada pela Associação Brasil Soka Gakkai Internacional, geralmente chamada de BSGI. É uma organização de praticantes do budismo de Nichiren Daishonin e foi fundada em outubro de 1960.
A BSGI tem uma base de estrutura descentralizada. A menor fração da organização é o bloco, um conjunto de dois ou mais blocos geram uma comunidade, um conjunto de comunidades, um distrito, um conjunto de distritos, uma regional ou área, um conjunto de regionais ou áreas, uma região metropolitana (RM) ou região estadual (RE), um conjunto de RM/RE, uma subcoordenadoria. Subcoordenadorias formam uma coordenadoria. coordenadorias formam uma coordenadoria-geral
Atualmente, a BSGI tem três coordenadorias-gerais a saber:
CGESP (Coordenadoria Geral do Estado de São Paulo) - abrange o estado de São Paulo;
CGERJ (Coordenadoria Geral do Estado do Rio de Janeiro) - abrange o estado do Rio de Janeiro;
CGRE (Coordenadoria Geral das Regiões Estaduais) - cobre os demais estados do Brasil.
Existem, ainda, coordenadorias que não fazem parte desta estrutura, administrando outras situações específicas, como a Coordenadoria Educacional, que atua nas atividades ligadas a educação, e a Coordenadoria de Relacionamento Internacional, que administra os grupos de brasileiros que praticam em outros países, notadamente Japão, e que, devido principalmente à língua, têm dificuldade para se integrar com a SGI local.
Divisões
Os membros da BSGI estão divididos conforme o sexo, faixa etária e período escolar. O objetivo destas divisões é criar grupos onde existe um melhor entendimento das situações vividas. Também não são regras rígidas, havendo várias exceções de acordo com circunstâncias particulares. Um claro exemplo destas exceções é a Divisão dos Estudantes. Entre 14 e 17 anos, os jovens fazem parte tanto da Divisão dos Estudantes como das Divisões Masculina de Jovens e Feminina de Jovens. Nas atividades específicas de cada uma destas divisões, diferentes aspectos da vida são estudados e discutidos. As divisões que existem hoje na BSGI são:
DS (Divisão Sênior) - Homens com mais de 37 anos;
DF (Divisão Feminina) - Mulheres com filhos ou com mais de 37 anos;
DMJ (Divisão Masculina de Jovens) - Homens entre 14 e 35 anos;
DFJ (Divisão Feminina de Jovens) - Mulheres de qualquer estado civil e sem filhos, entre 14 e 37 anos;
DE (Divisão dos Estudantes) - Jovens entre 6 e 17 anos.
Atualmente, a missão de cada divisão é promover um aspecto da prática budista. A Divisão Sênior (DS) ficou responsável por promover o kofu, como é conhecido o sistema de arrecadação de contribuições utilizado pela BSGI. A Divisão Feminina (DF) ficou responsável pela divulgação do "Brasil Seikyo", principal periódico da organização, e a Divisão dos Jovens (DJ) pelas atividades de propagação e proselitismo, o chakubuku.
Centros Culturais e Sedes Regionais
Apesar de a maioria das reuniões da BSGI serem realizadas nas casas dos membros em comunidades espalhadas por todo o Brasil, existem locais onde podem se realizar reuniões com grupos maiores, que são as Sedes Regionais e os Centros Culturais. As Sedes Regionais são locais onde os membros da BSGI de uma determinada região se reúnem para realizar reuniões de palestra, reuniões por divisão, recitação de Daimoku (Daimoku-tosso), atividades comemorativas ou alusivas (Gongyokai) ou ainda apresentações artísticas. Existem também sedes regionais na maioria dos estados brasileiros, que podem ser imóveis próprios ou alugados. Os Centros Culturais são locais mais amplos, que podem abrigar de 150 a 500 pessoas, onde os membros da BSGI realizam grandes encontros a nível regional ou nacional.
Os principais são:
Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda da BSGI, está localizado próximo à Estação Vergueiro do Metrô de São Paulo, na Rua Tamandaré, 984, no bairro da Liberdade, em São Paulo;
Auditório da Paz, em São Paulo, inaugurado em 1984, antes denominado Auditório Presidente Ikeda, hoje faz parte do complexo Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda;
Sede Central da BSGI, em São Paulo, onde fica concentrada a parte administrativa da BSGI, localizado na mesma Rua Tamandaré, , no bairro da Liberdade, em São Paulo;
Sede Social da Divisão Feminina, localizada na rua do Centro Cultural Doutor Daisaku Ikeda e da Sede Central da BSGI. Este local foi a primeira Sede da BSGI;
Sede Social da Divisão dos Jovens da BSGI, localizada ao lado da Sede Social da Divisão Feminina, inaugurada em 1º de julho de 2012;
Sede Social Josho (Invencível e de Contínuas Vitórias), onde realizam-se casamentos e cerimônias;
Centro Cultural Campestre da BSGI, em Itapevi, São Paulo. Realizam-se Cursos de Aprimoramento (Capri) e Reuniões Nacionais de Dirigentes.
Além destes existem os Centros Culturais do Rio de Janeiro, Norte do Paraná, em Londrina, Ribeirão Preto, Belo Horizonte, Mogi das Cruzes, Angra dos Reis, Brasília, Pará, São José dos Campos e Campinas e os Centros Culturais Regionais da CCSP Norte e Sul, localizados nos bairros de Santana e Jabaquara. No dia 1º de junho de 2013, ocorreu a reunião de partida para construção de um Centro Cultural em Curitiba, Paraná. Está sendo construída no Japão, com previsão de inauguração para 18 de novembro de 2013, a nova Sede Central da Soka Gakkai do Japão, que foi denominada como Auditório do Grande Juramento pelo Kosen-rufu.
A Escola Soka do Brasil é uma escola particular de ensino fundamental, onde é utilizada a metodologia de ensino brasileira aliada ao método de ensino desenvolvido pelo primeiro presidente da Soka Gakkai, Professor Tsunesaburo Makiguchi, chamado "Educação Para uma Vida Criativa", utilizado também na Universidade Soka do Japão, na SUA (Soka University of America) e em outras unidades escolares Soka espalhadas pelo mundo.
Reunião de Palestra
A Reunião de Palestra é a principal reunião mensal da BSGI. Ela tem, como objetivo, reunir os membros para estudar o budismo, trocar experiências e apresentar a filosofia budista a novas pessoas. Ela teve origem no Japão, quando Josei Toda reunia pessoas para apresentá-las à filosofia do Budismo de Nichiren Daishonin. Apesar do nome "Reunião de Palestra", na prática é realizada com base em diálogos e não "palestras" propriamente ditas. Esta ideia é refletida no termo original de idioma japonês "Zandakai". Ela pode ser realizada a qualquer nível de Bloco a Subcoordenadoria ou até mesmo nacionalmente.
Como é uma Reunião de Palestra?
Basicamente, inicia-se a reunião com a recitação do Gongyo e Daimoku (geralmente, utiliza-se um local onde há um Butsudan (oratório) com um Gohonzon consagrado). Em seguida, o estudo de uma matéria (publicada mensalmente no "Brasil Seikyo"), apresentações culturais, incentivos de líderes convidados, relatos de experiência ou de comprovação e diálogos que tem como objetivo a troca de experiências e os incentivos mútuos. Dura, em média, de uma a uma hora e meia, podendo ser realizada em casas particulares ou sedes da BSGI, dependendo do caso.
A prática do Gongyo na Soka Gakkai
A leitura dos dois capítulos do Sutra de Lótus, vulgarmente conhecido como Gongyo, é feita pelos seguidores da Soka Gakkai uma vez pela manhã e outra à noite em frente ao Gohonzon que é mantido em sua casa, dentro de um oratório, feito em estilo japonês, Chamado butsudan (em japonês: casa do Buda). Seguindo o conselho do presidente Daisaku Ikeda, o Gongyo foi reduzido para o chamado Gongyo Jigague, que consiste em ler somente uma vez o 2º capítulo Meios (Hoben) e o trecho em verso (Jigague) do 16º capítulo (Juryo) em cada cerimônia.
Eles serão acompanhados pela reformulação das orações silenciosas, onde no formato da SGI, lê-se todas as orações silenciosas, tanto no Gongyo da manhã como no da Noite.
A primeira oração é dedicada aos Shoten Zenjin (ou seja, as funções de proteção da vida e do meio ambiente, também conhecido como deuses budistas), e podem ser feitas para o Gohonzon (formato SGI), tanto para o leste (formato Nichiren Shoshu).
A segunda oração é dedicada aos Três Grandes ensinos Fundamentais, dadas a todo o mundo, revelados por Nichiren, simbolizados, respectivamente, pelo Gohonzon, o Nam-myoho-renge-kyo, que é o título do mais importante sutra do Budismo. À oração aos Três Grandes ensinos Fundamentais, tem sido associada com uma oração de agradecimento a Nichiren e a seus dois seguidores: Nikko e Nichimoku.
A quarta é dedicada à ação de graças oração dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai, (Eternos Mestres da Soka Gakkai, conforme consta na liturgia do Gongyo editado pela BSGI) e à realização da paz mundial através da expansão dos princípios filosóficos budistas ( Kosen-Rufu), mas o objetivo dos membros da Soka Gakkai não é tentar convencer os outros a se tornarem budistas, mas sim, por meio de sua "Revolução Humana", influenciar positivamente outras pessoas a manifestar um estado de vida elevado.
A última oração é dedicada à realização de objetivos pessoais dos fiéis (como pode ser visto a partir da Soka Gakkai como uma ferramenta para trazer a natureza de Buda às pessoas), à memória de seu falecido (budista ou não) e a felicidade de todos os seres vivos.
Esta redução decorre da observação de que muitas vezes o ritmo de vida atual impede a recitar corretamente Gongyo, na forma como ele é realizado pelos seguidores da Nichiren Shoshu. O Presidente Ikeda em 2003 decidiu que os membros da Soka Gakkai deveriam recitar uma forma "simplificada" de Gongyo, o que já era uma prática muito comum em organizações da SGI no Ocidente, que seja capaz de recitar todos os dias regularmente, sem muita dificuldade ou culpa naqueles que não conseguiam fazê-lo por razões de tempo ou por compromissos familiares, lembrando que a religião é feita para o homem e não vice-versa.
Em dezembro de 2015, ocorreu uma nova alteração do gongyo feito pela SGI a qual a primeira oração (dedicada aos Protetores Budistas) foi suprimida, e a segunda foi alterada tirando-se a menção a Nichimoku Shonin. A terceira, a quarta e a quinta oração permanecem sem alteração.
Ligação com a política
No Japão, a Soka Gakkai apoia o partido político Novo Komeito nas eleições, discussões sobre política e boa governança são as responsáveis por membros da Soka Gakkai apoiarem a New Komeito e "que mobilização política surge da ideia de que membros devem estar cientes dos problemas políticos atuais, não de declarações de solidariedade". Fora do Japão, as organizações da SGI são apartidárias, sem ligação com quaisquer partidos políticos, orientando seus membros a participarem como cidadãos do processo político, sem envolvimento com as atividades budistas, inclusive devendo licenciar-se de suas funções na organização se estiverem se candidatando a algum cargo eletivo. O Artigo 12 do Estatuto da Associação Brasil SGI, fala sobre este aspecto:“Seção V – Da Vedação – Art. 12 – São vedados aos membros, indistintamente: [...] II. A utilização do prestígio ou de suas relações com a BSGI para o alcance de quaisquer benefícios pessoais político-partidários, no interesse próprio ou de terceiros, assim como em detrimento de quaisquer postulados da BSGI; III. A manifestação de caráter político-partidário, sob quaisquer formas ou pretextos, nas dependências ou no decorrer das promoções e atividades externas da BSGI, ou que destas participe, assim como quaisquer outras manifestações, em caráter público ou reservado, que façam alusão a vínculos político-partidários da BSGI.”
Ligações externas
Página oficial da BSGI (Brasil Soka Gakkai Internacional)
Soka Gakkai Internacional
Soka Gakkai
Tsunessaburo Makiguti
Josei Toda
Daisaku Ikeda
Budismo Nitiren |
Zen é o nome japonês da tradição Ch'an, que surgiu na China por volta do século VII. O Zen costuma ser associado ao Budismo do ramo mahayana. Foi cultivado, inicialmente, na China onde recebeu influências taoistas e posteriormente migrou para o Japão, Vietnã e Coreia. A prática básica do zen japonês é o zazen (literalmente, "meditar sentado"), tipo de meditação contemplativa que visa a levar o praticante à "experiência direta da realidade" através da observação da própria mente.
Tal como o conhecemos hoje, ele só foi possível devido à forte influência que o Budismo na China sofreu do taoismo. Para alguns estudiosos, o zen é uma síntese dessas duas correntes de pensamento (Budismo e Taoísmo).
O Zen enfatiza autocontrole rigoroso, a prática da meditação, a percepção da natureza da mente (見性, Ch. jiànxìng, Jp. kensho, "perceber a verdadeira natureza") e a natureza das coisas, e a expressão pessoal dessa intuição na vida cotidiana, especialmente para o benefício de outros. Como tal, não enfatiza o mero conhecimento de sutras[9] e doutrina e favorece a compreensão direta através da prática espiritual e da interação com um professor ou mestre realizado.
Os ensinamentos do Zen incluem várias fontes do pensamento Maaiana, sobretudo Iogachara, os sūtras Tathāgatagarbha, o Laṅkāvatāra Sūtra e a escola Huayan, com ênfase na natureza de Buda, na totalidade e no ideal Bodisatva. A literatura prajñāpāramitā, bem como o pensamento madhyamaka, também foram influentes na formação da natureza apofática e às vezes iconoclasta da retórica zen.
No Zen japonês, há duas vertentes principais: soto e rinzai. Enquanto a escola soto dá maior ênfase à meditação silenciosa, a escola rinzai faz amplo uso dos koans, ou "enigmas". Atualmente, o Zen é uma das escolas budistas mais conhecidas e de maior expansão no Ocidente. Popularizadores do Zen incluem Reginald Horace Blyth, D. T. Suzuki, Alan Watts e Philip Kapleau, que publicaram vários livros entre 1950 e 1975, contribuindo ao interesse crescente no Ocidente, bem como a publicidade por parte dos poetas beat.
Diferenças do nome "zen"
História
Como todas as escolas budistas, o zen remete as suas raízes ao budismo indiano. A palavra "zen" vem do termo sânscrito dhyāna, que denota o estado de concentração típico da prática meditativa. Na China, esse termo foi transliterado como channa e logo reduzido à sua forma mais curta, ch'an (禪). Daí, para o coreano como sŏn (선) e, finalmente, para o japonês como zen.
Segundo os relatos tradicionais, o estilo de prática zen foi levado da Índia à China pelo monge indiano Bodhidharma (em japonês, Daruma) por volta do ano 520. Embora a historicidade desse relato tenha sido colocada em dúvida por estudiosos modernos, a história (ou lenda) de Bodhidharma continua sendo a metáfora fundamental do zen sobre o cerne de sua prática.
Segundo conta o "Registro da Transmissão da Lâmpada", um dos mais antigos textos do zen, Bodhidharma chegou à China pelo território da Dinastia Liang e, devido à sua fama de sábio, foi imediatamente convocado à corte do famoso Imperador Wu-ti. O imperador, que havia apoiado enormemente o budismo na China, perguntou a Bodhidharma sobre o mérito que havia ganhado por apoiar o budismo, esperando que esse mérito lhe garantisse uma boa vida em sua encarnação seguinte. Bodhidharma, porém, respondeu: "Nenhum mérito". O imperador, enraivecido, perguntou então: "Quem é esse que está diante de mim?" (em linguagem atual, algo como "Quem você pensa que é?") Bodhidharma respondeu: "Não sei". Aturdido, o imperador concluiu que Bodhidharma devia ser louco e o expulsou da corte. Um dos ministros então perguntou ao imperador: "Vossa Majestade Imperial sabe quem é esta pessoa?" O imperador disse que não sabia. O ministro disse: "Ele é o bodisatva da compaixão, portador do selo do coração de Buda"". Cheio de arrependimento, o imperador quis chamar Bodhidharma de volta, mas o ministro advertiu que ele não voltaria nem mesmo se todos os chineses fossem buscá-lo. Outras pessoas, porém, ficaram intrigadas com sua resposta e o seguiram até a caverna aonde ele havia ido viver. Lá, se tornaram seus discípulos, e descobriram que Bodhidharma era o herdeiro espiritual de Mahakashyapa, um dos grandes discípulos de Buda.
De acordo com os ensinamentos tradicionais, Bodhidharma não sabia responder porque sua verdadeira natureza, assim como a verdadeira natureza de todas as coisas, estava além do conhecimento discursivo, de definições e de palavras. É a esta experiência direta da realidade que aspira o zen.
Mahakashyapa, de quem Bodhidharma era herdeiro espiritual e sucessor, havia tido essa experiência e se iluminado. Segundos os sutras, Mahakashyapa foi o único discípulo de Buda a compreender o seu Discurso do Lótus, em que Buda, sem dizer nada, apenas levantou uma flor. Era a realidade imediata, além das palavras.
Depois de treinar seus discípulos por muitos anos, Bodhidharma morreu, deixando o seu aluno Huike (em japonês, Daiso Eka) como sucessor. Huike foi o segundo patriarca do zen e também deixou uma linha de sucessão da qual pouco se sabe, até chegar a Huineng (em japonês, Daikan Eno, 638-713), o sexto e último patriarca. Huineng, um dos maiores mestres da história do zen, participou de uma famosa disputa quando sucedeu a seu mestre: um grupo de monges recusava-se a aceitá-lo como patriarca, e propunha outro praticante, Shenxiu, em seu lugar. Sob ameaças, Huineng foi obrigado a fugir para um templo no sul da China; no final, apoiado pela maioria dos monges, foi reconhecido como patriarca.
Algumas décadas depois, porém, a contenda foi ressuscitada. Um grupo de monges, dizendo-se sucessor de Shenxiu, enfrentou um outro grupo, a Escola do Sul, que se apresentava como sucessora de Huineng. Depois de debates acalorados, a Escola do Sul acabou prevalecendo e seus rivais desapareceram. Os registros dessa disputa são os mais antigos documentos históricos fiéis sobre a escola zen de que dispomos hoje.
Mais tarde, monges coreanos foram à China para estudar as práticas da escola de Bodhidharma. Quando chegaram, o que encontraram foi uma escola que já havia desenvolvido identidade própria, com fortes influências do taoismo, e que já era conhecida pelo nome chan. Com o tempo, o chan acabou se estabelecendo na Coreia, onde recebeu o nome seon.
Da mesma forma, monges chegavam de outros países da Ásia para estudar o Chan, e a escola foi-se espalhando pelos países vizinhos. No Vietnã, recebeu o nome thien e, no Japão, ficou conhecida como zen. Através da história, essas escolas cresceram de maneira independente, tendo desenvolvido identidades próprias e características bastante diferentes umas das outras.
Os Seis Patriarcas do Zen na China
Bodhidharma (बोधिधर्म) (c. 440 - c. 528)
Huike (慧可) (487 - 593)
Sengcan (僧燦) (? - 606)
Daoxin (道信) (580 - 651)
Hongren (弘忍) (601 - 674)
Huineng (慧能) (638 - 713)
O Zen no Japão
No Japão, há quatro escolas de zen: a rinzai, a soto, a obaku e a Sanbo Kyodan.
A escola rinzai descende da escola chinesa do mestre Linji Yixuan (em japonês, Rinzai Gigen) e foi levada até ao Japão em 1191 por Myōan Eisai, tendo adotado o nome japonês de seu fundador. A sua prática caracteriza-se por uma busca ativa da iluminação, através de processos árduos como o trabalho com koans e a prática de artes marciais, além de meditação. Com traços mais intelectuais e práticas mais ativas, a escola rinzai foi adotada pelas classes dominantes, como a dos samurais, o que lhe proporcionou influência e prestígio, mas que limitou o seu número de adeptos. A obra "A Mente Liberta", de autoria do monge Takuan Sōhō (1573-1645) da escola rinzai, é um dos primeiros registros de fusão entre o zen e a arte da espada.
A escola soto descende da escola chinesa caodong, que foi levada ao Japão no século XIII pelo célebre mestre Eihei Dogen Zenji (1200-1253). A sua prática fundamental é a Shikantaza ("apenas sentar-se"), um tipo simples de meditação cuja prática é identificada com a própria iluminação. A sua simplicidade atraiu os governadores rurais e a classe camponesa, proporcionando à escola um grande número de adeptos. Atualmente, é a maior escola de zen tanto no Japão quanto no Ocidente. Em tempos recentes, a soto exerceu papel de destaque no estabelecimento do zen no Ocidente, enviando mestres como o pioneiro Shunryu Suzuki para fundar mosteiros e centros de prática. No Brasil, todos os senseis (professores de zen que receberam a transmissão do Dharma) em atividade são da escola soto.
A obaku foi fundada no Japão em 1661 pelo monge chinês Yinyuan Longgi (em japonês, Ingen Ryuki, 1592-1673), que havia sido treinado na escola de Linji Yixuan.
Finalmente, a Sanbo Kyodan ("Escola dos Três Tesouros") é a escola de zen mais recente do Japão. Foi fundada em 1954 por Yasutani Hakuun, discípulo e sucessor de Harada Daiun. Ambos foram treinados e receberam a transmissão do Dharma na escola soto, e Harada também completou o treinamento de koans da escola rinzai. Ainda assim, sentiam-se insatisfeitos com a prática de zen disponível no Japão. Deste modo, a Sanbo Kyodan foi fundada para ser uma escola que congregasse tantos as práticas da soto quanto as da rinzai, e se focasse em atingir o satori. Aceitando na prática que tanto monges quanto leigos podem atingir a iluminação, ambos tinham tratamento igualitário, podendo inclusive receber a transmissão do Dharma e ocupar cargos de liderança na hierarquia da escola. Além disso, movidos pelo espírito libertário do Japão pós-Segunda Guerra Mundial, a Sanbo Kyodan recebeu e treinou ocidentais, tanto zen-budistas quanto de qualquer outra religião. Por isso, apesar de ser uma escola pequena no Japão, a Sanbo Kyodan exerceu grande influência no zen praticado no Ocidente—mestres como Robert Aitken, Philip Kapleau e o padre Hugo Enomiya-Lassalle foram formados lá.
Alguns mestres contemporâneos, como Shunryu Suzuki e Harada Daiun, já criticaram muito o zen no Japão atual, descrevendo-o como um sistema formalizado de rituais vazios, em que poucos praticantes realmente atingem a iluminação, com templos comparáveis a negócios familiares, passados de pai para filho (pois os monges podem casar-se), onde os monges se limitam a oficiar funerais e casamentos, pelos quais cobram pequenas fortunas.
Budismo e Zen
O zen é um ramo da tradição budista mahayana e baseia-se fundamentalmente nos ensinamentos de Siddhartha Gautama, o Buda histórico e fundador do budismo. No entanto, através de sua história, o zen também foi recebendo influências das diversas culturas dos países por onde passou.
O seu período de formação na China, em particular, determinou muito de sua identidade. Ensinamentos e práticas taoistas exerceram grande influência no chan chinês. Conceitos como o wu wei, a natureza fluida da realidade e a "pedra não entalhada" ainda podem ser identificados no zen japonês e nas escolas correlatas. Mesmo a tradição zen de "mestres loucos" é claramente uma continuação da tradição dos mestres taoistas. Outra influência, embora menor, veio do confucionismo e a isso soma-se, ainda, a influência que o zen recebeu do xintoísmo ao chegar no Japão.
Tais peculiaridades já levaram alguns estudiosos a considerar o zen como uma escola "independente", fora da tradição mahayana — ou até mesmo fora do budismo. Essas posições, no entanto, são minoritárias: a vasta maioria dos estudiosos considera o zen uma escola budista, inserida na tradição mahayana.
Todas as escolas de zen são versadas em filosofia e doutrina budistas, incluindo as Quatro Nobres Verdades, o Nobre Caminho Óctuplo e as Paramitas. No entanto, a ênfase do zen em experimentar a realidade diretamente, além de ideias e palavras, o mantém sempre nos limites da tradição.
Essa abertura permitiu (e permite) que não budistas praticassem o zen, como o padre jesuíta Hugo Enomiya-Lassalle, que chegou a receber a transmissão do Dharma, e muitos outros. Existe até mesmo uma corrente de "zen cristão", assim como outras que se denominam "não sectárias".
Práticas e ensinamentos do zen
De um modo geral, os ensinamentos do zen criticam o estudo de textos e o desejo por realizações mundanas, recomendando, antes, a dedicação à meditação (zazen) como forma de experimentar a mente e a realidade de maneira direta. No entanto, o zen não chega a ser uma doutrina quietista - o mestre chan chinês Baizhang (em japonês, Hyakujo, 720-814), por exemplo, dedicava-se ao trabalho braçal em seu monastério. Ele tinha, por lema, um ditado que ficou famoso entre os praticantes de zen: "Um dia sem trabalho é um dia sem comida."
De fato, o zen tem uma longa tradição de trabalho meditativo, desde atividades braçais até atividades mais refinadas, como caligrafia, iquebana e a famosa cerimónia do chá - além das artes marciais, às quais o zen sempre esteve ligado.
Essas práticas estão bem fundamentadas nas escrituras budistas, principalmente nos sutras Mahayana compostos na Índia e na China, em particular o Sutra da Plataforma de Huineng, o Sutra do Coração, o Sutra do Diamante, o Lankavatara Sutra e o Samantamukha Parivarta, um capítulo do Sutra do Lótus. A grande influência do Lankavatara Sutra, em particular, levou à formação da filosofia "apenas mente" do zen, na qual a consciência em si mesma é a única realidade.
O zen não é um estilo de prática intelectual ou solitário. Templos e centros de prática congregam sempre um grupo de praticantes (uma sangha), e conduzem atividades diárias e retiros mensais (sesshins). Além disso, o zen é tido como um "estilo de vida" e não apenas como um conjunto de práticas ou um estado de consciência.
Zazen
Para o zen, experimentar a realidade diretamente é experimentar o nirvana. Para experimentar a realidade diretamente, é preciso desapegar-se de palavras, conceitos e discursos. Para se desapegar disso, é preciso meditar. Por isso, o zazen ("meditação sentada") é a prática fundamental do zen. Ao meditar, o praticante senta-se sobre uma pequena almofada redonda (o zafu) e assume a postura de lótus, a postura de meio lótus, a postura burmanesa ou a postura de seiza. Unindo as mãos um pouco abaixo do umbigo (fazendo o mudra cósmico), ele semicerra suas pálpebras, pousando a vista cerca de um metro à sua frente. Na escola rinzai, os praticantes sentam-se virados para o centro da sala. Na escola soto, sentam-se virados para a parede.
Então o praticante "segue a sua respiração", contando cada ciclo de inspiração e expiração, até chegar a dez. Então o ciclo recomeça. Enquanto isso, a sua única tarefa é manter uma mente relaxada, aberta, concentrada, mas sem tensão, e estar presente no "agora" do momento, sem se deixar levar por pensamentos ou ruminações. Quando isso acontece, ele volta a concentrar-se na contagem. Os praticantes mais experientes, cujo poder de concentração (samadhi) é maior, podem abster-se de contar ou seguir sua respiração. Fazendo assim, eles estarão praticando o tipo de zazen chamado shikantaza, "apenas sentar-se".
A duração de um período de meditação varia de acordo com a escola. Embora o período tradicional de meditação seja o tempo que uma vareta de incenso leva para queimar (de 35 a 40 minutos), escolas como a Sanbo Kyodan recomendam a seus alunos que não meditem por mais de 25 minutos de cada vez, pois a meditação pode tornar-se inerte. Na maioria das escolas, porém, os monges rotineiramente meditam entre quatro e seis períodos de 30-40 minutos, todos os dias. Quanto a leigos, o mestre Dogen dizia que cinco minutos diários já eram benéficos—o que importa é a constância.
Durante os retiros (sesshins) mensais, porém, as atividades são intensificadas. Com duração de um, três, cinco ou sete dias, a rotina dos retiros prevê de nove a 12 períodos de 30-40 minutos por dia, ou até mais. Entre cada período de zazen, os praticantes "descansam" fazendo kinhin (meditação andando).
O professor
Como o zen dá relativamente pouca importância à palavra escrita, o papel do professor é muito importante para o treinamento do praticante. De um modo geral, um professor de zen é uma pessoa ordenada em qualquer escola que tenha recebido permissão para ensinar o Dharma a outros. Uma parte central de toda a tradição zen é a noção de transmissão do Dharma, ou seja, a ideia de que há uma linhagem ininterrupta de mestres que, a partir de Buda, transmitiram e receberam os ensinamentos e atingiram pelo menos algum grau de realização. Essa noção se originou da famosa descrição do zen feita por Bodhidharma:
Quando um professor é reconhecido oficialmente como tendo atingido um certo grau de realização e é admitido à linhagem de mestres, diz-se que ele "recebeu a transmissão do Dharma". Desde pelo menos a Idade Média, essa transmissão, "de mente a mente", "de mestre a discípulo", tem tido um papel fundamental em todas as escolas de zen. Durante a cerimônia de transmissão, o novo professor é presenteado com uma carta genealógica que mapeia toda a linhagem, de Buda até ele próprio.
Títulos honoríficos ligados a professores que receberam a transmissão do Dharma incluem: na China, Fashi e Chanshi; na Coreia, Sunim e Seon Sa; no Vietnã, Thay; e, no Japão, Osho ("sacerdote"), Sensei ("professor") e Roshi ("professor mais velho"). De um modo geral, fala-se em um "mestre Zen" apenas em referência a professores de renome, especialmente os medievais ou os antigos.
A iluminação
No zen, a iluminação é geralmente chamada de satori ou kensho. O kensho é o primeiro vislumbre, por assim dizer, da verdadeira natureza da realidade e de si mesmo, é mais breve e pouco profundo. O satori, por sua vez, é uma experiência mais profunda e duradoura, em que o praticante tem uma experiência intensa da Natureza de Buda e vê sua "face original".
Não se trata, porém, de uma experiência visionária. Embora algumas pessoas suponham que a experiência de iluminação deva levar quem a experimente a universos de luz intensa, ou coisa que o valha, o depoimento dos mestres zen contradiz essa hipótese. Perguntado sobre como a sua vida era antes e como ficou depois do satori, um mestre zen moderno respondeu: "Agora meu jardim parece mais colorido."
Na iluminação, o praticante não é arrebatado a nenhum outro lugar.
Outra suposição comum é que, sendo iluminado, o fluxo de pensamentos pára e o praticante fica como um espelho polido, refletindo a pura realidade, sem pensamentos que o atrapalhem. Pelo contrário, os pensamentos não param—o que ocorre é que o praticante abre mão deles, deixa-os passar, se esquece deles, e se esquece de si mesmo.
Quando o quinto patriarca, Hongren (em japonês, Daiman Konin, 601-647), decidiu escolher quem o sucederia, propôs a seus discípulos que tentassem captar a essência do zen em um poema; o autor do melhor poema seria seu sucessor. Quando receberam a notícia, os monges já sabiam quem seria o vencedor: Shenxiu, o aluno mais antigo de Hongren. Ninguém se deu ao trabalho de competir com ele. Apenas esperaram, e Shexiu escreveu seu poema e o pendurou na parede:
Todos os monges gostaram. Com certeza, Hongren também iria gostar. Entretanto, no dia seguinte, havia outro poema pendurado ao lado, que alguém havia pregado durante a noite:
Os monges ficaram assombrados. Quem teria escrito aquilo? Depois de algum tempo, descobriram: o autor do poema era Huineng, o cozinheiro do monastério. E, percebendo a sua origem, foi a ele que Hongren estendeu seu manto e sua tigela, fazendo de Huineng o sexto patriarca.
Ensinamentos radicais
Algumas das histórias tradicionais do zen descrevem mestres usando estranhos métodos de ensino, e muitos praticantes de hoje tendem a interpretar essas histórias de maneira excessivamente literal. Por exemplo, muitos ficam indignados quando ouvem histórias como a do mestre Linji, fundador da escola rinzai, que disse: "Se você encontrar o Buda, mate o Buda. Se você encontrar um patriarca, mate o patriarca." Um mestre contemporâneo, Seung Sahn, também ensina a seus alunos que todos precisamos matar três coisas: matar nossos pais, matar o Buda e matar nosso professor (no caso, o próprio Seung Shan). No entanto, é claro que nem Linji nem Seung Sahn estavam falando de maneira literal. O que eles queriam dizer era que precisamos "matar" nosso apego a professores e coisas externas. Quando visitam templos ou centros de prática zen, os iniciantes que leram muitas dessas histórias e esperam encontrar professores iconoclastas normalmente surpreendem-se com a natureza conservadora e formal das práticas.
O zen e outras religiões
Desde meados do século XX, o zen tem-se aberto ao diálogo inter-religioso, tendo figurado em inúmeros encontros e conferências ao redor do mundo. Talvez a figura mais representativa do zen nesse diálogo seja o monge vietnamita Thich Nhat Hanh, indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1967, que se tem dedicando ao diálogo inter-religioso há décadas e que mantém, em seu altar, imagens tanto de Buda quanto de Jesus.
Em templos e centros de prática zen ao redor do mundo, é comum que muitas pessoas não budistas frequentem as atividades e pratiquem zazen. Essa prática é geralmente bem aceita pelos professores, já que o budismo é uma religião de tolerância que vê as outras religiões como caminhos espirituais válidos e que está aberta a quem quiser apenas meditar, sem qualquer filiação religiosa.
Em algumas escolas, como a Sanbo Kyodan, a aceitação de praticantes de outras religiões é tão grande que, sem ter de abandonar a sua religião, um praticante pode receber a transmissão do Dharma e tornar-se professor.
Textos Zen
Existem várias lendas dentro da tradição zen, transmitidas e renovadas pela tradição oral e parte dos folclores chinês e japonês, que se entrelaçam com a história. Narrativas da tradição oral, muitas das quais compiladas em antologias literárias, podem ser, de acordo com diferentes visões de teóricos, consideradas lendas, folclore, mitologia ou literatura propriamente dita.
Ao tratar das narrativas setsuwa説話 no Japão, narrativas breves, contadas "de um fôlego só", compiladas na antologia literária Konjaku Monogatarishu今昔物語集 , ou Antologia de Narrativas de Hoje e de Ontem, do período Heian 平安時代(794-1192), Yoshida considera que tais narrativas são "transmitidas como reais ou supostamente reais, frutos, portanto, de uma criação coletiva anônima e reunidas numa coletânea de narrativas setsuwa (説話) por um compilador". A antologia contém histórias referentes à China, Índia e Japão, algumas das quais associadas ao budismo.
O Sermão da Flor
As origens do zen são apontadas para o Sermão da Flor, cuja fonte mais antiga vem do século XIV. Gautama Buddha juntou seus discípulos para um discurso do Dharma. Quando eles se juntaram, o Buda permaneceu completamente silencioso e alguns acharam que ele estava cansado ou doente. Silenciosamente, o Buda levantou uma flor e vários discípulos tentaram interpretar o que isso significava, por algum tempo esse ato ficou sem interpretação. No entanto um dos discípulos, Mahakashyapa (em sânscrito, Mahākāśyapa), também silenciosamente, olhou para a flor e obteve um entendimento especial, para além das palavras, ou prajna (do sânscrito prajñā, "sabedoria"), diretamente da mente do Buda. Mahakashyapa de alguma forma compreendeu o verdadeiro sentido inexprimível da flor e o Buda sorriu para ele, reconhecendo o seu entendimento e dizendo:
Eu possuo o verdadeiro olho do darma, a mente maravilhosa do nirvana, a forma verdadeira do informe, o portal sutil do Dharma que não depende de palavras ou escritos, mas é uma transmissão especial fora das escrituras. Isto eu passo a Mahakashyapa.
Mahakashyapa é, por este dom raro de compreensão, considerado o primeiro patriarca pelo Zen chinês, ou (Ch'an).
Desta forma, através do zen, desenvolveu-se um caminho que se concentrou na experiência direta mais do que em crenças racionais ou escrituras reveladas. A sabedoria era passada, não por meio de palavras, mas através da linhagem da transmissão direta, de mente a mente, do pensamento de um mestre a um discípulo. Comumente, acredita-se que esta linhagem continuou ininterrupta, desde o tempo do Buda até os dias de hoje. Historicamente, esta crença é discutível, devido à falta de evidência que dê suporte a ela. De acordo com D. T. Suzuki, a ideia de uma linha de descendência a partir de Sidarta Gautama é uma instituição distintiva do zen. Ele acredita que foi inventada por estudiosos, através da hagiografia, para dar legitimidade e prestígio ao zen.
Parábola de Buda
Ao atravessar um campo, um homem encontrou um tigre. Fugiu a sete pés, com o tigre atrás dele. À sua frente, encontrou um precipício em que acabou por cair. Mas conseguiu agarrar-se à raiz de uma velha videira e ali ficou pendurado, com o tigre a cheirá-lo. Tremendo de medo, olhou para baixo e viu outro tigre, lá longe em baixo,que o esperava, cheio de apetite. A sua vida estava completamente dependente da videira. Mas apareceram dois ratos, um branco e outro preto, os quais, pouco a pouco, começaram a roer a raiz da videira. Foi só nesse momento que se apercebeu que, mesmo ao pé da raiz, crescia um morango apetitoso. Agarrando-se à videira com uma mão, colheu o morango com a outra. Foi o melhor morango que alguma vez comeu!
Temperamento
Um estudante de Zen foi ter com Bankei e queixou-se:- Mestre, tenho um temperamento ingovernável. Como posso curá-lo?- Tens uma coisa muito estranha, replicou Bankei. Mostra-me lá então isso que tens.- Neste preciso momento, não lhe posso mostrar, respondeu o outro. Acontece inesperadamente!..., respondeu o estudante.- Então, concluiu Bankei, não deve ser a tua verdadeira natureza. Se fosse, podias mostrar-me em qualquer altura. Quando nasceste, não o tinhas e não foram os teus pais que to deram. Pensa nisso.
A estrada enlameada
Tanzan e Ekido caminhavam juntos numa estrada enlameada. Caía ainda uma chuva forte. Junto a um cruzamento da estrada, encontraram uma moça bela, que não conseguia atravessar, porque não queria sujar o kimono de seda que trazia.
- Anda moça, disse Tanzan imediatamente. E, carregando-a nos seus braços, atravessou-a para o outro lado da zona mais enlameada.
A partir daí, Ekido ficou calado todo o caminho que percorreram até à noite. Ao chegarem ao templo onde ficariam a pernoitar, Ekido não conseguiu conter-se e disse a Tanzan:
- Nós, os monges, não nos aproximamos de mulheres. Especialmente se são jovens e bonitas. É perigoso. Por que fizeste aquilo?
- Eu deixei a moça lá atrás - disse Tanzan. Tu ainda estás a carregá-la?
Tudo é melhor
Quando Banzan passeava num mercado, ouviu uma conversa entre um carniceiro e um cliente.
- Dê-me o melhor bocado de carne que tem, disse o cliente.- Na minha loja, tudo é o melhor, respondeu o carniceiro. Não encontrará aqui nenhum bocado de carne que não seja o melhor!
Ao ouvir estas palavras, Banzan tornou-se um iluminado.
O meu coração arde como fogo
Soyen Shaku (1859-1919), um roshi, mestre do zen-budismo japonês, (ch. laoshi) da escola rinzai, disse, um dia: "O meu coração arde como fogo. Mas os meus olhos são frios como cinzas mortas". Ele propôs as seguintes regras de vida:
De manhã, antes de vestir-se, acenda incenso e medite.Coma a intervalos regulares e deite-se a uma hora regular. Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito.Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só. Quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas.Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o.Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar, mas pense sempre duas vezes antes de agir.Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro.
A sua atitude deve ser a de um herói sem medo, mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor.Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono. Ao acordar, deixe a cama para trás, instantaneamente, como se tivesse deixado fora um par de sapatos velhos.
Ver também
Budismo
Dogen
Koan
Rinzai
Sanbo Kyodan
Satori
Shikantaza
Soto
Transmissão do Dharma
Zazen
Mosteiro Zen Morro da Vargem
Bibliografia
Gyatso, Geshe Kelsang. Compaixão Universal. Trad. Kelsang Palsang. São Paulo, Centro Budista Mahabodhi/Tharpa, 1996, p. 183.
Gyatso, Tenzin. Bondade, amor e compaixão. Trad. Claudia Gerpe Duarte. São Paulo, Pensamento, 1989, p. 34.
Keown, Damien. Oxford dictionary of buddhism. Nova Iorque, Oxford University Press, 2003, p. 164.
Manual of Zen Buddhism, Kioto, Eastern Buddhist Soc. 1934; Londres, Rider & Company, 1950,1956. A collection of Buddhist sutras, classic texts from the masters, icons & images,including the "Ten Ox-Herding Pictures".
Suzuki, D.T. (1949),Essays in Zen buddhism, Nova Iorque, Grove Press, ISBN 0-8021-5118-3
Watts, Alan W.. O espírito do Zen. Trad. Murillo Nunes de Azevedo. São Paulo, Cultrix, 1988.
O Zen e a experiência mística. Trad. José Roberto Whitaker Penteado. Idem.
Yoshida, Luiza Nana. Breves considerações sobre o universo das narrativas setsuwa. Estudos Japoneses 15. São Paulo, Centro de Estudos Japoneses da Universidade de São Paulo, 1995, pp. 95–105.
Ligações externas
Textos sobre o Zen Budismo
101 Zen Stories. Em http://www.101zenstories.com/index.php?story=toc Acesso 15 Outubro 2008
Meditação
Religião
Budismo |
A organização territorial de Portugal é baseada no artigo 6.º da Constituição de 1976, que estabelece o Estado como unitário e preserva a soberania sobre todo o território português, não alienando qualquer parte do país. O sistema territorial é composto por regiões autónomas (Açores e Madeira) e em distritos no continente. Por sua vez, todas estes se dividem em municípios e em freguesias.
Embora existam diversas estruturas administrativas em Portugal, a sociedade está historicamente enraizada nos distritos, que possuem forte identidade regional. A Constituição de 1976 previa a criação de regiões administrativas, mas até o momento ainda não foram estabelecidas, resultando em lacunas nas competências e sobreposição de áreas de atuação de outras divisões administrativas.
Em contraste, as divisões de segundo e terceiro níveis são mais simples, com 308 municípios e 3092 freguesias em todo o país.<ref>{{citar web|url= http://www.dgterritorio.pt/ficheiros/cadastro/caop/caop_download/caop_2013_0/areasfregmundistcaop2013_2|titulo= Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013|publicado= IGP Instituto Geográfico Português|acessodata= 8 de Fevereiro de 2014|notas= descarrega ficheiro zip/Excel|arquivourl= https://web.archive.org/web/20131209063645/http://www.dgterritorio.pt/static/repository/2013-11/2013-11-07143457_b511271f-54fe-4d21-9657-24580e9b7023$$DB4AC44F-9104-4FB9-B0B8-BD39C56FD1F3$$43EEE1F5-5E5A-4946-B458-BADF684B3C55$$file$$pt$$1.zip|arquivodata= 2013-12-09|urlmorta= yes}}</ref>
História da organização territorial de Portugal
As Origens
Em Portugal, crê-se que, antes da conquista romana, os povos viviam em comunas praticamente autónomas, que tanto podiam ter uma praça-forte a servir de centro do governo, como consistir apenas de casas dispersas. Após a conquista romana, foi aplicado o regime da vila, unidade agrária e fiscal, embora ainda houvesse terras indivisas.
Com a invasão muçulmana e a Reconquista, as populações foram-se agrupando à volta de pequenas igrejas rurais e assim formando paróquias, que, embora não cobrissem inicialmente todo o território, cresceram exponencialmente nos séculos que se seguiram.
Províncias medievais
Para efeitos estatísticos e administrativos, as paróquias foram, a partir do [século XV]], incluídas em seis grandes divisões tradicionais. Essas divisões eram normalmente designadas, até finais do século XVI, por "comarcas". A partir de então, passaram a ser conhecidas por "províncias". O Algarve manteve o histórico título honorífico de "reino" ainda que, para todos os fins, fosse administrado como uma província igual às restantes.
Até ao século XVII, as comarcas/províncias correspondiam a uma correição, ou seja, à área de jurisdição de um corregedor, magistrado administrativo e judical, que representava o monarca.
A partir do século XVII, as correições/comarcas passaram a ser subdivisões das províncias, passando estas a ser meras divisões estatísticas e militares, à frente das quais estava um comandante militar territorial, com o título de "governador das armas". Com limites que foram sofrendo algumas alterações ao longo dos tempos, existiram, quase sempre as seguintes divisões:
Entre-Douro-e-Minho (ocasionalmente referida apenas por "Minho")
Trás-os-Montes
Beira
Estremadura
Alentejo (anteriormente conhecida por Entre-Tejo-e-Guadiana)
Algarve
Liberalismo
Depois da Revolução Liberal de 1820, foram feitas várias propostas para a reorganização administrativa do país, mas estas propostas acabaram por não ir avante, em virtude da contrarrevolução absolutista. Só em 1832, o governo liberal da Regência, em exílio nos Açores, decretou uma nova reorganização administrativa do país. O país seria dividido em províncias, subdivididas em comarcas e, estas, em concelhos. Esta divisão abrangeria todo o território nacional, ou seja, não só o continente, mas também as ilhas adjacentes e, até, os territórios ultramarinos. A reforma só seria aplicada em todo o território nacional, depois da vitória liberal na Guerra Civil em 1834. No entanto, logo em 1835, esta divisão seria substituída pela divisão em distritos, concelhos e freguesias, passando as províncias a serem agrupamentos de distritos para fins estatísticos e de referência regional.
Com esta nova lei foram criados 799 concelhos, divididos por 21 distritos, sendo eles os seguintes:
Distrito de Angra do Heroísmo
Distrito de Aveiro
Distrito de Beja
Distrito de Braga
Distrito de Bragança
Distrito de Castelo Branco
Distrito de Coimbra
Distrito de Évora
Distrito de Faro
Distrito do Funchal
Distrito da Guarda
Distrito da Horta
Distrito de Lamego (eventualmente renomeado Distrito de Viseu)
Distrito de Leiria
Distrito de Lisboa (entretanto divido em Distrito de Lisboa e Distrito de Setúbal)
Distrito de Ponta Delgada
Distrito de Portalegre
Distrito do Porto
Distrito de Santarém
Distrito de Viana do Castelo
Distrito de Vila Real
Nos anos seguintes extinguirem-se centenas de concelhos, levando a que, em 1842, o número total fosse de 381.
Pós-25 de abril
A Constituição portuguesa de 1976 estabeleceu que os arquipélagos dos Açores e da Madeira se organizariam em regiões autónomas, possuindo autonomia político-administrativa e estando dotadas de órgãos de governo próprio e de um Estatuto de Autonomia. Isto provocou a abolição dos distritos na área abrangida pelas duas regiões.
Para além disso, a nova constituição portuguesa também estabelecia que os municípios do Continente se agrupariam em regiões administrativas. No entanto, a sua criação tem vindo a ser sucessivamente adiada pelos vários governos.
A partir de meados da década de 1990, a discussão em torno da Regionalização em Portugal intensificou-se, tendo-se chegado à conclusão que era necessário e urgente pôr em andamento o processo de criação das regiões administrativas em Portugal continental. Já em 1991, durante o governo de Cavaco Silva, havia sido aprovada a Lei n.º 56/91, que, a par da Constituição portuguesa, estabelecia a organização e o funcionamento das regiões administrativas, definindo os seus órgãos políticos e respetivo funcionamento, as competências e atribuições, a forma de criação das regiões, o regime eleitoral e o funcionamento das finanças regionais, apenas não definindo o número de regiões a criar e a sua delimitação.
Durante os anos seguintes, houve um aceso debate sobre a criação das regiões administrativas e a delimitação de um mapa regional para Portugal continental, tendo em 1995, António Guterres sido eleito primeiro-ministro com a criação das regiões administrativas no seu programa eleitoral. Porém, quando da revisão constitucional de 1997, a instituição em concreto das regiões em Portugal continental passou a ser obrigatoriamente alvo de referendo.
Em 8 de Novembro de 1998, foi entáo realizado um referendo sobre a proposta para instituição de oito regiões administrativas consequentemente, abolindo os distritos, referendo este que tinha duas perguntas: uma sobre a simples instituição de regiões administrativas e outra sobre a instituição da região onde o votante estava recenseado. O referendo à Regionalização tornou-se assim no segundo referendo da história da democracia portuguesa e no primeiro referendo da História de Portugal a ter mais do que uma pergunta.
Os resultados do referendo levaram a uma rejeição da proposta pelo eleitorado, mas o referendo não foi vinculativo, já que não participaram mais de 50% dos eleitores, pelo que ainda hoje não se sabe a verdadeira opinião dos portugueses sobre esta reforma.
Organização territorial atual de Portugal
NUTS
As NUTS não têm qualquer valor administrativo, embora usem como base para sua área o território das várias divisões administrativas.
A divisão de Portugal em NUTS, estabelecida em 1986, aproveitou, no Nível I, as três grandes divisões geográficas do país (Portugal Continental, arquipélago dos Açores e arquipélago da Madeira) e, no Nível II, as áreas de atuação das cinco comissões de coordenação regional (CCR) e as duas regiões autónomas. Já a divisão distrital existente foi ignorada pela divisão em NUTS que não tem em conta os distritos. Subdividindo as áreas de atuação das CCR, foram criadas as unidades de Nível III, cada uma das quais, por sua vez, abrangendo vários concelhos.
A divisão em NUTS tem vindo a tornar-se a principal divisão territorial de Portugal, sendo as suas unidades utilizadas para definir as áreas de actuação da maioria dos serviços desconcentrados do Estado, em detrimento dos distritos.
Tendo a divisão já sofrido várias alterações, Portugal tem atualmente três NUTS I, subdivididas em sete NUTS II, as quais, por sua vez, se subdividem em vinte e cinco NUTS III:
Continente e ilhas
O continente e as ilhas, ou NUTS 1, é a primeira divisão das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, que correspondem à divisão entre Portugal Continental e as duas regiões autónomas, da
Madeira e dos Açores.
Regiões
Em Portugal existem sete regiões, sendo a segunda divisão das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, também conhecida como as NUTS, deixando-se dividir entre as sete regiões nacionais. Esta divisão têm sido utilizada, cada vez mais, para definir as áreas de atuação dos serviços desconcentrados dos vários ministérios, em substituição dos distritos.
As sete regiões compreendem também as regiões dos Açores e da Madeira, sendo ambas ao mesmo tempo uma subregião. No ponto de vista geográfica são incluíndas na lista, mas claramente através da autonomia que tem, comparado com as restantes cinco regiões do continente, são diferentes.
Estas unidades, também genericamente conhecidas por regiões, têm origem nas "regiões de planeamento" criadas, em 1969, com o objetivo de fazer uma distribuição regional equitativa do desenvolvimento a ser obtido pelo III Plano de Fomento. Inicialmente utilizadas apenas para fins estatísticos e de planeamento regional, estas divisões têm sido utilizadas, cada vez mais, para definir as áreas de atuação dos serviços desconcentrados dos vários ministérios, em substituição dos distritos. Nas ilhas, as NUTS II coincidem com as NUTS I dos Açores e da Madeira e com as respetivas regiões autónomas.
A seguinte lista demostra todas as sete regiões, com o número de municípios e fregeusias, a área em total, com a comparação nacional, a população total do ano de 2021, através dos censos realizados, junto com a comparação nacional, e a densidade populacional, a seguir com a comparação nacional, e o PIB de cada região, seguido pela comparação nacional.
Sub-regiões
Em Portugal existem atualmente 25 sub-regiões, conhecidas também como Communidades Intermunicipais, sendo a terceira divisão das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos, também conhecida como as NUTS, deixando-se dividir entre as sete regiões nacionais. Foram inicialmente criadas pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR). Não têm uma administração significativa, pelo contrário, servem para recolher dados, para planear medidas económicas e para cumprir as competências, recebidas através da Lei n.º 50/2018 de 16 de Agosto do governo português.
As 25 sub-regiões são: Açores, Alentejo Central, Alentejo Litoral, Algarve, Alto Alentejo, Alto Minho, Alto Tâmega, Área Metropolitana de Lisboa, Área Metropolitana do Porto, Ave, Beira Baixa, Beiras e Serra da Estrela, Baixo Alentejo, Cávado, Douro, Lezíria do Tejo, Madeira, Médio Tejo, Oeste, Região de Aveiro, Região de Coimbra, Região de Leiria, Tâmega e Sousa, Terras de Trás-os-Montes e Viseu Dão-Lafões; das quais:
7 sub-regiões pertencem à Região do Norte,
7 sub-regiões pertencem à Região do Centro,
5 sub-regiões pertencem à Região do Alentejo,
1 sub-região pertence à Área Metropolitana de Lisboa,
1 sub-região pertence à Região do Algarve,
1 sub-região pertence à Região Autónoma dos Açores e
1 sub-região pertence à Região Autónoma da Madeira.
Das 25 sub-regiões, as sub-regiões dos Açores e da Madeira também são incluídas, sendo ambas ao mesmo tempo uma região. No ponto de vista geográfica são incluíndas na lista, mas claramente através da autonomia que tem, comparado com as restantes 23 sub-regiões do continente, são diferentes.
A seguinte lista demostra todas as 25 sub-regiões, divididas entre as sete regiões nacionais, com o número de municípios e fregeusias, a área em total, a população total do ano de 2021, a densidade populacional e o PIB em milhões, registado em 2019.
Divisões administrativas de primeiro nível
Existem nos dias de hoje os distritos (no continente) e as regiões autónomas (nos arquipélagos) como subdivisões de primeiro nível, equivalentes, grosso modo, aos estados brasileiros, alemães, estadunidenses, etc.
Além destes, existem as áreas urbanas e as CCDR como subdivisões geralmente estatísticas, que se refletem menos no quotidiano da população portuguesa.
Finalmente, há a proposta de regionalização, ainda não implementada, e sem previsão de sê-lo.
Distritos
A Constituição portuguesa estabelece também que o distrito possui como órgãos uma assembleia deliberativa composta por representantes dos municípios. Nenhum destes órgãos é eleito.
Em Portugal existem 20 distritos, 18 distritos encontram-se em Portugal Continental e 2 regiões autónomas (os Açores e a Madeira), que neste aspeto são vistos como distritos, encontram-se no Oceano Atlântico. Na divisão administrativa dos distritos não existem regiões que incluem uma ou mais distritos.
A seguinte lista demostra o número de municípios e freguesias, o número de habitantes dos anos 1991–2001–2011–2021, a área e a densidade populacional de cada distrito:
A extinção dos distritos em Portugal continental está prevista na Constituição portuguesa, que estabelece, no artigo 291.º que “enquanto as regiões administrativas não estiverem concretamente instituídas, subsistirá a divisão distrital no espaço por elas não abrangido” e na lei-quadro das regiões administrativas (Lei 56/91), que diz, no seu artigo 47.º, que “Após a nomeação do governador civil regional serão extintos os governos civis sediados na área da respectiva região”.
A Constituição portuguesa estabelece também que o distrito possui como órgãos uma assembleia deliberativa composta por representantes dos municípios e um governador civil, auxiliado por um conselho. Nenhum destes órgãos é eleito.
Regiões autónomas
As regiões autónomas possuem um órgão legislativo unicameral — a Assembleia Legislativa Regional — e um órgão executivo — o Governo Regional —, bem como um Representante da República, que representa a soberania da República.
A Assembleia Legislativa Regional é eleita por sufrágio universal, direto e secreto pelos cidadãos de cada região autónoma, através de um sistema de representação proporcional. Os Deputados da Assembleia Legislativa são eleitos para mandatos de quatro anos.
O Governo Regional é constituído pelo Presidente do Governo Regional e por secretários regionais, incluindo por vezes, um ou mais vice-presidentes de Governo Regional bem como subsecretários regionais. O Presidente do Governo Regional é em geral o líder do partido político mais votado nas eleições para a Assembleia Legislativa e é nomeado para o cargo pelo Representante da República. Já os restantes membros do Governo Regional são nomeados pelo Representante da República sob proposta do Presidente do Governo Regional.
O Representante da República tem somente funções representativas e fiscalizadoras, sendo nomeado pelo Presidente da República, ouvido o Governo.
As regiões autónomas subdividem-se imediatamente nos seus municípios (dezanove nos Açores e onze na Madeira), mas Portugal continental tem uma série de subdivisões diferentes.
Áreas urbanas
As áreas urbanas, que só podiam existir em Portugal continental, foram criadas em 2003, num processo que ficou conhecido como a Reforma Relvas'', devido ao facto de a sua criação ter sido planeada por Miguel Relvas, na altura Secretário de Estado da Administração Local, durante o governo de Durão Barroso.
Inicialmente, as áreas urbanas eram classificadas em áreas metropolitanas e comunidades intermunicipais, sendo que as primeiras podiam ser ou grandes áreas metropolitanas (GAM) ou comunidades urbanas (ComUrb). Pode-se considerar portanto, que existiam três tipos de áreas urbanas. Para os municípios formarem uma área urbana, esta só tinha que obedecer a certos critérios geográficos e, às vezes, também demográficos.
Deste modo, para se formar uma comunidade intermunicipal, só era necessário que esta fosse contínua a nível territorial. Para se formar uma área metropolitana era necessário obedecer também a critérios demográficos: numa comunidade urbana os únicos critérios eram a continuidade territorial e ter a população mínima de ; numa grande área metropolitana, os únicos critérios eram a continuidade territorial e ter uma população mínima de .
A simplicidade destes critérios não só fez com que nascesse um mapa de áreas urbanas com contornos bastante bizarros, como também provocou o aparecimento de áreas metropolitanas em que a maioria dos seus municípios eram concelhos rurais.
Com vista a resolver estes problemas, em 2008, o regime do associativismo municipal foi alterado pelas Leis n.os 45/2008 e 46/2008. Segundo estas alterações, somente Lisboa e Porto podem ter áreas metropolitanas. Os municípios que não pertencerem a estas, só se podem constituir em comunidades intermunicipais, as quais têm que ter, como base para a sua área, o território abrangido pelas unidades NUTS III.
Através destas alterações, passou a haver somente dois tipos de áreas urbanas, extinguindo-se as GAM e as ComUrb:
Áreas metropolitanas (AM)
Comunidades intermunicipais (CIM)
Todas estas associações só podem existir em Portugal continental, tal como as áreas urbanas que haviam sido criadas em 2003.
Áreas metropolitanas (AM)
De acordo com a Lei n.º 46/2008, “as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto são pessoas colectivas de direito público e constituem uma forma específica de associação dos municípios abrangidos pelas unidades territoriais definidas com base nas NUTS III da Grande Lisboa e da Península de Setúbal, e do Grande Porto e de Entre Douro e Vouga, respectivamente”.
As áreas metropolitanas têm como órgãos a Assembleia Metropolitana e a Junta Metropolitana.
A assembleia é composta por 55 membros eleitos por sufrágio indireto pelas assembleias municipais de cada município integrante da área metropolitana.
A Junta Metropolitana é constituída pelos presidentes das câmaras municipais de cada município que integra a área metropolitana, os quais elegem um presidente e dois vice-presidentes.
Nenhum destes órgãos é eleito diretamente.
Comunidades intermunicipais (CIM)
As CIM correspondem a unidades territoriais definidas com base nas NUTS III e são instituídas em concreto com a aprovação dos estatutos pelas assembleias municipais da maioria absoluta dos municípios que as integrem. A adesão de municípios em momento posterior à criação das CIM não depende do consentimento dos restantes municípios.
A estrutura de funcionamento das comunidades intermunicipais é muito semelhante à das áreas metropolitanas. Deste modo, as comunidades intermunicipais são administradas por uma Assembleia Intermunicipal e por um Conselho Executivo.
A Assembleia Intermunicipal é constituída por representantes de cada uma das assembleias municipais, enquanto que o Conselho Executivo é constituído pelos presidentes das câmaras municipais dos vários municípios que integram a comunidade, os quais elegem, de entre si, um presidente e dois vice-presidentes do conselho executivo. Tal como nas áreas metropolitanas, nenhum órgão das CIM é eleito diretamente.
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional
As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) são, segundo o Decreto-Lei n.º 104/2003, serviços desconcentrados da administração central dotados de autonomia administrativa e financeira, incumbidos de executar medidas proveitosas para o desenvolvimento das respectivas regiões. As CCDR só existem no território de Portugal continental.
As CCDR propriamente ditas, só foram criadas em 2003, com a fusão entre as Comissões de Coordenação Regional (CCR) e as direções regionais do Ambiente e do Ordenamento do Território, organismos estes que também não passavam de serviços desconcentrados do Estado central. Contudo, antes de 2003, as CCR já funcionavam com funções semelhantes às das actuais CCDR. As CCR foram instituídas em 1979, na sequência das "regiões de planeamento" criadas, em 1969, durante o governo de Marcelo Caetano, com o objectivo de fazer uma distribuição regional equitativa do desenvolvimento a ser obtido pelo III Plano de Fomento. Inicialmente, as CCR tinham apenas funções de coordenação da actividade dos municípios, mas viram as suas competências aumentarem bastante ao longo do final do século XX.
A estrutura organizativa das CCDR é bastante complexa, e compreende um Presidente da CCDR, um conselho administrativo, uma comissão de fiscalização e um conselho regional.
Nenhum destes órgãos é eleito diretamente, sendo o Presidente da CCDR nomeado pelo Governo português por um período de três anos.
A área de actuação das CCDR corresponde inteiramente à das unidades estatísticas NUTS II no continente. A única excepção é a área da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, onde até 2002, existiu uma NUTS II homónima, que correspondia à área da respectiva CCDR. Contudo, nesse ano, por motivos relacionados com a distribuição de fundos comunitários da União Europeia, a NUTS II de Lisboa e Vale do Tejo (que era constituída por cinco NUTS III), foi extinta e o seu território foi repartido por várias outras NUTS II: uma NUTS III foi entregue ao Alentejo, duas foram entregues ao Centro e as restantes duas passaram a formar a nova NUTS II de Lisboa.
Actualmente, existem cinco Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
Alentejo
Algarve
Centro
Lisboa e Vale do Tejo
Norte
Divisões administrativas de segundo nível
Municípios
A divisão administrativa municipal será a mais consistente e estável do país. Portugal está actualmente dividido em 308 municípios, que são tradicionalmente conhecidos como "concelhos". Os municípios têm geralmente o nome da sua maior localidade (apesar da área dos municípios ser frequentemente maior do que a cidade ou vila que lhe dá o nome), a qual costuma ser a sede dos órgãos da administração do respectivo município.
Os municípios, classificados como autarquias locais, são administrados por um órgão deliberativo (Assembleia Municipal) e por um órgão executivo (Câmara Municipal), ambos eleitos diretamente pelos munícipes.
A Assembleia Municipal é constituída pelos presidentes de todas as freguesias que integram o respectivo município e por membros diretamente eleitos, cujo número tem que ser igual ao número de presidentes de Junta de Freguesia mais um, e os restantes calculados conforme a população de cada município. Os membros da Assembleia Municipal designam-se de Deputados Municipais e exercem mandatos de quatro anos.
A Câmara Municipal é constituída pelo Presidente da Câmara Municipal e por vários vereadores, cujo número varia conforme a população de cada município. Este órgão é eleito diretamente pelos munícipes por um mandato de quatro anos, e a sua composição é proporcional aos votos recebidos pelos partidos e grupos de cidadãos que concorrem à eleição.
Divisões administrativas de terceiro nível
Freguesias
A freguesia é a divisão administrativa mais pequena de Portugal, sendo uma subdivisão dos municípios. Todo o país está inteiramente dividido em freguesias, com excepção da Ilha do Corvo, cujo município homónimo assume também as funções que no restante território nacional estão atribuídas às freguesias.
Sendo, tal como os municípios, consideradas autarquias locais pode-se dizer, de um certo modo, que freguesia funciona como um pequeno município, com funções análogas às daquele, mas em menor escala e com menos meios.
A divisão em freguesias foi criada — com a designação de "paróquia civil" — na sequência da reforma administrativa de 1835 que levou à absorção de muitos dos pequenos municípios então existentes, por outros maiores. Actualmente — desde 2013 —, existem 3091 freguesias, as quais são administradas por um órgão deliberativo (Assembleia de Freguesia) e por um órgão executivo (Junta de Freguesia).
A Assembleia de Freguesia, cuja composição varia conforme a população da respetiva freguesia, é eleita por sufrágio universal, direto e secreto pelos cidadãos recenseados na área da respetiva freguesia. Os seus membros são eleitos para mandatos de quatro anos.
A Junta de Freguesia é eleita pelos membros da Assembleia de Freguesia, sendo que o Presidente da Junta é o primeiro candidato da lista mais votada nas eleições para a Assembleia de Freguesia.
Unidades Administrativas Locais (LAU)
Por outro lado, o Sistema Estatístico Europeu (SEE) tem procurado definir para os Estados-Membros dois níveis hierárquicos de Unidades Administrativas Locais (Local Administrative Units - LAU) que garantam a integração com as NUTS e que, no caso português correspondem aos municipios (LAU 1) e às freguesias (LAU 2), antigamente denominadas NUTS IV e NUTS V. |
Guarda é uma cidade portuguesa com metros de altitude máxima, sendo a mais alta cidade do país. Com 26 446 habitantes (2021) no seu perímetro urbano, é a capital do Distrito da Guarda, estando situada na região estatística do Centro e sub-região das Beiras e Serra da Estrela.
É sede do município da Guarda com 712,1 km² de área e 40 126 habitantes (censos de 2021), subdividido desde a reorganização administrativa de 2012/2013 em 43 freguesias. O município é limitado a nordeste pelo município de Pinhel, a leste por Almeida, a sudeste pelo Sabugal, a sul por Belmonte e pela Covilhã, a oeste por Manteigas e por Gouveia e a noroeste por Celorico da Beira. O seu distrito tem uma população residente de 173 831 habitantes. Está situada no último contraforte nordeste da Serra da Estrela.
Possui acessos rodoviários importantes, como a A25, que a liga a Aveiro e ao Porto, bem como à fronteira, dando ligação direta a Madrid; a A23, que liga a Guarda a Lisboa e ao Sul de Portugal, bem como o IP2, que liga a Guarda a Trás-os-Montes e Alto Douro, nomeadamente a Bragança.
A nível ferroviário, a cidade da Guarda possui a linha da Beira Baixa (reaberta após modernização em 2021) e a linha da Beira Alta (encerrada para obras de modernização com abertura prevista para o ano 2023), que se encontram completamente eletrificadas, permitindo a circulação de comboios regionais, nacionais e internacionais, constituindo "o principal eixo ferroviário para o transporte de passageiros e mercadorias para o centro da Europa", com ligação a Hendaye (França, via Salamanca-Valladolid-Burgos).
O ar, historicamente reconhecido pela salubridade e pureza, foi distinguido pela Federação Europeia de Bioclimatismo em 2002, que atribuiu à Guarda o título de primeira "Cidade Bioclimática Ibérica". Além de ser uma cidade histórica e a mais alta de Portugal, a Guarda foi também pioneira na rádio local, sendo mesmo a Rádio Altitude considerada a primeira rádio local de Portugal. As suas origens prendem-se com a existência de um sanatório dedicado à cura da tuberculose.
Toda a região é marcada pelo granito, pelo clima contrastado de montanha e pelo seu ar puro e frio que permite a cura e manufatura de fumeiro e queijaria de altíssima qualidade. É também a partir desta região que vertem as linhas de água subsidiarias das maiores bacias hidrográficas que abastecem as três maiores cidades de Portugal: para a bacia do Tejo que abastece Lisboa, para a Bacia do Mondego que abastece Coimbra e para a bacia do Douro que abastece o Porto. Existe mesmo na localidade de Vale de Estrela (a 6 km da cidade da Guarda) um padrão que marca o ponto triplo onde as três bacias hidrográficas se encontram.
História
Nos primeiros séculos da romanização da Península Ibérica habitaram a região da Guarda os lusitanos e outros povos ibéricos pré-romanos, entre os quais os igeditanos, os lancienses opidanos e os transcudanos. Estes povos colaboraram para resistir à romanização durante dois séculos. Ao contrário dos latinizados, estes povos não consumiam vinho, preferindo cerveja de bolota. A sua arma de eleição pensa-se ter sido a falcata - uma espada curva - que facilmente quebrava os gládios romanos devido à sua superioridade metalúrgica.
Os seus deuses pagãos diferiam também dos romanos, podem ainda hoje encontrar-se algumas inscrições religiosas lusitanas em santuários como o Cabeço das Fráguas.
Durante muito tempo os historiadores julgaram que a Cividade dos Igeditanos (Egitânia) se localizava na Guarda mas mais recentemente chegou-se à certeza que tal localização era em Idanha-a-Velha. Daqui que o gentílico de egitanienses se enraizou. No entanto, existe dúvida se a Guarda foi realmente Egitânia. Confinando com os terrenos dos igeditanos, a norte estavam os dos lancienses opidanos cuja capital, a Cividade Lância Opidana, foi referida a curta distância da atual localização da Guarda.
Esta teoria foi defendida acerrimamente pelo General João de Almeida (influente militar português, herói das campanhas de África, natural da Guarda), o que levou alguns críticos a menosprezá-la, no entanto, todas as pesquisas seguintes indicam a sua veracidade. Já o nome de Guarda terá sido uma derivação de um castro sobranceiro ao Rio Mondego, o Castro de Tintinolho.
Após o período romano seguiram-se períodos de ocupação por parte dos visigodos, mais tarde pelo reino das Astúrias e também pela civilização islâmica. Só após o processo da reconquista é atribuído o foral, reconfirmando definitivamente a importância da cidade e da região.
O rei D. Dinis e D. Isabel de Aragão estiveram na cidade mês e meio após casarem. O rei sancionou os «Costumes da Guarda» e viria a iniciar a preparação para uma guerra com Castela, no entanto a contenda foi resolvida com a assinatura do Tratado de Alcanizes.
«A cidade dos 5 F's»
A explicação mais conhecida e consensual do significado do epíteto de «cidade dos 5 F's» diz que estes significam Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa. A explicação destes efes tão adaptados posteriormente a outras cidades é simples:
Forte: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força;
Farta: devido à riqueza do vale do Rio Mondego;
Fria: a proximidade à Serra da Estrela e o facto de estar situada a uma grande altitude explicam este F;
Fiel: porque Álvaro Gil Cabral, Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral, recusou entregar as chaves da cidade ao Rei João I de Castela durante a Crise dinástica de 1383–1385. Teve ainda fôlego para combater na Batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de Coimbra de 1385, onde elegeu o Mestre de Avis como Rei D. João I de Portugal;
Formosa: pela sua natural beleza.
Ainda relativamente ao «4.º F» da Cidade, é sintomática a gárgula voltada em direção a nascente (ao encontro de Espanha): um traseiro, em claro tom de desafio e desprezo. É comum ver turistas procurando essa gárgula específica, recentemente apelidada de "Fiel".
Guarda, o Berço da Língua Portuguesa
Foi por amor a uma bela mulher - pela qual muitos se apaixonaram - que haveria de se originar a Língua Portuguesa, hoje uma das mais faladas em todo o mundo.
E foi, na cidade da Guarda que se deu o acontecimento que marcou claramente o nascimento da Língua Portuguesa em 1189: aqui se escreveu o primeiro texto literário em Língua Portuguesa, da autoria do trovador galego Paio Soares de Taveirós para sua amada Maria Pais Ribeira ( também conhecia por Ribeirinha), intitulada de Cantiga da Ribeirinha.
A mesma Ribeirinha que acabaria por chamar a atenção do monarca D. Sancho I que também se inspirou a redigir-lhe reais trovas, e com quem haveria de manter uma notória relação extraconjugal, gerando numerosa descendência.
E assim, por amor a uma bela mulher - diziam-na "branca de pele, de fulvos cabelos, bonita, sedutora" - surge na Guarda a Língua Portuguesa, reflexo poderoso de paixões que os séculos não conseguiram apagar.
Orago
A Virgem da Assunção é a Padroeira da Guarda.
Não é por acaso que:
Por cima da entrada principal, ao centro, está a estátua da Virgem da Assunção, ladeada pelas torres sineiras com a heráldica de D. Pedro Vaz Gavião.
O altar-mor (da Sé Catedral), atribuído a João de Ruão e mandado fazer ca. 1553 pelo bispo D. Gregório de Castro, é composto por um retábulo com uma centena de figuras esculpidas (do Antigo e do Novo Testamento) em pedra de Ançã. Um dos painéis centrais é ocupado por uma estátua invocando Nossa Senhora da Assunção.
Segundo Adriano Vasco Rodrigues, é uma "“imagem em granito da Senhora da Assunção, padroeira da Guarda.”
(Fonte: ‘A Catedral da Guarda, motivo de orgulho!’, de Adriano Vasco Rodrigues, em GuardaViva Boletim Municipal, Nº 1, página 21)
“Fachada principal virada a oeste, sendo visível um primitivo remate em pena angular, sendo rasgada por portal em arco abatido, com cogulhos internos, que se entrelaçam, dando origem a uma nicho com mísula e baldaquino, onde se integra a imagem de Nossa Senhora da Assunção ; é ladeado por dois colunelos finos, assentes em bases altas com toros e escócias, surgindo, nos intercolúnios, mísulas ornadas por folhagem protegidas por baldaquinos; o colunelo exterior prolonga-se sobre o nicho da Virgem, em arco canopial, com cogulhos internos e externos, sendo flanqueado por dois possantes gigantes, constituídos por amplas bases, de onde saem feixes de colunas torsas, rematando em pináculos também torsos e com florão.”
“Na Estatística Paroquial, é referido que a paróquia da Sé, de Nossa Senhora da Assunção, era um priorado apresentado pelo bispo local.”
(Fonte: Sistema de Informação para o Património Arquitetónico)
"...no centro a Virgem da Assunção, padroeira da cidade da Guarda.”
(Fonte: MONOGRAFIA ARTÍSTICA DA GUARDA, Adriano Vasco Rodrigues, 2ª edição, 1977, página 98, 2º parágrafo)
“Diocese da Guarda (Diœcesis Ægitaniensis) - Padroeiro: Nª Senhora da Assunção”
"Num nicho central, vê-se a imagem de Nossa Senhora da Assunção, padroeira da Guarda."
(Fonte: Património & Turismo, Distrito da Guarda 1999 [(REGISTOS: Ministério da Justiça, Empresa Jornalística Nº 222 033, ICS (Titularidade) Nº 122 034] , página 46)
"Paróquia: Guarda; Orago: Nossa Senhora da Assunção"
(Fonte: CÚRIA DIOCESANA DA GUARDA - ANUÁRIO CATÓLICO)
Cronologia
200 000 000 a.C. - Impacto de um meteoro a NE da atual cidade da Guarda, formando-se uma cratera complexa de 35 km de diâmetro.
139 a.C. - Viriato é assassinado, e o seu funeral teria ocorrido provavelmente no Cabeço das Fráguas nas proximidades da atual cidade da Guarda.
1199 - Em 27 de Novembro, fundação da cidade da Guarda – através de carta foral de D. Sancho I – com o propósito de servir de centro administrativo, de comércio e de defesa da fronteira da Beira contra os Reinos da Meseta do centro da Península Ibérica: primeiro, o Reino de Leão; depois, o Castela e finalmente, Espanha. Foi este propósito que deu origem ao nome de Cidade da Guarda.
1202 - Criação da Diocese da Guarda, transferida de Idanha, a antiga e importante cidade romana da Egitânia, que foi largamente abandonada no tempo das invasões e lutas contra os mouros, já que a sua situação em plena fronteira e localização difícil de defender a expunham quer a mouros quer a cristãos. A cidade da Guarda foi fundada em posição muito mais fácil de defender, o que lhe permitiria tirar à Idanha a posição de centro principal da Beira Interior.
1203 - D. Martinho Pais é Bispo da Guarda.
1255 - Criação das Feiras de S. João.
1281 a 1282 - D. Dinis realiza as Cortes da Guarda.
1333 - Homens bons da Guarda solicitam a D. Afonso IV a redução das rendas.
1379 - D. Fernando autoriza o Bispo D. Afonso Correia II a criar o Colégio para estudantes pobres.
1384 - O alcaide-mor do castelo da Guarda Álvaro Gil Cabral (trisavô de Pedro Álvares Cabral) recusa-se a entregar as chaves da cidade a D. João I de Castela.
1385 - D. João, o Mestre de Avis, aloja-se na cidade.
1405 - D. João I ordena que os judeus usem uma estrela vermelha de seis pontas ao peito, estranhamente mais tarde vem recuar revogando essa mesma lei após abusos das autoridades.
1435 - Nasce Frei Pedro da Guarda.
1450 - Litígio entre o Bispo, a Câmara da Guarda e D. Afonso V, devido à entrada de vinho de fora da cidade.
1459 - 1476 - O Bispo da Guarda explora ferrarias em Caría auxiliado por biscaínhos, especializados em fundições.
1462 - D. Afonso V concede ao Bispo da Guarda o direito de explorar minas de chumbo, prata, ouro, estanho, cobre e outros metais.
1465 - D. Afonso V realiza novas Cortes na Guarda.
1475 - O príncipe D. João (futuro Rei D. João II) reúne Conselho na Guarda para reunir tropas que participarão na batalha de Toro.
1476 - Em Janeiro o príncipe parte da Guarda chegando a Ciudad Rodrigo no dia 24 desse mesmo mês.
1492 - Expulsão dos judeus de Espanha. Aumenta exponencialmente a população judia da Guarda.
1493 - Rui de Pina delineia o Tratado de Tordesilhas na Guarda e parte em embaixada para Castela. Deste episódio sobrou ainda nos dias de hoje a expressão que nos diz que «O Brasil nasceu na Guarda».
1496 - É dada ordem para a conversão ou expulsão dos judeus, levando ao aparecimento dos chamados cristãos-novos e do cripto-judaísmo na região.
1499 - O Papa autoriza o Bispo da Guarda a fundar três Mosteiros onde quiser.
1500 - A 12 de Maio dá-se o primeiro Sínodo Diocesano da Guarda.
1519 - D. Manuel I concede isenções fiscais aos moradores da Guarda.
1530 - A 5 de Outubro o Rei D. João III nomeia D. Fernando como Duque da Guarda.
1540 - Concluídas as obras da Catedral da Guarda, tal como hoje se conhece.
1541 - O Inquisidor Cardeal D. Henrique, autoriza o Reitor da Universidade de Coimbra a fazer inquisição no Bispado da Guarda, a sul do Tejo.
1543 - Iniciam-se as perseguições da inquisição na Guarda.
1580 - O Bispo da Guarda D. João de Portugal torna-se partidário da independência e opositor da dominância filipina, vindo mais tarde a combater em Alcântara ao lado do D. António o Prior do Crato, vindo a morrer no cárcere em 1592 às ordens de Filipe II de Espanha.
1582 - É adotado o calendário gregoriano na diocese Egitaniense.
1582 - Pedro Telésio é mestre de música na Sé da Guarda.
1597 - Início dos trabalhos das novas Constituições do bispado da Guarda.
1614, 1615 e 1617 - Guerra entre bandos na Guarda.
1655 - Intensificada a exploração de Estanho nas minas da Guarda.
1670 - Matias de Sousa Vilas Lobo ensina música na Guarda.
1674 - Sínodo diocesano para regulamentar os dízimos. Este irá produzir levantamentos populares em Idanha-a-Nova.
1697 - Ano de fome em toda a região da Guarda.
1704 - Encontram-se na Guarda, D. Pedro II e o Arquiduque Carlos d'Áustria, envolvidos na guerra de sucessão de Espanha.
1727 - A 19 de Junho morre, com 103 anos, a Madre Mariana de S. Miguel no Convento de Sta. Clara. A 26 de Junho, pelas 14h, a cidade sofre uma trovoada com pedras de dimensões nunca vistas, dois raios caem na Catedral causando danos no interior.
1730 - O Bispo da Guarda, D. João de Mendonça, funda em Castelo Branco o Recolhimento de Santa Maria Madalena
1730 a 1735 - Intensifica-se a perseguição aos judeus, aumentam as marcas cruciformes na judiaria da Guarda.
1733 - Morre António de Sequeira e Albuquerque com 103 anos, fora Cónego da Sé durante 86 anos.
1744 - A 6 de Julho o Rei D. João V pede ao Bispo da Guarda que lhe sejam remetidos os rendimentos do Cabido.
1749 - Grande cheia no Mondego inunda a povoação de Porto da Carne e terrenos marginais.
1753 - A 23 de Agosto o Rei D. José proíbe o Bispo da Guarda de dar ordens aos oficiais de justiça seculares, ou de os ameaçar de excomunhão.
1755 - Sente-se o terramoto de Lisboa na Região, que causa graves danos em Pinhel.
1757 - A 6 de Dezembro o Rei D. José adverte o Bispo da Guarda quanto às punições destinadas a eclesiásticos que colaboram com o contrabando, escondendo-os nas igrejas.
1762 - Estado de Guerra na região, ataques dos Espanhóis a Castelo Rodrigo e Almeida. O Rei D. José pede ao Bispo da Guarda para prevenir os eclesiásticos que as suas casas poderiam ser requisitadas para albergar militares.
1773 - A 16 de Fevereiro o Marquês de Pombal manda abolir finalmente os atestados de limpeza de sangue e queimar os cadastros de cristãos-novos.
1774 - A 12 de Abril o Papa Clemente XIV separa o território do Arcediago de Seia do Bispado de Coimbra e integra-o na Guarda.
1801 - O Marquês de Alorna derruba parte da muralha da Guarda para construir o Forte Velho, a 3 km da cidade.
1808 - As tropas francesas comandadas por Loisin entram na cidade da Guarda.
1810 - A Cidade sofre a 3ª invasão francesa.
1811 - A 16 de Abril as tropas francesas veem se obrigadas a abandonar a cidade devido à batalha de Fuentes de Oñoro que viriam a perder em 5 de Maio.
1812 - A 16 de Maio o Estado fornece sementes de milho pela população para reparar os prejuízos da Guerra com os franceses.
1829 - Em Janeiro regista-se uma "intensa vaga de frio que faz congelar os ovos e a aguardente". (para que isto ocorra são necessárias temperaturas inferiores a -23 °C).
1833 - O Bispo absolutista D. José Pacheco e Sousa abandona a cidade que só voltará a ter bispo em 1858.
1835 - Novo derrube de secções da muralha para construção do cemitério.
1839 - Destruição da porta da Covilhã e da torre das freiras.
1855 - Criação do Liceu da Guarda.
1866 - O Governador Civil Sande e Castro intervém para que se crie o Montepio Egitaniense.
1868 - Criado aquele que se pensa ser o 1º jornal da Guarda: «O Egitaniense».
1871 - Nasce Carolina Beatriz Ângelo.
1876 - Fundação da Companhia dos Bombeiros Voluntários da Guarda.
1881 - É extinta a Diocese de Pinhel e incorporada na diocese da Guarda.
1882 - A 4 de Agosto D. Luís I e D. Maria Pia são recebidos solenemente na Guarda por ocasião da Inauguração da linha da Beira Alta entre a Guarda e Vilar Formoso, junto da fronteira com Espanha.
1883 - Nasce Ladislau Patrício.
1885 - Morre a última freira do convento de Sta. Clara, que é posteriormente entregue à Misericórdia para a instalação de um hospital. Inicia-se dos trabalhos de ligação com a Linha da Beira Baixa.
1887 - O Governador Civil D. João de Alarcão intercede e consegue a criação do Asilo de mendicidade Distrital.
1889 - Criação do Asilo da Infância desvalida.
1894 - Conferência de S. Vicente Paulo (Intervenção do Bispo D. Tomaz G. de Almeida)
1895 - Integração da Guarda na 5ª Brigada através dos corpos de Infantaria nº 12, 21 e 23. Construção do Mercado fechado com arte em ferro.
1896 - Eletrificação da Guarda, sendo concessionário Francisco de Pinto Balsemão.
1897 - Criação da Escola Normal(Magistério Primário).
1899 - Começam obras de restauro da catedral (Arq. Rosendo Carvalheira e Mestre Valentim).
1901 - A 30 de Dezembro a Sé Catedral é decretada monumento nacional.
1902 - Câmara da Guarda gasta 387.000$00 no abastecimento de água para a freguesia de Vela.
1904 - Fundada a Caixa Económica da Guarda, por João Caetano Salvado.
1907 - A 18 de Maio chegam à Guarda D. Carlos I e D. Amélia para inaugurar o Sanatório Sousa Martins.
1910 - Implantação da República, saudada com grande entusiasmo pela população da cidade.
1911 - Durante um baile no Regimento de Infantaria n.º 12 o soalho abate provocando vários feridos com fraturas, especialmente entre as senhoras.
1921 - A Câmara Municipal tem direito a imprimir moeda (cédulas camarárias).
1922 - O ex-aluno do Liceu da Guarda, Sacadura Cabral, inicia a 1ª travessia do Atlântico Sul.
1926 - Início da Ditadura militar.
1929 - A 26 de Fevereiro falece Augusto Gil.
1931 - Sai o último nº (938) do jornal O Combate, foi seu diretor o poeta José Augusto de Castro.
1934 - Morre no Tarrafal o General Adalberto Gastão de Sousa Dias, heroico defensor da Democracia. É transportado para a Guarda e depositado sem honras fúnebres num jazigo do cemitério municipal.
1937 - O Jornal democrático "Distrito da Guarda" é encerrado pela censura.
1940 - Chegam à Guarda refugiados da Segunda Guerra Mundial, começam a sentir-se o racionamento de alimentos.
1941 - Ciclone derruba milhares de árvores no Distrito.
1942 - Inaugurado o Hotel Turismo.
1944 - Dia da Liberdade.
1946 - Reabre a escola do magistério primário.
1948 - Fundação da Rádio Altitude no Sanatório da Guarda.
1951 - A 11 de Novembro falece Salvador do Nascimento, a cidade presta honras fúnebres.
1956 - Entra em funcionamento a Escola Comercial e Industrial da Guarda.
1963 - As Indústrias Lusitanas Renault instalam-se na Guarda.
1967 - Morre Ladislau Patrício.
1974 - O Regimento de Infantaria adere desde a primeira hora ao MFA.
1976 - Acordos da Guarda - entre Portugal e Espanha.
1977 - Celebra-se na Guarda o "Dia das Comunidades Lusíadas" com a presença do Pres. da República General Ramalho Eanes e Membros do Governo.
1978 - Criada na Guarda a Associação de Amizade Portugal-Israel.
1979 - Geminação da cidade com Safed.
1983 - Criação da Escola Superior de Saúde da Guarda - Nasce o Instituto Politécnico da Guarda.
1988 - Em Março - Presidência aberta sendo presidente Dr. Mário Soares.
1995 - Abílio Curto abandona a Presidência da Câmara Municipal, cargo que exercia desde 1976.
1999 - Celebração do VIII centenário do Foral Sanchino, com a presença do Presidente Jorge Sampaio. É criado o Centro de Estudos Ibérico.
2000 - Fundação do Jornal O Interior.
2001 - D. José Saraiva Martins ascende a Cardeal.
2010 - O histórico Hotel Turismo é encerrado. A Câmara Municipal da Guarda acorda vender o edifício ao Turismo de Portugal.
2010 - Encerramento da Delphi, à data uma das maiores empregadoras da região.
2011 - O último Governador do Distrito, Santinho Pacheco é exonerado pelo Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho.
2013 - A coligação PSD/CDS ganha a autarquia da Guarda
2014 - A cidade é, novamente, palco das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, com a Presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
2021 - Sérgio Costa vence as eleições autárquicas, como independente. Torna-se o primeiro Presidente da Camâra independente.
População
Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.
De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Lendas
Segundo uma lenda, no tempo da Reconquista, havia uma jovem Ana apaixonada por Alfonso III das Astúrias que seguiu o rei, vestida de soldado. Depois duma batalha, o rei descobriu o segredo de Ana e emocionado, mandou construir um castelo para Ana viver, tornando-se a guardiã daquelas terras.
Geografia
A Guarda é sobranceira ao Vale do Mondego, insere-se no último contraforte Norte da Serra da Estrela é a cidade mais alta de Portugal, quanto à altitude da área urbana do município, com altitude máxima de 1 056 metros.
Fruto desta altitude é também o curioso facto de esta região pertencer a três bacias hidrográficas - Mondego, Douro e Tejo, contribuindo desta forma para os recursos hídricos das regiões de Lisboa, Porto e Coimbra. O ponto de confluência das três bacias localiza-se na povoação de Vale de Estrela nas imediações da Guarda.
Clima
O clima na cidade da Guarda é temperado, com influência mediterrânica, visto que no verão há uma curta estação seca. O mês mais quente é Julho, com temperatura média de 19,7 °C, e o mês mais frio é Janeiro, com média de 4 °C. O mês mais chuvoso é Dezembro, com pluviosidade média de 150,6 mm, e o mês mais seco é Agosto, com média de escassos 10,4 mm. A temperatura média anual é de 11,1 °C e a pluviosidade média anual é de 914,2 mm. É considerada uma das cidades mais frias de Portugal, experimentando algumas vezes por ano precipitações de neve.
As temperaturas inferiores a -10 °C ocorrem com alguma frequência, havendo inclusivamente registos históricos datados de Janeiro de 1829 que parecem indicar temperaturas inferiores a -20 °C (ver secção cronologia).
Organização administrativa
Até 2013, a cidade da Guarda era oficialmente constituída pelas freguesias urbanas da Sé, São Vicente e São Miguel, entretanto unidas numa só (Freguesia da Guarda).
Freguesias
Desde a reorganização administrativa de 2012/2013, o município da Guarda está dividido em 43 freguesias:
Até 1 de janeiro de 2002, fazia também parte do município a freguesia do Vale de Amoreira, a qual entretanto foi transferida para o vizinho município de Manteigas.
Cidades geminadas
A cidade da Guarda está geminada com cinco cidades:
Siegburg, Renânia do Norte-Vestfália
Béjar, Castela e Leão
Safed, Distrito Norte
Waterbury, Connecticut
Wattrelos, Nord
Política
Eleições autárquicas
Eleições legislativas
Património arquitetónico e arqueológico
A cidade tem vários monumentos arquitetónicos, na sua maioria situados no centro histórico:
Sé Catedral da Guarda
Igreja de São Vicente
Igreja da Misericórdia
Portas da cidade (do Sol, da Erva, Del Rei e Falsa)
Torre dos Ferreiros
Torre de Menagem (Castelo da Guarda)
Muralhas da cidade
Capela de Nossa Senhora do Mileu
Estação arqueológica da Póvoa de Mileu
Capela de São Pedro de Verona
Paço Episcopal
Paços do Concelho
Solar do Alarcão
Solar dos Póvoas
Antigos Paços do Concelho
Pelourinho da Guarda ou Cruzeiro da Guarda
Judiaria da Guarda
Casa do Alpendre
Casas dos Magistrados
Hotel Turismo da Guarda
Convento de São Francisco da Guarda ou Convento do Espírito Santo
Antigo Colégio do Roseiral
Complexo do ex-Sanatório Sousa Martins ou Hospital da Guarda
Chafariz de Santo André
Castro do Jarmelo
Castro de Tintinolho
Solar da Rua do Encontro
Cabeço das Fráguas
Anta de Pêra do Moço
Ponte antiga de Valhelhas
Pelourinho de Valhelhas
Igreja Matriz de Aldeia Viçosa
No centro histórico da Guarda encontram-se vários edifícios com marcas mágico-religiosas: um estudo de Novembro de 2006, editado pela Sociedade Pólis Guarda e pela autarquia local, identifica 48 marcas cruciformes em edifícios da zona da Judiaria.
Património natural
Encontram-se classificadas como árvores de interesse nacional:
Todo o arvoredo do Hospital da Guarda
Castanheiro de Guilhafonso
Mais património natural da região:
Cão da Serra da Estrela - sem dúvida um dos mais interessantes canídeos de Portugal;
Teixos da Serra da Estrela;
Lobo Ibérico - as últimas alcateias livres a sul do Douro situam-se nesta região;
Vale Glaciar de Manteigas;
Orografia granítica, com afloramentos frequentes e por vezes com dimensões monumentais;
Carvalhais de Carvalho Negral;
Soutos e Castinçais;
Possível cratera de 35 km de diâmetro;
Linha de festo tago-duriense que define as vertentes das bacias hidrográficas do Tejo e do Douro, na freguesia de Panoias de Cima .
O município encontra-se parcialmente inserido no Parque Natural da Serra da Estrela
Associações recreativas e desportivas
Durante muitos anos, o principal clube desportivo da cidade, com notório ecletismo, foi a Associação Desportiva da Guarda.
Foi criado o clube Guarda Desportiva Futebol Clube, que se dedicou apenas ao futebol.
Outros clubes que se têm destacado neste desporto são o Mileu-Guarda Sport Clube e o NDS (Núcleo Desportivo e Social), este sobretudo nas camadas jovens. Clubes que se têm destacado fora do âmbito do futebol são o Clube de Montanhismo da Guarda, e o Centro de Desporto e Cultura do Pinheiro no atletismo.
A cidade tem ainda diversas associações culturais e recreativas, dentre as quais, a Associação de Desenvolvimento Carapito S. Salvador.
Existe ainda o Grupo Desportivo e Recreativo das Lameirinhas (GDRL) que se destaca no âmbito do futsal, no escalão nacional de seniores, possuindo também uma equipa B e escalões de iniciação. O clube tem também escalões juvenis de basquetebol feminino.
Infraestruturas e acessibilidades
O município é servido por uma boa rede viária:
A25 (auto-estrada) - Liga a cidade a Espanha e a Aveiro
A23 (auto-estrada) - Liga a cidade ao ao sul (Torres Novas) pelo interior do país. É também a principal ligação a Lisboa, com confluência na A1 (auto-estrada).
IP2 (Itinerário principal) - Liga a cidade ao ao Norte (Bragança) pelo interior do país, sendo que o troço até Trancoso é com perfil de Auto-estrada (4 vias).
IP5 - Aquando da inauguração da A25, foi desqualificado da rede nacional de estradas. Usado ainda para ligação a algumas freguesias limítrofes.
EN16
EN18
EN221
EN233
Ferrovias
Na Guarda passam ainda as seguintes linhas ferroviárias:
Linha da Beira Alta - Figueira da Foz - Guarda - Vilar Formoso (via Pampilhosa)
Linha da Beira Baixa - Entroncamento - Guarda (via Castelo Branco)
Após o abandono do projeto do TGV português devido à crise económica mundial, o governo português anunciou em 2011 a requalificação da linha da beira alta para bitola europeia de forma a permitir a circulação de mercadorias em velocidade alta a partir dos portos do norte de Portugal para o centro da Europa.
Plataforma logística e outras
No município existe a PLIE - Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial, uma área infraestruturada de raiz com cerca de 100 hectares, de cariz logístico-industrial onde a atividade de armazenagem e produção tem condições ótimas do ponto de vista da distribuição Ibérica, não só pela confluência das várias vias rodoviárias e ferroviárias, mas também pela posição intermédia entre Lisboa-Madrid e Aveiro-Madrid, sendo de todas as passagens fronteiriças aquela que proporciona o menor e mais rápido trajeto em direção ao centro da Europa.
No município existe a barragem do Caldeirão, importante infraestrutura para o abastecimento de água e produção de energia. A barragem foi também feita com o intuito de ser um pólo de atração turística.
Economia
Antes do 25 de Abril, a grande maioria da população do município habitava em aldeias e vivia da agricultura de subsistência. Com a democracia, começou a haver uma deslocalização dos meios rurais para a cidade e as pessoas começaram a trabalhar no sector dos serviços e da indústria. Houve grandes fábricas, como a Renault e a Gartêxtil, ambas já desaparecidas.
Os 14 municípios do distrito da Guarda possuirão um total de 15 521 empresas, das quais 4 189 estarão sediadas no município da Guarda.
Atualmente (2010), a crise paira na indústria desta cidade gerando milhares de desempregados: a principal empregadora a Delphi, fechou em 31 de dezembro de 2010,despedindo os últimos 321 trabalhadores (chegou a ter cerca de 3 mil trabalhadores). No entanto existem outras empresas do mesmo sector que poderão absorver alguns desses trabalhadores. Outros exemplos de empresas relevantes são a GELGURTE, Coficab, Dura Automotive, SODECIA metalurgia entre outras.
A boa situação geográfica do município e as boas acessibilidades fazem da Guarda um excelente local para o armazenamento e transporte de mercadorias de Portugal para o resto da Europa (e vice-versa), nesse sentido entidades privadas em conjunto com a Câmara Municipal criaram a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) que é uma plataforma transfronteiriça que procura dinamizar a economia regional e a captação de fluxos e investimentos industriais.
Turismo e gastronomia
O turismo é também uma aposta da Guarda. Os principais pontos turísticos da cidade são:
Museu da Guarda;
Sé Catedral da Guarda ;
Museu da Tecelagem dos Meios;
Teatro Municipal da Guarda.
Atualmente, o município tem vários hotéis que aproveitam a proximidade com a Serra da Estrela, com as Aldeias Históricas e com a região do vinícola do Douro que posicionam a Guarda como base ideal para a descoberta desses destinos. A gastronomia do município é muito diversificada, com destaque para o Caldo de Grão, o Bacalhau à Conde da Guarda, Bacalhau à Lagareiro, o Cabrito Assado, as Morcelas da Guarda e o Arroz Doce.
Política
Presidentes da Câmara após o 25 de Abril:
Vítor Cabeço (1976) - renuncia a favor de Abílio Curto;
Abílio Curto (1976-1995) - é afastado por ser arguido num processo judicial;
Maria do Carmo Borges (1995-2005) - renuncia para assumir o cargo de Governadora Civil do Distrito da Guarda;
Álvaro Guerreiro (2005) - termina o mandato de Maria do Carmo Borges;
Joaquim Valente (2005-2013);
Álvaro Amaro (2013-2019) - eleito pela coligação PSD/CDS.
Carlos Chaves Monteiro (2019-2021) -assume o cargo após o antecessor ser eleito Eurodeputado
Sérgio Costa (2021-) - primeiro independente
Guardenses ilustres
O município da Guarda foi o berço de várias personalidades, entre as quais:
Adriano Vasco Rodrigues
Álvaro Gil Cabral
Álvaro de Castro
Álvaro Xavier da Fonseca Coutinho e Póvoas
Carolina Beatriz Ângelo
Cónego Manuel Joaquim Geada Pinto
D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva
D. João de Oliveira Matos
Fausto Lopo Patrício de Carvalho
Fernando Carvalho Rodrigues
Francisco Saraiva da Costa Refoios
Frei Pedro da Guarda
General João d'Almeida
João Coito
João dos Prazeres
Cardeal Saraiva Martins
Ladislau Patrício
Ribeiro Sanches
Rui de Pina
Veiga Simão
Filhos adotivos da Guarda
A Guarda, ao longo dos tempos, foi acolhendo individualidades que, pela sua relevância e ligação à Cidade, perduram na alma Guardense.
Augusto César Ferreira Gil - É deste autor a popularíssima peça poética "Balada da Neve" que escreveu na Guarda.
Educação
Na Guarda, existem vários estabelecimentos de ensino:
Ensino superior
IPG (Instituto Politécnico da Guarda) (público)
Instituto Superior de Administração, Comunicação e Empresas (privado)
Ensino secundário
Escola Secundária c/ 3º CEB da Sé
Escola Secundária Afonso de Albuquerque
Ensino privado
Ensiguarda
Instituto de S. Miguel
Colégio da Cerdeira
Conservatório de Música de S. José da Guarda
A cidade da Guarda tem um total de 21 escolas.
Gentílico
Alguns autores acham que o gentílico da Guarda não é guardense, mas egitaniense. A palavra deriva de Egitânia, o nome latino de Idanha, e tem a ver com o facto de a diocese da Idanha (atualmente a pequena aldeia de Idanha-a-Velha, município de Idanha-a-Nova), ter sido transferido para a Guarda.
Ver também
Distrito da Guarda
Lista de património edificado no Distrito da Guarda
Aldeias de Montanha do concelho da Guarda: Famalicão da Serra, Fernão Joanes, Trinta-Meios-Corujeira, Valhelhas e Videmonte.
Ligações externas
Município da Guarda
Carmelo da Guarda |
Emo ou emocore (, de emotional hardcore) é um gênero musical surgido no final da década de 1980, caracterizado pela musicalidade melódica com ênfase na expressão emocional, por vezes letras emotivas, românticas ou confessionais.
Surgiu como um estilo de post-hardcore advindo do movimento hardcore punk de meados dos anos 1980 em Washington, DC, onde era conhecido como emotional hardcore. No início da década de 1990, o emo foi adotado e reinventado pelo rock alternativo, indie rock e bandas de pop punk como Sunny Day Real Estate, Jawbreaker, Weezer e Jimmy Eat World, com Weezer entrando no mainstream nessa época. Em meados da década de 1990, bandas como Braid, The Promise Ring e The Get Up Kids emergiram e várias gravadoras independentes começaram a se especializar no gênero. Enquanto isso, o screamo, um estilo mais agressivo de emo usando vocais gritados, também surgiu, criado pelas bandas de San Diego Heroin e Antioch Arrow. O screamo alcançou certa popularidade nos anos 2000 com bandas como Hawthorne Heights, Silverstein, Story of the Year, Thursday, Alesana, The Used e Underoath.
Muitas vezes visto como uma subcultura, emo também significa uma relação específica entre fãs e artistas e certos aspectos da moda, cultura e comportamento. A moda emo tem sido associada à skinny jeans, delineador preto, camisetas justas com nomes de bandas, cintos com tachas, cabelos lisos com franja longa. Desde o início até meados dos anos 2000, os fãs de música emo que se vestem assim são chamados de "emo kids" ou simplesmente "emos" e conhecidos por ouvir bandas como My Chemical Romance, Good Charlotte, Fall Out Boy, Hawthorne Heights, The Used e Simple Plan. A subcultura emo foi estereotipadamente associada à alienação social, sensibilidade emocional, misantropia, introversão e angústia. Supostas ligações com depressão, automutilação e suicídio, combinadas com seu aumento de popularidade no início dos anos 2000, inspiraram uma reação antiemo, com bandas como My Chemical Romance e Panic! at the Disco rejeitando o rótulo emo por causa do estigma social e da controvérsia em torno dele.
Emo e seu subgênero emo pop entraram na cultura dominante no início dos anos 2000 com o sucesso de Jimmy Eat World e Dashboard Confessional e muitos artistas assinaram com grandes gravadoras. Bandas como My Chemical Romance, AFI, Fall Out Boy e The Red Jumpsuit Apparatus continuaram a popularidade do gênero durante o resto da década. No início da década de 2010, a popularidade do emo havia diminuído, com alguns grupos mudando seu som e outros se separando. Enquanto isso, no entanto, um renascimento emo principalmente underground surgiu, com bandas como The World Is a Beautiful Place & I Am No Longer Afraid to Die e Modern Baseball, alguns inspirados no som e na estética do emo dos anos 1990. Durante o final dos anos 2010, um gênero de fusão chamado emo rap se tornou popular, com alguns dos artistas mais famosos incluindo Lil Peep, XXXTentacion e Juice Wrld.
Origem
Originou-se entre o hardcore punk de Washington DC, cujas bandas pioneiras foram Rites of Spring e Embrace, parte de uma primeira cena do post-hardcore conhecida como Revolution Summer.
Existem várias teorias que tentam explicar a origem do termo "emo", como a que um fã teria gritado "You're emo!" ("Vocês são emo!") para uma banda (os mitos variam bastante quanto a banda em questão, sendo provavelmente Embrace ou Rites of Spring).
No entanto, a versão mais aceita como real é a de que o nome foi criado por publicações alternativas como o fanzine Maximum RocknRoll e a revista de Skate Thrasher para descrever a nova geração de bandas de "hardcore emocional" que aparecia no meio dos anos 80, encabeçada por bandas da gravadora Dischord de Washington DC, como as já citadas Embrace e Rites of Spring, além de Gray Matter, Dag Nasty e Fire Party. Aparentemente, o termo "emocore" é uma abreviação de emotional hardcore.
É importante lembrar que nenhuma destas bandas jamais aceitou ou se auto-definiu através deste rótulo. A palavra "Emo" foi vista como uma piada ou algo pejorativo e artificial, seja uma forma de tentar excluir do Hardcore punk tudo o que não tivesse temas estritamente ideológicos (o que seria limitante e conservador demais), seja uma forma de criar uma jogada de marketing sobre algo que, segundo eles, seria perfeitamente parte do já citado gênero musical hardcore punk, respectivamente.
Nesta época, outras bandas já estabelecidas de hardcore punk, como Nation of Ulysses e Shudder to Think, também aderiram a esta onda inicial do chamado "emocore", diminuindo o andamento, escrevendo letras mais introspectivas e acrescentando influências do Pop punk de então, que era radicalmente diferente do que seria chamado de Pop punk nos anos 2000. Hüsker Dü (banda de formação anterior a Rites of Spring), Policy of 3, One Last Wish, Fuel, Still Life, Moss Icon, Lifetime, Hot Water Music, Small Brown Bike e Fugazi também foram importantes bandas desse cenário onde as primeiras diferenças do Hardcore punk com o Post-hardcore e o Emo começavam a serem notadas.
Após a supervalorização inicial da intensidade e da sonoridade caótica, o emotional hardcore sofreu um processo de "desacelaração". Já estabelecida essa primeira cena melódica, expressiva e confessional de Hardcore punk, as bandas que começaram a surgir no interior estadunidense absorveram características do então ascendente e crescente Indie rock durante os anos 90, como já foi dito.
Chegada ao Brasil
No Brasil, a "tribo urbana emo" se estabeleceu sob forte influência estadunidense em meados de 2003, na cidade de São Paulo, espalhando-se para outras capitais do Sul e do Sudeste, e influenciou também uma moda de adolescentes caracterizada não somente pela música, mas também pelo comportamento geralmente emotivo e tolerante, e pelo visual, que consiste em geral em trajes pretos, listrados, Vans Old Skool (sapatos parecidos com All-Stars), cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos.
Movimento cultural
O emo entrou na cultura popular no início da década de 2000 com o sucesso de Jimmy Eat World e Dashboard Confessional e da emergência do subgênero screamo. Nos últimos anos, o "emo" tem sido aplicado por críticos e jornalistas para uma variedade de artistas, incluindo as bandas com grande popularidade e actos premiados, e grupos com diferentes estilos e sons, especialmente o pop punk de Simple Plan, Good Charlotte, Fall Out Boy, Panic! at the Disco e vários outros, fugindo à tradicional definição de "hardcore punk emocional" e seus derivados diretos (como foi o caso da maioria dos grupos classificados como emo antes do século XXI).
Uso do termo "emo"
Somaram-se argumentos de que se rotular "um emo" e se esforçar para que fosse reconhecido como tal por outras pessoas era uma atitude pouco autêntica, de pretender fazer parte de um grupo social ausente de ideologia clara e importante (como diz Gerard Way, vocalista do My Chemical Romance).
Álbuns mais representativos
No número #179 da revista espanhola Rockdelux publicou-se uma retrospectiva sobre o Emo onde se elegeram os doze discos mais representativos do género. Estes álbuns foram os seguintes:
Jawbreaker - Bivouac (1992)
Jawbox - For Your Own Special Sweetheart (1994)
Sunny Day Real Estate - Sunny Day Real Estate (LP2) (1995)
Christie Front Drive - Christie Front Drive (1996)
Sense Field - Building (1996)
Texas Is the Reason - Do You Know Who You Are? (1996)
The Promise Ring - Nothing Feels Good (1997)
The Get Up Kids - Four Minute Mile (1997)
Knapsack - This Conversation Is Ending Starting Right Now (1998)
The Van Pelt - Sultans of Sentiment (1999)
Jimmy Eat World - Clarity (1999)
Discriminação e ódio
Devido ao surgimento e ascensão mainstream de bandas de
"emo-pop" e rock colorido no final da década de 2000, grupos com suposta "qualidade musical questionável" segundo certos críticos e grupos de fãs de outros gêneros de rock, a subcultura emo foi estereotipicamente e vulgarmente associada aos oprimidos e a temas como sensibilidade, introversão e angústia, bem como depressão e automutilação. Seu rápido aumento de popularidade no início dos anos 2000 inspirou uma reação negativa, com bandas como My Chemical Romance e Panic! At the Disco rejeitando o rótulo "emo" por causa do estigma social e da controvérsia em torno dele. Os fãs, especialmente aqueles que seguem estereótipos de moda e comportamento, podem sofrer agressões verbais, em alguns casos até mesmo agressões físicas.
A reação negativa quanto à suposta subcultura emo e suas bandas cresceu no Brasil mais rapidamente que o gênero musical em si. Fãs de música emo que seguem os estereótipos de moda podem ser considerados de "sexualidade questionável". Como o Brasil é considerado um dos países com o maior número de casos de homofobia, o ódio às citadas bandas e a subcultura se tornou um grande alvo de polêmica da sociedade, que em sua maioria passou a concordar com os grupos considerados "anti-emo". Fenômenos parecidos se formaram no México, nos Estados Unidos, no Reino Unido, na Alemanha, na Polônia e na Rússia, nas 3 últimas os membros da "subcultura emo" são frequentemente visados por ataques praticados por grupos radicais incluindo neonazistas. Assédio moral juvenil e infantil, conhecido hoje pelo termo em inglês bullying contra jovens fãs de emo ou qualquer outra subcultura alternativa também são comuns.
Ver também
Post-hardcore
Pop punk
Scene kids
Banda colorida
Ligações externas
Movimento Emo, estudo de caso UFMA
Do punk ao hardcore, estudo de caso UFMG |
Irlanda do Norte (; em irlandês: Tuaisceart Éireann; em scots de Ulster: Norlin Airlann) é uma nação constituinte do Reino Unido, a única não situada na Grã-Bretanha. Localiza-se, como seu nome sugere, na parte norte da Ilha da Irlanda, que divide com a República da Irlanda, um país independente e soberano.
A Lei do Governo da Irlanda de 1920 (Government of Ireland Act 1920), aprovada pelo parlamento do Reino Unido fez da Irlanda do Norte uma entidade política autônoma em 1921. Confrontado com exigências divergentes de nacionalistas irlandeses e unionistas para o futuro da ilha da Irlanda (os primeiros queriam um parlamento autónomo que governasse toda a ilha, os segundos não queriam nenhuma autonomia), e temendo uma guerra civil entre os dois grupos, o governo britânico liderado por David Lloyd George aprovou a lei, criando duas Irlandas com autonomia interna: a Irlanda do Norte, que continuaria sob o domínio do Reino Unido, e a República da Irlanda (também conhecida como Eire), independente.
História
A área agora conhecida como Irlanda do Norte teve uma história complexa. Foi a pedra fundamental do nacionalismo irlandês na era das ocupações da rainha Isabel I e de Jaime I em outras partes da Irlanda, e se tornou o principal aglomerado de acampamentos escoceses depois do Flight of the Earls (quando o governo escocês nativo, os militares nacionalistas e a elite deixaram a Escócia em massa). Hoje, a Irlanda do Norte passa por uma variedade grande de rivalidades entre comunidades, representadas em Belfast pela bandeira tricolor do republicanismo irlandês ou a Union Flag, o símbolo da sua identidade britânica, enquanto os kerbstones em áreas de menor influência pintam bandeiras verde/branco/laranja ou vermelho/branco/azul, dependendo se a comunidade local é simpática aos nacionalistas/republicanos ou aos unionistas.
Início do século XX
Recebeu autogoverno em 1920 (apesar de não ter chegado a ser reconhecido, alguns, como sir Edward Carson, se opuseram amargamente a isso). Seus primeiros-ministros desde sir James Craig (mais tarde lorde Craigavon) praticaram uma política discriminatória contra a minoria nacionalista/católica. A Irlanda do Norte tornou-se, nas palavras do ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1998, líder unionista e primeiro-ministro da Irlanda do Norte David Trimble, um "lugar frio para católicos." Dividindo as vilas e cidades da fronteira em distritos eleitorais de modo a dar aos protestantes a maioria num grande número desses distritos e concentrando a maioria dos oponentes no menor número de distritos possível, as eleições regionais foram fraudadas para assegurar o controle protestante dos conselhos locais. Acordos eleitorais que deram poder de voto a companhias comerciais e a quantidade mínima de fiscalização contribuíram para o mesmo.
Finais do século XX
Na década de 1960, o primeiro-ministro, unionista-moderado Terence O'Neill (mais tarde lorde O'Neill de Maine) tentou reformar o sistema, mas encontrou oposição extrema fundamentalista de líderes protestantes como o reverendo Ian Paisley. O aumento da pressão pela reforma e de unionistas extremos ('No surrender', sem rendição) levou ao surgimento do Movimento pelos Direitos Civis sob comando de figuras como John Hume, Austin Currie e outras. Confrontos entre os habitantes fronteiriços e o Royal Ulster Constabulary levaram a conflitos cada vez maiores entre as duas comunidades. O Exército Britânico, originalmente mandado a Irlanda do Norte pelo Home Secretary, James Callaghan, para proteger nacionalistas de ataques, receberam boas-vindas acaloradas. Porém, o assassinato de treze civis desarmados em Derry por paramilitares britânicos, conhecido como o Domingo Sangrento (Bloody Sunday), inflamaram a situação e revoltou os nacionalistas nortistas contra o Exército Inglês. O surgimento do IRA, uma dissidência do fortemente marxista Official IRA, e uma campanha de violência dos unionistas como a Associação de Defesa do Ulster e outros, levaram a Irlanda do Norte à beira de uma guerra civil. Nos anos 70 e 80, extremistas de ambos os lados cometeram diversos assassinatos em massa, geralmente, envolvendo civis inocentes. Os ataques mais notórios incluem o atentado a bomba de Le Mon e as explosões em Enniskillen e Omagh, praticados por Republicanos tentando trazer uma mudança política através de armamento de guerrilha.
Alguns políticos britânicos, especialmente o ex-ministro trabalhista Tony Benn, defenderam a retirada britânica da Irlanda, mas sucessivos governos norte-irlandeses se opuseram a essa política, e chamaram suas previsões sobre o possível resultado de uma retirada britânica de Cenário Apocalíptico, prevendo disseminação de conflitos generalizados, seguido de grande êxodo de centenas de milhares de homens, mulheres e crianças como refugiados para o "lado" de cada comunidade na província; nacionalistas migrando para o oeste da Irlanda do Norte, e unionistas se dirigindo para o leste. O maio risco era de uma guerra civil que poderia envolver não só a Irlanda do Norte, mas as vizinhas Irlanda e Escócia ambas com ligações com uma ou com as duas comunidades. Depois, o possível impacto da retirada britânica ganhou a designação de Balcanização da Irlanda do Norte comparando com o violento desmembramento da Iugoslávia e o caos que o sucedeu.
No começo dos anos 70, o Parlamento da Irlanda do Norte depois de o governo unionista liderado pelo primeiro-ministro Brian Faulkner ter se negado a aceitar o governo britânico, exigiu a entrega dos poderes da lei e da ordem. Londres apresentou/introduziu a Direct Rule, ou Governança Direta, a iniciar em 24 de março de 1972.
Novos sistemas de governo foram tentados (e fracassaram), incluindo o compartilhamento de poderes, tais como o Acordo de Sunningdale, a Devolução de Rolling e o Tratado Anglo-Irlandês. Através dos anos 90, o fracasso da campanha do IRA para atrair apoio na sociedade ou atingir seus objetivos para a retirada britânica, em particular o desastre de relações públicas em Enniskillen, quando famílias atendendo às cerimônias do Dia da Lembrança, bem como o da substituição da tradicional liderança republicana por Gerry Adams, testemunharam um movimento de abandono do conflito armado para favorecer o engajamento político. A essas mudanças seguiu-se o aparecimento de novos líderes em Dublin, como Albert Reynolds, em Londres (John Major) e no unionismo de Ulster, como David Trimble. Contatos, inicialmente entre Adams e John Hume, líder do Partido Social Democrata Trabalhista, avançaram numa negociação pan-partidária, que em 1998 gerou o Acordo da Sexta-Feira. Uma maioria de ambas as comunidades da Irlanda do Norte aprovaram este acordo, assim como o povo da República da Irlanda, que emendaram a constituição, Bunreacht na hÉireann, para substituir a reivindicação sobre o território da Irlanda do Norte, reconhecendo o direito soberano de existência deste país, ao mesmo tempo em que reconheceu o desejo nacionalista de ver as duas Irlandas unificadas.
Depois do Acordo de Belfast
Após o Acordo de Belfast, os eleitores elegeram a Assembleia da Irlanda do Norte para formar um parlamento norte-irlandês. Cada partido que alcança um nível específico de apoio ganha o direito de nomear um membro para o governo e clamar um ministério. O líder do partido unionista, David Trimble, tornou-se Primeiro-ministro da Irlanda do Norte. O chefe do Partido Social Democrata Trabalhista, Seamus Mallon, tornou-se Primeiro-ministro Delegado da Irlanda do Norte, embora o novo líder do partido, Mark Durkan, o tenha substituído subsequentemente. Os unionistas, social-democratas trabalhistas e unionistas democratas e o Sinn Fein tinham ministros por direito na assembleia com poderes compartilhados. O governo está sendo dirigido novamente pelo Secretário de Estado da Irlanda do Norte, Paul Murphy e uma equipe ministerial que responde a ele.
A formação do executivo, prevista para junho de 1998, esbarra na exigência de líderes protestantes de só admitir o partido Sinn Féin - braço político do IRA - no executivo depois que os guerrilheiros republicanos se desarmarem. Em novembro de 1999, os protestantes aceitam o compromisso do IRA de entregar armas entre Fevereiro e maio de 2000. O Sinn Féin ocupa dois ministérios. Como parte do acordo, a República da Irlanda retira da constituição uma cláusula que reivindicava a soberania sobre o Ulster.
Em fevereiro de 2000, o governo britânico retoma o controle directo do Ulster, por causa da relutância do IRA em se desarmar. Mas, em maio, o IRA aceita a inspecção internacional de seus depósitos de armas e as autoridades britânicas devolvem o poder ao Parlamento do Ulster. Cresce o optimismo em relação ao processo de paz, com a garantia dada pelos inspectores internacionais de que as armas do IRA estão sob vigilância. O governo de Trimble reassume o controle da região.
O clima de mudança no país foi representado pela visita da rainha Elizabeth II aos prédios do parlamento em Stormont, onde ela conheceu os ministros nacionalistas do Partido Social Democrata Trabalhista e conversou sobre os direitos dos irlandeses do norte que reclamavam tratamento idêntico ao dos britânicos. Igualmente, em visita a Irlanda do Norte, Mary McAleese encontrou-se com ministros unionistas e com os lordes-tenentes de cada condado, os representantes da rainha deste pais.
Geografia
A Irlanda do Norte esteve coberta por uma camada de gelo durante quase toda a última era glacial e em muitas ocasiões anteriores. O legado dessas épocas pode ser visto na extensa cobertura de drumlins nos condados de Fermanagh, Armagh, Antrim e, particularmente, em Down. O marco central da geografia da Irlanda do Norte é o lago Neagh, que com 392 km² de área configura-se no maior lago de água fresca das ilhas britânicas. Um segundo sistema de lagos bastante extenso é formado pelos lagos Erne Superior e Inferior, em Fermanagh.
Existem muitos planaltos nas montanhas Sperrin (uma extensão do dobramento Caledónio) com grandes reservas de ouro, granito (montanhas Mourne) e basalto (platô de Antrim), assim como, em menor escala, no sul de Armagh e ao longo da fronteira Fermanagh-Tyrone. O ponto mais alto é o Slieve Donard, em Mournes, com 848 m. A actividade vulcânica que criou o platô de Antrim também formou os pilares eerily, geométricos da Calçada dos Gigantes.
Os rios Bann, Foyle e Blackwater formam planícies férteis, com um excelente solo arável encontrado também no norte e no sudeste, embora a maior parte das terras montanhosas sejam marginais e apropriadas para os animais. O vale do rio Lagan é dominado por Belfast, cuja área metropolitana inclui mais de um terço da população da Irlanda do Norte, com grande urbanização e industrialização pesada ao longo do vale do Lagan e nas margens do lago Belfast.
Todo o país tem clima temperado marítimo, mais húmido a oeste que a leste, embora a cobertura das nuvens seja persistente nessa região. O tempo é imprevisível em todas as épocas do ano, e apesar das estações do ano serem distinguíveis, elas são consideravelmente menos pronunciadas que no interior da Europa ou na costa leste da América do Norte. A média de temperatura máxima durante o dia em Belfast é de 6,5 °C em Janeiro e 17,5 °C em Julho. A humidade do clima e o grande desflorestamento nos séculos XVI e XVII produziram, na maior parte da região, uma cobertura de verdes gramados.
A maior temperatura registrada foi de 30,8 °C em Knockarevan, perto de Belleek, e a menor temperatura registrada foi de -17,5 °C em Magherally, perto de Banbridge.
Demografia
Em 2019, a população da Irlanda do Norte se aproximou de 1,9 milhões de pessoas. O número de habitantes vem crescendo desde 1978 e subiu 7,5% só na década de 2000, sendo atualmente menos de 3% da população total do Reino Unido (de 62 milhões, em 2011).
A população do país é quase que majoritariamente branca (98,2%). Em 2011, 88,8% nasceram na Irlanda do Norte, com 4,5% nascidos na Grã-Bretanha e 2,9% na República da Irlanda. Outros 4,3% nasceram fora das ilhas britânicas; o triplo se comparado a 2001. A maioria são da Europa oriental, como Letônia e Lituânia. O maior grupo de não-brancos são os chineses (6 300) e indianos (6 200). Negros eram aproximadamente 0,2% da população em 2011 e pessoas de raças misturadas são de 0,2%.
A Irlanda do Norte é uma entidade complexa, dividida entre duas comunidades culturais distintas, os unionistas e os nacionalistas irlandeses. Ambas as comunidades são frequentemente descritas em função de suas ligações religiosas predominantes; os unionistas são predominantemente protestantes (entre os quais a fé a maior delas é a do presbiterianismo), e a segunda, em termos de número de adeptos e a Igreja da Irlanda, enquanto os nacionalistas são predominantemente católicos. Entretanto, ao contrário da crença comum, não são todos os protestantes que apoiam necessariamente o unionismo, com a mesma regra valendo para os católicos em relação ao nacionalismo porém em menor escala.
O que define o católico ou o protestante no Ulster não é necessariamente sua participação nos serviços litúrgicos e sua fé, mas sim sua comunidade de origem. A Irlanda do Norte, e mais precisamente Belfast é toda dividida em áreas de uma ou de outra comunidade.
Uma vez estabelecido no Ato do Governo da Irlanda de 1920, a Irlanda do Norte foi estruturada geograficamente para ter maioria unionista, que temem por seu destino se ocorresse a unificação das Irlandas. Porém, a população católica vem crescendo em porcentagem dentro da Irlanda do Norte devido a imigração de católicos para o país, enquanto a população protestante vem diminuindo devido ao fato dos protestantes serem a maioria entre os idosos.
As afiliações religiosas, baseadas em resultados de censo, mudaram da seguinte forma entre 2001 e 2011:
Em 2021, o número de católicos que vivem na Irlanda do Norte ultrapassou o total de protestantes e outras denominações cristãs pela primeira vez. A Agência de Estatística e Pesquisa da Irlanda do Norte salienta que 42,31% da população identificou-se como católica, enquanto 37,36% disseram ser protestantes, sendo que 9,3% da população diz não pertencer a nenhuma religião, acima dos 5,6% em 2011.
Como com o Acordo da Sexta-Feira Santa está garantido que a Irlanda do Norte permanecerá ligada ao Reino Unido enquanto sua população o desejar, é provável que em alguns anos o Ulster volte a integrar-se à Irlanda, como uma região e não como um país separado.
Cidadania e identidade
Como parte do Reino Unido, os habitantes da Irlanda do Norte são cidadãos britânicos. Eles também têm direito de obter a cidadania irlandesa por nascimento, algo que é garantido pelo Acordo de Belfast, realizados entre os governos britânico e irlandês, que dispõe que é o direito natural de todo o povo da Irlanda do Norte a identificar-se e se aceitarem como irlandês ou britânicos , ou ambos, como eles podem então escolher, e, portanto, [os dois governos] confirmam o seu direito de possuir tanto a cidadania britânica quanto a irlandesa e as mesmas devem ser aceitas por ambos governos e não seriam afectados por qualquer mudança no status futuro da Irlanda do Norte.
Como resultado do acordo, a Constituição da Irlanda foi alterada de modo que as pessoas nascidas na Irlanda do Norte têm o direito de serem cidadãos irlandeses da mesma forma como qualquer outro habitante da República da Irlanda.
Contudo os governos (irlandês e britânico) não estendem a sua cidadania a todas as pessoas nascidas na Irlanda do Norte. Ambos excluem algumas pessoas nascidas na Irlanda do Norte (como, por exemplo, certas pessoas nascidas na Irlanda do Norte cujo nenhum dos progenitores não seja nacional do Reino Unido ou República da Irlanda). A restrição irlandesa foi dada efetiva pela vigésima sétima emenda na constituição, em 2004.
Vários estudos e pesquisas realizados entre 1971 e 2006 indicaram que, em geral, os protestantes da Irlanda do Norte tendem a se identificarem mais como “britânicos”, enquanto que os católicos consideram-se principalmente como “irlandeses”.
Estes dados, contudo, não representam as identidades complexas da Irlanda do Norte, dado que muitos se consideram da “Irlanda do Norte” ou do “Ulster”, quer a título principal, ou como uma identidade secundária. Uma pesquisa de 2008 revelou que 57% dos protestantes se descreveram como britânicos, enquanto 32% se identificavam como norte-irlandeses, 6% como "ulsters" e 4% como irlandeses. Comparado com o mesmo inquérito realizado em 1998, isso mostra uma queda no percentual de protestantes que se identificam como britânicos e ulsters e um aumento nos que se identificaram como norte-irlandeses. A pesquisa de 2008 constatou que 61% dos católicos se descreveram como o irlandeses, 25% se identificam como da Irlanda do Norte, 8% como britânicos e 1% como ulsters. Esses números permaneceram praticamente inalterados desde 1998 .
Cidades mais populosas
Política
Como parte do Reino Unido, a Irlanda do Norte é uma monarquia constitucional, em que o chefe de estado é o monarca do Reino Unido. Os cidadãos da Irlanda do Norte elegem 18 deputados para a Câmara dos Comuns do parlamento britânico.
Para além disso, a Irlanda do Norte tem uma assembleia legislativa com 108 deputados, actualmente suspensa. Está ainda representada no Parlamento Europeu com 3 deputados.
Subdivisões
Unionistas costumam chamar a Irlanda do Norte de "Ulster" ou de "a Província"; os nacionalistas costumam usar os termos "o Norte da Irlanda" ou "os Seis Condados". Ultimamente o termo Ulster tem sido muito utilizado pelos republicanos, pois desta forma tratam da Irlanda do Norte como uma região da Irlanda. O Ulster formou uma das províncias históricas da ilha da Irlanda e consiste de 9 condados. Três desses agora são parte da República da Irlanda. Os seis condados remanescentes se tornaram a Irlanda do Norte:
Condado de Fermanagh
Condado de Tyrone
Condado de Derry ou Condado de Londonderry (Unionistas preferem o termo Londonderry, os nacionalistas o termo Derry.)
Condado de Antrim
Condado de Down
Condado de Armagh
Esses condados tradicionais não são mais usados para fins de governo local, em vez disso são 26 distritos da Irlanda do Norte. Os "seis condados" permanecem para fins culturais como o GAA e A Ordem Laranja.
Economia
A economia da Irlanda do Norte é a menor das quatro nações do Reino Unido, baseia-se na agricultura e na indústria. Predominam as pequenas propriedades cuja produção agropecuária conta com gado bovino, ovino, suíno e aves de quintal. As principais culturas agrícolas são batatas, cereais e frutas. As indústrias, entre as quais se destacam a têxtil baseada no linho e a náutica, são algumas das mais importantes fontes de riqueza.
Cultura
São fortemente influenciados pela Cultura da República da Irlanda e a Cultura do Reino Unido.
Ver também
Bandeira da Irlanda do Norte
Brasão de armas da Irlanda do Norte |
Pascal, é uma linguagem de programação orientada por objetos, que recebeu este nome em homenagem ao matemático e físico Blaise Pascal. Foi criada em 1970 pelo suíço Niklaus Wirth, tendo em mente encorajar o uso de código estruturado.
O próprio, Niklaus Wirth, diz que a linguagem Pascal foi criada simultaneamente para ensinar programação estruturada e para ser utilizada na sua fábrica de software. Simultaneamente, a linguagem reflete a libertação pessoal de Wirth das restrições impostas após seu envolvimento com a especificação de ALGOL 68, e sua sugestão para essa especificação, o ALGOL W.
Pascal originou uma enorme gama de dialetos, podendo também ser considerada uma família de linguagens de programação. Grande parte de seu sucesso se deve a criação, na década de 1980, da linguagem Turbo Pascal, inicialmente disponível para computadores baseados na arquitetura 8086 (com versões para 8080 no seu início).
Pascal é normalmente uma das linguagens de escolha para ensinar programação, junto com Scheme, C e Fortran. Comercialmente, a linguagem foi sucedida pela criação da linguagem Object Pascal, atualmente utilizada nos IDEs Embarcadero Delphi (Object Pascal), Kylix e Lazarus. Academicamente, seus sucessores são as linguagens subsequentes de Niklaus Wirth: Modula-2 e Oberon. A partir da versão 2005, o Delphi passou a se referir a sua linguagem de programação como Delphi Language.
Assim como a linguagem C, que foi padronizado pela ANSI (ANSI C), o Pascal possui padrões pela ISO, como o Pascal Standard e o Advanced Pascal.
Implementações
O primeiro compilador Pascal foi desenvolvido em Zurique para a família de computadores CDC 6000, sendo lançado em 1970. Também em 1970 foi desenvolvido o primeiro compilador Pascal norte americano, na Universidade de Illinois por Donald B. Gillies, que gerava código de máquina nativo para o mini-computador PDP-11.
Pensando-se em propagar rapidamente o uso da linguagem, foi criado, em Zurique, um "kit de conversão" que incluia um compilador que gerava código intermediário, e um simulador para ele. Esse kit foi batizado de p-System, e foi utilizado, entre outras coisas, para criar um sistema operacional para mini-computadores chamado UCSD p-System, desenvolvido pelo Instituto de Sistemas de Informação da Universidade da Califórnia em San Diego. Segundo o próprio Niklaus Wirth, o p-System e o UCSD foram instrumentais na popularização do Pascal. No padrão UCSD, as Strings passaram a ser tipos pré definidos (no Pascal padrão era utilizados packed-arrays).
Nos anos 80, Anders Hejlsberg desenvolveu o compilador Blue Label Pascal o Nascom-2. Depois, ele foi trabalhar na Borland e reescreveu seu compilador transformando-o no Turbo Pascal para a plataforma IBM PC (e também CP/M 80), que era vendido a US$ 49,95, muito mais barato do que o Blue Label. Uma característica muito importante é que o Turbo Pascal é uma linguagem compilada, que gera código de máquina real para a arquitetura Intel 8088, tornando-a muito mais rápida do que as linguagens interpretadas.
Por ser mais barato, o Turbo Pascal passou a ter uma grande influência na comunidade Pascal, que começou a se concentrar na plataforma IBM PC no fim dos anos 80. Muitos usuários de PC da época migraram para o Turbo Pascal, em busca de uma linguagem estruturada que não fosse interpretada, para substituir, por exemplo, o BASIC. Pode se afirmar que o sucesso comercial de Turbo Pascal foi definitivo para a ampla divulgação da linguagem Pascal.
Outra variante era o Super Pascal, que adicionava labels não numéricas, o comando return e expressões como nomes de tipos.
Durante os anos 90, compiladores que podiam ser modificados para trabalhar com arquiteturas diferentes tiveram grande destaque, incluindo nessa lista o Pascal.
O próximo grande passo para a linguagem, foi a implementação da orientação a objeto (OO ou OOP em inglês) na sua estrutura, começando com a versão 5.5 do Turbo Pascal. Mais tarde, ao projetar o Delphi, querendo funcionalidades mais elaboradas da orientação a objeto, a Borland utilizou o conceito Object Pascal criado pela Apple Inc., utilizando-o como base para uma nova linguagem, que nas versões iniciais era chamado de Object Pascal mas foi rebatizado como Delphi Programming Language nas versões posteriores. As maiores diferenças em relação às implementações OO das versões mais antigas foram a adição do conceito de objetos por referência, construtores, destrutores e propriedades, entre outros.
Padrões/Normas
Em 1983, a linguagem foi padronizada, na norma internacional ISO / IEC 7185, assim como vários padrões locais específicos de cada país, incluindo a norma americana ANSI/IEEE770X3.97-1983, e ISO 7185:1983. A diferença entre as duas normas é que a padrão ISO possui o “nível 1”, extensão do arrays conformantes, enquanto a ANSI não permitiu esta extensão à linguagem original (versão Wirth). Em 1989, foi revista a ISO 7185 (ISO 7185:1990) para corrigir vários erros e ambiguidades encontradas no documento original
Em 1990, foi criado uma norma ISO / IEC 10206 padronizando o Pascal. Em 1993, o padrão ANSI foi substituído com um "ponteiro" para a norma ISO 7185:1990, que termina efetivamente o seu estatuto como um padrão diferente.
A norma ISO 7185 foi indicada para ser uma clarificação de Wirth da linguagem como detalhado em 1974 no Manual do Usuário/Utilizador e Relatório [Jensen e Wirth], mas também foi notável pela inclusão de "Parâmetros de array conformantes" como um nível 1 da norma, sendo nível 0 Pascal sem Conformantes Arrays.
Note que o próprio Niklaus Wirth se refere à linguagem 1974 como “o padrão”, por exemplo, para diferenciá-la das características específicas de implementação em nível de máquina do compilador CDC 6000. Esta linguagem foi documentada em "The Pascal Report", a segunda parte do "Pascal users manual and report".
Nas grandes máquinas (mainframes e minicomputadores) eram seguidos padrões gerais. Na IBM-PC, não eram. No IBM-PC, o Turbo Pascal e Delphi, padrão Borland, tem o maior número de usuários. Assim, é de extrema importância entender se uma determinada aplicação corresponde à linguagem original Pascal, Borland ou um dialeto do mesmo.
As versões da linguagem do IBM-PC começaram a divergir com a vinda da UCSD Pascal, uma aplicação que implementou várias prorrogações para a linguagem, juntamente com várias omissões e mudanças. Muitas características da linguagem UCSD sobrevivem atualmente, inclusive em linguagens Borlands.
Sintaxe
A linguagem Pascal foi criada para incentivar a programação modular e estruturada, facilitando a criação de procedimentos com baixo acoplamento e alta coesão. Um programa em Pascal é composto de constantes e variáveis globais, procedimentos e funções re-entrantes e um programa principal.
Procedimentos não retornam valores, funções sim. Tanto em procedimentos quanto em funções os parâmetros podem ser passados por referência ou por valor. É possível passar vetores e matrizes com o tamanho, mas não a quantidade de dimensões, especificado no tempo de execução.
Procedimentos e funções podem conter, dentro de seu escopo, novos procedimentos e funções. Dentro de qualquer parte do programa também podem ser criados blocos com os comandos BEGIN e END, que também possuem seu próprio escopo. Nas versões originais, as variáveis só podiam ser declaradas em posições específicas e não ao decorrer do programa, o que limitava a regra de escopo.
O conjunto de procedimentos e funções pré-definidos é fixo e inclui as funções read, readln, write e writeln, para realizar E/S.
Exemplos de código
Nota importante: Os programas foram desenvolvidos com o Turbo Pascal (Borland). Para funcionarem com outros compiladores, devem ser feitas as seguintes alterações:
Linha inicial passa de program name; para program name (input,output);
A instrução readkey desaparece
A directiva uses desaparece porque é própria do Turbo Pascal, bem como a biblioteca crt
A instrução clrscr desaparece porque faz parte da biblioteca crt
A declaração string passa para array [1..255] of char (supondo que iriam ser usados até 255 caracteres) já que o Pascal não suporta strings nativamente.
As instruções readln para ler cadeias de caracteres, têm de estar todas dentro de ciclos, para ler um caracter de cada vez.
Programa Olá Mundo
program OlaMundo;
begin
WriteLn('Olá, Mundo!');
end.
Números perfeitos
program numerosPerfeitos;
uses crt;
var
ate, x, soma, i: integer;
begin
clrscr;
x := 0;
writeln('Numeros perfeitos abaixo de');
Readln(ate);
repeat
x := x + 1;
soma := 0;
for i := 1 to x - 1 do
begin
if x mod i = 0 then
soma := soma + i;
end;
if soma = x then
begin
writeln(x);
end;
until (x > ate);
writeln('Pressione qualquer tecla para finalizar…');
readkey;
end.
Repetição
Soma dos números pares.
program Soma_Pares;
uses crt;
var
superior, soma, num: integer;
begin
soma:=0;
write ('Entre com o limite superior');
readln (superior);
num:=2;
repeat
soma:=soma+num;
num:=num+2;
until (num > superior);
writeln('A soma dos números pares de 2 até ', superior,' é ', soma);
readln;
end.
Números pares entre dois valores inteiros
program pares;
var
x, y: integer;
begin
writeln('Digite os dois valores');
readln(x, y);
if (x mod 2)<> 0 then
x := x + 1;
while x<= y do
begin
writeln(x, ' - ');
x := x + 2;
end;
writeln('Fim da Lista');
end.
jogo simples
nave contra fantasma.program fantasma ;
uses crt ;
var xf, yf, xn, yn, xt, yt, x, y, d, p, level, hpf : integer ;
var acao : char;
label byebye, inicio ;
procedure fanta2 (x,y :integer);
begin
gotoxy(x-1,y-4);
write(hpf);
TextBackground(White);
gotoxy(x-1,y-3);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-2);
write(' ');
gotoxy(x,y-2);
write(' ');
gotoxy(x+2,y-2);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-1);
write(' ');
gotoxy(x-2,y);
write(' ');
TextBackground(black);
repeat
gotoxy(p,y);
write(' ');
p:=p+2;
until ( p>70);
p:=0;
end;
procedure nave (x,y : integer);
begin
TextBackground(blue);
gotoxy(x,y-3);
write(' ');
gotoxy(x-1,y-2);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-1);
write(' ');
gotoxy(x-2,y);
write(' ');
gotoxy(x+2,y);
write(' ');
TextBackground(black);
end;
procedure tiro (x,y : integer);
begin
TextBackground(red);
gotoxy(x,y);
write(' ');
TextBackground(black);
end;
procedure bomba(x,y : integer);
begin
TextBackground(White);
gotoxy(x-2,y-4);
write(' ');
gotoxy(x-3,y-3);
write(' ');
gotoxy(x-3,y-2);
write(' ');
gotoxy(x-3,y-1);
write(' ');
gotoxy(x-2,y);
write(' ');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
TextBackground(White);
gotoxy(x-1,y-4);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-3);
write(' ');
gotoxy(x-3,y-2);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-1);
write(' ');
gotoxy(x-1,y);
write(' ');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
TextBackground(White);
gotoxy(x-1,y-3);
write(' ');
gotoxy(x-2,y-2);
write(' ');
gotoxy(x-1,y-1);
write(' ');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
TextBackground(White);
gotoxy(x-1,y-2);
write(' ');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
gotoxy(x-1,y-2);
write('*');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
gotoxy(x-2,y-3);
write('\|/');
gotoxy(x-2,y-2);
write('-*-');
gotoxy(x-2,y-1);
write('/|\');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
gotoxy(x-3,y-4);
write('\ | /');
gotoxy(x-3,y-2);
write('- + -');
gotoxy(x-3,y-1);
write('/ | \');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
gotoxy(x-3,y-4);
write('\ | /');
gotoxy(x-3,y-2);
write('- -');
gotoxy(x-3,y-1);
write('/ | \');
delay(50);
TextBackground(black);
clrscr;
delay(500);
level:=level+1;
goto inicio;
end;
begin
xf:=5;
yf:=5;
xn:=20;
yn:=24;
d:=0 ;
p:=0;
level:=1;
while true
do
begin
inicio:
hpf:=100*level;
cursoroff;
TextBackground(black);
while true
do
begin
gotoxy(70,1);
write('level ',level);
if (hpf>0) then fanta2(xf,yf)
else bomba(xf,yf);
nave(xn,yn);
if ( d = 0 ) then xf:=xf+1
else xf:=xf-1;
if ( xf = 70 ) then d:=1;
if ( xf = 5 ) then d:=0;
if keypressed then
begin
acao:=readkey;
case acao of
#75 : begin
if (xn>5)then xn:=xn-1;
end;
#77 : begin
if (xn<70)then xn:=xn+1;
end;
#72 :begin
xt:=xn;
yt:=yn-4;
end;
#27 : goto byebye;
end;
end;
if (yt>1)then
begin
yt:=yt-1;
tiro(xt,yt);
if ((yt<yf) and (xt>xf-3) and (xt<xf+3)) then
begin
hpf:=hpf-10;
if (hpf<1)then yt:=0;
end;
end;
delay(50);
clrscr;
end;
end;
// pode baixar o programa pelo link https://drive.google.com/open?id=0B4eCVELbFzXTWUY0c0piTG1yUUU
byebye:
end.
Teste lógico
program Teste;
var
a, b:integer;
begin
writeln('Digite um número para 7');
readln(a);
writeln('Digite o número para 6');
readln(b);
if (a > b) then { Se 7 é maior que 6 então }
writeln('7 é maior que 6')
else { Senão… }
if (a < b) then
writeln('6 é maior que 7')
else
writeln('6 é igual à 7');
end.
Compiladores Gratuitos
Há vários compiladores Pascal gratuitos, como por exemplo:
O Pascalzim é um compilador gratuito que foi desenvolvido na Universidade de Brasília e é utilizado em várias disciplinas de introdução a programação na UnB e outras universidades.
Turbo Pascal era o principal compilador Pascal para PCs durante os anos 80 e início dos anos 90, devendo sua popularidade ao seu grande poder e pequeno tempo de compilação. Hoje em dia, suas versões mais antigas (até a versão 5.5) podem ser baixadas gratuitamente no site da Borland (exige registro)
Uma extensa lista de compiladores pode ser encontrada na Pascaland. O site é escrito em francês, mas isso não faz muita diferença, já que é apenas uma lista de URLs para os compiladores.
Ver também
Object Pascal - linguagem sucessora de Pascal, com orientação a objetos
Free Pascal - Um compilador Pascal profissional e de código-aberto
Embarcadero Delphi - uma linguagem comercial, influenciada por Pascal, e seu respectivo IDE
Lazarus - um IDE multiplataforma para Free Pascal
WOL - Uma ferramenta multiplataforma de desenho de interface gráfica para Free Pascal
Lista de linguagens de programação
Eber Assis Schmitz/Antonio Anibal de Souza Teles, Pascal e Técnicas de Programação, Livros Técnicos e Científicos Editora S/A, IBPI Instituto Brasileiro de Pesquisa em Informática, Apêndice Turbo Pascal, 2a. Edição, ISBN 85-216-0475-0
Ian Mecler/Luiz Paulo Maia, Programação e Lógica com Turbo Pascal, Editora Campus, ISBN 85-7001-560-7
Ligações externas
Linguagens de programação procedurais
1970 na informática
Linguagens de programação criadas na década de 1970
Linguagens de programação educacionais
1970 na Suíça
Ciência e tecnologia na Suíça |
{{Info/Estado extinto
|_noautocat = yes
|nome_oficial = Союз Советских Социалистических Республик
|nome_completo = União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
|nome_comum = União Soviética
|continente = Eurásia
|era = Século XX
|estatuto = Federação
|forma_de_governo = República socialista federal marxista-leninista unipartidária (1922-1990)República federal semipresidencialista (1990-1991)
<small>
|ano_início = 1922
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|bandeira = Bandeira da União Soviética
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|símbolo = Brasão de armas da União Soviética
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|legenda_mapa = A União Soviética após a Segunda Guerra Mundial
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|hoje =
}}
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS; , transliterado como ) ou simplesmente União Soviética (, transliterado como Sovetskiy Soyuz), foi um Estado socialista localizado no norte da Eurásia que se estendeu desde os mares Báltico e Negro até o Oceano Pacífico, e que existiu entre 1917/22 e 1991. Uma união de várias repúblicas soviéticas subnacionais, a URSS era governada num regime unipartidário comandado pelo Partido Comunista da União Soviética e tinha como sua capital a cidade de Moscou.
A União Soviética teve suas raízes na Revolução Russa de 1917, que depôs a autocracia imperial. Após a revolta, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, derrubaram o governo provisório que tinha sido estabelecido. A República Socialista Federativa Soviética Russa foi então criada e a Guerra Civil Russa começou. O Exército Vermelho entrou em diversos territórios do antigo Império Russo e ajudou os comunistas locais a tomarem o poder. Em 1922, os bolcheviques foram vitoriosos, formando a União Soviética, com a unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. Após a morte de Lenin em 21 de janeiro de 1924, assumiu o poder a liderança coletiva da troica. Entre o final de agosto e início de setembro, ocorreria um conflito político conhecido como Revolta de Agosto e logo depois, naquele mesmo ano, Josef Stalin chegaria ao poder. Stalin associou a ideologia estatal ao marxismo-leninismo e iniciou um regime de economia planificada. Como resultado, o país passou por um período de rápida industrialização e coletivização, que lançou as bases de apoio para o esforço de guerra posterior e para o domínio soviético após a Segunda Guerra Mundial. No entanto, Stalin reprimiu tanto os membros do Partido Comunista quanto elementos da população através de seu regime autoritário.
No início da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética assinou um pacto de não agressão com a Alemanha nazista, inicialmente para evitar um confronto, mas o tratado foi desconsiderado em 1941, quando os nazistas invadiram o território da URSS e deram início ao maior e mais sangrento teatro de guerra da história. As perdas soviéticas durante a guerra foram proporcionalmente as maiores do conflito, devido ao custo para adquirir vantagem sobre as forças das Potências do Eixo em batalhas intensas, como a de Stalingrado, que conduziram os soviéticos pela Europa Oriental até a captura de Berlim em 1945, infligindo a grande maioria das perdas alemãs durante a guerra. Os territórios que a URSS conquistou das forças do Eixo na Europa Central e Oriental posteriormente se tornaram os Estados satélites do Bloco Oriental. Diferenças ideológicas e políticas com os seus homólogos do Bloco Ocidental, que era liderado pelos Estados Unidos, levou à formação de diversos pactos econômicos e militares que culminaram no longo período da Guerra Fria.
Um processo de desestalinização seguiu-se após a morte de Stalin, começando uma era de liberação e redemocratização. Em seguida, a URSS passou a iniciar vários dos mais significativos avanços tecnológicos do século XX, incluindo o lançamento do primeiro satélite artificial e do primeiro voo espacial de um ser humano na história, fatores que criaram a corrida espacial. A crise dos mísseis de Cuba em 1962 marcou um período de extrema tensão entre as duas superpotências, o que foi considerado o mais próximo de um confronto nuclear mútuo. Na década de 1970, houve um relaxamento das relações internacionais, mas as tensões políticas foram retomadas com a invasão soviética do Afeganistão em 1979. A ocupação drenou recursos econômicos e arrastou-se sem alcançar resultados políticos significativos.
Na década de 1980 o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, buscou reformar a União com a introdução das políticas glasnost e perestroika em uma tentativa de acabar com o período de estagnação econômica e de democratizar o governo. No entanto, as reformas de Gorbachev levaram ao surgimento de fortes movimentos nacionalistas e separatistas no país. As autoridades centrais então iniciaram um referendo, que foi boicotado pelas repúblicas bálticas e pela Geórgia e que resultou em uma maioria de cidadãos que votaram a favor da preservação da União como uma federação renovada. Em agosto de 1991, uma tentativa de golpe de Estado contra Gorbachev foi feita por membros linha-dura do governo, com a intenção de reverter as reformas. O golpe fracassou e o presidente russo Boris Yeltsin desempenhou um papel de destaque em sua derrota, o que resultou na proibição do Partido Comunista. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e as doze repúblicas restantes surgiram da dissolução da União Soviética como países pós-soviéticos independentes. A Federação Russa, o Estado sucessor da República Socialista Federativa Soviética Russa, assumiu os direitos e obrigações da antiga União Soviética e tornou-se reconhecida como a continuação de sua personalidade jurídica.
Nomes
A União Soviética também era conhecida como СССР, um acrônimo para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas de acordo com seu nome em russo, Союз Советских Социалистических Республик (Soyuz Soviétskikh Sotsialistítchieskikh Respúblik). Apesar de originalmente escrita no alfabeto cirílico, o mundo ocidental acabou por adotá-la como CCCP, "latinizando" as letras. A sigla ficou bastante conhecida no mundo ocidental, devido ao uso do acrônimo em uniformes em competições esportivas e outros objetos, em eventos culturais e tecnológicos ocorridos na URSS, como por exemplo navios, automóveis ou chapéus e capacetes de cosmonautas. Isto também se deve pelo destacamento da União Soviética em tais eventos, o que a fez mais conhecida em todo o mundo. Devido à grande simbologia e a fama que esta sigla trouxe; após a abolição de seu uso, junto com o fim da URSS, a Rússia, durante a gestão de Vladimir Putin, retomou o uso do nome do país, mas desta vez descrito como "Россия" (Rossiya), acompanhando a restauração do hino soviético, da águia bicéfala da Rússia czarista e da reutilização da bandeira com a foice e martelo como símbolo do exército russo."[http://www.yourdictionary.com/cccp CCCP Dictionary definition". Your Dictionary]
História
Antecedentes
O final do século XIX viu o surgimento de vários movimentos socialistas na Rússia czarista. Alexandre II foi assassinado em 1881 por terroristas revolucionários e o reinado de seu filho, Alexandre III (1881-1894), foi menos liberal, mas mais tranquilo. O último imperador russo, Nicolau II (1894-1917), foi incapaz de evitar os acontecimentos da Revolução Russa de 1905, desencadeada pela mal sucedida Guerra Russo-Japonesa e pelo incidente conhecido como Domingo Sangrento.
O levante foi controlado, mas o governo foi forçado a admitir grandes reformas, incluindo a concessão das liberdades de expressão e de reunião, a legalização dos partidos políticos, bem como a criação de um órgão legislativo eleito, a Duma do Império Russo. Essas medidas surtiram escasso efeito, visto que os partidos eram sistematicamente vigiados e a Duma era controlada pela aristocracia e pelo czar, que podia dissolvê-la a qualquer momento. Até 1905, o sistema político da Rússia czarista não possuía partidos políticos, com todo o poder concentrado nas mãos do imperador. Destaca-se que estas mudanças, embora significativas sob o ponto de vista político, não alteravam o quadro social da maior parte da população russa. A migração para a Sibéria aumentou rapidamente no início do século XX, particularmente durante a reforma agrária Stolypin. Entre 1906 e 1914, mais de quatro milhões de colonos chegaram àquela região.
Em 1914, o Império Russo entrou na Primeira Guerra Mundial, em resposta à declaração de guerra do Império Austro-Húngaro contra a Sérvia, que era aliada dos russos, e lutou em várias frentes ao mesmo tempo, isolada de seus aliados da Tríplice Entente. Em 1916, a Ofensiva Brusilov do Exército Russo quase destruiu completamente as forças militares da Áustria-Hungria. No entanto, a já existente desconfiança da população com o regime imperial foi aprofundada pelo aumento dos custos da guerra, muitas baixas e pelos rumores de corrupção e traição. Tudo isso formou o clima para a Revolução Russa de 1917, realizada em dois atos principais.Hubertus Jahn, Patriotic Culture in Russia During World War I (Ithaca, 1995)
Revolução e fundação
Apesar da Rússia, na época, ser um dos países mais poderosos do mundo em termos militares, apenas uma fina parte da população, os nobres, tinham boas condições de vida. Os camponeses eram terrivelmente pobres e trabalhavam de sol-a-sol os seus terrenos sem poder possuí-los. As sucessivas derrotas em várias guerras e batalhas durante a Primeira Guerra Mundial e o descontentamento geral da população fizeram com que a economia interna começasse a deteriorar-se. Nesta ocasião, emergem com força os sovietes e o Partido Operário Social-Democrata Russo, fundado em 1898, e posteriormente dividido entre os mencheviques e os bolcheviques, dois termos análogos a minoria (меньше) e maioria (больше), em russo.
Este quadro político-social foi profundamente alterado pela deflagração da Primeira Guerra Mundial. A Revolução de Fevereiro de 1917 caracterizou a primeira fase da Revolução Russa. A consequência imediata foi a abdicação do czar Nicolau II. Ela ocorreu como resultado da insatisfação popular com a autocracia czarista e com a participação negativa do país na Primeira Guerra Mundial. Ela levou à transferência de poder do czar para um regime republicano, surgido da aliança entre liberais e socialistas que pretendiam conduzir reformas políticas.
As mudanças propostas pelos mencheviques, que haviam liderado a Revolução de Fevereiro, não alteraram o quadro social, pois o país continuava a sofrer grandes perdas em função da participação na Guerra. A insatisfação social, aliada à atuação dos bolcheviques, fez eclodir a Revolução de Outubro. O marco desta revolução foi a invasão do Palácio de Inverno pelos revolucionários. A Revolução de Outubro foi liderada por Vladimir Lênin, tornando-se a primeira revolução socialista do século XX.
A saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, o desejo da volta do poder da então elite russa e o medo de que o ideário comunista poderia propagar-se pela Europa e eventualmente pelo mundo, fez eclodir a Guerra Civil Russa, que contou com a participação de diversas nações. O então primeiro-ministro francês, George Clemenceau, criou a expressão Cordão Sanitário, com o intuito de isolar a Rússia bolchevique do restante do mundo. O idealismo dos bolchevique propagado para a população mais pobre foi o fator decisivo para a vitória dos partidários de Lênin.
Após a Revolução de Outubro, uma guerra civil eclodiu entre o Exército Branco, que era anticomunista, e o novo regime soviético com o seu Exército Vermelho. A Rússia bolchevista perdeu seus territórios ucranianos, poloneses, bálticos e finlandeses ao assinar o Tratado de Brest-Litovsk, que acabou com as hostilidades com as Potências Centrais da Primeira Guerra Mundial. As potências aliadas lançaram uma intervenção militar mal sucedida em apoio de forças anticomunistas. Entretanto tanto os bolcheviques quanto o movimento branco realizaram campanhas de deportações e execuções contra os outros, episódio que ficou conhecido, respectivamente, como Terror Vermelho e Terror Branco. Até o final da guerra civil russa, a economia e a infraestrutura do país foram profundamente danificadas. Milhões de membros do movimento branco emigraram, enquanto a fome russa de 1921 matou cerca de 5 milhões de pessoas.
A República Socialista Federativa Soviética Russa em conjunto com as Repúblicas Socialistas Soviéticas da Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia, formaram a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), ou simplesmente União Soviética, em 30 de dezembro de 1922. A República Socialista Russa era a maior e mais populosa das 15 repúblicas que compunham a URSS, e dominou a união durante toda a sua existência de 69 anos.
Após a morte de Lenin, em 1924, uma troika foi designada para governar a União Soviética. No entanto, Josef Stalin, o então secretário-geral do Partido Comunista, conseguiu suprimir todos os grupos de oposição dentro do partido e consolidar o poder em suas mãos. Leon Trotsky, o principal defensor da revolução mundial, foi exilado da União Soviética em 1929 e a ideia de Stalin de "socialismo em um só país" tornou-se a linha principal. A contínua luta interna no Partido Bolchevique culminou no Grande Expurgo, um período de repressão em massa entre 1937 e 1938, durante a qual centenas de milhares de pessoas foram executadas, incluindo os membros e líderes militares originais do partido, que foram acusados de golpe de Estado.
A oposição Stalin-Trotsky ia além de um conflito pessoal pelo poder, refletia em duas concepções diferentes do desenvolvimento do socialismo, que foi resolvido em favor de Stalin, com o apoio de Zinoviev e Kamenev. Marginalizado Trotsky (janeiro de 1925) a construção do "socialismo em um só país", liderado por Stalin exigia a eliminação de adversários da esquerda e da direita, e à existência no Komintern de uma estratégia internacional que seria compatível com os interesses do movimento comunista na União Soviética. Após ser derrotado em sua posição, Trotsky foi forçado ao exílio no México, para ser morto em 1940 por Ramón Mercader, um agente hispano-soviético.
Era Stalin
A União Soviética entre 1927 e 1953 foi dominada por Josef Stalin (a chamada era Stalin). Muitas vezes a URSS foi descrita como um estado totalitário, modelado por um líder que tinha todos os poderes, e que buscava reformar a sociedade soviética, com planejamento econômico agressivo, em especial, com uma varredura da coletivização da agricultura e do desenvolvimento do poder industrial. Ele também construiu uma enorme burocracia, o que sem dúvida foi responsável por milhões de mortes como resultado de vários expurgos e esforços de coletivização. Durante seu tempo como líder da URSS, Stalin fez uso frequente de sua polícia secreta, gulags e poder quase ilimitado, para remodelar a sociedade soviética, isso demonstra o total desconhecido, por parte de muitos, sobre a URSS e seu líder, visto que a constituição de 1936 foi a mais democrática da história do país e os gulags possuíam trabalho remunerado. A subida ao poder definitivo de Joseph Stalin, como secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética ou Gensek entre 1927 e 1929, marcou o início de uma transformação radical da sociedade soviética. Em alguns anos, a face da União Soviética mudou radicalmente pela coletivização de terras e pela rápida industrialização realizada pelos muitos ambiciosos planos quinquenais.
Sob a liderança de Stalin, o governo lançou promoveu uma economia planificada, a industrialização do país, que em grande parte ainda era basicamente rural, e a coletivização da agricultura. Durante este período de rápida mudança econômica e social, milhões de pessoas foram enviadas para campos de trabalho forçado, incluindo muitos presos políticos que se opunham ao governo de Stalin, além de milhões que foram deportados e exilados para áreas remotas da União Soviética. A desorganizada transição agrícola do país, combinada com duras políticas estatais e uma seca, levou à fome soviética de 1932-1933. A União Soviética, embora a um preço muito alto, foi transformada de uma economia agrária para uma grande potência industrial em um pequeno espaço de tempo.
O planejamento e o trabalho agrícola em 1932 aconteceram em condições muito piores do que em 1931, com graves carências e fomes em muitas áreas. Para fazer frente a essas carências, as leis de maio de 1932 legalizaram o comércio privado (após três anos de incerteza) e houve um relaxamento das políticas. No entanto, os agricultores não realizaram seus planos de plantio e a colheita foi ainda menor do que em 1931 devido a uma mistura complexa de desastres naturais e manejo deficiente. Os líderes soviéticos se recusaram a acreditar que outro desastre como 1931 poderia acontecer novamente e continuaram com um plano de compra moderadamente reduzido. A implementação deste plano provocou uma luta feroz entre o regime e os camponeses, juntamente com um declínio catastrófico no fornecimento de alimentos para as cidades.
No início de 1933, as autoridades em todos os níveis estavam recebendo relatos constantes de fome em massa. Os camponeses estavam fugindo de suas casas em busca de alimentos e sobrevivência, e as autoridades promulgaram várias outras leis para impedir este movimento, incluindo sanções severas para forçar os camponeses das regiões produtoras de grãos do sul mais duramente atingidas pela fome a voltar para casa. O regime se comprometeu a planejar e orientar o trabalho agrícola fornecendo assistência considerável, mas insuficiente, com alimentos, sementes e forragem, e despachou mais de 20.000 trabalhadores industriais, todos membros do Partido Comunista, para eliminar a oposição nas fazendas coletivas e mobilizá-los para o ano. O resultado, apesar das condições horríveis, foi uma colheita muito bem sucedida em 1933 que acabou com a fome na maioria das áreas.
Mesmo com o processo de coletivização já praticamente completo na Ucrânia, Stalin anunciou que a batalha contra os kulaks ainda não estava ganha — os kulaks haviam sido "derrotados, mas ainda não exterminados." Dado que, a essa altura, qualquer pessoa que por qualquer definição cabível pudesse ser classificada como um kulak já havia sido expulsa, morta ou enviada para prisões, essa nova etapa da campanha soviética na Ucrânia teria o objetivo de aterrorizar os camponeses comuns.
Stalin começou estipulando metas de produção e entrega de cereais, exageradamente altas. O não cumprimento das exigências era considerado um ato de deliberada sabotagem. Após algum tempo, e com a produção e entrega inevitavelmente abaixo da meta, Stalin determinou que seus ativistas confiscassem dos camponeses todo o volume de cereais necessário para alcançar as metas estipuladas. As pessoas eram sentenciadas a dez anos de prisão e a trabalhos forçados pelo simples fato de colherem batatas, ou até mesmo por colher espigas de milho nos pedaços de terra privada que elas podiam gerir. Normalmente é dito que o número de ucranianos mortos na fome de 1932-33 foi de cinco milhões. De acordo com Robert Conquest, se acrescentarmos outras catástrofes ocorridas com camponeses entre 1930 e 1937, incluindo-se aí um enorme número de deportações de supostos kulaks, o grande total é elevado para 14,5 milhões de mortes.
No ano de 1936, o regime de Josef Stalin expulsou ou executou um número considerável de membros do partido, entre eles muitos dos seus opositores, nos atos que ficaram conhecidos como os "Grandes Expurgos" (ver: repressão política na União Soviética). Apesar de tudo, eles acreditavam que este seria o caminho para o comunismo, mas o rumo dessa forma social já estava traçado de forma totalmente distinta do que Karl Marx e Lenin pensavam, não mais sendo uma forma voltada para a dissolução do próprio Estado e das classes sociais, mas agora, o regime sob o comando de Josef Stalin, já era uma forma social voltada para a cristalização (a ideia de socialismo dentro de um só país).
Entre as coisas que foram feitas com esse efeito contam-se as nacionalizações e a aniquilação física da classe burguesa que o NEP havia recriado, com recurso aos gulags (campos de trabalho na Sibéria). Alguns teóricos criticam esta forma que Stalin utilizou para liquidar a propriedade privada, por não concordarem com ela, e por acharem que ela só mancha a imagem do comunismo perante o mundo pois o mesmo efeito poderia ter sido obtido sem a aniquilação física daquela classe. O desastre e a truculência autoritária das políticas stalinistas contribuíram muito para a deturpação do conceito criado por Marx, de ditadura do proletariado. Após as nacionalizações, a economia foi planificada, de modo a que esta pudesse tirar proveito da sua nacionalização. De 5 em 5 anos passou-se a realizar planos quinquenais, nos quais se decidiam que fundos seriam aplicados e em que áreas.
Segunda Guerra Mundial
A política de apaziguamento promovida pelo Reino Unido e França sobre a anexação da Áustria e a invasão da Tchecoslováquia ampliou o poder da Alemanha nazista e colocou uma ameaça de guerra entre o regime de Adolf Hitler e a União Soviética. Na mesma época, o Terceiro Reich aliou-se ao Império do Japão, um rival dos soviéticos no Extremo Oriente e um inimigo declarado da URSS nas guerras de fronteira soviético-japonesas entre 1938 e 1939.
Em agosto de 1939, após outro fracasso nas tentativas de estabelecer uma aliança antinazista com os britânicos e franceses, o governo soviético decidiu melhorar suas relações com os nazistas através da celebração do Pacto Molotov-Ribbentrop, prometendo a não agressão entre os dois países e dividindo suas esferas de influência na Europa Oriental.
Enquanto Hitler invadiu a Polônia e a França e outros países atuavam em uma frente única no início da Segunda Guerra Mundial, a URSS foi capaz de construir o seu exército e recuperar alguns dos antigos territórios do Império Russo, como resultado da invasão soviética da Polônia, da Guerra de Inverno e da ocupação dos países bálticos. Em 22 de junho de 1941, a Alemanha nazista rompeu o tratado de não agressão e invadiu a União Soviética, com a maior e mais poderosa força de invasão na história humana e a abertura do maior teatro da Segunda Guerra Mundial.
Embora o exército alemão tenha tido um considerável sucesso no início da invasão, o ataque foi interrompido na Batalha de Moscou. Posteriormente, os alemães sofreram grandes derrotas na Batalha de Stalingrado, no inverno entre 1942 e 1943, e, em seguida, na Batalha de Kursk, no verão de 1943. Outra falha alemã foi o Cerco de Leningrado, em que a cidade foi totalmente bloqueada por terra entre 1941 e 1944 por forças alemãs e finlandesas, e sofreu uma crise de fome que matou mais de um milhão de pessoas, mas nunca se rendeu.
Sob a administração de Stalin e a liderança de comandantes como Gueorgui Jukov e Konstantin Rokossovsky, as forças soviéticas chegaram à Europa Oriental entre 1944 e 1945 e tomaram Berlim em maio de 1945. Em agosto de 1945, o exército soviético venceu os japoneses em Manchukuo, na China, e na Coreia do Norte, contribuindo para a vitória dos Aliados sobre o Japão Imperial.
O período da Segunda Guerra Mundial (1941-1945) é conhecido na Rússia como a Grande Guerra Patriótica. Durante este conflito, que incluiu muitas das operações de combate mais letais da história da humanidade, as mortes de civis e militares soviéticos foram 10,6 milhões e 15,9 milhões, respectivamente, representando cerca de um terço de todas as vítimas de todo o conflito.
A perda demográfica total dos povos soviéticos foi ainda maior. A economia e a infraestrutura soviéticas sofreram uma devastação massiva, mas a URSS emergiu como uma superpotência militar reconhecida após o fim da guerra.
O Exército Vermelho ocupou a Europa Oriental depois da guerra, incluindo a Alemanha Oriental. Governos socialistas dependentes dos soviéticos foram instalados em Estados fantoches no chamado Bloco do Leste. Ao tornar-se a segunda potência nuclear do mundo, a União Soviética criou a aliança do Pacto de Varsóvia e entrou em uma luta pela dominação global com os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), período conhecido como Guerra Fria.
A União Soviética apoiou movimentos revolucionários em todo o mundo, inclusive na recém-formada República Popular da China, na República Popular Democrática da Coreia e, mais tarde, na República de Cuba. Quantidades significativas de recursos soviéticos foram alocados em ajuda para os outros Estados socialistas.
Guerra Fria
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os países europeus estavam semidestruídos e sem recursos para se reconstruírem sozinhos, com isso as superpotências resolveram ajudar cada um de seus aliados, com objetivo de não perderem áreas de influência.
Os Estados Unidos propõem a criação de um amplo plano econômico, o Plano Marshall, que tratava-se da concessão de uma série de empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população descontente.
A União Soviética propôs-se a ajudar seus países aliados, com a criação do Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON). O COMECON fora proposto como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar interesse no Plano Marshall, e não abandonarem a esfera de influência de Moscou.
Em 1949 os Estados Unidos e o Canadá, juntamente com a maioria da Europa ocidental, criaram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), uma aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um suposto ataque dos países do leste europeu.
Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes. Durante este período, a maior parte dos conflitos locais, guerras civis ou guerras inter-estatais foi intensificado pela polarização entre Estados Unidos e URSS (ver: guerra por procuração) e o sistema socialista soviético foi expandido pelo mundo.
Era Khrushchov
Stalin morreu em 5 de março de 1953, deixando um vazio de poder que levou a uma disputa interna no PCUS (Partido Comunista da União Soviética) pela liderança, entre Malenkov, Beria, Molotov e Khrushchov - este último vencedor. Como sucessor de Stalin, Khrushchov empreendeu uma política de denunciar os abusos do seu antecessor. Durante o Congresso de 1956 do PCUS, Khrushchov divulgou uma série de crimes de Stalin (ver: Discurso secreto), renegando a herança do estalinismo, estabelecendo, assim, uma nova postura e criando um novo paradigma liberal para o comunismo internacional. A propaganda capitalista se utilizou muito dos argumentos engendrados por Khrushchov para fazer frente à URSS.
Nesta era, houve a libertação de todos prisioneiros políticos dos gulags, um esforço sem precedentes foi realizado para a produção de bens de consumo, e também realizou numerosas reformas, muitas vezes citadas como precipitadas ou contraditórias, também esteve presente o Discurso secreto de Nikita Khrushchov, criticando o regime stalinista, e revelando os crimes de Stalin, e seus cultos à personalidade.
Não existe consenso quanto à contagem de vítimas do stalinismo (ver: Crimes contra a humanidade sob regimes comunistas). Determinadas estatísticas afirmam que entre 20 a 35 milhões de soviéticos morreram por fome, frio ou executados em campos de concentração ou de trabalhos forçados durante a época de Stalin.
No plano externo, ele se utilizou da chamada, Coexistência pacífica, que afirmava que o bloco comunista poderia coexistir pacificamente com os Estados capitalistas. Esta teoria foi contrária ao princípio que o comunismo e o capitalismo eram antagônicos e nunca poderiam existir em paz. A União Soviética aplicou-a às relações entre o mundo ocidental e, em particular, com os Estados Unidos, os países da OTAN e as nações do Pacto de Varsóvia.
Isso repercutiu amplamente nos países socialistas da Europa Oriental (em 1956 ocorreria a Revolução Húngara que visava por fim ao aparato repressivo do regime stalinista, mas que logo foi esmagado com a intervenção da URSS), e na China com a ruptura sino-soviética nas décadas de 1950 e 1960. Durante os anos 1960 e início dos anos 1970, a República Popular da China, sob a liderança de seu fundador, Mao Tse-tung, que alegou que a atitude beligerante deveria ser mantida para os países capitalistas e, por isso, inicialmente rejeitou a coexistência pacífica considerando-a como revisionismo da teoria marxista.
Como resultado da guerra fria, a União Soviética viu-se envolvida em uma corrida pela conquista do espaço com os Estados Unidos. O programa espacial soviético começou com uma grande vantagem sobre o dos Estados Unidos. Devido a problemas técnicos para fabricar ogivas nucleares mais leves, os mísseis lançadores intercontinentais da URSS eram imensos e potentes se comparados com seus similares estadunidenses. Logo, os foguetes para seu programa espacial já estavam prontos como resultado do esforço militar soviético resultante da guerra fria. Assim, na época em que a Sputnik foi lançada, a capacidade de lançamento da URSS era de 500 kg, enquanto que a dos Estados Unidos era de 5 kg. A União Soviética foi a nação que tomou a dianteira na exploração espacial ao enviar o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1, e o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin. Grande parte dos feitos espaciais da União Soviética devem-se ao talento do engenheiro de foguetes Sergei Korolev, o engenheiro-chefe do programa espacial soviético, que convenceu o líder Nikita Kruschov da importância da conquista do espaço.
No âmbito econômico, um esforço sem precedentes foi realizado para a produção de bens de consumo, e também realizou numerosas reformas na agricultura soviética. Mesmo não obtendo o resultado esperado. Por tais medidas precipitadas e contraditórias, Khrushchov é deposto pelo Politburo.
Era Brejnev
Leonid Brejnev toma a União Soviética em uma difícil situação após a gestão contraditória de Khrushchov, com os países mais próximos em meio à instabilidade, uma situação tensa com a República Popular da China, relações inconstantes, ora apocalípticas, ora amistosas com os Estados Unidos, a resistência da Iugoslávia ao Pacto de Varsóvia e uma divisão política dentro do partido.
A deposição de Khrushchov e a posse de Leonid Brejnev representaram a volta do poder mais conservador no poder do partido, incluindo a burocracia que controlava a União Soviética na época de Josef Stalin, mas que rachou-se por Khrushchov, em meio às suas medidas revisionistas.
Brejnev desenvolveu a política da Teoria da Soberania Limitada, que pretendia manter a União Soviética como eixo socialista no mundo, com as demais nações alinhadas a Moscou. Esta política era caracterizada stalinista por manter a hegemonia socialista, promover o culto da personalidade e manter uma burocracia na política, cuja remoção, segundo Brejnev, era um exemplo de pensamento utópico e trotskista.
Brejnev tentaria reabilitar o nome de Stalin, que não era pronunciado pelos líderes soviéticos havia quase dez anos, mas não conseguiu, uma vez que as autoridades e o povo ficaram divididos pelo que dissera Khrushchov a respeito de Stalin. Por outro lado, a simbologia comunista na época de Stalin, incluindo propagandas políticas, paradas militares, a expulsão de críticos ao regime e o próprio culto à personalidade, em menor escala, foram uma das principais características do regime de Brejnev.
Com o tempo, a situação política do país se estabilizou e o partido concordou em seguir uma linha neutra com relação à liberalização iniciada por Khrushchov. Foi durante a gestão de Brejnev que o hino soviético recuperou sua letra e propagandas a favor do partido eram lançadas na imprensa.
Durante esta época, a URSS conseguiu atingir seu auge político, militar e econômico, tendo grande influência em todo o mundo, desde a economia até os esportes, e seu povo teve uma grande melhora na qualidade de vida, em relação às décadas anteriores. A indústria crescia rapidamente e a ciência soviética desenvolvia novas tecnologias.
Em 1982, após duas décadas de governo, Brejnev morre inesperadamente em decorrência da ingestão de pentobarbitais, sendo sucedido pelo ex-agente secreto Iuri Andropov, que daria início a uma reforma política no país, interrompida por uma séria doença que o levou à morte, em 1984. Konstantin Chernenko, homem de confiança de Brejnev, abriu mão da aposentadoria e assumiu a presidência da URSS, mesmo idoso e doente. Após um ano de governo, Chernenko é internado às pressas e morre no início de 1985, representando o fim de uma geração de políticos soviéticos, caracterizados por manterem uma conservadora. Sucederia-lhe no cargo o jovem Mikhail Gorbatchov, contando com um Politburo mais jovem, liberal e flexível.
Era Gorbachev
A partir do final dos anos 1970 começam a ficar claras as limitações do modelo soviético de economia planificada. A Crise do Petróleo dos anos 70 elevou a economia soviética, podendo o povo, em pleno regime socialista, consumir mais. Muitas famílias puderam comprar novas tecnologias. Automóveis, fornos microondas e aparelhos eletrônicos, não eram novidade para muitos, mas mais de um automóvel e diversos aparelhos eletrônicos eram um sonho que dependiam de muita economia, e que agora tornava-se realidade para muitas pessoas, dando um conforto material bem maior, sem ferir os princípios socialistas. O bem estar foi tanto que as autoridades soviéticas chegavam a dizer que os países capitalistas estavam em crise.
Por este profundo desenvolvimento econômico, político e militar, a economia soviética acabou se estagnando no final dos anos 1970. Não se previa que, mais tarde, esta pequena estagnação evoluiria para uma profunda crise, capaz de desestruturar a economia do país. Como a estagnação dos anos 1970 se transformou na crise dos anos 1980, é objeto de discussões até os dias de hoje. A comparação com a China, que realizou uma transição mais bem-sucedida para o capitalismo, tem auxiliado a avaliar melhor o peso dos fatores estruturais e conjunturais na produção dessa crise.
Em termos estruturais, a economia planificada talvez tenha sido a principal responsável pela crise, pois exigia que tudo que fosse produzido em todos os setores da economia estivesse previsto nos planos quinquenais. Na prática, isto criava distorções, como excesso de determinados produtos (indústrias de base e de bens de capital) e escassez de outros (bens de consumo). Quando a produção de determinado produto era insuficiente para atender ao consumo, os preços não podiam subir a ponto de inibir a demanda (como costuma ocorrer em uma economia de mercado), mas os produtos simplesmente se esgotavam e desapareciam da lojas e prateleiras dos supermercados.
No fim dos anos 1970, os custos militares da Guerra Fria já eram insustentáveis para a URSS. O país mantinha forças armadas de quase dois milhões de homens, um milhão dos quais mobilizados na Europa Oriental. Quando a China se aproximou dos Estados Unidos, nos anos 1970, e passou a ameaçar a URSS, a situação piorou. A China estacionou quase um milhão de homens nas fronteiras com a União Soviética, e para contrabalançar, esta teve que estacionar outro milhão de homens na fronteira com a China. Os custos dessa mobilização permanente começavam a se mostrar insustentáveis no início dos anos 1980 sobretudo em razão do envolvimento soviético no conflito do Afeganistão.
Segundo Angelo Segrillo, o fator militar não foi o fator principal da queda da URSS, pois o gasto soviético nesta área não cresceu significativamente, quando comparado com dados anteriores. A queda, segundo o autor, deveu-se principalmente à mudança do paradigma mundial de produção industrial, iniciado no começo da década de 1970, passando do modelo Fordista, em que a produção era centralizada e com pouca flexibilidade - e que fora adotado, com êxito, pela URSS - para o modelo Toyotista, descentralizado e flexível, incompatível com as características da economia soviética.Segrillo, Angelo. O declínio da URSS - um estudo das causas. Record, 2000.
Mikhail Gorbatchov foi o último dirigente soviético. Assumiu o cargo de secretário-geral da PCUS (Partido Comunista da União Soviética) em março de 1985, substituindo Konstantin Tchernenko, que falecera naquele ano. O bom relacionamento com os membros do partido e a habilidade política foram fatores que credenciaram Gorbatchov a assumir o posto mais importante na hierarquia administrativa soviética. Defensor de ideias modernizantes, instituiu dois projetos inovadores: a perestroika (reconstrução econômica) e a glasnost (transparência política). A tentativa de modernização acelerada da perestroika e da glasnost viria como proposta "salvadora" de Gorbatchov, mas não conseguiria mais reverter a crise.
Em 26 de março de 1986, ocorreu o acidente nuclear de Chernobil no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripiat, no norte da Ucrânia Soviética, próximo da fronteira com a Bielorrússia Soviética. O incêndio causado pelo explosão foi contido apenas em 4 de maio de 1986. As plumas de produtos de fissão lançadas na atmosfera pelo incêndio precipitaram-se sobre partes da União Soviética e da Europa Ocidental. O inventário radioativo estimado que foi liberado durante a fase mais quente do incêndio foi aproximadamente igual em magnitude aos produtos de fissão aerotransportados liberados na explosão inicial.
O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair. A Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Romênia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista (ver: Revoluções de 1989).
E na noite de 9 de novembro de 1989 o Muro de Berlim começou a ser derrubado depois de 28 anos de existência. Antes da sua queda, houve grandes manifestações em que, entre outras coisas, se pedia a liberdade de viajar. Além disto, houve um enorme fluxo de refugiados ao Ocidente, pelas embaixadas da RFA, principalmente em Praga e Varsóvia, e pela fronteira recém-aberta entre a Hungria e a Áustria, perto do lago de Neusiedl.
Em 1990, com a reunificação alemã, a União Soviética cai para o posto de quarto maior PIB mundial. Este quadro piora rapidamente com a nova crise da transição para o capitalismo nos anos 1990, quando a Rússia torna-se o 15º PIB mundial. Entre 1987 e 1988 a URSS abdica de continuar a corrida armamentista com os Estados Unidos, assinando uma nova série de acordos de limitação de armas estratégicas e convencionais. A URSS inicia a retirada do Afeganistão e começa a reduzir a presença militar na Europa Oriental. O governo soviético pressiona aliados pela negociação de paz em conflitos como a Guerra Civil Angolana, onde os termos para o fim do conflito são estabelecidos em acordo com os Estados Unidos, Angola, Cuba e África do Sul. Esta nova postura também significou a redução de todas as formas de apoio (político, financeiro e comercial) que esta potência dava a regimes aliados em todo o mundo.
No plano interno, Gorbatchov enfrentou grandes resistências da oligarquia e dos burocratas partidários (os Apparatchiks). A linha dura do partido via a postura de Gorbatchov no plano internacional como covarde e acusava-o de trair a URSS e o socialismo. Estes grupos eram contra a retirada do Afeganistão e defendiam que a URSS deveria intervir nos países da Europa Oriental que estavam passando por processos de democratização e abandonavam o socialismo, como a Polônia. Em 1991, setores mais belicistas do governo soviético defenderam que a URSS deveria ter apoiado o Iraque na Guerra do Golfo contra a coalizão de países liderada pelos Estados Unidos e passaram a criticar o governo Gorbatchov como fraco.
Na metade do ano de 1990 e início de 1991, a situação política e econômica na União Soviética se agravou e para tentar reverter essa crise o presidente Mikhail Gorbatchov, pensou em primeiro resolver o problema político e étnico soviético para depois reformar a economia. O novo Tratado da União dos Estados Soberanos foi um projeto de tratado que teria substituído o de 1922 (Tratado da Criação da URSS) e, portanto, teria substituído a União Soviética por uma nova entidade chamada União de Estados Soberanos, uma tentativa de Mikhail Gorbachev para recuperar e reformar o Estado soviético.
Colapso
Em 19 de agosto de 1991, um dia antes de Gorbachev e um grupo de dirigentes das Repúblicas assinarem o novo Tratado da União, um grupo chamado Comité Estatal para o Estado de Emergência (Государственный Комитет по Чрезвычайному Положению, ГКЧП, pronunciado GeKaTchePe) tentou tomar o poder em Moscou. Anunciou-se que Gorbachev estava doente e tinha sido afastado de seu posto como presidente. Gorbachev foi, então, em férias à Crimeia, onde a tomada do poder foi desencadeada e lá permaneceu durante todo o seu curso. O vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanayev, foi nomeado presidente interino. A comissão de 8 membros, incluindo o chefe da KGB Vladimir Krioutchkov e o Ministro das Relações Exteriores, Boris Pogo, o ministro da Defesa, Dmitri Iazov, todos os que concordaram em trabalhar sob Gorbachev. Em 21 de agosto de 1991, a grande maioria das tropas que foram enviadas a Moscou se colocam abertamente ao lado dos manifestantes ou são desertores. O golpe falhou e Gorbachev, que tinha atribuído à sua residência dacha na Crimeia, regressou a Moscou.
Após o seu regresso ao poder, Gorbachev prometeu punir os conservadores do Partido Comunista da União Soviética (PCUS). Demitiu-se das suas funções como secretário-geral, mas continua a ser presidente da União Soviética. O fracasso do golpe de Estado apresentou uma série de colapsos das instituições da união. Boris Yeltsin assumiu o controle da empresa central de televisão e os ministérios e organismos económicos.
A derrota do golpe e o caos político e econômico que se seguiu agravou o separatismo regional e acabou levando à fragmentação do país. Em setembro as repúblicas bálticas (Estônia, Letônia e Lituânia) declaram a independência em relação a Moscou.
Em 1º de Dezembro, a Ucrânia proclamou sua independência por meio de um plebiscito que contou com o apoio de 90% da população. E entre outubro e dezembro 11 (com as 3 repúblicas bálticas e a Ucrânia) das 15 repúblicas soviéticas declaram independência.
Em 21 de dezembro, líderes da Federação Russa, Ucrânia e Bielorrússia assinaram um documento onde era declarada extinta a União Soviética. E no seu lugar era criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
No dia de natal de 1991, em cerimônia transmitida por satélite para o mundo inteiro, Gorbatchov que estava há 6 anos no poder declara oficialmente o fim da URSS e renúncia a presidência do país e após isso, a bandeira com a foice e o martelo é retirada do Kremlin e a bandeira russa é colocada em seu lugar. A União Soviética se dissolveu oficialmente em 31 de dezembro de 1991, após 69 anos de existência. A Federação Russa ficou conhecida como sua sucessora, pois ficou com mais da metade do antigo território soviético, além da maioria do seu parque industrial e militar.
Geografia
A União Soviética localizava-se nas latitudes médias e do norte do Hemisfério Norte. Quase duas vezes e meia maior do que o território dos Estados Unidos, era um país de tamanho continental, apenas ligeiramente menor do que toda a América do Norte. O território soviético tinha uma área total de quilômetros quadrados, o que representava um sexto da superfície terrestre da Terra. Três quartos do país estava a norte do paralelo 50; a URSS era, no geral, muito mais próxima do Pólo Norte do que do equador.
Estendendo para sobre quilômetros, a fronteira soviética era não somente a maior do mundo, como também a mais larga. Ao longo da fronteira terra quase 20 mil km, a União Soviética fazia fronteira com doze países, seis em cada continente. Na Ásia, seus vizinhos eram a Coreia do Norte, China, Mongólia, Afeganistão, Irã, e Turquia. Na Europa, limitou-se a Romênia, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, Noruega, e Finlândia. À exceção dos quilômetros gelados do Estreito de Bering, teria um décimo terceiro vizinho: os Estados Unidos. O restante dos 60 mil km de fronteira eram com o Oceano Ártico.
Ao norte, o litoral ártico é o domínio da tundra. Ao Sul da tundra estende-se o domínio da floresta boreal (Taiga). Mais ao Sul ainda, a floresta enriquece-se de árvores com muitas folhas, que cobrem principalmente a parte oriental da planície europeia bem como o Sul da Rússia extremo-oriental. Para o sul, a floresta degrada-se e se torna um estepe com poucas áreas com montanhas. Ainda há desertos no sul do país. E na parte europeia desenvolve-se sobre terras pretas muito férteis várias plantas de clima temperado.
Problemas ambientais
A política ambiental oficial soviética sempre atribuiu grande importância às ações nas quais os seres humanos melhoram ativamente a natureza. A citação de Lenin "O comunismo é o poder soviético e a eletrificação do país!" em muitos aspectos, resume o foco na modernização e no desenvolvimento industrial. Durante o primeiro plano de cinco anos em 1928, Stalin prosseguiu industrializando o país a todo custo. Valores como proteção ambiental e da natureza foram completamente ignorados na luta para criar uma sociedade industrial moderna. Após a morte de Stalin, o governo soviético concentrou mais nas questões ambientais, mas a percepção básica do valor da proteção ambiental permaneceu a mesma.
Anteriormente o quarto maior lago do mundo com uma área de 68 mil km quilômetros quadrados, o Mar de Aral, no atual Cazaquistão, começou a encolher na década de 1960 depois que os rios que o alimentavam foram desviados por projetos de irrigação da União Soviética. Em 1997, o lago era tinha apenas 10% de seu tamanho original, dividindo-se em quatro lagos menores: o Mar de Aral do Norte, as bacias leste e oeste do outrora muito maior Mar de Aral do Sul e o lago intermediário menor, o Barsakelmes.
Em 1949, o programa da bomba atômica soviética selecionou um local nas estepes 150 km a oeste da cidade de Semei como o local para seus testes de armas. Durante décadas, Kurchatov (a cidade secreta no centro da área de testes batizada em homenagem a Igor Kurchatov, pai da bomba atômica soviética) foi o lar de muitas das estrelas mais brilhantes da ciência de armas soviética. A União Soviética operou a Área de Testes de Semipalatinsk (STS) desde a primeira explosão em 1949 até 1989; 456 testes nucleares, incluindo 340 subterrâneos e 116 testes atmosféricos, ocorreram lá.
A cidade de Semei sofreu graves efeitos ambientais e de saúde por conta dos testes atômicos realizados na região. A cinza nuclear dos testes atmosféricos e a exposição descontrolada dos trabalhadores, a maioria dos quais viviam na cidade, resultaram em altas taxas de câncer, leucemia infantil, disfunção erétil e defeitos de nascença entre os residentes de Semei e de aldeias vizinhas.
O desastre de Chernobyl em 1986 foi o primeiro grande acidente em uma usina nuclear civil. Sem paralelo no mundo, resultou na liberação de um grande número de isótopos radioativos na atmosfera. Doses radioativas se espalharam relativamente longe. Cerca de 4 mil novos casos de câncer de tireóide foram relatados após o incidente. No entanto, os efeitos a longo prazo do acidente são desconhecidos. Outro grande acidente é o desastre de Kyshtym.
Demografia
Os primeiros cinquenta anos do século XX da Rússia czarista e da União Soviética foram marcados por uma sucessão de desastres, cada um acompanhado por grandes perdas populacionais. Mortes em excesso no decorrer da Primeira Guerra Mundial e da Guerra Civil Russa (incluindo a fome pós-guerra) ascenderam a um total combinado de 18 milhões, cerca de 10 milhões em 1930 e mais de 26 milhões entre 1941 e 1945. A população do pós-guerra soviético era 45 e 50 milhões menor do que teria sido se o crescimento demográfico pré-guerra tivesse continuado.
A taxa de natalidade bruta da URSS diminuiu de 44,0 por mil habitantes em 1926 para 18,0 em 1974, em grande parte devido à crescente urbanização e ao aumento da idade média dos casamentos. A taxa de mortalidade bruta demonstrou um decréscimo gradual também - de 23,7 por mil em 1926 para 8,7 em 1974. Em geral, as taxas de natalidade das repúblicas do sul da Transcaucásia e da Ásia Central eram consideravelmente maiores que as do norte da União Soviética e, em alguns casos, até mesmo aumentaram no período pós-II Guerra, um fenômeno atribuído em parte as lentas taxas de urbanização e de casamentos, que tradicionalmente se realizavam mais cedo nas repúblicas do sul. A Europa soviética mudou-se para a sub-fertilidade de substituição populacional, enquanto a Ásia Central Soviética continuou a apresentar crescimento populacional bem acima do nível de fertilidade de substituição.
No final dos anos 1960 e 1970 houve uma reversão da trajetória declinante da taxa de mortalidade na URSS e foi especialmente notável entre os homens em idade de trabalho, mas também foi predominante na Rússia e em outras áreas predominantemente eslavas do país. Uma análise dos dados oficiais do final dos anos 1980 mostrou que, após uma piora no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a mortalidade de adultos começou a melhorar novamente. A taxa de mortalidade infantil aumentou de 24,7 em 1970 para 27,9 em 1974. Alguns pesquisadores consideraram o aumento como uma consequência da piora nas condições de saúde e serviços. Os aumentos nas taxas de mortalidade infantil e de adultos não foram explicadas ou defendidas por oficiais soviéticos e o governo da URSS simplesmente parou de publicar todas as estatísticas de mortalidade por dez anos. Demógrafos e especialistas soviéticos em saúde permaneceram em silêncio sobre o aumento de mortalidade até o final da década de 1980, quando a publicação dos dados de mortalidade foram retomados e os pesquisadores puderam aprofundar as causas reais do fenômeno.
Cidades mais populosas
Grupos étnicos
O estado extensa multinacionais que os comunistas herdaram após a sua Revolução, que foi criado pela expansão czarista por quase quatro séculos. Alguns grupos de nações aderiram voluntariamente ao Estado, mas a maioria foram anexados à força. Os antagonismos nacionais desenvolvidos ao longo dos anos não se dirigiam só contra os russos, mas algumas vezes surgiram entre outras nações da União Soviética.
Por quase setenta anos, os líderes soviéticos tinham mantido que o atrito entre as muitas nacionalidades da União Soviética tinha sido erradicado e que a União Soviética era uma família de nações que vivem harmoniosamente (ver: Commissariado do Povo para as Nacionalidades). No entanto, o fermento nacional que abalou todos os cantos da União Soviética, na década de 1980 provou que setenta anos de regime comunista haviam falhado na erradicação das diferenças étnicas e nacionais e que as culturas e as religiões tradicionais reemergiriam à menor oportunidade. Esta realidade enfrentada por Gorbachev e seus colegas significava que, dada a baixa confiança no uso tradicional da força, teve de encontrar soluções alternativas para evitar o colapso da União Soviética.
As concessões atribuídas culturas nacionais e a autonomia limitada tolerada nas repúblicas da União durante o ano de 1920 levou ao desenvolvimento das elites nacionais e um senso de identidade nacional. A repressão posterior e a russificação provocou ressentimento contra a dominação por parte de Moscovo e promoveu um maior crescimento da consciência nacional. Sentimentos nacionais foram exacerbadas no Estado soviético multinacional do aumento da concorrência por recursos, serviços e obras.
Mulheres e fertilidade
Sob Lenin, o Estado assumiu compromissos explícitos para promover a igualdade entre homens e mulheres. Muitas das primeiras feministas russas e mulheres trabalhadoras russas comuns participaram ativamente da Revolução, e muitas mais foram afetadas pelos eventos daquele período e pelas novas políticas. A partir de outubro de 1918, o governo de Lenin liberou as leis de divórcio e aborto, descriminalizou a homossexualidade (recriminalizada, porém, na década de 1930), permitiu a coabitação e deu início a uma série de reformas.
No entanto, sem controle de natalidade, o novo sistema produziu muitos casamentos desfeitos, bem como incontáveis filhos fora do casamento. A epidemia de divórcios e casos extraconjugais criou dificuldades sociais quando os líderes soviéticos queriam que as pessoas concentrassem seus esforços no crescimento da economia. Dar às mulheres controle sobre sua fertilidade também levou a uma queda vertiginosa na taxa de natalidade, vista como uma ameaça ao poder militar de seu país. Em 1936, Stalin reverteu a maioria das leis liberais, dando início a uma era pró-natalista que durou décadas.
Em 1917, a Rússia se tornou a primeira grande potência a conceder às mulheres o direito de voto. Após pesadas baixas na Primeira e Segunda Guerra Mundial, as mulheres superaram os homens na Rússia em uma proporção de 4:3.
Religião
A URSS desde 1922 tornou-se um Estado ateísta. Em 1934, 28% das igrejas ortodoxas cristãs, 42% das mesquitas muçulmanas e 52% das sinagogas judaicas foram fechadas na URSS.
O ateísmo na URSS era baseado na ideologia marxista-leninista. Tal como o fundador do Estado soviético, Lenin falou o seguinte sobre a URSS e as religiões:
Dentro de cerca de um ano da revolução do estado nacionalizou todas as propriedades da Igreja e no período de 1922 a 1926, 28 bispos ortodoxos russos e mais de sacerdotes foram mortos e, um número muito maior foi objeto de perseguição.
A Catedral de Cristo Salvador de Moscou, a sede da Igreja Ortodoxa Russa e seu templo mais sagrado, foi destruída em duas rodadas de explosões por ordens diretas de Stalin em 1931, milhares de sacerdotes protestaram contra a decisão e foram presos e enviados a gulags, em seu lugar os comunistas pretendiam construir o "Palácio dos Sovietes", a sede do governo stalinista. A Igreja Ortodoxa Russa possuía paróquias durante a Primeira Guerra Mundial, que foi reduzida para 500 em 1940. A maioria dos seminários foram fechados, a publicação de escrita religiosa foi proibida. Embora historicamente a grande maioria da Rússia fosse cristã, apenas 17% a 22% da população é atualmente cristã.
O regime comunista confiscou propriedades da igreja, ridicularizou a religião, perseguiu os crentes e propagou o ateísmo nas escolas. As ações em relação a religiões específicas, no entanto, foram determinadas pelos interesses do Estado e a maioria das religiões organizadas nunca foi totalmente proibida. Algumas ações contra padres e crentes ortodoxos incluíam tortura, sendo enviado para campos de prisioneiros, campos de trabalho ou hospitais psiquiátricos. Alguns também foram executados.L.Alexeeva, History of dissident movement in the USSR, in RussianThe Washington Post Anti-Communist Priest Gheorghe Calciu-Dumitreasa By Patricia Sullivan Washington Post Staff Writer Sunday, November 26, 2006; Page C09 https://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/11/25/AR2006112500783.html Muitos ortodoxos (junto com povos de outras religiões) também foram submetidos a punição psicológica ou tortura e experimentação de controle da mente, na tentativa de forçá-los a desistir de suas convicções religiosas (consulte Abuso político da psiquiatria na União Soviética).Adrian Cioroianu, Pe umerii lui Marx. O introducere în istoria comunismului românesc ("On the Shoulders of Marx. An Incursion into the History of Romanian Communism"), Editura Curtea Veche, Bucharest, 2005
Política
Havia três hierarquias de poder na União Soviética: o Poder Legislativo, representado pelo Soviete Supremo da União Soviética; o governo, representado pelo Conselho de Ministros e o Partido Comunista da União Soviética (PCUS), o único partido legal no país.
Segundo os ideólogos comunistas, o sistema político soviético era uma verdadeira democracia, onde os conselhos operários ("sovietes") representavam a vontade da classe trabalhadora. Em particular, a Constituição Soviética de 1936 garantiu o sufrágio universal e o voto secreto. A prática, no entanto, afastava-se dos princípios da lei. Por exemplo, todos os candidatos eram selecionados pelas organizações do Partido Comunista antes da democratização e das eleições de março de 1989.
O historiador Robert Conquest descreveu o sistema eleitoral soviético como "um conjunto de instituições dirigidas por camponeses e trabalhadores para camponeses e trabalhadores: uma constituição modelo adotada em um período de terror garantindo direitos humanos; eleições nas quais havia apenas um candidato que recebia 99% dos votos; um parlamento no qual nenhuma mão foi levantada em oposição ou abstenção".
Partido Comunista
No topo do Partido Comunista estava o Comitê Central, eleito em Conferências e Congressos do Partido. O Comitê Central, por sua vez votava para o Politburo (o chamado Presidium entre 1952 e 1966), o Secretariado e o Secretário-Geral (Primeiro Secretário de 1953 a 1966), o mais alto cargo na URSS. Dependendo do grau de consolidação de poder, ou era o Politburo como um corpo coletivo ou o Secretário-Geral, que sempre era um dos membros do Politburo, que efetivamente comandava o partido e o país (exceto no período da autoridade altamente personalizada de Josef Stalin, exercida diretamente através de sua posição no Conselho de Ministros). Eles não eram controladas pelos membros geral do partido, visto que o princípio fundamental da organização do partido era o centralismo democrático, o que exigia estrita subordinação aos órgãos superiores e as eleições eram incontestáveis, endossando os candidatos propostos a partir de cima.
O Partido Comunista manteve seu domínio sobre o Estado em grande parte através de seu controle sobre o sistema de nomeações. Todos os altos funcionários do governo e a maioria dos deputados do Soviete Supremo eram membros do PCUS. As instituições em níveis mais baixos eram supervisionados e às vezes suplantadas por organizações partidárias primárias.
Na prática, no entanto, o grau de controle que o partido era capaz de exercer sobre a burocracia estatal, particularmente após a morte de Stalin, estava longe de ser total, sendo que a burocracia perseguia interesses diferentes que, por vezes, entravam em conflito com o partido. Também não era um partido monolítico de cima para baixo, embora facções fossem oficialmente proibidas.
Governo
O Soviete Supremo (sucessor do Congresso dos Sovietes e do Comitê Executivo Central) foi nominalmente o mais alto órgão de Estado durante a maior parte da história soviética, em primeira atuação como instituição fantoche, para aprovar e implementar todas as decisões tomadas pelo partido. No entanto, os poderes e funções do Soviete Supremo foram prorrogadas nos anos 1950, 1960 e 1970, incluindo a criação de novas comissões estaduais e comitês. Ele ganhou poderes adicionais com a aprovação dos planos quinquenais e do orçamento do Estado soviético. O Soviete Supremo elegia um Presidium para exercer o seu poder entre as sessões plenárias, ordinariamente duas vezes por ano, e designava o Supremo Tribunal, o Procurador-Geral e o Conselho de Ministros (conhecido antes de 1946 como o Conselho do Comissariado do Povo), liderado pelo Presidente (Primeiro-ministro) e que geria a enorme burocracia responsável pela administração da economia e da sociedade. As estruturas governamentais e do partido nas repúblicas constituintes em grande parte repetiam a estrutura das instituições centrais, embora a República Socialista Federativa Soviética da Rússia, ao contrário das outras repúblicas, pela maior parte de sua história não teve uma filial republicana do PCUS, sendo governada diretamente pelo partido de toda a União até 1990. As autoridades locais eram organizadas da mesma forma em comitês do partido, sovietes locais e comitês executivos. Enquanto o sistema estatal era nominalmente federal, o partido era unitário.
A polícia de segurança do Estado (a KGB e suas agências antecessoras) desempenhava um papel importante na política soviética. Foi instrumental no terror stalinista, mas depois da morte de Josef Stalin, a polícia de segurança estatal foi trazida para o rigoroso controle do partido. De acordo com Yuri Andropov, presidente KGB entre 1967 e 1982 e Secretário-Geral entre 1982 e 1983, a KGB envolvia a repressão da dissidência política e manteve uma extensa rede de informantes, reafirmando-se como um ator político, até certo ponto independente da estrutura do partido, o que culminou com a campanha anticorrupção visando altos funcionários do partido no final dos anos 1970 e início da década de 1980.
Sistema judicial
O judiciário não era independente dos outros ramos do governo. O Supremo Tribunal supervisionava os tribunais inferiores (Tribunal do Povo) e aplicava a lei como estabelecido pela Constituição ou como interpretado pelo Soviete Supremo. O Comitê de Supervisão Constitucional analisava a constitucionalidade das leis. A União Soviética usava o sistema inquisitorial do direito romano, onde o juiz, procurador, advogado de defesa devem colaborar para estabelecer a verdade.
O sistema legal soviético considerava a lei como um braço da política e os tribunais como agências do governo. Extensos poderes extrajudiciais foram dados às agências policiais secretas soviéticas. O regime aboliu o estado de direito ocidental, as liberdades civis, a proteção da lei e as garantias de propriedade,Richard Pipes (1994) Russia Under the Bolshevik Regime. Vintage. ., pages 401–403. consideradas como exemplos de "moralidade burguesa" pelos teóricos do direito soviético, como Andrey Vyshinsky. Segundo Vladimir Lenin, o objetivo dos tribunais socialistas não era "eliminar o terror... mas substanciá-lo e legitimá-lo em princípio".
Os crimes eram determinados não como uma infração à lei, mas como qualquer ação que pudesse ameaçar o Estado e a sociedade soviéticos. Por exemplo, o desejo de obter lucro poderia ser interpretado como uma atividade contrarrevolucionária punível com a morte. A deportação de milhões de camponeses em 1928–31 foi realizada nos termos do Código Civil Soviético. Alguns juristas soviéticos chegaram a afirmar que a "repressão criminal pode ser aplicada na ausência de culpa". Martin Latsis, chefe do Tcheka ucraniano, explicou "Não procure no arquivo de provas incriminatórias para ver se o acusado se levantou ou não contra os soviéticos com armas ou palavras. Em vez disso, pergunte a que classe ele pertence, qual é sua formação, sua educação, sua profissão. Estas são as perguntas que determinarão o destino do acusado. Esse é o significado e a essência do Terror Vermelho.".
O objetivo dos julgamentos públicos "não era demonstrar a existência ou ausência de um crime - que era predeterminado pelas autoridades apropriadas do partido -, mas fornecer mais um fórum de agitação política e propaganda para a instrução dos cidadãos (ver os Processos de Moscou, por exemplo). Os advogados de defesa, que tinham que ser membros do partido, eram obrigados a aceitar a culpa de seus clientes... ".
Separação de poderes e reforma
As constituições soviéticas, que foram promulgadas em 1918, 1924, 1936 e 1977, não limitavam o poder do Estado. Não havia separação de poderes formal existente entre o partido, o Soviete Supremo e o Conselho de Ministros, que representavam os poderes executivos e legislativos do governo. O sistema era regido menos pelo estatuto do que por convenções informais e nenhum mecanismo estabelecia uma sucessão da liderança. Lutas internas ocorreram no Politburo após a morte de Lenin e Joseph Stalin, bem como após a demissão de Khrushchev, devido a uma decisão tanto pelo Politburo e do Comitê Central. Todos os líderes do Partido Comunista antes de Gorbachev morreram no exercício do cargo, exceto Geórgiy Malenkov e Khrushchev, demitido da direção do partido em meio a luta interna.
Entre 1988 e 1990, enfrentando uma oposição considerável, Mikhail Gorbachev promulgou reformas de mudança de poder longe das mais altas instâncias do partido e tornou o Soviete Supremo menos dependente delas. O Congresso dos Deputados do Povo foi estabelecido, cuja maioria dos membros eram eleitos diretamente em eleições competitivas, realizada em março de 1989. O Congresso agora elegia o Soviete Supremo, que se tornou um parlamento em tempo integral, muito mais forte do que antes. Pela primeira vez desde os anos 1920, ele recusou propostas do partido e do Conselho de Ministros. Em 1990, Gorbachev introduziu e assumiu o cargo de presidente da União Soviética, concentrou o poder em seu escritório executivo, independente do partido e subordinado ao governo, agora rebatizado de Conselho de Ministros da URSS.
As tensões cresceram entre as autoridades de toda a união durante o governo de Gorbachev. Reformistas liderados na Rússia por Boris Yeltsin controlavam o recém-eleito Soviete Supremo da República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Entre 19 e 21 de agosto de 1991, um grupo de extremistas fizeram uma tentativa de golpe fracassada. Após o fracasso do golpe, o Conselho de Estado da União Soviética tornou-se o mais alto órgão do poder estatal. Gorbachev renunciou ao cargo de Secretário-Geral nos meses finais da existência da URSS.
Relações internacionais
Desde a sua criação em 1922, a União Soviética sempre manteve uma política agressiva com os outros países do mundo (ver: ocupações soviéticas). Após a sua criação em 1922 ela passou cerca de 20 anos isolada do mundo pelos países capitalistas ocidentais.
Após a Segunda Guerra Mundial a URSS emerge como superpotência mundial e controla um poderoso bloco socialista (ver: Império Soviético). Durante a Guerra Fria as relações entre Estados Unidos e União Soviética se deterioram e somente a partir de 1985 é que começam as iniciativas eficazes de paz entre as duas superpotências.
As relações entre a URSS e os seus países satélites na maioria das vezes foram de paz, mas houve países socialistas que acabaram saindo da área de influência de Moscou como China e Iugoslávia (ver: ruptura Tito-Stalin).
A União Soviética era membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, o país líder do Pacto de Varsóvia (aliança militar do bloco socialista) e membro do COMECON. Além de desempenhar um papel decisivo nas relações internacionais nos tempos da Guerra Fria.
Forças armadas
A URSS sempre foi uma potência militar, seu Exército, foi o responsável pelo suicídio de Adolf Hitler e por grande parte das exterminações dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Depois da Segunda Guerra Mundial, o Exército Vermelho foi o eixo do Pacto de Varsóvia, a organização militar de defesa mútua integrada pelos países do Bloco Socialista no Leste Europeu.
O armamento nuclear soviético aumentou proporcionalmente ao dos norte-americanos. Depois de derrubado o regime soviético, em 1991, o Exército Vermelho foi desmantelado e desapareceu como tal. No entanto, o atual Exército da Federação Russa ainda utiliza muitos dos símbolos da organização do Exército Vermelho da União Soviética.
A União Soviética produziu equipamentos militares que são usados e reverenciados até os tempos atuais. Entre eles estão o fuzil AK-47 e o caça MiG-29. Deixou também uma grande quantidade de bombas atômicas à Federação Russa que especula-se manter em estoque 37 ogivas apenas herdadas do regime soviético. A estrutura física militar da Rússia é em sua maioria também herdada do antigo regime. Deixou também muita sucata o que levanta debates em ecologistas em como armas químicas e biológicas são dispensadas no meio ambiente.
Direitos humanos
O regime se manteve no poder por meio da polícia secreta, propaganda disseminada pelos meios de comunicação de massa controlados pelo Estado, culto de personalidade, restrição de discussões e críticas livres, uso de vigilância em massa, expurgos políticos e perseguição de grupos específicos de pessoas. A concepção soviética de direitos humanos era muito diferente das concepções predominantes no Ocidente. De acordo com a teoria jurídica soviética, "é o governo que é o beneficiário dos direitos humanos que devem ser reivindicados contra o indivíduo", enquanto a lei ocidental alega o contrário. O Estado soviético era considerado como a "fonte" dos direitos humanos.
Nas décadas de 1930 e 1940, a repressão política era praticada pelos serviços policiais secretos soviéticos, OGPU e NKVD. Uma extensa rede de informantes civis - voluntários ou recrutados à força - era usada para coletar informações para o governo e relatar casos de suspeita de dissidência.
Bens pessoais eram permitidos, com certas limitações. O setor imobiliário pertencia principalmente ao Estado. Saúde, moradia, educação e nutrição eram garantidas através do fornecimento de estruturas de emprego e bem-estar econômico implementadas no local de trabalho. A proteção econômica também era estendida aos idosos e deficientes mediante o pagamento de pensões e benefícios. No entanto, essas garantias nem sempre eram cumpridas na prática. Por exemplo, mais de cinco milhões de pessoas careciam de nutrição adequada e morreram de fome durante a fome soviética de 1932 a 1933, uma das várias crise alimentares que assolaram o país. A fome de 1932–33 foi causada principalmente pela coletivização forçada.
O direito de ir e vir era restrito no país. A emigração, ou qualquer viagem ao exterior, não eram permitidas sem uma permissão explícita do governo. As pessoas que não tinham permissão para deixar o país e fizeram campanha pelo direito de sair na década de 1970 eram conhecidas como "refuseniks". De acordo com o Código Penal soviético, uma recusa em retornar do exterior era traição, punível com prisão por um período de 10 a 15 anos ou morte com confisco de propriedade. O sistema de passaportes na União Soviética restringia a migração de cidadãos dentro do país através do "propiska" (sistema de permissões/registros residenciais) e o uso de passaportes internos. Por um longo período da história soviética, os camponeses não tinham passaportes internos e não podiam se mudar para as áreas urbanas sem permissão do governo. Muitos ex-presos receberam "bilhetes de lobo" e só eram autorizados a viver a um mínimo de 101 km das fronteiras da cidade. As viagens para cidades fechadas e para as regiões próximas às fronteiras internacionais eram fortemente restritas. Uma tentativa de escapar ilegalmente ao exterior era punível com prisão por 1 a 3 anos.
Subdivisões
Repúblicas
Constitucionalmente, a União Soviética era uma federação das Repúblicas Socialistas Soviéticas (RSSs) e da República Socialista Federativa Soviética Russa (RSFSR), embora a regra do altamente centralizado Partido Comunista soviético fez federalismo meramente nominal.
O tratado sobre a criação de a URSS foi assinado em dezembro de 1922 por quatro repúblicas fundadoras:
República Socialista Federativa Soviética da Rússia,
República Socialista Soviética da Bielorrússia,
República Socialista Soviética da Ucrânia, e
República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana.
Em 1924, durante a delimitação nacional na Ásia Central, o Uzbequistão e o Turcomenistão formaram repúblicas soviéticas a partir de partes do Turquestão e de duas dependências soviética, o Khorezm e o Bukharan.
Em 1929, o Tajiquistão foi dividido a partir da República Socialista Soviética Uzbeque. Com a constituição de 1936, os constituintes da República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana, ou seja, da Geórgia, República Socialista Soviética da Armênia e República Socialista Soviética do Azerbaijão, foram elevadas a repúblicas da União, enquanto a República Socialista Soviética Cazaque e República Socialista Soviética Quirguiz foram separados da República Socialista Federativa Soviética da Rússia.
Em agosto de 1940, a União Soviética formou a República Socialista Soviética da Moldávia a partir de partes da República Socialista Soviética da Ucrânia e partes da Bessarábia anexada da Roménia. No mesmo ano, anexou os Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia). A República Socialista Soviética Carelo-Finlandesa foi formada a partir de março de 1940 e incorporada em 1956.
Entre julho 1956 e setembro de 1991, havia 15 repúblicas na União Soviética (ver mapa abaixo).
Economia
A União Soviética tornou-se o primeiro país a adotar uma economia planificada, em que a produção e distribuição de bens eram centralizados e dirigidos pelo governo. A primeira experiência bolchevique no comando de uma economia foi a política do comunismo de guerra, que envolveu a nacionalização da indústria, a distribuição centralizada de produção, a requisição coercitiva da produção agrícola e a tentativa de eliminar a circulação de dinheiro, empresas privadas e livre comércio. Após o grave colapso econômico causado pela guerra, em 1921, Lenin substituiu o comunismo de guerra pela Nova Política Econômica (NEP), com a legalização do livre comércio e da propriedade privada para empresas de pequeno porte. A economia se recuperou rapidamente.
Após um longo debate entre os membros do Politburo sobre o campo do desenvolvimento econômico, entre 1928 e 1929, após conquistar o controle do país, Josef Stalin abandonou a NEP e levou a economia soviética para o planejamento central completo, começando com a coletivização forçada da agricultura e a promulgação de uma legislação trabalhista draconiana. Os recursos foram mobilizados para a rápida industrialização, o que muito se expandiu a capacidade soviética na indústria e bens de capital pesados durante a década de 1930.
A preparação para a guerra foi uma das principais forças por trás de industrialização, principalmente devido à desconfiança do mundo capitalista. Como resultado, a URSS foi transformada de uma economia agrária em uma grande potência industrial, abrindo o caminho para a sua emergência como uma superpotência após a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, a economia e a infraestrutura soviética sofreram uma devastação maciça e uma reconstrução extensa se fez necessária.
Até o início dos anos 1940, a economia soviética tornou-se relativamente autossuficiente; na maior parte do período até a criação do Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon), apenas uma parcela muito pequena dos produtos nacionais era comercializada internacionalmente. Após a criação do Bloco do Leste, o comércio externo cresceu rapidamente. Ainda assim, a influência da economia mundial sobre a URSS era limitada por preços internos fixos e um monopólio estatal sobre o comércio exterior. Grãos e manufaturas de bens sofisticados tornaram-se grandes fabricantes de artigos de importação por toda a década de 1960.
Durante a corrida armamentista da Guerra Fria, a economia soviética estava sobrecarregada por gastos militares, fortemente pressionados por uma poderosa burocracia dependente da indústria de armas. Ao mesmo tempo, a União Soviética tornou-se o maior exportador de armas para o Terceiro Mundo. Quantidades significativas de recursos soviéticos durante a Guerra Fria foram alocados em ajuda para os outros Estados socialistas.
Desde a década de 1930 até o seu colapso no final de 1980, a forma como a economia soviética operava permaneceu essencialmente inalterada. A economia era formalmente dirigida pelo planejamento central, realizado pela Gosplan e organizada em planos quinquenais. Na prática, no entanto, os planos eram altamente agregados e provisórios, sujeitos a intervenção ad hoc por parte dos superiores. Todas as decisões econômicas fundamentais eram tomadas pela liderança política. Os recursos alocados e as metas dos planos eram normalmente denominadas em rublos e não em bens físicos. O crédito estava retraído, mas generalizado. A atribuição definitiva da produção foi conseguida através relativamente descentralizada, a contratação não planejada. Embora, em teoria, os preços foram legalmente definido de cima, na prática, os preços reais eram frequentemente negociados, e ligações informais horizontal (entre produtores fábricas etc) eram generalizadas.
Uma série de serviços básicos eram financiados pelo Estado, como educação e saúde. No setor industrial, a indústria pesada e de defesa recebiam prioridade maior do que a produção de bens de consumo. Os bens de consumo, especialmente fora das grandes cidades, muitas vezes eram escassos, de má qualidade e de escolha limitada. Sob economia fortemente controlada, os consumidores tinham quase nenhuma influência sobre a produção, de modo que as novas exigências de uma população com rendimentos crescentes não podiam ser satisfeitas por fornecimentos a preços rigidamente fixados. Uma massiva economia secundária e não planejada enorme cresceu ao lado de um planejamento em níveis baixos, proporcionando alguns dos produtos e serviços que os planejadores não podiam fornecer. A legalização de alguns elementos da economia descentralizada foi tentada com a reforma de 1965.
Embora as estatísticas da economia soviética não fossem confiáveis e seu crescimento econômico difícil de estimar com precisão, pela maioria das contas, a economia continuou a se expandir até meados dos anos 1980. Durante os anos 1950 e 1960, a economia soviética experimentou um crescimento econômico comparativamente alto e aproximou-se do Ocidente. No entanto, depois dos anos 1970, o crescimento, embora ainda positivo, diminuiu de forma constante, muito mais rápida e consistente do que em outros países, apesar de um rápido aumento do capital social (a taxa de aumento de capital só foi superada pelo Japão).
No geral, entre 1960 e 1989, a taxa de crescimento da renda per capita na União Soviética ficou ligeiramente acima da média mundial (baseado em uma comparação com 102 países). De acordo com Stanley Fischer e William Easterly, o crescimento poderia ter sido mais rápido. Por seu cálculo, a renda per capita da União Soviética, em 1989, deveria ter sido duas vezes maior do que estava quando considerados o valor do investimento, a educação e a população. Os autores atribuem esse desempenho ruim à baixa produtividade do capital no país. Steven Rosefielde afirma que o padrão de vida na verdade diminuiu como resultado de despotismo de Stalin e, embora tenha havido uma breve melhora após a sua morte, caiu em estagnação.
Em 1987, Mikhail Gorbachev tentou reformar e revitalizar a economia com o seu programa perestroika. Suas políticas relaxaram o controle estatal sobre as empresas, mas ainda não permitiam que ele fosse substituído por incentivos de mercado, resultando em um declínio acentuado na produção. A economia, que já sofria com redução das receitas da exportação de petróleo, começou a entrar em colapso. Os preços ainda estavam fixos e a propriedade ainda era em grande parte estatal depois da dissolução da União Soviética. Na maior parte do período após a Segunda Guerra Mundial até o seu colapso, a economia soviética foi a segundo maior do mundo por PIB (PPC) e era a terceira maior do mundo em meados da década de 1980 e 1989, embora em termos de PIB per capita, os soviéticos ainda estivessem atrás dos países do Primeiro Mundo.
Infraestrutura
Energia
A necessidade de combustível diminuiu na União Soviética entre os anos 1970 e a década de 1980. No início, este declínio cresceu muito rapidamente, mas gradualmente diminuiu entre 1970 e 1975. De 1975 e 1980, cresceu de maneira ainda mais lenta, apenas 2,6 por cento. David Wilson, um historiador, acredita que a indústria de gás seria responsável por 40 por cento da produção soviética de combustíveis até o final do século. Sua teoria não veio a ser concretizadas por conta do colapso da URSS. A União Soviética, em teoria, teria continuado a ter uma taxa de crescimento econômico entre 2 e 2,5 por cento durante a década de 1990 por causa da área energética soviética. No entanto, o setor de energia enfrentou muitas dificuldades, entre elas a alta despesa militar do país e as relações hostis com os países do Primeiro Mundo (era pré-Gorbachev).
Em 1991, a União Soviética tinha uma rede de gasodutos de 82 mil quilômetros para petróleo bruto e outros quilômetros para gás natural. Petróleo e seus produtos derivados, gás natural, metais, madeira, produtos agrícolas e uma variedade de produtos manufaturados, principalmente máquinas, armas e equipamento militar, eram exportações da URSS. Nas décadas de 1970 e 1980, a União Soviética fortemente contou com exportações de combustíveis fósseis para ganhar divisas. Em seu pico em 1988, o país foi o maior produtor e o segundo maior exportador de petróleo bruto, sendo superado apenas pela Arábia Saudita.
Ciência e tecnologia
A União Soviética colocava grande ênfase na área de ciência e tecnologia no âmbito da sua economia; Lenin acreditava que a URSS nunca iria dominar o mundo desenvolvido se permanecesse como um país tecnologicamente atrasado, como era quando a URSS foi fundada. As autoridades soviéticas mostraram seu compromisso com a crença de Lenin, desenvolvendo enormes organizações e redes de pesquisa e desenvolvimento. Todavia, os mais notáveis sucessos soviéticos em tecnologia, como a produção do Sputnik 1, primeiro satélite espacial do mundo, normalmente eram da responsabilidade dos militares.
No entanto, durante a Era Stalin e após, pesquisas sobre determinadas teorias científicas foram reprimidas. Cientistas soviéticos sofreram perseguições e ramos das ciências exatas, sociais e humanas foram rotulados como "pseudociência burguesa." Áreas como cibernética, astronomia, linguística, física (especificamente, mecânica quântica e relatividade), estatística e história sofriam oposição e/ou manipulações. O sociólogo Pitirim Sorokin foi exilado em 1922, a sociologia foi stalinizada e, entre as décadas de 1930 e 1950, esta disciplina praticamente desapareceu, sendo substituída no bloco comunista pela sociologia marxista. A sociologia só foi reabilitada após o 23º Congresso do Partido Comunista da União Soviética (Março-Abril de 1966).
O regime também apoiou teorias pseudocientíficas, como as do agrônomo Trofim Lysenko ("lysenkoismo"), que rejeitava a genética moderna classificando-a como uma "pseudociência burguesa".Handbook of Evolutionary Thinking in the Sciences. Autores: Thomas Heams, Philippe Huneman, Guillaume Lecointre & Marc Silberstein. Springer, 2014, pág. 29, . ISBN 9789401790147 Adicionado em 27/01/2016. O fato de este campo ter sido fundado por um cristão, o monge Gregor Mendel, enraivecia Stalin e chocava-se com os princípios de ateísmo marxista-leninista defendidos pelo estado ateu soviético. A genética mendeliana foi banida e a influência das ideias de Lysenko, que perdurou até meados do anos 1960, retardou o desenvolvimento das ciências biológicas na URSS. O grande Expurgo vitimou cientistas cujas ideias não estavam ideologicamente alinhadas com o regime e, uma das muitas vítimas, o geneticista, botânico e especialista em alimentos mundialmente reconhecido, Nikolai Vavilov, foi encarcerado na Sibéria em 1940, onde morreu de fome três anos depois. No início dos anos 1960, os soviéticos 40% dos PhDs em química eram mulheres, em comparação com apenas 5% das que receberam tal graduação nos Estados Unidos.
Em 1989, os cientistas soviéticos estavam entre os melhores treinados especialistas do mundo em diversas áreas, como a física de altas energias, vários campos da medicina, matemática, soldagem e tecnologias militares. Devido aos rígidos planejamento e burocracia estatais, os soviéticos permaneceram muito atrás tecnologicamente em química, biologia e computadores quando comparado com o Primeiro Mundo. Os cientistas do país ganharam prêmios importantes em diferentes campos do conhecimento. Eles estavam na vanguarda da ciência em várias áreas, como matemática, e em diversos ramos da física (como a física nuclear), química e astronomia. O físico-químico e físico Nikolay Semyonov foi o primeiro cidadão soviético a ganhar um Prêmio Nobel, em 1956, entre vários outros ganhadores soviéticos da honraria. O matemático Sergei Novikov foi o primeiro cidadão soviético a ganhar uma Medalha Fields em 1970, seguido por Grigory Margulis em 1978 e Vladimir Drinfeld em 1990.
O Projeto Sócrates, sob a administração do presidente estadunidense Ronald Reagan, determinou que a União Soviética se dirigia à aquisição de ciência e tecnologia de uma maneira que era radicalmente diferente do que os Estados Unidos faziam. No caso dos Estados Unidos, a priorização econômica estava sendo usada para a pesquisa e o desenvolvimento como meio de adquirir a ciência e tecnologia nos setores público e privado. Em contrapartida, a União Soviética estava ofensivamente e defensivamente adquirindo e utilizando tecnologia em todo o mundo, para aumentar a vantagem competitiva que eles adquiriram a partir da tecnologia, evitando assim que os Estados Unidos conseguissem uma vantagem competitiva. No entanto, além disso, o planejamento de base tecnológica da União Soviética era executado de uma maneira centrada no governo centralizado que dificultava muito a sua flexibilidade. Foi esta significativa falta de flexibilidade que foi aproveitada pelos Estados Unidos para minar a força da URSS e, assim, promover a sua reforma.
Transportes
O transporte era um componente chave da economia do país. A centralização econômica do final dos anos 1920 e 1930, levou ao desenvolvimento de infraestruturas em grande escala, principalmente com a criação da Aeroflot, uma empresa de aviação. O país tinha uma grande variedade de meios de transporte por terra, água e ar. No entanto, devido à má manutenção, grande parte dos transportes soviéticos por estradas, água e pela aviação civil estavam ultrapassados e tecnologicamente atrasados em relação ao Primeiro Mundo.
O transporte ferroviário soviética era o maior e mais intensamente utilizada no mundo; também era melhor desenvolvida do que na maioria de seus colegas ocidentais. No final dos anos 1970 e início da década de 1980, os economistas soviéticos clamavam pela construção de mais estradas para aliviar um pouco a carga das ferrovias e melhorar o orçamento do Estado soviético. A rede de estradas e a indústria automobilística permaneceram subdesenvolvidas e estradas de terra eram comuns fora das grandes cidades. Os projetos de manutenção das redes de transportes soviéticas mostraram-se incapazes de cuidar das poucas estradas que o país tinha. Nos anos 1980, as autoridades soviéticas tentaram resolver o problema das estradas, ordenando a construção de novas rodovias. Enquanto isso, a indústria automobilística estava crescendo a uma taxa mais rápida do que a construção de estradas. O subdesenvolvido da rede rodoviária levou a uma crescente demanda por transporte público.
Apesar das melhorias, vários aspectos do setor dos transportes ainda estavam cheios de problemas devido à infraestrutura ultrapassada, falta de investimento, a corrupção e gerenciamento ruim. As autoridades soviéticas foram incapazes de atender à crescente demanda por infraestrutura e serviços de transporte. A frota mercante soviética, no entanto, era uma das maiores do mundo.
Educação
Antes de 1917, a educação não era livre e só era disponível à nobreza. Estimativas de 1917 eram de que 75-85% da população russa era analfabeta. Anatoly Lunacharsky tornou-se o primeiro Narkompros (Comissariado do Povo para a Educação da Rússia Soviética).
As autoridades soviéticas colocaram grande ênfase na eliminação do analfabetismo e pessoas com alguma educação eram automaticamente contratadas como professores. Por um curto período de tempo, a qualidade foi sacrificada pela quantidade. Em se livrar do analfabetismo, as autoridades soviéticas foram bem sucedidos, e por volta de 1940, Josef Stalin podia anunciar que o analfabetismo tinha sido eliminado. No rescaldo da Grande Guerra Patriótica do sistema educacional do país expandiu-se dramaticamente. Essa expansão teve um efeito tremendo na década de 1960 quase todas as crianças soviéticas tinham acesso à educação, sendo a única excepção as crianças que viviam em áreas remotas. Nikita Khrushchev tentou melhorar a educação, tornando-a mais acessível e deixando claro aos filhos que a educação era intimamente ligado às necessidades da sociedade. A educação também se tornou uma característica importante na criação do Novo homem soviético (ver também: Homo sovieticus e Novo Homem).
A educação era gratuita para todos na União Soviética. A acessibilidade para os cidadãos soviéticos para o ensino primário, secundário e técnico era aproximadamente a mesma que nos Estados Unidos.
Saúde
Em 1917, antes da revolução, as condições de saúde eram significativamente piores do que a dos países desenvolvidos. Como Lenin mais tarde observou: "Ou o piolho vai derrotar o socialismo, ou socialismo vai derrotar os piolhos". O princípio soviético de assistência médica foi concebido pelo Comissariado do Povo para a Saúde em 1918. O sistema de saúde era controlado pelo Estado e era fornecido aos seus cidadãos de forma gratuita, como um conceito revolucionário. O artigo 42 da Constituição Soviética de 1977 deu a todos os cidadãos o direito à assistência médica e acesso gratuito a todas as instituições de saúde na URSS. Antes de Leonid Brezhnev tornar-se chefe de Estado, o sistema de saúde da União Soviética era considerado de qualidade por muitos especialistas estrangeiros. Isso mudou no entanto, a partir da adesão de Brezhnev e do mandato de Mikhail Gorbachev como líder, o sistema de saúde soviético passou então a ser duramente criticado por muitas falhas básicas, tais como a qualidade do serviço e a desigualdade na sua prestação. O ministro da saúde Yevgeniy Chazov, durante o 19º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, apesar de destacar os sucessos soviéticos pelo fato do país ter o maior número de médicos e hospitais em todo o mundo, reconheceu que algumas áreas do sistema precisavam de melhorias e disse que bilhões de rublos soviéticos foram desperdiçadas.
Após a revolução socialista, a expectativa de vida para todas as faixas etárias dos habitantes do país subiu. Esta estatística em si era visto por alguns como sinal de que o sistema socialista era superior ao sistema capitalista. Estas melhorias continuaram até a década de 1960, quando a expectativa de vida na União Soviética superou a dos Estados Unidos. Ela manteve-se estável durante a maior parte dos anos, embora na década de 1970, tenha caído um pouco, possivelmente por causa do abuso de álcool. Ao mesmo tempo, a mortalidade infantil começou a subir. Depois de 1974, o governo deixou de publicar estatísticas sobre o assunto. Esta tendência pode ser parcialmente explicada pelo aumento drástico do número de grávidas na parte asiática do país onde a mortalidade infantil era mais alta, apesar do declínio marcante na parte europeia mais desenvolvida da União Soviética.
Cultura
A cultura da União Soviética passou por diversas fases durante a sua existência de 70 anos. Durante os primeiros onze anos depois da Revolução (1918-1929), houve uma relativa liberdade e artistas experimentaram vários estilos diferentes, em um esforço para encontrar um estilo distinto soviética da arte. Lenin queria que a arte fosse acessível ao povo russo.
O governo incentivou uma série de tendências. Na arte e literatura, numerosas escolas, algumas tradicionais e outras radicalmente experimentais, proliferaram. Comunistas escritores como Máximo Gorki e Vladimir Mayakovsky eram ativos durante este tempo. Filmes, como um meio de influenciar uma sociedade iletrada, receberam o incentivo do Estado; muito das melhores datas diretor Serguei Eisenstein de trabalho deste período.
Mais tarde, durante o governo de Josef Stalin, a cultura soviética foi caracterizada pela ascensão e dominação do governo que impôs o estilo do realismo socialista, com todas as outras tendências a ser duramente reprimidas, com raras exceções (por exemplo, obras de Mikhail Bulgákov). Muitos autores foram presos e mortos. Além disso, os religiosos foram perseguidos e enviados para gulags ou foram assassinados aos milhares. A proibição da Igreja Ortodoxa foi temporariamente suspensa em 1940, a fim de conseguir apoio para a guerra soviética contra as forças invasoras da Alemanha. Sob Stalin, símbolos de destaque, que não estavam em conformidade com a ideologia comunista foram destruídos, tais como igrejas ortodoxas e edifícios czarista.
Seguindo o Degelo de Kruschev no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, a censura foi diminuída. Maior experimentação de formas de arte tornou-se admissível uma vez, com o resultado que mais sofisticado e sutil trabalho crítico começou a ser produzido. O regime de solta a sua ênfase no realismo socialista, assim, por exemplo, muitos protagonistas dos romances do autor Yury Trifonov se preocupado com os problemas da vida cotidiana em vez de construir o socialismo. Uma literatura underground dissidente, conhecido como samizdat, desenvolvido durante este período de atraso. Na arquitetura da era Kruchev principalmente com foco em design funcionalista em oposição ao estilo altamente decorados de época de Stalin.
Na segunda metade da década de 1980, as políticas de Gorbachev da perestroika e da glasnost expandiu significativamente a liberdade de expressão nos meios de comunicação e imprensa, acabou resultando na eliminação completa da censura, a liberdade total de expressão e a liberdade para criticar o governo.
Esportes
Fundado em 20 de julho de 1924 em Moscou, o Sovetsky Sport foi o primeiro jornal esportivo da União Soviética. O Comitê Olímpico Soviético formou-se em 21 de abril de 1951 e o COI reconheceu o novo órgão em sua 45ª sessão. No mesmo ano, quando o representante soviético Konstantin Andrianov se tornou membro do COI, a URSS se juntou oficialmente ao Movimento Olímpico. Os Jogos Olímpicos de Verão de 1952 em Helsinque tornaram-se os primeiros Jogos Olímpicos para atletas soviéticos. A equipe nacional de hóquei no gelo da União Soviética venceu quase todos os campeonatos mundiais e torneios olímpicos entre 1954 e 1991 e nunca deixou de ganhar uma medalha em torneios da Federação Internacional de Hóquei no Gelo (IIHF) em que competia.
Doping
O advento do "atleta amador em tempo integral" dos países do Bloco Oriental corroeu ainda mais a ideologia do amador puro, pois colocou em desvantagem os amadores autofinanciados dos países ocidentais. A União Soviética entrou em equipes de atletas que eram todos nominalmente estudantes, soldados ou que trabalhavam em uma profissão - na realidade, o estado pagou muitos desses competidores para treinar em período integral. No entanto, o COI manteve as regras tradicionais relativas ao amadorismo.
Um relatório de 1989 de um comitê do Senado Australiano alegou que "dificilmente há um vencedor de medalhas nos Jogos de Moscou, certamente não um vencedor de medalhas de ouro... que não esteja usando um tipo de droga ou outro: geralmente de vários tipos. Os jogos podem muito bem ter sido chamados de Jogos dos Químicos".
Um membro da Comissão Médica do COI, Manfred Donike, realizou testes adicionais com uma nova técnica para identificar níveis anormais de testosterona, medindo sua proporção de epitestosterona na urina. Vinte por cento dos espécimes que ele testou, incluindo os de dezesseis medalhistas de ouro, teriam resultado em procedimentos disciplinares se os testes fossem oficiais. Os resultados dos testes não oficiais de Donike mais tarde convenceram o COI a adicionar sua nova técnica aos seus protocolos de teste. O primeiro caso documentado de "doping sanguíneo" ocorreu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1980, quando um corredor foi transfundido com dois litros de sangue antes de ganhar medalhas nos m e m.
Uma documentação obtida em 2016 revelou os planos da União Soviética para um sistema estatal de doping'' no atletismo, em preparação para os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles. Datado antes da decisão de boicotar os Jogos de 1984, o documento detalhava as operações de esteroides existentes no programa, além de sugestões para melhorias adicionais. O Dr. Sergei Portugalov, do Instituto de Cultura Física, preparou a comunicação, dirigida ao chefe de atletismo da União Soviética. Portugalov mais tarde se tornou uma das principais figuras envolvidas na implementação do doping russo antes dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro.
Feriados
Legado
Nostalgia
Na Armênia, 12% dos entrevistados disseram que o colapso da URSS fez bem, enquanto 66% disseram que fez mal. No Quirguistão, 16% dos entrevistados disseram que o colapso da URSS fez bem, enquanto 61% disseram que fez mal. Desde o colapso da URSS, a pesquisa anual do Levada Center mostrou que mais de 50% da população da Rússia lamentou seu colapso, com a única exceção sendo em 2012. Uma pesquisa do Levada Center de 2018 mostrou que 66% dos russos lamentaram o queda da União Soviética. De acordo com uma pesquisa de 2014, 57% dos cidadãos da Rússia lamentaram o colapso da União Soviética, enquanto 30% disseram que não lamentavam. Os idosos tendem a ser mais nostálgicos do que os jovens russos. Cerca de 50% dos entrevistados na Ucrânia em uma pesquisa semelhante realizada em fevereiro de 2005 afirmaram lamentar a desintegração soviética. No entanto, uma pesquisa semelhante realizada em 2016 mostrou apenas 35% dos ucranianos lamentando o colapso da União Soviética e 50% não lamentando isso.
O rompimento dos laços econômicos que se seguiu ao colapso da União Soviética levou a uma grave crise econômica e à queda catastrófica dos padrões de vida nos Estados pós-soviéticos e no antigo Bloco do Leste, que foi ainda pior do que a Grande Depressão. A pobreza e a desigualdade econômica aumentaram entre 1988-1989 e 1993-1995, com o índice de Gini aumentando em uma média de 9 pontos para todos nos antigos países socialistas europeus. Mesmo antes da crise financeira na Rússia em 1998, o PIB russo era metade do que tinha sido no início dos anos 1990.
Nas décadas que se seguiram ao fim da Guerra Fria, apenas cinco ou seis dos Estados pós-comunistas estão no caminho de se juntar ao rico Ocidente capitalista, enquanto a maioria está ficando para trás, alguns a tal ponto que levará mais de 50 anos para alcançar onde estavam antes do fim do comunismo. Em um estudo de 2001, o economista Steven Rosefielde calculou que houve 3,4 milhões de mortes prematuras na Rússia de 1990 a 1998, que ele atribui em parte à "terapia de choque" que veio com o Consenso de Washington.
No Debate da Cozinha de 1959, Nikita Khrushchev afirmou que os netos do então vice-presidente estadunidense Richard Nixon viveriam sob o comunismo e Nixon afirmou que os netos de Khrushchev viveriam em liberdade. Em uma entrevista de 1992, Nixon comentou que na época do debate, ele tinha certeza de que a afirmação de Khrushchev estava errada, mas Nixon não tinha certeza de que sua própria afirmação estava correta. Nixon disse que os eventos provaram que ele estava realmente certo porque os netos de Khrushchev agora viviam em liberdade, referindo-se ao então recente colapso da União Soviética. O filho de Khrushchev, Sergei Khrushchev, era um cidadão estadunidense naturalizado.
Ex-repúblicas soviéticas
Após setembro de 1991, as 15 repúblicas na União Soviética tornaram-se países independentes (ver mapa abaixo).
Ver também
Antissovietismo
Bolchevismo
Brejnev
Comunismo
Era Khrushchov-Brejnev
Guerra Fria
Holodomor
Lenin
Moscovo
Rádio de Moscou
Rússia
Segunda Guerra Mundial
Socialismo
Sovietização
Stalin
Bibliografia
Ligações externas
Saiba mais sobre a ex-União Soviética- Folha de S. Paulo
União Soviética |
(, na numeração romana) foi um ano comum do século XII do Calendário Juliano, da Era de Cristo, a sua letra dominical foi B (52 semanas), teve início a um sábado e terminou também a um sábado. No território que viria a ser o reino de Portugal estava em vigor a Era de César que já contava 1165 anos.
Eventos
D. Teresa doa o Vimieiro à Ordem de Cluny.
Cerco do Castelo de Guimarães.
Egas Moniz consegue que o exército leonês, que cerca Guimarães, levante o assédio, sob promessa de D. Afonso Henriques prestar a menagem exigida pelo imperador das Espanhas.
D. Afonso Henriques passa a controlar o Condado Portucalense.
Conquista por D. Afonso Henriques dos castelos de Neiva e Feira, na terra de Santa Maria, a sua mãe D. Teresa.
abril - Acordo de Paz por tempo determinado entre D. Teresa, Fernão Peres de Trava e Afonso VII em Zamora.
Nascimentos
18 de Outubro - Go-Shirakawa, 77º imperador do Japão.
Dezembro - Henrique I de Champagne m. 1181, conde de Champagne, e de Brie.
Falecimentos
Miles de Courtenay, 3º Senhor de Courtenay, n. 1083.
da:1120'erne#1127 |
A Ilha da Irlanda (; em escocês do Ulster: Airlann; ; também conhecida como Ilha Esmeralda por suas vastas estepes verde-claras) é a terceira maior ilha da Europa e a vigésima maior do mundo. Encontra-se a noroeste da Europa continental e está cercada por centenas de ilhas e ilhéus. A leste da Irlanda localiza-se a Grã-Bretanha, separada dela pelo Mar da Irlanda. A ilha está dividida entre a República da Irlanda, que cobre um pouco menos do que cinco sextos da ilha, e a Irlanda do Norte, região sob a soberania do Reino Unido, que abrange o restante e está localizada no nordeste da ilha. Pouco menos de 5,1 milhões vivem na República da Irlanda e cerca de 1,9 milhões vivem na Irlanda do Norte. Em 2022, a população foi estimada em mais de 7 milhões de pessoas.
As montanhas relativamente baixas em volta da Irlanda, criaram uma planície no centro da ilha com vários rios navegáveis que se estendem para o interior. A ilha tem uma vegetação exuberante, produto do seu clima ameno, mas mutável devido ao clima oceânico, o que evita os extremos de temperatura. Espessas florestas cobriram a ilha até ao século XVII; porém, nos dias de hoje, é a área mais desmatada na Europa. Há 26 espécies nativas de mamíferos existentes na Irlanda.
A cultura irlandesa tem tido uma influência significativa sobre outras culturas, nomeadamente nos domínios da literatura e, em menor grau, na ciência e na educação. A cultura indígena continua a existir, tal como se pode verificar através, por exemplo, dos jogos gaélicos, da música irlandesa e da língua irlandesa, mas também é possível constatar a forte presença de influências externas, manifestada através da música contemporânea e do teatro, e de uma cultura compartilhada em comum com a Grã-Bretanha, expressa no desporto, em que se incluem as modalidades de futebol, rugby e golfe, e na língua inglesa.
Etimologia
Éire é o nome em irlandês que se refere tanto à ilha da Irlanda quanto à República da Irlanda. Ele vem da deusa Ériu, que teria ajudado os gaélicos, de acordo com a mitologia céltica, a conquistar a Irlanda, e é uma das três rainhas dos Tuatha Dé Danann. O nome Éire aparece em moedas, selos postais, passaportes e outros documentos oficiais desde 1937.
História
A invasão normanda na Idade Média deu lugar a um Ressurgimento gaélico no século XIII. Posteriormente, após mais de 60 anos de guerra intermitente no século XVI, a ilha passou para o domínio inglês após 1603. Na década de 1690, uma série de regras relacionadas com o protestantismo inglês foram projetadas para, materialmente, tirar a vantagem à maioria católica e aos protestantes dissidentes em favor da minoria protestante a viver na ilha, situação que vigorou durante o século XVIII.
Em 1801, a Irlanda tornou-se parte do Reino Unido. A guerra de independência no início do século XX levou à divisão da ilha, criando o Estado Livre Irlandês, que se foi tornando cada vez mais soberano nas décadas seguintes. A Irlanda do Norte permaneceu como parte do Reino Unido e vivenciou muita agitação civil entre o final dos anos 1960 até aos anos 1990. Esta agitação civil diminui bastante após um acordo político em 1998. Em 1973, as duas partes da Irlanda juntaram-se à União Europeia.
Política
Politicamente, a Irlanda é dividida em:
- com sua capital estabelecida em Dublin e que cobre cinco sextos da ilha. Irlanda e Eire são os nomes oficiais do estado - em inglês e em irlandês respectivamente - enquanto a República da Irlanda e sua descrição oficial. Ela é chamada de "o sul" ou "a República" por muitos moradores da Irlanda do Norte.
(Irlanda do Norte), cuja capital é Belfast e que faz parte do Reino Unido, é também conhecida como "o norte" pelos nacionalistas e moradores da República da Irlanda, "os seis condados" pelos nacionalistas e "Ulster" pelos unionistas. Esse estado que dá o nome ao nome longo convencional do Reino Unido, que fora "Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte".
Tradicionalmente, a Irlanda é subdividida em quatro províncias: Connacht, Leinster, Munster e Ulster, e, desde o século XIX, em 32 condados. 26 destes condados estão na República da Irlanda, e os outros 6 (todos em Ulster) estão na Irlanda do Norte.
Ver também
Ilhas Britânicas
Grã-Bretanha
Ilha de Man
Irlandeses
Fronteira Irlanda-Reino Unido
Ligações externas
Irlanda News - Português
Irlanda
Irlanda
Ilhas divididas
Ilhas das Ilhas Britânicas |
Malta, oficialmente República de Malta ( ; em inglês: Republic of Malta ), é um país insular localizado no Sul da Europa, cujo território ocupa as Ilhas Maltesas, um arquipélago situado no Mar Mediterrâneo, 93 km ao sul da ilha da Sicília (Itália) e 288 km a nordeste da Tunísia (África), km a leste de Gibraltar e quilômetros a oeste de Alexandria.
Malta abrange uma área terrestre de 316 km², sendo um dos menores países da Europa, possuindo também a maior densidade demográfica do continente. Sua capital é Valeta e a maior cidade é Birkirkara. O Maltês é a língua nacional e o inglês é a língua co-oficial.
Devido aos eventos históricos que se passaram ao longo dos anos, Malta tornou-se um país anglo-latino, pelas principais influências dos Impérios Romano e mais tarde Britânico, apesar de existir influências menores deixadas por outros reinos que passaram por Malta, como a Grécia e os Impérios Islamico e Bizantino e mais tarde a presença dos espanhóis e franceses. Malta é um dos países mais estratégicos na Europa e para a NATO, como a Itália, Portugal, Turquia e outros. Malta também pode ser considerada como país anglo-latino por algumas parecenças do Maltês com outras línguas latinas e até com o próprio Latim, e também pela utilização do inglês por parte de alguns cidadãos, pela influência deixada pelos britânicos.
Ao longo da história, a localização de Malta deu-lhe grande importância estratégica e uma sucessão de potências, incluindo fenícios, gregos, romanos, bizantinos, árabes, mouros, normandos, aragoneses, a Espanha dos Habsburgos, os Cavaleiros de São João, franceses e britânicos governaram a ilha. Malta ganhou a sua independência do Reino Unido em 1964 e tornou-se uma república em 1974, mantendo associação na Commonwealth. É um membro das Nações Unidas (desde 1.º de dezembro de 1964) e um membro da União Europeia desde 1.º de maio de 2004. Malta é também parte do Acordo de Schengen (desde 2007) e membro da Zona do Euro (desde 2008).
Etimologia
A origem do termo "Malta" é incerta, e a variação moderna deriva do próprio maltês. A razão etimológica mais comum deriva da palavra grega μέλι (meli). Os gregos chamavam-lhe ilha Μελίτη (Melitē), que significa "mel doce", possivelmente devido à produção exclusiva de mel em Malta, por uma espécie endémica de abelha que vive na ilha, dando-lhe o apelido popular de "terra de mel". Os romanos passaram a chamar à ilha Melita. Outra etimologia é que a palavra venha do fenício Maleth, que significa "paraíso", em referência a muitas baías enseadas em Malta.
História
Malta está habitada desde cerca de , durante o Neolítico (Ġgantija, Mnajdra). Os primeiros achados arqueológicos datam aproximadamente de . Existiu nas ilhas uma civilização pré-histórica significativa antes da chegada dos fenícios, que batizaram a ilha principal de Malat, o que significa refúgio seguro. Os agricultores neolíticos viveram sobretudo em cavernas e produziram uma cerâmica similar à encontrada na Sicília. Entre 2 400 e , desenvolveu-se um elaborado culto aos mortos, possivelmente influenciado pelas culturas das ilhas Cíclades e de Micenas (idade do bronze). Essa cultura foi destruída por uma invasão, provavelmente vinda do sul da Itália.
Por volta do ano , as ilhas eram uma colônia fenícia. Em , foram ocupadas pelos gregos e posteriormente passaram a ser domínio dos cartagineses () e depois dos romanos (), quando receberam o nome Melita. Segundo o livro dos Atos dos Apóstolos, no ano 60 da era cristã, São Paulo naufragou e chegou à costa maltesa, onde promoveu a conversão de seus habitantes. A partir desta data, os malteses aderiram ao Cristianismo e permanecem-lhe fiéis até hoje.
Com a divisão do Império Romano em 395, a zona leste da ilha foi cedida ao domínio do Império Bizantino, que a controlou até 870, quando foi conquistada pelos árabes muçulmanos, que influenciaram seu idioma e cultura. Após a conquista árabe, foi convertida ao islamismo. A influência árabe pode ser encontrada na moderna língua maltesa, uma língua fortemente romantizada que originalmente deriva do árabe vernacular.
Em 1090, o conde Rogério da Sicília conquistou Malta e submeteu-a às suas leis até ao . Foi nesta época que foi criada a nobreza maltesa. Esta ainda permanece hoje em dia, e há 32 títulos que ainda são usados, sendo o mais antigo: Barões de Djar il Bniet e Buqana. Após a conquista pelos normandos da Sicília, Malta voltou a ser cristã. Depois de ser anexada ao reino da Sicília, Malta foi recuperada por forças muçulmanas. Em 1245, Federico II de Hohenstaufen expulsou os árabes e em 1266 as ilhas, junto com a Sicília, passaram ao domínio de Carlos I de Anjou, que as cedeu em 1283 a Pedro III de Aragão.
Caindo em mãos do Reino de Aragão, passou depois a Espanha. Em 1518, sob o império de Carlos V, foi concedida aos cavaleiros de Rodes.
Em 1530, as ilhas foram cedidas pela Espanha à Ordem Hospitalar de São João de Jerusalém - uma ordem religiosa e militar pertencente à Igreja Católica -, que tinham sido expulsos de Rodes pelo Império Otomano. Esta ordem monástica militante, hoje conhecida como "Ordem de Malta", foi sitiada pelos turcos otomanos em 1565, após o que acrescentaram as fortificações, especialmente na nova cidade de Valeta. Os Cavaleiros de São João de Jerusalém governaram as ilhas até o .
Em 1798, Napoleão Bonaparte invadiu e tomou Malta. A Grã-Bretanha retomou seu controle em 4 de setembro de 1800, a partir da rendição do comandante francês, general Claude-Henri Belgrand de Vaubois. Dentre os interventores que contribuíram para o domínio britânico destaca-se Sir Alexander Ball, que veio a se tornar o primeiro governador inglês de Malta.
Em 1814, como parte do Tratado de Paris, Malta tornou-se oficialmente parte do Império Britânico como colônia e passou a ser usada como porto de escala e quartel-general da frota até meados da década de 1930. Malta desempenhou um papel importante durante a Segunda Guerra Mundial devido à sua proximidade às linhas de navegação do Eixo e a coragem do seu povo, que resistiu ao assédio de alemães e italianos durante o cerco do arquipélago, levou à atribuição da George Cross, que hoje pode ser vista na bandeira do país.
O arquipélago passou a ser autonomamente governado em 1947. Em 1955, Dom Mintoff (Dominic Mintoff), líder do Partido Trabalhista de Malta (PTM), tornou-se no primeiro-ministro. Em 1956, o PTM propôs uma nova integração no Reino Unido, proposta que viria a ser aceite em referendo, mas com a oposição do Partido Conservador, liderado por Giorgio Borg Olivier. Em 1959, revogaram a autonomia, mas voltaram a restaurá-la em 1962. Em 21 de setembro de 1964, Malta tornou-se totalmente independente e converteu-se em membro das Nações Unidas. Nessa altura, tornou-se membro da Commonwealth e celebrou uma aliança com o Reino Unido de ajuda económica e militar. Segundo a constituição de 1964, Malta manteve como soberana a rainha Elizabeth II, e um governador-geral exercia a autoridade executiva em seu nome.
De 1964 a 1971, Malta foi governada pelo Partido Nacionalista. Adotou, em 13 de dezembro de 1974, o regime republicano dentro da Commonwealth, com o presidente como chefe de estado.
Embora Malta seja inteiramente independente desde 1964, os serviços britânicos permaneceram no país e mantiveram um controle total sobre os portos, aeroporto, correios, rádio e televisão. Em 1979, Malta rompeu a aliança com o Reino Unido e os britânicos evacuaram a sua base militar, pondo fim a 179 anos de presença na ilha. Isso aconteceu depois de o governo britânico se ter recusado a pagar uma renda mais elevada, o que era pretendido pelo governo maltês do tempo (trabalhista), para permitir que as forças britânicas permanecessem no país. O primeiro-ministro era, então, Dominic Mintoff. Pela primeira vez na sua história, Malta ficou nesse momento livre de bases militares estrangeiras. Este acontecimento é hoje celebrado como o Dia da Liberdade.
Em 1971, o Partido Trabalhista regressou ao Poder, mas com uma maioria reduzida sendo Dominic Mintoff o primeiro-ministro. Desenvolveu uma política de amizade com a China e com a Líbia. A década de 1970 caracterizou-se pelo enfraquecimento das relações com o Ocidente e pela aproximação com os regimes comunistas. Em 1984, Mintoff retirou-se e foi substituído por Mifsud Bonnici, novo líder do seu partido. A política de aproximação com os regimes comunistas sofreu mudança substancial em 1985, com o estabelecimento de um acordo com a Comunidade Econômica Europeia.
Em 1987, o Partido Nacionalista, mais voltado para o Ocidente e com uma política de aproximação à União Europeia, venceu as eleições para a Câmara de Representantes, pondo fim a 16 anos de domínio do Partido Trabalhista. Edward Fenech Adami foi eleito primeiro-ministro. Em Dezembro de 1989, Malta foi o local escolhido para um encontro entre o presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, e o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev. Em Outubro de 1990, o país solicitou formalmente a adesão à União Europeia. Nas eleições de 1992, os nacionalistas derrotaram novamente os seus opositores. A política governamental continuou a ser de liberalização, e foram realizadas diversas reformas de ordem económica, com vistas a tornar o país um membro da União Europeia. Divergências de fundo entre o Partido Nacionalista, no poder desde 1987, e o Partido Trabalhista quanto à adesão de Malta à União Europeia conduzem a eleições antecipadas em 1996, o Partido Trabalhista de Alfred Sant ganhou as eleições. Após entrar em funções o novo governo anuncia que Malta deixava de ser candidata à adesão. Em 1998 ocorrem novas eleições em que o Partido Nacionalista e o seu líder Edward Fenech Adami obtém uma grande vitória e retomam o caminho europeu, que culminaram com a entrada de Malta no dia 1 de maio de 2004 na União Europeia.
Geografia
Malta é um arquipélago (Ilhas Maltesas) no mar Mediterrâneo central (na sua bacia oriental), 93 km a sul da ilha italiana da Sicília, da qual se separa pelo Canal de Malta. Apenas as três maiores ilhas (Malta, Gozo e Comino) são habitadas. As ilhas menores são desabitadas. As ilhas do arquipélago foram formadas de pontos altos de uma ponte terrestre entre a Sicília e que se tornou isolada quando o nível do mar subiu após a última era glacial. O arquipélago situa-se na borda da Placa da África, onde se reúne a Placa Euroasiática.
Inúmeras baías ao longo da costa maltesa oferecem bons portos. A paisagem é constituída por baixas colinas com campos. O ponto mais alto em Malta é o Ta'Dmejrek, com 253 metros de altitude (830 pés), perto de Dingli. Embora existam alguns rios pequenos de elevada pluviosidade, não há rios permanentes ou lagos no país. No entanto, alguns cursos de água têm água doce durante o ano inteiro, como Baħrija, l-Imtaħleb e San Martin e no vale do Lunzjata em Gozo.
Fitogeograficamente, Malta pertence à província Liguro-Tirreno, região do Mediterrâneo no Unido Boreal. De acordo com o WWF, o território de Malta pertencente às ecorregiões de florestas do Mediterrâneo, como Spring e Drymodes".
O sul maltês não é o ponto mais meridional dos arquipélagos da Europa: essa distinção pertence a Gavdos, uma ilha grega a sul de Creta.
O arquipélago maltês
As ilhas menores que fazem parte do arquipélago são desabitadas e incluem:
Barbaganni Rock;
Cominotto, (Kemmunett);
Delmarva Island;
Filfla;
Fessej Rock;
Rocha do Fungo, (Il-Ġebla tal-Ġeneral);
Għallis Rock;
Halfa Rock;
Large Blue Lagoon Rocks;
Ilha de São Paulo/Ilha Selmunett;
Gżira
Mistra Rocks;
Tac-Cawl Rock;
Qawra Point/Ta' Fraben Island;
Small Blue Lagoon Rocks;
Sala Rock;
Xrobb l-Għaġin Rock;
Ta'taht il-Mazz Rock.
Demografia
A população de Malta está estimada em 419 285 habitantes (estimativa de 2008) onde 94% de seus habitantes residem nas áreas urbanas. Etnicamente, 95% são naturais de Malta e os restantes são ingleses ou descendentes de italianos, além de alguns espanhóis. Malta é um dos países com maior densidade populacional do mundo, e o maior dentre os países da União Europeia, com cerca de 1 265 habitantes por quilómetro quadrado.
Os malteses são, em sua maioria, católicos. A influência da Igreja Católica é forte. É um dos vários países no mundo que não permitem o aborto.
São Jorge Preca, presbítero maltês, foi o fundador da Sociedade da Doutrina Cristã, para o apostolado catequético, beatificado em 9 de maio de 2001 por João Paulo II (papa daquela época) e canonizado por Bento XVI na Praça de São Pedro.
Línguas
A língua maltesa (maltês: malti) é uma dos dois idiomas constitucionais de Malta, tendo-se tornado oficial, no entanto, apenas em 1934, e sendo considerada a língua nacional. Anteriormente, o siciliano era a língua oficial e cultural de Malta no século XII e o dialeto toscano do italiano no século XVI. Juntamente com o maltês, o inglês também é uma língua oficial do país e, portanto, as leis do país são promulgadas em maltês e em inglês. No entanto, o artigo 74 da Constituição afirma que "... se houver qualquer conflito entre os textos maltês e inglês de qualquer lei, o texto maltês prevalecerá."
O maltês é uma língua semítica descendente do dialeto árabe-siciliano (árabe-siculo do sul da Itália), hoje extinto, que se desenvolveu durante o emirado da Sicília. O alfabeto maltês consiste em 30 letras baseadas no alfabeto latino, incluindo as letras diacriticamente alteradas ż, ċ e ġ, bem como as letras għ, ħ e ie.
O idioma é a única língua semítica com status oficial na União Europeia. O maltês tem uma base semítica com empréstimos substanciais do siciliano, italiano, um pouco do francês e, mais recentemente e cada vez mais, do inglês.
O Eurobarómetro afirma que 97% por cento da população maltesa considera o maltês como língua materna. Além disso, 88% da população fala inglês, 66% fala italiano e 17% fala francês.
Este conhecimento de segundas línguas faz de Malta um dos países mais multilíngues da União Europeia. Um estudo que coletou a opinião pública sobre qual idioma era "preferido" descobriu que 86% da população expressa preferência pelo maltês, 12% pelo inglês e 2% pelo italiano.
A língua de sinais maltesa é usada pela comunidade surda da Malta.
Religião
Malta tem um longo legado cristão. De acordo com os Atos dos Apóstolos, São Paulo naufragou e chegou à costa maltesa, onde promoveu a conversão de seus habitantes. O catolicismo continua a ser a religião oficial, como também a dominante no país. Malta é conhecida por seu patrimônio mundial, mais proeminente dos templos megalíticos muito antigos.
Malta é o país mais religioso da Europa. De acordo com pesquisa de 2010 do Eurobarometer, 94% da população de Malta acredita na existência de algum deus. 4% dos malteses acreditam na existência de algum tipo de espírito ou força vital, ao passo que 2% não acreditam que exista qualquer tipo de espírito, deus, ou força vital.
O santo padroeiro da ilha é, além de São Paulo, São Jorge Preca, conhecido localmente como "Segundo Apóstolo de Malta".
Governo e política
O sistema unicameral está representado em uma Câmara de Representantes, conhecido como Kamra tar-Rappreżentanti em maltês, eleita por um sufrágio universal mediante voto direto a cada cinco anos, a menos que a câmara seja dissolvida pelo presidente em consulta com o primeiro-ministro. A câmara possui 65 representantes. A câmara de representantes elege o presidente do país a cada cinco anos.
Os principais partidos políticos são o Partido Nacionalista de Malta e o Partido Trabalhista de Malta, este último social-democrata. Há um "partido verde" (Alternattiva Demokratika) e um de extrema direita (Imperium Europa), que praticamente não existe. Quando um partido obtém a maioria absoluta de cadeiras, mas não de membros, pode-se obter o que lhe falta a uma maioria parlamentar.
Subdivisões
Malta está subdividida desde 1993 em 68 concelhos locais ou localidades. Esta é a forma mais básica de divisão administrativa, não existindo níveis intermédios entre o nível nacional e os concelhos locais. A seguinte lista está dividida por ilha:
Economia
Malta produz apenas 20% das reservas alimentares que consome, tem recursos de água potável limitados e nenhuma fonte de energia doméstica. É uma economia de dependência externa e de importações, sendo que a manufatura eletrônica e têxtil, além do turismo são as suas principais fontes de rendimento.
A economia maltesa é baseada na indústria, no comércio e nos serviços financeiros que melhoram significativamente a economia do país. Malta tem grandes recursos tecnológicos. Assim, por estar localizada entre África e Europa, possui comércio de alto nível, com joalherias, bancos e restaurantes. As principais indústrias de Malta são a alimentícia, a eletrônica, a naval, a calçadista, a têxtil e a pesqueira, além de haver serviços financeiros na capital e nas principais cidades.
A moeda oficial era a Lira maltesa, até dezembro de 2007. O euro foi adotado como moeda oficial do país em 1 de janeiro de 2008. Estima-se que o Euro fará com que a economia maltesa cresça 12% ao ano, superando as taxas de crescimento da China, Coreia do Sul e Índia, além disso, o governo tenta liberar a exploração e o refino do petróleo. Devido ao seu limitado tamanho (316 km²) o país não tem espaço suficiente para a agricultura, sendo obrigado a importar vários produtos agrícolas.
Infraestrutura
Educação
A taxa de alfabetização em Malta é de 99,5%. O ensino primário é obrigatório desde 1946 e o ensino secundário até a idade de dezesseis anos foi tornado obrigatório em 1971. O Estado e a Igreja fornecem gratuitamente educação. Entre as escolas públicas principais em Malta encontram-se o College De La Salle, em Cospicua; St. Colégio Aloysius em Birkirkara; Colégio Missionário de São Paulo em Rabat, Escola São José, em Blata l-Bajda e Escola Santa Mônica em Mosta. A partir de 2006, as escolas públicas são organizadas em redes conhecidas como Faculdades e incorporam pré-escolas, escolas primárias e secundárias. Um número de escolas privadas estão em funcionamento em Malta, destacando-se O San Andrea College e San Anton College no vale de L-Imselliet. A partir de 2008, existem duas escolas internacionais, Verdala Escola Internacional e IQS Malta. O Estado paga uma parte do salário dos professores em escolas da Igreja.
A educação em Malta é baseada no modelo britânico. O ensino primário dura seis anos. Na idade de 11 anos, alunos passam por um exame para entrar em uma escola secundária, ou uma escola da igreja (o Vestibular Comum). Os alunos prestam o exame SEC-level com a idade de 16 anos, com passagens obrigatórias em certas matérias como matemática, inglês e maltês. Os alunos podem optar por continuar estudando em um colégio ou adentrar numa instituição pós-secundária, como MCAST. O sexto curso tem a duração de dois anos, no final do qual os alunos prestam outro exame. Dependendo do seu desempenho, os alunos podem, em seguida, pleitear uma graduação ou cursos de nível técnico ou tecnológico.
A Universidade de Malta (UoM) oferece educação terciária, de graduação e pós-graduação. O maltês e inglês são ambos usados na educação a nível do ensino primário e secundário, e ambos os idiomas também são disciplinas obrigatórias. As escolas públicas tendem a usar os dois idiomas, maltês e inglês, de forma equilibrada. As escolas particulares preferem usar o inglês para o ensino, como também é o caso com a maioria dos departamentos da Universidade de Malta. Isso tem um efeito restritivo sobre a capacidade e desenvolvimento da língua maltesa. A maioria dos cursos universitários são em inglês. Do número total de alunos que estudam uma primeira língua estrangeira no ensino secundário, 51% tem contato com o italiano, enquanto 38% com o francês. Outras opções incluem o alemão, russo, espanhol, latim, chinês e árabe. Malta é também um destino popular para estudar o idioma inglês, atraindo mais de 80 000 estudantes em 2012.
Saúde
Malta tem uma longa história de prestação de cuidados de saúde com financiamento público. O primeiro hospital registado no país já estava a funcionar em 1372. Hoje, Malta tem tanto um sistema de saúde público, conhecido como o serviço governamental de saúde, e um sistema de saúde privado. Malta tem uma forte base de cuidados médicos primários, e os hospitais públicos prestam cuidados secundários e terciários. O Ministério de Saúde maltês aconselha os residentes estrangeiros a fazer um seguro médico privado.
Malta também possui organizações voluntárias, como o Alpha Medical, Fire & Rescue, St. John Ambulance e a Cruz Vermelha de Malta, que prestam serviços de primeiros socorros e enfermagem durante eventos que envolvem multidões. A Universidade de Malta tem uma escola de medicina e uma Faculdade de Ciências da Saúde.
A Associação Médica de Malta representa os praticantes da profissão médica. A Associação de Estudantes de Medicina de Malta (MMSA, em inglês) é um órgão separado que representa os estudantes de medicina de Malta, e é um membro da EMSA e IFMSA. O Instituto de Malta para a Educação Médica é um instituto criado recentemente para fornecer orientações aos médicos em Malta bem como estudantes de medicina.
Ciência e tecnologia
O Conselho de Ciência e Tecnologia de Malta (MCST) é o órgão civil responsável pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia a nível educacional e social. A maioria dos estudantes de ciências em Malta se formam na Universidade de Malta ou são assistidos pela Science Student's Society, University Engineering Students Association e University of Malta ICT Students. Malta ficou em 27º lugar no Índice de Inovação Global em 2019, 2020 e 2021.
Para fins de exploração espacial, Malta assinou um acordo de cooperação com a Agência Espacial Europeia (ESA) visando uma cooperação mais intensiva em projetos desta instituição.
Cultura
A cultura maltesa reflete as influências variadas das diversas culturas que a dominaram até 1964, particularmente de Itália e do Reino Unido. Os costumes, lendas e folclores malteses são estudadas e categorizadas lentamente, como qualquer outra tradição europeia.
Na catedral de São João, construída em 1577, pode-se apreciar a tela A Decapitação de São João, de Caravaggio, que viveu alguns meses na ilha, mas foi expulso sob acusação de homicídio.
Na sede do Governo, localizado no antigo Palácio do Grão-Mestre do Armoria, podem-se apreciar mais de 5 mil quadros da Ordem Soberana e Militar de Malta. Em Valeta, a capital do país, localiza-se o Museu de Belas Artes, o Museu de Arqueologia, o Forte de Santo Elmo e Museu da Inquisição.
O Museu Marítimo e o Museu do Grande Sítio de 1565 revelam o passado turbulento das pequenas ilhas. O Museu Nacional da Guerra e do Refúgio, da Segunda Guerra Mundial apresenta as informações presentes em conflitos mais recentes.
As discotecas, restaurantes e clubes noturnos na cidade de St. Julian's estão abertas até altas horas da madrugada.
Em Gozo, podem-se apreciar a maioria dos templos pré-históricos em Malta, considerados como patrimónios mundiais pela UNESCO.
Literatura
Calcula-se que a literatura maltesa tenha quase dois séculos de idade. Por um longo período, a literatura maltesa referiu-se à tradição literária, atingindo o seu apogeu com os trabalhos do sacerdote Dun Karm Psaila, um artista com um grande domínio de sua arte, que mais tarde foi declarado um poeta nacional.
Escritores como Ruzar Briffa e Karmenu Vassallo trataram, durante o , a buscar novas alternativas para a rigidez temática e formal da versificação, mas apenas até os anos 60 a literatura maltesa sofreu sua transformação mais radical em todos os gêneros.
A ansiedade, crise identitária, protestos, rebeliões e o engajamento social marcaram o período literário e dramático. Alguns poetas pendentes do século passado foram Mario Azzopardi, Victor Fenech, Oliver Friggieri, Joe Friggieri, Carlos Flores, Maria Ganado, Lillian Sciberras e Akill Mizzi.
Na prosa destacam-se Frans Sammut e Joe Camilleri e entre os dramaturgos destacam-se Francis Ebejer, Alfred Sant e Oreste Calleja.
Os escritores da nova geração consolidaram-se na busca de seus antecessores. Guze'Stagno, Karl Schembri e Clare Azzopardi rapidamente impuseram seu nome no campo literário.
Entre os poetas contemporâneos incluem-se Adrian Grima, Immanuel Mifsud, Norbet Bugeja e Simone Inguanez.
Atividades académicas
No campo acadêmico sobressaem os professores Peter Serracino Inglott, e Charles Briffa, da Universidade de Malta. o mesmo com o poeta Oliver Friggieri, que introduziu a perspectiva histórica e psicossocial e implicações filosóficas de um poder opressivo.
Por sua parte, o professor e escritor Edward de Bono é conhecido por cunhar o termo pensamento lateral.
As atividades culturais maltesas vão desde a aprendizagem mais pura do aramaico antigo até as classes de física mundialmente reconhecidas pelo professor Sr. Suarez.
Gastronomia
A cozinha maltesa apresenta fortes influências da cozinha italiana, especialmente a siciliana, bem como influências das cozinhas inglesa, espanhola, magrebina e provençal. Uma série de variações regionais, especialmente no que diz respeito a Gozo, podem ser notadas, bem como variações sazonais associadas à disponibilidade sazonal de produtos e festas cristãs (como a Quaresma, a Páscoa e o Natal). A comida tem sido historicamente importante no desenvolvimento de uma identidade nacional, em particular a fenkata (ou seja, comer coelho cozido ou frito). Batatas também são um alimento básico da dieta maltesa. A fusão de sabores deu à cozinha de Malta um sabor distinto dentro da cozinha mediterrânea. Embora tenha muitos pratos originais, alguns pratos tipicamente malteses são o biz-fiir zejt, gbejniet, pastizzi e Ross il-Forn.
Várias uvas são endêmicas em Malta, incluindo a Girgentina e Ġellewża. Há uma forte indústria vinícola em Malta, com uma produção significativa de vinhos usando essas uvas nativas, bem como uvas cultivadas localmente de outras variedades mais comuns, como Chardonnay e Syrah. Um número de vinhos alcançaram denominação de origem, com os vinhos produzidos a partir de uvas cultivadas em Malta e Gozo.
Desporto
Na década de 1990, o desporto em Malta renasceu graças à construção de várias instalações atléticas, incluindo um estádio nacional e uma arena multiuso em Ta' Qali, assim como uma pista adequada para a prática de tiro com arco, rugby e beisebol. Em competições internacionais, quando Malta não participa, os locais costumam torcer para equipas britânicas e italianas.
Em 1993 e 2003, Malta organizou os Jogos dos Pequenos Estados da Europa.
Ver também
Europa
Ilha de Malta
Lista de países
Missões diplomáticas de Malta
Ligações externas
Malta Travel Guide sob a tutela da Autoridade do Turismo de Malta
Consulado de Malta em Recife, Brasil (maltaconsulrecife.eu)
Estados confessionais |
Eslováquia (; ), cujo nome oficial é República Eslovaca (; ), é um país na Europa Central. É limitado pela Chéquia (Tchéquia) e pela Áustria a oeste, pela Polônia ao norte, pela Ucrânia ao leste e Hungria ao sul. O território eslovaco se estende por cerca de 49 mil quilômetros quadrados e é em grande parte montanhoso. A população é de mais de 5 milhões e é composta principalmente de eslovacos étnicos. A capital e maior cidade é Bratislava. A língua oficial é o eslovaco, um membro da família de línguas eslavas.
Os eslavos chegaram no território atual da Eslováquia nos séculos V e VI. No século VII, desempenharam um papel significativo na criação do império de Samo e no estabelecimento do Principado de Nitra, no século IX. No século X, o território foi integrado ao Reino da Hungria, que se tornou parte do Império Habsburgo e do Império Austro-Húngaro.
Após a Primeira Guerra Mundial e a dissolução da Áustria-Hungria, os eslovacos e checos estabeleceram a Checoslováquia. Uma República Eslovaca independente (1939-1945) existiu na Segunda Guerra Mundial como um Estado fantoche da Alemanha nazista. Em 1945, a Checoslováquia foi restabelecida sob um regime socialista satélite da União Soviética. A Eslováquia tornou-se plenamente independente em 1 de janeiro de 1993, após a dissolução pacífica da Checoslováquia.
O país é uma economia avançada de alta renda com uma das maiores taxas de crescimento na União Europeia (UE) e da OCDE. O país aderiu à UE em 2004 e na Zona Euro em 1 de janeiro de 2009. A Eslováquia também é membro do Espaço Schengen, da OTAN, da Organização das Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC).
História
Antiguidade e Idade Média
O território correspondente à atual Eslováquia começou a ser colonizado pelos celtas por volta de 450 a.C. Estes construíram oppida nos sítios onde hoje se encontram Bratislava e Havránok. O primeiro uso da escrita na Eslováquia está registrado em moedas de prata com o nome de reis celtas. A partir de 2 d.C., o Império Romano, em expansão, ergueu e manteve uma série de postos militares próximo a e imediatamente ao norte do Danúbio, dos quais se destacam os maiores, como Vindobona, Carnunto e Brigécio. No acampamento de inverno de Laugarício (atual Trenčín), perto do Limes romanus, os auxiliares da II legião romana venceram uma batalha decisiva contra os quados germânicos em 179, durante as guerras marcomanas. Alguns reinos e tribos germanos e celtas estabeleceram-se no oeste e no centro do que é hoje a Eslováquia entre 8 a.C. e 179 d.C., principalmente suevos, osos e cótinos.
Os eslavos ocuparam o território no século V. No século VII, o oeste da atual Eslováquia passou a ser o centro do Império de Samo. Um Estado eslavo, conhecido como Principado de Nitra, surgiu no século VIII e seu governante, Pribina, consagrou a primeira igreja cipado formou o cerne do Grande Império Morávio. O zênite do império eslavônico foi atingido com a chegada de São Cirilo e de São Metódio em 863, durante o reinado do príncipe Rastislau da Morávia, e com a expansão territorial empreendida pelo rei Zuentibaldo I.
Após a desintegração do Grande Império Morávio no início do século X, os magiares anexaram gradualmente o território da atual Eslováquia. No final daquele século, o sudoeste da região foi integrado a um cada vez mais forte Principado da Hungria, que se tornou o Reino da Hungria após 1000. A maior parte da Eslováquia estava incorporada ao Reino da Hungria por volta de 1100 e sua região nordeste, por volta de 1300. Ao longo de quase dois séculos, o território foi governado de modo autónomo, com o nome Principado de Nitra, dentro do Reino da Hungria. Surgiram assentamentos eslovacos no norte e no sudeste da atual Hungria. A composição étnica diversificou-se com a chegada dos alemães dos Cárpatos, no século XIII, e dos valáquios, no século XIV, ademais dos judeus.
Um declínio significativo na população resultou da invasão dos mongóis em 1241 e da fome subsequente. No entanto, nos tempos medievais, a área da atual Eslováquia era caracterizada pela imigração alemã e judaica, cidades florescentes, construção de vários castelos de pedra e o cultivo e desenvolvimento das artes. Em 1465, o rei Matias Corvino fundou a terceira universidade do Reino Húngaro, em Pressburg (atual Bratislava, capital do país), que foi fechada em 1490, após sua morte. Os hussitas também se estabeleceram na região após as Guerras Hussitas.
Com a expansão do Império Otomano em território húngaro e a ocupação de Buda no início do século XVI, a capital do Reino da Hungria (com o nome de Hungria Real) transferiu-se para Presburgo (a atual Bratislava) em 1536. Mas as guerras com os otomanos e as frequentes revoltas contra a monarquia dos Habsburgos também causaram destruição, em especial nas áreas rurais.
Período contemporâneo e Checoslováquia
A importância da região diminuiu quando os turcos saíram da Hungria no , embora Presburgo mantivesse sua posição como capital do reino até 1848, quando o governo foi transferido para Budapeste. Durante a revolução de 1848-49, os eslovacos apoiaram o imperador austríaco, com a intenção de desligar-se da Hungria (então parte do Império Austríaco), no que não lograram sucesso. Durante a Monarquia Austro-húngara , o governo húngaro impôs um processo de "magiarização" à população eslovaca.
Em 1918, a Eslováquia, juntamente com a Boémia e a Morávia, formaram um Estado único, a Checoslováquia, cujas fronteiras foram confirmadas pelos tratados de Saint Germain e de Trianon. Em 1919, durante o caos resultante da fragmentação da Áustria–Hungria, a Eslováquia foi atacada pela República Soviética da Hungria e um terço do território eslovaco tornou-se temporariamente a República Soviética da Eslováquia.
Durante o período entre-guerras, a democrática e próspera Checoslováquia esteve sob contínua pressão dos governos revisionistas da Alemanha e da Hungria, até ser desmembrada em 1939, como resultado do Acordo de Munique celebrado no ano anterior. O sul da Eslováquia foi entregue à Hungria nos termos do Primeiro Laudo Arbitral de Viena.
Sob pressão da Alemanha Nazi, a Primeira República Eslovaca, chefiada pelo fascista Jozef Tiso, declarou-se independente da Checoslováquia em 1939. Aos poucos, o governo tornou-se um regime fantoche da Alemanha. Um movimento de resistência aos nazis lançou-se numa feroz revolta armada em 1944. Seguiu-se uma sangrenta ocupação alemã e uma guerra de guerrilha. A maioria dos judeus foi deportada e desapareceu nos campos de concentração alemães durante o Holocausto.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Checoslováquia foi restabelecida e Jozef Tiso, enforcado em 1947, por colaborar com o nazismo. Mais de húngaros e alemães foram obrigados a abandonar a Eslováquia, numa série de transferências de populações definida pelos Aliados na Conferência de Potsdam. Esta expulsão ainda é fonte de tensão entre a Eslováquia e a Hungria.
Independência e integração europeia
A Checoslováquia passou à órbita de influência da União Soviética após um golpe em 1948. O país foi ocupado pelas forças do Pacto de Varsóvia em 1968, pondo fim a um período de liberalização (a Primavera de Praga) sob a chefia de Alexander Dubček. Em 1969, a Checoslováquia tornou-se uma federação da República Socialista Checa e da República Socialista Eslovaca.
Ao fim do regime comunista na Checoslováquia em 1989, depois a pacífica Revolução de Veludo, três anos depois seguiu-se novamente a dissolução do país, desta vez em dois Estados sucessores. Em junho de 1992, na República Checa ganhou as eleições o ODS de Václav Klaus que exigia ou uma federação mais rígida ou a independência, e na Eslováquia ganhou o HZDS de Vladimír Mečiar que exigia uma confederação ou a independência. A independência foi o único ponto comum dos programas dos vencedores das eleições nas duas repúblicas.
Os dois lados começaram negociações frequentes e intensas em junho. Em julho de 1992, a Eslováquia, chefiada pelo primeiro-ministro Vladimír Mečiar, aprovou a Declaração de Independência da Nação Eslovaca, um documento político e não constitucional que não mudou o estado da Checoslováquia. De acordo com os peticionários, a declaração foi adotada após nenhuma reversão significativa ser esperada nas negociações sobre o próximo acordo de lei estadual da República Socialista da Tchecoslováquia."Com esta declaração, declaramos o grau de maturidade intelectual e social da Eslováquia, que é capaz de tomar nas próprias mãos o seu destino. A Declaração é política, não é um ato constitucional, não se torna um estado independente, mas é um sinal claro de que estamos assumindo a intenção de criar nosso próprio estado em nossas próprias mãos e queremos resolvê-la e trazê-la para um fim." Vladimír MečiarAo longo do outono de 1992, Mečiar e o primeiro-ministro checo Václav Klaus negociaram os detalhes da dissociação da Checoslováquia. Em novembro, o parlamento federal aprovou oficialmente a dissolução do país a partir de 31 de dezembro de 1992. A Eslováquia e a Chéquia tornaram-se assim independentes em 1 de janeiro de 1993, um evento por vezes chamado de Divórcio de Veludo. A Eslováquia continuou a ser uma parceira próxima da Chéquia e outros países do Grupo de Visegrád e foi admitida na União Europeia em maio de 2004.
Geografia
A paisagem eslovaca é digna de nota em especial pela sua natureza montanhosa, com os montes Cárpatos a desenrolarem-se ao longo da maior parte da metade norte do país. É nos Cárpatos que se situam os elevados picos dos montes Tatra, um destino popular para a prática de esqui e também zona de muitos lagos e vales espectaculares, além de albergarem o ponto mais alto da Eslováquia: o Gerlachovský štít, com . Existem terras baixas nas extremidades sudoeste (nas margens do Danúbio) e sudeste da Eslováquia. Os rios principais, além do Danúbio, são o Váh e o Hron.
A Eslováquia é o único país da Europa cuja capital faz parte da fronteira com dois outros países, neste caso a Áustria e a Hungria.
Juntamente com os seus vizinhos húngaros e checos, a Eslováquia encontra-se na região com os níveis mais elevados de poluição atmosférica e de acidez das chuvas na Europa. Esta situação deve-se ao tráfego automóvel e às fábricas de produtos químicos e agro-alimentares. Em 2013, cerca de 250.000 eslovacos sofreram de doenças relacionadas com esta poluição.
Relevo
A paisagem eslovaca é digna de nota em especial pela sua natureza montanhosa, com os montes Cárpatos a desenrolarem-se ao longo da maior parte da metade norte do país. É nos Cárpatos que se situam os elevados picos dos montes Tatra, um destino popular para a prática de esqui e também zona de muitos lagos e vales espectaculares, além de albergarem o ponto mais alto da Eslováquia: o Gerlachovský štít, com . Existem terras baixas nas extremidades sudoeste (nas margens do Danúbio) e sudeste da Eslováquia. Os rios principais, além do Danúbio, são o Váh e o Hron.
Clima
A Eslováquia tem um clima continental com leve influência marinha no sul e oeste. Entre a primavera e o outono, há condições de clima relativamente ameno, mas chuvoso. Os invernos são rigorosos, com frequentes eventos de neve. No nordeste do país, o inverno é mais rigoroso, em algumas áreas montanhosas, a neve permanece durante cerca de 130 dias por ano. A temperatura média inverno é , o mês mais frio é janeiro e a área mais fria do país são as montanhosas Tatra; no verão a temperatura média é de , o mês mais quente é agosto e a zona mais quente do país é a planície do Danúbio.
Nas montanhas investidas pelos ventos do Atlântico, a precipitação é abundante, superando os anuais; os montes Tatra tem a maior precipitação pluviométrica (), enquanto para o Danúbio tem condições acentuada secura com uma precipitação média anual abaixo .
Bratislava tem um clima continental, com quatro distintas estações. O clima é ventoso com marcadas diferenças entre o quente verão e o frio inverno. O mês mais frio é janeiro (temperatura mínima , temperatura máxima ), o mês mais quente é julho (temperatura mínima , temperatura máxima ). A média de precipitação anual varia entre e , os meses mais chuvosos são entre junho e agosto.
Vegetação
A flora da Eslováquia é rica em espécies de plantas, devido ao clima ameno e a geologia diversificada. As florestas ocupam cerca de 40% do território nacional. Com o aumento da altitude ocorrem mudanças significativas na vegetação, a qual cria uma fase de crescimento vertical.
A vegetação das montanhas possui várias subdivisões. Acima de de altitude encontradas as florestas de coníferas. As coníferas são representadas por: pinheiro negro, Limba, feijão, zona de pinheiros anões. Acima dessa área, ocorre apenas um matagal. Floração e e vegetação arbustiva sobre íngremes encostas rochosas de calcário. Acima dessa área são apenas pedras cobertas de musgo. A frequência de ocorrência da vegetação diminui com a altitude.Existe ainda a vegetação que não sofre influência direta da altitude, são os salgueiros e choupos que servem de mata cíliar para o rio Danúbio por exemplo.
A vegetação das áreas mais baixas na sua grande maioria é composta por florestas de carpa-carvalho (carvalho, Tilia cordata, vidoeiro, avelã.) De a acima do nível do mar é possível encontrar principalmente sabugueiro, ligustro, hera, espinheiro-alvar e outros. Nas planícies a intervenção humana ocorreu de maneira mais profunda. O homem plantou árvores frutíferas como a macieira, a pereira, a ameixeira, a cerejeira, azedas, damasqueiros, pessegueiros, groselheiras e também flores: rosas, narcisos e tulipas. Nas encostas ensolaradas do sopé da montanha são encontradas vinhas.
Mais de 4.000 espécies de fungos foram registrados na Eslováquia. Destes, quase 1.500 são espécies formadoras de líquen. Alguns desses fungos são indubitavelmente endêmicos, mas não se sabe o suficiente para dizer quantos. Das espécies formadoras de líquen, cerca de 40% foram classificadas como ameaçadas de alguma forma. Aparentemente, cerca de 7% estão extintos, 9% estão ameaçados, 17% vulneráveis e 7% raros. O status de conservação de fungos não formadores de líquen na Eslováquia não está bem documentado, mas há uma lista vermelha para seus fungos maiores.
Demografia
A maioria dos habitantes da Eslováquia é etnicamente eslovaca (86%). Os húngaros são a maior minoria étnica (10%) e estão concentrados nas zonas sul e leste do país. Na população estão presentes outros grupos étnicos, como os rom, os checos, os ruténios, os ucranianos, os austríacos, os alemães e os polacos. A percentagem de rom é de 1,7%, de acordo com o último censo (baseado na auto-definição dos inquiridos), mas de cerca de 5,6% com base em entrevistas com representantes municipais e presidentes de câmara (ou seja: com base na definição do resto da população). Note, no entanto, que no caso de ser verdadeira a percentagem de 5,6%, as percentagens de húngaros e eslovacos acima são reduzidas em 4 pontos percentuais.
A constituição eslovaca garante liberdade religiosa. De acordo com dados do censo de 2011, a maioria dos cidadãos eslovacos (62%) pratica o catolicismo de rito latino. O segundo maior grupo considera-se ateísta (13,4%). Cerca de 7,7% são protestantes, 3,8% são greco-católicos (isto é, católicos de rito oriental) e 0,9% são ortodoxos. Da população de judeus que se estimava em antes da Segunda Guerra Mundial, restam cerca de . A língua oficial é o eslovaco, língua pertencente às línguas eslavas, mas o húngaro também é muito falado no sul e desfruta de estatuto de co-oficialidade em algumas regiões.
A esperança de vida dos ciganos é 11 anos inferior à média eslovaca para os homens e 14 anos para as mulheres (em 2017)
Cidades mais populosas
Religião
Estatísticas recentes mostram que os cidadãos eslovacos são na sua larga maioria seguidores do cristianismo com 92,5% da população a identificar-se com esta religião. O grupo mais numeroso é o dos católicos que representam 78,2% dos eslovacos, 11% são protestantes, 3,3% pertencem a outras denominações cristãs onde se destacam os ortodoxos e 7,5% seguem outras religiões ou não são religiosos.
Outros dados, dos censos de 2011 apontam para que os católicos sejam 65,8% (inclui católicos gregos), no entanto esta fonte mostra que 13,4% não são religiosos e que 10,6% dos eslovacos não responderam à questão acerca da religião, que deixa assim quase 11% da população classificada com "religião desconhecida".
Em 2010 o Pew Forum on Religion & Public Life pôs a percentagem de católicos na Eslováquia nos 75,3% e um estudo de 2008 mostrou que 81% dos eslovacos acreditam em Deus, em 1999 eram 83% e em 1990 eram 73%. O judaísmo, antes da Segunda Guerra Mundial, era seguido por pessoas enquanto que atualmente são apenas os judeus no país.
Governo e política
A Eslováquia é uma república e uma democracia parlamentarista com um sistema multipartidário. As últimas eleições legislativas ocorreram em 29 de fevereiro de 2020 e as eleições presidenciais, em 16 de março e 30 de março de 2019, em dois turnos.
O chefe de Estado é o presidente (atualmente Zuzana Čaputová), eleito pelo voto popular direto para um mandato de cinco anos. O poder Executivo compete quase por completo ao chefe de Governo, na pessoa do primeiro-ministro (Eduard Heger, 2021 – presente), que costuma ser o chefe do partido majoritário no parlamento, embora por vezes seja necessário formar uma coalizão majoritária. O primeiro-ministro é nomeado pelo presidente e os demais membros do gabinete, pelo presidente por recomendação do primeiro-ministro.
O poder Legislativo eslovaco incumbe ao Conselho Nacional da República Eslovaca (Národná rada Slovenskej republiky), cujos integrantes são eleitos para mandatos de quatro anos pelo sistema da representação proporcional. A mais alta corte do poder Judiciário eslovaco é a Corte Constitucional (Ústavný súd), que julga questões de matéria constitucional e é formada por 13 juízes, nomeados pelo presidente a partir de uma lista de candidatos apresentada pelo parlamento.
Relações internacionais
A Eslováquia é um dos Estados-membros da União Europeia desde 2004. O país tem sido um participante ativo em exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos e liderados pela OTAN. Há uma força conjunta de manutenção da paz Czech-Slovak no Kosovo.
A Eslováquia é um membro das Nações Unidas e participa de suas agências especializadas. É um membro da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a OCDE. O país também faz parte do Grupo de Visegrád (ao lado de Hungria, Chéquia e Polônia), um fórum de discussão para problemas e objetivos comuns.
A República Eslovaca e a República Checa entraram em uma união aduaneira depois do colapso da Checoslováquia em 1993, o que facilitou um fluxo relativamente livre de bens e serviços. O país mantém relações diplomáticas com 134 países, principalmente por meio do Ministério das Relações Exteriores. Há 44 embaixadas e 35 consulados honorários em Bratislava.
Forças armadas
As Forças Armadas da República Eslovaca compreendem 14 mil soldados. O país aderiu à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em março de 2004. Em 2006, o exército transformou-se em uma organização totalmente profissional e o serviço militar obrigatório foi abolido.
As Forças Terrestres da Eslováquia são constituídas por duas brigadas de infantaria mecanizada ativas. As Forças Aérea e Defesa Aérea compreendem uma ala de caças, helicópteros e uma brigada SAM.
As forças de treinamento e suporte compreendem um elemento Apoio Nacional (Batalhão Multifuncional, Batalhão de Transporte, Batalhão de Reparação), uma força guarnição da capital Bratislava, bem como um batalhão de treinamento e várias bases de logística, comunicação e informação. Diversas forças sob o comando direto do Estado-Maior General incluem o 5º Regimento de Forças Especiais.
Subdivisões
A Eslováquia está subdividida em oito kraje (singular – kraj; geralmente traduzido como "regiões"), que têm o nome da sua principal cidade. Esta organização territorial foi instituída em 24 de julho de 1996.
Os kraje estão subdivididos em okresy (singular – okres; geralmente traduzidos por "distritos"). Existem actualmente 79 distritos na Eslováquia.
Bratislava (Bratislavský kraj)
Trnava (Trnavský kraj)
Trenčín (Trenčiansky kraj)
Nitra (Nitriansky kraj)
Žilina (Žilinský kraj)
Banská Bystrica (Banskobystrický kraj)
Prešov (Prešovský kraj)
Košice (Košický kraj)
(A palavra "kraj" pode ser substituída por "VÚC" ou "samosprávny kraj", em cada um dos casos)
Economia
A Eslováquia é uma economia de porte médio que passou por uma difícil transição do planejamento centralizado para uma moderna economia de mercado. As grandes privatizações já foram quase totalmente empreendidas, inclusive no setor bancário, e o investimento estrangeiro acelerou-se.
O país caracteriza-se por uma alta e sustentada taxa de crescimento econômico. Em 2006, a Eslováquia atingiu a maior taxa de crescimento do PIB (8,9%) dentre os membros da OCDE. Estima-se que o crescimento anual do PIB em 2007 chegue a 10,4%, com um nível recorde de 14,3% no quarto trimestre.
O desemprego, que alcançou 19,2% no final de 2001, caiu para 8,9% em março de 2007, devido não apenas ao crescimento econômico, mas também à emigração de trabalhadores para outros países da União Europeia. A taxa de desemprego ainda é uma das mais altas da UE.
A inflação caiu de uma média anual de 12% em 2000 para 3,3% em 2002, mas voltou a subir em 2003–2004 devido ao aumento de impostos e dos preços controlados. Em 2005, chegou a 3,7%. Os principais atractivos para o investimento estrangeiro no país incluem o baixo custo da mão de obra, os impostos baixos e o bom nível educacional dos trabalhadores. Nos últimos anos, a Eslováquia tem incentivado a entrada de investimento estrangeiro direto, que cresceu mais de 600% desde 2000 e acumulou um total de 17,3 mil milhões de dólares dos Estados Unidos em 2006.
Cerca de 66% do PIB eslovaco são gerados pelo setor de serviços, 28,7% pela indústria (em especial nas áreas automotiva, eletrônica, de engenharia mecânica, engenharia química e tecnologia da informação) e apenas 3,4% pela agricultura (dados de 2005). Cerca de 40% do território eslovaco é cultivado. As principais culturas incluem trigo, centeio, batata, beterraba, frutas e girassóis.
Os principais parceiros comerciais do país são a Alemanha, a Chéquia, a Rússia, a Áustria, a Polónia e a Hungria. A 1 de janeiro de 2009, a Eslováquia entrou oficialmente na Zona Euro tendo adoptado como moeda oficial, o euro; tornando-se assim no 16.º país a entrar na área económica.
Entre 1970 e 1985, os rendimentos reais aumentaram cerca de 50%, mas diminuíram nos anos 90. O produto interno bruto não voltou ao nível de 1989 até 2007. Ex-ministra (1998-2002) Brigita Schmögnerová explica que: "Há sempre um consenso entre os líderes sobre o dumping social. Desde o alargamento da União Europeia que as empresas estrangeiras têm procurado a mão de obra mais barata, mas em vez de unirem forças, os governos da região estão a competir para oferecer o nível mais baixo possível de impostos. "Quando a Eslováquia aderiu à União Europeia em 2004, tornou-se o primeiro país da OCDE a introduzir uma taxa integral única de 19% de imposto sobre os lucros das empresas, o rendimento e os bens de consumo. A falta de progressividade fiscal conduz a um aumento acentuado das desigualdades. As despesas com saúde, educação ou habitação são inferiores à média europeia. Cerca de 10% da população ativa eslovaca é expatriada em 2014. O país tem uma das taxas de desemprego mais elevadas da Europa, com 7,1% da população activa desempregada há mais de um ano.
Turismo
A Eslováquia possui paisagens naturais, montanhas, cavernas, castelos e vilas medievais, arquitetura peculiar, spas e resorts de esqui. Mais de 1,6 milhão de pessoas visitaram o país em 2006 e os destinos mais atraentes são a capital, Bratislava, e o Alto Tatras. A maioria dos visitantes vem do Chéquia (cerca de 26%), Polônia (15%) e Alemanha (11 %).
Lembranças típicas da Eslováquia são as bonecas vestidas em trajes típicos, objetos de cerâmica, vidro de cristal, figuras esculpidas em madeira, črpáks (jarros de madeira), fujaras (um instrumento popular na lista da UNESCO) e valaškas (um machado popular decorado) e produtos feitos a partir de cascas de milho e fios, nomeadamente figuras humanas.
As lembranças podem ser comprados nas lojas geridas pela organização estatal ÚĽUV (Ústredie ľudovej umeleckej výroby - Centro de Arte Popular de Produção). A cadeia de lojas Dielo vende obras de artistas e artesãos eslovacos. Estas lojas são encontrados principalmente nas vilas e cidades.
Infraestrutura
Transportes
Há quatro autoestradas principais - a D1 a D4 - e oito vias expressas - R1 a R8. A maioria delas ainda estão em fase de planejamento. A auto-estrada A6 para Viena liga a Eslováquia diretamente ao sistema de autoestradas austríaco e foi inaugurada em 19 de novembro de 2007. A rede interna de estradas urbanas é feita na forma radial circular. Atualmente, a capital do país experimenta um forte aumento do tráfego rodoviário, aumentando a pressão sobre a rede rodoviária. Há cerca de 200 mil carros registrados em Bratislava (aproximadamente 2 habitantes por carro).
O Aeroporto de Bratislava é o principal aeroporto internacional do país. Ele está localizado a nove quilômetros a nordeste do centro da cidade e serve civis e o governo com voos regulares domésticos e internacionais programados. As pistas atuais suportam o desembarque de todos os tipos comuns de aeronaves usadas atualmente. O aeroporto tem desfrutado de rápido crescimento do tráfego de passageiros nos últimos anos; ele serviu 279.028 passageiros em 2000, 1.937.642 em 2006 e 2.024.142 em 2007. Aeroportos menores servidos por companhias aéreas de passageiros incluem aqueles em Košice e Poprad.
O Porto de Bratislava é uma das duas portas internacionais nos rios eslovacos. O porto conecta Bratislava ao tráfego de embarcações internacional, especialmente a interligação do mar do Norte ao mar Negro através do canal Meno-Danúbio. Além disso, linhas turísticas operam a partir do porto de passageiros, com rotas para Devin, Viena e outros lugares.
Cultura
Gastronomia
Como na Chéquia, uma das especialidades mais típicas da cozinha eslovaca são os bunhuelos, que também são o alimento mais econômico, que o turista poderá encontrar. Entre os bunhuelos mais populares estão os bryndzové halušky, feitos com queijo de ovelha frito e bacon frito. A sopa mais conhecida é a kapustnica, um rico caldo ao que agrega-se repolho, presunto defumado, salsichas, cogumelos e maçãs. Um tira gosto muito habitual é o šunková rolka s chrenovou penou, que consta de uma fatia de presunto com creme temperada, com diversas ervas. As sobremesas mais típicas são as crepes (palacinky), especialmente as de chocolate.
Com a divisão do país, Eslováquia conservou os dois terços dos vinhedos da antiga república. O vinho eslovaco é de boa qualidade e muito barato. Existem também, excelentes vinhos espumosos. Encontrará além, as principais bebidas da Europa. O país conta também com uma rica variedade de bebidas destiladas, as mais populares são a Borovička (destilada a partir de um tipo de pinho), a Slivovica (destilada de um tipo de ameixa) e a Hruškovica (feita a partir da pera). Em qualquer PUB do país é simples de encontrar tais bebidas, a hospitalidade do eslovaco é bastante amistosa quando a conversa é sobre álcool. Uma outra bebida muito popular na Eslováquia é o Tatratea, um destilado feito a partir de ervas, no qual os mais tradicionais costumam ser muito forte na quantidade de álcool mas muito saborosos no paladar, Tatra é o nome dado a uma grande cadeia de montanhas na Eslováquia e Polonia, a fábrica desta bebida se encontra próxima a região. .
Feriados
Ver também
Europa
Missões diplomáticas da Eslováquia
Lista de países
Ligações externas |
Chapadão do Céu é um município brasileiro do interior do estado de Goiás, Região Centro-Oeste do país. Localiza-se a uma latitude 18º23'34" sul e a uma longitude 52º39'57" oeste, estando a uma altitude de 725 metros. Em razão de sua elevada altitude, a cidade tem Clima tropical de altitude, sendo considerada uma das cidades mais frias do Estado. Sua população estimada em 2020 foi de habitantes e uma área de 2.185,124 km². Abriga parte do Parque Nacional das Emas. A principal atividade econômica é a agropecuária e a agroindústria.
Ver também
Lista de municípios de Goiás
Lista de municípios do Brasil
Municípios de Goiás
Fundações em Goiás em 1982 |
Síria (; ou ; transl.: ), oficialmente República Árabe Síria () é um país localizado na Ásia Ocidental. O território sírio de jure faz fronteira com o Líbano e o Mar Mediterrâneo a oeste; a Turquia ao norte; o Iraque a leste; a Jordânia ao sul e Israel ao sudoeste. Um país de planícies férteis, altas montanhas e desertos, é o lar de diversos grupos étnicos e religiosos, inclusive árabes, gregos, armênios, assírios, curdos, circassianos, mandeus e turcos. Os grupos religiosos incluem sunitas, cristãos, alauitas, drusos, mandeus e iazidis. Os árabes sunitas formam o maior grupo populacional do país.
Antigamente, o nome de "Síria" era sinônimo de Levante (conhecido em árabe como Xame ou Axame), enquanto o Estado moderno abrange os locais de vários reinos e impérios antigos, como a civilização eblana, do Sua capital, Damasco, está entre as mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo. Na era islâmica, a cidade se tornou a sede do Califado Omíada e uma capital provincial do Sultanato Mameluco do Egito. A Síria moderna foi estabelecida após a Primeira Guerra Mundial durante o Mandato Francês e era o maior Estado árabe a surgir na região do Levante, que antigamente era dominada pelo Império Otomano. O país conquistou a independência como uma república parlamentar em 24 de outubro de 1945, quando a Síria tornou-se membro fundador da Organização das Nações Unidas, um ato que legalmente pôs fim ao antigo domínio francês — embora as tropas francesas não tenham deixado o país até abril de 1946.
O período pós-independência foi tumultuado e vários golpes militares e tentativas de golpe abalaram a nação árabe no período entre 1949 e 1971. Entre 1958 e 1961, a Síria entrou em uma breve união com o Egito, que foi encerrada depois do golpe de Estado de 1961. A República Árabe Síria surgiu no final de 1961 depois do referendo de 1 de dezembro, mas se tornou cada vez mais instável até o golpe de Estado de 1963, após o qual o Partido Baath assumiu o poder. A Síria esteve sob uma lei de emergência entre 1963 e 2011, o que efetivamente suspendeu a maioria das proteções constitucionais de seus cidadãos, além de seu sistema de governo ser amplamente considerado como autoritário. Bashar al-Assad é o presidente do país desde 2000 e foi precedido por seu pai, Hafez al-Assad, que governou a Síria entre 1970 e 2000.
O país é membro das Nações Unidas e do Movimento Não Alinhado, mas está atualmente suspenso da Liga Árabe e da Organização para a Cooperação Islâmica e autossuspenso da União para o Mediterrâneo. Desde março de 2011, a forte repressão imposta a um levante contra Assad e o governo baathista, como parte da Primavera Árabe, contribuiu para a criação de uma grave guerra civil, o que tornou o país um dos menos pacíficos do mundo. O governo provisório sírio foi formado pelo grupo da oposição Coalizão Nacional Síria, em março de 2013. Os representantes deste governo alternativo foram posteriormente convidados a assumir o assento da Síria na Liga Árabe.
Etimologia
O nome Síria é derivado do termo luvita Sura/i do e dos nomes derivados do grego antigo (, , ou ), ambos originalmente derivados de Aššūrāyu (Assíria), no norte da Mesopotâmia. No entanto, desde o Império Selêucida (323–), este termo também tem sido aplicado ao Levante como um todo e, a partir deste ponto, os gregos passaram a aplicar o termo, sem distinção, para se referir aos assírios e sírios da Mesopotâmia e do Levante. As principais opiniões acadêmicas defendem que a palavra grega relacionada ao cognato , em última análise, deriva do acadiano . No passado, acreditava-se que o nome do país era derivado de Siryon, o nome que os sidônios davam ao Monte Hermon.
A área designada pela palavra mudou ao longo do tempo. Classicamente, a Síria se encontra na extremidade oriental do Mediterrâneo, entre a Arábia, ao sul, e a Ásia Menor, ao norte, e se estende para o interior até incluir partes do Iraque, além de ter uma fronteira incerta a nordeste, que Plínio, o Velho descreveu como incluindo, de oeste a leste, Comagena, Sofena e Adiabene.
Na época de Plínio, no entanto, esta Síria maior tinha sido dividida em uma série de províncias sob o domínio do Império Romano (mas politicamente independentes entre si): a Judeia, mais tarde renomeada como Palestina em 135 (a região correspondente ao atual Israel, a territórios palestinos e à Jordânia), no extremo sudoeste; Fenícia (estabelecida em 194) correspondente às regiões modernas do Líbano, Damasco e Homs; Celessíria, ao sul do rio Eleutéris, e o Iraque.
História
Antiguidade
A Síria possui uma história muito antiga, desde os arameus e assírios, marcada fortemente pela influência e rivalidade da Mesopotâmia e Egito. Depois de ser ocupada pelos persas, a Síria foi conquistada por Alexandre III da Macedónia.
No período helenístico passou a ser centro do reino dos selêucidas e se converteu em uma província romana no . Grandes cidades se desenvolveram nessa região como a mítica Palmira, uma das mais originais e descanso de caravanas.
Com a ascensão do islamismo, a Síria foi um dos focos mais importantes da Civilização Árabe, sobretudo na época do califado omíada , centrado em Damasco, e da dinastia hamadânida (905–1004), centrado em Alepo. Porém, pela sua situação, foi objeto de ambição estrangeira o que conduziu a divisão do seu território. Os cruzados se estabeleceram na Síria durante algum tempo e construíram importantes fortificações, como a Fortaleza dos Cavaleiros. Finalmente, em 1516, Síria passou a formar parte do Império Otomano.
Síria otomana
Em 1516, o Império Otomano invadiu o Sultanato Mameluco do Egito, conquistando a Síria e incorporando-a ao seu império. O sistema otomano não era rígido com os sírios porque os turcos respeitavam a língua árabe como o idioma do Alcorão e aceitavam o manto de defensores da fé. Damasco foi transformada no maior entreposto para Meca e, como tal, adquiriu um caráter sagrado para os muçulmanos por causa do Hajj, a peregrinação para Meca.
A administração otomana seguia um sistema que levou à coexistência pacífica. Cada minoria étnico-religiosa — árabes xiitas, árabes sunitas, arameus-ortodoxos siríacos, ortodoxos gregos, cristãos maronitas, cristãos assírios, armênios, curdos e judeus - constituía um millet. Os chefes religiosos de cada comunidade administravam-nas e também realizavam algumas funções civis.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Otomano entrou no conflito no lado do Império Alemão e da Áustria-Hungria, mas foi derrotado e perdeu o controle de todo o Oriente Próximo para o Império Britânico e o Império Francês. Durante o conflito, um processo de genocídio contra os povos cristãos nativos foi realizado pelos otomanos e seus aliados na forma do Genocídio Armênio e do Genocídio Assírio, dos quais Deir ez-Zor, na Síria otomana, era o destino final dessas marchas da morte.
No meio da Primeira Guerra, dois diplomatas aliados (o francês François Georges-Picot e o britânico Mark Sykes) secretamente concordaram com a divisão pós-guerra do Império Otomano nas respectivas zonas de influência determinadas pelo Acordo Sykes-Picot de 1916. Inicialmente, os dois territórios foram separados por uma fronteira que corria por uma linha quase reta da Jordânia ao Irã.
No entanto, a descoberta de petróleo na região de Mosul, no atual Iraque, pouco antes do fim da guerra, levou a mais uma negociação com a França em 1918 para ceder esta região para a "Zona B", ou a zona de influência britânica. Esta fronteira foi mais tarde reconhecida internacionalmente quando a Síria tornou-se um mandato da Liga das Nações em 1920 e não mudou até os dias atuais.
Mandato Francês
Em 1920, um reino sírio independente de curta duração foi estabelecido sob o governo de Faiçal I, da família hachemita. No entanto, seu domínio sobre a Síria terminou depois de apenas alguns meses, após a Batalha de Maysalun. As tropas francesas ocuparam o país no final daquele ano, após a Conferência de San Remo propor que a Liga das Nações colocasse a Síria sob o mandato francês.
Síria e França negociaram um tratado de independência em setembro de 1936 e Hashim al-Atassi foi o primeiro presidente a ser eleito na primeira república moderna da Síria. No entanto, o tratado nunca entrou em vigor porque o legislador francês se recusou a ratificá-lo. Com a queda da França em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a Síria ficou sob o controle da França de Vichy, que era um Estado fantoche da Alemanha nazista, até que franceses livres e britânicos ocuparam o país na Campanha da Síria (1941), em julho de 1941.
A contínua pressão de nacionalistas sírios e de britânicos forçou o governo francês a evacuar suas tropas em abril de 1946, deixando o país nas mãos de um governo republicano que tinha sido formado durante o mandato.
Independência e baathismo
O país conseguiu a independência em 1946. Em 1948, entrou em guerra com Israel, saindo desta perdedora. Sofreu ainda numerosos golpes militares. Em 1958, uniu-se ao Egito para formar a República Árabe Unida (R.A.U.), da qual se separou depois do levantamento militar de 28 de setembro de 1961, convertendo-se em República Síria.
Em 1964, depois da tomada do poder em 1963 pelo Partido Baath, socialista e nacionalista, que empreendeu uma série de profundas reformas sociais e econômicas, ficou constituída como República Popular da Síria. Em 1966, o país aliou-se de novo ao Egito e, em 1967, viu-se envolvido na Guerra dos Seis Dias. Mais tarde, em 1973, atacou Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur; em maio de 1974 foi feito o acordo de retirada das tropas. Interferiu na defesa do Líbano contra Israel, em 1978. Partidária da causa palestina, mostrou-se contra as negociações de paz egípcio-israelitas, que ocorreram depois da viagem de Anwar Sadat a Jerusalém. As negociações empreendidas em 1979 com o Iraque encaminhadas a uma fusão de ambos os países não prosperaram (naquele mesmo ano, romperam-se as relações entre ambos devido à implicação do Baath iraquiano num atentado em Damasco). Em 1980, realizou-se uma outra tentativa de união, desta vez com a Líbia, que também faliu.
O conjunto de comunidades étnicas e religiosas que constituem o país, tanto muçulmanas como cristãs, assim como o ressurgimento do integralismo islâmico, criaram situações difíceis ao presidente Hafez al-Assad, de orientação laica e socialista. Não obstante, foi reeleito em 1980 como secretário-geral do Baath, o que reforçou seu poder. No mesmo ano, um tratado de cooperação com a União Soviética deu, a al-Asad, o papel de representante dos interesses soviéticos na região e lhe permitiu contar com sofisticado armamento de origem soviética. Os laços entre Síria e Irã começaram nos anos 1980, quando a Síria foi o único país árabe a apoiar o Irã na sua guerra de oito anos contra o Iraque. Simultaneamente à crescente deterioração das relações com Israel, a Síria passou a controlar militarmente o norte do Líbano, onde sustentou encontros com as forças de Israel e se opôs à presença de forças estadunidenses. A Síria se caracterizou, durante a permanência de suas tropas no Líbano, pela sua oposição a todos os planos de paz dos Estados Unidos para o Oriente Médio, e por proteger Damasco das facções da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) opostas a Yasser Arafat, enquanto no Líbano a figura de al-Asad aparecia a princípios de 1986 como a do inevitável mediador para qualquer solução de fundo nos assuntos político-religiosos daquele país. Na primeira Guerra do Golfo, se opôs ao Iraque e participou do processo de paz em Madri, no ano de 1991. Em 1992, foi reeleito.
Guerra civil (2011-presente)
A contínua guerra civil síria foi inspirada pelas revoluções da Primavera Árabe. Tudo começou em 2011 como uma cadeia de protestos pacíficos, seguido por uma forte repressão do exército sírio. Em julho de 2011, desertores do exército declararam a formação do Exército Sírio Livre e começaram a formar unidades de combate. A oposição é dominada por muçulmanos sunitas, enquanto as principais figuras do governo são alauítas.
A partir de 2013, aproveitando-se do caos da guerra civil na Síria e no Iraque, um grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI, ou ad-Dawlah al-Islāmīyah) começou a reivindicar territórios na região. Lutando inicialmente ao lado da oposição síria, as forças desta organização passaram a atacar qualquer uma das facções (sejam apoiadoras ou contrárias a Assad) envolvidas no conflito, buscando hegemonia total. Em junho de 2014, militantes deste grupo proclamaram um Califado na região, com seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, como o califa. Eles rapidamente iniciaram uma grande expansão militar, sobrepujando rivais e impondo a sharia (lei islâmica) nos territórios que controlavam. Então, diversas nações ocidentais, como os Estados Unidos, as nações da OTAN na Europa, e países do mundo árabe, temendo que o fortalecimento do EI representasse uma ameaça a sua própria segurança e a estabilidade da região, iniciaram uma intervenção armada contra os extremistas.
Segundo informações de ativistas de direitos humanos dentro e fora da Síria, o número de mortos no conflito passa das 470 mil pessoas, sendo mais da metade de civis. Outras 130 mil pessoas teriam sido detidas pelas forças de segurança do governo. Mais de cinco milhões de sírios já teriam buscado refúgio no exterior para fugir dos combates, com a maioria destes tomando abrigo no vizinho Líbano.
Segundo a ONU e outras organizações internacionais, crimes de guerra e contra a humanidade vêm sendo perpetrados pelo país por ambos os lados de forma desenfreada. Na fase inicial da guerra, as forças leais ao governo foram os principais alvos das denúncias, sendo condenadas internacionalmente por incontáveis massacres de civis. Milícias leais ao presidente Assad e integrantes do exército sírio foram acusadas de perpetrarem vários assassinatos e cometerem inúmeros abusos contra a população. Contudo, durante o decorrer das hostilidades, as forças opositoras também passaram a ser acusadas, por organizações de direitos humanos, de crimes de guerra. O Estado Islâmico, desde 2013, passou então a chamar a atenção pelos requintes de violência e crueldade nas inúmeras atrocidades que cometiam pelo país.
Para escapar da violência, mais de 5 milhões de refugiados sírios fugiram para os países vizinhos, como Jordânia, Iraque, Líbano e Turquia. Estima-se que 450 mil cristãos sírios fugiram de suas casas. Como a guerra civil se arrasta há anos, existem fortes preocupações de que o país possa fragmentar-se e deixe de funcionar como um Estado único.
Geografia
A Síria tem uma área de cerca de 185 000 quilômetros quadrados. A oeste, faz limites com Mar Mediterrâneo, Líbano, e Israel; ao sul, com Jordânia; a leste, com Iraque e Turquia. A faixa costeira, fértil, tem 180 quilômetros de costa abrupta e rochosa, que se estende entre o Líbano e Turquia. As colinas Ansariyah (Jebel an-Nusariyah) formam praticamente a costa norte, e servem de base ao Sahl Akkar (planalto Akkar) ao sul. Os planos aluviais férteis são intensamente cultivados durante todo ano. Os portos mais importantes são Lataquia e Tartus. Em Baniyas, existe uma refinaria de petróleo.
As montanhas Jebel an-Nusariyah formam uma cordilheira que se estende de norte a sul no interior da faixa costeira. A altura média é de mil metros. São frequentes as nevascas em seus picos no inverno. A faixa dos montes do planalto marca a fronteira entre Síria e Líbano com uma altura média de dois mil metros. A montanha mais alta da Síria é Jebel ash-Sheikh, conhecido na Bíblia como Monte Hermon, com . O maior rio que nasce nessa cordilheira é o Barada. Outras regiões menores incluem o Jebel Druso ao sul perto da fronteira com Jordânia, e o Jebel Abu Rujmayn ao norte de Palmira.
Exceto na costa de clima mediterrâneo, nas montanhas e nas regiões banhadas pelos rios, predomina a estepe. Nesta região, se encontram Damasco, Homs, Hama, Alepo, Deir ez-Zor, Hassake e Qamishle, banhada pelo Orontes, o Eufrates e o Khabour. O deserto conta com alguns grandes oásis como o de Palmira e ocupa o sudoeste do país, onde acampam os beduínos com seus milhões de cabeças de gado bovino. Sua privilegiada situação no meio de ricas terras produtoras de cereais, algodão, e leguminosas, lhe confere papel de importante mercado agrícola.
Demografia
A maioria da população vive no vale do rio Eufrates e ao longo da planície costeira, uma faixa fértil entre as montanhas e o deserto. A densidade populacional é de cerca de 99 pessoas por quilômetro quadrado. De acordo com a Pesquisa Mundial de Refugiados de 2008, publicada pelo Comitê dos Estados Unidos para Refugiados e Imigrantes, a Síria abrigava uma população de refugiados e requerentes de asilo que somava aproximadamente pessoas. A grande maioria desta população era do Iraque (1,3 milhão), mas populações consideráveis da antiga Palestina () e da Somália () também vivem no país.
Cerca de 9,5 milhões de sírios, ou metade da população do país, saíram do território desde a eclosão da Guerra Civil Síria, desde março 2011, o que a ONU classificou como "a maior emergência humanitária da nossa era"; 4 milhões de sírios estão fora do país como refugiados.
Grupos étnicos
Os sírios são um povo levantino nativo, estreitamente relacionado com os seus vizinhos imediatos, como libaneses, palestinos, iraquianos, malteses, judeus e jordanianos. A Síria tem uma população de aproximadamente (2014 est.) Os árabes sírios, juntamente com cerca de 600 mil árabes palestinos, representam cerca de 74% da população (se os cristãos siríacos são excluídos).
Os cristãos que falam a língua neoaramaica ocidental e assírios são estimados em cerca de 400 mil pessoas. Pessoas que falam neoaramaico ocidental vivem em todo o país, particularmente nos grandes centros urbanos, enquanto os assírios residem principalmente no norte e nordeste (Homs, Alepo, Qamishli e Hasakah). Muitos (particularmente o grupo assírio) ainda mantêm vários dialetos neoaramaicos como línguas faladas e escritas, enquanto os moradores de vilas como Maalula, Jubb'adin e Bakh'a ainda utilizam o aramaico ocidental.
O segundo maior grupo étnico na Síria são os curdos. Eles constituem cerca de 9% da população, ou cerca de 2 milhões de pessoas. A maioria dos curdos residem na região nordeste e a maioria fala a variante Curmânji da língua curda. O país também é o lar de vários outros grupos étnicos, principalmente os turcomanos (cerca de –), circassianos (cerca de 100 mil), gregos e armênios (aproximadamente 100 mil), sendo que a maioria chegou durante o período do Genocídio Armênio. A Síria detém a sétima maior população armênia no mundo. Eles estão principalmente reunidos em Alepo, Qamishli, Damasco e Kesab. A nação árabe também abriga uma população substancial de judeus, com grandes comunidades em Damasco, Alepo e Qamishii. Devido a uma combinação de perseguição e de oportunidades em outros lugares, os judeus começaram a emigrar na segunda metade do para países como Reino Unido, Estados Unidos e Israel. O processo foi concluído com a criação do Estado de Israel em 1948. Hoje apenas alguns judeus permanecem na Síria.
A maior concentração da diáspora síria fora do mundo árabe está no Brasil, que tem milhões de pessoas de ascendência árabe e de outros povos do Oriente Próximo. O Brasil foi o primeiro país da América a oferecer vistos humanitários aos refugiados sírios. A maioria dos argentinos árabes também tem origem libanesa ou síria.
Religião
Os árabes sunitas representam 59–60% da população, a maioria dos curdos (9%) e turcomanos (3%) é também sunita, enquanto 13% são xiitas (alauítas, duodecimanos e ismaelitas combinados), 10% são cristãos e 3% drusos. A população drusa é estimada em cerca de 500 mil e vive principalmente em Jabal al-Druze.
A família do presidente Bashar al-Assad é alauíta, grupo que domina o governo e ocupa os principais cargos militares. Em maio de 2013, o Observatório Sírio de Direitos Humanos afirmou que ao menos 41 mil alauítas foram mortos durante a guerra civil.
Os cristãos (2,5 milhões de pessoas) estão divididos em várias denominações. A Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia da Calcedônia compõem 35,7% da população cristã do país; os católicos romanos (seguidores da Igreja Greco-Católica Melquita, Igreja Católica Arménia, Igreja Católica Siríaca, Igreja Maronita, Igreja Católica Caldeia e da Igreja Católica de Rito Latino) compõem 26,2%; a Igreja Apostólica Armênia conta com 10,9%; a Igreja Ortodoxa Síria compõem 22,4%; a Igreja Assíria do Oriente e várias outras denominações cristãs menores representam o restante. Muitos dos sírios cristãos pertencem a uma classe socioeconômica alta dentro da sociedade local.
Idiomas
O árabe é a língua oficial do país. Vários dialetos árabes modernos são utilizados na vida cotidiana, mais notavelmente o levantino, no oeste, e o mesopotâmico, no nordeste. A língua curda (na sua forma Curmânji) é amplamente falado nas regiões curdas da Síria. O armeno e o turco (dialeto do azeri) são falados entre as minorias de armênios e turcomanos.
O aramaico era a língua franca da região antes do advento do árabe e ainda é falado entre os assírios. O siríaco clássico ainda é usado como língua litúrgica de várias denominações cristãs siríacas. Mais notavelmente, neoaramaico ocidental ainda é falado na aldeia de Maalula, bem como duas aldeias vizinhas, a 56 km a nordeste de Damasco. Muitos sírios educados também falam inglês e francês.
Cidades mais populosas
Governo e política
A Síria é formalmente uma república unitária. A constituição adotada em 2012 efetivamente transformou a Síria em uma república semipresidencial devido ao direito constitucional dos indivíduos que não fazem parte da Frente Progressista Nacional de serem eleitos. O presidente é o chefe de Estado e o primeiro-ministro é o chefe de Governo.
O poder legislativo é representado pelo Conselho dos Povos, o órgão responsável pela aprovação de leis, pelas dotações do governo e pelo debate político. No caso de uma moção de censura por uma maioria simples, o primeiro-ministro é obrigado a apresentar propostas de renúncia de seu governo ao presidente.
No entanto, como resultado da guerra civil, vários governos alternativos foram formados, incluindo o Governo Provisório da Síria, o Partido de União Democrática e regiões legisladas pela sharia. Representantes do governo provisório sírio foram convidados a assumir o assento do país na Liga Árabe em 28 de março de 2013 e foram reconhecidos como os "únicos representantes do povo sírio" por vários países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e França.
Direitos humanos
A situação dos direitos humanos na Síria tem sido uma preocupação significativa entre organizações independentes, como a Human Rights Watch, que em 2010 se referiu ao caso do país como "entre os piores do mundo". A Freedom House, financiada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, classificou a Síria como "não livre" no seu inquérito mundial da liberdade.
As autoridades são acusadas de prender ativistas pela democracia e os direitos humanos, além de censurar a internet, através da prisão de blogueiros. Detenções arbitrárias, torturas e desaparecimentos são crimes generalizados pelo país. Embora a Constituição garanta a igualdade de gênero, algumas leis e o código penal acabam por discriminar mulheres e meninas. Além disso, também concede clemência para o chamado "crime de honra". Em 9 de novembro de 2011, durante o levante contra o presidente Bashar al-Assad, a Organização das Nações Unidas informou que, das mais de mortes, cerca de 250 eram de crianças, algumas de apenas 2 anos de idade. Além disso, meninos tão jovens quanto 11 anos de idade têm sido estuprados coletivamente por oficiais dos serviços de segurança.
Em agosto de 2014, a então Alto Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos Direitos, Navi Pillay, criticou a comunidade internacional por sua "paralisia" em lidar com a mais violenta guerra civil do país, que já matou mais de 200 mil pessoas em crimes de guerra, de acordo com Pillay, sendo cometidos com total impunidade por todos os lados do conflito. As minorias de alauítas e cristãos estão sendo cada vez mais atacadas por islâmicos e outros grupos que lutam na guerra civil síria.
Forças armadas
O Presidente da Síria é o comandante-em-chefe das forças armadas, que conta com mais de soldados profissionais e mais milhares de milicianos. Sua força é formada por conscritos; o recrutamento é obrigatório para todos os homens quando completam 18 anos.
Grande parte dos equipamentos militares sírios tem origem soviética (e posteriormente russa). Além de armas, material e dinheiro, os russos também ajudam as forças sírias com treinamento e especialistas. Com o passar dos anos, o país também buscou laços militares com Irã e Coreia do Norte. Recentes crises econômicas diminuíram o fluxo financeiro para as forças armadas.
Durante a recente guerra civil (iniciada em 2011), o exército perdeu enormes quantidades de equipamento e muitos soldados morreram. Outros militares teriam passado para o lado dos rebeldes e centenas de outros simplesmente desertaram. Durante o conflito, o governo russo enviou várias novas armas e materiais para as forças do regime de Assad.
Subdivisões
A Síria está dividida em catorze províncias:
Economia
Em 2015, a economia síria dependia de fontes de receita inerentemente incertas, devido à drástica diminuição da arrecadação devido à guerra civil. O governo se mantinha graças a linhas de crédito oferecidas pelo governo iraniano. Estima-se que o Irã esteja gastando entre 6 bilhões e 20 bilhões de dólares estadunidenses por ano com a Síria durante a guerra civil. Desde o início do conflito, a economia síria contraiu-se em 60% e a libra síria perdeu 80% do seu valor, e o país tornou-se uma economia estatizada e de guerra. No início da guerra civil, o país era classificado pelo Banco Mundial como um país de renda "média-baixa".
Em 2010, a Síria mantinha-se dependente dos setores petrolífero e agrícola. O setor de petróleo responde por cerca de 40% das receitas de exportação. Expedições marítimas comprovaram que grandes reservas de petróleo existem no fundo do mar Mediterrâneo, entre a Síria e o Chipre. O setor agrícola contribui para cerca de 20% do produto interno bruto (PIB) e 20% do mercado de trabalho. No entanto, as reservas de petróleo deverão diminuir nos próximos anos e a Síria já se tornou um importador líquido deste recurso. O governo depende cada vez mais de crédito da Rússia e China, além do já mencionado Irã.
A economia é altamente regulada pelo governo, que aumentou os subsídios e apertou os controles de comércio para amenizar os efeitos das manifestações populares e proteger as reservas de moeda estrangeira. Entre os problemas econômicos de longo prazo, estão barreiras ao comércio exterior, o declínio da produção de petróleo, o elevado desemprego, o aumento dos défices orçamentais e da pressão sobre o abastecimento de água, causada pelo pesado uso hídrico na agricultura, o rápido crescimento populacional, a expansão industrial e a poluição da água. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento anunciou em 2005 que 30% da população síria vivia em situação de pobreza e 11,4% vivem abaixo da linha da miséria.
A participação do país nas exportações mundiais erodiu gradualmente desde 2001. O crescimento real do PIB per capita foi de apenas 2,5% ao ano no período entre 2000 e 2008. O desemprego é elevado, acima de 10%. A taxa de pobreza aumentou de 11% em 2004 para 12,3% em 2007. Entre os principais produtos de exportação da Síria, estão petróleo bruto e refinado, algodão cru, têxteis, frutas e grãos. A maior parte das importações sírias são matérias-primas essenciais para a indústria, veículos, equipamentos agrícolas e máquinas pesadas (dados de 2007). O lucro das exportações de petróleo, bem como as remessas de trabalhadores sírios que vivem no exterior, são as fontes mais importantes do governo.
A instabilidade política representa uma ameaça significativa para o desenvolvimento econômico futuro. O investimento estrangeiro é limitado por violência, restrições do governo, sanções econômicas e isolamento internacional. A economia local também continua a ser prejudicada pela burocracia estatal, pela queda na produção de petróleo, pelo aumento dos défices orçamentais e pela inflação.
As sanções económicas contra a Síria têm sido impostas desde 2011 pela União Europeia, os Estados Unidos, a Liga Árabe e vários países. Estas incluem um embargo petrolífero, o congelamento dos activos financeiros do Estado e dos números governamentais, e medidas sobre o preço dos alimentos e dos produtos médicos, que têm, portanto, um amplo impacto sobre a população síria.
As sanções estão a ter um impacto na população síria, particularmente no preço dos alimentos básicos e dos produtos médicos. A combinação das medidas dos EUA e da UE, incluindo a proibição das exportações dos EUA, o embargo petrolífero e as sanções financeiras, está a conduzir a um embargo virtual ao país devido às sanções que podem ser impostas às entidades que comercializam ou prestam ajuda humanitária ao país e às complexidades jurídicas envolvidas. O impacto das sanções afecta indirectamente a população síria. O impacto das sanções afecta indirectamente o sector médico.
Infraestrutura
Educação
A educação é gratuita e obrigatória a partir dos 6 e 12 anos de idade. O sistema de ensino é composto por 6 anos de escolaridade primária, seguido por um período de treinamento geral ou vocacional de 3 anos e um programa acadêmico ou profissional de 3 anos. É necessário o segundo período de formação acadêmica de 3 anos para admissão na universidade. O total de matrículas em escolas pós-secundário é superior a 150 mil. A taxa de alfabetização de sírios com quinze anos ou mais é de 90,7% para o sexo masculino e de 82,2% para o sexo feminino. Desde 1967, todas as escolas, faculdades e universidades têm estado sob estreita supervisão do governo do Partido Baath.
Há seis universidades públicas e 15 universidades privadas no país. As duas principais universidades públicas são a Universidade de Damasco (180 mil alunos) e a Universidade de Alepo. Há também muitos institutos superiores na Síria, como o Instituto Superior de Administração de Empresas, que oferece programas de graduação e pós-graduação em negócios.
De acordo com o Webometrics Ranking of World Universities, as universidades mais conceituadas do país são as de Damasco ( posição), de Alepo () e de Tishreen ().
Saúde
Em 2010, os gastos com saúde representaram 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 2008, havia 14,9 médicos e 18,5 enfermeiros por 10 000 habitantes. A expectativa de vida ao nascer era de 75,7 anos em 2010, ou 74,2 anos para homens e 77,3 anos para mulheres.
Em 2017, a taxa de prevalência de obesidade em adultos foi de 27,8 e em 2009 10% das crianças menores de 5 anos eram obesas. Em 2016, a Síria ficou em 35º lugar na lista de países por índice de massa corporal, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde sobre Prevalência de Obesidade, publicados em 2017.
Cerca de 95,7% da população tinha acesso ao saneamento básico e 90,1% da população tinha acesso à água potável em 2015. A poluição da água vem representando uma ameaça à disponibilidade de água potável e saneamento, sendo que na região costeira, os poços utilizados estão contaminados com altas concentrações de nitratos e amônia por causa da descarga de esgoto e uso de fertilizantes, além da intrusão de água do mar nos aqüíferos de água doce subterrânea.
Em 2010, 20% das mulheres e 60% dos homens eram fumantes e 98% da população geral é afetada pelo tabagismo passivo. O narguile (também conhecido como cachimbo de água) e cigarros são as duas principais formas de consumo de tabaco. Apesar da prevalência do tabagismo na sociedade síria, ainda há um sentimento de vergonha associado ao tabagismo, principalmente no que diz respeito ao odor resultante que produz. Essa falta de aceitação social do tabagismo é relativamente contemporânea e pode ser vista como uma progressão positiva na sociedade síria.
Transportes
A Síria tem quatro aeroportos internacionais (Damasco, Alepo, Latakia e Al-Qamishli), que servem como hubs para a Syrian Arab Airlines e também são servidos por uma variedade de companhias estrangeiras.
A maioria das mercadorias é transportada pela Chemins de Fer Syriens (a companhia ferroviária síria), que vincula-se com a Turkish State Railways (a homóloga turca). Para um país relativamente subdesenvolvido, a infraestrutura ferroviária está bem conservada, com muitos serviços expressos e trens modernos.
A rede rodoviária da Síria se estende por quilômetros, sendo que 1 103 quilômetros são de vias expressas. O país também tem 900 quilômetros de vias navegáveis, mas economicamente pouco significativas.
Cultura
Artes populares
A Síria conserva atividades artesanais tradicionais, como o trabalho em metal, tafetá e trabalhos em seda. Ainda se pode encontrar em Damasco, Hama e Aleppo tecedores de seda trabalhando em seus teares de madeira, como faziam seus ancestrais em Ebla tempos atrás. Sopradores de vidro em fornos de cerâmica recordam a seus antepassados que inventaram como colorir o vidro há 3 mil anos. Os artistas ainda desenham heróis épicos quase idênticos aos gravados nas pedras por seus antepassados em
Arquitetura
No terreno arqueológico Síria conta com uma importante história. Entre 661 e 750, Damasco viveu uma idade de ouro com a Dinastia dos Omíadas que determinou a aparição de um grandioso estilo arquitetônico composto, que combinava influências antigas e bizantinas com tradições sírias e mesopotâmicas.
A arquitetura civil atingiu um refinamento inigualado quando os turcos estenderam sua hegemonia sobre Síria no . A decoração predomina na arte da corte otomana, que mistura delicados motivos vegetais com caligrafias sutis.
Festivais
Durante todo ano se celebram na Síria acontecimentos culturais interessantes. Exposições, leituras e seminários são propostos nas Universidades, museus e centros culturais. A pintura e escultura dos artistas locais são expostas em galerias privadas em todo país. Entre os artistas de renome figura o pintor Fateh Mudarress, Turki Mahmud Beyk, Naim Ismail, Maysoun al-Jazairi, Mahmud Hammad y Abd al-Qader Arnaout entre outros.
A repressão política manteve a produção literária quase morta. Com exceção do autodidata Zakariya Tamir, que viveu em exílio em Londres desde 1978. Sua obra gira em torno da vida diária na cidade, marcada pela frustração e desespero nascidos da opressão social.
Um grande número de festivais musicais ocorre regularmente na Síria. Destaca-se o Festival de Música de Câmara de Palmira. A televisão conta com dois canais, um em árabe e outro inglês e francês. Além de jornais em árabe, existem jornais locais em inglês.
Esportes
A Síria participa das Olimpíadas regularmente desde 1968 e, antes disso, uma vez em 1948. O país ganhou medalhas olímpicas em três esportes diferentes. Seu primeiro medalhista foi Joseph Atiyeh, um lutador de estilo livre que ganhou a prata nos Jogos Olímpicos de 1984. O primeiro vencedor olímpico do país foi o atleta Ghada Shu’a, que venceu sete jogos nas Olimpíadas de Atlanta em 1996 disputando no atletismo. O terceiro medalhista olímpico do país é o boxeador Naser Al Shami, que alcançou o bronze nos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas.
A seleção síria de futebol nunca se classificou à final da Copa do Mundo de Futebol. A Síria participou da Copa da Ásia quatro vezes (1980, 1984, 1988 e 1996). No ranking mundial da FIFA, a seleção masculina de futebol foi classificada como a 80ª melhor seleção no mundo, enquanto a seleção feminina de futebol não recebeu posição pela entidade.
Ver também
Ásia
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Ásia
Ligações externas
Guerre Civil Síria
Organização Geral de Radio e TV — Siria
Patriarcado Siríaco Ortodoxo |
O Alasca (em inglês Alaska) é um dos 50 estados dos Estados Unidos e o maior em extensão territorial, sendo maior do que os estados norte-americanos do Texas, Califórnia e Montana juntos (respectivamente o segundo, o terceiro e o quarto mais extensos). É também o estado mais escassamente povoado dentre os 50 dos Estados Unidos, com uma densidade populacional de 0,5 hab/km². Tem menos habitantes do que qualquer estado americano com exceção de Wyoming e Vermont. Se fosse um país independente, o Alasca seria o 17° maior país do mundo em extensão territorial. Relativamente isolado do restante do país, é considerado parte dos Estados do Pacífico. É certo também que algumas ameaças de mísseis do Extremo Oriente só podem atingir os Estados Unidos pelo Alasca.
O Alasca é o estado mais setentrional e ocidental dos Estados Unidos. É também considerado por alguns como o estado mais oriental do país, uma vez que duas das ilhas do Arquipélago dos Aleutas estão localizadas no Hemisfério Oriental. A maior parte da população do estado vive na região sul e sudeste do estado, sendo que muito do Alasca é escassamente povoado. Por causa disso, o seu cognome oficial é The Last Frontier ("A Última Fronteira"). O Alasca é, em sua maior parte, uma península e faz fronteira somente com o Canadá, através do território de Yukon e da província de Colúmbia Britânica. É um dos dois estados norte-americanos que não fazem parte da área contínua dos Estados Unidos, os 48 estados contíguos localizados entre o Canadá e o México. O segundo estado é o Havaí.
O nome Alasca provém da palavra Alakshak, que significa "grande terra" ou "grande península" em aleúte, um idioma esquimo-aleutiano falado em partes do seu território; essa palavra foi depois traduzido em russo Аляска para acabar na língua inglesa. O Alasca foi comprado do Império Russo em 1867, graças à insistência do então Secretário de Estado dos Estados Unidos William Henry Seward, por 7,2 milhões de dólares. À época, Seward foi criticado por outros políticos e ridicularizado pela maioria da população norte-americana pela sua decisão, uma vez que boa parte da população americana acreditava então que o Alasca não passava de uma região coberta de gelo imprestável e que só servia para morada de ursos. Porém, descobertas de grandes reservas de recursos naturais desde então atraíram milhares de pessoas à região. Em 3 de Janeiro de 1959, o território do Alasca foi elevado à categoria de Estado, tornando-se o 49º estado americano.
História
Até 1867
Acredita-se que os antecedentes dos ameríndios que habitaram o continente americano por milhares de anos antes da chegada dos primeiros europeus foram asiáticos que teriam migrado da Ásia até o continente americano pelo estreito de Bering, que separa a Rússia do atual estado americano do Alasca. Não se sabe ao certo quando que esta migração ocorreu. Estima-se que esta migração tenha ocorrido entre 40 000 a 12 000 anos atrás, provavelmente em períodos que o estreito de Bering ficava coberto de gelo, facilitando a migração entre ambos os continentes.
Dois grupos distintos de nativos americanos viviam na região milhares de anos anteriormente à chegada dos primeiros europeus. Os Athabaskan, os Haida, os Tingit e os Tsimshian, que viviam ao longo do leste e do sul do atual Alasca, enquanto diversas tribos inuit viviam no norte e no oeste do Alasca e tribos aleútes viviam nas ilhas Aleutas. Os inuites e os aleutas são popularmente conhecidos como esquimós.
Em 1728, o dinamarquês Vitus Bering, comandando uma expedição russa, navegou no estreito que atualmente possui seu nome. Por causa de névoa pesada, Bering e sua tripulação foram incapazes de ver o Alasca. Porém, em 1741, Bering em outra expedição russa avistou e desembarcou em algumas das ilhas do arquipélago dos Aleutas.
O primeiro assentamento europeu no Alasca foi fundado em 1784, pelo russo Grigory Shelekov, na ilha de Kodiak. Nas décadas seguintes, consolidou-se o controle russo sobre a região.
A guerra da Crimeia, que ocorrera entre 1853 e 1856, debilitou muito a economia da Rússia. O então secretário de Estado estadunidense, William H. Seward, propôs a compra do Alasca. Muitos estadunidenses, entre eles vários políticos, eram contra esta compra, por acharem que esta região era imprestável. Tais críticos apelidaram o Alasca de "disparate de Seward".
O Congresso dos Estados Unidos acabou por aprovar a compra em 1867. Em 30 de março do mesmo ano, os Estados Unidos compraram o Alasca por 7 200 000 de dólares, ou cinco centavos por hectare. Ainda no mesmo ano, em 18 de outubro, a bandeira norte-americana foi içada pela primeira vez no Alasca, que se tornou um território dos Estados Unidos.
Desde 1867
Por mais de uma década, os Estados Unidos pouco se importaram com o Alasca. O território não teria um governo local próprio nos 17 anos que se seguiriam à compra, sendo administrado por diversos órgãos federais, tais como o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, de Economia e da Marinha norte-americana. Tais órgãos federais demonstraram pouco interesse em governar e resolver problemas da região. Foi apenas em 1884 que o governo americano instalou uma administração territorial no Alasca.
Ao longo da década de 1880 e de 1890, diversas grandes reservas de ouro foram encontradas no Alasca. Esta descoberta atraiu milhares de pessoas à região, que instalaram-se na região esperando melhorar suas condições de vida. Em apenas uma década, entre 1890 e 1900, a população do Alasca praticamente dobrou, tendo cerca de 33 400 habitantes em 1890 e 63 000 em 1900. A corrida do ouro terminou no início do século XX, e o crescimento populacional do Alasca estagnar-se-ia durante as décadas seguintes.
Um dos maiores problemas do Alasca, no início do século, era a falta de meios de transporte adequados. O imenso crescimento populacional da região fez com que os Estados Unidos concedessem fundos e criassem uma companhia para a construção de estradas, ferrovias e pontes ao longo do território, bem como o fornecimento de serviços de ferries, conectando comunidades isoladas com outras cidades portuárias. Em 1906, o Congresso americano permitiu que a população do território elegesse um representante que poderia discursar no Congresso, embora não tivesse poder de voto. Em 1912, o Congresso americano permitiu que o Alasca instalasse um governo territorial dotado de Poder Legislativo.
Porém, o crescente interesse dos americanos em geral no Alasca acabou fazendo com que o governo tomasse posse de grande parte de suas terras. Os nativos esquimós da região teriam de instalar-se permanentemente em comunidades urbanas, assim perdendo seus antigos costumes de vida. Além disso, os esquimós eram discriminados pelo governo, que os segregava dos brancos em instituições públicas, por exemplo. Os esquimós criaram em 1913 a Irmandade dos Esquimós do Alasca. Esta organização pressionou com sucesso o governo do território a abolir a segregação nas escolas e dar aos esquimós o direito de voto. Porém, a organização falhou em negociar um acordo com o governo americano sobre as terras do Alasca que haviam sido tomadas como propriedade do governo dos Estados Unidos. Em 1916, o representante do Alasca no Congresso americano propôs fazer do Alasca um Estado americano. Tal proposta foi rejeitada, no entanto.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a posição estratégica do Alasca, próximo à Ásia, motivou os Estados Unidos a construir diversas instalações militares na região. Em 1942, três das ilhas do arquipélago das Aleutas foram capturados pelos japoneses, sendo essa a única região dos Estados Unidos (bem como de todo o continente americano) a ser invadida por forças do Eixo durante a guerra. Os norte-americanos reconquistaram as ilhas em 1943. Então, o Alasca abrigava mais de 150 mil soldados, mais do que o dobro da população local. Após o fim da guerra, vários destes soldados decidiram estabelecer-se no Alasca de forma permanente.
Após o fim da Guerra, a população do Alasca passou a pressionar cada vez mais o governo americano a fazer do território um novo Estado americano. Várias leis foram introduzidas e rejeitadas com tal propósito no Congresso. Finalmente, em 1958, o Congresso americano aprovou a elevação do Alasca à categoria de Estado. Em 3 de Janeiro de 1959, o então Presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, assinou a emenda da constituição que tornou o Alasca o 49° Estado americano.
O governo estadual do Alasca enfrentou sérias dificuldades financeiras nos primeiros anos de vida do novo Estado, uma vez que vários serviços governamentais, antes sob responsabilidade da administração federal, passaram à responsabilidade do governo do Alasca. O governo americano cedeu ao Alasca muitas das terras das quais era anteriormente proprietário, e cedeu por várias vezes fundos de ajuda econômica ao Estado.
Em 27 de Março de 1964, uma Sexta-feira santa, o sul do Alasca foi atingido por um dos mais fortes sismos já registrados, que alcançou 9,2 na Escala de Richter, tendo epicentro próximo a Anchorage. O sismo, bem como o tsunami que se seguiu, matou 131 pessoas e provocou mais de 300 milhões de dólares em prejuízos.
Em 1968, a maior reserva de petróleo cru do continente americano foi descoberta, no extremo norte do Alasca. Um grande oleoduto, com cerca de 1 300 km de comprimento, foi construído, conectando a Baía de Prudhoe, região onde o petróleo era extraído, até a Baía de Valdez, onde o petróleo é transportado em petroleiros para outras regiões. Esse oleoduto foi inaugurado em 1977. Graças à indústria do petróleo, a economia do Alasca prosperou, e desde então a população do Estado tem crescido constantemente.
Em 1971, o governo federal cedeu oito milhões de hectares de terra para nativos, fazendo destas terras reservas aborígenes. Além disso, aproximadamente um milhar de milhões de dólares foi cedido pelo governo para a administração dessas reservas aborígenes, gerenciadas diretamente por cooperativas ameríndias.
Em 1976, o governo do Alasca aprovou uma emenda à constituição do Estado que pedia pela criação do Alaska Permanent Fund, uma poupança cujos fundos econômicos pertenceriam a todos os habitantes do Alasca. Os fundos viriam de um imposto cobrado pela extração de petróleo e de outros minérios, de 25%. O Estado aboliu o imposto de renda estadual em 1980. Desde 1982, todo ano, metade dos fundos gerados através do Alaska Permanent Fund são dados igualmente a todos os habitantes do Alasca.
Em 1989, o petroleiro Exxon Valdez chocou-se com um recife no sul do Alasca, causando um gigantesco vazamento de petróleo, de mais de 40 milhões de galões de petróleo cru, ao oceano, poluindo praias e destruindo o ecossistema local. A Exxon, proprietária do petroleiro, foi obrigada a pagar uma indenização de milhões de dólares ao governo do Alasca, bem como foi obrigada a arcar com os custos de limpeza, que totalizaram dois mil milhões (português europeu), dois bilhões (português do Brasil), de dólares. A limpeza teve fim em 1992.
Em 1988, o inglês tornou-se idioma oficial do Alasca, através de uma emenda estadual, passando a fazer parte da Constituição do Estado. A emenda, porém, foi considerada inconstitucional pela Suprema Corte do Alasca em 2002, embora ainda faça parte da Constituição estadual até os dias de hoje.
Geografia
O Alasca é uma gigantesca península. O Estado limita-se a norte com o oceano Ártico, a oeste com o estreito de Bering (o qual separa o Alasca da Rússia) e ao sul com o mar de Bering. O Alasca limita-se a leste com o território canadense de Yukon e com a província canadense de Colúmbia Britânica. Com seus km² (dos quais km² são terra firme e o resto é coberto por água), o Alasca é facilmente o maior estado dos Estados Unidos. É também a segunda maior subdivisão nacional do continente americano, sendo maior do que o estado brasileiro de Amazonas (), e menor do que o território canadense de Nunavut ().
O Alasca é cortado pelo rio Yukon, um dos rios mais longos da América do Norte, com seus km de comprimento. O estado possui milhares de pequenos lagos, com até algumas dezenas de quilômetros de largura. Porém, o Alasca é conhecido primariamente por abrigar milhares de geleiras (glaciares). O tamanho destas varia enormemente, de algumas centenas de metros até 80 km de comprimento. Estas geleiras atraem vários cientistas do Canadá e do Estados Unidos. Cerca de 35% do Alasca é coberto por florestas. A maior parte das florestas localiza-se no sul do Estado. O estado também tem alta atividade sísmica, pelo fato de estar no encontro das placas tectônicas do Pacífico e da Norte-Americana. O maior sismo que já atingiu o estado foi o de 1964. Em 2020, um sismo de 7,8 atingiu o estado, mas não causou grandes danos nem vítimas.
O litoral do Alasca possui 10 686 km de comprimento. Contando-se todas as regiões banhadas pelo mar – baías, estuários e ilhas oceânicas – este número salta para 54 563 km se contarmos o litoral formado por ilhas oceânicas, baías e estuários. Em ambas as categorias, o Alasca possui o litoral mais extenso do país, entre todos os Estados americanos.
65% do Alasca é administrado pelo governo federal dos Estados Unidos, como parques e reservas nacionais, 24,5% é administrado por municipalidades e distritos, 10% é administrado diretamente pelo Estado, e 1% é administrado por terceiros.
O Alasca pode ser dividido em quatro distintas regiões geográficas:
A Cadeia de Montanhas do Pacífico é uma cadeia de montanhas que inicia-se no Alasca e estende-se até a Califórnia. Esta região compreende todo o sul do Alasca, incluindo as Ilhas Aleutas e a península homónima, que fazem parte desta cadeia de montanhas. Na verdade, estas ilhas e a península não passam de uma cadeia de montanhas submersas, com as partes mais altas emergindo do nível do mar. Caracteriza-se pelo seu terreno acidentado e pela presença de vários picos de altíssimas altitudes, com quatro mil metros ou mais, entre eles, o Monte Denali, com 6 194 metros de altitude. O Denali é o monte mais alto na América do Norte. Esta região é uma região muito ativa geologicamente, possuindo vários vulcões ativos;
As Planícies e Planaltos Centrais localizam-se ao norte da cadeia de montanhas do Pacífico. Caracteriza-se pelo seu terreno relativamente plano. É a maior região do Alasca, ocupando cerca de 40% do Estado;
As Montanhas Rochosas localizam-se ao norte das Planícies e Planaltos Centrais. Localiza-se próximo ao norte do Alasca. Caracteriza-se pelo seu terreno acidentado, e pela presença de picos que podem alcançar até 2,7 mil metros de altitude;
As Planícies do Oceano Ártico localizam-se no extremo norte do Alasca. Caracteriza-se pela sua baixa altitude (de no máximo 180 metros) e pelo seu terreno relativamente plano. É a menor de todas as regiões. É uma região permanentemente coberta de gelo, por uma camada de gelo de até 300 metros de espessura.
Clima
Desde a compra do Alasca que a região é famosa mundialmente pelo seu estereótipo de possuir um clima polar, frio durante o ano inteiro. Porém, devido à sua grande extensão, tem climas diferentes, que variam de região a região. No geral, apresenta invernos longos e frios, cujas noites são muito longas, e verões amenos e curtos, com dias muito longos.
O norte apresenta as temperaturas mais baixas de todos os Estados Unidos. O norte do estado possui um clima polar. A temperatura média no inverno é de -24°C e de 8 °C no verão. Mínimas podem facilmente chegar aos -50 °C, e máximas dificilmente superam os 15 °C. A temperatura mais baixa já registrada não somente no Alasca mas bem como em todo os Estados Unidos em geral foi registrado em Barrow, -62 °C, em 23 de janeiro de 1971.
A região central e ocidental possui um clima temperado, com temperaturas menores no inverno e maiores no verão que na região sul, apresentando médias de -22 °C no inverno e de 16 °C no verão.
O extremo sul, ao longo do litoral do Estado com o oceano Pacífico, possui um clima temperado, cujos Invernos são amenizados pela corrente oceânica quente do pacífico e pelas correntes de ar amenas vindas do Japão. No sul, a temperatura média no Inverno é de -2 °C, e no verão, de 13 °C. Mínimas variam entre -45 °C no Inverno e 35 °C no Verão. A temperatura mais alta já registrada no estado é de 38 °C, registrada em 27 de junho de 1915.
As taxas de precipitação média anual de chuva no estado varia muito de região a região. A região sul do Alasca possui uma média anual que varia em média entre 80 a 240 (com certas regiões recebendo mais de 500 centímetros de precipitação média anual de chuva), graças às Montanhas Rochosas que agem como obstáculos naturais às correntes de ar úmidas do Pacífico. O resto do estado possui um clima muito seco. O norte do Alasca recebe menos de 40 cm de precipitação, com a região norte recebendo apenas 15 cm por ano. As taxas de precipitação média anual de neve varia entre 130 cm (sul) a 30 cm (oeste).
Política
A atual constituição do Alasca foi adotada em 1956 – três anos antes de ser elevado à categoria de estado. Emendas à constituição são propostas pelo Poder Legislativo do Alasca, e para serem aprovadas precisam receber ao menos um quarto dos votos do senado e da câmara dos representantes do estado, e então dois terços dos votos da população eleitoral do Alasca, em um referendo. Emendas também podem ser realizadas através de convenções constitucionais, encontros políticos especiais, que precisam ser aprovadas por ao menos 51% por cada câmara do poder legislativo e então por ao menos 60% da população eleitoral do Estado, em um referendo. Além disso, um referendo é realizado a cada dez anos no Alasca, onde a população vota a favor ou contra a proposta de novas emendas à constituição, através da realização de uma convenção constitucional.
O principal oficial do poder executivo no Alasca é o governador. Este é eleito pelos eleitores do estado para mandatos de até quatro anos de duração. Não existe um limite de termos que uma pessoa pode ser exercer como governador, porém, uma pessoa não pode exercer este cargo duas vezes seguidas. Os eleitores também elegem um tenente-governador. Não há um limite de termos que uma pessoa pode cumprir como tenente-governador.
O poder legislativo do Alasca é constituído pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. O senado possui um total de 20 membros, enquanto que a Câmara dos Representantes possui 40 membros. O Alasca está dividido em 20 distritos senatoriais e 40 distritos representativos. Os eleitores de cada distrito elegem um senador/representante, que irá representar tal distrito no Senado/Câmara dos Representantes. O termo dos senadores é de quatro anos e o termo dos representantes é de dois anos.
A corte mais alta do poder judiciário do Alasca é a Suprema Corte do Alasca. Embora concentre suas operações em casos civis, a Suprema Corte tem a última palavra em todos os casos estudados. Outra corte importante é a Court of Appeals ("Corte de apelações"). Todos os juízes do poder judiciário são escolhidos pelo governador. Porém, após um período de três anos, estes juízes precisam ser aprovados pela população nas eleições estaduais. Após isto, os juízes da Suprema Corte precisam ser reaprovados a cada seis anos, e juízes da Court of Appeals, a cada oito anos.
O Alasca está dividido em 27 distritos (boroughs). Existem dois tipos de distritos: os organizados e os não organizados. Os 16 distritos organizados concentram 86% da população do estado (e cobrem cerca de 44% do Alasca). Cada distrito organizado é governado por um conselho composto por cinco a doze membros, além de um administrador eleito pela população do distrito. Os outros 11 distritos são distritos não organizados, governados diretamente pelo Estado.
Aproximadamente 50% da receita do orçamento é gerada por impostos estaduais, e de royalties, especialmente da extração de petróleo. O restante vem de verbas recebidas do governo federal e de empréstimos. O estado não cobra imposto de renda de seus habitantes, nem imposto de venda, graças aos fundos provenientes dos royalties.
Em 2002, o governo do estado gastou 7,4 bilhões de dólares, tendo gerado 5 bilhões de dólares. A dívida governamental do Alasca é de 5,3 bilhões de dólares. A dívida per capita é de 8 281 dólares per capita, o valor dos impostos estaduais per capita é de 1 700 dólares, e o valor dos gastos governamentais per capita é de 11 548 dólares. O valor dos gastos governamentais per capita do governo do Alasca é o maior de todos os Estados Unidos.
O Alasca não é dominado por nenhum partido político. A grande maioria dos candidatos para cargos administrativos a nível regional são candidatos independentes, não afiliados a nenhum partido político. As eleições para governador, para o legislativo, e para os representantes do estado no Congresso dos Estados Unidos, foram vencidas em número semelhante tanto por candidatos democratas quanto candidatos republicanos. Porém, na grande maioria das eleições presidenciais americanas, o estado tem favorecido candidatos republicanos.
Demografia
De acordo com estimativas do United States Census Bureau, a população do Alasca em 2011 era de habitantes. O censo de 2000 estimou a população do Alasca em habitantes, um crescimento de 14% sobre a população de 1990, de habitantes. Uma estimativa realizada em 2005 estima a população do estado em habitantes, um crescimento de 20,2% em relação à população em 1990; de 5,9%, em relação à população em 2000; e de 0,9% em relação à população estimada em 2004.
O crescimento populacional natural do Alasca entre 2000 e 2005 foi de habitantes – nascimentos menos óbitos – o crescimento populacional causado pela imigração foi de habitantes, enquanto que a migração interestadual resultou na perda de habitantes. Entre 2000 e 2005, a população do Alasca cresceu em habitantes, e entre 2004 e 2005, em habitantes.
Cerca de 70% dos habitantes nasceram no estado. Há apenas uma região metropolitana, Anchorage, que é a maior cidade do Alasca. Cerca de dois quintos dos habitantes vivem em Anchorage. Cerca de 70% dos habitantes vivem em cidades e os outros 30% vivem em áreas não urbanas.
A maior parte da população do Alasca vive na região sul do estado, ao longo do litoral sul com o oceano Pacífico, onde o clima é menos rigoroso do que no norte do estado. O resto do Alasca é escassamente povoado. Porém, mesmo assim, algumas comunidades urbanas com alguns milhares de habitantes existem no interior e mesmo no litoral norte do estado.
Etnias
A composição étnica da população do Alasca de acordo com o censo estadunidense de 2010ː
64,1% – brancos não hispânicos
14,8% – indígenas e inuítes
5,5% – hispânicos
5,4% – asiáticos
3,3% – afro-americanos
7,3% – duas ou mais etnias
Os cinco maiores grupos étnicos do Alasca são: alemães (que compõem 16,6% da população do estado), nativos norte-americanos (15,6%), irlandeses (10,8%), ingleses (9,6%), estadunidenses (5,7%; a maioria possui ascendência europeia) e noruegueses (4,2%). O Alasca possui a maior percentagem de nativos norte-americanos entre os estados dos Estados Unidos.
As vastas e escassamente povoadas regiões do norte e do oeste do Alasca são primariamente habitadas por nativos norte-americanos. Anchorage, Fairbanks e outras partes da região centro-sul e sudeste do Alasca possuem uma grande população branca de ascendência britânica e alemã. A região Wrangell-Petersburg possui vários habitantes de ascendência escandinava e as Ilhas Aleutas possuem uma comunidade considerável de filipinos.
85,7% da população do Alasca possui o inglês como idioma materno e 5,2% possuem idiomas nativos norte-americanos como língua materna. O espanhol é o idioma materno de 2,9% da população do estado.
Religião
Esta é a distribuição da população do Alasca por afiliação religiosa:
Cristianismo – 81%
Protestantes – 68%
Igreja Batista – 11%
Igreja Luterana – 8%
Igreja Metodista – 6%
Igreja Pentecostal – 2%
Qualquer – 1%
Outras afiliações protestantes – 40%
Igreja Ortodoxa – 8%
Igreja Católica – 7%
Mórmons – 1%
Outras afiliações cristãs – 1%
Outras religiões – 1%
Não religiosos – 17%
O Alasca possui uma considerável comunidade ortodoxa graças à colonização russa na região. Vários missionários russos converteram muitos nativos à Igreja Ortodoxa.
Principais cidades
A cidade mais populosa é Anchorage, que possui aproximadamente 275 mil habitantes. Anchorage é também a terceira maior cidade do Estados Unidos em área. A maior parte das principais cidades do Alasca localizam-se ao litoral oceânico do estado.
100 mil habitantes ou mais
Anchorage
Entre 10 000 e 100 000 habitantes
Fairbanks
Juneau
Menos de 10 mil habitantes
Economia
A economia do Alasca está concentrada primariamente na extração de recursos naturais, dos quais o mais importante é o petróleo. A prestação de serviços governamentais também é relevante. O produto interno bruto (PIB) do estado foi de 49,2 bilhões de dólares, em 2010. A renda per capita do estado, por sua vez, foi de 44 174 dólares, o terceiro maior do país. O centro econômico, financeiro e industrial do estado é Anchorage. A taxa de desemprego do Alasca é de 7,5%, a mais alta entre qualquer estado norte-americano.
O setor primário responde por 2% do PIB do Alasca. A pesca responde por 1,6% do PIB, e emprega cerca de 12 mil pessoas. O Alasca é o maior produtor nacional de peixes e outros animais e vegetais marinhos e fluviais do país. A agricultura e a pecuária respondem por 0,2% do PIB do estado, e empregam cerca de 1,8 mil pessoas. O estado possui cerca de 570 fazendas, que cobrem cerca de 372 mil hectares de área, bem menos que 1% do estado. Os principais produtos agropecuários produzidos no estado são leite, carne de vaca e ovos. Vegetais e legumes não são cultivados em grande escala, em parte por causa do clima, em parte por causa do solo pouco fértil e do terreno acidentado. Porém, no verão, algumas frutas e legumes são cultivados em escala razoável, graças às 20 horas de sol que o estado recebe diariamente. A silvicultura responde por 0,2% do PIB e emprega cerca de cinco mil pessoas.
O setor secundário responde por 30% do PIB do Alasca. A mineração responde por 22% do PIB e emprega aproximadamente 12 mil pessoas. Outros recursos naturais extraídos no estado são ouro, zinco e prata. A indústria de manufatura responde por 4% do PIB e emprega aproximadamente 17 mil pessoas. O valor total dos produtos manufaturados no estado por ano é de cerca de 2,6 milhões de dólares. A indústria de construção responde por 4% do PIB e emprega cerca de 22 mil pessoas.
O setor terciário responde por 68% do PIB do Alasca. Serviços governamentais respondem por 19% do PIB e empregam aproximadamente 95 mil pessoas. Transportes, telecomunicações e utilidades públicas respondem por 16% do PIB do estado e empregam cerca de 33 mil pessoas. Serviços comunitários e pessoais correspondem por 13% do PIB, e empregam mais de 120 mil pessoas. Serviços financeiros e imobiliários respondem por 10% do PIB e empregam cerca de 24 mil pessoas. O comércio por atacado e varejo responde por 10% do PIB do estado e emprega cerca de 75 mil pessoas. 60% da electricidade gerada é produzida por usinas usinas termelétricas a gás natural, 15% em usinas termelétricas a petróleo, 15% por usinas hidrelétricas, e a maior parte do restante, por usinas termelétricas a carvão.
Infraestrutura
Educação
Todas as instituições educacionais no Alasca precisam seguir regras e padrões ditadas pelo Departamento de Educação de Alasca. Este conselho controla diretamente o sistema de escolas públicas do estado, que está dividido em diferentes distritos escolares. Cada cidade primária (city), cada um dos distritos organizados e qualquer cidade localizada em distritos não organizados é servida por um distrito escolar. Além de impostos e de verbas do governo estadual, muito das verbas necessárias para a manutenção destes distritos escolares provém royalties cobrados pelos distritos para empresas petroleiras. O Alasca permite a operação de escolas charter – escolas públicas independentes, que não são administradas por distritos escolares, mas que dependem de verbas públicas para operarem. Atendimento escolar é compulsório para todas as crianças e adolescentes com mais de sete anos de idade, até a conclusão do segundo grau ou até os quinze anos de idade.
Em 1999, as escolas públicas do estado atenderam cerca de 134,4 mil estudantes, empregando aproximadamente 7,8 mil professores. Escolas privadas atenderam cerca de 6,8 mil estudantes, empregando aproximadamente 600 professores. O sistema de escolas públicas do Estado consumiu cerca de 1,138 bilhão de dólares, e o gasto estadual per capita das escolas públicas foi de aproximadamente 9,2 mil dólares por estudante. Cerca de 90,6% das pessoas com mais de 25 anos de idade possuem um diploma de segundo grau, a percentagem mais alta entre qualquer Estado americano com exceção de Washington.
A primeira instituição de educação superior do Alasca – o Agricultural School of Mines – foi fundada em 1917, em Anchorage. Esta instituição é atualmente a Universidade do Alasca, a maior e mais importante instituição de ensino superior do Alasca, possuindo três campi em três diferentes cidades. O estado atualmente possui um total de duas universidades e quatro faculdades. Bibliotecas existem em todas as áreas urbanas com 2,5 mil habitantes ou mais.
Um problema atual no sistema educacional do Alasca é a fuga de cérebros. Muitos jovens, incluído os alunos mais bem-sucedidos das escolas do Estado, saem do Alasca após terminarem o segundo grau (high school). O Alasca tem tido sucesso em minimizar este problema ao oferecer bolsas de estudo para os 10% dos melhores alunos do segundo grau do Estado.
Transportes e telecomunicações
O sistema rodoviário é um dos menos desenvolvidos de todo os Estados Unidos. Isto porque o sistema rodoviário do Alasca cobre uma área relativamente pequena do estado, e conectando apenas os principais centros populacionais do Estado. A capital do estado, Juneau, não é acessível via estradas, fato que tem causado diversos debates e discussões nas últimas décadas, sobre a possibilidade de mudar a capital para uma cidade conectada ao sistema rodoviário do Estado. Em 2003, o Alasca tinha 22 903 km de vias públicas, dos quais 1 741 km eram rodovias interestaduais, parte do sistema rodoviário federal dos Estados Unidos. Nenhuma das rodovias do Estado conecta diretamente o Alasca com outros Estados americanos. A Alaska Highway ("Rodovia do Alasca") é a principal rodovia do Estado, conectando o Alasca com o Canadá, província de Colúmbia Britânica.
Uma curiosidade do Alasca é o Túnel Anton Anderson Memorial, que conecta Anchorage com Whittier. Este túnel, que possui cerca de 4 quilómetros de comprimento, é uma estrada de uma única faixa. A estrada também possui uma ferrovia. Como consequência, o tráfego de veículos e trens precisam compartilhar este túnel, resultando em períodos de espera de 20 minutos ou mais para entrar.
A Alaska Railroad ("Ferrovia do Alasca") conecta Seward e Fairbanks. É uma importante atração turística (por passar por regiões cujas paisagens naturais são muito apreciadas por turistas), bem como movimenta grandes quantidades de carga, especialmente minérios, do norte e do interior até os portos do sul. A Alaska Railroad é a única ferrovia primária do Alasca, possuindo cerca de 779 km de extensão. Anchorage é o maior centro portuário do estado.
A maioria das cidades e das vilas no Estado são acessíveis somente por mar ou pelo ar. O Alasca possui um sistema bem desenvolvido de ferry, conhecido como a Rodovia Marítima do Alasca, que atende as cidades do sul do Alasca. Cidades que não são acessíveis por estradas ou por mar somente podem ser acessadas pelo ar; como consequência, a aviação geral e regional do Alasca é bem desenvolvida, e os aeroportos do Estado são geralmente movimentados. Anchorage é o principal centro aeroportuário do Alasca, e a maior linha aérea operando na região é a Alaska Airlines.
O primeiro jornal publicado no Alasca foi o Sitka Times, publicado pela primeira vez em Sitka, em 1868, e ainda em circulação. Atualmente, são publicados no estado trinta jornais, dos quais sete são diários. A primeira estação de rádio do Alasca foi inaugurada em 1924, e a primeira estação de televisão do Alasca foi inaugurada em 1953, ambos em Anchorage. Atualmente, o estado possui 73 estações de rádio – dos quais 33 são AM e 40 são FM – e 13 estações de televisão.
Cultura
Símbolos do estado
Árvore: Picea sitchensis
Cognomes:
Last Frontier
Great Land (não oficial)
Land of the Midnight Sun (não oficial)
Mainland State (não oficial)
Desporto: Mushing
Flor: Myosotis
Fóssil: Mamute
Fruta: Maçã
Insecto: Libélula
Lema: North To The Future (Norte Para o Futuro)
Mamífero aquático: Balaena mysticetus
Mamífero terrestre: Alce
Música: Alaska's Flag (Bandeira do Alasca)
Pássaro: Lagopus lagopus
Pedra preciosa: Jade
Peixe: Salmão
Ver também
Lista de regiões administrativas do Alasca
Compra do Alasca
América Russa
Ligações externas |
Os Emirados Árabes Unidos (abreviado como EAU ou simplesmente Emirados Árabes; , ) são uma confederação árabe localizada no Golfo Pérsico, formada por monarquias, cada uma detendo sua soberania, chamadas emirados (equivalentes a principados). Os Emirados Árabes Unidos estão situados no sudeste da península Arábica e fazem fronteira com Omã e com a Arábia Saudita. Os sete emirados são Abu Dhabi, Dubai, Xarja, Ajmã, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujeira. A capital e a segunda maior cidade dos Emirados Árabes Unidos é Abu Dhabi. A cidade também é o centro de atividades políticas, industriais e culturais.
Antes de 1971, os Emirados Árabes Unidos eram conhecidos como Estados da Trégua, em referência a uma trégua do século XIX entre o Reino Unido e vários xeques árabes. O nome Costa Pirata também foi utilizado em referência aos emirados que ocupam a região do século XVIII até o início do século XX. O sistema político dos Emirados Árabes Unidos, baseado na constituição de 1971, dispõe de vários órgãos ligados intrinsecamente. O islamismo é a religião oficial e o idioma árabe, a língua oficial.
Os Emirados Árabes Unidos têm a sexta maior reserva de petróleo do mundo e possuem uma das mais desenvolvidas economias do Oriente Médio. O país tem, atualmente, a trigésima sexta maior economia a taxas de câmbio de mercado do mundo, e é um dos países mais ricos do mundo por produto interno bruto (PIB) per capita, com um PIB nominal per capita de 54 607 dólares, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O país classifica-se na décima quarta posição em paridade de poder de compra per capita e tem, relativamente, um Índice de Desenvolvimento Humano considerado 'muito elevado', ocupando o 34.º lugar. No entanto, o país é considerado "não livre" pela organização Freedom House. A Human Rights Watch aponta vários atropelos de direitos humanos no país.
Os Emirados Árabes Unidos são classificados como tendo uma alta renda de desenvolvimento da economia pelo FMI são um membros fundadores do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico, e um membro da Liga Árabe. A nação também é membro da Organização das Nações Unidas, da Organização para a Cooperação Islâmica, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, e da Organização Mundial do Comércio.
História
Primeiros povos
A habitação humana mais antiga dos Emirados Árabes Unidos data do período neolítico, c. . Nesta fase, há provas de interação com o mundo exterior, em particular com civilizações ao norte. Estes contatos persistiram e tornaram-se abrangentes, provavelmente motivados pelo comércio do cobre nas montanhas Hajar, que teve início por volta de 3000 a.C.. O comércio exterior, tema recorrente na história desta região estratégica, floresceu também em períodos posteriores, facilitado pela domesticação do camelo e o fim do segundo milénio a.C..
Por volta do , o tráfico terrestre entre a Síria e cidades do sul do Iraque começou, seguido pela viagem marítima ao importante porto de Omana (hoje em dia, chama-se Umm al Qaywayn) e, daí para a Índia, sendo uma alternativa para a rota do mar Vermelho usada pelos romanos.
Pérolas haviam sido exploradas na região durante milênios, mas neste momento, o comércio atingiu novos patamares. Viagens marítimas também foram um esteio e feiras importantes foram feitas em Doba, trazendo mercadores de regiões longínquas, como por exemplo, a China.
Advento do Islã
Acredita-se que a disseminação do Islã até a ponta nordeste da Península Arábica tenha ocorrido diretamente de uma carta enviada pelo profeta islâmico, Maomé, aos governantes de Omã no ano 630, nove anos após a hégira. Isso levou um grupo de governantes a viajar para Medina, convertendo-se ao Islã e, posteriormente, conduzindo uma revolta bem-sucedida contra os impopulares sassânidas, que dominavam as costas do norte na época. Após a morte de Maomé, as novas comunidades islâmicas ao sul do Golfo Pérsico ameaçaram se desintegrar, com insurreições contra os líderes muçulmanos. O califa Abu Bakr enviou um exército da capital Medina que completou sua reconquista do território (as Guerras Ridda) com a Batalha de Dibba na qual 10 mil vidas foram perdidas. Isso garantiu a integridade do califado e a unificação da Península Arábica sob o recém-emergente Califado Ortodoxo.
Em 637, Julfar (na área da atual Ras Al Khaimah) era um importante porto usado como um ponto de partida para a invasão islâmica do Império Sassânida. A área do oásis Al Ain/Buraimi era conhecida como Tu'am e era um importante entreposto comercial para as rotas de camelos entre a costa e o interior da Arábia.
O primeiro local cristão nos Emirados Árabes Unidos foi descoberto na década de 1990, um extenso complexo monástico no que agora é conhecido como ilha Sir Bani Yas e que remonta ao século VII. Considerada nestoriana e construída no ano 600, a igreja parece ter sido abandonada pacificamente em 750. Ele forma um raro vínculo físico com um legado do cristianismo que se acredita ter se espalhado pela península entre os anos de 50 e 350, seguindo rotas comerciais. Certamente, por volta do século V, Omã teve um bispo chamado João - o último bispo de Omã sendo Etienne, em 676.
Domínio europeu e otomano
A expansão portuguesa no oceano Índico, no início do século XVI, seguindo a rota de exploração do navegador Vasco da Gama, presenciou a batalha dos turco-otomanos pela costa do golfo Pérsico. Os portugueses controlaram esta área durante cerca de 150 anos, conquistando assim, os habitantes da península Arábica. Vasco da Gama foi ajudado por Ahmad Ibn Majid, navegador e cartógrafo árabe de Julfar, a encontrar a rota das especiarias da Ásia.
Em seguida, algumas partes da nação caíram perante a influência direta do Império Otomano durante o século XVI. Posteriormente, a região ficou conhecida pelos britânicos como a "Costa Pirata", por causa de invasores que ali se concentravam que assediaram o setor marítimo, apesar de tanto navios europeus, quanto árabes patrulharem a área do século XVII ao século XIX. Expedições britânicas para proteger o comércio indiano de invasores de Ras al-Khaimah levaram a campanhas contra estas sedes e outros portos ao longo da costa em 1819. No ano seguinte, um tratado de paz foi assinado, ao qual todos os xeques aderiram. As invasões continuaram de forma intermitente até 1835, quando os xeques não concordaram em participar das hostilidades do mar. Em 1853, eles assinaram um tratado com o Reino Unido, sob qual os xeques (os "Xeques da Trégua") concordaram com uma "trégua marítima perpétua". O tratado foi executado pelo Reino Unido, porém disputas entre os xeques foram encaminhadas para os britânicos para uma resolução.
Principalmente em reação à ambição de outros países europeus, o Reino Unido e os Xeques da Trégua estabeleceram vínculos mais próximos em um tratado, em 1892, semelhante a outros tratados assinados entre o Reino Unido e outros principados do golfo Pérsico. Os xeques não concordaram em ceder qualquer território, exceto ao Reino Unido, e não estabelecer relações com qualquer governo estrangeiro, que não fosse o RU, sem seu consentimento. Em troca, os ingleses prometeram proteger a Costa da Trégua de qualquer agressão marítima e ajudar em caso de ataque terrestre.
Indústrias das pérolas e de petróleo
Durante o século XIX e o início do século XX, a indústria de pérolas prosperou, proporcionando renda e emprego para o povo do golfo Pérsico. Isto começou a se tornar um bom recurso econômico para a população local. Então, a Primeira Guerra Mundial teve um severo impacto na pesca de pérolas, porém foi a depressão econômica no final da década de 1920 e início da década de 1930, junto com a invasão japonesa das pérolas cultivadas, que destruiu a indústria da pérola. A indústria finalmente desapareceu após a Segunda Guerra Mundial, quando o recém-independente governo da Índia impôs altos impostos nas pérolas importadas dos Estados árabes do golfo Pérsico. O declínio das pérolas resultou em uma era muito difícil, com poucas oportunidades de construir uma boa infraestrutura.
No início da década de 1930, a primeira empresa petrolífera dos EAU realizou inquéritos preliminares e então, o primeiro carregamento de petróleo bruto foi exportado de Abu Dhabi em 1962. Com o aumento das receitas do petróleo, o governador de Abu Dhabi, o xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, empreendeu um programa de construções, construindo escolas, moradias, hospitais e rodovias. Quando as exportações de petróleo de Dubai começaram, em 1969, o Xeque Rashid bin Saeed Al Maktoum, governante de Dubai de facto, também foi capaz de utilizar as reservas de petróleo para melhorar a qualidade de vida da população.
Em 1955, o Reino Unido ficou ao lado de Abu Dhabi em uma disputa com Omã sobre o oásis Buraimi, um outro território ao sul. Um acordo em 1974 entre Abu Dhabi e a Arábia Saudita teria resolvido a disputa de fronteiras Abu Dhabi-Saudi; no entanto, o acordo ainda tem de ser ratificado pelo governo dos Emirados Árabes Unidos e não é reconhecido pelo governo Saudita. A fronteira com Omã também permanece, oficialmente, incerta, porém os dois governos concordaram em delinear a fronteira em maio de 1999.
Independência
No início da década de 1960, o petróleo foi descoberto em Abu Dhabi, um evento que levou a rápidos rumores de unificação feitos pelos xeques. O xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan tornou-se governador de Abu Dhabi em 1966 e os britânicos começaram a perder seus investimentos petrolíferos e contratos para empresas petrolíferas estadunidenses. Os britânicos já haviam iniciado um programa de desenvolvimento que ajudou algumas pequenas reformas nos Emirados. Os xeques dos Emirados decidiram formar um conselho para coordenar as questões entre eles e tomar conta do programa de desenvolvimento. Eles formaram o Conselho dos Estados da Trégua, e nomearam Adi Bitar, o conselheiro legal do xeque Rashid bin Saeed Al Maktoum, como Secretário-Geral e Conselheiro Legal do Conselho. O conselho acabou quando os Emirados Árabes Unidos foi formado.
Em 1968, o Reino Unido anunciou sua decisão, reafirmada em março de 1971, de dar um fim às relações com os sete sheikhdoms da trégua que estiveram, junto ao Barém e o Catar, sob proteção britânica. Os nove tentaram formar uma união de emirados árabes, porém em meados de 1971 eles ainda eram incapazes de concordar em termos de união, mesmo que as relações britânicas expirariam em dezembro daquele ano. O Barém tornou-se independente em agosto, e o Catar em setembro de 1971. Quando o tratado britânico-sheikhdoms da trégua expirou em 1º de dezembro de 1971, os sete estados que ainda não haviam declarado suas independências acabaram se tornando independentes juntos, como um país único. Os mandantes de Abu Dhabi e Dubai formaram uma união entre seus dois emirados independentes, prepararam uma constituição, e chamaram os mandantes dos outros cinco emirados para uma reunião e ofereceram-lhes uma oportunidade de participar deste novo país. Também foi acordado entre o dois que a constituição seria escrita a 2 de dezembro de 1971. Nesta data, no Palácio Guesthouse de Dubai, quatro outros emirados concordaram em entrar em uma união que se chamaria Emirados Árabes Unidos. Ras al-Khaimah apenas se juntou depois, no início de 1972.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos, os EAU foram identificados como um importante centro financeiro usado pela Al-Qaeda para transportar dinheiro aos sequestradores (dos dois sequestradores do 11/9, Marwan al-Shehhi e Fayez Ahmed Bannihammad, que bateram com o United Flight 175 na Torre Sul do World Trade Center, eram cidadãos emiratenses). A nação imediatamente cooperou com os Estados Unidos, congelando contas ligadas a suspeitos de terrorismo e reprimindo fortemente a lavagem de dinheiro. O país já havia assinado um acordo de defesa militar com os EUA em 1994 e um com a França em 1995.
Os EAU apoiaram as operações militares dos Estados Unidos e os outros países engajados na guerra contra os talibãs no Afeganistão (2001) e Saddam Hussein e al-Qaeda no Iraque (2003) bem como operações que ajudam à Guerra Global contra o Terrorismo no Chifre da África, na Base Aérea de Al Dhafra, localizada fora de Abu Dhabi. A base aérea também ajudou operações dos Aliados na Guerra do Golfo Pérsico (1991). Em 2 de novembro de 2004, o primeiro presidente dos EAU, xeque Zayed bin Sultan Al Nahayan, faleceu. Seu filho mais velho, xeque Khalifa bin Zayed Al Nahyan, sucedeu-o como governador de Abu Dhabi. De acordo com a constituição, o Supremo Conselho de Governadores dos EAU elegeu Khalifa como presidente. O xeque Mohammad bin Zayed Al Nahyan sucedeu Khalifa como príncipe herdeiro de Abu Dhabi. Em janeiro de 2006, o xeque Maktoum bin Rashid Al Maktoum, o primeiro-ministro dos EAU e o governador de Dubai, faleceu, e o príncipe herdeiro, o xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum assumiu seus papéis.
Geografia
Os Emirados Árabes Unidos estão situados no Oriente Médio, fazendo fronteira com o golfo de Omã e o golfo Pérsico, entre Omã e a Arábia Saudita; o país localiza-se em uma posição estratégica ao longo das aproximações do estreito de Ormuz, um ponto de trânsito vital para o petróleo bruto mundial. Os EAU situam-se entre 22°50′ e 26° latitude norte e entre 51° e 56°25′ longitude leste. Compartilham uma fronteira de 530 km com a Arábia Saudita ao oeste, sul, e sudeste, e uma fronteira de 450 km com Omã ao sudoeste e nordeste. A fronteira terrestre com Catar na área de Khawr al Udayd é de cerca de 90 km no noroeste; no entanto, é um local disputado.
A área total dos EAU é de aproximadamente 77 700 km². O tamanho exato do país é desconhecido, por causa da disputa de diversas ilhas no golfo Pérsico, também pela falta de informações precisas sobre o tamanho de muitas dessas ilhas, e também porque muitas das fronteiras destas ilhas, especialmente com a Arábia Saudita, continuam a esperar demarcação. Adicionalmente, disputas de ilhas com o Irã e Catar permanecem por resolver. O maior emirado, Abu Dhabi, constitui 87% da área total dos EAU (67 340 km²). O menor emirado, Ajmã, abrange apenas 259 km², correspondendo a 0,3% da área de todo o país.
O litoral dos EAU se estende por mais de 650 km ao longo da costa sul do Golfo Pérsico. A maior parte da costa consiste de salinas que se estendem do interior. O maior porto natural está em Dubai, embora outros portos tenham sido dragados em Abu Dhabi, Xarja, e outros. Muitas ilhas são encontradas no golfo Pérsico, e as propriedades de algumas delas têm sido objeto de disputas internacionais com ambos Irã e Catar. As ilhas menores, bem como muitos recifes de coral e bancos de areia se deslocando, são uma ameaça para a navegação. Fortes marés e tempestades de vento ocasionais complicam ainda mais a navegação próxima à costa.
Clima
O clima dos Emirados Árabes Unidos é desértico, com verões e invernos quentes. Os meses mais quentes são julho e agosto, quando as temperaturas máximas médias atingem acima de 45°C na planície costeira. Nas montanhas Hajar, as temperaturas são consideravelmente mais baixas, como resultado do aumento da altitude. As temperaturas mínimas médias em janeiro e fevereiro estão entre 10 e 14°C.
Durante os meses do final do verão, um vento úmido do sudeste conhecido como Sharqi (ou seja, "oriental") torna a região costeira especialmente desagradável. A precipitação média anual na área costeira é inferior a 120 mm, mas em algumas áreas montanhosas, a precipitação anual costuma atingir 350 mm. A chuva na região costeira cai em rajadas curtas e torrenciais durante os meses de verão, às vezes resultando em enchentes em leitos uádi, normalmente secos. A região está sujeita a tempestades de areia violentas ocasionais, que podem reduzir drasticamente a visibilidade.
Em 28 de dezembro de 2004, houve registro de neve nos Emirados Árabes Unidos pela primeira vez, no aglomerado de montanhas Jebel Jais em Ras al-Khaimah. Alguns anos depois, houve mais avistamentos de neve e granizo. O aglomerado de montanhas Jebel Jais experimentou neve apenas duas vezes desde o início dos registros.
Meio ambiente e biodiversidade
Os Emirados Árabes Unidos contém três ecorregiões terrestres: Bosques montanhosos de Al Hajar, Deserto e semideserto do Golfo de Omã e bosques e arbustos xéricos no sopé de Al-Hajar.
Demografia
A demografia dos Emirados Árabes Unidos é extremamente diversificada. Em 2018, a população do país foi estimada em 9,6 milhões de habitantes, dos quais apenas 13% eram considerados cidadãos nativos, enquanto a maioria da população é formada por expatriados.
A expectativa de vida média é 76,7 anos (2012), maior do que a de qualquer outro país árabe. O desequilíbrio populacional entre os sexos dos Emirados Árabes Unidos é o segundo maior do mundo, depois da Catar.
Religião
O islamismo é a religião oficial e a mais popular do país. O governo segue uma política de tolerância para com outras religiões e raramente interfere nas atividades de não muçulmanos. Da mesma forma, espera-se que os não muçulmanos evitem interferir em assuntos religiosos islâmicos.
O governo impõe restrições à disseminação de outras religiões através de qualquer forma de mídia, pois é considerada uma forma de proselitismo. Há aproximadamente 31 igrejas em todo o país, um templo hindu na região de Bur Dubai, um templo sikhista em Jebel Ali e também um templo budista em Al Garhoud.
Com base no censo do Ministério da Economia, em 2005, 76% do total da população era muçulmana, 9% era cristã e 15% de outras, principalmente o hinduísmo. Os números do censo não levam em conta os muitos visitantes "temporários" e os trabalhadores, contando os Baha'is e os drusos como muçulmanos. Entre os cidadãos dos Emirados, 85% são muçulmanos sunitas, enquanto que os muçulmanos xiitas são 15% da população, a maioria concentrada nos emirados de Xarja e Dubai. Os imigrantes de Omã são principalmente ibadistas, apesar de também terem influência sufista.
Imigração e composição étnica
A taxa de migração líquida do país é de 21,71, a mais alta do mundo. Nos termos do artigo 8º da lei federal nº 17, um expatriado pode requerer a cidadania árabe-emiradense depois de residir no país por 20 anos, desde que essa pessoa nunca tenha sido condenada por qualquer crime e que fale árabe fluentemente. No entanto, esta cidadania não é dada tão facilmente, sendo que muitas pessoas vivem no país como apátridas (conhecidas como localmente como bidunes).
Existem 1,4 milhão de cidadãos dos árabes-emiradenses. A população local é etnicamente diversa. De acordo com a CIA, 19% dos residentes eram nativos, 23% eram outros árabes e iranianos, 50% eram da Ásia Meridional e 8% eram outros expatriados, incluindo ocidentais e asiáticos (1982 est.). Em 2009, os cidadãos árabes-emiradenses respondiam por 16,5% da população total; imigrantes do sul da Ásia (Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka e Índia) constituíam o maior grupo, perfazendo 58,4% do total; outros asiáticos constituíam 16,7%, enquanto os expatriados ocidentais eram 8,4% da população total dos Emirados Árabes Unidos.
Há uma presença crescente de europeus, especialmente nas cidades cosmopolitas, como Dubai. Os expatriados ocidentais, da Europa, Austrália, América do Norte e América Latina compõem 500 mil pessoas. Mais de 100 mil cidadãos britânicos vivem no país. O resto da população vem de outros estados árabes.
Urbanização
Cerca de 88% da população dos Emirados Árabes Unidos é urbana.
Política
Governo
A cada 5 anos o conselho de emires se reúne para eleger um presidente e um vice-presidente entre eles. Zayed Bin Sultan Al Nahyan, emir de Abu Dhabi desde 1966 e líder político da nação desde sua independência, em 1971, foi reeleito sucessivas vezes pelos emires até à sua morte, em 2 de novembro de 2004. Como seu sucessor, assumiu o cargo o seu filho, Khalifa Bin Zayed Al Nahyan, e inclusive foi eleito unanimemente Presidente em 3 de novembro de 2005 para estar à frente do país em eleição realizada entre os emires. O vice-presidente do país é Mohammed bin Rashid Al Maktoum, Emir de Dubai, que teve seu mandato reafirmado dia 3 de novembro de 2005 em eleição unânime entre os mesmos emires.
A bandeira nacional contém as cores pan-árabes vermelho, verde, branco e preto, simbolizando a unidade Arábica. Além disso, as cores individuais tem os seguintes significados: verde: fertilidade; branco: neutralidade; preto: a riqueza de petróleo dentro das fronteiras do país. O brasão de armas consiste num falcão dourado com um disco em seu interior que mostra a bandeira do país rodeada por sete estrelas representando os sete Emirados da federação. O falcão com as suas garras detém um pergaminho com a inscrição do nome da federação. O Tahiat Alalam (A'ishi Biladi ou Ishy Bilady Que a minha Nação viva para a posteridade) é o hino nacional dos Emirados Árabes Unidos, composto por Arif asch-Schaich. É cantado em árabe.
Relações internacionais
Os Emirados Árabes Unidos são classificados como tendo uma alta renda de desenvolvimento da economia pelo FMI são um membros fundadores do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico, e um membro da Liga Árabe. A nação também é membro da Organização das Nações Unidas, da Organização para a Cooperação Islâmica, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, e da Organização Mundial do Comércio.
O país mantêm relações estreitas com o Egito e é o maior investidor egípcio do mundo árabe. O Paquistão foi o primeiro país a reconhecer formalmente os Emirados Árabes Unidos após sua formação e continua a ser um de seus principais parceiros econômicos e comerciais. A China também é um forte aliado internacional, com uma cooperação significativa nas linhas econômicas, políticas e culturais. A maior presença de expatriados no país é formada por indianos. Os Emirados Árabes Unidos também têm um relacionamento longo e próximo com o Reino Unido e a Alemanha, sendo que muitos cidadãos europeus residem no país.
Após a retirada britânica em 1971 e a independência do país, os Emirados Árabes Unidos disputaram os direitos de três ilhas no Golfo Pérsico contra o Irã, nomeadamente Abu Musa e Grande e Pequena Tunb. Os Emirados Árabes Unidos tentaram levar o assunto ao Tribunal Internacional de Justiça, mas o governo iraniano rejeitou a ideia. A disputa não afetou significativamente as relações por causa da grande presença da comunidade iraniana e fortes laços econômicos.
Os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos têm laços estratégicos muito estreitos. Os estadunidenses mantêm três bases militares no país árabe. Em 2013, os Emirados Árabes Unidos gastaram mais do que qualquer outro país do mundo para influenciar a política estadunidense e moldar o debate doméstico.
A Arábia Saudita também é um aliado próximo desde quando Salman bin Abdulaziz Al Saud se tornou rei saudita em 2015 e Mohammed bin Salman como príncipe herdeiro em 2017. Em junho de 2017, os Emirados Árabes Unidos, juntamente com vários países do Oriente Médio e da África, cortaram relações diplomáticas com o Catar devido a alegações de que este era um Estado "patrocinador do terrorismo", resultando na crise diplomática. Em 2018, os Emirados Árabes Unidos também apoiaram os sauditas em sua disputa com o Canadá e sobre a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Além disso, os Emirados Árabes Unidos têm estado ativamente envolvidos na intervenção militar liderada pelos sauditas no Iêmen e tem apoiado o governo internacionalmente reconhecido do Iêmen, bem como o Conselho de Transição do Sul, contra o golpe de Estado de 2014-2015. A coalizão liderada pela Arábia Saudita foi repetidamente acusada de conduzir ataques aéreos indiscriminados e ilegais contra alvos civis no Iêmen.
Em agosto de 2020, os Emirados Árabes Unidos e Israel chegaram a um acordo de paz histórico para levar à normalização total das relações entre os dois países. O acordo foi assinado em 15 de setembro de 2020 e surgiu como resultado dos esforços dos Emirados para impedir a anexação israelense de partes da Cisjordânia.
Forças armadas
As forças armadas dos Emirados Árabes Unidos são o principal responsável pela defesa de todos os sete emirados. Consistem do Exército, Marinha e Força Aérea. O seu comandante supremo é Maomé bin Zayed Al Nahyan.
Os Emirados Árabes Unidos têm estado preocupados com a ameaça militar representada pelo Irã, dada a apreensão unilateral de ilhas disputadas no estreito de Ormuz pelos iranianos, a sua posse de mísseis balísticos de médio alcance, e a suspeita de desenvolvimento de uma capacidade nuclear.
As ameaças da Al-Qaeda, e outros grupos militantes islâmicos, não são consideradas preocupantes nos Emirados Árabes Unidos como são na Arábia Saudita, já que estes grupos não possuem uma base de operações ou de apoio no país.
Há, no entanto, preocupações de segurança, devido à volatilidade geral da região do golfo Pérsico, os constantes ataques terroristas no Iraque, o tamanho e a mobilidade da grande população de expatriados, predominantemente muçulmana, e o ambiente liberal de negócios pró-Ocidente no país.
Direitos humanos
Os direitos humanos são mencionados na Constituição dos Emirados Árabes Unidos (1971/2004), que diz conferir igualdade, liberdade, estado de direito, a presunção de inocência em procedimentos legais, inviolabilidade de propriedades particulares, as liberdades de circulação, imprensa, expressão, comunicação, religião, associação, profissão, ser eleito para um cargo entre outras, com a ressalva vaga "desde que dentro dos limites da lei".
O sistema judicial nos Emirados Árabes Unidos é baseado na lei britânica, com influências das leis islâmicas, francesas, romanas e egípcias. No entanto, a principal fonte da lei dos Emirados é a xaria. O artigo 7 da constituição determina que "o Islã é a religião oficial da Federação e a xaria islâmica é a principal fonte de sua legislação". Em 1978, os Emirados começaram um processo de islamização da lei do país, tendo o seu Conselho de Ministros nomeado um comitê para identificar todas as suas leis que estavam em conflito com a xaria. Entre as muitas mudanças que se seguiram, os emirados incorporaram os crimes hudud da xaria em seu código penal - sendo a apostasia um deles, punível com a morte.
Os Emirados Árabes Unidos estão mal classificados nos índices de liberdade que medem as liberdades civis e os direitos políticos. Os EAU são classificados anualmente como "não livres" no relatório anual Freedom in the World da Freedom House, que mede as liberdades civis e os direitos políticos. Os Emirados Árabes Unidos dizem ter um das mais fortes níveis de direitos humanos na região, apontando o facto de em novembro de 2012, o país ter sido eleito para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas para um mandato de três anos; porém, a esse conselho pertencem também países pouco ligados a direitos humanos, como a Arábia Saudita.
É necessário se fazer muito mais para trazer a situação até níveis internacionais. Muitos dos trabalhadores estrangeiros, em sua maioria de origem asiática, são transformados em servos através de dívidas após sua chegada ao país. A confiscação dos passaportes, embora seja ilegal, ocorre em grande escala, principalmente com trabalhadores não qualificados ou semiqualificados. Operários trabalham muitas vezes sob calor intenso, com temperaturas chegando a atingir entre 40 °C e nas cidades em agosto. As temperaturas oficiais são censuradas durante os meses de verão, o que é uma prática comum entre todos os países do golfo Pérsico. Apesar de tentativas terem sido feitas desde 2009 para fazer cumprir uma regra de intervalo de trabalho ao meio-dia, estas são frequentemente desrespeitadas pelas autoridades. Os trabalhadores que recebem uma pausa do meio-dia, muitas vezes não têm lugar adequado para descansar e tendem a procurar alívio em ônibus, táxis e jardins.
Devido ao rápido desenvolvimento econômico dos Emirados Árabes Unidos, que saiu de uma sociedade tradicional e relativamente homogênea em meados do século XX para um país moderno e multicultural no início do século XXI, o desenvolvimento concomitante de disposições legais e da aplicação prática das leis existentes foi desafiador e, em consequência, problemas existem, principalmente no que diz respeito aos direitos humanos dos moradores que não são nativos e que compõem cerca de 80% da população, como empresas e empregadores que não cumprem leis trabalhistas. De acordo com o relatório anual do Departamento de Estado dos Estados Unidos sobre práticas de direitos humanos dos EUA, os Emirados Árabes estão violando uma série de práticas fundamentais. Especificamente, o país não tem instituições democraticamente eleitas e os cidadãos não têm o direito de mudar o governo ou de formar partidos políticos. Em certos casos, o governo dos Emirados Árabes Unidos abusa de pessoas sob custódia e nega aos seus cidadãos o direito a um julgamento rápido e ao acesso a um advogado durante as investigações oficiais.
Em março de 2013 uma jovem norueguesa que procurou uma delegacia de Dubai para denunciar ter sido vítima de estupro, acabou sendo condenada a 16 meses de prisão por sexo fora do casamento, consumo de bebidas alcoólicas e falso testemunho. A mulher era uma decoradora que estava na cidade por conta de uma viagem a trabalho e foi estuprada após sair com amigos. Ao procurar as autoridades, teve o passaporte e o dinheiro confiscado e quatro dias depois foi processada. O estuprador recebeu uma pena de 13 meses por sexo fora do casamento e consumo de álcool. Nos Emirados Árabes Unidos, como em alguns outros países que utilizam a lei islâmica, a confirmação de estupro pode exigir a confissão ou o testemunho de quatro homens adultos. A sentença foi fortemente criticada pela comunidade internacional.
O governo restringe a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, enquanto a mídia local pratica a auto-censura, evitando criticar diretamente o governo. A liberdade de associação e de religião também são limitadas. Apesar de terem sido eleitos para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, os Emirados Árabes Unidos não assinaram tratados internacionais de direitos humanos e de direitos trabalhistas, como o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, a Convenção sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e Membros de suas Famílias e a Convenção contra a Tortura. Jornalistas estrangeiros também registram com frequência violações dos direitos humanos que ocorrem dentro do país.
Subdivisões
A Nação dos Emirados Árabes Unidos é constituída por sete regiões administrativas; os sete emirados (imarat; singular: imarah): Abu Dabi; Ajmã; Fujeira; Xarja; Dubai; Ra's al Khaymah; e Umm al Qaywayn.
Cada emirado é uma monarquia controlada por uma família real com soberania sobre o território regional. Dessas sete divisões regionais, o Emirado de Abu Dhabi, que cobre 86,7% da área total do país, é dividido em três sub-emirados: o sub-emirado que compreende a cidade de Abu Dhabi, um sub-emirado leste e um sub-emirado oeste. Existe um supremo conselho federal: formado pelos sete emires, que se reúne regularmente (quatro vezes) ao ano, sendo que os emires de Abu Dhabi e de Dubai têm o poder de veto.
Economia
Os EAU têm uma economia aberta com um elevado rendimento per capita e um superávit comercial anual considerável. Em 2009, seu PIB, medido pela paridade do poder de compra (PPC) foi de 200,4 bilhões de dólares. O PIB per capita do país é atualmente o 14º maior do mundo e o terceiro maior do Oriente Médio, depois do Catar e Kuwait, medido pelo CIA World Factbook, ou o 17º no mundo, medido pelo Fundo Monetário Internacional.
A economia dos Emirados Árabes Unidos, em especial a de Dubai, foi duramente atingida pela crise econômica de 2008-2009. Em 2009, a economia do país encolheu 4%.
As exportações de petróleo e gás natural desempenham um papel importante na economia, especialmente em Abu Dhabi. Um boom de construção maciça, uma base industrial em expansão e um próspero setor de serviços estão ajudando os Emirados Árabes Unidos a diversificar sua economia. Em todo o país há atualmente 350 bilhões de dólares em valor de projetos de construções ativas. Tais projetos incluem o Burj Khalifa, atualmente o edifício mais alto do mundo, o Aeroporto Internacional Al Maktoum, que, quando concluído, será o aeroporto mais caro já construído, e as três Palm Islands, as maiores ilhas artificiais do mundo.
Outros projetos incluem o Dubai Mall, que é o maior shopping do mundo, a Yas Island, e um arquipélago artificial chamado The World, que pretende aumentar ainda mais a crescente indústria do turismo de Dubai. Também no setor de entretenimento está a construção de Dubailand, que deverá ter o dobro do tamanho da Disney World, o Ferrari World Abu Dhabi, e a Cidade dos Esportes de Dubai, que não só irá disponibilizar casas para as equipes esportivas locais, como também poderá fazer parte de uma futura sede olímpica.
O aumento significativo das importações de bens manufaturados, como máquinas e equipamentos de transporte, representaram juntos 80% do total das importações do país. Outro importante gerador de divisas estrangeiras, a Autoridade de Investimento de Abu Dhabi, que controla os investimentos de Abu Dhabi, o emirado mais rico do país gerencia cerca de 360 bilhões de dólares em investimentos no exterior e cerca de 900 bilhões de dólares em ativos.
Mais de 200 fábricas operam no complexo de Jebel Ali, em Dubai, que inclui um porto de águas profundas e uma zona franca para a fabricação e distribuição, em que todas as mercadorias para exportação desfrutam de uma isenção de impostos de 100%. Uma usina de grande potência com uma unidade de dessalinização de água associada, uma fundição de alumínio e uma unidade de fabricação de aço são instalações de destaque no complexo. O complexo está atualmente em fase de expansão, com terrenos para diversos setores da indústria. Um grande número de passageiros do futuro aeroporto internacional e de carga de Dubai, o Aeroporto Internacional Dubai World Central, com a logística associada, indústria transformadora e hospitalidade, está também previsto para o complexo.
Exceto nas zonas francas, os Emirados Árabes Unidos exigem, pelo menos, 51% de impostos dos cidadãos locais em todas as operações financeiras no país, como parte de sua tentativa de colocar os Emirados em posições de liderança. No entanto, esta lei está sob revisão e à cláusula de participação maioritária, muito provavelmente, será desfeita, a fim de levar o país em linha com as normas da Organização Mundial do Comércio.
Como um membro do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), os Emirados Árabes Unidos participam do vasto leque de atividades GCC sobre as questões econômicas. Estes incluem consultas regulares e desenvolvimento de políticas comuns que abrangem o comércio, investimento, comércio bancário e finanças, transportes, telecomunicações e outras áreas técnicas, incluindo a proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Infraestrutura
Educação
O ensino secundário é monitorado pelo Ministério da Educação em todos os emirados, exceto Abu Dhabi, onde ele está sob a autoridade do Conselho de Educação de Abu Dhabi. O sistema consiste em escolas primárias, escolas secundárias e escolas de ensino médio. As escolas públicas são financiados pelo governo e a grade curricular é criada para coincidir com os objetivos de desenvolvimento dos Emirados Árabes Unidos. O meio de instrução na escola pública é o árabe, com ênfase no inglês como segunda língua. Há também muitas escolas privadas que são internacionalmente reconhecidas. As escolas públicas no país são gratuitas para os cidadãos do país, enquanto as taxas para escolas privadas variam.<ref name="cpp">United Arab Emirates country profile. Livraria do Congresso (Julho de 2007).</ref>
O sistema de ensino superior é monitorado pelo Ministério do Ensino Superior, que também é responsável pela admissão de estudantes para as suas instituições de graduação. A taxa de alfabetização em 2007 era de 91%. Milhares de cidadãos estudam em 86 centros de educação de adultos espalhados por todo o país.
Os Emirados Árabes Unidos têm mostrado um forte interesse na melhoria da educação e da pesquisa. As empresas mantêm estabelecimentos nos Centros de Pesquisa CERT, no Instituto Masdar de Ciência e Tecnologia e no Instituto de Desenvolvimento Empresarial. De acordo com o QS World University Rankings, as melhores universidades do país são a Universidade dos Emirados Árabes Unidos (421-430º lugar no mundo), a Universidade Khalifa (441-450º), a Universidade Americana de Xarja (431-440º) e a Universidade de Xarja (551-600º).
Transportes
Os Emirados Árabes Unidos possuía 43 aeroportos em 2013, o que faz deste o nonagésimo nono país em número de aeroportos no mundo. Do total de aeroportos, 25 possui pistas pavimentadas.
As auto-estradas estão em bom estado e totalmente iluminadas, existindo um total de 4.080 quilômetros de rodovias em 2008. Existe um serviço regular de ônibus entre Abu Dhabi e Dubai. Em 2020, o país possuía 10 transportadoras aéreas registradas, que trafegavam em torno de 96 milhões de passageiros anualmente.
Saúde
A expectativa de vida ao nascer no país é de 78,5 anos. Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nos Emirados Árabes Unidos, constituindo 28% do total; outras causas principais são acidentes e lesões, câncer e anomalias congênitas.
Em fevereiro de 2008, o Ministério da Saúde anunciou uma estratégia de saúde de cinco anos para o setor público nos emirados do norte, que estão sob a sua alçada e que, ao contrário de Abu Dhabi e Dubai, não têm as autoridades de saúde independentes. A estratégia centra-se na unificação de política de saúde e na melhora do acesso aos serviços médicos a um custo razoável, além de ao mesmo tempo reduzir a dependência de tratamentos no exterior. O ministério planeja adicionar três hospitais aos atuais 14, além de outros 29 centros de assistência médica primária para ampliar a rede atual de 86 centros.
A introdução do seguro de saúde obrigatório em Abu Dhabi para expatriados e seus dependentes foi um dos principais motores da reforma da política de saúde. Eventualmente, sob a lei federal, todos os emirados e expatriados no país serão cobertos pelo seguro ao abrigo de um regime unificado obrigatório.
O país estimulado a vinda de médicos de todo o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo. Os Emirados Árabes Unidos atrai médicos estrangeiros que procuram a cirurgia plástica e procedimentos avançados, como cirurgia cardíaca e de medula e tratamento dentário, visto que os serviços de saúde têm padrões mais elevados do que outros países árabes do Golfo Pérsico.
Cultura
A cultura emiradense é baseada na cultura árabe e tem sido influenciada pelas culturas da Pérsia, Índia e África Oriental. arquitetura árabe e persa é parte da expressão da identidade local. A influência persa na cultura do país é visível nas artes, na arquitetura e no folclore dos Emirados Árabes Unidos. Por exemplo, o "barjeel" tornou-se uma marca de identificação da arquitetura tradicional e é atribuída à influência persa.
O país tem uma sociedade diversa. Os principais feriados em Dubai incluem o Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã, e o Dia Nacional (2 de dezembro), que marca a formação dos EAU. Os homens emiradenses preferem usar uma kandura, uma túnica branca até os tornozelos, tecida de lã ou algodão, enquanto as mulheres geralmente usam uma abaya, uma túnica preta sobre a roupa que cobre a maioria das partes do corpo.
Culinária
A comida tradicional dos Emirados Árabes Unidos sempre foi arroz, peixe e carne. O povo dos Emirados Árabes Unidos adotou a maioria de seus alimentos de outros países da Ásia Ocidental e do Sul, incluindo Irã, Arábia Saudita, Paquistão, Índia e Omã. Os frutos do mar têm sido o esteio da dieta dos Emirados por séculos. Carne e arroz são outros alimentos básicos, com cordeiro e carneiro sendo preferidos em vez de cabra e boi. As bebidas populares são o café e o chá, que podem ser complementados com cardamomo, açafrão ou menta para dar-lhes um sabor distinto.
Os pratos culturais populares dos Emirados incluem threed, machboos, khubisa, khameer e pão chabab, entre outros, enquanto o Lugaimat é uma famosa sobremesa dos Emirados.
Com a influência da cultura ocidental, o fast-food se tornou muito popular entre os jovens, a ponto de serem realizadas campanhas para destacar os perigos dos excessos desta prática de alimentação. [370] Bebidas alcoólicas só podem ser servidas em restaurantes e bares de hotéis. Todas as casas noturnas podem vender bebidas alcoólicas, com alguns supermercados específicos podendo vendê-las em seções separadas. Da mesma forma, a carne de porco, que é haraam (não permitida para muçulmanos), é vendida em seções separadas em todos os grandes supermercados. Embora bebidas alcoólicas possam ser consumidas, é ilegal ficar intoxicado em público ou dirigir um veículo motorizado com qualquer vestígio de álcool no sangue.
Esportes
O futebol é um esporte popular nos Emirados Árabes Unidos. Os clubes de futebol Al-Ain, Al-Wasl, Al-Shabbab ACD, Al-Sharjah, Al-Wahda e Al-Ahli são os times mais populares do país e desfrutam da reputação de campeões regionais. A Associação de Futebol dos Emirados Árabes Unidos foi estabelecida pela primeira vez em 1971 e desde então tem dedicado seu tempo e esforço para promover o esporte, organizando programas de jovens e melhorando as habilidades dos jogadores, funcionários e treinadores envolvidos com suas equipes regionais. A Seleção Emiradense de Futebol classificou-se para a Copa do Mundo da FIFA de 1990 ao lado do Egito. Foi a terceira Copa do Mundo consecutiva com duas nações árabes qualificadas, depois de Kuwait e Argélia em 1982 e do Iraque em 1986. Os Emirados Árabes Unidos ganharam a Copa das Nações do Golfo duas vezes: a primeira taça, em janeiro de 2007, realizada em Abu Dhabi e a segunda, em janeiro de 2013, no Barém.
O críquete também é um dos esportes mais populares no país, em grande parte por causa da população de expatriados dos países da Ásia Meridional, do Reino Unido e da Austrália. O Estádio da Associação de Críquete de Xarja já sediou quatro jogos internacionais. O Estádio Xeique Zayed em Abu Dhabi também sediou partidas internacionais de críquete. Dubai tem dois estádios de críquete, sendo que um terceiro faz parte da Cidade dos Esportes de Dubai. A cidade também é o lar do Conselho Internacional de Críquete. A equipe nacional de críquete dos Emirados Árabes Unidos se classificou para a Copa do Mundo de Críquete de 1996 e por pouco perdeu a qualificação para a Copa do Mundo de Críquete de 2007. Eles se classificaram para a Copa do Mundo de Críquete de 2015, realizada na Austrália e Nova Zelândia.
A Fórmula Um é particularmente popular no país e é realizado anualmente no pitoresco Circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi. A corrida é realizada no tempo da noite e é o primeiro Grand Prix a começar à luz do dia e terminar à noite. Outros esportes populares incluem corrida de camelos, falcoaria, enduro equestre e tênis. O emirado de Dubai é também o lar de dois principais campos de golfe.
Feriados
Ver também
Golfo Pérsico
Ásia
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Ásia
Ligações externas |
As Ilhas da Nova Sibéria (russo: Novosibirskiye Ostrova) constituem um grande arquipélago polar russo, localizado entre o Mar de Laptev, a oeste, o Mar da Sibéria Oriental, a leste, o Oceano Glacial Árctico, a norte, e o Estreito de Dimitri Laptev, que separa as ilhas do continente, a sul.
O arquipélago tem uma área de aproximadamente 28200 km².
O arquipélago inclui as Ilhas da Nova Sibéria propriamente ditas, ou Ilhas Anzhu, cobrindo uma área total de cerca de 29 000 km²:
Ilha Kotelny (о. Коте́льный) 11 700 km² e
Ilha Faddeyevsky (о. Фадде́евский) 5300 km²
ligadas pela Terra de Bunge (земля́ Бу́нге) 6200 km² (faixa ocasionalmente submersa)
Nova Sibéria (Novaya Sibir, о. Но́вая Сиби́рь) 6200 km²
Ilha Belkovsky (о. Бельковский) 500 km²
Mais a sul e próximo do continente estão as Ilhas Lyakhovskiye (6100 km²):
Ilha Lyakhovsky Grande (о. Большо́й Ля́ховский) 4600 km²
Ilha Lyakhovsky Pequena (о. Ма́лый Ля́ховский) 1325 km²
Ilha Stolbovoy (о. Столбово́й) 170 km²
Ilha Semyonovsky (о. Семёновский) 5 km²
As mais pequenas Ilhas De Long (228 km²) estão a nordeste de Nova Sibéria (Novaya Sibir):
Ilha Jeannette (о. Жанне́тты)
Ilha Henrietta (о. Генрие́тты)
Ilha Bennett (о. Бе́ннетта)
Ilha Vilkitskogo (о. Вильки́цкого)
Ilha Zhokhova (о. Жо́хова)
A maior parte do arquipélago é de baixa altitude. O ponto mais elevado tem 374 m (Monte Malakatyn-Tas na Ilha Kotelny). |
O Uzbequistão ou Usbequistão, oficialmente República do Uzbequistão (), é um país duplamente encravado localizado na Ásia Central, composto de doze províncias, uma república autônoma e a capital Tasquente. O Uzbequistão faz fronteira com o Cazaquistão ao norte, o Quirguistão a nordeste, o Tajiquistão a sudeste, o Afeganistão ao sul e o Turcomenistão a sudoeste.
A região onde o país atualmente situa-se fez parte do Canato Túrquico e, posteriormente, do Império Timúrida, sendo conquistada no início do por nômades turcomanos. Seu território foi anexado pelo Império russo na segunda metade do e em 1924 tornou-se uma das repúblicas da União Soviética, a República Socialista Soviética Uzbeque. Três meses antes da dissolução da URSS, declarou sua independência no dia 31 de agosto de 1991.
O Uzbequistão é oficialmente uma república democrática, laica, constitucional unitária com uma herança cultural diversa. O país tem por língua oficial o uzbeque, língua túrcica escrita no alfabeto latino e falada nativamente por cerca de 85% da população; o russo, no entanto, também é muito utilizado. 81% dos habitantes do país são uzbeques, seguidos por russos (5,4%), tajiques (4,0%), cazaques (3,0%), e outras minorias étnicas (6,5%). A maioria da população denomina-se muçulmana, sem seguir algum ramo específico. O Uzbequistão é membro da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização para Cooperação de Xangai (OCX). Embora seja oficialmente uma república democrática, organizações não governamentais de direitos humanos costumam definir o país como "um Estado autoritário com direitos civis limitados".
A economia do país depende principalmente da produção de commodities, tais como algodão, ouro, urânio e gás natural. Apesar do governo declarar que uma transição para uma economia de mercado é um de seus principais objetivos, ele continua a exercer grande controle sobre a economia do país.
Etimologia
O nome "Uzbegistán" aparece, pela primeira vez, no século XVI, por meio do militar Mirza Muhammad Haidar Dughlat. Três raízes competem quanto à origem do adjetivo "stão", que acompanha o nome do país e que, na família das línguas iranianas, significa "terra de". Essas três raízes consideram que o adjetivo pode significar "livre", "independente" ou o "próprio senhor" (do turco: "próprio") ou bek ("mestre" ou "líder"); pode ser, ainda, uma homenagem a Oghuz Khagan, também conhecido como Oghuz Beg, tratando-se, portanto, de um epônimo; e por último, há a possibilidade de a origem do adjetivo ser uma contração de "Uğuz", amalgamado com "bek", "oguz-líder". Todas às três origens têm a sílaba e o fonema meio sendo cognata com o título turco Beg.
O lugar costumava ser escrito como “Ўзбекистон” em cirílico, a escrita usada durante o regime soviético.
História
O território do Uzbequistão foi povoado desde o Existem achados arqueológicos de ferramentas e monumentos de homens primitivos nas regiões de Fergana, Tasquente, Bucara, Corásmia e Samarcanda.
As primeiras civilizações existentes no Uzbequistão foram a Sogdiana, Báctria e Corásmia. Os territórios destes estados foram integrados no império persa aqueménida no a.C., de que fizeram parte durante vários séculos. Desse facto resulta que parte da cultura persa tenha sido preservada no Uzbequistão até aos dias de hoje, onde muitos uzbeques falam persa bem como russo, além de uzbeque.
Em , conquista Sogdiana e Báctria, casando-se com Roxana, filha de Oxiartes, um chefe de Sogdiana. Contudo, segundo reza a história, a conquista em pouco ajudou Alexandre pelo que a resistência popular foi intensa, causando danos ao seu exército nesta região.
Em 1220 os seus territórios foram tomados por Gengis Cã, passando a integrar o Império Mongol.
No , Tamerlão subjugou os mongóis e criou um império. As suas campanhas militares estenderam-se até ao Médio Oriente. Tamerlão derrotou ainda o sultão otomano, . Tamerlão visionava constituir a capital do seu império em Samarcanda, uma cidade de população predominantemente tajique. A imagem de Tamerlão seria tomada mais tarde como referência histórica na construção da identidade nacional uzbeque.
No início do perto de separavam a Índia Britânica das regiões extremas da Rússia Czarista. Grande parte desse território intermédio permanecia por cartografar.
O Império Russo iniciou então a sua expansão e estendeu-se pela Ásia Central. O período do "Grande Jogo" é geralmente considerado como o período decorrente entre 1813 e a Convenção Anglo-Russa de 1907.
Nesta região, a sua entrada deu-se após uma vitória fulgurante do general Mikhail Tcherniaev. Eles subjugam inicialmente em 1884 os canatos de Bucara e de Quiva, e seguidamente o Leste do atual Uzbequistão, incluindo Tasquente (1865). Os territórios conquistados foram reagrupados num ajuntamento administrativo sob o nome de Turquestão Ocidental. Em março de 1876, o Canato de Cocande sucumbe por seu turno às mãos dos russos.
O Uzbequistão como nação única e distinta apenas existe desde 27 de outubro de 1924, quando diversas entidades territoriais da Ásia Central foram reunidas na República Socialista Soviética Uzbeque. Em 1925, o Uzbequistão integra a URSS.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Uzbequistão acolheu várias centenas de milhares de famílias soviéticas em fuga das invasões Nazistas a ocidente, entre os quais muitos órfãos da guerra, o que veio acelerar a russificação da república, principalmente a capital, Tasquente. Uma parte das indústrias pesadas da parte europeia da URSS evacuou-se também para o Uzbequistão. Essas fábricas permaneceram no Uzbequistão após o final da guerra, contribuindo para a industrialização da república.
No dia 31 de agosto de 1991, o Uzbequistão declarou a sua independência, mesmo que relutante, marcando o 1 de setembro como feriado nacional. Subsequentes tensões étnicas levaram perto de dois milhões de Russos a abandonar o país para a Rússia. Os uzbeques de etnia russa não têm qualquer estatuto legal na Rússia nem em qualquer outro país e encontram-se portanto espalhados pelo mundo, particularmente na Europa e Estados Unidos.
No dia 13 de maio de 2005 violentos protestos ocorreram em Andijan no seguimento da detenção de 23 muçulmanos acusados de serem fundamentalistas islâmicos. Os manifestantes tomaram de refém perto de trinta pessoas. Os soldados dispararam então sobre a multidão provocando um número elevado de mortos. O número exato de vítimas não é consensual, pelo que ao número oficial de 176 vítimas mortais, outras versões apontam para a ordem do milhar.
Nesse mesmo dia em Tasquente, um homem tomado erradamente por um bombista suicida foi abatido junto da embaixada de Israel.
O país procura agora diminuir a sua dependência do sector agrícola - é o segundo maior exportador mundial de algodão - enquanto tenta explorar as suas reservas minerais e petrolíferas.
Geografia
Alguns dados sobre a geografia do Uzbequistão:
Localização: Centro-Oeste da Ásia.
Área total: 447 400 km² (Terra: 425 400 km²; Água: 22 mil km²)
Alcance ao mar: O país é cercado por terra, tendo uma distância de 420 km no mar de Aral
Vizinhos: Afeganistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Turcomenistão
Coordenadas: 41°22'38.97"N,64°35'6.94"L
Extensão total da fronteira: 6 221 km
Extensão de fronteira com países vizinhos: Afeganistão (137 km), Cazaquistão (2 203 km), Quirguistão (1 099 km), Tajiquistão (1 161 km) e Turcomenistão (1 621 km)
Terreno: A maior parte do território de Uzbequistão é formado por planícies (perto de quatro quintos do território). Um dos principais é a planície Turanian. Ao leste e nordeste estão as ramificações situadas no Tian Shan (leste) e na montanha Adelunga Toghi (nordeste), onde se acreditava estar o ponto mais elevado do país com de altitude. Contudo, as montanhas Pamir, a sudeste, detêm este ponto, com no Pico Khazret Sultan, na fronteira com o Tajiquistão. Também há um dos maiores desertos do mundo, Kyzyl Kum, situado na parte central do Uzbequistão.
Recursos minerais: O país possui gás natural, carvão mineral, ouro, cobre, tungstênio, e bismuto. Há poços de petróleo abertos.
Clima: O clima do país é na maior parte altitude média deserto-continental. A diferença das temperaturas, conforme as épocas do ano, é significativa. A temperatura média em janeiro é abaixo de -6 °C. A média de ascensões de temperatura é maior de 32 °C em julho. A quantidade de chuva é pequena, fazendo com que a agricultura dependa na maior parte de irrigação.
Demografia
Em 2019, o Uzbequistão tinha a maior população dentre todos os países da Ásia Central, com habitantes, quase metade da população total da região. A população do Uzbequistão é muito jovem: 34,1% de seus habitantes têm menos de 14 anos (estimativa de 2008). Segundo fontes oficiais, os uzbeques representam a maioria (80%) da população total. Outros grupos étnicos incluem russos (2%), tajiques (5%), cazaques (3%), caracalpaques (2,5%) e tártaros (1,5%) (estimativas de 1996).
Há alguma controvérsia sobre a porcentagem da população tajique. Enquanto os números oficiais do estado colocam o número em 5%, o número é considerado um eufemismo e, de acordo com relatórios não verificáveis, alguns estudiosos ocidentais estimam o número entre 20% e 30%. Os uzbeques se misturavam com os sartes, uma população turco-persa da Ásia Central. Hoje, a maioria dos uzbeques são misturados e representam diferentes graus de diversidade. O Uzbequistão tem uma população étnica coreana que foi forçada a se mudar para a região por Stalin, do Extremo Oriente Soviético, em 1937–1938. Existem também pequenos grupos de armênios no Uzbequistão, principalmente em Tasquente e Samarcanda.
A nação é 88% muçulmana, principalmente sunita, com uma minoria xiita de 5%. Cerca de 9% da população é ortodoxa oriental e 3% de outras religiões. O Relatório de Liberdade Religiosa Internacional, do Departamento de Estado dos Estados Unidos, relatou que, em 2004, 0,2% da população era budista (sendo coreanos étnicos). Boa parte dos Judeus bucaranos vive na Ásia Central, principalmente no Uzbequistão, há milhares de anos. Havia judeus no Uzbequistão em 1989 (cerca de 0,5% da população de acordo com o censo de 1989), mas agora, desde a dissolução da União Soviética, a maioria dos judeus da Ásia Central deixou a região para os Estados Unidos, Alemanha, ou Israel. Menos de 5 000 judeus permaneciam no Uzbequistão em 2007.
Os russos no Uzbequistão representavam 5,5% da população total em 1989. Durante o período soviético, russos e ucranianos constituíam mais de metade da população de Tasquente. O país contava com quase 1,5 milhão de russos, 12,5% da população, no censo de 1970. Após a dissolução da União Soviética, ocorreu uma emigração significativa de russos étnicos, principalmente por razões econômicas.
Nos anos 1940, os tártaros da Crimeia, juntamente com os alemães do Volga, os chechenos, os gregos pônticos, os kumaks e muitas outras nacionalidades foram deportados para a Ásia Central.
Aproximadamente 100 000 tártaros da Crimeia continuam vivendo no Uzbequistão. O número de gregos em Tasquente diminuiu de 35 000 em 1974 para cerca de 12 000 em 2004. A maioria dos turcos meskhetianos deixou o país após os pogroms no vale de Fergana, em junho de 1989. Pelo menos 10% da força de trabalho do Uzbequistão trabalha no exterior (principalmente na Rússia e no Cazaquistão) e em outros países.
O Uzbequistão possui uma taxa de alfabetização de 99,3% entre adultos com mais de 15 anos (estimativa de 2003), o que é atribuível ao sistema educacional gratuito e universal implantado no período da União Soviética. A expectativa de vida no Uzbequistão é de 66 anos entre homens e 72 anos entre mulheres.
Cidades mais populosas
Religiões
O Islã é a religião dominante no Uzbequistão. Embora o poder soviético (1924–1991) tenha desencorajado a expressão da crença religiosa, um relatório do Centro de Pesquisa Pew Research Center, de 2009, afirmou que a população do Uzbequistão é 93,3% muçulmana. Os cristãos ortodoxos russos representavam 7% da população em 2014. Estima-se que 93 000 judeus viviam no país no início dos anos 90. Além disso, restam cerca de 7400 zoroastristas no Uzbequistão, principalmente em áreas tajiques como Khujand.
Apesar da predominância do Islã, a prática da fé está longe de ser monolítica. Os uzbeques praticaram muitas versões do Islã. O conflito da tradição islâmica com várias agendas de reforma ou secularização, ao longo do , deixou uma ampla variedade de práticas islâmicas na Ásia Central. 90% são muçulmanos sunitas e são seculares ou não crentes; 1% são xiitas.
O fim do controle soviético no Uzbequistão, em 1991, não provocou um aumento imediato do fundamentalismo associado à religião, como muitos haviam previsto, mas sim um gradual reencontro com os preceitos da fé islâmica. No entanto, desde 2015, há um ligeiro aumento na atividade islâmica, com pequenas organizações como o Movimento Islâmico do Uzbequistão declarando lealdade ao ISIL e contribuindo com combatentes no exterior, embora a ameaça terrorista no próprio Uzbequistão permaneça baixa.
Política
O Uzbequistão é uma república presidencialista, em que o presidente é tanto chefe de Estado como chefe de governo. O poder legislativo é bicameral, constituído pela Câmara Legislativa e pelo Senado. Cargos no governo do Uzbequistão são em grande parte dependentes de adesão política a um clã, e não de filiação partidária.
Subdivisões
O Uzbequistão está dividido em 12 províncias (singular: viloyat, plural: viloyatlar), uma república autónoma (respublikasi) e uma cidade autónoma (shahar) - capitais entre parênteses:
Economia
O Uzbequistão foi uma das zonas mais pobres da antiga União Soviética com mais de 60% da sua população a viver em comunidades rurais densamente povoadas. Atualmente, o país é o 6.° maior exportador de algodão, um grande produtor de ouro e gás natural, e ao nível regional um importante produtor de produtos químicos e maquinaria.
Na agricultura, em 2018, o país era um dos 10 maiores produtores do mundo de algodão, cenoura, melancia, damasco e pepino, além de ter grandes produções de trigo, batata, tomate, uva, maçã, cebola, ameixa, entre outros produtos. Na pecuária, o país era, em 2019, um dos 20 maiores produtores do mundo de carne bovina e leite de vaca, entre outros. O país também foi, em 2019, o 15º maior produtor mundial de lã. As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: algodão (U$ 281 milhões), feijão (U$ 166 milhões), farinha de trigo (U$ 104 milhões), passas (U$ 101 milhões), pimenta (U$ 76 milhões), cebola (U$ 68 milhões), damasco (U$ 67 milhões), tomate (U$ 53 milhões), entre outros.
Sobre a mineração, o país é um grande extrator de ouro (12º maior do mundo em 2019) e urânio (5º maior do mundo em 2019), além de ter grandes produções de rênio, molibdênio e fosfato. O Uzbequistão era o 15º maior produtor mundial de gás natural em 2015 e o 16º maior exportador de gás do mundo em 2014. O país também produz carvão: foi o 34º maior do mundo em 2018, com 3,9 milhões de toneladas.
Na indústria, o Uzbequistão tinha a 66ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 11,3 bilhões) em 2004, de acordo com o Banco Mundial. Foi o 31ª maior produtor mundial de veículos (271 mil unidades) em 2019. Foi o 7º maior produtor mundial de óleo de algodão em 2018.
No comércio exterior, foi o 78.º maior exportador mundial em 2020 (US$ 14,9 bilhões em mercadorias). Considerando-se bens e serviços exportados, chega a US$ 16,9 bilhões e fica no 84.º posto. Nas importações, foi o 70º maior importador do mundo em 2019, com US $ 21,8 bilhões.
Forças armadas
Com quase 65 000 militares no serviço ativo, o Uzbequistão possui a maiores forças armadas da Ásia Central. A sua estrutura militar e a maioria de seu equipamento são em grande parte herdados do Distrito Militar do Turquestão do Exército Soviético. Após a independência do país em 1991, as forças armadas uzbeques têm recebido equipamentos estrangeiros, em especial dos Estados Unidos.
O governo uzbeque aceitou as obrigações de controle de armas da antiga União Soviética, aderindo ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (como um Estado não nuclear) e apoiou um programa ativo da Agência de Redução de Ameaças de Defesa dos Estados Unidos (DTRA) no oeste do Uzbequistão (Nukus e Ilha Vozrojdenia). O governo do Uzbequistão gasta cerca de 3,7% do PIB nas forças armadas, mas tem recebido uma crescente infusão de Financiamento Militar Estrangeiro (FMF) e outros fundos de assistência à segurança desde 1998.
Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o Uzbequistão aprovou o pedido do Comando Central dos Estados Unidos para acesso a uma base aérea, o aeródromo de Karshi-Khanabad, no sul do país. No entanto, o Uzbequistão exigiu que os Estados Unidos se retirassem das bases aéreas após o Massacre de Andijã e a reação dos Estados Unidos ao evento. As últimas tropas dos EUA deixaram o Uzbequistão em novembro de 2005. Em 2020, foi revelado que a antiga base dos Estados Unidos estava contaminada com materiais radioativos que podem ter resultado em taxas de câncer excepcionalmente altas no pessoal americano estacionado lá. No entanto, o governo do Uzbequistão negou esta declaração alegando que nunca houve tal caso.
Em 23 de junho de 2006, o Uzbequistão tornou-se um participante pleno do Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO), mas informou o CSTO para suspender sua adesão em junho de 2012.
Esportes
O futebol é o esporte mais popular no Uzbequistão. A principal liga de futebol do Uzbequistão é a Superliga Uzbeque, composta por 16 equipes desde 2015. O FC Pakhtakor detém o recorde de maior campeão do Uzbequistão, tendo vencido a liga dez vezes. Os clubes de futebol do Uzbequistão participam regularmente na Liga dos Campeões da AFC e da Copa da AFC. O Nasaf Qarshi venceu a Copa da AFC em 2011, a primeira copa internacional de clubes da história do futebol uzbeque.
O Humo Tashkent é a equipe profissional de hóquei no gelo foi criada em 2019 com o objetivo de ingressar na Kontinental Hockey League (KHL), uma liga euroasiática de alto nível do esporte. A Humo ingressará na Supreme Hockey League (BVS) de segundo nível na temporada 2019-20. Humo joga seus jogos no Humo Ice Dome. O nome do time e a arena derivam seu nome do mítico pássaro Huma, um símbolo de felicidade e liberdade.
O tênis é um esporte muito popular no Uzbequistão, especialmente após a soberania do Uzbequistão em 1991. O Uzbequistão tem sua própria Federação de Tênis chamada "UTF" (Federação de Tênis do Uzbequistão), criada em 2002. O Uzbequistão também organiza um torneio internacional de tênis da WTA, o "Tashkent Open", realizada na capital do Uzbequistão. O boxe também é popular no país, tendo Ruslan Chagaev ganhado o campeonato mundial da WBA em 2009. Na luta olímpica Artur Taymazov conquistou três medalhas de ouro no esporte.
Ver também
Missões diplomáticas do Uzbequistão
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Ásia
Ligações externas
Governo do Uzbequistão
Embaixada do Uzbequistão nos EUA |
Ilhas Curilas ou Curilhas (em japonês Kuriru ou Chishima, Kanji:千島列島, transliteração: Chishima Rettou: "arquipélago de milhares de ilhas", em russo Kuriru (Kanji: クリル列島, transliteração: Kuriru Rettou), formam um arquipélago vulcânico de 56 ilhas que se estende entre a península de Camecháteca, no extremo oriental da Rússia, até à ilha japonesa de Hocaido, entre o mar de Ocótsqui, a noroeste, e o oceano Pacífico, a sudeste.
Embora o Japão dispute a soberania das ilhas mais a sul, a que denomina "Territórios do Norte", todo o arquipélago permanece sob administração da Rússia desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, como resultado do Tratado de São Francisco, fazendo parte do Oblast de Sacalina.
Geografia
As ilhas são uma formação de mais de cem vulcões, dos quais 35 ainda em atividade. Ficam em um corredor de placas tectônicas, provocando intensa atividade sísmica na região. Em 13 de Janeiro de 2007, um terremoto de magnitude 8,3 na escala de Richter gerou um alerta de tsunami.
Etmologia
O topônimo Curilas (Kuriru, em japonês) tem origem nas populações aborígenes da grande ilha de Hocaido, conhecidos como Ainu.
População
A população das ilhas é de 19 276 habitantes (censo de 2015) de etnias russa, ucraniana, bielorrussa, tártara, coreana, e populações indígenas, principalmente russa e japonesa. Aproximadamente metade da população vive abaixo da linha da pobreza, de acordo com a administração regional.
Sua maior cidade é Yujno-Kurilsky, na ilha de Kunashir, com 7 105 moradores. Severo-Kurilsky, em Paramushiru (2 501 habitantes), e Kurilsk, na ilha de Iturup (1 646 habitantes), são as outras localidades mais populosas do arquipélago.
Economia
A principal atividade é a pesca. Esta região possui um valor econômico e estratégico muito grande, devido a riquezas minerais e pesca em abundância.
As ilhas
De norte para sul, as principais ilhas são:
Norte
Centro
Sul
Há ainda um pequeno grupo de ilhotas ao redor de Habomaigun:
Ver também
Lista de ilhas do Japão
Curilas
Curilas
Curilas
Oblast de Sacalina
Mar de Ocótsqui
Fronteira Japão–Rússia |
Bangladesh, também Bangladexe ou Bangladeche (; etimologicamente: Nação Bengali), oficialmente República Popular do Bangladesh (), é um país asiático, rodeado quase por inteiro pela Índia, exceto a sudeste, onde tem uma pequena fronteira terrestre com Myanmar, e ao sul, onde tem litoral no golfo de Bengala. O país está listado entre as economias do grupo "Próximos Onze". A capital do país é Daca. O nordeste da Índia tem fronteiras com o Bangladesh em três lados. Muitos dos aspectos físicos e culturais do Bangladesh são partilhados com Bengala Ocidental, um estado da Índia vizinho ao Bangladesh. Na verdade, o Bangladesh e Bengala Ocidental formam uma região da Ásia conhecida como Bengala. Bangladesh era antigamente conhecido pelo nome de Bengala Oriental. O atual nome Bangladesh significa "nação bengali" ou "nação de Bengala". Existe vida vegetal em abundância no clima quente e úmido da região. A maior parte do país é composta por planícies baixas, fertilizadas pelas enchentes dos rios e cursos d'água que as cruzam. Os rios, durante a época das cheias, depositam solo fértil ao longo de suas margens. Mas muitas dessas enchentes também causam grande destruição nos vilarejos rurais.
O Bangladesh é o oitavo país do mundo em número de habitantes, com cerca de 150 milhões de habitantes em 2012. O rápido crescimento populacional do país trouxe um sério problema de superpopulação. O território do país é um pouco maior do que o estado brasileiro do Amapá, mas o número de habitantes é, aproximadamente, 220 vezes maior. Os habitantes locais são chamados bengaleses ou bengalis, que representam 98% da população total de Bangladesh. Cerca de 85% dos habitantes são muçulmanos (o que torna Bangladesh no terceiro maior país de maioria muçulmana,), sendo a quase totalidade do restante composta de hindus. A constituição declara Bangladesh um estado secular, ao mesmo tempo que estabelece o islã como religião oficial. Como uma potência média na política mundial, Bangladesh é uma democracia parlamentar unitária e uma república constitucional que segue o sistema Westminster de governança. O país está dividido em oito divisões administrativas e 64 distritos.
A região atualmente conhecida por Bangladesh foi governada, em diversos períodos da sua história, por hindus, muçulmanos e budistas. Tornou-se parte do Império Britânico, quando o Reino Unido, em 1858, assumiu o controle da Índia. Os sangrentos conflitos entre hindus e muçulmanos provocaram a divisão da Índia em duas nações — isso em 1947, quando a Índia se tornou independente. O Paquistão — formado pelo Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental — foi criado a partir das regiões nordeste e noroeste da Índia. A maioria da população nas duas áreas é composta de muçulmanos. Bangladesh conquistou sua independência do Paquistão em 1971, depois da guerra civil de nove meses entre o Paquistão Ocidental e o Paquistão Oriental. De 1947 a 1971, a região que hoje é Bangladesh foi o Paquistão Oriental. Mais da metade da população do Paquistão morava lá.
Há muito tempo a região é caracterizada por uma grande pobreza. A maioria dos habitantes é composta de agricultores pobres, que se esforçam para tirar seu sustento de pequenos lotes de terra. Muitos dos trabalhadores das cidades ganham apenas alguns centavos por dia. Cerca de 52,1% da população com mais de 15 anos não sabem ler nem escrever. Atualmente, apesar de Bangladesh continuar enfrentando muitos desafios, incluindo os efeitos adversos das mudança climática, pobreza, analfabetismo, corrupção, autoritarismo, abusos dos direitos humanos e os desafios da crise de refugiados ruaingas, o país é uma das economias emergentes e líderes de crescimento do mundo. Outrora um centro histórico do comércio de tecidos de musseline, Bangladesh é hoje um dos maiores exportadores de roupas modernas do mundo. A economia de Bangladesh é a 39ª maior do mundo em PIB nominal, e a 29ª maior por PPP. A percentagem da população urbana de Bangladesh é inferior à da maioria das nações do sul da Ásia Somente cerca de 18% da população, vive nas cidades. Apesar disso, Daca, a capital e maior cidade do país, é considerada uma das maiores cidades do mundo (em termos de população), tendo mais de sete milhões de habitantes residindo dentro de seus limites e mais de cinco milhões nas cidades e povoados periféricos.
Etimologia
A etimologia de Bangladesh ("país bengali") pode ser atribuída ao início do século XX, quando canções patrióticas bengalis, como "Namo Namo Namo Bangladesh Momo" de Kazi Nazrul Islam e "Aaji Bangladesher Hridoy" de Rabindranath Tagore, usaram o termo. A palavra "Bangladesh" foi muitas vezes escrita no passado como duas palavras separadas, "Bangla Desh". A partir da década de 1950, os nacionalistas bengalis usaram o termo em comícios políticos no Paquistão Oriental. O termo "Bangla" é um nome importante tanto para a região de Bengala quanto para a língua bengali. As origens do termo "Bangla" não são claras, com teorias apontando para uma tribo proto-dravidiana da Idade do Bronze, a palavra áustrica "Bonga" (deus Sol) e o Reino Vanga da Idade do Ferro. O uso mais antigo conhecido do termo é a placa Nesari em 805 d.C.. O termo "Vangaladesa" é encontrado em registros do sul da Índia do século XI. O termo ganhou estatuto oficial durante o Sultanato de Bengala no século XIV. Shamsuddin Ilyas Shah proclamou-se como o primeiro "Xá de Bangala" em 1342. A palavra "Bangal" tornou-se o nome mais comum para a região durante o período islâmico. O historiador do século XVI Abu'l-Fazl ibn Mubarak menciona em seu Ain-i-Akbari que a adição do sufixo "al" veio do fato de que os antigos rajás levantaram montes de terra de 10 pés de altura e 20 de largura nas planícies ao pé das colinas que eram chamadas de "al". Isso também é mencionado no Riyaz-us-Salatin de Ghulam Husain Salim. O sufixo indo-ariano "Desh" é derivado da palavra sânscrita deśha, que significa "terra" ou "país". Assim, o nome Bangladesh significa "Terra de Bengala" ou "País de Bengala".
História
Antiguidade e chegada do islão
Vestígios de civilizações na grande região de Bengala remontam a quatro mil anos, quando a área foi colonizada por dravidianos, indo-áricos, tibeto-birmaneses e austro-asiáticos. A origem exata da palavra Bangla ou Bengal não é clara, embora acredita-se seja derivada de Bang/Vanga, a tribo de língua dravidiana que se instalou na região por volta do ano Sob o domínio islâmico, a área passou a ser conhecida no mundo muçulmano em persa como Bangalah.
O islão foi introduzido na região de Bengala durante o por comerciantes e missionários árabes muçulmanos sufistas, sendo que a conquista muçulmana subsequente de Bengala no para o enraizamento do islã em toda a região. Bakhtiar Khilji, um general turcomano, derrotou Lakshman Sen da dinastia Sena e conquistou grandes partes da área no ano 1204.
A região então passou a ser governada pelo Sultanato de Bengala e pela Confederação Baro-Bhuiyan pelos próximos cem anos. Por volta do , o Império Mogol passou a controlar Bengala e Daca se tornou um importante centro provincial de administração mogol. A região foi provavelmente a parte mais rica do subcontinente indiano até o .
Colonização europeia
De 1517 em diante, os comerciantes portugueses de Goa foram percorrendo o caminho marítimo para Bengala. Apenas em 1537 eles foram autorizados a instalar postos comerciais em Chatigão. Em 1577, o imperador mogol Akbar permitiu que os portugueses construíssem assentamentos permanentes e igrejas em Bengala.
A influência dos comerciantes europeus cresceu até a Companhia Britânica das Índias Orientais conquistar o controle de Bengala após a Batalha de Plassey, em 1757. A sangrenta Rebelião Indiana de 1857 resultou em uma transferência de autoridade para a coroa com o vice-rei britânico executando a administração local. Durante o domínio colonial, houve várias crises de fome na Ásia Meridional, incluindo a Fome de 1943 em Bengala, que foi induzida pela guerra de 1943 e que custou 3 milhões de vidas.
Após a fundação da Índia Britânica, Bengala ainda estava sob a forte influência da cultura britânica, como na arquitetura e na arte. O movimento de independência da Índia ainda estava em andamento no esforço para derrubar o Império Britânico e muitos bengalis contribuíram para esse esforço. Ao mesmo tempo que os conflitos entre islâmicos e hindus ocorriam, entre 1905 e 1911, foi feita uma tentativa frustrada de dividir a província de Bengala em dois Estados.
Paquistão Oriental
Após o colapso do domínio britânico na região em 1947, Bengala foi dividida em áreas religiosas, sendo a parte ocidental anexada pela Índia recém-independente e a parte oriental (de maioria muçulmana) unida ao Paquistão como uma província chamada Bengala Oriental (mais tarde renomeada Paquistão Oriental), com a cidade de Daca como sua capital.
Apesar do peso econômico e demográfico do oriente, o governo e os militares paquistaneses eram amplamente dominados pelas elites do Paquistão Ocidental. O Movimento pela Língua Bengali, em 1952, foi o primeiro sinal de atrito entre as duas regiões que formavam o Paquistão. A insatisfação com o governo central sobre questões econômicas e culturais continuaram a subir durante a década seguinte, durante a qual a Liga Awami surgiu como a voz política da população bengali. Manifestações por autonomia aumentaram na década de 1960 e, em 1966, seu presidente, o Sheikh Mujibur Rahman (Mujib), foi preso; ele foi lançado em 1969 depois de uma revolta popular sem precedentes. Em 1970, um ciclone devastou a costa do Paquistão Oriental e matou até meio milhão de pessoas, sendo que a resposta do governo central foi vista como insuficiente. A raiva da população bengali foi agravada quando Mujibur Rahman, cujo partido, a Liga Awami havia conquistado a maioria parlamentar nas eleições de 1970, foi impedido de assumir a chefia do governo.
O presidente Yahya Khan e os militares então lançaram um ataque militar sustentado no Paquistão Oriental, quando prenderam Mujibur Rahman na madrugada de 26 de março de 1971. Os métodos de Yahya foram extremamente sangrentos e a violência da guerra resultou em muitas mortes de civis. Os principais alvos de Yahya eram intelectuais e hindus, sendo que cerca de um milhão de refugiados fugiram para a vizinha Índia. As estimativas dos massacrados em toda a guerra de independência variam entre 30 mil e 3 milhões de pessoas. Mujibur Rahman foi finalmente solto em 8 de janeiro de 1972, como resultado da intervenção direta dos Estados Unidos.
Geografia
O Bangladesh é um país com poucas elevações acima do nível do mar, com grandes rios em todo seu território situado ao sul da Ásia. Sua costa é uma imensa selva pantanosa de 710 km de comprimento, limitando ao norte do Golfo de Bengala. Formada por uma grande planície formada pelo delta dos rios Ganges, Bramaputra e Meghna e seus afluentes, as terras de aluvião do Bangladesh são muito férteis, uma vez que são vulneráveis à inundações e à seca.
As únicas montanhas fora da planície são os trechos de colinas de Chatigão, onde situa-se o ponto culminante do país (Keokradong, com m de altura), no sudeste, e a divisão de Sylhet, no nordeste. Próximo ao trópico de Câncer, Bangladesh tem um clima subtropical de monções, caracterizado pela temporada de intensas chuvas anuais, temperaturas moderadamente calorosas e uma grande umidade.
Com uma altitude de metros, o pico mais alto em Bangladesh é o Mowdok Mual (ou Saka Haphong), nas colinas de Chatigão, no sudeste do país.
Clima
Por ocupar o trópico de Câncer, o clima do país é predominantemente tropical com um inverno ameno de outubro a março e um verão quente e úmido de março a junho. O país nunca foi congelado em qualquer ponto de seu território, sendo que o recorde de temperatura mais baixa foi de 4,5 °C na cidade de Jessore, sudoeste do país, no inverno de 2011. A estação das monções, quente e úmida, vai de junho a outubro e abrange a maior parte das chuvas do país. Desastres naturais, tais como inundações, ciclones tropicais, tornados e macaréus ocorrem quase todos os anos, combinados com os efeitos do desmatamento, degradação do solo e da erosão provocados pela atividade humana. Os ciclones de 1970 e 1991 foram particularmente devastadores, sendo que o de 1991 matou cerca de 140 mil pessoas.
Em setembro de 1998, o país foi o cenário das inundações mais graves da história do mundo moderno. Os rios Brahmaputra, Ganges e Meghna transbordaram e engoliram 300 mil casas, o que causou a morte de cerca de mil pessoas e deixou 30 milhões de bengalis desabrigados. Além disso, as enchentes causaram a morte de 135 mil bovinos, destruíram 50 quilômetros quadrados de terras e danificaram ou varreram 11 mil quilômetros de estradas. Dois terços do país ficou debaixo d'água. Entre as explicações para um fenômeno tão intenso, estão chuvas de monção anormalmente elevadas e o fato da cordilheira dos Himalaias ter lançado uma quantidade igualmente elevada da água derretida naquele ano. Em terceiro lugar, as árvores que normalmente teriam interceptado a água da chuva tinham sido cortadas para fazer lenha ou para criar espaço para os animais, o que amplificou os danos causados pelas enchentes.
Problemas ambientais
Bangladesh é amplamente reconhecido como um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas. Os perigos naturais que vêm do aumento das chuvas, elevação do nível do mar e dos ciclones tropicais devem aumentar com as alterações climáticas, o que afetará seriamente a agricultura, o abastecimento de água potável, a segurança alimentar, a saúde humana e os abrigos da população. Acredita-se que nas próximas décadas apenas a elevação do nível do mar vai criar mais de 20 milhões de refugiados climáticos. A água de Bangladesh frequentemente está contaminada com arsênico por causa dos altos conteúdos desta substância no solo. Até 77 milhões de bengalis estão expostos ao arsênico tóxico presente na água potável.
O país é um dos mais propensos a inundações naturais, tornados e ciclones tropicais. Além disso, há evidências de que os terremotos também representam uma ameaça para o país. Estudos indicam que a tectônica causou mudanças súbitas e dramáticas no curso de rios. Além disso, tem sido demonstrado que a estação das chuvas de Bangladesh, país localizado no maior delta fluvial do mundo, pode empurrar a crosta subjacente para baixo em até seis centímetros, e, possivelmente, perturbar falhas.
Demografia
Bangladesh tem cerca de 164,7 milhões habitantes (censo de 2020) e é a 8.ª nação mais populosa do mundo. Em 1951, a população era de de 44 milhões de pessoas. É também o país mais densamente povoado do mundo e o 11.º quando pequenos países e cidades-Estados são incluídos. Uma comparação é com a Rússia, que possui um território 115 vezes maior que o de Bangladesh, porém, possui 20 milhões de habitantes a menos.
A taxa de crescimento da população bengali estava entre as mais altas do mundo na década de 1960 e 1970, quando a sua população cresceu de 65 milhões para 110 milhões. Com a promoção do controle de natalidade na década de 1980, a taxa de crescimento começou a desacelerar. A taxa de fecundidade é agora de 2,55 filhos por mulher, inferior a da Índia (2,58) e Paquistão (3,07). A população é relativamente jovem, sendo que 34% dos habitantes tem 15 anos de idade ou são mais jovens e 5% tem 65 anos ou mais. A expectativa de vida ao nascer é estimada em 70 anos para ambos os sexos, em 2012.
Apesar do rápido crescimento econômico, cerca de 26% dos habitantes do país ainda vivem abaixo da linha de pobreza, o que significa viver com menos de 1,25 dólar por dia. A esmagadora maioria dos habitantes de Bangladesh são bengalis, que constituem 98% da população. O restante é principalmente composto por grupos tribais biharis e indígenas. Há também uma população pequena, mas crescente de refugiados ruainga (rohingya) de Myanmar, que Bangladesh pretende repatriar. Os povos indígenas estão concentrados nas colinas de Chatigão, no sudeste. Há 45 grupos tribais localizadas nessa região, sendo o maior deles os chakmas. A região das colinas também tem sido uma fonte de tensão e separatismo antes e desde o início de Bangladesh como entidade independente.
Cidades mais populosas
Línguas
Mais de 98% dos bengaleses falam bengali como seu idioma materno e que também é a língua oficial. O inglês também é usado como segunda língua entre as classes média e alta e também é amplamente utilizado no ensino superior e no sistema jurídico. Historicamente, as leis foram escritas em inglês e não foram traduzidos para o bengali até 1987, quando o processo se inverteu. A constituição e as leis de Bangladesh atualmente estão em inglês e bengali. Há também uma população de falantes de línguas minoritárias indígenas.
Religiões
O islão é a religião do Estado, apesar de Bangladesh ser secular. É a maior religião do país e compõe 86,6% da população. O hinduísmo alcança 12,1% da população, o budismo 1% e outras crenças 0,3% dos habitantes. A maioria dos muçulmanos são sunitas e há um pequeno número de xiitas, além de cerca de 100 mil muçulmanos ahmadi. Bangladesh tem a quarta maior população muçulmana do mundo, depois de Indonésia, Paquistão e Índia. Os hindus são o segundo maior grupo religioso do país e o terceiro maior do mundo, depois da Índia e do Nepal.
Depois de Bangladesh conquistar a independência do Paquistão, o secularismo foi incluído na constituição original de 1972, como um dos quatro princípios do Estado, sendo os outros a democracia, o nacionalismo e o socialismo. Em 2010, o Superior Tribunal manteve os princípios seculares da Constituição, mas autorizados a manter o islão como a religião do Estado. Bangladesh segue sistema de governo secular e democrático. No entanto, o país também segue sistema misto de leis governamentais e religiosas, que são aplicadas apenas ao respectivo grupo religioso.
Alguns dos habitantes praticam o sufismo, visto que historicamente o islão foi trazido ao país por sufistas. As influências sufistas na região remontam há muitos séculos. A maior reunião de muçulmanos no país é o "Bishwa Ijtema", realizada anualmente pela Tablighi Jamaat. O Ijtema é a segunda maior congregação muçulmana do mundo, depois do Hajj.
Política
Bangladesh é um Estado unitário e uma democracia parlamentar. As eleições diretas em que todos os cidadãos, com idades entre 18 anos ou mais, podem votar são realizadas a cada cinco anos para o parlamento unicameral conhecido como o Jatiyo Sangshad. Atualmente, possui 350 membros (incluindo 50 assentos reservados para as mulheres) eleitos por círculos uninominais. O primeiro-ministro, como chefe de governo, forma o gabinete e executa os assuntos do dia-a-dia do governo. Ele é formalmente nomeado pelo presidente, mas também deve ser um membro do parlamento e líder da maioria.
O presidente é o chefe de Estado, embora o cargo seja principalmente cerimonial; no entanto, os poderes do presidente são substancialmente alargados durante o mandato de um governo interino, que é responsável pela realização de eleições e pela transferência de poder. Os oficiais do governo devem ser apartidários e têm três meses para completar a sua tarefa. Este regime transitório foi lançada por Bangladesh na eleição de 1991 e, em seguida, institucionalizado em 1996, através de sua 13ª emenda constitucional.
Direitos Humanos
Conforme um relatório da Amnistia Internacional de 2021, a liberdade de expressão continua a ser fortemente cerceada por leis draconianas. As autoridades levaram a cabo graves violações dos direitos humanos, incluindo desaparecimentos forçados, detenções ilegais, tortura e execuções extrajudiciais. Os protestos pacíficos de partidos políticos e estudantes da oposição foram impedidos e reprimidos pelas autoridades, nalgumas ocasiões utilizando força excessiva. A violência contra as mulheres aumentou durante a pandemia de Covid-19. Os povos indígenas sofreram escassez de recursos devido ao aumento da desflorestação e ao roubo de terras. Refugiados e minorias religiosas sofreram ataques violentos.
Corrupção
Relações internacionais e forças armadas
Bangladesh mantém uma política externa moderada que coloca forte ênfase na diplomacia multilateral, especialmente nas Nações Unidas. Em 1974, o país se tornou membro da Commonwealth e da ONU, sendo que foi eleito para dois mandatos no Conselho de Segurança (1978-1979 e 2000-2001). Na década de 1980, Bangladesh foi pioneiro na criação da Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional (SAARC), o primeiro organismo intergovernamental regional da Ásia Meridional.
O relacionamento internacional mais importante e complexa de Bangladesh é com a vizinha Índia. A relação é corroborada por afinidades históricas e culturais, como a aliança da Índia com os nacionalistas bengalis durante a independência do país em 1971. No entanto, as relações bilaterais passaram por vários "tropeços" nos últimos quarenta anos. A grande fonte de tensão é a partilha da água de 56 rios comuns, bem como a segurança das fronteiras e barreiras da Índia para comércio e investimentos. Ambos os países têm também, por vezes, feito acusações de abrigar grupos insurgentes.
Em 2012, a força atual do exército é de cerca de 300 mil soldados, incluindo reservistas; 22 mil da força aérea e 24 mil da marinha. Além de papéis tradicionais de defesa, os militares bengalis devem prestar apoio às autoridades civis para alívio de desastres e segurança interna durante períodos de instabilidade política. Bangladesh não está ativo no momento em qualquer guerra em curso, mas contribuiu com soldados durante a Operação Tempestade no Deserto, em 1991, e é o maior contribuinte do mundo () para as forças de paz da ONU. Em maio de 2007, Bangladesh teve grandes intervenções República Democrática do Congo, Libéria, Sudão, Timor-Leste e Costa do Marfim.
Infraestrutura
Educação
O sistema educacional bengali é dividido em cinco níveis: primário (primeiro ao quinto ano), ensino médio (sexto ao oitavo ano), secundário (nono e décimo ano), ensino médio (11º e 12º ano) e terciário. Cinco anos de ensino médio (incluindo o ensino médio) terminam com um exame chamado Certificado de Escola Secundária (SSC). Desde 2009, o exame de encerramento da educação primária (PEC) também foi introduzido. Os alunos aprovados no exame PEC passam para o estágio secundário ou matriculatório, culminando no exame do Certificado de Escola Secundária. Os alunos que passam no exame PEC progridem para três anos do ensino médio, culminando no exame de Certificado de Escola Júnior (JSC). Os alunos aprovados neste exame passam para dois anos do ensino secundário, culminando no exame SSC. Os alunos que passarem neste exame avançam para dois anos do ensino médio, culminando no exame de Certificado de Escola Secundária Superior (HSC).
O sistema educacional do país opera com muitas escolas nos níveis primário, secundário e secundário, além de outras instituições de ensino privadas. No setor de educação superior, o governo de Bangladesh financia mais de 45 universidades estatais por meio da University Grants Commission. A educação formal é oferecida em bengali, mas o inglês também é permitido e comumente ensinado e usado.
Bangladesh tem uma taxa de alfabetização de 74,7% (2019), sendo maior entre homens (77,4%) do que entre mulheres (71,9%). A expectativa de vida escolar, do ensino primário ao ensino superior, era de 12 anos de estudos em 2018. O governo investe cerca de 1,3% de seu Produto interno bruto (PIB) no setor de educação, o que se revela o segundo índice mais baixo no mundo, sendo superior apenas à República Centro-Africana.
As universidades em Bangladesh são de três tipos gerais: públicas (de propriedade do governo e subsidiadas), privadas (universidades de propriedade privada) e internacionais (operadas e financiadas por organizações internacionais). Elas são credenciados e afiliados à University Grants Commission (UGC), criada pela Ordem Presidencial 10 em 1973. O país tem 47 universidades públicas, 105 privadas e 2 universidades internacionais. A Universidade Nacional de Bangladesh tem o maior número de matrículas, e a Universidade de Daca (fundada em 1921) é a mais antiga. A Universidade Asiática para Mulheres, em Chittagong, é voltada para as artes liberais para mulheres do Sul da Ásia, representando 14 países asiáticos; seu corpo docente vem de instituições acadêmicas notáveis na América do Norte, Europa, Ásia, Austrália e Oriente Médio.
O país está de acordo com os objetivos do movimento global Educação para Todos, da UNESCO, bem como aderiu formalmente aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, das Nações Unidas e outras declarações internacionais. A Constituição bengali, em seu artigo 17, prevê que todas as crianças detém o direito a receber educação básica gratuita, bem como professa um sistema educacional universal, voltado para as massas e denota a eliminação do analfabetismo como garantia constitucional.
Subdivisões
Bangladesh é dividido em sete divisões administrativas, cada nomeada por suas respectivas sedes regionais: Barisal, Chatigão, Daca, Khulna, Rajshahi e Sylhet.
As divisões são subdivididas em distritos (zila). Há 64 distritos em Bangladesh, cada subdivide-se em upazila (subdistritos) ou thana. A área dentro de cada delegacia, exceto para aquelas em áreas metropolitanas, é dividido em vários sindicatos, sendo cada sindicato constituído por várias aldeias. Nas regiões metropolitanas, as delegacias estão divididos em alas, que são divididas em mahallas.
Economia
Bangladesh é um país subdesenvolvido, mas tem uma economia de mercado em rápido crescimento. É um dos principais exportadores mundiais de têxteis e vestuário, bem como peixes, frutos do mar e juta, além de ter indústrias emergentes competitivas internacionalmente em áreas como construção naval, ciências da vida e tecnologia. O país também tem um setor empresarial social forte e é o berço das microfinanças.
O país tem diminuído substancialmente sua dependência de empréstimos estrangeiros, de 85% (em 1988) para 2% (em 2010) para o seu orçamento anual. Sua renda per capita em 2013 era de dólares, em comparação com a média mundial de dólares.
De acordo com estimativas de 2008 da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Bangladesh é um dos maiores produtores mundiais de pescados (5.º), arroz (4.º), batata (11.º), manga (9.º), abacaxi (16.º), frutas tropicais (5.º), cebola (16.º), banana (17.º), juta (2.º) e chá (11.º).
A juta já foi o motor econômico do país. Sua participação no mercado mundial de exportação atingiu o pico na Segunda Guerra Mundial e até o início dos anos 1970 era responsável por 70% das receitas de exportação do país. No entanto, produtos de polipropileno começou a substituir produtos de juta em todo o mundo e da indústria de juta começou a declinar. Bangladesh cresce muito significativas quantidades de arroz, de chá, de batata, manga, cebola e mostarda.
Em 2005, mais de três quartos das receitas de exportação de Bangladesh veio da indústria de vestuário. A indústria começou a atrair investidores estrangeiros na década de 1980 por causa da mão de obra barata e o baixo custo do país. Em 2014, Bangladesh era o segundo maior exportador de roupas do mundo.
Muitas multinacionais ocidentais utilizam mão de obra no Bangladesh, que é um dos mais baratos do mundo: 30 euros por mês contra 150 ou 200 na China. Quatro dias é suficiente para que o CEO de uma das cinco principais marcas têxteis globais ganhe o que uma trabalhadora de vestuário de Bangladesh ganhará em sua vida. Em abril de 2013, pelo menos trabalhadores têxteis morreram no colapso de sua fábrica. Outros acidentes fatais devido a fábricas não sanitárias afectaram o Bangladesh: em 2005, uma fábrica entrou em colapso e causou a morte de 64 pessoas. Em 2006, uma série de incêndios matou 85 pessoas e feriu 207 outras. Em 2010, cerca de 30 pessoas morreram de asfixia e queimaduras em dois incêndios graves.
Em 2006, dezenas de milhares de trabalhadores se mobilizaram em um dos maiores movimentos grevistas do país, afetando quase todas as fábricas. A Bangladesh Garment Manufacturers and Exporters Association (BGMEA) usa forças policiais para reprimir. Três trabalhadores foram mortos, centenas mais foram feridos por balas ou presos. Em 2010, após um novo movimento de greve, quase mil pessoas foram feridas entre os trabalhadores como resultado da repressão.
Cultura
A cultura do Bangladesh conta com diversas formas artísticas e culturais.
A história da cultura do Bangladesh data de há mais de anos. A terra, os rios e as vidas do povo bangla formam uma rica herança com marcantes diferenças em relação a países e regiões vizinhos.
Cultura composta, assimilou influências do hinduísmo, jainismo, budismo e islão. manifesta-se de forma variada, na música, dança, teatro e literatura; na arte e artesanato; no folclore e lendas; nas línguas, filosofia e religião, festivais e celebrações, e na tradição culinária.
Música
A tradição musical de Bangladesh é baseada em letras, com um acompanhamento instrumental mínimo (Baniprodhan). A tradição baul é uma herança única da música folclórica bengali, além de muitas outras que variam de região para região: Gombhira, Bhatiali e Bhawaiya são alguns dos gêneros musicais mais conhecidos. A música folclórica de Bengala é frequentemente acompanhada pelo Ektara gopichand - um instrumento musical de corda única - o dotara, a mirwas, a flauta e a tabla. Bangladesh também tem uma herança ativa na música clássica hindu. Da mesma forma, as formas de dança no país se originam de tradições folclóricas, especialmente aquelas de grupos tribais, bem como da ampla tradição da dança indiana.
Esportes
O kabaddi é o esporte nacional, embora o críquete seja mais popular, seguido de perto pelo futebol. A seleção nacional de críquete participou pela primeira vez de um campeonato mundial em 1999. Desde então, já logrou êxito em partidas contra outras nações incluindo o Paquistão, Escócia, Austrália, Nova Zelândia, Sri Lanka, África do Sul e Índia. Por outro lado, as seleções de futebol feminino e masculino de Bangladesh nunca conseguiram se classificar para uma Copa do Mundo. Bangladesh participou sete vezes das Olimpíadas, sem obter nenhuma medalha.
Outros esportes populares incluem hóquei em campo, tênis, badminton, handebol, voleibol, xadrez e tiro esportivo. O Bangladesh Sports Board regula as vinte e nove federações esportivas diferentes. Em 2011, o país sediou a Copa do Mundo de Críquete juntamente com Índia e Sri Lanka .
Ver também
Missões diplomáticas de Bangladesh
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Ásia
Ligações externas
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Países subdesenvolvidos |
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A República Centro-Africana, também chamada de República da África-Central e Centráfrica, é um país localizado no centro da África, limitado a norte pelo Chade, a nordeste pelo Sudão, a leste pelo Sudão do Sul, a sul pela República Democrática do Congo e pela República do Congo, e a oeste pelos Camarões. A capital do país é a cidade de Bangui.
A maior parte da República Centro-Africana consiste em savanas, mas o país também inclui uma zona Saaral-sudanesa no norte e uma zona de floresta equatorial no sul. Dois terços do país estão na bacia do rio Ubangui (que desemboca no rio Congo), enquanto o terço restante está localizado na bacia do Chari, que desemboca no Lago Chade.
O que hoje é a República Centro-Africana foi habitada há milênios. No entanto, as fronteiras atuais do país foram estabelecidas pela França, que governou o país como uma colônia a partir do final do . Depois de conquistar a independência da França em 1960, a República Centro-Africana foi governada por uma série de líderes autocráticos. Na década de 1990, as chamadas para a democracia culminaram nas primeiras eleições democráticas multipartidárias em 1993, quando Ange-Félix Patassé se tornou presidente. Em 2003, através de um golpe de Estado, o general François Bozizé destituiu Patassé é e assumiu o poder. A guerra civil no país iniciou-se em 2004 e, apesar de um tratado de paz em 2007 e outro em 2011, eclodiram combates entre o governo, muçulmanos e facções cristãs em dezembro de 2012, levando a uma limpeza étnica e religiosa e deslocamentos populacionais massivos em 2013 e 2014.
Apesar de suas jazidas minerais significativas e outros recursos, tais como reservas de urânio, petróleo, ouro, diamantes, madeira e energia hidrelétrica, bem como quantidades significativas de terras aráveis, a República Centro-Africana está entre os dez países mais pobres do mundo.
História
A antiga colônia francesa de Ubangui-Chari fez parte da África Equatorial Francesa. Em 1958, tornou-se república dentro da Comunidade Francesa e totalmente independente em 1960. Em 1976, seu presidente, Jean-Bédel Bokassa, declarou-a império e a si próprio imperador. Após denúncias de atrocidades, ele foi deposto em 1979, e o país voltou a ser República. A instabilidade política persistiu e, em 1981, o general André Kolingba tomou o poder. O governo civil foi restaurado em 1986, com Kolingba ainda presidente. Houve reivindicações por eleições multipartidárias e o Movimento Democrático pela Renovação e Evolução na África Central (MDREC) foi constituído. Uma conferência constitucional fracassou em 1992 e o líder do MDREC foi aprisionado. Em 1993, ocorreram eleições livres, vencidas no segundo turno por Ange-Félix Patassé, ex-primeiro-ministro do governo Bokassa. Em 2003, um golpe de Estado depôs Patassé, e o líder rebelde François Bozizé assumiu o poder. Dois anos depois, ele organizou eleições presidenciais e as venceu em segundo turno. Em 2013, Bozizé foi deposto por um novo golpe, após a coalizão rebelde Seleka assumir o controle da capital e forçar a fuga do ex-presidente para os Camarões.
Geografia
A República Centro-Africana é um dos poucos países africanos sem saída para o mar. O terreno é pouco acidentado, tendo as suas maiores altitudes nos restos do maciço de Adamaoua, que chega dos Camarões, a noroeste, e no maciço dos Bongo, a nordeste. A sul, é marcado pelos vales dos rios Ubangui e Bomu. A floresta tropical resume-se à extremidade sudoeste e a algumas zonas dispersas pelo sul, sendo o restante território ocupado por savana, cada vez mais seca à medida que se caminha para norte e se aproxima do Sahel. A maior cidade é, de longe, a capital, Bangui. O Monte Ngaoui é o mais alto do país e situa-se sobre a fronteira com os Camarões, no oeste do país.
Demografia
A população quase quadruplicou desde a independência. Em 1960, a população era de , enquanto em 2009 a população já era de . Nota: As estimativas para este país levam em conta os efeitos do excesso de mortalidade devido à SIDA, o que pode resultar em menor expectativa de vida, alta mortalidade infantil e taxas de mortalidade, menor população e as taxas de crescimento, e as mudanças na distribuição da população por idade e sexo do que seria esperado. As Organizações das Nações Unidas estimam que cerca de 11% da população entre os 15 e 49 anos é portador do vírus do HIV. Apenas 3% do país tem a terapia antirretroviral disponível, em comparação com 17% de cobertura nos países vizinhos do Chade e da República do Congo.
A nação está dividida em mais de 80 grupos étnicos, cada um com sua própria língua. Os maiores grupos étnicos são os baya (33%), banda (27%), mandjia (13%), sara (10%), mboum (7%), m'baka (4%) e yakoma (4%), com os outros 2%, incluindo descendentes de europeus, principalmente franceses. A principal língua, ou língua-franca, é o sango (que também é língua materna para 17% da população), enquanto que a língua oficial e de negócios é o francês. Outras línguas nacionais incluem: mbum, zande, gbanu, caba, kako, kare, laka, mbay, ngam, mbaka, pana e yaka.
Religião
Os cristãos formam 66 por cento da população, enquanto 18 por cento da população mantém elementos das religiões tradicionais africanas. O islão é praticado por cerca de 15 por cento da população do país.
Há muitos grupos missionários que operam no país, incluindo os luteranos, batistas, católicos, os mórmons e as Testemunhas de Jeová. Embora estes missionários sejam predominantemente dos Estados Unidos, França, Itália e Espanha, muitos são também da Nigéria, República Democrática do Congo e outros países africanos. Muitos missionários deixaram o país devido aos combates entre rebeldes e forças do governo em 2002 e 2003. Muitos já voltaram para o país e retomaram as suas atividades.
Cidades mais populosas
Língua oficial
O país possui duas línguas oficiais: o francês e o sango (também chamado shango), uma língua crioula baseado na língua ngbandi, tendo semelhança com muitas palavras francesas. É um dos poucos países africanos a ter uma língua africana como oficial.
Política
A República Centro-Africana é uma república presidencialista. O presidente é o chefe de Estado e o chefe de governo, eleito por voto popular para um período de seis anos. É ele quem indica o primeiro-ministro e preside o conselho de ministros.
Até o golpe de Estado contra François Bozizé, em 2013, o país contava com uma Assembleia Nacional composta por 105 membros, eleitos para um período de cinco anos através de eleição em dois turnos.
O presidente é eleito por voto popular para um mandato de seis anos e o primeiro-ministro é nomeado pelo presidente. O presidente também nomeia e preside o Conselho de Ministros, que inicia as leis e supervisiona as operações do governo. No entanto, a partir de 2018, o governo oficial não está no controle de grandes partes do país, que são governadas por grupos rebeldes.
O presidente em exercício desde abril de 2016 é Faustin Archange Touadera, que acompanhou o governo interino sob o comando de Catherine Samba-Panza. O primeiro-ministro interino é Henri-Marie Dondra.
A Assembleia Nacional da República Centro-Africana tem 131 membros, eleitos para um mandato de cinco anos usando o sistema de duas rodadas.
Como em muitas outras ex-colônias francesas, o sistema legal da República Centro-Africana é baseado na lei francesa. O Supremo Tribunal Federal do país, ou Cour Supreme'', é composto de juízes nomeados pelo presidente. Há também um Tribunal Constitucional, e seus juízes também são nomeados pelo presidente.
Subdivisões
A República Centro-Africana divide-se em 14 prefeituras administrativas, 2 prefeituras econômicas e 1 comuna autônoma. As 14 prefeituras são:
Bamingui-Bangoran
Basse-Kotto
Haute-Kotto
Haut-Mbomou
Kémo
Lobaye
Mambéré-Kadéï
Mbomou
Nana-Mambéré
Ombella-M'Poko
Ouaka
Ouham
Ouham-Pendé
Vakaga
Economia
É um país de economia bastante agrícola: agricultura de subsistência (mandioca, milhete, inhame, milho, etc.) e de exportação (café e algodão), e criação de gado. A principal fonte de riqueza mineral é a produção de diamantes. A industrialização limita-se ao beneficiamento de produtos minerais e vegetais. As rendas provenientes do turismo não cobrem seu déficit comercial, o que o torna um dos países mais pobres do mundo. Tal situação é agravada pelo isolamento geográfico, que contribui para desaquecer a exploração de urânio (em Bakuma), além de limitar as exportações (café, algodão, madeira, diamantes) do país. O turismo é a nova e crescente fonte de divisas.
Infraestrutura
Transportes
Bangui é o centro de transportes da República Centro-Africana. Desde 1999, oito estradas conectam a cidade para outras cidades principais no país, além do Camarões, Chade e Sudão do Sul. Entre estas estradas, poucas estão pavimentadas. Durante a estação chuvosa de julho a outubro, algumas estradas ficam intransitáveis.
Balsas navegam a partir do porto fluvial em Bangui para Brazavile e Congo. O rio pode ser navegado a maior parte do ano, entre Bangui e Brazavile. A partir de Brazavile, as mercadorias são transportadas por via ferroviária para Pointe-Noire, porto atlântico do Congo. O porto fluvial lida com a esmagadora maioria do comércio internacional do país e tem uma capacidade de movimentação de carga de 350 mil toneladas; que tem 350 metros de comprimento do cais e 24 mil metros quadrados de espaço de armazenagem.
O Aeroporto Internacional de Bangui M'Poko é único aeroporto internacional da República Centro-Africana. O aeroporto detém voos diretos para Brazavile, Casablanca, Cotonu, Duala, Quinxassa, Lomé, Luanda, Malabo, Jamena, Paris, Ponta Negra e Iaundé.
Pelo menos desde 2002 tem havido planos para ligar Bangui por linhas ferroviárias ao transporte ferroviário em Camarões.
Saúde
A expectativa de vida feminina ao nascer era de 48,2 anos e a do sexo masculino era estimada em 45,1 anos em 2007. A taxa de fertilidade é de cerca de cinco nascimentos por mulher. A despesa pública em saúde foi em estimada em U$ 20 por pessoa em 2006. Havia 8 médicos por pessoas em 2004. Despesa pública na saúde era de 10,9% das despesas totais do governo em 2006.
Cultura
A cultura da República Centro-Africana varia muito entre os povos e grupos étnicos. Um importante grupo étnico é composto pelos Bantus, em particular as pessoas comuns do Congo e Camarões, divididas em miríades de pessoas muito ligadas ao grupo local. Assim, cada "grande" cidade tem o seu povo, seu idioma (próximo do sango) e uma recente história vinculada aos políticos e os seus homens de poder.
Ver também
África
Lista de países
Missões diplomáticas da República Centro-Africana
Ligações externas
Países subdesenvolvidos |
A Guatemala (), oficialmente República da Guatemala (em castelhano: República de Guatemala), é um país da América Central, limitado a oeste e a norte pelo México, a leste pelo Belize, pelo Golfo das Honduras e pelas Honduras e a sul por El Salvador e pelo Oceano Pacífico. Com uma população estimada em cerca de 17,2 milhões, é o país mais populoso da América Central e tem a 11ª maior população nacional das Américas. A Guatemala é uma democracia representativa; sua capital e maior cidade é Nueva Guatemala de la Asunción, também conhecida como Cidade da Guatemala.
A história da Guatemala é marcada pela civilização maia clássica, a qual dominou a área onde se encontra país atual durante todo o período pós-clássico, até a conquista do Iucatã pelos espanhóis. Além da Guatemala, os maias viveram em Honduras, Belize, na parte sul do México e na parte oriental de El Salvador. Após sua independência da Espanha em 1821, a Guatemala tornou-se parte dos Estados Unidos da América Central e, após a sua dissolução, enfrentou uma instabilidade política que caracterizou toda a região durante meados do século XIX.
No início do século XX, a Guatemala se caracterizava por uma mistura de governos democráticos, bem como uma série de regimes ditatoriais, os quais eram frequentemente assistidos pelo United Fruit Company e o governo dos Estados Unidos. Em 1944, o líder autoritário Jorge Ubico foi derrubado por um golpe militar pró-democrático, iniciando uma revolução de uma década que levou a profundas reformas sociais e econômicas. Um golpe militar apoiado pelos EUA em 1954 acabou com a revolução e instalou uma ditadura.
De 1964 a 1996, a Guatemala sofreu uma guerra civil travada entre o governo e militantes de esquerda, incluindo massacres genocidas da população maia perpetrados pelos militares. Desde um acordo de paz negociado pelas Nações Unidas, a Guatemala alcançou crescimento econômico e eleições democráticas bem-sucedidas, embora continue lutando com altos índices de pobreza e crime, cartéis de drogas e instabilidade. Em 2014, a Guatemala ocupava o 31º lugar entre 33 países da América Latina e do Caribe em termos do Índice de Desenvolvimento Humano.
Etimologia
Acredita-se que o topônimo "Guatemala" derive da palavra indígena Quhatezmalha, que significa "montanha que verte água", em alusão ao vulcão Agua, que destruiu a Cidade Velha (Santiago de los Caballeros), primeira capital espanhola da capitania geral, ou do náhuatl Quauhtlemallan, que significa "lugar com muitas árvores".
Na pré-história, a atual Guatemala esteve culturalmente ligada à península de Yucatán, e testemunhou a ascensão das civilizações pré-maia e maia. Em suas planícies do norte e centrais ergueram-se as grandes e clássicas cidades maias de Tikal, Uaxactún, Altar de Sacrifícios, Piedras Negras, Yaxhá e Seibal; nos planaltos do sul estavam as cidades de Zacualpa, Kaminaljuyú, Cotzumalhuapa e outras. Elas mantinham conexões políticas e econômicas entre si e com as cidades pré-históricas no sul e centro do México, como as de Teotihuacán e Monte Albán (em Oaxaca).
A Guatemala é o berço da civilização maia, cujo centro era a região de Petén, o que justifica as características únicas da cultura guatemalteca no quadro da cultura centro-americana. Entre os séculos VII e XII, quando os astecas estenderam seu domínio até a Guatemala, os maias migraram para Yucatán. Posteriormente, nova migração os conduziu ao Petén. De 2500 a.C. até ao século X d.C., os Maias viveram uma era florescente, entrando depois em declínio até serem subjugados pelo conquistador espanhol Pedro de Alvarado, lugar-tenente de Cortés, em 1523.
História
Período colonial
O território da Guatemala foi descoberto em 1523, por uma frota de fragatas do Império Espanhol. Quando chegaram ao território, os espanhóis o encontraram povoado pelos maias-quichés, cachiqueles e tzutoiles. Nada mais restava do antigo esplendor da civilização maia: a tecnologia era atrasada e a atividade econômica revelava estagnação cultural. Como outros grupos ameríndios, não tinham descoberto o uso da roda; além disso, por desconhecerem a metalurgia, seus instrumentos e armas eram de pedra e madeira. A primeira grande expedição, de Pedro de Alvarado, em 1523, entrou pelo território maia, onde encontrou forte resistência, razão pela qual a conquista não pôde completar-se até 1544. A versão maia da invasão espanhola foi recolhida nas crônicas da Casa Izquim Nehaib, redigidas em língua quiché durante a primeira metade do século XVI.
Em 1570, foi criada a Audiência (alta corte com papel político) da Guatemala, mais tarde capitania geral, dependente do vice-reino da Nova Espanha (depois México). A Capitania Geral da Guatemala abrangia toda América Central, desde Chiapatas até a Costa Rica. Durante o século XVIII, piratas e comerciantes ingleses exploravam a madeira da costa dos Mosquitos, autorizados pelo Tratado de Paris de 1763, concessão que culminou com a incorporação de Belize à coroa britânica, em 1862. A capital, também chamada Guatemala, foi destruída por um terremoto em 1773. Suas ruínas formam a Antiga Guatemala, ou Antigua. A construção da nova Guatemala foi autorizada em 1775.
As conspirações anteriores ao movimento de 15 de setembro de 1821 não tiveram grande importância. Depois de três séculos de domínio espanhol, marcado pelo fraco desenvolvimento comercial, esse movimento levou à proclamação da independência da Guatemala, sendo formada uma federação que incluía todos os territórios da antiga Capitania Geral da Guatemala, exceto Chiapas, anexada pelo México. A independência contou com a adesão dos monarquistas da colônia, fortes opositores do regime liberal instaurado na Espanha pela revolução de 1821. A federação uniu-se ao México e um exército expedicionário mexicano liderado por Vicente Filisola submeteu todo o território ao breve Império Mexicano de Agustín de Iturbide. Quando este ruiu (1823), a Guatemala retomou a sua autonomia.
Em 1º de julho de 1823, um congresso reunido por Filisola declarou a independência da Federação das Províncias Unidas da América Central (Guatemala, El Salvador, Nicarágua, Honduras e Costa Rica), com capital na Cidade de Guatemala, que subsistiu até 1839. O colapso da federação foi resultado de uma forte oposição liderada pelo general conservador Rafael Carrera, o qual, à frente de um exército popular, assumiu o poder em 1838. Eleito presidente em 1844, promulgou a independência do país em 21 de março de 1847 e governou autoritariamente até sua morte, em 1865.
Independência
Carrera restabeleceu os privilégios da Igreja e opôs-se às tentativas de reconstruir a federação centro-americana. Em 1859, firmou com o Reino Unido um tratado que definiu os limites com as Honduras Britânicas (atual Belize). Seus sucessores na presidência tornaram-se cada vez mais despóticos.
Em 1871, teve início uma revolução que derrubou o governo e iniciou um período liberal que se manteve, com breves interrupções, até 1944. O governo de Justo Rufino Barrios, a partir de 1873, foi marcado pela política anticlerical e de desenvolvimento econômico, baseada no investimento em grandes propriedades produtoras de café. Sua política social, entretanto, foi prejudicial aos índios, que ficaram subordinados a um regime de trabalho quase servil. Ardoroso defensor da união centro-americana, Rufino tentou obtê-la a força e invadiu El Salvador. Morreu na batalha de Chalchuapa, em 1885. Seguiram-se governos autoritários e instabilidade política até 1931. Por intermédio da United Fruit Company, instalada no país em 1901, os EUA exerceram aí forte influência, que se manifestou principalmente nas presidências de Cabrera (1898-1920) e Ubico (1931-1945).
O século XX
Após Barrios, os dirigentes de maior destaque foram Manuel Estrada Cabrera (1898-1920), ditador durante 22 anos, e o general José Maria Orellana, que ocupou a presidência até 1927, quando foi nomeado presidente o antigo oficial do Exército Lázaro Chacón. Em 1930, os efeitos da depressão econômica e as acusações de corrupção contra a ditadura de Chacón provocaram a sua queda.
O general Jorge Ubico Castañeda foi nomeado presidente em 1931. Político populista, alcançou alguns êxitos notáveis em relação à economia guatemalteca, como a recuperação da depressão de 1930 e o o primeiro superávit nas contas do país. No entanto, quem mais se beneficiou foi a empresa norte-americana United Fruit Company e a oligarquia nacional. A rigidez de seu regime fez com que Jorge Ubico fosse obrigado a renunciar em consequência de uma greve geral, em 1944, pondo, assim, um ponto final às ditaduras militares. Os trabalhadores organizaram-se em sindicatos e formaram-se partidos políticos.
Em 1944, Juan José Arévalo, à frente de uma coligação democrático-liberal, foi eleito para a presidência, que assumiu em 1945. Em sua administração, promulgou-se uma nova Constituição e institui-se um quadro de reformas políticas e sociais que favoreciam os trabalhadores urbanos e os camponeses, retirando poderes dos grandes latifundiários e dos militares. Em 1945, a Guatemala renovou as suas reclamações sobre as Honduras Britânicas (atual Belize), um tema pendente desde a formação da república. O conflito agravou-se em 1948 quando unidades da Marinha britânica foram enviadas ao porto da cidade de Belize a fim de impedir uma suposta invasão guatemalteca. A Guatemala fez um protesto dirigido às Nações Unidas e à União Panamericana e fechou a sua fronteira com as Honduras Britânicas. Arévalo concluiu o seu período presidencial, apesar de ter sofrido mais de 20 tentativas de golpe.
O coronel Jacobo Arbenz Guzmán (1951-1954) saiu vitorioso nas eleições gerais de 1950, apoiado por uma coalizão de partidos de esquerda, tendo continuado a política de reformas sociais de seu antecessor. O Congresso Nacional aprovou uma lei de reforma agrária que estabeleceu a divisão de terras não cultivadas a trabalhadores sem terra, afetando, assim, a United Fruit Company.
Em 1954, a oposição ao regime do coronel Arbenz aumentou muito, tanto dentro como fora do país, e muitas vezes ele foi classificado como comunista. Na X Conferência Interamericana, os Estados Unidos, alarmados pelo fortalecimento do Partido Comunista, conseguiram a aprovação de uma resolução anticomunista condenando implicitamente o governo da Guatemala. Alegando ter descoberto uma conspiração destinada a derrubá-lo, o Governo deteve as lideranças da oposição e os direitos civis foram suspensos.
Em 1954, o assim chamado Exército de Liberação, formado por políticos exilados treinados e apoiados pelos Estados Unidos, através da CIA, e dirigido pelo coronel Carlos Castillo Armas, invadiu a Guatemala. Arbenz deixou o poder em junho de 1954 e o Congresso Nacional foi dissolvido.
Castillo Armas foi nomeado presidente provisório e seu mandato foi ratificado mediante um plebiscito nacional. Paralelamente, uma assembleia constituinte redigiu uma nova Constituição. Em 1955, o governo autorizou a atividade de alguns partidos políticos. Em 1957, Castillo Armas foi assassinado. Uma junta militar tomou o governo e o general Miguel Ydígoras Fuentes foi nomeado pelo Congresso como presidente em 2 de março de 1958, sendo no entanto derrubado pelo seu ministro da Defesa, o general Enrique Peralta Azurdia, em março de 1963. Três anos mais tarde, veio a eleição pacífica do líder do Partido Revolucionário, Julio César Méndez Montenegro, para a presidência, com uma plataforma moderada, mas este nunca conseguiu impor as suas políticas por ação dos militares, que controlavam por completo os corredores do Poder. Méndez Montenegro governou de 1966 a 1970, quando se elegeu presidente Carlos Arana Osorio, o qual impôs uma política de extinção de todos os opositores, quer de partidos políticos, quer das guerrilhas rural e urbana. Em 1974, foi eleito o general Kjell Laugerud García, e em 1978, o general Romeu Lucas García. O candidato eleito em 1982 foi deposto pelo general Efrain Ríos-Montt, que passou a governar o país com plenos poderes.
Entre 1970 e 1982, o país, já devastado por tremores de terra em 1976, considerado um dos maiores desastres naturais já registrados na América Central, foi varrido por uma guerra civil intermitente, fomentada pelas atividades das guerrilheiros de tipo castrista ou sandinista e dos Esquadrões da Morte paramilitares. A descoberta de reservas petrolíferas nos finais da década de 70, no Norte da Guatemala, criou uma crise entre este país e o Belize (na altura chamado Honduras Britânicas), pois acreditava-se que as reservas se estendiam para aquele território. No entanto, em setembro de 1981, a Inglaterra deu a independência ao Belize sob os protestos da Guatemala, que só abdicaria das suas pretensões sobre o Belize em setembro de 1991. Esta descoberta serviu também de pretexto para o Governo guatemalteco iniciar um movimento repressivo sobre os índios no Norte do território, provocando, não só o êxodo para o México, como uma adesão às guerrilhas sem precedentes. Até 1985, todas as eleições foram monopolizadas de modo a manter os militares no Poder.
Em 1983, o general Óscar Mejía Victores tomou o poder, prometendo redemocratizar o país. Em 1984, realizaram-se eleições para a Assembleia Constituinte, e em dezembro de 1985, na sequência da aprovação em março de uma nova Constituição, de cariz mais humanista, foi eleito o primeiro presidente civil dos últimos 15 anos, o democrata-cristão Marco Vinicio Cerezo Arévalo. A partir de 1987, a Guatemala integrou o esforço de paz na América Central (acordos assinados em 1987 e 1989 com Costa Rica, Honduras, Nicarágua e El Salvador). Contudo, em vez de apaziguar o país, Cerezo promoveu o ressurgimento dos esquadrões da morte (muito ativos durante as presidências militares), o que provocou a formação, por parte das várias guerrilhas, da União Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG). Marco Cerezo teve, também, de enfrentar várias tentativas de golpe de Estado, levadas a cabo pelos militares, para além da crescente insatisfação popular.
Nas eleições de 1991 o evangélico Jorge Serrano Elías, dirigente do Movimento de Ação Solidária (centro-direita), foi eleito para a presidência e cedo estabeleceu diálogo com a URNG, de modo a pôr termo à situação de guerra vivida no país. Esta iniciativa, no entanto, causou reações violentas por parte da ala direita, através de ações perpetradas pelos esquadrões da morte. Em maio de 1993, Serrano anunciou um golpe de Estado, dissolveu o Congresso e a Corte Suprema e suspendeu a constituição, mas a pressão popular fez com que o exército retirasse o apoio e ele logo teve de renunciar. Seu vice, Gustavo Espina, caiu em seguida. Em junho, o Congresso elegeu para a presidência da República Ramiro de León Carpio, advogado de direitos humanos que tinha se destacado por suas denúncias sobre a violência institucional. Carpio instaurou várias reformas constitucionais que limitaram o mandato presidencial a quatro anos, estabeleceu negociações com a guerrilha e apoiou a criação de uma comissão para limitar a responsabilidade sobre a violência institucional, que tinha provocado mais de 100 mil mortos e aproximadamente 50 mil desaparecidos nas três últimas décadas.
Apesar da assinatura dos acordos de paz entre o Governo e a URNG em 1993, a instabilidade política e social continuou a marcar o quotidiano da Guatemala, tornando impotentes os esforços do presidente Carpio no estabelecimento de uma democracia sólida no país. Exemplo disso é o espancamento de uma cidadã norte-americana acusada de tráfico infantil, que foi levado a cabo por milícias populares em março de 1994. Este episódio, que acarretou enormes prejuízos econômicos ao provocar o cancelamento de visitas turísticas, surgiu na altura em que cada vez mais os militares tentavam imiscuir-se na política guatemalteca, originando, portanto, especulações sobre um possível envolvimento militar naquela ação popular.
Nas eleições de 1995, venceu o conservador Alvaro Arzú. A conclusão de um acordo de paz entre o poder central e a guerrilha pôs fim a 35 anos de conflito. Em 26 de dezembro de 1999, Alfonso Portillo, candidato da Frente Republicana Guatemalteca (FRG), partido populista de direita, venceu as eleições presidenciais no 2º turno, com 68% dos votos válidos, para um mandato de quatro anos. Em 2004, Óscar Berger, líder direitista, da Grande Aliança Nacional (GANA), sucedeu-o na presidência da República.
Em 3 de setembro de 2015, a três dias das eleições presidenciais, o então presidente Otto Pérez Molina renunciou ao cargo devido ao escândalo de corrupção conhecido como La Línea (A Linha). O vice-presidente Alejandro Maldonado assumiu o cargo interinamente.
Geografia
O país tem uma área de 108 889 km², sendo o terceiro maior do subcontinente, superado apenas por Nicarágua e Honduras, respectivamente. A nação possui uma grande variedade de climas, devido ao seu terreno montanhoso que vai desde o nível do mar até 4 220 metros de altitude. A variação topográfica no território guatemalteco dá margem para que diversos ecossistemas se desenvolvam no país, variando dos manguezais da costa do Pacífico às florestas de altitude nas regiões montanhosas. Tal abundância de áreas biologicamente significativas e exclusivas à Guatemala contribui para sua classificação como um centro de biodiversidade. Limita-se ao Norte com o México, ao Sul com Honduras e El Salvador, ao leste faz fronteira com Belize e o mar do Caribe e ao Oeste é banhado pelo oceano Pacífico.
Assim como outros países centro-americanos, a Guatemala possui diversos lagos, cadeias de montanhas, que são prolongamento da Serra Madre mexicana, e grandes vulcões – alguns chegam a atingir mais de 4 000 metros de altitude e ainda estão ativos, como o Tajumulco (4 210 metros) e o Tacaná (4 093 metros). Ao sul e a leste as altitudes são menores. O Vale Motagua, na planície de El Petén, é um dos principais campos de fósseis de dinossauros. É também a região mais fértil do país e onde se concentram as principais atividades econômicas, com destaque para o cultivo do milho e a banana. Na região próxima ao Pacífico, as plantações de cana-de-açúcar e café são as mais importantes.
A temperatura é quente nas planícies e fria nas montanhas. No litoral do Pacífico, o clima é o tropical, e na costa caribenha os termômetros chegam a atingir 38 °C. Na floresta da planície de El Petén o clima é quente, e o grau de umidade varia de acordo com a época do ano.
Meio Ambiente
Em 2019, as florestas cobrem menos de 30% do território, contra mais de 40% no início dos anos 2000. Segundo as Nações Unidas, "instituições fracas combinadas com a sede de lucro" aumentam "a vulnerabilidade socioambiental da Guatemala aos impactos da mudança climática e dos desastres naturais". O país também enfrenta a contaminação do solo, da água e do ar e a degradação da biodiversidade.
Demografia
Com 17,2 milhões de habitantes, a Guatemala é o país centro-americano mais populoso, e o segundo mais densamente povoado. A população é formada majoritariamente por indígenas e descendentes. De acordo com o censo de 2010, os mestiços compõem cerca de 41% da população da Guatemala. Os brancos de ascendência europeia, sobretudo espanhola, alemã e italiana representam 10%. Os ameríndios, descendentes dos maias, constituem 48,9% da população. A maior parte da população da Guatemala é rural, contudo a urbanização está em aceleração.
Embora a língua oficial seja o espanhol, ela não é universalmente compreendida entre a população indígena; ainda são faladas várias línguas maias, em especial em áreas rurais. Ao todo existem mais de vinte línguas maias, xinca e garífuna presentes. Os acordos de paz assinados em Dezembro de 1996 determinam a tradução de alguns documentos oficiais e de materiais de voto para várias línguas indígenas.
Um número significativo de guatemaltecos vive fora do seu país. A maioria da diáspora da Guatemala está localizada nos Estados Unidos, com estimativas variando de 480 665 a 1 489 426 de imigrantes provenientes do país centro-americano. A dificuldade na obtenção de contagens precisas para guatemaltecos no exterior se dá porque muitos deles são requerentes de asilo que aguardam determinação de seu estado natal. A emigração para os Estados Unidos levou ao crescimento de comunidades da Guatemala na Califórnia, Delaware, Flórida, Illinois, Nova Iorque, Nova Jersey, Texas, Rhode Island e em outros lugares desde os anos 1970.
Religião
O catolicismo era a única religião reconhecida durante o período colonial. Sempre havia questões de intolerância religiosa no país na época colonial devido às religiões politeístas dos nativos indígenas. O protestantismo tem aumentado significativamente nos últimos anos, devido à chegada de várias denominações dos Estados Unidos na década de 1970.
Com a chegada dos espanhóis no Novo Mundo, o povo foi convertido ao catolicismo, mas suas crenças primitivas não foram esquecidas. As crenças religiosas maia são praticadas por uma grande porcentagem da população. A prática das crenças religiosas maia tem aumentado bastante entre os descendentes desta civilização devido à proteção garantida a estes pelo Acordo de Paz, principalmente na parte ocidental do país. Um dos exemplos mais típicos desse sincretismo religioso são os ritos da Igreja de Santo Tomás, em Chichicastenango.
Existem atualmente na Guatemala pequenas comunidades de judeus (aproximadamente 1 200 praticantes) que possuem suas próprias sinagogas, muçulmanos, Santos dos Últimos Dias, Testemunhas de Jeová, ateus e budistas.
Em termos de estatísticas, 50% da população da Guatemala segue a Igreja Católica Romana, 34% são protestantes e 5% possuem outras religiões (1% dos quais possui crenças indígenas/tribais relacionadas com a religião do povo Maia) e 11% não pertencem a nenhuma religião.
Cidades mais populosas
Idiomas
A língua oficial da Guatemala é o espanhol, falado por 93% da população como a primeira ou segunda língua nativa.
Vinte e uma línguas maias são faladas, especialmente nas zonas rurais, bem como duas línguas não maias ameríndias: xinca, que é de origem indígena, e garífunas, uma língua aruaque falada na costa do Caribe. De acordo com a Lei de Línguas de 2003, estas línguas não são reconhecidas como línguas nacionais.
Política
A Guatemala é uma república democrática constitucional segundo a qual o Presidente é tanto chefe de Estado quanto chefe de governo. O país possui um sistema multipartidário. O Poder Executivo é exercido pelo Governo. O Poder Legislativo é investido no governo e no Congresso da República Guatemalteca. O Poder Judiciário é independente do executivo e do legislativo.
O parlamento da Guatemala, o Congresso da República, com 113 assentos, é eleito cada quatro anos, simultaneamente com as eleições presidenciais. O presidente atua como chefe de Estado e do governo. Em suas tarefas executivas é auxiliado por um gabinete de ministros que são designados pelo próprio presidente.
Subdivisões
A Guatemala está dividida em 22 departamentos, que são os seguintes, com suas respectivas capitais:
Alta Verapaz (Cobán)
Baja Verapaz (Salamá)
Chimaltenango (Chimaltenango)
Chiquimula (Chiquimula)
El Petén (Flores)
El Progreso (Guastatoya)
El Quiché (Santa Cruz del Quiché)
Escuintla (Escuintla)
Guatemala (Cidade da Guatemala)
Huehuetenango(Huehuetenango)
Izabal(Puerto Barrios)
Jalapa (Jalapa)
Jutiapa (Jutiapa)
Quetzaltenango (Quetzaltenango)
Retalhuleu (Retalhuleu)
Sacatepéquez (Antigua Guatemala)
San Marcos (San Marcos)
Santa Rosa (Cuilapa)
Sololá (Sololá)
Suchitepéquez (Mazatenango)
Totonicapán (Totonicapán)
Zacapa (Zacapa)
Economia
A economia da Guatemala baseia-se predominantemente na agricultura. Um quarto do PIB, dois terços das exportações e metade da força de trabalho do país provém do campo.
O país é o 2º maior produtor do mundo de cardamomo, um dos 10 maiores produtores mundiais de café, cana-de-açúcar, melão e borracha natural, e um dos 15 maiores produtores de banana e óleo de palma. Os principais produtos de exportação do país são, na seguinte ordem de valor: banana, açúcar, café e cardamomo. Cerca de metade das exportações da Guatemala vão para os Estados Unidos.
Em 2020, o país foi o 86º maior exportador do mundo (US$ 11,1 bilhões, 0,1% do total mundial). Na soma de bens e serviços exportados, chega a US$ 13,5 bilhões, ficando em 88º lugar mundial. Já nas importações, em 2019, foi o 73º maior importador do mundo: US$ 19,8 bilhões. Em 2018, a Guatemala tinha a 68ª indústria mais valiosa do mundo (US$ 10,5 bilhões), segundo o Banco Mundial. A Guatemala tem um nível econômico levemente superior ao do Uruguai e do Paraguai.
O presidente Arzu (1996-2000) trabalhou para implementar um programa de abertura comercial e para modernizar a política do país. Em 1996 foi assinado o acordo de paz que pôs fim à guerra civil que durava há 36 anos.
O sector agrícola reforçou-se desde o início da década de 2000 graças às importações chinesas. O agronegócio guatemalteco está nas mãos de algumas dezenas de grandes empresas nacionais ou estrangeiras. O valor dos produtos agrícolas exportados a cada ano quadruplicou entre 2000 e 2015 e o dos produtos de mineração quadruplicou, permitindo que a Guatemala se beneficiasse de uma alta taxa de crescimento (3,5% em 2018).
Guatemala tem os impostos mais baixos da América para empresas e investidores estrangeiros.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), "na Guatemala, o coeficiente de Gini - que mede a desigualdade de renda - é de 0,63, uma das maiores taxas do mundo". O país é um dos únicos países do continente americano que não experimentou uma redução da pobreza durante o período de alta dos preços das commodities de exportação (2000-2015). Pelo contrário, aumentou em 7%, alcançando 66,7% dos guatemaltecos em 2017, incluindo 86,6% dos indígenas.
Cerca de metade das crianças sofrem de falta de alimentos (75% para crianças indígenas).
Infraestrutura
Educação
O Ministério da Educação é o órgão do governo guatemalteco responsável pela educação na Guatemala, ao qual disciplina a aplicação do regime jurídico relativo aos serviços escolares e extraescolares, para a educação formal dos guatemaltecos.
Na Guatemala, em 2015, a taxa de alfabetização para pessoas com 15 anos ou mais foi estimada em 81,4%, sendo maior entre os homens (87,4%) do que entre mulheres (76,3%), sendo a taxa de alfabetização mais baixa da América Central. A expectativa de vida escolar, do ensino primário ao superior, era de 11 anos de estudos em 2015. O país destina cerca de 3,20% de seu orçamento anual para gastos e investimentos em educação, o que se revela modesto em comparação com as nações vizinhas e outros países do mundo. A educação é obrigatória por lei até o ensino secundário.
O governo administra várias escolas públicas de ensino fundamental e médio, já que os jovens da Guatemala não participam integralmente da educação. Essas escolas são gratuitas, embora o custo de uniformes, livros, materiais e transporte as torne menos acessíveis aos segmentos mais pobres da sociedade e um número significativo de crianças pobres não frequenta a escola. Cerca de 4,6% de crianças em idade escolar estão fora das escolas. Muitas crianças de classe média e alta vão para escolas particulares. Organizações como Child Aid, Pueblo a Pueblo e Common Hope, que treinam professores em vilas em toda a região das Terras Altas Centrais, estão trabalhando para melhorar os resultados educacionais para as crianças. A falta de treinamento para professores rurais é um dos principais fatores que contribuem para as baixas taxas de alfabetização da Guatemala.
A Guatemala tem uma universidade pública, a Universidad de San Carlos de Guatemala (USAC) e outras quatorze privadas. A USAC foi a primeira universidade da Guatemala e uma das primeiras universidades da América, tendo sido fundada em 1676, durante a colônia espanhola, e permaneceu como a única universidade na Guatemala até 1954. Nenhuma das instituições do país está listada entre as 100 melhores universidades da América Latina, de acordo com a classificação do QS World University Rankings de 2021.
Cultura
Gastronomia
A Guatemala, berço dos maias, tem uma cultura gastronômica tão rica e variada como antiga. Na culinária cotidiana da Guatemala o milho é rei e senhor: Tortilhas, Tamalitos, Pishtones, Tacos, Enchiladas, Chuchitos, etc., têm o milho como ingrediente principal
Serviços públicos
O estado proporciona assistência médica e gratuita, mas também há hospitais particulares nas grandes cidades. Mesmo assim, os serviços médicos e sanitários são insuficientes, especialmente nas zonas rurais e nos subúrbios mais pobres. O ensino primário (seis anos) é gratuito e obrigatório, mas o sistema educacional não preenche as necessidades do país e apenas uma minoria chega ao segundo grau. A principal universidade pública é a de San Carlos de Guatemala, fundada em 1676.
História e tradições
No território guatemalteco se encontram alguns dos mais remotos vestígios da civilização maia, cujas fases são conhecidas graças às estelas de pedra, usadas para medir o tempo. A primeira foi encontrada em Uaxactún e data do ano 328 da era cristã. Outros centros com ruínas maias são Quirigua e Yaxchilán.
Textos como o Popol Vuh, o Rabinal Achi e o Memorial de Tecpán-Atitlán foram escritos depois da conquista, em línguas indígenas com caracteres latinos.
Na arquitetura colonial, predominou o barroco espanhol com elementos indígenas. As ruínas da catedral de Antigua Guatemala são a melhor mostra desse estilo. A estatuária popular adquiriu grande perfeição a partir do século XVI.
Literatura Espanhola
A figura de maior destaque nas letras guatemaltecas é Miguel Ángel Asturias, que recebeu em 1967 o Nobel de Literatura. Seu interesse pelas raízes do povo se expressa em todas as suas obras, com freqüentes alusões a mitos indígenas.
Esportes
O futebol é o esporte mais popular na Guatemala e sua equipe nacional apareceu em 18 edições do Campeonato da CONCACAF, vencendo-o uma vez em 1967. No entanto, o time ainda nunca se classificou para a Copa do Mundo da FIFA.
O futsal é provavelmente o esporte coletivo de maior sucesso na Guatemala. A equipe nacional venceu o Campeonato CONCACAF de Futsal de 2008 como anfitriões. Foi também o vice-campeão em 2012 como anfitrião e conquistou a medalha de bronze em 2016.
Erick Barrondo ganhou a única medalha olímpica para a Guatemala até agora, na marcha atlética nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012.
Ver também
América Central
América Central sob domínio mexicano
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da América
Missões diplomáticas da Guatemala
República Federal da América Central
República Maior da América Central
Ligações externas |
Os beija-flores, também denominados colibris, são termos comuns que se referem à qualquer uma de 362 espécies classificadas dentro de 113 gêneros reconhecidos, e se encontrando distribuídos desde o sul do Alasca ao extremo sul da Patagônia, no arquipélago da Terra do Fogo; embora grande parte das espécies se encontre na região dos trópicos equatorianos. São aves pequenas, com uma parcela significativa de suas espécies medindo entre 7.5 e 13 centímetros de comprimento, embora algumas sejam muito maiores ou, até muito menores. Dentre todos as espécies descobertas, sua maior espécie é o beija-flor-gigante (Patagona gigas), uma ave monotípica e monofílica, ao que a menor é o beija-flor-abelha (Mellisuga helenae). Cientificamente, os beija-flores estão classificados dentro da família dos troquilídeos (Trochilidae) que, por sua vez, está localizada dentro da ordem dos Apodiformes, que é constituída por pequenas aves com asas grandes e pés pequenos atrofiados, com garras nas pontas, usados para se empoleirar ou pousar. Sendo restritos ao continente americano, têm seu nicho ecológico preenchido no Velho Mundo pelos nectaríinideos. Existem, ainda, evidências de fósseis de algumas aves europeias pré-históricas, descobertos na região sudeste da França e Alemanha e datados do Paleogeno, que se assemelham aos beija-flores morfologicamente, mas extremamente divergentes no âmbito genético.
A história natural dos beija-flores se inicia ainda nos primórdios da zoologia e, subsequentemente, da ornitologia, iniciando-se com descrições realizadas pelo sueco Carlos Lineu, e publicadas na décima edição do Systema Naturæ, estas locadas no gênero Trochilus, que, posteriormente, se tornaria o gênero-tipo da subfamília dos troquilíneos, dentro da família. Hoje, a maioria dos identificadores taxonômicos classifica-os dentro da ordem Apodiformes, porém, a BirdLife International considera-os pertencentes aos Caprimulgiformes, ao que a Lista de Aves de Sibley—Monroe, publicada originalmente em 1990, classifica os beija-flores dentro de uma ordem monotípica, que foi conhecida por Trochiliformes. Os beija-flores se encontram divididos em seis subfamílias, além de mais seis tribos, respectivamente, os troquilíneos (inclui tribos Trochilini, Mellisugini e Lampornithini), os fetornitíneos, os lesbíineos (que inclui as tribos Lesbiini e Heliantheini), os politmíneos, os florisugíneos e os patagoníneos. Entretanto, até a década de 2010, esta família incluía apenas as duas primeiras subfamílias, porém, diversos estudos filogenéticos moleculares confirmaram uma divisão de nove clados existentes neste táxon. O cladograma abaixo foi realizado através dos estudos filogenéticos publicados por McGuire et al.:
Estas aves são conhecidas no português brasileiro como beija-flores, e no português europeu como colibris, entretanto, outros nomes populares incluem cuitelo, cuitelinho, guanambi, guanumbi, guinumbi, guainumbi, pica-flor, chupa-flor, chupa-mel e suga-flor, e em guarani, estas aves são conhecidas popularmente como mainoĩ. Além disso, muitas espécies têm nomes específicos às mesmas, como os calçudos dos gêneros Haplophaedia e Eriocnemis, bem como os balança-rabos dos gêneros Glaucis e Threnetes, os rabos-brancos, os cometas de Sappho, Polyonymus e Taphrolesbia; e os bicos-de-lança, além de nomes exóticos como os helianjos, os metaluros ou os incas. A maioria dos beija-flores brasileiros possui distribuição na região nordeste do país, em altitudes entre 500 e 1500 metros acima do nível do mar. A maior biodiversidade destas aves ocorre nas regiões andinas da Colômbia e Equador; no Brasil, terceiro país com a maior biodiversidade do mundo, apresenta cerca de 84 espécies, com 16 sendo endêmicas. A maioria dos beija-flores é residente, com algumas espécies realizado migrações sazonais ao sul. São polinizadores e forrageadores, e se alimentam principalmente do néctar das flores nativas ou introduzidas — onde introduzem sua língua dentro das flores, sugando o pólen e o néctar —, e complementando sua dieta alimentando-se de pequenos insetos e outros artrópodes. A maioria de suas espécies é sexualmente dimórfica, onde as fêmeas apresentam cores mais opacas e, às vezes, os machos podem ser menores. A maioria destas aves são extremamente territorialistas, competindo com insetos, outros beija-flores e, ainda, com aves muito maiores, como os fura-flores. Nesse contexto, as espécies menos competitivas são submissas e frequentemente assediadas pelas espécies mais agressivas.
Características Físicas
Os beija-flores são aves de pequeno porte, que medem em média de 6 a 12 centímetros de comprimento e pesam de 2 a 6 gramas. Maioria dos bicos são normalmente longos, mas o formato preciso varia bastante com a espécie e está adaptado ao formato da flor que constitui a base da alimentação de cada tipo de beija-flor. Uma característica comum é a língua bifurcada e extensível, usada para extrair o néctar das flores.
O esqueleto e constituição muscular dos beija-flores estão adaptados de forma a permitir um voo rápido e extremamente ágil. São as únicas aves capazes de voar em marcha-ré e de permanecer imóveis no ar. O batimento das asas é muito rápido e podem ultrapassar 80 vezes por segundo. Em contraste, as patas dos beija-flores são pequenas demais para a ave caminhar sobre o solo. As fêmeas são, em geral, maiores que os machos, mas apresentam coloração menos intensa. Vivem, em média, 12 anos e seu tempo de incubação é de 13 a 15 dias.
Comportamento
Tal como a maioria das aves, o olfato não está muito desenvolvido nos beija-flores; a visão, no entanto, é muito apurada. Além de poderem identificar cores, os beija-flores são dos poucos vertebrados capazes de detectar cores no espectro ultravioleta.
A alimentação dos beija-flores é baseada em néctar (cerca de noventa por cento) e artrópodes, em particular moscas e formigas.
Os beija-flores são poligâmicos.
Polinização
Entre os animais que visitam flores em busca de alimento, os beija-flores são os mais conhecidos, pelos tons metálicos da sua plumagem e a capacidade de visitar flores pairando no ar. Os beija-flores precisam de grandes quantidades de néctar diariamente, para suprir a energia necessária ao seu esvoaçar contínuo. O néctar das flores visitadas por beija-flores é um alimento altamente energético, contendo cerca de vinte por cento de açúcares, sendo que a quantidade de néctar disponível varia com o tamanho e tipo de flor.
As flores visitadas por beija-flores, classificadas como ornitofílicas, são em geral tubulosas e apresentam cores vivas, com tonalidades que variam do vermelho ao alaranjado. Esse conjunto de cores e formas permite prever que o polinizador de uma determinada flor seja um beija-flor. As flores da sálvia e do cipó-de-são-joão representam bem os tipos visitados por beija-flores. Entretanto, algumas flores polinizadas por essas aves podem ser azuis ou brancas, como as de certos caraguatás. Nesse caso, as brácteas ou alguma outra parte da planta apresentam cor avermelhada, que atrai a atenção dos beija-flores.
Alguns beija-flores também buscam néctar em flores que são polinizadas por outros tipos de animais, como abelhas, borboletas ou morcegos. Quando isso ocorre, nem sempre há um ajuste entre o tamanho e o tipo de flor e o tamanho do bico do beija-flor. Quando a flor é grande demais, pode ocorrer a "pilhagem de néctar". Nesse tipo de visita, o beija-flor retira o néctar sem tocar nas partes reprodutivas da planta e, portanto, não realiza a polinização. Beija-flores pequenos, como o besourinho-de-bico-vermelho são pilhadores habituais.
Ao visitar as flores em busca de néctar, os beija-flores podem adotar dois modos distintos: estabelecem territórios ou percorrem rotas alimentares. Os dois modos resultam em diferenças na polinização. Quando estabelece território, o beija-flor transporta pólen entre as flores da mesma planta ou de plantas próximas entre si. Já a territorialidade, portanto, resulta em menor número de plantas na polinização. Na ronda alimentar, por outro lado, o beija-flor transporta pólen entre as flores de um maior número de indivíduos, distantes entre si, possibilitando assim maior variabilidade genética.
Alimentação Artificial
Aproveitando a grande necessidade que os beija-flores têm de um alimento energético de rápida utilização, como o néctar, que contém carboidratos em concentração variável em torno de quinze a 25 por cento, é possível atraí-los para fontes artificiais de soluções açucaradas, os chamados "bebedouros" para beija-flores. Trata-se de recipientes com corolas artificiais onde é colocada uma solução açucarada cuja concentração recomendada é de vinte por cento. Uma crença, que tudo indica foi iniciada a partir de uma publicação de autoria do naturalista Augusto Ruschi, diz que o uso desses bebedouros, sem a devida manutenção, pode ocasionar doenças nessas aves, podendo até matá-las. Porém não há, na literatura ornitológica, nenhum trabalho científico comprovando isto. Essa crença tornou-se extremamente difundida na população. A doença à qual Ruschi se referiu seria a candidíase, infecção oportunista causada pelo fungo Candida albicans, que acometeria a boca dos beija-flores. Sendo assim, é aconselhável quando se utiliza de tal artifício para atração de beija-flores, por exemplo em jardins ou sacadas, proceder-se aliado à limpeza diária dos bebedouros e à troca da solução açucarada; preparado de preferência com açúcar comum, evitando-se a utilização de mel, açúcar mascavo, e demais preparados caseiros, pois estes possuem uma maior tendência à fermentação. Além disso, é contraindicado o uso da água encanada de rede pública, pois esta usualmente é tratada com compostos de cloro ou flúor em dosagens insignificantes para os humanos mas que nos organismos de aves de pequeno e médio porte caracterizam-se como substâncias acumulativas que prejudicam a saúde destes.
Havendo a disponibilidade do alimento artificial, normalmente os beija-flores o procuram complementando, com louvor, seu provimento energético. Esse alimento fornecido auxilia os beija-flores, porém alguns cuidados são necessários.
Em áreas com desequilíbrio da vegetação natural ou mesmo em certos períodos do ano, quando há maior escassez de alimento, os beija-flores tendem a se especializar nos bebedouros. A hipótese é que essa fase de especialização pode provocar um desequilíbrio no organismo do animal, debilitando o seu sistema imunológico. Foi observado, principalmente nestes períodos de escassez, um aumento de doenças nestas aves, especialmente aquelas provocadas por fungos. Isso provavelmente pode ter origem na carência de alguns nutrientes que normalmente seriam encontrados em fontes naturais de alimento, como o néctar e artrópodes. Estudos demonstraram que com uma pequena adição de sal na dieta líquida houve um aumento na resistência às doenças, tornando-se rara a presença de aves enfermas. Desta forma, além da troca diária da calda açucarada, é recomendável o acréscimo de uma pequena pitada de sal comum no preparado, porém evitando-se quantidades excessivas pois quantidades demasiadas de sal prejudicam o metabolismo dos animais.
Com relação à limpeza dos bebedouros, outrossim é importante mantê-los longe de insetos como formigas, vespas, baratas etc. Tais insetos, além de competir pelo alimento com os beija-flores, carregam parasitas, especialmente fungos que infectam os bebedouros. Um sinal visível da infestação por fungos é o pronto escurecimento do bocal e até pétalas das flores artificiais, logo após a visita dos insetos. Sendo assim, é recomendável utilizarem-se modelos de bebedouros que tenham algum dispositivo limitador de formigas etc., e, ao se notar o escurecimento das flores de plásticos, estas devem imediatamente ser esterilizadas com algum composto clorado (destinado a purificar alimentos como verduras, e "jamais usar produtos comuns de limpeza") e bem enxaguadas antes de serem reutilizadas.
Uma prática condenável é completar o nível dos bebedouros com mais calda. A presença eventual de alguma ave doente pode contaminar outros beija-flores, através do próprio bebedouro. Dessa maneira, particularmente quando o nível do líquido está próximo do fim, aumenta a concentração de possíveis elementos patogênicos. Ademais, ocorre que no preparado, bactérias rapidamente fermentam o açúcar dissolvido, produzindo-se substâncias nocivas às aves. Em avançado processo de fermentação, é perceptível um característico odor de azedo e, em alguns casos, até um leve aroma alcoólico. Para reduzir todos esses riscos, o procedimento correto é diariamente trocar "completamente" a água adocicada e higienizar os bebedouros.
Reprodução
Certas espécies, como a Leucochloris albicollis, apreciadora das regiões de altitude da Mata Atlântica, são bastante canoras. O macho desta espécie emite um característico e longo trinado para atrair a fêmea e se acasalar.
É a fêmea que constrói o ninho e cuida da incubação. Normalmente, dura de dezesseis a dezessete dias a eclosão dos dois ovos, que costumam ter a cor branca. Até os filhotes saírem do ninho, ainda vai um período de vinte a trinta dias nos quais permanecem sendo alimentados pela mãe.
O formato do ninho e material de construção varia de espécie para espécie, assim como a dimensão dos ovos. A maioria costuma ter o ninho em forma de tigela utilizando materiais como fibras vegetais, folhas, teias de aranha para dar coesão externa, musgo e líquens. Todos com aparência muito delicada.
Contudo, algumas espécies como a Phaethornis eurynome (rabo-branco-da-mata), típica da Mata Atlântica, constroem o ninho em forma de uma bola ovalada trançada com musgo. Assemelha-se a uma rede pendente, porém presa por um único fio (este com cerca de quinze centímetros) no galho de uma planta a cerca de dois metros de altura em média. Seu ninho é revestido com líquens e, sob o calor da incubação, os ovos acabam tingidos por eles. A entrada é pela lateral, próxima à base. Com esta forma, o ninho fica fechado por cima e protegido da chuva. Mas devido ao seu diminuto tamanho, curiosamente a longa cauda da fêmea pende pelo lado externo.
Conservação
Duas espécies de beija-flor extinguiram-se no passado recente: esmeralda-de-brace (Chlorostilbon bracei) e esmeralda-de-gould (Chlorostilbon elegans). Das 322 espécies conhecidas, a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais lista nove como "em perigo crítico de extinção", onze como "em perigo" e outras nove como "vulneráveis". As maiores ameaças à preservação do grupo são a destruição, degradação e fragmentação de seus habitat.
Referências Culturais
Os beija-flores estão presentes no:
Brasão de armas e na moeda de um cêntimo de Trinidade e Tobago.
Linhas de Nazca.
Cédula de um real.
Moeda de um real, emitida no ano de 2019.
Símbolo da Prefeitura Municipal de Betim, em Minas Gerais, no Brasil.
Música Cuitelinho, do folclore do Pantanal mato-grossense.
Música brasileira Ai que Saudade d'Ocê.
Música brasileira "Beija-Flor", de Timbalada
Música "Codinome Beija-flor", do Cazuza.
Bandeira e no brasão de Santa Teresa, no Espírito Santo, no Brasil.
O colibri (mainoĩ) tem forte presença na cultura guarani e é retratado no canto Maino i reko ypi kue (Os primeiros costumes do colibri), que ao lado de Fundamentos da Linguagem (Ayvú Rapyta), compõe uma coletânea de cantos, rezas e mitos das tradições orais dos mbyá-guarani, organizados, transcritos e traduzidos por León Cadogan. No dia a dia dos guarani, um colibri circulando um jovem casal reflete o desejo deles de ter um bebê.
Sistemática
Ordem Apodiformes Peters, 1940
Família Trochilidae Vigors, 1825
Subfamília Trochilinae Reichenbach, 1854
Tribo Trochilini Vigors, 1825
Gênero Abeillia Bonaparte, 1850
Gênero Amazilia Lesson, 1843
Gênero Amazilis Gray, G.R., 1855
Gênero Anthocephala Cabanis & Hiene, 1860
Gênero Basilinna F. Boie, 1831
Gênero Campylopterus Swainson, 1827
Gênero Chalybura Reichenbach, 1854
Gênero Chionomesa Simon, 1921
Gênero Chlorostilbon Gould, 1853
Gênero Chlorestes Reichenbach, 1854
Gênero Chrysuronia Bonaparte, 1850
Gênero Cynanthus Swainson, 1827
Gênero Elliotomyia Stiles & Remsen, 2019
Gênero Eupetomena Gould, 1853
Gênero Eupherusa Gould, 1857
Gênero Goldmania Nelson, 1911
Gênero Hylocharis F. Boie, 1831
Gênero Klais Reichenbach, 1854
Gênero Ramosomyia M.D. Bruce & F.G. Stiles, 2021
Gênero Leucippus Bonaparte, 1850
Gênero Leucochloris Reichenbach, 1854
Gênero Microchera Gould, 1858
Gênero Orthorhyncus Lacépède, 1799
Gênero Pampa Reichenbach, 1854
Gênero Phaeoptila Gould, 1861
Gênero Phaeochroa Gould, 1861
Gênero Polyerata Heine, 1863
Gênero Riccordia Reichenbach, 1854
Gênero Saucerottia Bonaparte, 1850
Gênero Stephanoxis Simon, 1897
Gênero Thalurania Gould, 1848
Gênero Thaumasius Sclater, 1879
Gênero Taphrospilus Simon, 1910
Gênero Talaphorus Mulsant & Verreaux, 1874
Gênero Trochilus Linnaeus, 1758
Gênero Uranomitra Reichenbach, 1854
Tribo Lampornithini Jardine, 1833
Gênero Eugenes Gould, 1856
Gênero Heliomaster Bonaparte, 1850
Gênero Hylonympha Gould, 1873
Gênero Lampornis Swainson, 1827
Gênero Lamprolaima Reichenbach, 1854
Gênero Panterpe Cabanis & Heine, 1860
Gênero Sternoclyta Gould, 1858
Tribo Mellisugini Reichenbach, 1854
Gênero Archilochus Reichenbach, 1854
Gênero Calothorax G.R. Gray, 1840
Gênero Calypte Bourcier, 1839
Gênero Calliphlox F. Boie, 1831
Gênero Chaetocercus G.R. Gray, 1855
Gênero Doricha Reichenbach, 1854
Gênero Eulidia Mulsant, 1877
Gênero Mellisuga Brisson, 1760
Gênero Microstilbon Todd, 1913
Gênero Myrmia Mulsant, 1876
Gênero Myrtis Reichenbach, 1854
Gênero Nesophlox Ridgway, 1910
Gênero Philodice Mulsant, Verreaux, J & Verreaux, É, 1866
Gênero Rhodopis Reichenbach, 1854
Gênero Selasphorus Swainson, 1832
Gênero Thaumastura Bonaparte, 1850
Gênero Tilmatura Reichenbach, 1854
Subfamília Phaethornithinae Jardine, 1833
Gênero Ramphodon Lesson, 1830
Gênero Eutoxeres Reichenbach, 1849
Gênero Glaucis Boie, 1831
Gênero Threnetes Gould, 1852
Gênero Anopetia Simon, 1918
Gênero Phaethornis Swainson, 1827
Subfamília Lesbiinae Reichenbach, 1854
Tribo Heliantheini Reichenbach, 1854
Gênero Aglaeactis Gould, 1848
Gênero Boissonneaua Reichenbach, 1854
Gênero Clytolaema Gould, 1853
Gênero Coeligena Lesson, 1833
Gênero Ensifera Lesson, 1843
Gênero Eriocnemis Simon, 1918
Gênero Haplophaedia Reichenbach, 1849
Gênero Heliodoxa Gould, 1850
Gênero Lafresnaya Bonaparte, 1850
Gênero Loddigesia Bonaparte, 1850
Gênero Ocreatus Gould, 1846
Gênero Pterophanes Gould, 1849
Gênero Urochroa Gould, 1856
Gênero Urosticte Gould, 1853
Tribo Lesbiini Bonaparte, 1854
Gênero Adelomyia Bonaparte, 1854
Gênero Aglaiocercus Zimmer, 1930
Gênero Chalcostigma Reichenbach, 1854
Gênero Discosura Bonaparte, 1850
Gênero Heliangelus Gould, 1848
Gênero Lesbia Lesson, 1833
Gênero Lophornis Lesson, 1829
Gênero Metallura Gould, 1847
Gênero Opisthoprora Cabanis & Heine, 1860
Gênero Oreonympha Gould, 1869
Gênero Oreotrochilus Gould, 1847
Gênero Oxypogon Gould, 1848
Gênero Phlogophilus Gould, 1860
Gênero Polyonymus Heine, 1863
Gênero Ramphomicron Bonaparte, 1850
Gênero Sappho Reichenbach, 1849
Gênero Sephanoides G.R. Gray, 1840
Gênero Taphrolesbia Simon, 1918
Subfamília Polytminae Reichenbach, 1849
Gênero Doryfera Gould, 1847
Gênero Schistes Gould, 1852
Gênero Augastes Gould, 1849
Gênero Colibri Spix, 1824
Gênero Androdon Gould, 1863
Gênero Heliactin Boie, 1831
Gênero Heliothryx Boie, 1831
Gênero Polytmus Brisson, 1760
Gênero Avocettula Reichenbach, 1849
Gênero Chrysolampis Boie, 1831
Gênero Anthracothorax Boie, 1831
Gênero Eulampis Boie, 1831
Subfamília Florisuginae Bonaparte, 1853
Gênero Topaza G. R. Gray, 1840
Gênero Florisuga Bonaparte, 1850
Subfamília Patagoninae
Tribo Patagonini
Gênero Patagona Gray, GR, 1840
Ligações externas
no Animal Diversity
no Birds of the World do Cornell Lab of Ornithology
no IOC Bird List
publicado pela Comissão Europeia
no Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
Apodiformes
Troquilídeos
Famílias de animais |
Mercúrio (mitologia) — divindade da mitologia romana
Mercúrio (planeta) — o menor e mais interno planeta do Sistema Solar
Mercúrio (elemento químico) — um elemento químico metálico de símbolo Hg e número atómico 80
São Mercúrio — santo e mártir cristão
Mercúrio (Marvel Comics) — personagem mutante da Marvel Comics, em inglês Quicksilver, também conhecido no Brasil como Relâmpago, Homem-Relâmpago e Bala de Canhão
Mercurocromo — anti-séptico tópico usado para pequenos cortes e esfoladuras
EMOL ou El Mercurio On-Line — portal de notícias do Chile
Periódicos
El Mercurio — diário chileno fundado em 1900
El Mercurio de Valparaíso — diário chileno fundado em 1827
Desambiguação |
A Tunísia (, ; , ; em ), oficialmente República Tunisina (; ; ), é um país da África do Norte que pertence à região do Magrebe. É limitada ao norte e o leste pelo mar Mediterrâneo, através do qual faz fronteira com a Itália, ficando especialmente próxima da ilha de Pantelária e das ilhas Pelágias. Possui fronteira ocidental com a Argélia () e a leste e sul com a Líbia (). A sua capital e maior cidade é Túnis, que está situada no nordeste do país.
Quase 40% da superfície do território é ocupado pelo deserto do Saara. O restante é constituído de terras férteis, que foram berço da civilização cartaginesa, a qual atingiu o seu apogeu no , antes de sucumbir ao Império Romano.
Muito tempo foi chamada Regência de Tunes, um beilhique (estado satélite) do Império Otomano. A Tunísia passou a ser um protetorado francês em 1881 e adquiriu a independência em 20 de Março de 1956. O país toma a denominação oficial de Reino da Tunísia com o final do mandato de Lamine Bei, que, no entanto, jamais usou o título de rei, tendo sido proclamada uma república em 25 de Julho de 1957. Integrada nas principais comunidades internacionais, a Tunísia faz igualmente parte da Liga Árabe, da União Africana e da Comunidade dos Estados do Sahel-Sahara, entre outras.
Juntamente com Seychelles, Mauricia, Argélia, Botsuana, Líbia e Gabão, o país é um dos mais desenvolvidos da África, com um IDH considerado alto e sua renda per capita é uma das maiores do continente, que é relativamente alta comparada a outros países africanos.
Etimologia
A palavra Tunísia é derivada de Túnis, capital da Tunísia moderna. A forma atual do nome, com seu sufixo -ia, evoluiu do francês Tunisie.
Exitem várias possíveis origens do nome Túnis. É geralmente associado com à raiz berbere , transcrita como , o que significa "deitar-se" ou "acampamento". Por vezes, é também associada à deusa púnica Tanit, a antiga cidade de Tynes.
História
Pré-história e antiguidade
Métodos agrícolas atingiram o Vale do Nilo, na região do Crescente Fértil, cerca de e se espalharam para o Magrebe em cerca de . As primeiras comunidades agrícolas nas planícies costeiras úmidas da Tunísia central são ancestrais dos tribos berberes de hoje.
Acreditava-se que nos tempos antigos a África era originalmente povoada por getulos e líbios, ambos povos nômades. De acordo com o historiador romano Salústio, o semideus Hércules morreu na Espanha e seu exército oriental poliglota foi deixado para ocupar a terra a região, com alguma migração para a África. Os persas foram para o Ocidente, misturaram-se com os getulos e se tornaram os númidas. Os númidas e os mouros pertenciam à etnia a partir da qual os berberes são descendentes. O significado traduzido de "númida" é nômade" e, de fato, as pessoas esses povos eram seminômades.
No início da história registrada, a Tunísia era habitada por tribos berberes. Sua costa foi colonizada por fenícios começando tão cedo quanto já no A cidade de Cartago foi fundada no por colonos fenícios e cipriotas. A lenda diz que Dido de Tiro, no atual Líbano, fundou a cidade em , como recontado pelo escritor grego Timeu de Tauromênio. Os colonos de Cartago inspiraram sua cultura e religião nos fenícios.
Após uma série de guerras com cidades-Estados gregas (pólis) localizadas na Sicília no , Cartago subiu ao poder e, eventualmente, tornou-se a civilização dominante no Mediterrâneo Ocidental. A população de Cartago adorava um panteão de deuses do Oriente Médio que incluía Baal e Tanite. O símbolo de Tanite, uma figura feminina simples com os braços estendidos e de vestido longo, é um ícone popular encontrado em locais antigos. Os fundadores de Cartago também estabelecera um tofete, que foi alterado no tempo dos romanos.
A invasão cartaginesa da península Itálica conduzida por Aníbal durante a Segunda Guerra Púnica, um de uma série de guerras com a Roma Antiga, quase impossibilitou o surgimento do poder romano. Depois da conclusão do conflito, em , Cartago passou a funcionar como um Estado fantoche da República Romana por mais 50 anos. Depois da batalha de Cartago, em , a cidade foi conquistada por Roma. Depois da conquista romana, a região tornou-se um dos principais celeiros dos romanos e foi totalmente latinizado.
Durante o período romano a área da Tunísia atual teve um enorme desenvolvimento. A economia, principalmente durante o Império Romano, prosperou por conta da agricultura. Chamada de "celeiro do Império", a área da Tunísia e da Tripolitânia, de acordo com uma estimativa, produzia um milhão de toneladas de cereais por ano, um quarto do que era exportado pelo Império. Cultivos adicionais incluíam feijão, figos, uvas e outras frutas.
Domínio árabe e otomano
Em algum momento entre a segunda metade do e início do VIII, houve conquista muçulmana do Magrebe por árabes. Eles fundaram a primeira cidade islâmica no norte da África, Cairuão. Foi lá, em 670 que a Mesquita de Uqueba, ou a Grande Mesquita de Cairuão, foi construída; esta mesquita é o santuário mais antigo e prestigiado no Ocidente muçulmano e mantém o mais antigo minarete do mundo; também é considerado uma obra-prima da arte e arquitetura islâmica.
Os governadores árabes de Tunis fundou a dinastia Aglábida, que governou a Tunísia, a Tripolitânia e o leste da Argélia do ano 800 a 909. A Tunísia floresceu sob o domínio árabe quando sistemas extensivos foram construídos para abastecer as cidades com água para uso doméstico e irrigação, o que promoveu a agricultura, principalmente a produção de azeitona. Esta prosperidade permitia uma vida de luxo para a corte e foi marcada pela construção de novas cidades-palácio, como al-Abassiya (809) e Raqadda (877).
Depois de conquistar o Cairo, os fatímidas abandonaram a Tunísia e partes do leste da Argélia aos ziridas locais (972-1148). A Tunísia Zirida floresceu em muitas áreas como agricultura, comércio e ensino religiosa e secular. No entanto, a gestão dos líderes ziridas posteriores foi negligente, o que levou à instabilidade política.
A invasão da Tunísia pela Banu Hilal, uma confederação de tribos de guerreiros árabes beduínos que eram encorajados pelos fatímidas do Egito para tomar o Norte de África, fez com que a vida urbana e econômica da região entrasse em um declínio adicional. O historiador árabe ibne Caldune escreveu que as terras devastadas pela invasores da Banu Hilal haviam se tornado completamente áridas.
O litoral foi brevemente mantido pelos normandos da Sicília no , mas após a conquista da Tunísia em 1159-1160 pelos almóadas, os últimos cristãos na Tunísia desapareceram, seja através da conversão ou da emigração forçada. Os almóadas governaram inicialmente sobre a Tunísia através de um governador, geralmente um parente próximo do califa. Apesar do prestígio dos novos senhores, o país ainda era indisciplinado, com tumultos e combates contínuos entre os habitantes da cidade e árabes e turcos.
A maior ameaça ao governo almóada na Tunísia era a dinastia Banu Gania, descendente dos almorávidas, que a partir de sua base em Maiorca tentou restaurar o domínio almorávida sobre o Magrebe. Por volta de 1200, eles conseguiram estender seu domínio sobre toda a Tunísia, até serem esmagados pelas tropas almóadas em 1207. Após este sucesso, os almóadas instalaram Ualide Abu Hafes como o governador da Tunísia, que permaneceu como parte do Califado Almóada até 1230, quando o filho de Abu Hafes declarou-se independente. Durante o Reino Haféssida, relações comerciais frutíferas foram estabelecidas com vários países mediterrânicos cristãos. No final do a costa tunisiana tornou-se um reduto de piratas (veja: Berbéria).
Nos últimos anos dos haféssidas, a Espanha tomou muitas das cidades litorâneas, mas estas foram recuperadas pelo Império Otomano. A primeira conquista otomana de Túnis aconteceu em 1534, sob o comando de Barba Ruiva, o irmão mais novo de Uluje Ali, que foi o capitão paxá da Frota Otomana durante o reinado de Solimão, o Magnífico. No entanto, foi apenas na reconquista otomana final de Túnis da Espanha em 1574, sob o comando de Uluje Ali, que os otomanos anexaram permanentemente a antiga Ifríquia haféssida, mantendo-a até à conquista francesa da região em 1881.
Inicialmente sob domínio turco a partir de Argel, a Sublime Porta nomeou diretamente um paxá para governar Túnis que era apoiado por forças janízaras. Em pouco tempo, no entanto, a Tunísia tornou-se de fato uma província autônoma, sob o comando do bei local, o que deixou a região com uma independência virtual. Os husseinitas, dinastia criada em 1705, durou até 1957.
Domínio francês
Em 1869, a Tunísia declarou-se falida e uma comissão financeira internacional assumiu o controle de sua economia. Em 1881, usando o pretexto de uma incursão para a Argélia, os franceses invadiram o país com um exército de cerca de 36 mil homens e forçou o bei a concordar com os termos do Tratado de Bardo, em 1881. Com este tratado, a Tunísia tornou-se oficialmente um protetorado francês, apesar das objeções da Itália. Sob colonização francesa, assentamentos europeus no país foram ativamente incentivados; o número de colonos franceses cresceu de 34 mil em 1906 para 144 mil em 1945. Em 1910, havia 105 mil italianos vivendo na Tunísia.
Em 1942-1943, durante a Segunda Guerra Mundial, o país foi o palco da Campanha da Tunísia, uma série de batalhas entre as forças do Eixo e dos Aliados. A batalha começou com o sucesso inicial das forças alemãs e italianas, mas a superioridade numérica dos Aliados levou à rendição do Eixo em 13 de maio de 1943.
Independência
A Tunísia conquistou a independência da França em 1956, liderada por Habib Bourguiba, que mais tarde tornou-se o primeiro presidente da Tunísia. A secular Assembleia Constitucional Democrática (RCD), anteriormente conhecida como Neo Destour, controlou o país através de um dos regimes mais repressivos do mundo árabe, de sua independência em 1956 até a revolução da Tunísia em 2011.
Em novembro de 1987, os médicos declararam Bourguiba incapaz de governar e, em um golpe de Estado sem derramamento de sangue, o primeiro-ministro Zine El Abidine Ben Ali assumiu a presidência. O presidente Ben Ali, anteriormente ministro de Bourguiba e uma figura militar, manteve-se no poder de 1987 a 2011, depois que uma equipe de médicos especialistas julgou Bourguiba inapto para exercer as funções do cargo, em conformidade com o artigo 57 da Constituição da Tunísia. O aniversário da sucessão de Ben Ali, 7 de novembro, era celebrado como um feriado nacional. Ele foi sistematicamente reeleito com maiorias significativas a cada eleição, sendo a última em 25 outubro de 2009, até ele fugir do país em meio a agitação popular de janeiro de 2011.
Ben Ali e sua família foram acusados de corrupção política e de saquear o dinheiro do país. Os membros corruptos da família Trabelsi, principalmente nos casos de Imed Trabelsi e Belhassen Trabelsi, controlavam grande parte do setor empresarial do país. A primeira-dama Leila Ben Ali era descrita como uma compradora compulsiva que usava o avião do governo para fazer viagens não oficiais frequentes para capitais da moda da Europa. A Tunísia recusou um pedido da França para a extradição de dois sobrinhos do presidente, do lado de Leila, que foram acusados pelo Ministério Público do Estado Francês de ter roubado dois mega-iates de uma marina francesa.
Grupos independentes de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Freedom House, documentaram que os direitos humanos e políticos básicos não eram respeitados no país. O regime obstruía de qualquer maneira possível o trabalho das organizações de direitos humanos locais. Em 2008, em termos de liberdade de imprensa, a Tunísia foi classificada na 143ª posição entre os 173 países avaliados.
Revolução
A Revolução de Jasmim foi uma intensa campanha de resistência civil que foi precipitada pela elevada taxa de desemprego, a inflação dos alimentos, a corrupção política, a falta de liberdade de expressão e outras liberdades políticas e as más condições de vida. Os sindicatos foram uma parte integrante dos protestos. Os protestos inspiraram a Primavera Árabe, uma onda de levantes civis semelhantes em todo o mundo árabe.
O catalisador para as manifestações em massa foi a morte de Mohamed Bouazizi, um vendedor ambulante de 26 anos de idade que colocou fogo no próprio corpo em 17 de dezembro de 2010, em protesto contra o confisco de suas mercadorias e a humilhação infligida a ele por um funcionário municipal. A raiva e a violência se intensificaram após a morte de Bouazizi, em 4 de janeiro de 2011, levando o presidente Zine El Abidine Ben Ali a renunciar em 14 de janeiro de 2011, após 23 anos no poder. Os protestos continuaram até a proibição do partido no poder e a expulsão de todos os membros do governo de transição formado por Mohamed Ghannouchi. Eventualmente, o novo governo cedeu às demandas. Um tribunal de Túnis proibiu a atuação do antigo partido governante e confiscou todos os seus recursos. Um decreto do Ministro do Interior proibiu também a "polícia política", que eram forças especiais que eram usadas para intimidar e perseguir ativistas políticos durante o regime de Ben Ali.
Em 3 de março de 2011, o presidente anunciou que as eleições para uma Assembleia Constituinte seria realizada em 23 de outubro de 2011. Observadores internos e internacionais declararam o processo eleitoral livre e justo. O Movimento Ennahda, anteriormente proibido pelo regime de Ben Ali, conquistou 90 assentos do parlamento, de um total de 217. Em 12 de dezembro de 2011, o ex-ativista dos direitos humanos e dissidente veterano Moncef Marzouki foi eleito presidente do país. Em março de 2012, o Ennahda declarou que não iria apoiar que a xaria passasse a ser a principal fonte da legislação nacional na nova constituição, mantendo a natureza secular do Estado tunisiano. A postura de Ennahda sobre a questão foi criticada por islamitas radicais, que queriam que a xaria fosse completamente aplicada.
Geografia
A Tunísia está situada na costa mediterrânea do norte da África, a meio caminho entre o Oceano Atlântico e o Delta do Nilo. Faz fronteira com a Argélia a oeste e com a Líbia, a leste e sul. Situa-se entre as latitudes 30 ° e 38 °N e longitudes 7 ° e 12 °E.
Embora seja relativamente pequeno em tamanho, o país conta com uma grande diversidade ambiental, devido à sua extensão norte-sul. A sua extensão leste-oeste é limitada. As diferenças da Tunísia como o resto do Magrebe são em grande parte diferenças ambientais definidas na direção norte-sul, como a diminuição acentuada das chuvas na região sul.
A Dorsal, a extensão leste das Cordilheira do Atlas, atravessa a Tunísia, em direção nordeste, a partir da fronteira argelina, a oeste da península do Cabo Bon, no leste. A norte da Dorsal está Tell, uma região caracterizada por colinas baixas e planícies, novamente uma extensão de montanhas a oeste da Argélia. No Khroumerie, na região noroeste da Tunísia, as elevações atingem 1050 metros e neve ocorre no inverno.
O clima da Tunísia encontra-se sujeito a influências mediterrânicas e saarianas. O clima mediterrâneo predomina no norte e caracteriza-se por invernos amenos e verões quentes e secos. As temperaturas variam em função da latitude, altitude ou proximidade em relação ao Mar Mediterrâneo. As temperaturas médias são de 12 °C em Dezembro e 30 °C em Julho.
Demografia
A população tunisiana, do ponto de vista sociológico, histórico e genealógico, é composta por árabes e berberes. Em 1870, a distinção entre a massa árabe e a elite turca se desfez e hoje a esmagadora maioria da população, cerca de 98%, simplesmente identifica-se como árabe. Há também uma pequena população puramente berbere (1%, no máximo) localizada nas montanhas Dahar e na ilha de Djerba no sudeste e na região montanhosa de Khroumire no noroeste.
Do final do até depois da Segunda Guerra Mundial, a Tunísia foi o lar de grandes populações de franceses e italianos (255 mil europeus moravam no país em 1956), embora quase todos eles, juntamente com a população judaica, tenham deixado a Tunísia após a independência do país. A história dos judeus na Tunísia remonta há cerca de 2 000 anos. Em 1948, a população judaica foi estimada em 105 mil pessoas, mas em 2013 apenas cerca de 900 permaneceram no país.
O primeiro povo conhecido na história do que é hoje a Tunísia foram os berberes. Numerosas civilizações e povos invadiram, migraram ou foram assimilados pela população ao longo dos milênios, com influências de populações de fenícios/cartagineses, romanos, vândalos, árabes, espanhóis, turcos otomanos, janízaros e franceses. Houve também um fluxo contínuo de tribos árabes nômades da Arábia.
Além disso, após a Reconquista e a expulsão dos não cristãos e mouriscos da Espanha, muitos muçulmanos e judeus espanhóis também chegaram. O governo tem apoiado um programa de planejamento familiar notavelmente bem-sucedido, que reduziu a taxa de crescimento da população de pouco mais de 1% ao ano, contribuindo para a estabilidade econômica e social da Tunísia.
Religião
Noventa e nove por cento dos tunisinos são Muçulmanos. A maior parte deles são sunitas pertencentes à madhhab maliquita, mas continua a existir um pequeno número de ibaditas entre os berberes da ilha de Djerba.
Existe uma pequena comunidade muçulmana indígena sufi, no entanto não existem estatísticas relativas ao seu tamanho. Informações fidedignas referem que muitos sufis deixaram o país logo após a independência quando os seus terrenos e edifícios religiosos foram revertidos para o governo (o mesmo que as fundações ortodoxas islâmicas). Ainda que a comunidade sufi seja pequena, a sua tradição de misticismo permeia a prática de Islão por todo o país. Existe uma pequena comunidade muçulmana indígena "marabutica" que pertence à irmandade espiritual conhecida como "Turuq".
A comunidade cristã, composta por residentes estrangeiros e um pequeno grupo de nativos-nascidos cidadãos de ascendência árabe ou europeia, números e se dispersa ao longo de todo o país. Existem católicos.
Línguas
O árabe é a língua oficial e o árabe tunisiano, conhecido como Derja, é a variedade local e usada popularmente. Há também uma pequena minoria de falantes de línguas berberes conhecidas coletivamente como Shelha.
O francês também desempenha um papel importante na sociedade tunisina, apesar de não ter um estatuto oficial. É amplamente utilizado na educação (por exemplo, como a língua de ensino nas ciências no ensino secundário), na imprensa e nos negócios. Em 2010, havia francófonos na Tunísia, ou cerca de 64% da população. O italiano é compreendido e falado por uma pequena parte da população local. Placas e sinais de trânsito na Tunísia são geralmente escritos em árabe e francês.
Cidades mais populosas
Governo e política
A Tunísia é uma república constitucional com um presidente que serve como chefe de Estado, um primeiro-ministro como chefe de governo, um parlamento unicameral e um judiciário baseado no sistema romano-germânico. A Constituição da Tunísia, aprovada 26 de janeiro de 2014, garante direitos para as mulheres e afirma que a religião do presidente "será o Islã". Em outubro de 2014 o país realizou suas primeiras eleições sob a nova constituição e após a Primavera Árabe.
O número de partidos políticos legalizados na Tunísia tem crescido consideravelmente desde a revolução de 2011. Existem hoje mais de 100 partidos legais, incluindo vários que existiam durante o antigo regime. Durante o governo de Ben Ali, apenas três partidos da oposição funcionavam como independentes: o PDP, FDTL e o Tajdid. Embora alguns partidos sejam mais antigos e bem estabelecidos, visto que podem recorrer a estruturas partidárias anteriores, muitos dos mais de 100 partidos existentes no país em 2012 ainda eram pequenos.
As mulheres detinham mais de 20% dos assentos no parlamento bicameral pré-revolução do país, o que é raro no mundo árabe. Na Assembleia Constituinte de 2011, as mulheres ocuparam entre 24% e 31% de todos os lugares. A Tunísia está incluída na Política Europeia de Vizinhança da União Europeia, que visa aproximar a UE de seus vizinhos mais próximos. Em 23 de novembro de 2014 a Tunísia realizou sua primeira eleição presidencial após a Primavera Árabe, em 2011.
Forças armadas
Em 2008, a Tunísia tinha um exército composto por 27 mil pessoas, equipado com 84 tanques de batalha principais e 48 tanques leves. A Marinha tinha homens, operava 25 barcos de patrulha e 6 outras embarcações. A Força Aérea mantinha 154 aeronaves e quatro UAVs. As forças paramilitares consistiam de uma guarda nacional de 12 mil membros.
Os gastos militares da Tunísia representavam 1,6% do PIB do país em 2006. O exército é responsável pela defesa nacional e também pela segurança interna. A Tunísia tem participado nos forças de manutenção da paz das Nações Unidas no Camboja (UNTAC), Namíbia (UNTAG), Somália, Ruanda, Burundi, Saara Ocidental (MINURSO) e a missão de 1960 no Congo (ONUC).
Os militares têm desempenhado historicamente um papel profissional e apolítico na defesa do país contra ameaças externas. Desde janeiro de 2011 e sob a direção do poder executivo, as forças armadas têm assumido crescente responsabilidade pela segurança interna e pela resposta à crise humanitária.
Direitos humanos
Depois da revolução, uma série de grupos salafistas surgiram e, em algumas ocasiões, reprimiram violentamente expressões artísticas que eles consideram como "hostis" ao islão.
Desde a revolução de 2011, algumas organizações não governamentais têm se reconstituído e centenas de outras novas surgiram. Por exemplo, a Liga Tunisiana dos Direitos Humanos, a primeira organização de direitos humanos da África e do mundo árabe, operou sob restrições e intromissão do Estado por mais da metade de sua existência, mas agora está completamente livre para atuar. Algumas organizações independentes, como a Associação Tunisiana de Mulheres Democráticas, a Associação de Mulheres Tunisinas para a Pesquisa e Desenvolvimento e a Ordem dos Advogados também permanecem ativas.
Em 2017, a Tunísia tornou-se o primeiro país árabe a proibir a violência doméstica contra as mulheres, o que anteriormente não era um crime. Além disso, a lei que permitia que os violadores escapassem da punição casando-se com a vítima foi abolida.
Subdivisões
A Tunísia está dividida em 24 províncias () que estão subdivididas em 264 delegações ou distritos (mutamadiyat) que, por sua vez, subdividem-se em sectores. As delegações são, ainda, subdivididas em municípios (shaykhats). As 24 províncias da Tunísia são:
Economia
Tunísia é um país orientado para a exportação e está em um processo de liberalização e privatização de uma economia que, apesar de uma média de crescimento do PIB de 5% desde o início da década de 1990, tem sofrido com a corrupção política que beneficia elites com conexões políticas. A Tunísia tem uma economia diversificada, que abrange agricultura, mineração, manufatura, produtos petrolíferos e turismo. Em 2008, teve um PIB de bilhões de dólares (taxas de câmbio oficiais) ou 115 bilhões de dólares em paridade de poder de compra (PPC).
O setor agrícola representa 11,6% do PIB, a indústria 25,7% e os serviços 62,8%. Na agricultura, o país foi, em 2019, o 7º maior produtor mundial de azeitona, o 10º maior produtor mundial de tâmara, o 7º maior produtor mundial de tomate, além de ter uma boa produção de trigo, cevada e melancia, entre outros. Na pecuária, em 2019, a Tunísia produziu 1,4 bilhão de litros de leite de vaca, entre outra produtos. As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: azeite de oliva e tâmaras, e com valor mais baixo: açúcar, comida industrializada, cigarro, macarrão, tomate, massa, margarina, bebidas de modo geral, produtos feitos com chocolate, entre outros. O país foi o 3º maior produtor mundial de azeite de oliva em 2018. Na mineração, em 2019, o país era o 10º maior produtor mundial de fosfato.
O setor industrial é composto principalmente pela fabricação de vestuário e calçados, peças de automóveis e máquinas elétricas. Embora a Tunísia tenha conseguido uma taxa de crescimento econômico relativamente alta desde os anos 1990, o país continua a sofrer de uma elevada taxa de desemprego, especialmente entre os jovens.
Em 2009, a Tunísia foi classificada como a economia mais competitiva da África e o 40º do mundo pelo Fórum Econômico Mundial. O país conseguiu atrair muitas empresas internacionais, como a Airbus e a Hewlett-Packard. O turismo representava 7% do PIB e 370 mil postos de trabalho em 2009.
A União Europeia (UE) continua a ser o primeiro parceiro comercial, atualmente respondendo por 72,5% das importações e 75% das exportações tunisinas. A Tunísia é um dos parceiros comerciais mais consagrados da UE na região do Mediterrâneo e é o 30º maior parceiro comercial do bloco europeu. O país foi o primeiro do Mediterrâneo a assinar um Acordo de Associação com a União Europeia, em julho de 1995, embora, mesmo antes da data de entrada entrar em vigor, a Tunísia já tivesse começado a desmantelar as tarifas sobre o comércio bilateral. O país acabou com as tarifas para os produtos industriais em 2008 e, portanto, foi o primeiro da região a entrar em uma zona de livre comércio com a UE.
A "Tunis Sports City" é uma cidade inteira de esportes sendo construída em Túnis. A cidade que será composta por edifícios de apartamentos, bem como instalações de vários esportes construídas pelo Grupo Bukhatir a um custo de de dólares. O Porto Financeiro de Túnis vai criar o primeiro centro financeiro offshore do Norte da África na baía da cidade, em um projeto com um valor de desenvolvimento final de 3 bilhões de dólares. A "Tunis Telecom City" é um outro projeto de 3 bilhões de dólares para criar um centro de TI em Túnis.
Infraestrutura
Transportes
O país mantém uma rede de 19 232 quilômetros de estradas, com três auto-estradas: A1 Túnis-Sfax (obras em curso para Sfax-Líbia), A3 Túnis-Beja e A4 Túnis-Bizerte. Há 29 aeroportos no país, sendo que o Aeroporto Internacional de Túnis-Cartago e o Aeroporto Internacional de Djerba-Zarzis são os mais importantes. Um novo aeroporto, o Aeroporto Internacional Enfidha-Hammamet, foi concluído no final de outubro de 2009, mas foi inaugurado em 2011. O aeroporto está localizado ao norte de Sousse em Enfidha e atende principalmente os resorts de Hamammet e Port El Kantaoui, juntamente com cidades do interior, como Cairuão. Quatro companhias aéreas estão com sede na Tunísia: Tunisair, Karthago Airlines, Nouvelair e Tunisair Express. A rede ferroviária é operada pela "Société Nationale des Chemins de Fer Tunisiens" (SNCFT) e equivale a 2,135 quilômetros no total. A área de Túnis é servida por uma rede de VLT chamada Metro Leger que é gerida pela Transtu.
Educação
A taxa de alfabetização de adultos em 2008 foi de 78%. A educação é considerada prioridade e é responsável por 6% do PIB. A educação básica para crianças entre as idades de 6 e 16 anos é obrigatória desde 1991. A Tunísia foi classificada no 17º lugar na categoria "qualidade do sistema educativo" e em 21º na categoria de "qualidade do ensino primário" no Global Competitiveness Report de 2008-9, divulgado pelo Fórum Econômico Mundial.
Os quatro anos de ensino secundário estão abertos a todos os que concluem o ensino básico e é onde os alunos se concentram para entrar no nível universitário ou para se juntar a força de trabalho após a conclusão dos estudos. O ensino secundário é dividido em duas fases: "acadêmico geral" e "especializadas". O sistema de ensino superior na Tunísia passou por uma rápida expansão e o número de alunos mais do que triplicou em 10 anos, ao sair de em 1995 para em 2005.
Saúde
Em 2010, os gastos com saúde representaram 3,37% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Em 2009, havia 12,02 médicos e 33,12 enfermeiros por 10 000 habitantes. A expectativa de vida ao nascimento era de 75,73 anos em 2016, ou 73,72 anos para homens e 77,78 anos para mulheres. A mortalidade infantil em 2016 foi de 11,7 por .
Mídia
A mídia televisiva por muito tempo permaneceu sob o domínio da Autoridade de Radiodifusão Tunísia (ERTT) e de sua antecessora, a Rádio e Televisão Tunisiana, fundada em 1957. Em 7 de novembro de 2006, o ex-presidente Zine el-Abidine Ben Ali anunciou a cisão do negócio, que entrou em vigor em 31 de agosto de 2007. Até então, a ERTT geria todas as estações de televisão pública (Télévision Tunisienne 1, bem como Télévision Tunisienne 2, que tinha substituído a extinta RTT 2) e quatro estações de rádio nacionais (Radio Tunis, Tunisia Radio Culture, Youth e Radio RTCI) e cinco regionais em Sfax, Monastir, Gafsa, Le Kef e Tataouine. A maioria dos programas são em árabe, mas alguns são em francês. O crescimento na radiodifusão e da televisão privada tem criado várias estações, como Radio Mosaique FM, Jawhara FM, Zaytuna FM, Hannibal TV, Ettounsiya TV e Nessma TV. Em 2007, cerca de 245 jornais e revistas (em comparação com apenas 91 em 1987) eram 90% de propriedade de grupos privados e independentes.
Cultura
A cultura da Tunísia começa com os berberes, um povo nômade do Norte de África que se estabeleceram primeiro no leste do Egito, em seguida, transferiram-se para as terras da atual República da Tunísia. Foram os primeiros povoadores da Tunísia. Com o passar dos séculos, vários fluxos migratórios se estabeleceram na Tunísia, trazendo suas tradições e uma excelente cozinha, criando assim uma intensa mistura étnica.
Música
Esportes
O futebol é o esporte mais popular no país. A Seleção Tunisiana de Futebol, também conhecida como "As Águias de Cartago", venceu o Campeonato Africano das Nações de 2004, que foi realizada na Tunísia. Eles também participaram da Copa das Confederações FIFA de 2005, que foi realizada na Alemanha, mas não conseguiram ir além da primeira rodada. A divisão principal do futebol local é o Campeonato Tunisiano de Futebol. Os principais clubes são o Espérance Sportive de Tunis, o Étoile Sportive du Sahel, o Club Africain e o Club Sportif Sfaxien.
A Seleção Tunisiana de Handebol Masculino tem participado em vários campeonatos mundiais. O campeonato nacional é composto por cerca de 12 equipes, cujos principais times são o ES. Sahel e o Esperance S.Tunis. O mais famoso jogador de handebol da Tunísia é Wissem Hmam. No Campeonato Mundial de Handebol Masculino de 2005, realizado em Túnis, Hmam foi classificado como o melhor marcador do torneio. A equipa de handebol nacional tunisina venceu o Campeonato Africano oito vezes, sendo a equipe que domina esta competição, bem como o Campeonato Africano de 2010, no Egito ao derrotar o país anfitrião.
No boxe, Victor Perez ("Young") foi campeão mundial na classe de peso peso-pena em 1931 e 1932. Nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008, o tunisiano Oussama Mellouli conquistou a medalha de ouro nos 1 500 m nado livre. Nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012, ele ganhou uma medalha de bronze nos 1 500 m livre e uma medalha de ouro na maratona de 15 km. |
A Nigéria, oficialmente República Federal da Nigéria (), é uma república constitucional federal que compreende 36 estados e o Território da Capital Federal. O país está localizado na África Ocidental e compartilha fronteiras terrestres com a República do Benim a oeste; com Chade e Camarões a leste e com o Níger ao norte. Sua costa encontra-se ao sul, no Golfo da Guiné, no Oceano Atlântico.
Por muito tempo a sede de inúmeros reinos e impérios, o Estado moderno da Nigéria tem suas origens na colonização britânica da região durante final do a início do XX, surgindo a partir da combinação de dois protetorados britânicos vizinhos: o Protetorado Sul e o Protetorado Norte da Nigéria. Os britânicos criaram estruturas administrativas e legais, mantendo as chefias tradicionais. O país tornou-se independente em 1960, mas mergulhou em uma guerra civil, vários anos depois. Desde então, alternaram-se no comando da nação governos civis democraticamente eleitos e ditaduras militares, sendo que apenas as eleições presidenciais de 2011 foram consideradas as primeiras a serem realizadas de maneira razoavelmente livre e justa.
A Nigéria é muitas vezes referida como "o gigante da África", devido à sua grande população e economia. Com cerca de 210 milhões de habitantes, é o país mais populoso do continente e o sexto país mais populoso do mundo. A nação africana é habitada por mais de 500 grupos étnicos, dos quais os três maiores são os hauçás, os ibos e os iorubás. O país é dividido ao meio entre cristãos, que em sua maioria vivem no sul e nas regiões centrais, e muçulmanos, concentrados principalmente no norte. Uma minoria da população pratica religiões tradicionais e locais, tais como as religiões ibo e iorubá.
O país tem sido identificado como uma potência regional no continente africano, com particular hegemonia sobre a África Ocidental. Em 2013, o seu produto interno bruto (PIB) se tornou o maior da África, com mais de 500 bilhões de dólares, ultrapassando a economia da África do Sul e chegando ao posto de 26ª maior economia do mundo. Além disso, a dívida do país em relação ao PIB é de apenas 11%, 8% abaixo da taxa de 2012, e estima-se que a Nigéria irá se tornar uma das 20 maiores economias do mundo por volta de 2050. As reservas de petróleo nigerianas têm desempenhado um papel importante na crescente riqueza e influência do país. A Nigéria é considerada um mercado emergente pelo Banco Mundial e está listado entre as economias chamadas de "Próximos Onze". A maior parte da população nigeriana, no entanto, ainda vive na pobreza absoluta. O país é membro da Commonwealth, da União Africana, da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e das Nações Unidas.
Etimologia
O nome "Nigéria" foi criado mediante a fusão das palavras Niger (referente ao Rio Níger) e area (termo inglês para "área"), em contraste com o vizinho Níger, de colonização francesa. Esse nome foi cunhado no final do , por Flora Shaw, que viria a ser a esposa do Barão Lugard, uma administradora colonial britânica.
História
Pré-colonização
Os Impérios de Canem e Bornu, próximo ao Lago Chade, dominaram a parte norte da Nigéria por séculos, prosperando como rota de comércio entre os povos norte-africanos e o povo da floresta.
No começo do , Usmã dã Fodio reuniu a maior parte das áreas do norte sob o controle de um império islâmico tendo como centro Socoto. Ambos os reinos de Oió, no sudoeste, e Benim, no sudeste, desenvolveram sistemas elaborados de organização política nos séculos XV, XVI e XVII.
Colonização europeia
Até 1471, navios portugueses haviam descido o litoral africano até o delta do Rio Níger. Em 1481 emissários do rei de Portugal visitaram a corte do oba de Benim, com o qual mantiveram por um tempo laços estreitos, usufruindo de monopólio comercial até o fim do .
Entre os séculos XVII e XIX, comerciantes europeus estabeleceram portos costeiros para o aumento do tráfico de escravos (prisioneiros de guerra das tribos africanas mais fortes e dominadoras regionais) para as Américas, concorrendo fortemente com os árabes neste comércio. O comércio de comódites substituiu o de escravos no .
A Companhia Real do Níger foi criada pelo governo britânico em 1886 e, em 1900, criou os protetorados britânicos do Norte da Nigéria e do Sul da Nigéria. Estes protetorados foram fundidos em 1914, para formar a colônia da Nigéria.
República
Em resposta ao crescimento do nacionalismo nigeriano ao final da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico iniciou um processo de transição da colônia para um governo próprio com base federal, concedendo independência total em 1960, tornando-se a Nigéria uma federação de três regiões, cada uma contendo uma parcela de autonomia (Norte, Leste e Oeste).
Em 1966, dois golpes sucessivos por diferentes grupos militares deixaram o país sob uma ditadura militar. Os líderes do segundo golpe tentaram aumentar o poder do governo federal, e substituíram os governos regionais por doze governos estaduais. Os ibos, grupo dominante etnicamente na região leste, declararam independência como a República de Biafra em 1967, iniciando uma sangrenta guerra civil que terminou com sua derrota.
Em 1975, um golpe pacífico levou Murtala Ramat Mohammed ao poder, que prometeu um retorno ao estado civil. Entretanto, ele foi morto em seguida, tendo como sucessor Olusegun Obasanjo. Uma nova constituição foi promulgada em 1977 e eleições foram realizadas em 1979, sendo ganhas por Shehu Shagari.
A Nigéria retornou ao governo militar em 1983, através de um golpe que estabeleceu o Supremo Conselho Militar como o novo órgão regulamentador do país. Depois das eleições de 1993, que foram canceladas pelo governo militar, o general Sani Abacha subiu ao poder. Quando ele morreu subitamente em 1998, Abdulsalami Abubakar tornou-se o líder do conselho, agora conhecido como o Conselho Provisório de Regulamentação. Ele anulou a suspensão da constituição de 1979 e, em 1999, a Nigéria elegeu Olusegun Obasanjo como presidente nas suas primeiras eleições em dezesseis anos. Obasanjo e seu partido também ganharam as turbulentas eleições de 2003.
Juntas militares (1970-1999)
Durante o boom do petróleo na década de 1970, a Nigéria entrou para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a enorme receita gerada tornou a economia mais forte. Apesar de enormes receitas provenientes da produção e venda de petróleo, o governo militar fez pouco para melhorar o padrão de vida da população, ajudar as pequenas e médias empresas ou investir em infraestrutura. Como as receitas do petróleo alimentaram a ascensão de subvenções federais para os estados, o governo federal tornou-se o centro da luta política e do limiar de poder no país. Como a produção de petróleo e receita subiu, o governo nigeriano se tornou cada vez mais dependente das receitas do petróleo, não desenvolvendo outras fontes de recursos para a estabilidade econômica da Nigéria.
Em 1979, o país participou de um breve retorno à democracia, quando Olusegun Obasanjo transferiu o poder ao regime civil de Shehu Shagari. O governo de Shagari passou a ser visto como corrupto e incompetente por virtualmente todos os setores da sociedade nigeriana. O golpe militar de Muhammadu Buhari, logo após fraudulenta reeleição do regime, em 1984, era geralmente visto como um desenvolvimento positivo. Buhari prometeu reformas importantes, mas seu governo se saiu um pouco melhor que o do seu antecessor. Seu regime foi derrubado por um golpe militar em 1985.
Geografia
A Nigéria situa-se no Golfo da Guiné. As suas maiores cidades localizam-se nas terras baixas do sul. A parte central do país é composta por colinas e planaltos. A leste, na divisa com Camarões, encontra-se parte do planalto ou maciço de Adamawa (conhecidas como Montanhas Gotel, atingindo metros em Chappal Waddi, o ponto mais elevado do país). O norte consiste de terras baixas áridas. Os países limítrofes são o Benim, o Níger, o Chade e Camarões. Em tamanho, o país é um pouco maior que o estado brasileiro do Mato Grosso.
A floresta e os bosques ocorrem principalmente no terço sul do país, que é afetado por chuvas sazonais vindas do oceano Atlântico entre Junho e Setembro. À medida que se segue para norte, o país vai-se tornando mais seco e a vegetação mais semelhante à da savana. O terço norte do país inclui-se na região semiárida do Sahel, que marca o limite sul do deserto do Saara.
A Nigéria é dividida em três pelos rios Níger e Benue, que chegam ao país vindos de nordeste e noroeste e se vão juntar mais ou menos no centro, perto da nova capital, Abuja. Daí, o rio Níger acrescentado com água do Benue flui para sul até desaguar no mar num grande delta.
Demografia
A Nigéria é o país mais populoso da África, representando aproximadamente um quarto da população do oeste africano. Embora menos de pouco mais da metade dos nigerianos viva em zonas urbanas, pelo menos 24 cidades têm uma população de mais de cem mil habitantes. A variedade dos costumes, línguas, tradições entre 389 grupos étnicos do país, oferece uma rica diversidade. É impossível indicar os montantes demográficos sobre a Nigéria, autoritariamente, pois os resultados dos censos nacionais foram contestados.
As Nações Unidas estimam que a população em 2005 era de 141 milhões, e previu que iria atingir os 289 milhões em 2050. A Nigéria tem uma grande taxa de fecundidade e um grande crescimento populacional. O Departamento de Recenseamento dos Estados Unidos estima que a população da Nigéria irá atingir 356 milhões em 2050 e 602 milhões em 2100, ultrapassando os próprios Estados Unidos como o terceiro país mais populoso do mundo.
A Nigéria é composta por mais de 250 grupos étnicos; as seguintes são as mais populosas e, politicamente, mais influentes: hauçá-fulas com 29%, iorubás com 20%, ibos com 20%, ijaus com 6,5%, canúris com 4%, ibibios com 3,5%, anangues com 2,5%, tives com 2,5%, efiques com 2%. Estas percentagens são estimativas, com base no número de colonatos, incluindo o número de cidades, vilas e aldeias, com as informações fornecidas pelo serviço postal da Nigéria. Na ausência de um censo até à data, outros números da população não seguem procedimentos científicos. Só estes são cientificamente apoiados por liquidação de números fornecidos pelo governo. A língua oficial é o inglês.
Cidades mais populosas
Religiões
A Nigéria é o lar de diversas religiões que tendem a concentrar-se regionalmente. Esta situação acentua diferenças regionais e étnicas e tem sido muitas vezes vista como uma fonte de conflito sectário entre a população. Embora o país seja dividido igualmente entre seguidores do islamismo e do cristianismo (que predominam no norte e no sul, respectivamente), por toda a Nigéria há uma crença generalizada, embora suprimida por razões políticas, em práticas religiosas tradicionais locais.
Um relatório sobre religião e vida pública feito pelo Pew Research Center em dezembro 2012 afirmou que 49,3% da população nigeriana era cristã; 48,8% era muçulmana; e 1,9% era seguidora de religiões nativas e outras ou não eram afiliado a qualquer religião. A pesquisa também previu que, em 2030, a Nigéria teria uma ligeira maioria muçulmana na população (51,5%). Entre os cristãos, 24,8% são católicos, 74,1% são protestantes, 0,9% pertencem a outras denominações cristãs e alguns deles são cristãos ortodoxos.
Dados da Association of Religion Data Archives (ARDA) de 2010 também informaram que 46,5% do total da população era cristã, ligeiramente maior do que a população muçulmana (45,5%), enquanto 7,7% eram membros de outros grupos religiosos. De acordo com o The World Factbook da CIA, em 2001 cerca de 50% da população da Nigéria era muçulmana, 40% era cristã e 10% eram seguidores de religiões locais.
Criminalidade
O país é o lar de uma robusta rede de crime organizado, ativa principalmente no tráfico de drogas, principalmente no transporte de heroína da Ásia para a Europa e América; e de cocaína da América do Sul para Europa e África do Sul. As várias "irmandades" nigerianas estão ativas tanto no crime organizado e na violência política, quanto ao proporcionar uma rede de corrupção dentro do sistema político do país. Como as irmandades têm amplas conexões com figuras políticas e militares importantes, eles acabam por oferecem a essas organizações criminosas uma rede de excelentes ex-seguidores. A Irmandade dos Vikings Supremos, por exemplo, se gaba do fato de doze dos membros da assembleia legislativa do estado de Rivers serem também seus seguidores. Nos níveis mais baixos da sociedade, existem os chamados "area boys", que são gangues organizadas, principalmente ativas em Lagos, que se especializam em assaltos e no tráfico de drogas em pequena escala. De acordo com estatísticas oficiais, a violência das gangues na cidade de Lagos resultou na morte de 273 civis e de 84 policiais no período de agosto de 2000 a maio de 2001.
Internacionalmente, a Nigéria é conhecida por um tipo de golpe bancário conhecido como "fraude nigeriana", que é praticada por indivíduos e organizações criminosas, principalmente através de correio eletrônico. Essas fraudes envolvem um banco nigeriano cúmplice e um fraudador, que tenta convencer a vítima a pagar quantias cada vez maiores em busca de obter um ganho ainda maior no final.
A Nigéria também é permeada por corrupção política. O país é classificado no 154º lugar entre 180 países no Índice de Percepção de Corrupção de 2021, elaborado pela Transparência Internacional. Mais de 400 bilhões de dólares foram roubados do tesouro nacional por líderes nigerianos entre os anos de 1960 e 1999.
Governo e política
A Nigéria é uma república federal inspirada no modelo dos Estados Unidos, com o poder executivo exercido pelo presidente e com conotações do modelo do Sistema Westminster na composição e gestão das casas superiores e inferiores da legislatura bicameral nacional. O presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, sucedeu Goodluck Jonathan, em 2015.
O poder do presidente é moderado por um Senado e por uma Câmara dos Representantes, que são combinados em um corpo bicameral chamado de Assembleia Nacional. O senado é um órgão com 109 lugares, com três membros de cada estado do país e um da região da capital, Abuja; os membros são eleitos por voto popular para mandatos de quatro anos. A câmara tem 360 assentos e o número de deputados por estado é determinado pela população.
O etnocentrismo, o tribalismo, a perseguição religiosa e o patrimonialismo têm desempenhado um papel visível na política nigeriana, antes e depois da independência do país, em 1960. O nacionalismo também levou a movimentos separatistas ativos, tais como o MASSOB, a movimentos nacionalistas, como o Congresso Popular Oodua, o Movimento para a Emancipação do Delta do Níger e a uma guerra civil. Os três maiores grupos étnicos da Nigéria (hauçás, ibos e iorubás) mantiveram proeminência histórica na política local; a competição entre esses três grupos tem alimentado a corrupção e o suborno no sistema político do país.
Como em muitas outras sociedades africanas, o patrimonialismo e a corrupção extremamente excessivos continuam a constituir grandes desafios para a Nigéria, sendo que fraudes eleitorais e outros meios de coerção são praticados por todos os principais partidos políticos para se manterem competitivos. Em 1983, foi julgado pelo instituto de política em Kuru que apenas as eleições de 1959 e 1979 testemunharam algum aparelhamento mínimo.
Direitos humanos
Os registros sobre direitos humanos na Nigéria continuam a serem pobres e funcionários do governo, em todos os níveis, continuam a cometer abusos graves nessa área.
Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, os problemas mais significativos dos direitos humanos no país são: execuções extrajudiciais e uso excessivo da força por parte das forças de segurança; impunidade para os abusos cometidos pelas forças de segurança; detenções arbitrárias; prisão preventiva prolongada; corrupção judicial e influência do poder executivo no poder judiciário; estupro, tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes dados a prisioneiros, detidos e suspeitos; condições adversas e de risco de vida nas prisões e centros de detenção; tráfico de seres humanos para fins de prostituição e trabalho forçado; violência social e assassinatos de policiais; trabalho infantil e abuso e exploração sexual de crianças; a mutilação genital feminina; violência doméstica; discriminação por orientação sexual, etnia, região e religião; restrições à liberdade de reunião, de movimento, de imprensa, expressão e de religião; violação do direito à privacidade; e simplificação do direito dos cidadãos de mudar o governo. Além disso, o casamento infantil continua a ser comum na Nigéria. e estima-se de que 700 mil escravos existam no país.
Sob o código penal islâmico da Charia, que se aplica aos muçulmanos em doze dos estados do norte do país, atos considerados como crimes, como o consumo de álcool, a homossexualidade, a infidelidade e o roubo, levam a penas severas, como amputação, apedrejamento e longas penas de prisão. Sob uma lei assinada no início de 2014, casais do mesmo sexo que se casam podem passar até 14 anos na prisão cada um. Testemunhas ou qualquer pessoa que ajude casais homoafetivos a se casarem são condenadas a dez anos atrás das grades. O projeto de lei também pune "atos públicos de relacionamentos amorosos entre pessoas do mesmo sexo, direta ou indiretamente" e aqueles que forem considerados culpados por organizarem, comandarem ou apoiarem clubes, organizações e/ou reuniões homossexuais com uma pena de dez anos de prisão.
Subdivisões
A Nigéria é um Estado federal constituído por 36 estados, subdivididos em 774 Áreas de Governo Local (LGAs). A capital, Abuja, não pertence a nenhum estado, localizando-se no Território da Capital Federal.
Economia
A Nigéria é classificada como uma economia mista e um mercado emergente. O país já atingiu o nível de renda média-baixa de acordo com o Banco Mundial, com a sua oferta abundante de recursos naturais e com setores financeiros importantes, como de telecomunicações, transportes e o mercado de ações da Bolsa de Valores Nigeriana, que é a segundo maior da África. O país está classificado em 30º lugar no mundo em termos de PIB (PPC) em 2012. A Nigéria é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos na África subsaariana e fornece um quinto do seu petróleo (11% das importações de petróleo). O país tem o sétimo maior superávit comercial com os Estados Unidos em relação ao mundo. A Nigéria é o 50º maior mercado de exportação para os produtos estadunidenses e o 14º maior exportador de bens para norte-americanos. Os Estados Unidos também são os maiores investidores estrangeiros no país. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou um crescimento econômico de 9% em 2008, de 8,3% em 2009 e de 8% em 2011 para a economia da Nigéria.
Anteriormente, o desenvolvimento econômico havia sido prejudicado por anos de ditadura militar, corrupção e má gestão governamental. A restauração da democracia e reformas econômicas posteriores conseguiram colocar com sucesso a Nigéria de volta no sentido de atingir seu potencial econômico pleno. Em 2013, a Nigéria ultrapassou a África do Sul como maior economia da África.
Principais setores
O país é o 12º maior produtor e o oitavo maior exportador de petróleo do mundo, além de ter as 10 maiores reservas provadas deste recurso. A Nigéria entrou para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em 1971 e o produto desempenha um grande papel na economia local, respondendo por 40% do PIB e por 80% do orçamento do governo nigeriano. No entanto, a agitação por um melhor controle dos recursos no Delta do Níger, a principal região produtora de petróleo, levou a interrupções na produção e impede o país de exportar com 100% da capacidade.
A Nigéria tem um dos mercados de mais rápido crescimento no setor de telecomunicações do mundo, sendo que os principais operadores de mercados emergentes (como MTN, Etisalat, Zain e Globacom) baseiam seus maiores e mais rentáveis centros no país. O país tem um setor de serviços financeiros altamente desenvolvido, com uma mistura de bancos locais e internacionais, empresas de gestão de ativos, corretoras, seguradoras, fundos de private equity e bancos de investimento.
O território nigeriano também tem uma grande variedade de recursos minerais subexplorados, que incluem gás natural, carvão, bauxita, tantalita, ouro, estanho, minério de ferro, calcário, nióbio, chumbo e zinco. Apesar de possuir enormes depósitos desses recursos naturais, a indústria de mineração local ainda está em um estágio primário.
A agricultura costumava ser a principal fonte de divisas da Nigéria. Ao mesmo tempo, o país era o maior exportador mundial de amendoim, cacau e óleo de palma, além de ser um importante produtor de cocos, frutas cítricas, milho, milheto, mandioca, inhame e cana-de-açúcar. Cerca de 60% dos nigerianos trabalham no setor agrícola e o país tem vastas áreas subutilizadas de terra arável.
Infraestrutura
Educação
A educação na Nigéria é supervisionada pelo Ministério Federal da Educação. As autoridades locais assumem a responsabilidade pela implementação de políticas para a educação pública controlada pelo estado e escolas estatais em nível regional. O sistema educacional é dividido em educação infantil, educação primária, educação secundária e educação superior. Após a ascensão econômica propiciada pelo petróleo na década de 1970, o ensino superior foi melhorado para atingir todas as sub-regiões da Nigéria. Cerca de 62% da população nigeriana é alfabetizada e a taxa para os homens (71,3%) é superior à das mulheres (52,7%). A expectativa de vida escolar, do ensino primário ao ensino superior, é de 9 anos de estudos.
A Nigéria oferece educação gratuita e sustentada pelo governo, mas a frequência não é obrigatória em nenhum nível, e certos grupos, como nômades e deficientes, são sub-atendidos. O sistema educacional consiste em seis anos de escola primária, três anos de ensino secundário geral, três anos de escola secundária superior e quatro, cinco ou seis anos de educação universitária que leva a um grau de bacharel. O governo tem controle majoritário da educação universitária. O ensino superior na Nigéria consiste em universidades públicas e privadas, politécnicos, monotécnicos e faculdades de educação. O país tem um total de 138 universidades, sendo 40 federais, 39 estaduais e 59 privadas. A taxa de frequência do ensino secundário é de 32% para o sexo masculino e de 27% para o sexo feminino. Em 2004, a Comissão de Planejamento Nacional da Nigéria descreveu o sistema educacional do país como "disfuncional". As razões para essa caracterização incluem instituições decadentes e graduados mal preparados.
Saúde
A Nigéria reorganizou seu sistema de saúde desde a Iniciativa Bamako de 1987, quando métodos baseados na comunidade foram formalmente promovidos para aumentar a acessibilidade de medicamentos e serviços de saúde à população, em parte, através da implementação de taxas moderadoras. A nova estratégia aumentou drasticamente a acessibilidade para a comunidade através da reforma da saúde, o que resultou em uma prestação mais eficiente e equitativa dos serviços médicos. A estratégia de uma abordagem abrangente foi estendida a todas as áreas de assistência médica, com melhora posterior nos indicadores de saúde e melhoria na eficiência dos custos e dos cuidados de saúde.
O sistema de saúde nigeriano é constantemente confrontado pela escassez de médicos, o que é conhecido como "fuga de cérebros", devido ao fato de que muitos médicos nigerianos altamente qualificados emigraram para a América do Norte e a Europa. Em 1995, estimava-se que 21 mil médicos nigerianos estavam trabalhando apenas nos Estados Unidos, o que é aproximadamente o mesmo que o número de médicos que trabalham no serviço público do país. Mantendo esses profissionais treinados foi identificado como uma das metas do governo.
De acordo com estimativas de 2009, a prevalência do HIV/AIDS na Nigéria é de cerca de 3,6% da população adulta. Apesar da baixa taxa de prevalência, o relatório da UNAIDS de 2011 indica que a Nigéria tem o segundo maior número de novas infecções por HIV em todo o mundo e não tem feito os investimentos necessários para combater a doença.
Telecomunicações
De acordo com dados de 2020 do National Bureau of Statistics, a Nigéria tem cerca de 136,2 milhões de usuários de internet. Isso implica que, a partir de 2020, 66% da população nigeriana está conectada à internet e a usa ativamente. Embora os nigerianos estejam usando a internet para fins educacionais, de redes sociais e entretenimento, a internet também se tornou uma ferramenta para mobilizar protestos políticos no país.
No que tange à liberdade digital, os especialistas apontam que a Nigéria enfrenta entraves como, entre outras coisas, limitações ao acesso à internet e violações dos direitos dos usuários. O país ficou na 26ª posição, entre os 65 países avaliados quanto à liberdade na internet, no Índice da Freedom House 2020.
Energia
O consumo de energia primária da Nigéria foi de cerca de 108 Mtep em 2011. A maior parte da energia vem de biomassa e resíduos tradicionais, que representam 83% da produção primária total. O restante é de combustíveis fósseis (16%) e energia hidrelétrica (1%). Desde a independência, a Nigéria tentou desenvolver uma indústria nuclear doméstica para energia. Em 2004, a Nigéria adquiriu um reator de pesquisa de origem chinesa na Universidade Ahmadu Bello e buscou o apoio da Agência Internacional de Energia Atómica para desenvolver planos para até 4 000 MWe de capacidade nuclear até 2027, de acordo com o Programa Nacional de Implantação de Energia Nuclear. Em 2007, o governo do país adotou a energia nuclear para atender às suas crescentes necessidades energéticas. Em 2017, a Nigéria assinou o Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares da ONU.
Cultura
Cinema
A indústria cinematográfica nigeriana é conhecida como "Nollywood" e é a segunda maior produtora de filmes do mundo. Muitos dos estúdios de cinema estão sediados em Lagos e Enugu e a indústria é agora uma renda muito lucrativa para essas cidades. O cinema nigeriano é a maior indústria de cinema do continente africano em termos de valor e em número de filmes produzidos por ano. Apesar dos filmes nigerianos serem produzidos desde a década de 1960, a melhora das tecnologias de filmagem e de edição digital de vídeo, que se tornaram mais acessíveis, estimulou a indústria cinematográfica do país. O nome Nollywood é do termo Hollywood, da mesma maneira como Bollywood.
Esportes
O futebol é amplamente considerado o esporte nacional da Nigéria e a liga nacional é a Nigerian Premier league. A seleção nacional de futebol da Nigéria, conhecida como "Super Eagles", disputou a Copa do Mundo FIFA em seis ocasiões. Em abril de 1994, o Super Eagles ficou em 5º lugar no Ranking Mundial da FIFA, o ranking mais alto alcançado por uma seleção de futebol africana. Eles venceram a Copa das Nações Africanas três vezes, e também sediaram a Copa do Mundo Sub-17 e Sub-20. Conquistaram a medalha de ouro no futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1996 (em que venceram a Argentina), tornando-se o primeiro time de futebol africano a ganhar ouro no futebol olímpico.
A Nigéria também tem como outros esportes populares o basquetebol, críquete e atletismo. O boxe também é um esporte importante na Nigéria, Dick Tiger e Samuel Peter são ex-campeões mundiais.
A Seleção Nigeriana de Basquetebol ganhou as manchetes internacionais quando se classificou para os Jogos Olímpicos de Verão de 2012, ao vencer equipes de elite mundial altamente favorecidas, como Grécia e Lituânia.
A Nigéria já abrigou vários jogadores de basquete reconhecidos internacionalmente nas principais ligas do mundo na América, Europa e Ásia. Esses jogadores incluem o Hall da Fama do Basquete, Hakeem Olajuwon, e, mais tarde, escolhidos no deaft da NBA Solomon Alabi, Yinka Dare, Obinna Ekezie, Festus Ezeli, Al-Farouq Aminu e Olumide Oyedeji.
Feriados
Ver também
Áreas de governo local na Nigéria LGAs
Lista de cidades da Nigéria por população
Missões diplomáticas da Nigéria
Ligações externas
Embaixada da Nigéria no Brasil (em inglês)
Nigeria gov (em inglês)
ICOM, Red List (em inglês)
Nigéria -"Web Journal on Cultural Patrimony" (em italiano) |
O Benim, oficialmente República do Benim () e anteriormente conhecido como Daomé, é um país da região ocidental da África limitado a norte pelo Burquina Fasso e pelo Níger, a leste pela Nigéria, a sul pela Enseada do Benim e a oeste pelo Togo. A capital constitucional é a cidade de Porto Novo, mas Cotonu é a sede do governo e a maior cidade do país. O país tem km² e uma população de 10 milhões de habitantes (2013).
A língua oficial do Benim é o francês, sendo que o fom, bariba, iorubá e dendi também são falados. O maior grupo religioso no Benim é o catolicismo romano, seguido pelo islamismo, vodum e protestantismo. Benim é integrante de várias organizações internacionais, como as Nações Unidas, a Organização para a Cooperação Islâmica, Organização Internacional da Francofonia e Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, sendo membro, também, de organizações regionais como a União Africana, Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, Comunidade dos Estados do Sahel-Saara, Organização Africana de Produtores de Petróleo e a Autoridade da Bacia do Níger.
Pouco se sabe sobre o início da história do Benin. Do século XVII ao século XIX, as principais entidades políticas da zona eram o Reino do Daomé, juntamente com a cidade-estado de Porto-Novo, e uma grande área com muitas nações ao norte. Esta região era referida como Costa dos Escravos já no século XVII devido ao grande número de pessoas que foram sequestradas e traficadas para o Novo Mundo durante o comércio transatlântico de escravos. Com a abolição da escravidão, a França assumiu o controle do país e o renomeou como Daomé Francês. Em 1960, o Daomé conquistou sua independência da França. O estado soberano teve uma história tumultuada desde então, com muitos governos democráticos, golpes militares e governos militares diferentes. Um estado marxista-leninista chamado República Popular do Benim existiu entre 1975 e 1990, até a ascensão da república em 1991. Em meados da década de 1970, o país adotou o atual nome de Benim, em razão de o país ser banhado a sul pela Baía do Benim.
Etimologia
Daomé é a junção das palavras fons Dã + omei, que significaria terra de Dã, o vodum.
Durante o período colonial e no momento da independência, o país foi conhecido como Daomé. Foi rebatizado em 30 de novembro de 1975 para Benim, refletindo o corpo de água em que o país se encontra – o golfo do Benim – que, por sua vez, tinha ganho o nome do Império do Benim. O estado moderno do Benim não tem ligação direta com a Cidade do Benim da Nigéria moderna, nem com os bronzes do Benim.
O novo nome, Benim, foi escolhido pela sua neutralidade. Daomé foi o nome do ex-Reino do Daomé, que cobria apenas o terço sul do país atual e, portanto, não representa o setor noroeste (Atakora), nem o Reino de Borgu, que cobria o terço nordeste do Benim atual.
História
O território onde o Benim se situa era ocupado no período pré-colonial por monarquias tribais, das quais a mais poderosa foi a do Reino do Daomé, que foi o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil. A partir do , os portugueses estabeleceram o porto comercial da São João Batista de Ajudá na atual cidade de Uidá, o que permitiu o florescimento da civilização fom através do comércio de escravos por armas de pólvora. Os negros capturados, em sua maioria iorubás de incursão dos Fons ao interior, eram vendidos para o Brasil e para o Caribe. No , a França, em campanha para expandir o seu império ultramarino e sem ter mais interesse nos acordos comerciais de escravos que estabelecerá com o Daomé, entra em guerra com o mesmo. Em 1892, o Império do Daomé é subjugado e o país torna-se protetorado francês, com o nome de Daomé Francês.
No tratado franco-alemão de 1897 e no anglo-francês de 1898 ficaram fixos os limites definitivos da colónia. Em 1904 integra-se na África Ocidental Francesa. O atual país é o resultado artificial da expansão colonial francesa que uniu os antigos reinos fons (Daomé e Porto Novo) com numerosos povos do interior, formando a colónia de Daomé.
Independência
O país conseguiu a independência da França em 1 de agosto de 1960 (tal como muitos outros países africanos nessa década), sob a denominação de Daomé (Dahomey). O seu primeiro presidente foi Hubert Maga, que foi destituído três anos depois. A partir de 1963, o país mergulha na instabilidade política, com seis sucessivos golpes militares.
Período marxista
Em 1972, um grupo de oficiais subalternos tomou o poder e instituiu um regime de esquerda, liderado pelo major Mathieu Kérékou, que governaria até 1990. Kérékou nacionalizou companhias estrangeiras, estatizou empresas privadas de grande porte e criou programas populares de saúde e educação. A doutrina oficial do Estado nessa altura foi o marxismo-leninismo, mas a agricultura e o comércio permaneceram em mãos privadas. Em 1975, o país passaria a designar-se República Popular do Benim.
O regime da República Popular do Benim sofreu importantes transformações durante a sua existência: um breve período nacionalista (1972-1974); uma fase socialista (1974-1982); e uma fase de abertura aos países ocidentais e ao liberalismo económico (1982-1990).
Foram postos em prática extensos programas de desenvolvimento económico e social, mas os resultados foram mistos. Em 1974, sob a influência de jovens revolucionários - os "Ligueurs" - o governo embarcou num programa socialista: nacionalização de sectores estratégicos da economia, reforma do sistema educativo, estabelecimento de cooperativas agrícolas e novas estruturas governamentais locais, e uma campanha para erradicar as "forças feudais", incluindo o tribalismo. O regime proíbe as actividades de oposição.
O regime político entra em crise na década de 1980, e o governo recorre a empréstimos estrangeiros. Uma onda de protestos, em 1989, leva Kérékou a promover uma abertura política e econômica. Com a instituição do pluripartidarismo, surgem mais de cinquenta partidos. Nicéphore Soglo, chefe do governo de transição formado em 1990, é eleito presidente em 1991.
Tempos recentes
Em 5 de março de 2006, realizaram-se eleições presidenciais consideradas livres e justas. A corrida foi a um segundo turno, disputado entre Yayi Boni e Adrien Houngbédji. O segundo turno realizou-se em 19 de março, e foi ganha por Boni, que tomou posse em 6 de abril. O êxito do sistema multipartidário no Benim foi louvado internacionalmente. O país é considerado como um modelo de democracia em África, mas a sua instituição é ainda muito recente.
Geografia
Em seu estreito de norte a sul da África Ocidental fica entre a Linha do Equador e o Trópico de Câncer. O país tem uma área de km² que estende desde o rio Níger a norte com o Oceano Atlântico, no sul, com uma distância de 700 km. Seu ponto mais largo de leste a oeste é de 325 km e sua faixa litorânea é de 121 km. É um dos menores países do continente africano, oito vezes menor que seu vizinho a leste, a Nigéria, mas o dobro do seu vizinho a oeste, o Togo.
A altitude do Benim é quase a mesma para todo o país, com uma média de 200 m. A maior parte da população vive nas planícies costeiras do sul, onde se localizam também as maiores cidades, incluindo Porto Novo e Cotonu. O norte do país consiste principalmente em savana e terras altas semiáridas.
O clima é quente e úmido, com relativamente pouca chuva anual, se bem que existam duas estações chuvosas (abril a julho e de setembro a novembro).
Demografia
A maioria da população do Benim vive no sul. A população é jovem, com uma expectativa de vida de 59 anos. Cerca de 42 grupos e subgrupos étnicos africanos vivem neste país, esses vários grupos liquidados no Benim em tempos diferentes e também migraram dentro do país. Os grupos étnicos incluem os iorubás no sudeste (migrado da Nigéria no ), o Dendi na região norte-central (eles vieram de Mali no ), o Bariba e fulas (em francês: Peul; Fula: Fulɓe) no nordeste, o Betamaribe e o Somba na Faixa de Atacora, o fons na área em torno de Abomei no Sul Central e da Mina, Xueda, e ajas. (que veio de Togo), na costa.
Alguns dados sobre a demografia do país:
População: 10 008 749 em 2013;
Gentílico: beninense (beninois, em língua francesa);
Grupos étnicos: fons 39%, gouns 12%, baribas 12%, adjas 10%, sombas 4%, aizos 3%, minas 2%, dendis 2%, outros 4% em 1996.
Idiomas: francês (oficial), bariba, fula, fom, iorubá.
Religiões: religiões tradicionais africanas 47%, cristianismo 38% (católicos 24,6%, outros 14,2%), islamismo 20,4%, sem religião e ateísmo 0,3%, outras 0,3% em 2005.
Religião
Segundo o Censo de 2002, 27,1% da população do Benim é católica romana, 24,4% é muçulmana, 17.3% pratica vodum, 5% é celestial cristã, 3,2% metodista, 7,5% segue outras denominações cristãs, 6% outros grupos religiosos tradicionais locais, 1,9% outros grupos religiosos, e 6,5% reivindicam não ter filiação religiosa.
Religiões indígenas locais incluem religiões animistas em Atakora (províncias Atakora e Donga) e Vodum e Orixá venerados entre os iorubás e Tadô no centro e sul do país. A cidade de Uidá na costa central é o centro espiritual do vodum beninense.
As maiores religiões introduzidas são o Islamismo, pelo Império Songai e comerciantes hauçás, e agora seguido por todo Alibori, Borgou, e províncias Donga, bem como entre os iorubás (que também seguem o cristianismo), e Cristianismo, seguido por todo o sul e centro do Benim e em Otammari país no Atakora. Muitos, contudo, continuam mantendo crenças dos Voduns e Orixás e incorporaram no Cristianismo o panteão de vodum e Orixá.
Acredita-se que vodum (ou "vudu", como é vulgarmente conhecido no Brasil) tem origem no Benim e foi introduzido nas ilhas do Caribe e em partes da América do Norte por escravos tomados desta área específica da Costa dos Escravos. A religião indígena é praticada por cerca de 60% da população. Desde 1992 o vodum tem sido reconhecido como uma das religiões oficiais do país e é comemorado em 10 de janeiro, como um feriado nacional, o Dia Nacional do vodum.
Cidades mais populosas
Política
A política do Benim realiza-se em um quadro de uma república democrática representativa presidencial, pelo qual o Presidente da República é tanto chefe de estado como o chefe do governo, e de um sistema multipartidário. O poder executivo é exercido pelo governo, o poder legislativo é atribuído a ambos governo e Assembleia Legislativa do Benim. O poder judiciário é independente do executivo e da Assembleia Legislativa. O atual sistema político é derivado da Constituição do Benim de 1990 e da posterior transição para a democracia em 1991.
Governo: República presidencialista.
Presidente: Yayi Boni (2006-2016), Patrice Talon (since 2016).
Partidos políticos: União pelo Benim do Futuro (UBF),
Renascimento do Benim (RB), Partido da Renovação Democrática (PRD), Movimento Africano pela Redemocratização e o Progresso (Madep), entre outros.
Poder legislativo: unicameral - assembleia nacional com 84 membros.
Subdivisões
O Benim está dividido em doze departamentos que, por sua vez, estão subdivididos em 77 comunas. As comunas encontram-se divididas em aldeias ou distritos, sendo que este último pode ser considerado tanto urbano quanto rural.
Em 1999, os seis departamentos até então existentes foram desmembrados cada um em duas metades, formando os atuais doze departamentos administrativos. As capitais dos seis departamentos surgidos em 1999 foram definidas oficialmente em 2008. No fim da década de 1990, as subdivisões do país passaram a ser designadas de "departamentos", sendo que antes a nomenclatura utilizada era "província".
Alibori
Atakora
Atlantique
Borgou
Collines
Donga
Kouffo
Littoral
Mono
Oueme
Plateau
Zou
Economia
A economia do Benim é fortemente dependente da agricultura de subsistência, da produção de algodão e do comércio regional. A comercialização do algodão representa cerca 40% do Produto interno bruto (PIB) beninense, além de 80% das receitas oficiais de exportação. [60] O crescimento da produção real do algodão foi, em média, cerca de 5% nos últimos anos. A inflação tem diminuído nos últimos anos. Como moeda, o Benim usa o franco CFA, que está indexado ao euro.
A economia do Benim continuou a fortalecer-se nos últimos anos, com um crescimento real do PIB estimado em 5,1 e 5,7 por cento em 2008 e 2009, respectivamente. O principal impulsionador do crescimento é o setor agrícola, enquanto os serviços continuam a contribuir com a maior parte do PIB, em grande parte devido à localização geográfica do Benim, permitindo atividades de comércio, transporte, trânsito e turismo com seus estados vizinhos. As condições macroeconômicas gerais do Benin foram positivas em 2017, com uma taxa de crescimento de cerca de 5,6 por cento. O crescimento econômico foi em grande parte impulsionado pela indústria de algodão do Benim e outras culturas de rendimento. A produção e o processamento de cajus e abacaxis têm um potencial comercial substancial. O Porto de Cotonou serve como principal via comercial no país, detendo uma localização privilegiada em África. Em 2017, o Benim importou cerca de US $ 2,8 bilhões em mercadorias como arroz, carne e aves, bebidas alcoólicas, materiais plásticos para combustível, máquinas especializadas de mineração e escavação, equipamentos de telecomunicações, veículos de passageiros e produtos de higiene pessoal e cosméticos. As principais exportações são algodão descaroçado e sementes de algodão, caju, manteiga de carité, óleo de cozinha e madeira serrada, além de produtos têxteis e artesanais.
O país começou a produzir uma quantidade modesta de petróleo em outubro de 1982. A produção foi cessada em anos recentes devido ao esgotamento das reservas, mas a exploração de locais novos é questão de tempo.
Uma frota modesta de barcos fornece peixes e outros alimentos marinhos para a subsistência local e para exportação, principalmente para a Europa.
As atividades comerciais antes controladas pelo governo foram privatizadas. As empresas de pequeno porte do Benim estão nas mãos de conterrâneos enquanto as de grande porte, em sua maioria, estão nas mãos de estrangeiros, principalmente franceses e libaneses.
Turismo
As cidades de maior destaque turístico são:
Uidá: onde havia o portal do não retorno, onde os escravos eram enviados para as Américas, e o templo das Cobras, em homenagem a Dã, o vodum, conhecido no Brasil como Oxumarê.
Ganvie: Cidade no meio de um lago que foi construída por pessoas fugindo de caçadores de escravos, e ergueram casas e esconderijos em locais de difícil acesso do lago
Abomei: Antiga capital do Daomé, ainda tem o palácio real
Porto Novo: Uma das capitais do país, tem uma curiosa mesquita em estilo barroco-brasileiro erguida por ex-escravos brasileiros deportados após a Revolta dos Malês.
Esporte
O Futebol é um dos esportes mais populares do mundo, e é muito apreciado no Benim. Os principais campeonatos de futebol disputados no país são: o Campeonato Beninense de Futebol e a Copa do Benim de Futebol. Mas apesar da prática no país, os principais jogadores desse esporte jogam em equipes estrangeiras. Fato esse comprovado pela lista de atletas convocados para atuar pela seleção do país, onde raramente encontra-se nomes de atletas que atuam no país.
Ver também
Dassa-Zoumé
Fortaleza de São João Baptista de Ajudá
Lista de países
Missões diplomáticas do Benim
Savalu
Bibliografia
Butler, S., Benin (Bradt Travel Guides), (Bradt Travel Guides, 2006)
Caulfield, Annie, Show Me the Magic: Travels Round Benin by Taxi, (Penguin Books Ltd., 2003)
Kraus, Erika and Reid, Felice, Benin (Other Places Travel Guide), (Other Places Publishing, 2010)
Seely, Jennifer, The Legacies of Transition Governments in Africa: The Cases of Benin and Togo, (Palgrave Macmillan, 2009)
Ligações externas
Governo
Informação geral
Notícia na mídia
Iniciativas de Educação
Viagem
Países subdesenvolvidos |
O Gabão, oficialmente República Gabonesa, é um país que se situa na África, limitado a norte pelo território de Rio Muni (Guiné Equatorial) e pelos Camarões, a leste e a sul pelo Congo e a oeste pelo Oceano Atlântico e pelo Golfo da Guiné, por onde é vizinho próximo de São Tomé e Príncipe e da ilha de Pagalu (Guiné Equatorial). Anteriormente uma colônia francesa, o Gabão se tornou independente em 1960. A capital e maior cidade é Libreville.
Desde sua independência da França em 17 de agosto de 1960, o Gabão foi governado por apenas três presidentes. No início de 1990, o Gabão introduziu uma constituição nova e democrática que permitia um processo eleitoral transparente. O Gabão foi também membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas no período 2010-2011. A pequena densidade populacional, juntamente com abundantes recursos naturais e investimentos privados estrangeiros têm ajudado a fazer do Gabão um dos países mais prósperos da região e com um dos maiores IDH da África Subsaariana.
História
Os primeiros europeus a chegarem ao atual Gabão no século XV, foram comerciantes portugueses, que deram ao território o nome de "gabão" (uma espécie de casaco, cujo formato lembrava o do estuário na foz do rio Komo). A costa gabonesa tornou-se um entreposto de escravos. No século seguinte chegaram comerciantes holandeses, britânicos e franceses.
A França assumiu o status de "protetora" do território após assinar tratados com os chefes tribais locais em 1839 e 1841. No ano seguinte, missionários norte-americanos estabeleceram uma missão em Baraka (a atual cidade de Libreville, capital do país). Em 1849, os franceses capturaram um navio de escravos e libertaram-nos na embocadura do rio Komo. Os escravos libertos batizaram o assentamento de Libreville ("cidade livre", em francês).
Os exploradores franceses exploraram as densas selvas gabonesas entre 1862 e 1887. A França ocupou formalmente o Gabão em 1885 mas só começou efetivamente a administrá-lo em 1903. Em 1910, o Gabão se tornou um dos territórios da África Equatorial Francesa, uma federação que existiu até 1959. Os territórios se tornaram independentes a 17 de agosto de 1960, dando origem à República Centro-Africana, ao Chade, ao Congo-Brazzaville, e ao Gabão.
O primeiro presidente eleito do país foi Leon M'Bá, em 1961. Quando M'Bá morreu, em 1967, foi substituído por Omar Bongo, que governou até sua morte, em 2009, ostentando o recorde de governante durante mais tempo no poder em um país africano.
Em troca do apoio de Paris, que poderia intervir para o derrubar, Bongo concordou em disponibilizar parte da riqueza do Gabão à França, nomeadamente os recursos estratégicos de petróleo e de urânio. Na política internacional, o Gabão alinhou-se com Paris. No final de 1968, Omar Bongo foi forçado pela França a reconhecer a pseudo-independência de Biafra (sudeste da Nigéria). Teve também de aceitar que o aeroporto de Libreville funcionasse como centro de entrega de armas a Colonel Ojukwu (o líder secessionista de Biafra). Foi também do Gabão que os mercenários de Bob Denard tentaram desestabilizar o regime marxista no Benin.
Geografia
O Gabão situa-se na costa atlântica da África central e tem fronteiras terrestres com a Guiné Equatorial, com o Camarões e com o Congo e marítimas com São Tomé e Príncipe. Seu clima é tropical. Seu ponto mais alto é o Monte Bengoué, com 1.070 m.
Demografia
Quase toda a população gabonesa, estimada em cerca de 2,1 milhões pessoas, é de etnia bantu. O país tem cerca de 40 grupos étnicos com línguas e culturas separadas. O maior de todos estes grupos é o fang. Outros grupos incluem os myene, bandjabi, eshiras, bapounous e okandé.
A língua francesa é a oficial, e é um fator de coesão do país. O Gabão e seu vizinho Congo-Brazavile são as nações com maior número proporcional de francófonos em África, ambas com mais de 60% de falantes. Mais de 10 mil franceses vivem no Gabão, e as influências culturais e comerciais da França predominam.
Política
Em Março de 1991 foi adoptada uma nova constituição que prevê uma declaração de direitos de estilo ocidental, a criação de um Conselho Nacional de Democracia para supervisionar e garantir esses direitos e um conselho consultivo governamental para assuntos económicos e sociais. Eleições legislativas multipartidárias realizaram-se em 1990-1991, apesar de nessa altura ainda não se ter formalizado a legalização dos partidos da oposição.
O presidente do Gabão, El Hadj Omar Bongo, foi reeleito em Dezembro de 1998 conquistando 66% dos votos. Embora os principais partidos de oposição tenham feito acusações de que as eleições foram manipuladas, não se assistiu à turbulência que se seguiu às eleições de 1993. O presidente mantém vastos poderes, tais como a capacidade de dissolver a Assembleia Nacional, de declarar o estado de sítio, de adiar legislação, de determinar a realização de referendos e de nomear e demitir o primeiro-ministro e os membros do governo.
Subdivisões
O Gabão está dividido em 9 províncias, dirigida cada uma por um governador, eles mesmos subdivididos em departamentos dependendo de um prefeito e, às vezes, em distritos, dependendo de um sub-prefeito. Alguns Gaboneses apresentam uma brincadeira que a Guiné Equatorial, como a "G10", a décima província do Gabão.
Estuaire
Haut-Ogooué
Moyen-Ogooué
Ngounié
Nyanga
Ogooué-Ivindo
Ogooué-Lolo
Ogooué-Maritime
Woleu-Ntem
As províncias estão subdivididas em 37 departamentos.
Economia
O Gabão é um país de subsolo muito rico, e exporta manganês, petróleo, gás natural, ferro, madeira e outros produtos de seu solo e seu subsolo desde há muito tempo. A exploração das minas de urânio de Mounana, situadas a 90 km de Franceville, foi interrompida em 2001 devido à chegada ao mercado mundial de novos concorrentes. A retomada da exploração de seus importantes depósitos de urânio as notícias da atualidade. O trem de Franceville-Libreville exporta, depois dos anos 1980, o mineral das minas de manganês, de urânio e de ferro situadas em Moanda. Os depósitos de ferro de Bélinga do nordeste de Makokou ainda não são explorados. Sua operação está prevista para algum momento de 2012.
As receitas do petróleo, que se tornaram importantes a partir dos anos 1970, tem servido parcialmente para modernizar o país e diversificar a economia gabonesa. De fato, para a população o único benefício gerado da riqueza do Gabão, de modo que os padrões de vida de muitos gaboneses continua a ser moderado apesar de um PNB por habitante ser relativamente elevado. Os hidrocarbonetos representam a metade do PNB.
Persistem várias dificuldades: uma taxa de desemprego de cerca de 30% da população activa, mau acesso aos cuidados de saúde, deficiências nos serviços públicos e cortes recorrentes de electricidade. Mais de metade da população está abaixo do limiar de pobreza.
Infraestrutura
Educação
O sistema de educação do Gabão é administrado por dois ministérios: o Ministério da Educação, responsável pelo ensino primário, fundamental e médio, e o Ministério do Ensino Superior e Tecnologias Inovadoras, que se responsabiliza pela gestão do ensino superior no país, bem como de suas universidades e escolas profissionais. O sistema de ensino é dividido em ensino pré-primário e primário, geral e técnico ou ensino secundário profissional e ensino superior.
A educação, que é padronizada no sistema educacional da França, possui o francês como idioma de ensino. É obrigatório para crianças dos 6 a 16 anos de idade, estando sob vigilância da Lei de Educação. A maioria das crianças no Gabão iniciam suas vidas escolares frequentando creches, passando em seguida ao jardim de infância, conhecido como "Jardins d'Enfants". Aos 6 anos de idade, estas são matriculadas na escola primária, chamadas de "École Primaire", que é composta de seis graus de ensino. O próximo nível é o "Ecole Secondaire", que é constituída por sete graus educacionais. A idade de graduação prevista é de 19 anos. Os formandos podem solicitar a admissão em instituições de ensino superior, incluindo escolas de engenharia e escolas de negócios.
A taxa de alfabetização, da população gabonense foi de 85,4%, em 2005, um dos mais altos da África subsaariana, e a proporção da população com alguma educação primária é de 92%. A área educacional no país enfrenta problemas de eficiência, tais como as taxas de abandono, má remuneração e qualificação de professores, ausência de profissionais da educação em áreas rurais e superlotação de estudantes em classes. Em 1999, cerca de 3,3% do Produto interno bruto do país era destinado à educação.
Saúde
Os serviços de saúde no Gabão são operados pelo Ministério da Saúde e são, em sua maior parte, públicos. Existem algumas instituições privadas, das quais a mais conhecida é o hospital estabelecido em 1913 em Lambaréné por Albert Schweitzer. A infraestrutura médica do Gabão é considerada uma das melhores da África Ocidental. Em 1985, havia 28 hospitais, 87 centros médicos e 312 enfermarias e dispensários. Em 2004, havia um número estimado de 29 médicos por 100.000 pessoas. Aproximadamente 90% da população tinha acesso a serviços de saúde.
Em 2000, 70% da população tinha acesso a água potável segura e 21% tinham saneamento básico adequado. Um programa abrangente de saúde do governo trata doenças como hanseníase, doença do sono, malária, filariose, vermes intestinais e tuberculose. As taxas de imunização de crianças menores de um ano são de 97% para tuberculose e 65% para poliomielite. As taxas de imunização para DPT e sarampo são de 37% e 56%, respectivamente. O Gabão tem um suprimento doméstico de produtos farmacêuticos de uma fábrica em Libreville.
A taxa total de fertilidade diminuiu de 5,8 filhos em 1960 para 4,2 filhos por mulher durante os anos 2000. Cerca de 10% de todos os nascimentos eram de baixo peso. A taxa de mortalidade materna era de 520 por 100.000 nascidos vivos em 1998. Em 2005, a taxa de mortalidade infantil era de 55,35 por 1.000 nascidos vivos e a expectativa de vida era de 55,02 anos. Em 2002, a taxa geral de mortalidade foi estimada em 17,6 por 1.000 habitantes.
A prevalência de HIV/AIDS é estimada em 5,2% da população adulta (entre 15 e 49 anos). Em 2009, aproximadamente 46.000 pessoas estavam vivendo com HIV/AIDS. Havia uma estimativa de 2.400 mortes por AIDS em 2009 - abaixo das 3.000 mortes registradas em 2003.
Cultura
Ver também
África
Lista de países
Missões diplomáticas do Gabão
Ligações externas
Os Pigmeus Baka dos Camarões e do Gabão Cultura e música dos primeiros habitantes do Gabão
Países e territórios de língua oficial francesa |
As Ilhas Marianas Setentrionais ou Ilhas Marianas do Norte (, ; em chamorro: Sankattan Siha Na Islas Mariånas; em caroliniano: Commonwealth Téél Falúw kka Efáng llól Marianas), com a designação oficial de Comunidade das Ilhas Marianas Setentrionais (em inglês: Commonwealth of the Northern Mariana Islands, abreviado para CNMI), são um "estado livremente associado" aos Estados Unidos, situado na Micronésia, que compreende 14 ilhas do arquipélago das Marianas.
Faz divisa, ao norte com as ilhas Vulcano e com a ilha Marcus e outros territórios do Japão, ao sul com a dependência norte-americana de Guam e com os Estados Federados da Micronésia.
História
As ilhas foram descobertas por Fernão de Magalhães em 1521, que as declarou colónia espanhola e as apelidou de "Las Islas de los Ladrones", (Ilhas dos Ladrões), aparentemente porque os nativos não eram amistosos. Em 1668 o nome das ilhas foi mudado para Las Marianas, em homenagem a Mariana da Áustria, viúva do rei Filipe IV de Espanha.
Praticamente toda a população nativa foi exterminada durante o domínio espanhol e, mais tarde, foram repovoadas por nativos doutras ilhas da Micronésia. A colónia espanhola foi vendida à Alemanha em 1899 e tomada pelos japoneses em 1914, que a tornaram numa zona militar. Durante a Segunda Guerra Mundial, os "Marines" aterraram ali a 15 de Junho de 1944 e ganharam a Batalha de Saipan, que durou 3 semanas.
Depois da derrota do Japão, as ilhas passaram a ser administradas pelos EUA, como parte do Protetorado das Ilhas do Pacífico das Nações Unidas, num mandato da ONU, a partir de 1947. Na década de 1970, os seus habitantes decidiram-se, não a favor da independência, mas de laços mais fortes com os Estados Unidos e, a 1 de Janeiro de 1978 foi aprovada a constituição do seu estatuto atual.
Geografia
As Ilhas Marianas constituem um arco vulcânico no encontro das placas tectónicas das Filipinas e do Pacífico. Na vertente oriental deste arco encontra-se a Fossa das Marianas, onde foi detetada a maior profundidade dos oceanos - 10 924 m.
As ilhas são, de sul para norte: Saipan, Tinian, Rota, Aguijan, Farallón de Medinilla, Anatahan, Sarigan, Guguan, Alamagan, Pagan, Agrihan, Asuncion, Ilhas Maug e Farallón de Pájaros. As únicas com população permanente são Saipan, Tinian e Rota.
As ilhas do norte têm vulcões activos, enquanto as do sul são cobertas por terraços coralinos. O clima é tropical marítimo.
Dados
Área: 477 km²
População: 74.612
Densidade Demográfica: 156,4 h/km²
Capital: Saipan
Religião: Cristianismo (81,3%)
Principais Cidades
Tanapag
Ver também
Lista de territórios dependentes
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Oceania
Países e territórios de língua oficial inglesa
Países banhados pelo mar das Filipinas
Estados e territórios fundados em 1898 |
A Costa do Marfim (), oficial e protocolarmente República de Côte d'Ivoire, é um país africano, limitado a norte pelo Mali e pelo Burquina Fasso, a leste pelo Gana, a sul pelo Oceano Atlântico e a oeste pela Libéria e pela Guiné. Sua capital é Iamussucro, mas a maior cidade é Abidjã.
Em Portugal, denomina-se ebúrneo, marfinês, costa-marfinês ou ainda costa-marfinense a quem é natural da Costa do Marfim. No Brasil, é marfinense. O governo marfinês solicitou à comunidade internacional em outubro de 1985 que o país seja designado apenas pelo nome francês Côte d'Ivoire e vários países e organizações internacionais acataram. No entanto, em português o país é comumente designado pelo seu nome original Costa do Marfim, já que a região foi batizada por exploradores portugueses. O mesmo ocorrendo em outras línguas, como Ivory Coast em inglês e Elfenbeinküste em alemão.
Antes de sua colonização pelos europeus, a Costa do Marfim era o lar de vários estados, incluindo Reino Jamã, o Império de Congue e Baúle. A área tornou-se um protetorado da França em 1843 e se consolidou como uma colônia francesa em 1893, em meio à disputa europeia pela África. Alcançou a independência em 1960, liderada por Félix Houphouët-Boigny, que governou o país até 1993. Relativamente estável pelos padrões regionais, a Costa do Marfim estabeleceu estreitos laços políticos e econômicos com seus vizinhos da África Ocidental, mantendo ao mesmo tempo relações estreitas com o Ocidente, especialmente a França. O país experimentou um golpe de Estado em 1999 e duas guerras civis fundamentadas religiosamente, primeiro entre 2002 e 2007 e novamente durante 2010 e 2011. Em 2000, o país adotou uma nova constituição.
A Costa do Marfim é uma república com forte poder executivo investido em seu presidente. Através da produção de café e cacau, o país foi uma potência econômica na África Ocidental durante as décadas de 1960 e 1970, embora tenha passado por uma crise econômica nos anos 80, contribuindo para um período de turbulência política e social. No , a economia marfinense é amplamente baseada no mercado e ainda depende fortemente da agricultura, com a produção de culturas de pequenos agricultores sendo dominante. A língua oficial é o francês, com línguas indígenas locais também amplamente utilizadas, incluindo baúle, diúla (que é usada no comércio), dã, anim e cebaara senufô. No total, existem cerca de 78 línguas faladas na Costa do Marfim. Existem grandes populações de muçulmanos, cristãos (principalmente católicos romanos) e várias religiões indígenas.
História
Clima
Clima
A Costa do Marfim situa-se em plena região tropical, com o clima habitual destas zonas; a temperatura média situa-se nos 30 °C (descendo ligeiramente à noite) durante praticamente todo o ano, com exceção da estação das chuvas onde a temperatura baixa para os 25 °C. Há duas estações de chuvas (de Maio a agosto e, com menos intensidade, em novembro). Há duas grandes zonas climáticas; no Norte a paisagem é árida sendo o clima quente e seco; o Sul é bastante úmido com vegetação muito rica.
Fauna e flora
A cobertura vegetal mudou consideravelmente ao longo dos anos. A paisagem consistia em florestas densas, amplamente subdivididas em florestas hidrófilas e florestas mesófilas, que originalmente ocupavam um terço do território ao sul e oeste. Hoje, é composta por florestas abertas ou savanas arborizadas, que se estendem do Centro ao Norte, mas com muitos pontos de floresta seca. Pequenos manguezais também existem no litoral.
Desde o período colonial, as áreas de florestas densas têm sido significativamente reduzidas pelo homem. Desde a independência do país, a área coberta por florestas diminuiu de 16 milhões para 3 milhões, devido ao desmatamento maciço para o cultivo de cacau, do qual a Costa do Marfim é o principal produtor mundial.
A fauna apresenta uma riqueza particular, com muitas espécies animais (vertebrados, invertebrados, animais aquáticos e parasitas). Entre os mamíferos, o animal mais emblemático continua sendo o elefante, cujas presas, feitas de marfim, já foram uma importante fonte de renda. Abundante na floresta e na savana, o elefante foi intensamente caçado. Como resultado, atualmente é presente apenas em reservas e parques e em alguns pontos nas florestas.
A Costa do Marfim também abriga duas espécies de hipopótamos, o da savana e o pigmeu. O javali gigante, búfalos, macacos ainda numerosos, roedores, pangolins e carnívoros, e o leão, também residem no país.
Aves, das quais centenas de espécies já foram identificadas, embelezam as paisagens. Há também muitos répteis (cobras, lagartos, camaleões), anfíbios e peixes de água doce, e inúmeras espécies de invertebrados como moluscos, insetos (borboletas, besouros, formigas, cupins), aranhas e escorpiões. Alguns animais, como algumas subespécies do chimpanzé comum, tornam-se mais raros a cada dia. Muitas outras espécies estão ameaçadas.
Política
A Costa do Marfim foi colonizada pela França na época em que o imperialismo se instalou sobre a África e a Ásia. Nessa época, os europeus buscavam mercado consumidor e matéria-prima para suas fábricas e para seus produtos manufaturados. Então foi feita a "Partilha da África", onde alguns países europeus dividiram a África em territórios.
Sob a presidência de Alassane Ouattara, a justiça é manipulada para neutralizar seus oponentes políticos. A Comissão Eleitoral Independente (IEC), responsável pelas eleições, é altamente contestada pela oposição devido ao controlo exercido sobre ela pelo governo. Em 2016, a Corte Africana de Direitos Humanos e dos Povos reconheceu que a CEI não era imparcial nem independente e que o Estado da Costa de Marfi violou, entre outras coisas, a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Num relatório confidencial tornado público pela imprensa, os embaixadores europeus evocam autoridades que "são impermeáveis a críticas internas ou externas e politicamente demasiado fracas para aceitar o jogo democrático". Milhares de opositores são presos pelo seu regime.
Subdivisões
A Costa do Marfim está dividida em 19 regiões (régions), que, por sua vez, estão subdivididas em 58 departamentos (départements).
Regiões
Agnéby
Bafing
Bas-Sassandra
Denguélé
Dix-Huit Montagnes
Fromager
Haut-Sassandra
Lacs
Lagunes
Marahoué
Moyen-Cavally
Moyen-Comoé
N'zi-Comoé
Savanes
Sud-Bandama
Sud-Comoé
Vallée du Bandama
Worodougou
Zanzan
Economia
A economia da Costa do Marfim é baseada principalmente no cultivo do cacau. Em 2019, o país foi o maior produtor e exportador do mundo. A Costa do Marfim também foi, neste ano, o 2º maior produtor do mundo de noz de cola, o 3º maior produtor do mundo de castanha de caju e inhame, o 8º maior produtor do mundo de banana-da-terra, além de ter grandes produções de mandioca, óleo de palma, arroz, cana de açúcar, milho, borracha natural, algodão, entre outros. As maiores exportações de produtos agropecuários processados do país em termos de valor, em 2019, foram: cacau (U$ 4,6 bilhões), borracha natural (U$ 0,9 bilhões), castanha de caju (U$ 0,8 bilhões), algodão (U$ 0,36 bilhões), café (U$ 0,22 bilhões), óleo de palma (U$ 0,2 bilhões), banana (U$ 0,16 bilhões) e produtos feitos com chocolate (U$ 0,15 bilhões), entre outros. O país já foi o maior exportador de óleo de palma (256 mil toneladas) e o terceiro produtor de algodão (106 mil toneladas de fibras - 1995) - ainda que a dívida desse pais chega a quase milhões. As produções de borracha (83 mil toneladas - 1995) e de copra (43 mil toneladas - 1995), inexistentes antes de 1960, bem como as lavouras de abacaxi (170 mil toneladas - 1995), bananas (211 mil toneladas - 1995) e açúcar (125 mil toneladas - 1995), se tornaram itens importantes da balança comercial. A recuperação do setor de madeira, que, em 1988, correspondia a um terço da receita de exportação, é mais recente.
No setor da pecuária o país tem uma baixa produção. Diante do problema de abastecimento em proteínas animais, a Costa do Marfim é obrigada a importar grandes quantidades de carne. Portanto, um amplo programa visando a desenvolver o potencial nacional foi lançado.
A economia também é baseada nas indústrias do país, no total em todos os setores são 2.283 empresas privadas e 140 em que o estado é acionista majoritário. 74% das empresas se encontram na região de Abidjã, 4% em Bouaké e 2% em San Pedro, 20% em outras regiões. O sistema bancário marfinense é um dos mais desenvolvidos da África. Ele é composto de um banco de desenvolvimento, de 16 bancos comerciais, de uma dezena de representações internacionais e de 16 estabelecimentos financeiros. A Côte d’Ivoire pertence à “zona franca”, institucionalizada pela União Monetária Oeste Africana. Os sete estados membros (Benim, Burquina Fasso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo) entregaram a emissão da moeda, o Franco CFA, e de maneira geral, as suas políticas monetárias a uma instituição, o Banco Central dos Estados da África do Oeste, cuja sede fica em Dacar (Senegal).
Na mineração, em 2019, o país era o 9º maior produtor mundial de manganês Além disso, tem uma produção considerável de ouro.
Até a segunda metade do , o país era o maior explorador de marfim, daí o nome Costa do Marfim.
Em 2010 o país foi o 51º maior exportador de petróleo do mundo (32,1 mil barris/dia). Em 2015, o país era o 57º maior produtor de gás natural (2 bilhões de m³ ao ano).
Cultura
Esporte
O futebol é o esporte mais praticado do país, a Seleção Marfinense de Futebol se classificou para as copas do mundo de 2006, 2010 e 2014, mas não conseguiu classificação para as oitavas de final, porém, venceu o Campeonato Africano das Nações de 1992 e de 2015 e a seleção conta com as estrelas Didier Drogba, Salomon Kalou, Kolo Touré e Yaya Touré (melhor jogador africano de 2013) que brilham nos principais clubes da Europa. A seleção também classificou-se para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O rugby tem também papel de destaque na história esportiva da Costa do Marfim é um esporte bem disputado e foi introduzido no país pela colonização francesa; outros esportes ainda incluem o basquetebol e atletismo. Em Jogos Olímpicos, a Costa do Marfim, conquistou 3 medalhas (1 ouro, 1 prata e 1 bronze), sendo Cheick Sallah Cissé o responsável pela única medalha dourada do país, nos Jogos Olímpicos Rio 2016 no taekwondo; Ruth Gbabi também no Jogos de 2016, levou o bronze no taekwondo feminino, e Gabriel Tiacoh faturou a prata no atletismo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984.
Ver também
Missões diplomáticas da Costa do Marfim
Política da Costa do Marfim
Guerra civil da Costa do Marfim
Eleições presidenciais na Costa do Marfim em 2010
Igreja Católica na Costa do Marfim
Bibliografia
Ligações externas
Site da Presidência da República da Costa do Marfim |
Comores, oficialmente União das Comores, . é um país independente da África Austral, localizado no extremo norte do canal de Moçambique na costa oriental da África. Sua capital e maior cidade é Moroni, na Grande Comore.
Comores é o quarto menor país africano em área territorial. A população é estimada em . Embora especule-se que o nome "Comores" se origine de povos árabes que teriam primeiro chegado às ilhas, o nome na verdade é oriundo da polinésia antiga, dos povos da Melanésia que se estabeleceram nas ilhas. O nome "Comores" foi tomado da antiga palavra polinésia "Chammoras", significando um de seus outros assentamentos. Estes habitantes tinham sua própria língua, que foi parcialmente influenciada pelos árabes que chegaram posteriormente. A União de Comores tem três línguas oficiais: comoriano, árabe e francês. Como uma nação formado em uma encruzilhada de diferentes civilizações, o arquipélago é conhecido por sua cultura e história diversificada. O arquipélago foi primeiramente habitado por falantes do idioma bantu que vieram da África Oriental, seguidos por imigrantes árabes e austronésios.
Oficialmente, além de muitas ilhas pequenas, o país é composto por três grandes ilhas do arquipélago de Comores: Grande Comore (Ngazidja), Mohéli (Mwali) e Anjouan (Nzwani). A nação também reivindica a ilha de Maiote que, no entanto, nunca foi administrada pelo governo comorense. Em vez disso, Maiote continua a ser administrada pela França (atualmente como um departamento ultramarino), uma vez que foi a única ilha do arquipélago a votar contra a independência em 1974. A França, desde então, tem vetado no Conselho de Segurança das Nações Unidas resoluções que reafirmariam a soberania de Comores sobre a ilha. Além disso, Maiote tornou-se um departamento ultramarino e uma região da França em 2011, após um referendo popular aprovado por maioria esmagadora.
Tornou-se parte do Império Colonial Francês no final do antes de se tornar independente em 1975. Desde que declarou a independência, o país sofreu mais de 20 golpes de Estado ou tentativas de golpe, com vários chefes de Estado assassinados. Juntamente com esta constante instabilidade política, a população das Comores vive com a pior desigualdade de renda de qualquer país, com um coeficiente de Gini acima de 60%, ao mesmo tempo em que possui um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do mundo. Em 2008, cerca de metade da população das Comores vivia abaixo da linha da pobreza, com menos de US$ 1,25 por dia. A região insular francesa de Maiote, que é o território mais próspero no Canal de Moçambique, é o principal destino dos imigrantes ilegais comorenses que fogem do seu país.
As Comores é um estado membro da União Africana, Francofonia, Organização para a Cooperação Islâmica, Liga Árabe (da qual é o estado mais meridional, sendo o único estado membro da Liga Árabe com um clima tropical e também inteiramente dentro do Hemisfério Sul) e a Comissão do Oceano Índico.
História
Período pré-colonial
Acredita-se que os primeiros habitantes humanos das Ilhas Comores tenham sido colonos austronésios viajando de barco de ilhas no sudeste da Ásia. Essas pessoas chegaram o mais tardar no , a data do mais antigo sítio arqueológico conhecido, encontrado em Nzwani, embora tenha sido postulado o início da colonização já no primeiro século.
As ilhas das Comores eram povoadas por uma sucessão de povos da costa da África, da Península Arábica e do Golfo Pérsico, do Arquipélago Malaio e de Madagascar. Os colonos de língua bantu chegaram às ilhas como parte da maior expansão Bantu que ocorreu na África durante o primeiro milênio.
Segundo a mitologia pré-islâmica, um jinni (espírito) lançou uma joia, que formou um grande inferno circular. Este tornou-se o vulcão Karthala, que criou a ilha de Grande Comoro.
O desenvolvimento das Comores é dividido em fases. A primeira fase registrada de forma confiável é a fase Dembeni (do nono ao décimo século), durante a qual cada ilha manteve uma única aldeia central. Do décimo primeiro ao décimo quinto século, o comércio com a ilha de Madagascar e mercadores do Oriente Médio floresceu, aldeias menores surgiram e as cidades existentes se expandiram. Muitos comorenses podem traçar suas genealogias aos antepassados de Iêmen, principalmente Hadramaute, e Omã.
Período medieval
Segundo a tradição local, em 632, ao ouvir sobre o Islã, os ilhéus teriam enviado um emissário, Mtswa-Mwindza, para Meca - mas quando chegou lá, o profeta Maomé havia morrido. No entanto, após uma estadia em Meca, ele retornou a Ngazidja e liderou a conversão gradual de seus ilhéus ao islamismo.
Entre os primeiros relatos da África Oriental, as obras de Almaçudi descrevem as primeiras rotas comerciais islâmicas, e como a costa e as ilhas eram frequentemente visitadas por muçulmanos, incluindo mercadores persas e árabes e marinheiros em busca de coral, âmbar, marfim, ouro e escravos. Eles também trouxeram o Islã para os zanjes, incluindo as Comores. Como a importância das Comores cresceu ao longo da costa da África Oriental, tanto pequenas como grandes mesquitas foram construídas. Apesar de sua distância da costa, as Comores estão situadas ao longo da costa suaíli na África Oriental. Era um importante centro de comércio e uma importante localização em uma rede de cidades comerciais que incluía Quíloa, na atual Tanzânia, Sofala (uma saída para o ouro do Zimbábue), em Moçambique, e Mombaça, no Quênia.
Após a chegada dos portugueses no início do e o subsequente colapso dos sultanatos da África Oriental, o poderoso sultão de Omã Ceife ibne Sultão começou a derrotar os holandeses e portugueses. Seu sucessor, Saíde ibne Sultão, aumentou a influência dos árabes de Omã na região, transferindo sua administração para Zanzibar, que estava sob o domínio de Omã. No entanto, as Comores permaneceram independentes e, embora as três ilhas menores fossem geralmente unificadas politicamente, a maior ilha, Ngazidja, era dividida em vários reinos autônomos (ntsi).
Na época em que os europeus mostraram interesse nas Comores, os ilhéus estavam bem posicionados para tirar proveito de suas necessidades, fornecendo inicialmente navios da rota para a Índia e, mais tarde, escravos para as ilhas de plantação nas Ilhas Mascarenhas.
Colonização europeia
Os exploradores portugueses visitaram primeiramente o arquipélago em 1503. As ilhas forneceram provisões ao forte português em Moçambique durante o .
Em 1793, os guerreiros malgaxes de Madagascar começaram a atacar as ilhas em busca de escravos. Nas Comores, foi estimado em 1865 que até 40% da população consistia de escravos. A França estabeleceu pela primeira vez o domínio colonial nas Comores em 1841. Os primeiros colonizadores franceses desembarcaram em Maiote, e Andriantsoly (também conhecido como Andrian Tsouli, o Sakalava Dia-Ntsoli, o Sakalava de Boina, e o rei malgaxe de Maiote) assinaram o Tratado de Abril de 1841, que cedeu a ilha às autoridades francesas.
As Comores serviram como uma estação de caminho para os comerciantes que navegavam para o Extremo Oriente e a Índia até a abertura do Canal de Suez reduzir significativamente o tráfego que passava pelo Canal de Moçambique. As mercadorias nativas exportadas pelas Comores eram cocos, gado e tartaruga. Colonos franceses, empresas francesas e comerciantes árabes ricos estabeleceram uma economia baseada em plantações que usava cerca de um terço das terras para exportação. Após sua anexação, a França converteu Maiote em uma colônia de plantação de açúcar. As outras ilhas logo foram transformadas, e as principais culturas de baunilha, café, cacau e sisal foram introduzidas.
Em 1886, Mohéli foi colocado sob proteção francesa pelo seu sultão Mardjani Abdou Cheikh. Nesse mesmo ano, apesar de não ter autoridade para fazê-lo, o sultão Said Ali de Bambao, um dos sultanatos de Ngazidja, colocou a ilha sob proteção francesa em troca do apoio francês de sua reivindicação à ilha inteira, que manteve até sua abdicação. em 1910. Em 1908, as ilhas foram unificadas sob uma única administração (Colônia de Maiote e Dependências) e colocadas sob a autoridade do governador colonial francês de Madagascar. Em 1909, o sultão Said Muhamed de Anjouan abdicou em favor do domínio francês. Em 1912, a colônia e os protetorados foram abolidos e as ilhas tornaram-se uma província da colônia de Madagascar.
Um acordo foi alcançado com a França em 1973 para as Comores se tornar independente em 1978. Os deputados de Maiote se abstiveram. Referendos foram realizados em todas as quatro ilhas. Três votaram pela independência por grandes margens, enquanto Maiote votou contra e permanece sob administração francesa. Em 6 de julho de 1975, no entanto, o parlamento comoriano aprovou uma resolução unilateral declarando independência. Ahmed Abdallah proclamou a independência do Estado Comoriano (État Comorien; دولة القمر) e tornou-se seu primeiro presidente.
Pós-independência
Os próximos 30 anos foram um período de turbulência política. Em 3 de agosto de 1975, menos de um mês após a independência, o presidente Ahmed Abdallah foi afastado do cargo em um golpe armado e substituído pela Frente Nacional Unida do membro das Comores, Said Mohamed Jaffar. Meses depois, em janeiro de 1976, Jaffar foi deposto em favor de seu ministro da Defesa Ali Soilih.
Neste momento, a população de Maiote votou contra a independência da França em dois referendos. A primeira, realizada em 22 de dezembro de 1974, obteve 63,8% de apoio à manutenção dos laços com a França, enquanto a segunda, realizada em fevereiro de 1976, confirmou o voto com esmagadores 99,4%. As três ilhas restantes, governadas pelo presidente Soilih, instituíram uma série de políticas socialistas e isolacionistas que logo estreitaram as relações com a França. Em 13 de maio de 1978, Bob Denard voltou para derrubar o presidente Soilih e restabelecer Abdallah com o apoio dos governos francês, rodesiano e sul-africano. Durante o breve governo de Soilih, ele enfrentou sete tentativas adicionais de golpe até que ele foi finalmente forçado a deixar o cargo e assassinado.
Em contraste com Soilih, a presidência de Abdallah foi marcada pelo governo ditatorial e aumentou a adesão ao Islã tradicional. O país foi renomeado para República Islâmica Federal das Comores (République Fédérale Islamique des Comores; جمهورية القمر الإتحادية الإسلامية). Abdallah continuou como presidente até 1989, quando, temendo um provável golpe de Estado, ele assinou um decreto ordenando que a Guarda Presidencial, liderada por Bob Denard, desarmasse as forças armadas. Logo após a assinatura do decreto, Abdallah foi supostamente assassinado a tiros em seu escritório por um oficial militar descontente, apesar de fontes posteriores afirmarem que um míssil antitanque foi lançado em seu quarto e o matou. Embora Denard também estivesse ferido, suspeita-se que o assassino de Abdallah era um soldado sob seu comando.
Poucos dias depois, Bob Denard foi evacuado para a África do Sul por paraquedistas franceses. Said Mohamed Djohar, meio-irmão mais velho de Soilih, tornou-se presidente e serviu até setembro de 1995, quando Bob Denard retornou e tentou outro golpe. Desta vez, a França interveio com os paraquedistas e forçou Denard a se render. Os franceses removeram Djohar para Reunião, e Mohamed Taki Abdoulkarim, apoiado por Paris, tornou-se presidente eleito. Ele liderou o país de 1996, durante uma época de crises trabalhistas, repressão do governo e conflitos separatistas, até sua morte em novembro de 1998. Ele foi sucedido pelo presidente interino Tadjidine Ben Said Massounde.
As ilhas de Anjouan e Mohéli declararam sua independência das Comores em 1997, em uma tentativa de voltar a tornarem-se uma colônia francesa, mas a França rejeitou o pedido, levando a confrontos sangrentos entre tropas federais e insurgentes separatistas. Em abril de 1999, o coronel Azali Assoumani, chefe do Estado-Maior do Exército, tomou o poder em um golpe sem derramamento de sangue, derrubando o presidente interino Massounde, alegando fraca liderança diante da crise. Este foi o 18º golpe de Estado ou tentativa de golpe desde a independência das Comores em 1975.
Azali não conseguiu consolidar o poder e restabelecer o controle sobre as ilhas, o que foi alvo de críticas internacionais. A União Africana, sob os auspícios do presidente Thabo Mbeki da África do Sul, impôs sanções a Anjouan para ajudar a negociar e a reconciliar. O nome oficial do país foi mudado para a União das Comores e um novo sistema de autonomia política foi instituído para cada ilha.
Azali deixou o cargo em 2002 para concorrer à eleição democrática do Presidente das Comores, que ele ganhou. Sob a pressão internacional em curso, como um governante militar que originalmente chegou ao poder pela força, e nem sempre foi democrático enquanto estava no cargo, Azali liderou as Comores através de mudanças constitucionais que permitiram novas eleições. A Lei de Responsabilidades foi aprovada no início de 2005, que define as responsabilidades de cada órgão governamental e está em processo de implementação. As eleições de 2006 foram ganhas por Ahmed Abdallah Mohamed Sambi, um clérigo muçulmano sunita apelidado de "Ayatollah" pelo tempo que passou estudando o Islã no Irã. Azali honrou os resultados das eleições, permitindo assim a primeira troca pacífica e democrática de poder para o arquipélago.
O coronel Mohammed Bacar, um ex-policial treinado na França, tomou o poder como presidente em Anjouan em 2001. Ele organizou uma votação em junho de 2007 para confirmar sua liderança que foi rejeitada como ilegal pelo governo federal de Comores e pela União Africana. Em 25 de março de 2008, centenas de soldados da União Africana e das Comores capturaram Anjouan, controlado pelos rebeldes, geralmente recebido pela população: houve relatos de centenas, senão milhares, de pessoas torturadas durante o mandato de Bacar. Alguns insurgentes foram mortos e feridos, mas não há números oficiais. Pelo menos 11 civis ficaram feridos. Alguns funcionários foram presos. Bacar fugiu em uma lancha para o território de Maiote, no Oceano Índico, em busca de asilo. Seguiram-se protestos antifranceses nas Comores.
Desde a independência da França, as Comores experimentaram mais de 20 golpes de Estado ou tentativas de golpes.
Após as eleições no final de 2010, o ex-vice-presidente Ikililou Dhoinine foi empossado como presidente em 26 de maio de 2011. Um membro do partido governista, foi apoiado nas eleições pelo atual presidente Ahmed Abdallah Mohamed Sambi. Dhoinine é o primeiro presidente das Comores da ilha de Mohéli. Após as eleições de 2016, Azali Assoumani tornou-se presidente para um terceiro mandato.
Geografia
As Comores são formadas por Ngazidja (Grande Comore), Mwali (Mohéli) e Nzwani (Anjouan), três ilhas principais no arquipélago das Comores, bem como muitas ilhotas menores. As ilhas são oficialmente conhecidas por seus nomes em língua comorense, embora fontes internacionais ainda usem seus nomes franceses (dados entre parênteses). A capital e maior cidade do país, Moroni, está localizada em Ngazidja. O arquipélago está situado no Oceano Índico, no Canal de Moçambique, entre a costa africana (mais próxima de Moçambique e da Tanzânia) e Madagáscar, sem fronteiras terrestres.
Com 1862 km², as Comores são um dos menores países do mundo. As Comores reivindicam km² de águas territoriais. Os interiores das ilhas variam de montanhas íngremes a colinas baixas.
Ngazidja é o maior do arquipélago das Comores, aproximadamente igual em área para as outras ilhas combinadas. É também a ilha mais recente e, portanto, tem solo rochoso. Os dois vulcões da ilha, o Monte Karthala (ativo) e La Grille (dormente), e a falta de bons portos são características distintivas de seu terreno. Mwali, com capital em Fomboni, é a menor das quatro ilhas principais. Nzwani, cuja capital é Mutsamudu, tem uma forma distintiva triangular causada por três cadeias montanhosas - Sima, Nioumakélé e Jimilimé - que emanam de um pico central, o Monte N'Tingui (1575 m).
As ilhas do Arquipélago das Comores foram formadas por atividade vulcânica. O Monte Karthala, um vulcão de escudo ativo localizado em Ngazidja, é o ponto mais alto do país, com 2361 metros. Ele contém o maior pedaço de floresta tropical desaparecida das Comores. Karthala é atualmente um dos vulcões mais ativos do mundo, com uma pequena erupção em maio de 2006, e erupções anteriores em abril de 2005 e 1991. Na erupção de 2005, que durou de 17 a 19 de abril, 40 mil cidadãos tiveram que evacuar, e o lago da cratera na caldeira do vulcão foi destruído por 3 a 4 km.
As Comores também reivindicam as Ilhas Esparsas e as Ilhas Gloriosas, atualmente parte das Terras Austrais e Antárticas Francesas. As Ilhas Gloriosas foram administradas pelas Comores coloniais antes de 1975, e por isso são por vezes consideradas parte do Arquipélago das Comores. O Banco do Geyser, uma antiga ilha no arquipélago das Comores, atualmente um recife submerso, está geograficamente localizado nas Ilhas Esparsas, mas foi anexado por Madagascar em 1976 como um território não reclamado. As Comores e a França ainda visualizam o Banco do Geyser como parte das Ilhas Gloriosas e, portanto, parte de sua zona econômica exclusiva. Além dessas ilhas, as Comores reclamam a ilha de Maiote, a ilha mais a leste do arquipélago, e atualmente administrada como um departamento ultramarino da França.
Clima
O clima é geralmente tropical e ameno, e as duas estações principais são distinguíveis por sua chuva. A temperatura atinge uma média de 29–30 °C em março, o mês mais quente na estação chuvosa (chamado localmente de kashkazi/kaskazi, que significa monção norte, que vai de dezembro a abril), e uma média baixa de 19 °C na estação fria e seca (kusi, que significa monção sul, que ocorre de maio a novembro). As ilhas raramente são sujeitas a ciclones.
Biodiversidade
As ilhas abrigam uma ecorregião única, conhecida como Florestas das Comores. Estas ilhas vulcânicas são ricas em vida selvagem com espécies endêmicas, incluindo quatro espécies de aves ameaçadas de extinção que vivem no Monte Karthala. Tanto a flora como a fauna são semelhantes a Madagáscar, embora existam mais de 500 espécies de plantas endémicas das Comores. Há mais pássaros, mamíferos e répteis do que se esperaria encontrar em uma ilha do Oceano Índico, incluindo lêmures, como nas proximidades de Madagascar. As espécies endêmicas incluem 21 espécies de aves, 9 espécies de répteis e duas espécies de morcegos frugívoros (Pteropus livingstonii e Rousettus obliviosus). Outros mamíferos incluem o lêmure-de-mangusto (Eulemur mongoz) e uma subespécie do morcego das Seychelles (Pteropus seychellensis comorensis).
Em dezembro de 1952, um exemplar do peixe Coelacanth foi re-descoberto na costa de Comores. A espécie de 66 milhões de anos foi considerada extinta até sua primeira aparição em 1938 na costa sul-africana. Entre 1938 e 1975, 84 espécimes foram capturados e registrados.
Demografia
Com 885 701 habitantes, as Comores são um dos países menos populosos do mundo, mas também um dos mais densamente povoados, com uma média de 275 habitantes por km². Em 2001, 34% da população era considerada urbana, mas espera-se que cresça, já que o crescimento da população rural é negativo, enquanto o crescimento da população em geral ainda é relativamente alto.
Quase metade da população das Comores tem menos de 15 anos. Os principais centros urbanos do país incluem Moroni, Mutsamudu, Domoni, Fomboni e Tsémbéhou. Existem entre 200 mil e 350 mil imigrantes comorenses vivendo na França, a maioria em Marselha, embora também haja muitos imigrantes comorenses em Paris e Lyon.
As ilhas das Comores compartilham principalmente origens árabes africanas. Um dos maiores grupos étnicos nas várias ilhas de Comores continua a ser os Shirazis. As minorias incluem os malgaxes (cristãos) e indianos, bem como outras minorias, na maioria descendentes dos primeiros colonizadores franceses. Os chineses também estão presentes em partes de Grande Comore (especialmente Moroni). Uma pequena minoria branca de franceses com outros descendentes europeus (ou seja, holandeses, ingleses e portugueses) vive nas Comores. A maioria dos franceses deixou o país após a independência em 1975.
Idiomas
O idioma mais falada nas Comores é o comoriano, conhecido localmente como Shikomori. É uma língua relacionada ao suaíli, com quatro variantes diferentes (Shingazidja, Shimwali, Shinzwani e Shimaore) sendo faladas em cada uma das quatro ilhas. Tanto o alfabeto árabe quanto o latino é usado, sendo o árabe o mais usado, e uma ortografia oficial foi desenvolvida recentemente para o alfabeto latino.
Árabe e francês também são línguas oficiais, juntamente com o comoriano. O árabe é amplamente usado como segunda língua, sendo a língua do ensino do Alcorão. O francês é a língua administrativa e a língua de toda a educação formal não corânica.
Religião
O islamismo sunita é a religião mais praticada, representando 99% da população. Uma minoria da população das Comores, principalmente imigrantes franceses, é cristã católica romana. Comores é o único país de maioria muçulmana na África Austral e o segundo território de maioria muçulmana mais meridional depois do território francês de Maiote.
Cidades mais populosas
Política
As Comores são uma república presidencialista federal com um sistema multipartidário. O Presidente das Comores é chefe de Estado e chefe de governo. A Constituição das Comores foi aprovada por referendo em 23 de dezembro de 2001. Anteriormente governada por uma ditadura militar, a transferência de poder de Azali Assoumani para Ahmed Abdallah Mohamed Sambi em maio de 2006 foi um divisor de águas como a primeira transferência pacífica na história das Comores.
O Poder Executivo é exercido pelo governo. O poder legislativo é representado pela Assembleia da União, que possui 33 membros eleitos para um mandato de cinco anos. O preâmbulo da constituição garante uma inspiração islâmica no governo, um compromisso com os direitos humanos, vários direitos específicos enumerados, e a democracia, "um destino comum" para todos os Comorianos. Cada uma das ilhas (de acordo com o Título II da Constituição) tem uma grande autonomia na União, incluindo as suas próprias constituições (ou Lei Fundamental), presidente e Parlamento. A presidência e a Assembleia da União são distintas de cada um dos governos das ilhas. A presidência da União gira entre as ilhas. Mohéli detém a atual presidência rotativa, e por isso Ikililou Dhoinine é presidente da União; Grand Comore e Anjouan seguem em mandatos de quatro anos.
O sistema legal comoriano baseia-se na lei islâmica, no Código Napoleônico francês e no direito consuetudinário. Os anciãos da aldeia, conhecidos como kadis ou tribunais civis resolvem a maioria das disputas. O judiciário é independente do legislativo e do executivo. O Supremo Tribunal funciona como um Conselho Constitucional na resolução de questões constitucionais e na supervisão de eleições presidenciais. Como Supremo Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal também arbitra em casos em que o governo é acusado de prática ilegal. O Supremo Tribunal é composto por dois membros selecionados pelo presidente, dois eleitos pela Assembleia da União e um pelo conselho de cada ilha.
Cerca de 80% do orçamento anual do governo central é gasto no complexo sistema eleitoral do país, que prevê um governo semi-autônomo e presidente para cada uma das três ilhas e uma presidência rotativa para o governo geral da União. Um referendo ocorreu em 16 de maio de 2009 para decidir se haveria uma redução na pesada burocracia política do governo. 52,7% dos eleitores votaram e 93,8% dos votos foram aprovados pelo referendo. O referendo faria com que o presidente de cada ilha se tornasse um governador e os ministros se tornassem conselheiros.
Relações exteriores
Em novembro de 1975, as Comores se tornaram o 143º membro das Nações Unidas. O novo país foi definido como abrangendo todo o arquipélago, embora os cidadãos de Maiote decidissem se tornar cidadãos franceses e manter sua ilha como um território francês.
As Comores repetidamente pressionaram sua reivindicação a Maiote antes da Assembleia Geral das Nações Unidas, que adotou uma série de resoluções sob o título "Questão da Ilha Comoriana de Maiote", opinando que Maiote pertence às Comores sob o princípio de que a integridade territorial de territórios coloniais devem ser preservados após a independência. Como uma questão prática, no entanto, essas resoluções têm pouco efeito e não há probabilidade previsível de que Maiote se torne parte de facto das Comores sem o consentimento do seu povo. Mais recentemente, a Assembleia manteve esse item em sua agenda, mas o deferiu de ano para ano sem tomar medidas. Outros órgãos, incluindo a Organização da Unidade Africana, o Movimento dos Países Não Alinhados e a Organização da Cooperação Islâmica, questionaram a soberania francesa sobre Maiote. Para acabar com o debate e evitar a integração à força na União das Comores, a população de Maiote optou por se tornar um departamento ultramarino e uma região da França em um referendo de 2009. O novo estatuto entrou em vigor em 31 de março de 2011 e Maiote foi reconhecida como uma região ultraperiférica pela União Europeia em 1 de janeiro de 2014. Esta decisão integra Maiote com a França.
As Comores são membros da União Africana, da Liga Árabe, do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional, da Comissão do Oceano Índico e do Banco Africano de Desenvolvimento. Em maio de 2013, a União das Comores tornou-se conhecida por interpor um recurso ao Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional relativo ao "ataque israelita de 31 de maio de 2010 à Flotilha de Ajuda Humanitária com destino à Faixa de Gaza". Em novembro de 2014, o Promotor do TPI acabou decidindo que os eventos constituíam crimes de guerra, mas não atendiam aos padrões de gravidade de levar o caso ao TPI. A taxa de emigração de trabalhadores qualificados foi de cerca de 21,2% em 2000.
Forças armadas
Os recursos militares das Comores consistem de um pequeno exército permanente e uma força policial de 500 membros, bem como uma força de defesa de 500 membros. Um tratado de defesa com a França fornece recursos navais para a proteção de águas territoriais, treinamento de militares comorianos e vigilância aérea. A França mantém alguns oficiais seniores presentes nas Comores a pedido do governo. A França mantém uma pequena base marítima e um Destacamento da Legião Estrangeira Francesa em Maiote.
Uma vez que o novo governo foi instalado em maio-junho de 2011, uma missão de peritos do Centro Regional da ONU para a Paz e o Desarmamento na África chegou às Comores e produziu diretrizes para a elaboração de uma política de segurança nacional, que foram discutidas pelas autoridades de defesa nacional e pela sociedade civil.
Subdivisões
As Comores são divididas em ilhas autónomas. Cada ilha está dividida em comunas. Por razões administrativas, as comunas estão agrupadas em prefeituras, distribuídas da seguinte forma:
Grande Comore (Ngazidja), capital: Moroni - 8 prefeituras;
Anjouan (Ndzuwani), capital: Mutsamudu - 5 prefeituras;
Moheli (Mwali), capital: Fomboni - 3 prefeituras.
Economia
As Comores são um dos países mais pobres do mundo. O crescimento econômico e a redução da pobreza são as principais prioridades do governo. Com uma taxa de 14,3%, o desemprego é considerado muito alto. A agricultura, incluindo a pesca, a caça e a silvicultura, é o principal setor da economia e 38,4% da população ativa está empregada no setor primário.
Altas densidades populacionais, até por quilômetro quadrado nas zonas agrícolas mais densas, para uma economia agrícola ainda predominantemente rural, podem levar a uma crise ambiental no futuro próximo, especialmente considerando a alta taxa de crescimento populacional. Em 2004, o crescimento real do PIB das Comores foi de 1,9% e o PIB real per capita continuou a diminuir. Essas quedas são explicadas por fatores que incluem investimento em declínio, quedas no consumo, aumento da inflação e um aumento no desequilíbrio comercial devido, em parte, à queda nos preços das culturas de rendimento, especialmente baunilha.
A política fiscal é limitada por receitas fiscais instáveis, uma massa salarial do funcionalismo público inchado e uma dívida externa que está muito acima do limiar dos países pobres altamente endividados. A filiação à zona do franco, a principal âncora da estabilidade, ajudou, no entanto, a conter as pressões sobre os preços domésticos.
As Comores têm um sistema de transporte inadequado, uma população jovem e em rápido crescimento e poucos recursos naturais. O baixo nível educacional da força de trabalho contribui para um nível de atividade econômica de subsistência, alto desemprego e uma grande dependência de doações e assistência técnica estrangeiras. A agricultura contribui com 40% do PIB, emprega 80% da força de trabalho e fornece a maior parte das exportações. As Comores são o maior produtor mundial de ylang-ylang e um grande produtor de baunilha.
O governo do país atualmente luta para melhorar a educação e o treinamento técnico, privatizar empreendimentos comerciais e industriais, melhorar os serviços de saúde, diversificar as exportações, promover o turismo e reduzir o alto índice de crescimento populacional.
Infraestrutura
Saúde
Existem 15 médicos para 100 000 pessoas. A taxa de fertilidade era de 4,7 por mulher adulta em 2004. A expectativa de vida ao nascer é de 67 anos para mulheres e 62 anos para homens.
Educação
Quase toda a população educada das Comores frequentou escolas corânicas em algum momento de suas vidas, muitas vezes antes da escola regular. Aqui, meninos e meninas são ensinados sobre o Alcorão e memorizam. Alguns pais escolhem especificamente essa educação inicial para compensar as escolas francesas que as crianças geralmente frequentam mais tarde. Desde a independência e a expulsão dos professores franceses, o sistema educacional tem sido prejudicado pela falta de treinamento de professores e resultados ruins, embora a estabilidade recente possa permitir melhorias substanciais.
Os sistemas de educação pré-colonização em Comores concentraram-se em habilidades necessárias, como agricultura, pecuária e tarefas domésticas. A educação religiosa também ensinou às crianças as virtudes do islamismo. O sistema educacional sofreu uma transformação durante a colonização no início de 1900, que trouxe educação secular baseada no sistema francês. Isto foi principalmente para crianças da elite. Depois que Comores ganhou a independência em 1975, o sistema educacional mudou novamente. O financiamento para os salários dos professores foi perdido e muitos entraram em greve. Assim, o sistema de educação pública não funcionou entre 1997 e 2001. Desde a obtenção da independência, o sistema educacional também passou por uma democratização e existem opções para aqueles que não a elite. O número de matrículas também cresceu.<ref name="Educação em Comores 1">{{citar web | url = http://www.dol.gov/ilab/media/reports/iclp/tda2005/tda2005.pdf |titulo = 2005 Findings on the Worst Forms of Child Labor | arquivourl=https://web.archive.org/web/20061201190837/http://www.dol.gov/ilab/media/reports/iclp/tda2005/tda2005.pdf |arquivodata = 1 de dezembro de 2006 | autor = Bureau of International Labor Affairs, U.S. Department of Labor | data = 2006 | lingua = inglês }}</ref>
Em 2000, 44,2% das crianças de 5 a 14 anos frequentavam a escola. Há uma falta geral de instalações, equipamentos, professores qualificados, livros didáticos e outros recursos. Os salários dos professores são frequentemente muito atrasados que muitos se recusam a trabalhar.
Antes de 2000, os estudantes que procuravam o ensino superior ou uma formação universitária tinham que sair do país, no entanto, no início dos anos 2000, a primeira universidade foi criada no país. Isso serviu para ajudar o crescimento econômico e para combater a saída de muitas pessoas instruídas que não retornavam às ilhas para trabalhar.
Cerca de 57% da população é alfabetizada no alfabeto latino, enquanto mais de 90% são alfabetizados no alfabeto árabe; o total de alfabetização é estimado em 77,8%. A língua comoriana não possui alfabeto padrão, mas tanto o alfabeto árabe quanto o latino são usados.
Cultura
As mulheres tradicionais de Comores usam vestidos coloridos parecidos com sari, chamados shiromani, e aplicam uma pasta de sândalo e coral chamada msinzano em seus rostos. A roupa masculina tradicional é uma saia longa colorida e uma camisa branca longa.
Casamentos
Existem dois tipos de casamentos em Comores, o Mna dabo (pequeno casamento) e o ada (grande casamento). O pequeno casamento é um simples casamento legal. É pequeno, íntimo e barato. O dote da noiva é nominal. O pequeno casamento, entretanto, é apenas um espaço reservado até que o casal possa pagar o ada, ou grande casamento. As marcas do grande casamento são deslumbrantes joias de ouro, duas semanas de celebração e um enorme dote de noivado. O noivo deve pagar a maior parte das despesas para este evento, e a família da noiva normalmente paga apenas um terço da do noivo. O grande casamento pode custar até o equivalente a £ . Muitos homens não conseguem pagar por um grande casamento até o final dos 40 anos.
O grande casamento é um símbolo do status social nas ilhas Comores. A conclusão de um casamento ada também aumenta muito a posição de um homem na hierarquia das Comores. Um homem de Comores só pode usar certos elementos da vestimenta nacional ou ficar de pé na primeira fila da mesquita se tiver um grande casamento. Além disso, não se é totalmente considerado homem até que ele tenha um casamento ada.
O ada é frequentemente criticado por causa de sua grande despesa para um país com pobreza intensa, mas ao mesmo tempo é uma fonte de coesão social e a principal razão pela qual os imigrantes comorenses na França e em outros países continuam as remessas para sua terra natal. Cada vez mais, os casamentos também estão sendo tributados para fins de desenvolvimento das aldeias, de modo que os efeitos não são totalmente negativos.
Parentesco e estrutura social
A sociedade comoriana tem um sistema de descendência bilateral. A filiação de linhagem e herança de bens imóveis (terra, habitação) é matrilinear, passada na linha materna, semelhante a muitos povos Bantu que também são matrilineares, enquanto outros bens são passados na linha masculina. No entanto, existem diferenças entre as ilhas, sendo o elemento matrilinear mais forte em Ngazidja.
Música
A música Taarab de Zanzibar continua sendo o gênero mais influente das ilhas.
Mídia e comunicações
Existe um jornal nacional de propriedade do governo em Comores, Al-Watwan'', publicado em Moroni. A ORTC, de propriedade do governo, é a rádio e televisão pública nacional, alcançando quase todo o país. Existem várias estações de propriedade privada que transmitem localmente nas cidades maiores.
Desporto
A seleção nacional de futebol conseguiu o apuramento para a CAN 2021 (embora realizada em 2022), o principal torneio internacional de seleções africanas. A Refinaria, órgão de comunicação social com muito renome em Portugal, tem vindo a enaltecer a grande cultura deste país nas suas transmissões televisivas dos jogos da seleção no torneio.
Ver também
África
Lista de países
Missões diplomáticas de Comores
Ligações externas
Divisão da África II - Itamaraty Divisão do Ministério das Relações Exteriores do Brasil responsável pelas relações bilaterais com Comores
Library of Congress. A Country Study: Comoros
Países subdesenvolvidos |
Botsuana ou Botswana, oficialmente República do Botsuana (em inglês: Republic of Botswana; em tsuana: Lefatshe la Botswana), é um país sem costa marítima da África Austral. Anteriormente um protetorado britânico chamado Bechuanalândia, adotou seu novo nome após tornar-se independente, em 30 de setembro de 1966. Desde sua independência, o país teve governos democráticos e eleições ininterruptas, sem sofrer qualquer golpe de estado. Sua capital é Gaborone, que é também a maior cidade do país.
O relevo de Botsuana é plano e sua superfície é coberta em até 70% pelo deserto de Kalahari. Faz fronteira com a África do Sul a sul e sudeste, com a Namíbia a oeste e ao norte e com o Zimbábue a nordeste. Sua fronteira com a Zâmbia ao norte, perto de Kazungula, não é bem definida, mas uma curta faixa de aproximadamente 750 metros, ao longo do rio Zambeze, com travessia feita por ferry-boat, é comumente usada para marcar a fronteira com este país.
O Botsuana é um dos países mais escassamente povoados no mundo, sendo habitado por pouco mais de 2 milhões de habitantes. Quando conquistou a independência do Reino Unido, em 1966, a nação era a segunda mais pobre do mundo, com um PIB per capita de cerca de 70 dólares por ano. Desde então, o Botsuana transformou-se numa das economias de mais rápido crescimento no continente, com um PIB per capita de cerca de 16,4 mil dólares em 2013, um alto rendimento nacional bruto, o quarto maior da África, dando ao país um padrão de vida modesto.
O Botsuana é país membro da União Africana, a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, da Comunidade de Nações e das Nações Unidas. Apesar de sua estabilidade política e relativa prosperidade socioeconômica, o país está entre os mais atingidos pela epidemia do HIV/AIDS, sendo estimado que cerca de um quarto da população local seja soropositiva.
Etimologia
Os primeiros exploradores ocidentais, a partir do final do século XVIII, deram à região o nome de um povo local, chamando-a de Bechuanaland (em português, "Bechuanalândia"), "Bechuana" sendo a corruptela anglicizada de nome formado, na língua local, pelo prefixo bo (país) ou ba (povo) e pelo radical Tswana (nome de um povo soto dos bantos meridionais), acrescentado, pelos ingleses, do sufixo inglês land ("terra"). A designação colonial foi substituída pela forma oficial "Botswana" após a independência do país.
Aportuguesamentos e outras grafias
A forma vernácula do nome do país em português preconizada pelo Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora, bem como pelo Portal da Língua Portuguesa e pelos dicionários brasileiros Houaiss e Aurélio, pelo dicionário português Priberam, pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil e pela Comissão Europeia é "Botsuana" (substituindo o "w" da grafia original por "u" na forma em português). Por outro lado, a grafia original, "Botswana", também encontra respaldo em dicionaristas e em diferentes veículos de comunicação e autores lusófonos. Os gentílicos para o país são botsuano, botswano, botsuanense ou botsuanês, ademais das alternativas bechuano e botsuanense.
História
A história do Botswana é marcada pela influência da África do Sul. Protetorado britânico desde 1885 com o nome de Bechuanalândia (em inglês, "Bechuanaland"), em 30 de setembro de 1966 a nação declara-se independente e passa a se chamar Botsuana (em inglês, "Botswana").
O presidente Seretse Khama governou o país desde a independência até sua morte, em 1980, sendo sucedido pelo vice, Ketumile Masire. Realiza eleições regulares desde então e é considerado exemplo de estabilidade política no continente. Como um dos países que se opõem ao regime de segregação racial na África do Sul, foi alvo de incursões do Exército sul-africano, sob acusação de abrigar guerrilheiros do Congresso Nacional Africano. A partir de 1990, as relações bilaterais melhoram, com o fim do apartheid.
Na década de 1980, o produto interno bruto (PIB) cresce à média anual de 10,3%. A seca e a recessão mundial do início dos anos 90 levam o país à depressão econômica e revelam sua dependência da mineração, responsável por 70% das receitas de exportação. Em 1998, após quatro mandatos, o presidente Quett Masire, do Partido Democrático do Botswana (BDP), retira-se da política e é substituído pelo vice, Festus Mogae. O BDP (no poder desde a independência) vence as eleições parlamentares de 1999, e a Assembleia Nacional ratifica Mogae para presidente.
Em março de 2008, ao completar dez anos no poder, Mogae renunciou ao cargo e foi substituído pelo vice-presidente, Ian Khama, filho do primeiro presidente.
Geografia
O Botswana situa-se numa zona árida do interior da África meridional. É um país bastante plano, ocupado quase por completo por um planalto com altitudes entre os 700 e os 1,2 mil m, aumentando um pouco a rugosidade do terreno na extremidade oriental. O deserto do Kalahari ocupa o sudoeste do país, e a norte a depressão de Mababe é parcialmente ocupada pelo pântano do Okavango, onde termina o curso do rio Okavango, proveniente da Namíbia. O principal rio é, no entanto, o Limpopo, que constitui parte da fronteira sul, com a África do Sul. É onde este rio abandona o país, na ponta oriental, que se localiza o ponto mais baixo do Botswana, a uma altitude de 513 m. O ponto mais elevado são as Tsodilo Hills, que sobem a 1 489 m.
O clima varia de desértico a semiárido, com invernos suaves e verões quentes.
Ecologia
Botswana tem diversas áreas protegidas para animais selvagens. Além das áreas do delta e do deserto, existem campos e savanas, onde gnu-azul, antílopes e outros mamíferos e aves são encontradas. O norte do país tem uma das poucas grandes populações remanescentes grandes populações do cão-selvagem-africano, espécie ameaçada de extinção. O Parque Nacional de Chobe, localizado no distrito de Chobe, tem a maior concentração do mundo de elefantes-africanos. O parque abrange cerca de 11 mil km² e abriga cerca de 350 espécies de aves.
O Parque Nacional Chobe e a Reserva de Caça de Moremi (no Delta do Okavango) são importantes destinos turísticos. Outras reservas incluem a Reserva de Caça do Centro do Kalahari, localizada no deserto de Kalahari, distrito de Ghanzi; Parque Nacional de Makgadikgadi Pans e Parque Nacional Nxai Pan, no distrito Central. A Reserva de Caça de Mashatu é de propriedade privada, localizada no encontro do rio Shashe com o rio Limpopo, no leste Botswana. A outra reserva de propriedade privada é a Reserva Natural de Mokolodi, perto de Gaborone. Há também santuários especializados como o Khama Rhino Sanctuary (para rinocerontes) e Makgadikgadi Sanctuary (para flamingos), ambos localizados no distrito Central.
Demografia
Os principais grupos étnicos do Botswana são (em ordem) tsuana, kalanga, sãs, entre outros. Outros grupos étnicos no Botswana incluem brancos e indianos, que são considerados poucos. A população indiana do Botswana é composta por indiano-africanos de várias gerações que vieram do Quênia, Zâmbia, Tanzânia, Maurício, África do Sul, assim como imigrantes indianos de primeira geração. A população branca é nativa do Botswana ou de outras partes da África incluindo Zimbábue, Zâmbia e África do Sul. A população branca fala inglês ou africâner e compõe 1% da população.
Botswana, assim como a maioria dos países do sul da África, sofre com uma grande taxa de infecção por AIDS, que foi 38,8% para adultos em 2002. Em 2003, o governo começou um programa para erradicar a AIDS. O programa consiste em distribuir remédios baratos ou grátis para reduzir o impacto do vírus sobre a saúde dos infectados.
Quanto à religião, segundo o World Factbook, da CIA, a população dividia-se em 2001 aquando dos últimos censos, de acordo com as suas filiações religiosas da seguinte forma:
Religiões
Estima-se que 70% dos cidadãos do país se identifiquem como cristãos. Anglicanos, metodistas e membros da Igreja Congregacional dos Estados da África Austral compõem a maioria dos cristãos. Há também congregações de luteranos, batistas, da Igreja Reformada Holandesa, menonitas, católicos romanos, Adventistas do Sétimo Dia, mórmons e Testemunhas de Jeová. Em Gaborone, existe um Centro da História Luterana que é aberto ao público.
De acordo com o censo de 2001, o país tem cerca de 5 mil muçulmanos, principalmente da Ásia Austral, 3 mil hindus e 700 baha'is. Cerca de 20% dos cidadãos não seguem uma religião. Os serviços religiosos são bem atendidos nas áreas rurais e urbanas.
Idiomas
A língua oficial é o inglês, embora a língua tswana seja amplamente falada em todo o país. Em setswana (como nas outras línguas bantas — ao contrário do que ocorre com as línguas na maior parte do mundo —, a flexão linguística é feita principalmente por prefixos. Estes incluem bo, que se refere a país, ba, que designa o plural, mo, que designa o singulare se, utilizado para designar os nomes de línguas. O principal grupo étnico do país são os tswanas, daí o nome Botswana. Os tswanas são os batswana, um tswana é um motswana e a língua que falam é setswana. Outras línguas faladas no Botswana incluem kalanga (sekalanga), sarwa (sesarwa), ndebele, ǃxóõ e, em algumas regiões, o africâner.
Cidades mais populosas
Governo e política
O Botswana é governado pela constituição em vigor desde 30 de setembro de 1966. O sistema de governo adotado no país é a república presidencialista. O poder executivo é exercido pelo presidente e pelo vice-presidente, ambos eleitos por voto indireto para um mandato de cinco anos. O gabinete nomeado pelo presidente é composto de 17 ministérios, na qual os ministros auxiliam o presidente e seu vice na administração do país. O chefe de estado e de governo é o atual presidente, Mokgweetsi Masisi.
O poder legislativo é bicameral, exercido pela Assembleia dos Chefes, composta de 15 membros (chefes tribais, subchefes e membros associados), que assessora o governo, e pela Assembleia Nacional, composta de 63 membros, eleitos por voto popular direto para um mandato de cinco anos.
O poder judiciário é independente do executivo e do legislativo, sendo exercido pelas seguintes instâncias: Corte Alta, Corte de Apelação e Cortes dos Magistrados (uma em cada distrito). Constitui-se por um sistema judicial típico do direito anglo-saxão. O Tribunal Superior é um tribunal com jurisdição original ilimitada para o julgamento de casos criminais, civis ou constitucionais ao abrigo de qualquer lei. O Chefe do Tribunal Superior é o Chefe de Justiça. [64] Os juízes são nomeados pelo Presidente do Botswana sob recomendação da Comissão de Serviços Judiciais.
Os partidos políticos são o Movimento da Aliança do Botswana (BAM), o Partido do Congresso do Botswana (BCP), o Partido Democrático do Botswana (BDP), o Frente Nacional do Botswana (BNF), o Partido Popular do Botswana (BPP), o Movimento do Botswana e a Frente Neodemocrática (NDF).
Relações internacionais e forças armadas
Na época da independência, Botswana não tinha forças armadas. Foi só depois que militares rodesianos e sul-africanos atacarem o Exército Revolucionário do Povo do Zimbabwe e Umkhonto we Sizwe, que as bases da Força de Defesa do Botswana (BDF) foram formadas em 1977. O presidente é o comandante-em-chefe das forças armadas e nomeia um conselho de defesa. As forças do país possuem aproximadamente 12 mil membros.
Após mudanças políticas na África do Sul e na região, as missões da BDF têm cada vez mais centrada na prevenção da caça furtiva, na preparação para catástrofes e de manutenção da paz estrangeira. Os Estados Unidos tem sido o maior contribuinte estrangeiro para o desenvolvimento das forças de Botswana e um grande segmento de seu corpo de oficiais receberam treinamento dos norte-americanos. Considera-se uma instituição apolítica e profissional. O governo local deu aos Estados Unidos permissão para explorar a possibilidade de estabelecer uma base do AFRICOM no país.
Direitos humanos
O Centro de Direitos Humanos de Botswana, Ditshwanelo, foi estabelecido em 1993. A pena capital no Botswana inclui a pena de morte por enforcamento, sendo um dos 36 países no mundo onde este processo é legalmente permitido e está em prática.
Em relação às minorias étnicas, muitos da etnia sãs (também chamados de bosquímanos) foram realocados à força de suas terras para reservas, entre 2013 e 2014. Para fazer com que eles se mudassem, eles não tiveram acesso à água em suas terras e foram presos se caçassem, que era sua principal fonte de alimento. Suas terras ficam no meio do campo de diamantes mais rico do mundo . Oficialmente, o governo nega que haja qualquer ligação com a mineração e afirma que a realocação é para preservar a vida selvagem e o ecossistema, embora o povo sã tenha vivido de forma sustentável na terra por milênios.
Até junho de 2019, os atos homossexuais, bem como quaisquer práticas relacionas à homossexualidade, eram ilegais no Botswana. Uma decisão do Tribunal Superior do Botswana, datada de 11 de junho daquele ano, anulou as disposições do Código Penal que puniam a homossexualidade com sanções penais. No Código Penal do país, o ato era punido utilizando-se da previsão legal sobre "conhecimento carnal de qualquer pessoa contra a ordem da natureza" e "atos de indecência grosseira". Isto tornou o Botswana um dos vinte e dois países africanos a ter descriminalizado ou legalizado atos homossexuais.
Subdivisões
O Botswana divide-se em 9 distritos:
Economia
Desde sua independência, a economia de Botswana tem mantido uma das mais altas taxas de crescimento do mundo: entre 1966 e 1999, por exemplo, o país cresceu em média 9% ao ano. Apesar de um ligeiro decréscimo nos últimos anos, ainda assim seu crescimento entre 2006 e 2007 foi de 4,7%, transformando-se em uma economia de nível intermediário, superior em renda per capita a muitos outros países em desenvolvimento. A sua dívida externa é pequena, US$ 513 milhões em 2007.
A história de crescimento econômico de Botswana em relação aos seus vizinhos africanos teve seu início quando o governo decidiu usar o rendimento gerado pela exploração de diamantes para abastecer o desenvolvimento econômico com as políticas fiscais prudentes e uma política estrangeira cautelosa. O país atualmente é o maior produtor de diamantes do mundo.
Debswana é a única companhia de mineração de diamante que opera em Botswana e 50% de suas ações estão nas mãos do Estado e corresponde a metade de todo o rendimento do Estado.
Embora Botswana tenha crescido em um ritmo altíssimo por décadas e ainda cresça, mas com menos intensidade, o seu povo é duramente castigado pela AIDS, aproximadamente um em três habitantes de Botswana tem o HIV, fato que coloca a expectativa de vida do país na pior posição no ranking mundial. O governo reconhece que a AIDS afeta negativamente a economia e está tentando combater a epidemia de todas as formas possíveis.
Botswana tem despesas militares elevadas (de aproximadamente 4% do PIB em 2004). Alguns críticos internacionais consideram estes gastos desnecessários dada a probabilidade baixa de conflito internacional ou mesmo nacional; entretanto, o governo de Botswana emprega suas tropas em operações multilaterais de auxílio.
Infraestrutura
Saúde
O Ministério da Saúde do Botswana é o órgão responsável pela administração, supervisão da qualidade e distribuição dos cuidados de saúde em todo o país. O sistema de saúde de Botsuana vem melhorando e expandindo constantemente sua infraestrutura para se tornar mais acessível. A posição do país como um país de renda média alta permitiu que eles avançassem no acesso universal à saúde para grande parte da população. A maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Botsuana agora vive a menos de cinco quilômetros de uma unidade de saúde. Como resultado, as taxas de mortalidade infantil e materna estão em declínio constante. A melhoria da infraestrutura de saúde do país também se refletiu em um aumento da expectativa média de vida desde o nascimento, com quase todos os nascimentos ocorrendo em unidades de saúde.
A esperança de vida era de 65,6 anos em 2022, com os homens vivendo, em média, 63,6 anos, enquanto a expectativa de vida para as mulheres era de 67,7 anos de idade. Em 2022, a taxa de mortalidade infantil foi de 25,18 mortes por nascidos vivos e a taxa de natalidade registrada ficou em 20,28 nascimentos a cada pessoas. O governo do país investe 6,1% de seu PIB na área da saúde, muito embora a densidade de médicos seja baixa: apenas 0,53 para cada 1 000 habitantes. Em 2013, o número de leito para cada 1 000 habitantes também era baixo (1,8). A taxa de prevalência da obesidade é de 18,9% da população adulta (dados de 2016), além de que 19,4% da população consome tabaco.
O acesso aos cuidados de saúde não aliviou todas as preocupações de saúde do país porque, como muitos países da África Subsaariana, Botsuana ainda está lutando contra altas taxas de HIV/AIDS e outras doenças infecciosas. Em 2020, cerca de 19,9% da população estava infectada com HIV/AIDS.
Transportes
O Botsuana tem 971 quilômetros de linhas ferroviárias, quilômetros de estradas rodoviárias e 92 aeroportos, dos quais 12 têm pistas pavimentadas. A rede de estradas pavimentadas projetadas foi quase totalmente construída desde a independência em 1966. A companhia aérea nacional é a Air Botswana, que voa internamente e para outros países da África. A Botswana Railways é a companhia ferroviária nacional que constitui um elo crucial nos sistemas ferroviários regionais da África Austral, oferecendo logística de transporte ferroviário para transportar uma variedade de mercadorias para o setor de mineração e indústrias primárias, serviços de trens de passageiros e portos secos.
Energia
Em termos de infraestrutura de energia no Botsuana, o país produz carvão para eletricidade e o petróleo é importado para o país. Recentemente, o país se interessou muito por fontes de energia renovável e concluiu uma estratégia abrangente que atrairá investidores das indústrias de energia renovável eólica, solar e de biomassa. As centrais elétricas de Botsuana incluem a Usina Morupule B (600 MW), a Usina Morupule A (132 MW), a Usina Orapa (90 MW), a Usina Phakalane (1,3 MW) e a Usina Mmamabula (300 MW). Uma usina solar de 200 MW está em fase de planejamento e projetada pelo Ministério de Recursos Minerais, Tecnologia Verde e Segurança Energética.
Cultura
Além de ser usado para se referir à segunda língua mais falada pelos habitantes, o setswana é o termo utilizado para descrever a cultura do Botswana.
Feriados
Ver também
África
Lista de países
Missões diplomáticas do Botswana
Ligações externas
Divisão da África II - Itamaraty Divisão do Ministério das Relações Exteriores do Brasil responsável pelas relações bilaterais com Botswana |
Nauru (; em nauruano: Naoero), oficialmente República de Nauru (em inglês: Republic of Nauru; em nauruano: Ripubrikit Naoero) e antes conhecido por Pleasant Island (em português: Ilha Aprazível), é um país insular do hemisfério sul, localizado na Oceania, que compreende uma área de 21 quilômetros quadrados, o que faz dele o menor país insular do mundo. A ilha mais próxima ao país é a Ilha Banaba, no Quiribáti, 300 quilômetros a leste.
Povoado por pessoas da Micronésia e da Polinésia a cerca de 1000 a.C., foi anexada e reivindicada como colônia pelo Império Alemão no final do século XIX. Após a Primeira Guerra Mundial, Nauru se tornou um Mandato da Liga das Nações administrado pela Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi ocupada pelas tropas japonesas e foi contornada pelo avanço dos Aliados no Pacífico. Após o fim da guerra, o país passou a ser tutelado pelas Nações Unidas. Nauru ganhou sua independência em 1968 e tornou-se membro da Comunidade do Pacífico (SPC) em 1969.
Nauru é uma ilha rica em rocha fosfática, e a sua atividade econômica primária desde 1907 foi a exportação de fosfato da ilha. Com o esgotamento das reservas de fosfato, seu ambiente severamente degradado pela mineração, e a confiança estabelecida para administrar a riqueza da ilha significativamente posta em causa, o governo de Nauru ordenou medidas excepcionais para obter rendimento. Desde 2001, aceitou o apoio do governo australiano, em troca do qual a ilha acolhe um centro de detenção para pessoas que procuram asilo na Austrália, que é parte da sua "Solução Pacífica". Como resultado da forte dependência da Austrália, algumas fontes identificaram Nauru como um estado cliente da Austrália. O Estado soberano é membro das Nações Unidas, Fórum das Ilhas do Pacífico, Commonwealth e Grupo de Estados da África, Caribe e Pacífico.
Etimologia
A etimologia do nome "Nauru" é incerta. O alemão Paul Hambruch que visitou a ilha no início do indica que Naoero pode ser interpretado como uma contração da frase a-nuau-a-a-ororo, que significa "eu vou à praia".
História
Primeiros habitantes
As origens do povo nauruano permanecem obscuras, dada a falta de registros históricos escritos e concisos, o que acontece com muitos dos povos que vivem no Pacífico. Nauru foi inicialmente habitada por Micronésios e Polinésios há pelo menos 3 mil anos. Havia tradicionalmente doze tribos, que são representadas pela estrela de 12 pontas na bandeira da nação.
Colonização
O primeiro contato de um europeu com a ilha de Nauru foi em 1798 pelo navegador inglês capitão John Fearn, que apelidou o local como "Ilha Agradável".
Nauru foi anexada e designada uma "colônia" pela Alemanha em 1888 até o final do . Em 1900 é descoberto fosfato na ilha e a extração começa em 1906 por uma empresa anglo-alemã e foi governada pela Austrália durante a Primeira Guerra Mundial e em 1920 tornou-se um mandato da Liga das Nações administrado pela Austrália, com a Nova Zelândia e o Reino Unido na qualidade de coadministradores. A ilha foi ocupada pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, e depois da guerra estabeleceu a tutela novamente, passando a ser um protetorado das Nações Unidas, em 1947.
Pós-independência
Nauru obteve sua independência em 1968, sendo membro da Commonwealth desde então e tendo ingressado nas Nações Unidas em 1999. Em 1970, o país passou a controlar a indústria de extração de fosfato. Em 1993, Austrália e Reino Unido aceitaram fornecer compensação pelos danos ambientais causados pela extração do recurso.
Em 2000, esgotaram-se as reservas de fosfato. A ilha passou então a depender economicamente da Austrália concordando, em 2001, em receber asilados políticos recusados pela mesma. Os bancos offshore de Nauru foram fechados depois dos Estados Unidos alegarem lavagem de dinheiro.
Em 2004 foi declarado o estado de emergência depois de o parlamento não ter pago o déficit.
Geografia e clima
Nauru é uma pequena ilha de fosfato rodeada de um arrecife que fica exposto com a maré baixa ao oeste do oceano Pacífico, ao sul das Ilhas Marshall. A maior parte da população vive em um estreito cinturão costeiro. Uma planície central cobre aproximadamente 45% do território e se até eleva 65 metros sobre o nível do mar num lugar denominado Janor. Possui uma pequena laguna ao sudoeste da ilha, chamada Laguna Buada.
A extração intensiva de fosfato por parte de empresas britânicas tem afetado muito o ecossistema de Nauru, deixando os 90% da parte central da ilha com uma planície não cultivável, além de limitar os recursos atuais do país.
Nauru era uma das três grandes ilhas de fosfato no Oceano Pacífico (as demais são Banaba, em Quiribáti e Malatea, na Polinésia Francesa); porém, as reservas de fosfato estão quase esgotadas depois de devastar os 80% da ilha, deixando um terreno estéril de pináculos de caliza de até 15 metros de altitude. A mineração também teve um impacto sobre a vida marinha, que veio a reduzir em até 40% as espécies.
Devido a sua proximidade com a linha do Equador, o clima de Nauru é equatorial, com constantes chuvas e monções entre os meses de novembro e fevereiro. A disponibilidade de água doce é limitada. Assim, as populações dependem do uso de tanques para recoletar a água e da provisão de uma dessalinizadora.
Fauna e flora
Há apenas sessenta espécies registradas de traqueófitas na ilha, nenhuma das quais endêmica. A atividade humana teve repercussões sérias sobre a vida local. Não há mamíferos autóctones da ilha, mas há pássaros, além de insetos e moluscos. Espécies como ratos-do-pacífico foram introduzidas recentemente na ilha, bem como gatos, cachorros, porcos e galinhas.
A vegetação tropical é frequente sobre o litoral e ao redor da Laguna Buada, mas relativamente ausente no centro da ilha por causa da exploração mineira.
Existem algumas espécies endêmicas em Nauru cuja sobrevivência está comprometida pela destruição de seu habitat natural por parte da exploração mineira, a contaminação e a introdução de espécies invasoras (cachorros, gatos, galinhas, ratos da Polinésia, etc.).
O ambiente marinho (em particular o cinturão de coral que cerca a ilha) foi degradado pelos exploradores unidos à exploração de fosfato e a urbanização.
Demografia
Nauru tem uma população de 13 048 habitantes, segundo o censo de 2005, dos quais 58% são de nativos nauruanos, 28% de outras ilhas do oceano Pacífico, 8% são chineses e 8% são europeus. O idioma oficial é o nauruano. O inglês também é falado e é a língua do comércio e da administração pública. A religião maioritária é o cristianismo, que se divide em protestantes (66%) e católicos (34%).
O crescimento anual da população é estimado em 2,7%. Para o ano de 2015, é estimado que a população alcance os 17 000 habitantes, com um crescimento anual levemente menor, de uns 2,2%. A mortalidade infantil alcança 25 por cada mil crianças, e é elevada a 30 por cada mil crianças de cinco anos. A quantidade de médicos é de 1346 para cada 1000 pessoas (2015).
A taxa de alfabetização alcança 95%, sendo de 93% entre os homens e 96% entre as mulheres. A taxa de inscrição escolar primária alcança 98%, em que 99% para os homens e 97% para as mulheres (2000).
Em 2008 um estudo concluiu que Nauru apresenta o maior IMC médio do mundo: 33,9 entre os homens e os 35 entre as mulheres. Já em 1980 era nesta ilha que se verificavam os maiores níveis de obesidade (28,1 nos homens e 28,3 nas mulheres).
Política
O Parlamento de dezoito membros é eleito de três em três anos e elege um presidente dentre os seus membros e este, por sua vez, nomeia um gabinete de 5-6 membros. O Presidente é o chefe de estado e de governo. Não há um sistema de partidos políticos organizado, mas existe um “Democratic Party” e o “Nauru Party”.
A 1 de Junho de 2005 Nauru cortou relações diplomáticas com a República Popular da China e restabeleceu laços com Taiwan.
O país está ainda envolvido num processo judicial que a Austrália levantou contra os Estados Unidos relativo a um acordo secreto. Nauru afirma que agentes representando o governo dos Estados Unidos ofereceram bilhões de dólares para a recuperação económica da ilha, em troca de nova legislação limitando a lavagem de dinheiro e a evasão fiscal, além de propor o estabelecimento de uma embaixada nauruana "fantoche" na China, que funcionaria sob controlo dos Estados Unidos para albergar cientistas e dirigentes da Coreia do Norte que quisessem fugir daquele país, entre os quais Kyong Won-ha, o cientista supostamente responsável pelo programa nuclear de Pyongyang, numa iniciativa conhecida como "Operation Weasel". Quando se descobriu que Nauru estava realmente a rever a sua legislação e tinha encetado os preliminares para o estabelecimento da embaixada (que atraiu suspeitas na China, visto que o seu pessoal era inteiramente ocidental), os Estados Unidos responderam que os agentes que tinham feito a proposta não tinham a respectiva autoridade e negaram a Nauru a prometida ajuda. O caso não está ainda encerrado e os julgamentos preliminares favoreceram Nauru.
Defesa
Nauru apenas tem uma força policial, não tendo forças armadas, estando a sua defesa a cargo da Austrália, apesar de ter 2 542 homens disponíveis para o serviço militar e um número de possíveis candidatos que aumenta todos os anos.
Subdivisões
Nauru está dividida, administrativamente, em 14 distritos:
Aiwo
Anabar
Anetan
Anibare
Baiti
Boe
Buada
Denigomodu
Ewa
Ijuw
Meneng
Nibok
Uaboe
Iarém
Infraestrutura
Transporte
Uma pequena rede de estradas percorre o perímetro da ilha. A maior estrada tem quarenta e um quilômetros, percorre a faixa litorânea. Para se locomover pelos distritos da ilha estão disponíveis dois táxis. As placas dos automóveis nauruanos são amarelas com uma letra e três números, ambos em cor azul.
Está presente na ilha um aeroporto, Nauru International Airport, dotado de uma longa pista. A única empresa aérea disponível é a Our Airline, com voos que partem apenas às quintas-feiras e sextas-feiras, com destinos a Honiara (Ilhas Salomão) e Brisbane (Austrália).
Economia
Os recursos naturais são peixes e fosfato, a principal riqueza de Nauru, desde o tempo da colonização, mas as reservas estão praticamente esgotadas, além dos mercados tradicionais deste produto estarem também em baixa. No entanto, as exportações daquele produto deram aos nauruanos, durante algum tempo, um dos mais altos rendimentos per capita do Terceiro Mundo.
Nos anos 1990, Nauru introduziu o sistema de paraíso fiscal e rapidamente se tornou um dos destinos favoritos para dinheiro sujo da máfia russa, chegando a conseguir um “capital” de cerca de 70 bilhões de dólares, segundo uma estimativa do Banco Central da Federação Russa. Isto levou a OCDE a identificar Nauru como um dos 15 paraísos fiscais que não cooperavam na luta contra a lavagem de dinheiro. Com a legislação internacional reforçada contra estas operações, também esta fonte de renda está com os dias contados.
Outra fonte de renda eram os aluguéis cobrados na Nauru House, uma das mais altas edificações em Melbourne, a qual foi construída com os ganhos obtidos através da venda dos fosfatos. Desafortunadamente, as manipulações ruins e a corrupção nos anos 1990 levaram à ruína. As grandes rendas obtidas pela extração de fosfato se desperdiçaram. Em novembro de 2004, num esforço de pagar aos credores de Nauru, foram vendidos os ativos que a nação possuía em Melbourne, incluindo Nauru House.
Nauru atualmente está implicado num caso australiano contra os Estados Unidos em um acordo malsucedido. Se alega que os representantes dos Estados Unidos ofereceram bilhões de dólares para a recuperação econômica da ilha. Na mudança, Nauru promulgou uma legislação que limita a efetividade de lavagem de dinheiro ultramarino e a fuga fiscal. Simultaneamente, estabeleceram uma embaixada nauruana na China (trabalhando na realidade no controle dos Estados Unidos), enquanto ajudando à deserção de cientistas norte-coreanos e funcionários pela fronteira. Supostamente partiu de lá Kyong Won-ha, o cientista considerado responsável pela maioria do programa nuclear de Pyongyang. Esta iniciativa foi chamada "Operation Weasel".
Cultura
A cultura de Nauru conserva algumas das tradições das tribos originárias da ilha, mas é latente a introdução de influência ocidental.
Os nauruanos descendem dos polinésios e micronésios, que acreditavam na deusa Eijebong e no espírito da terra chamado Buitani. Duas das doze tribos originais extinguiram-se no : na atualidade, 26 de outubro é celebrado como o dia de Angam, que celebra a recuperação da população de Nauru depois das guerras mundiais que reduziram a população indígena a menos de 1500 habitantes.
Não há notícias diárias, mas há bastante publicações e boletins a cada quinze dias. Há uma estação de televisão chamada Nauru Television (NTV), que retransmite a programação da Nova Zelândia, e uma estação estatal de rádio. Nauru emite programação de rádio para a Austrália e para BBC Radiate. Ambos são de propriedade estatal.
O esporte mais popular é o futebol australiano. Há uma liga nacional com sete equipes e todas as partidas são jogadas no único estádio da ilha, o Linkbelt Oval. Outros esportes populares são o softbol, o cricket, o golfe, a vela, o tênis e o futebol.
Feriados
Desporto
Ver também
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Oceania
Missões diplomáticas de Nauru
Oceania
Ligações externas |
A ilha Tromelin, por vezes também chamada Île de Sable, é uma pequena ilha francesa no Oceano Índico, localizada a 15º 52' S e 54º 25' E, cerca de 700 km a norte da Reunião, e desabitada. O seu vizinho mais próximo é Madagáscar, a oeste, seguindo-se-lhe as ilhas Cargados Carajos, dependentes da Maurícia, a leste. A ilha faz parte do grupo insular designado por Mascarenhas e está localizada na bacia oceânica das Mascarenhas. A França e a Maurícia têm mantido negociações sobre um possível condomínio em Tromelin. Em 2010, os dois países chegaram a um acordo sobre a gestão conjunta da ilha, sem prejuízo sobre a reivindicação territorial da Maurícia sobre este território insular.
História
Conhecida desde o século XVI, Tromelin nunca teve ocupação efetiva. A 31 de julho de 1761 naufragou na ilha o navio negreiro Utile, carregado de escravos provenientes de Madagáscar a caminho da ilha Maurícia. Parte da tripulação salvou-se e abandonou a ilha numa embarcação construída com os salvados do navio. Transportou apenas os brancos que se salvaram. Os 60 escravos sobreviventes ficaram abandonados na ilha, de onde apenas 15 anos depois, a 29 de novembro de 1776, foram recuperados os 8 sobreviventes. O navio que os recuperou era a corveta Dauphine, do comandante Jacques Marie Boudin de Tromelin de La Nuguy, em honra de quem a ilha foi rebaptizada (antes era simplesmente conhecida por ilha Sable, isto é "Areia").
A ilha foi incorporada a partir de 1814 na possessão francesa da ilha Reunião. De 1960 a 2004 foi administrada pelo prefeito da Reunião (embora sob a tutela do Ministro do Ultramar de França).
A partir de 3 de Janeiro de 2005, a ilha Tromelin, considerada como domínio privado do Estado francês, é administrada, em nome da República Francesa, pelo administrador das Terras Austrais e Antárticas Francesas (TAAF - Terres Australes et Antarctiques Françaises) com sede em Saint Pierre, na Reunião.
Administrativamente a ilha está integrada nas chamadas "Îles Éparses" (Ilhas Esparsas) em conjunto com as ilhas sob administração francesa do Canal de Moçambique (Bassas da Índia, Europa, as Gloriosas e João da Nova).
A sua pequena dimensão (aproximadamente 1,0 km², com um perímetro de praias que se alonga por apenas 3,7 km em torno da ilha) e o solo arenoso nunca permitiram uma efetiva ocupação humana. A altitude máxima é de 7 m acima do nível do mar.
Em 1954 foi construída uma pista de aterragem, não pavimentada, com 1050 m de comprido por 35 m de largura, e instalado equipamento de apoio (farol e radiobaliza).
A ilha é apenas visitada esporadicamente, nela residindo apenas o pessoal técnico de apoio à importante estação meteorológica ali instalada. O seu território é reserva natural, constituindo um santuário para reprodução de aves e tartarugas-verdes. A ilha está considerada como Área Importante para a Preservação de Aves pela BirdLife International.
A França reclama um mar territorial de 12 e uma zona económica exclusiva de 200 milhas náuticas en torno da ilha.
A soberania francesa sobre o território é disputada pela República da Maurícia que considera Tromelin como parte do seu território.
Ligações externas
Informação sobre os territórios ultramarinos franceses (em francês).
O naufrágio da Utile e os escravos esquecidos de Tromelin (em francês).
Imagens e informação sobre Tromelin (em francês).
Tromelin, la isla de los malgaches resilientes (em castehano)
Ilhas das Terras Austrais e Antárticas Francesas
Ilhas do Índico
Ilhas disputadas
Territórios disputados pela França
Territórios disputados pela Maurícia
Relações entre França e Maurícia
Ilhas desabitadas da Maurícia
Ilhas desabitadas das Terras Austrais e Antárticas Francesas
Áreas Importantes para a Preservação de Aves das Terras Austrais e Antárticas Francesas |
Trindade e Tobago (; ), Trinidade e Tobago ou Trinidad e Tobago (apenas em português brasileiro) (em inglês: Trinidad and Tobago, ), oficialmente República de Trindade e Tobago (em inglês: Republic of Trinidad and Tobago), é um Estado soberano insular das Caraíbas (Caribe em português brasileiro) situado ao largo da costa nordeste da Venezuela e a sul de Granada, nas Pequenas Antilhas. Faz fronteira marítima com os Barbados a nordeste, com Granada a noroeste, e com a Venezuela a sul e a oeste. Situa-se na confluência do mar das Caraíbas com o oceano Atlântico.
O país tem uma área de e consiste nas ilhas de Trindade (ou Trinidad), Tobago e numerosos ilhéus. A ilha da Trindade é a maior e mais povoada, representando 94% da área do total e 96% do total de habitantes.
As duas ilhas são de clima tropical e terreno montanhoso. A sua localização permite-lhe evitar a chamada "cintura de Furacões", região propensa à ocorrência do fenómeno nas Caraíbas. A principal cidade da ilha de Trindade é a capital do país, Porto da Espanha (ou Port of Spain) enquanto que a cidade principal da ilha de Tobago é Scarborough. Com mais de um milhão de habitantes, Trindade e Tobago é o país com a segunda maior população de língua inglesa na região, depois da Jamaica.
A ilha de Trindad foi colônia espanhola desde a chegada de Cristóvão Colombo em 1498 até 1797. Ao longo do século XVI, a Espanha demonstrava pouco interesse por essa região uma vez que, sua prioridade nesse momento era a extração de minerais preciosos como ouro e a prata. Até o século XVIII a economia de Trindade foi marcada pelo cultivo de tabaco, cacau, e mão de obra indígena. A ilha experimentou algumas tentativas ineficazes de implementação de plantações de tabaco e cacau nos séculos XVII E XVIII, que embora abriram certa procura pelo tráfico de africanos escravizados não obteve sucesso no período de domínio espanhol.
A configuração de Trindade começa a mudar com a "Cedula de Poblacion" decretada em 1780 pelo rei espanhol. Nesse momento é aberta a imigração para as nações amigas, que é marcada pela intensa chegada de fazendeiros franceses juntamente com escravizados de suas antigas fazendas. É importante destacar, que essa imigração foi fomentada pela Revolução Francesa (1789) e pela revolução do Haiti (1791). Isso explica a existência de uma poderosa classe de proprietários rurais francófonos numa ilha que nunca pertenceu à França.
Por conta da sua localização, Trindade despertava o interesse Inglês, dada sua proximidade com as demais colônias espanholas com a qual o império mantinha comércio. Em fevereiro de 1797 o império inglês apodera-se de Trindade.
No que se refere a composição demográfica da ilha no período sequente ao domínio britânico, pode-se dizer que a população da colônia é composta majoritariamente por pessoas escravizadas. O censo de 1803 (Hollis Chalkdust) aponta que em poucos anos a colônia recebeu um número acentuado de africanos escravizados e a predominância francesa se dava tanto entre brancos quanto entre “pessoas livres de cor” - essa configuração população terá implicações na Revolta do Canboulay. No início do século XIX o número de pessoas “livres de cor” é maior que o número de brancos e a predominância francesa se dava tanto entre brancos quanto entre “pessoas livres de cor”.
Na primeira metade do século XIX, Trindade e Tobago esteve mergulhada nos debates que tinham como ponto central a abolição do trafico de africanos e do sistema escravista.
A abolição definitiva da escravidão em Trindade foi em 1838. Nesse período que segue a pós-emancipação se fortalecem os debates sobre trabalho livre e cidadania. Dessa maneira, a chegada de milhares de imigrantes em busca de melhores condições de vida e oportunidade de trabalho vindos das demais ilhas caribenhas seguiam das diversas políticas de incentivo da administração colonial. No pós-abolição intensas transformações sociais eclodirão em Trindade e alcançaram principalmente a população negra no que concerne ao enfrentamento desses com as autoridades coloniais.
Trindade, e também Tobago, foram cedidas ao Reino Unido em 1802 de acordo com o tratado de Amiens. O país obteve a sua independência em 1962, tornando-se posteriormente uma república em 1976. Ao contrário do que acontece com a maioria dos países anglófonos das Caraíbas, a economia trinitária é principalmente industrial, com ênfase nas indústrias petrolífera e petroquímica. Atualmente, o território atrai investimentos externos e apresenta uma economia florescente, almejando tornar-se um "Tigre do Caribe", a exemplo dos chamados Tigres Asiáticos.
A sua capital, Porto da Espanha (ou Port of Spain em inglês), é a favorita para sediar o secretariado-geral da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA).
Trindade e Tobago é conhecido pelo seu Carnaval e por ser o país de origem do tambor de aço, dos estilos musicais calipso, soca, chutney e da dança do limbo.
História
Em 1498, Cristóvão Colombo chega a Trindade e Tobago.
Depois ocupada pelos holandeses, logo é tomada pelos espanhóis em 1632.
Em 1802, os ingleses conquistam as ilhas, mas 12 anos depois, em 1814 é cedida ao Reino Unido. As ilhas de Tobago passam a constituir uma colônia apenas em 1888.
O jornalista e escritor português Ferreira Fernandes afirma no seu livro Madeirenses Errantes que alguns madeirenses protestantes, radicados em Trindade e Tobago após a sua expulsão de Portugal por motivos religiosos, se encontram entre os principais responsáveis pela revolução que se deu neste país.
Em 1962 o país tornou-se oficialmente independente.
Política
O nome oficial é República de Trindade e Tobago, cuja capital é Porto da Espanha (Port of Spain em inglês), localizada a noroeste de Trindade. Scarborough é a capital de Tobago.
Trindade e Tobago tornou-se independente da Grã-Bretanha em 2 de agosto de 1962. Tornou-se uma república parlamentarista e multipartidarista em 1976.
O território é dividido administrativamente em 7 condados, 5 municipalidades (com governo próprio) e um distrito semiautônomo (Ilha de Tobago).
O chefe de estado é o presidente da república, eleito por um colégio eleitoral.
Paula-Mae Weeks é a sexta presidente de Trindade e Tobago e está no cargo desde 2018.
O Poder Legislativo está institucionalizado por um congresso bicameral, composto pela Câmara dos Representantes, com 36 membros eleitos por voto direto, e o Senado, com 31 membros indicados pelo presidente. Ambos com mandato de 5 anos.
O sistema judicial do país é estruturado à semelhança do britânico, com cortes distritais e uma Suprema Corte, que engloba a Corte Superior de Justiça e a Corte de Apelação. O presidente da Suprema Corte é indicado pelo presidente, por sugestão do primeiro-ministro e do líder da oposição, e outros juízes são indicados pelo presidente por sugestão da Comissão de Justiça. O tribunal de recursos de última instância é o Privy Council, em Londres.
Subdivisões
Trindade e Tobago está dividido política e administrativamente em 14 corporações municipais (municipalidades) em Trindade, e uma Assembleia Legislativa regional em Tobago.
Geografia
Trindade e Tobago é um país da América Central, embora as ilhas sejam uma extensão geológica da América do Sul. É constituído de duas ilhas incluídas entre as chamadas "Pequenas Antilhas". Localizadas no mar do Caribe, em frente à costa leste da Venezuela, Trindade, a maior das ilhas, possui 4828 km² enquanto Tobago conta com 330 km². A capital do país situa-se em Trindade, e é Porto da Espanha (Port of Spain). O relevo de Trindade é caracterizado por três cadeias de montanhas baixas que se estendem de leste a oeste ao redor do território em cujo centro existe uma planície onde se desenvolve a cultura da cana-de-açúcar. Partes da costa leste e oeste apresentam formação de terrenos pantanosos. O ponto culminante é o monte del Aripo, com 940 m de altitude integrando a cadeia de montanhas do noroeste. Ao norte do país, as montanhas são cobertas por florestas.
Tobago, cuja capital é Scarborough, possui maravilhosas praias com brancas areias e barrancos de coral ao redor da ilha cujo centro é montanhoso enquanto no sul e na costa oeste localizam-se as planícies. O clima é tropical com temperaturas elevadas durante todo o ano variando entre 25 °C e 38 °C. Existem duas estações bem definidas: uma seca, de janeiro a maio, e uma chuvosa, de junho a dezembro. Felizmente, as ilhas estão fora da rota dos furacões que, não raro, assolam vastas áreas da faixa equatorial do oceano Atlântico.
Trindade
Posição: Latitude 10 1/2°N, longitude 61 1/2° W.
Área física: Retangular na forma, medidas 37 milhas (60 quilômetros) por 50 milhas (80 quilômetros).
Área total: 1 864 milhas quadradas (4 828 km²).
Cidades principais: Porto da Espanha (importante), San Fernando, Arima, ponto Fortin, Chaguanas.
Tobago
Posição: Latitude 11°N, longitude 60°W.
Área física: Peixe-dado forma, medidas 26 milhas (42 quilômetros) por 7 milhas (10 quilômetros).
Área total: 116 milhas quadradas (300 km²).
Cidades principais: Scarborough, Roxborough, Charlotteville.
Economia
Trindade e Tobago conquistou a reputação de ser um local de excelente investimento para as empresas internacionais. Um setor de ponta tem sido, nos últimos quatro anos, o do gás natural. O turismo é um setor em franco crescimento, embora não seja tão importante, proporcionalmente, como em muitas outras ilhas caribenhas. A economia se beneficia de uma baixa taxa de inflação e de superávits comerciais. O ano de 2002 foi marcado por um crescimento sólido no sector do petróleo, parcialmente ofuscado por incertezas políticas domésticas.
Há grandes reservas de petróleo e gás natural, e uma indústria pesada bem desenvolvida - ferro e aço, metanol e fertilizantes, além de do petróleo e seus derivados.
As ligações de transporte pelo ar, do mar e da terra são excelentes, e as ligações das telecomunicações com as Américas e a Europa são modernas.
Durante a década de 1970, os preços de óleo elevados do mundo criaram uma expansão rápida da economia local, com o produto interno bruto real crescendo 72,5% entre 1970 e 1977. Estes foram os anos do crescimento em Trindade e Tobago e muito da infraestrutura do país foi desenvolvida durante este período. Entretanto, a redução nos preços de óleo, juntamente com os índices elevados de gastos públicos levaram a um período prolongado de retração econômica, que começaram em 1988 e terminaram finalmente em 1993.
Após um período do ajuste econômico radical sob o Fundo Monetário Internacional e a supervisão de Banco Mundial, a política econômica do governo é bem na linha dos princípios que prevalecem no mercado atual: liberalização de comércio, economia aberta, racionalização do setor público, promoção da empresa confidencial e do investimento estrangeiro, e desenvolvimento das exportações e do turismo.
Demografia
A população de Trindade e Tobago é constituída, principalmente, de etnias africanas e asiáticas, estas últimas consistindo principalmente de indianos e chineses.
As tradições populares mais importantes são o crioulo local e a cultura hindu ocidental. O crioulo mistura elementos africanos com espanhóis, franceses e ingleses. A cultura indiana chegou às ilhas com trabalhadores daquele país que foram recrutados para substituir a mão de obra escrava depois que foi extinto o regime escravista, em 1833 (processo semelhante ao que ocorreu em todo o Caribe). Ao longo das décadas, os orientais passaram a dominar o setor agrícola e muitos tornaram-se comerciantes e profissionais liberais. Os indianos, hinduístas, budistas e muçulmanos, preservaram muitos dos costumes de sua pátria-mãe incluindo práticas religiosas e festas. Na distribuição das nacionalidades, negros, mestiços e brancos perfazem cerca de 61% da população enquanto 31% são de origem asiática.
Línguas
O inglês é a língua oficial do país, mas alguns indo-trinitários falam hindi, que é amplamente usado na música popular. O idioma mais falado, o inglês de Trindade, é classificado como um dialeto do inglês ou um crioulo inglês (crioulo inglês de Trindade). A principal língua falada em Tobago é o crioulo inglês de Tobago. Ambas as línguas contêm elementos africanos; o inglês de Trindade também é influenciado pelo francês e hindi. Estas línguas crioulas são normalmente faladas apenas em situações informais, e não têm um sistema padronizado de escrita.
Embora o crioulo francês de Trindade e Tobago já tenha sido a língua falada mais difundida na ilha, hoje é raramente ouvida. Devido à localização de Trindade e Tobago na costa da América do Sul, o país vem lentamente a desenvolver uma relação com os povos hispanofalantes, e, portanto, o governo passou a exigir que o espanhol fosse ensinado em todas as escolas do ensino secundário, o que fez com que este idioma ganhasse terreno dia a dia. Os regulamentos do governo passaram a exigir que o espanhol fosse ensinado a todos os estudantes do ensino secundário, e que em um prazo de cinco anos (para 2010) 30% dos funcionários públicos fossem competentes nessa língua. O governo também anunciou que o espanhol, junto com o inglês, se tornaria a segunda língua oficial da nação em 2020, mas até o momento o idioma ainda não foi oficializado.
Cidades mais populosas
Cultura
A cultura de Trindade e Tobago é caracterizada por variadas expressões de identidade popular que refletem o encontro dos povos que formam o quadro de etnias da ilha. Este sincretismo aparece sobretudo nas manifestações religiosas, nos festejos populares e no ritmo nacional, o som do calipso onde predominam as bandas (os naipes) de metais. Nesse contexto, o Carnaval, que acontece antes da Quaresma, é a festa mais importante e esperada, quando milhares de pessoas usam fantasias e ocupam as ruas democraticamente. Em Tobago, Julho é o mês do Tobago Heritage Festival (Festival da Herança ou da Tradição), uma ampla mostra da memória histórica, do folclore, dos usos e costumes, incluindo as especialidades culinárias.
No cenário musical de Trindade e Tobago, destaca-se a cantora e rapper Nicki Minaj que conseguiu se tornar numa das principais estrelas da música pop internacional.
Alfred Hubert Mendes, descendente de portugueses presbiterianos expulsos da Ilha da Madeira no seguimento das perseguições a Robert Kalley, foi uma figura pioneira da literatura das Caraíbas.
Destaque também para Eric Eustace Williams (ou apenas Eric Wiliams), que foi primeiro-ministro do país, além de grande historiador que lecionou na Universidade de Howard, de Washington. Ganhou repercussão acadêmica mundial com seu livro "Capitalismo e escravidão" de 1964, e influenciou muito outros intelectuais pelo mundo, como o historiador brasileiro Fernando Novais.
Religião
As ilhas apresentam um exótico panorama religioso onde coexistem o cristianismo católico e o protestante, o hinduísmo e o islamismo além dos cultos de origem africana, como Xangô (similar ao Tchamba africano, Xambá e ao Xangô do Nordeste do Brasil) o Orixá, de origem iorubá. Esses cultos de origem africana assumem feições particulares ali, incorporando não somente símbolos cristãos, mas também elementos das crenças hindu e muçulmana. Mais recentemente, movimentos como o rastafári penetraram nas ilhas. Em Trindade, existe uma congregação Bobo-Ashanti.
Nos censos de 2000 e de acordo com os dados disponíveis pelo site CIA - The World Factbook a população de Trindade e Tobago divide-se ao nível religioso da seguinte forma: 57,6% da população é cristã (católicos - 26%, anglicanos - 7,8%, batistas - 7,2% e várias outras denominações cristãs - 16,6%), 22,5% da população segue o hinduísmo, os muçulmanos são 5,8%, outras religiões são seguidas por 10,8% da população, 1,9% não é religiosa e a religião de 1,4% dos habitantes de Trindade e Tobago é desconhecida.
Esportes
O críquete é o esporte mais popular do país, o país faz parte da Seleção de Críquete das Índias Ocidentais, o país foi uma das sedes da Copa do Mundo de críquete de 2007, o Queen's Park Oval é o maior e mais antigo estádio do país.
O futebol também é um esporte popular no país, a seleção se classificou para a Copa do Mundo FIFA de 2006.
Transporte
Aéreo
O Aeroporto de Tobago (código IATA: TAB), dista a 5 km de distância de Tobago, e recebe voos domésticos e de longo curso. Possui serviço de câmbio, táxi, estacionamento, locadoras de veículos e linha de ônibus para a cidade de Scarborough.
Há ainda o Aeroporto Internacional de Piarco, na ilha de Trindade, situado a 27 quilômetros da capital Porto da Espanha e o Aeroporto internacional Crown Point, distante 10 quilômetros de Scarborough.
Operam no país as empresas aéreas Copa Air, Panamá, Air Canada, American Airlines, LIAT, Surinam, entre outras.
Outras informações
O nome indígena de Trindade, usado pelos nativos desde o ano 1000 d.C., é ieri, ou "Terra do Beija-Flor". Entretanto, oficialmente, o pássaro-símbolo da nação é o flamingo;
A rapper e cantora Nicki Minaj nasceu e foi criada em Trindade, sendo hoje a artista Trinidadiana mais famosa do mundo;
O país conta com três jornais (The Guardian Trinidad, Trinidad News, NewsDay), cerca de dez estações de rádio, três canais de televisão e uma universidade;
A moeda corrente é o Dólar de Trindade e de Tobago (TT$);
Não há horário de verão em Trindade e Tobago;
O perfil étnico divide-se principalmente entre descendentes africanos (39,6%) e de hindus (40,3%). Ainda há mestiços (18,4%), europeus (0,6%), chineses (0,4%) e outras etnias (0,6%).
O escritor V.S. Naipaul, ganhador do Nobel de literatura em 2001, nasceu em Trindade em 1932; em seu romance "Uma casa para o Sr Biswas", baseado em sua infância na Ilha, podemos ter uma ideia do passado daquela região.
Ver também
Missões diplomáticas de Trindade e Tobago
Bibliografia
NEPOMUCENO, Eric Brasil. "Carnaval como direito: a Revolta Canboulay de 1881, em Port-of-Spain, Trinidad". Revista Eletrônica da ANPHLAC, ISSN 1679-1061, Nº. 20, p. 48-77, Jan/Jun., 2016.
Ligações externas
Antigos territórios do Império Britânico
Democracias liberais |
O Coro dos Meninos Cantores da Basileia, fundado em 1927 pela Igreja Evangélica Reformada, canta a capella ou com orquestra e interpreta música sacra, clássica e popular de diferentes períodos, do Renascimento aos dias de hoje. Com 45 meninos e 35 adultos, o grupo envolve-se diretamente com atividades religiosas, missas, concertos, viagens e emissões em rádio e televisão, além de apresentar óperas no Teatro de Basileia, Suíça.
O condutor do coro era Beat Raaflaub (1983-2007) e desde 2007 é Markus Teutschbein.
Ligações externas
Música da Suíça
Corais infantis
Basileia |
A ilha Bouvet () é uma ilha desabitada na extremidade sul do oceano Atlântico. Pertence à Noruega desde 1928.
É considerada como a mais isolada e desabitada ilha do mundo, estando localizada a mais de km a sudoeste do cabo da Boa Esperança e a cerca de km a norte da Antártida. Seu nome provém de Jean-Baptiste Charles Bouvet de Lozier, que a descobriu em 1 de janeiro de 1739. Tem uma área de 49 km², e uma altitude máxima de 780 metros. Cerca de 93% da ilha está coberta por glaciares. O seu centro é uma cratera de um vulcão inativo. A costa tem vários ilhéus rochosos e uma outra ilha pequena denominada Larsøya. O único local plano da ilha é Nyrøysa, criada após um deslizamento de rochas na década de 1950, e onde foi construída uma estação meteorológica automática.
As coordenadas registadas por Bouvet de Lozier eram imprecisas, pelo que a ilha não foi redescoberta senão em finais de 1808, quando o capitão de baleeiro James Lindsay lhe deu o seu próprio nome Lindsay. A primeira reclamação de soberania da ilha foi feita por Benjamin Morrell. Em 1825 George Norris, em nome da coroa britânica, chamou-lhe Liverpool Island. Também relatou que perto haveria uma suposta ilha de Thompson, mas esta veio a demonstrar-se ser uma ilha fantasma. A primeira expedição norueguesa à ilha foi em 1927, quando a Noruega reclamou a sua soberania e lhe deu o nome de Bouvet. Após uma disputa com o Reino Unido, a ilha foi declarada como dependência da Noruega em 1930. Foi convertida em reserva natural em 1971.
Ver também
.bv (domínio de topo da Ilha Bouvet)
Bibliografia
Ilhas da Noruega
Dependências da Noruega
Ilhas desabitadas da Noruega
Ilhas subantárticas
Região Antártica
Pontos extremos da Noruega
Vulcões da Noruega
Descobertas geográficas da França |
As Ilhas Pitcairn ou Ilhas Picárnia, (, ; em pitcairnês: Pitkern Ailen), oficialmente Ilhas Pitcairn, Henderson, Ducie e Oeno ou Grupo de Ilhas Pitcairn, são um território ultramarino britânico na Polinésia que tem como único vizinho a Polinésia Francesa, a oeste. É constituída pela ilha homônima, e pelas ilhas Ducie, Oeno e Henderson, sendo as últimas, desabitadas, por causa de sua inacessibilidade. A capital e única povoação é Adamstown, localizada na ilha Pitcairn que possui uma área de , localizada na parte centro-norte da ilha e considerada a menor capital do mundo.
Pitcairn é a jurisdição nacional menos populosa do mundo e seus habitantes são um grupo étnico biracial descendente, em sua grande maioria, dos amontinados do Motim do HMS Bounty e de suas consortes tahitianas, o que pode ser claramente percebido pelo sobrenome de muitos dos habitantes das ilhas. Em janeiro de 2020, haviam apenas 47 habitantes permanentes em Pitcairn.
História
As Ilhas Pitcairn foram, em tempos antigos, alcançadas e povoadas por polinesios, que se acredita ter atingido o arquipélago ao redor de 800 d.C. Essa população polinesia vivia na atual Ilha Pitcairn e na Ilha Henderson, com o resto do arquipélago desabitado. Tinham entre si, um comércio movimentado que incluia contatos e trocas com (a ilha mais distante de) Mangareva, onde encontravam recursos inexistentes nas Pitcairns.
Por volta de 1500, o comércio entre as três ilhas desapareceu, provavelmente devido a um desastre ambiental em Mangareva, que teria levado à extinção de várias espécies naturais de plantas e animais, e ao fim daquele comércio. Isso causou o isolamento de Pitcairn e Henderson, cujas populações então, desapareceram.
As ilhas de Henderson, Ducie e Pitcairn foram apenas descobertas para os europeus, por uma expedição espanhola sob o comando do navegador português Pedro Fernandes de Queirós e sua tripulação em 26 de janeiro de 1606.
Um século e meio depois, as ilhas foram redescobertas por marinheiros ingleses: Pitcairn em 1767, Ducie em 1791, Henderson em 1819 e Oeno em 1824.
As ilhas são conhecidas porque os amotinados do navio Bounty lá estabeleceram-se em 1790 , tornando-se seus primeiros e únicos habitantes em séculos.
O Bounty, inicialmente, era um barco de Sua Majestade Britânica, destinado a buscar fruta-pão no Taiti para as ilhas inglesas do Caribe. Sua tripulação no Taiti, estabeleceu relacionamentos com mulheres locais, o que eventualmente teria levado a desentendimentos na viagem de volta ao Caribe e à Inglaterra, e finalmente a um motim, liderado por Christian Fletcher de 24 anos, que conseguiu adesão de 18 tripulantes. Alegaram maus tratos e perseguições de parte do capitão William Bligh. Deixaram William Bligh, num barco com os seus subordinados fieis, que foram muitos, nas proximidades da ilha polinesia de Tofua, onde conseguiram, Bligh e seus desembarcados do Bounty, chegar.. Entretanto os nativos de Tofua logo tornaram/se hostis e o capitão Bligh decidiu voltar ao mar para alcançar as indias holandesas, que reputava seguras, eventualmente alcançando o atual Timor, então parte daquelas indias, após 47 dias de navegação e 6 500 km de mar percorridos para oeste. Os amotinados do Bounty com o Bounty, temendo represálias da Inglaterra, decidiram fugir para o ignoto e a ilha à qual chegaram foi Pitcairn, em 15 de janeiro de 1790. Depois de lá estabelecerem/se, atearam fogo ao navio. Seus descendentes ainda hoje vivem na ilha e aceitam visitas. Durante os primeiros 35 anos, ninguém soube de seu destino até que, em 1825, outro navio britânico lhes terá encontrado. Dos amotinados do Bounty, então, vivia apenas apenas o John Adams, que contou sua história ao capitão do navio recentemente ancorado.
Na década de trinta do século XIX, Pitcairn possuía uma centena de habitantes não brancos, em sua maioria de origem polinésia, principalmente mulheres. Além disso, possuía uma escola construída por um missionário. Em 29 de novembro de 1838, o capitão do HMS Fly, Russel Elliot, juntamente com sua tripulação, aportaram em Pitcairn. Ao notar a dificuldade dos habitantes frente às inúmeras ameaças externas, o capitão Elliot torna o território uma colônia britânica e propõe uma constituição para legitimar o governo da Ilha. Segundo a historiadora Linda Colley, a constituição regulamentava a preservação dos animais e árvores do território, assim como, o ensino obrigatório de todos os habitantes dos 6 aos 17 anos, bem como a igualdade política para todos os indivíduos, sendo a primeira constituição do mundo a incluir pessoas do gênero feminino. Ou seja, a primeira a garantir o sufrágio universal. Além disso, foi pioneira também ao configurar o seu governo como uma democracia.
Em 1850 a ilha estava completamente desabitada por ter a população tornado-se demasiada numerosa para seus recursos naturais limitados. Foram os ilhéus de Pitcairn transferidos para a Ilha Norfolk, lá se depararam com a negação de direitos políticos para as mulheres, mas, segundo Linda Colley, por terem seus direitos resguardados em uma constituição escrita por um reconhecido capitão da marinha britânica, conseguiram continuar participando das decisões políticas, mesmo em outro território.
Alguns 18 meses depois, os habitantes de Pitcairn retornaram a sua Ilha de origem. Desde então, a população já atingiu pico de 223 pessoas, mas com a mudança de vários para a Nova Zelândia e outros lugares, a ilha é habitada hoje por cerca de 50 habitantes.
Geografia
As Ilhas Pitcairn são uma extensão geológica do arquipélago de Tuamotu, na Polinésia Francesa, e consistem em quatro ilhas: Pitcairn, Oeno, Henderson e Ducie. Dessas, apenas a Ilha de Pitcairn é habitada.
As Ilhas Pitcairn são um grupo de ilhas cuja área de exclusão marítima cobre 56 000 km². Pitcairn é uma ilha vulcânica, Ducie e Oeno são atóis de coral, Sandy é apenas uma barra de areia que faz parte do mesmo atol de Oeno, e Henderson é uma ilha de coral formada após elevações tectônicas. O ponto mais elevado da ilha é o Pawala Valley Ridge, com de altitude.
Dada a sua localização, todas as ilhas têm um clima tropical úmido com chuvas ao longo do ano. Durante o verão austral, as ilhas tendem a sofrer os efeitos dos ciclones tropicais que se formam no oceano.
Governo e política
Nominalmente, o Governador das Ilhas Pitcairn é o Alto Comissário Britânico na Nova Zelândia (atualmente, Laura Clarke). Devido ao facto de o Alto Comissário não residir na ilha, a gestão diária anteriormente correspondia ao presidente do magistrado do Conselho da Ilha (Conselho da Ilha). As eleições para este cargo foram realizadas a cada três anos. No entanto, após uma reforma constitucional em 1998, essas funções foram passadas para o prefeito de Pitcairn em 1999. Os outros funcionários eleitos na ilha são o Magistrado da Ilha (Magistrado da Ilha) e o Presidente do Comitê Interno (Presidente do Conselho). Desde 15 de dezembro de 2004, o prefeito de Pitcairn é Jay Warren, que substituiu Steve Christian quando ele foi condenado, juntamente com outros homens, por estuprar menores de idade. No aspecto militar, a defesa é de responsabilidade do Reino Unido.
Economia
O solo fértil dos vales das Pitcairn produz uma grande variedade de frutas e vegetais, incluindo bananas, melancias, inhame e feijão. Os habitantes desta pequena economia subsistem graças à pesca, agricultura e artesanato. As maiores fontes de lucro advêm da venda de selos e moedas para colecionadores, e também da venda de mel e artesanato aos barcos que fazem a rota Reino Unido - Nova Zelândia através do Canal do Panamá. Devido à orografia da ilha, não há grandes portos ou pistas de pouso, então o comércio tem que ser feito por barcos que visitam os navios. Ocasionalmente, os passageiros de expedições ou cruzeiros podem desembarcar por um dia, se o tempo permitir. A força de trabalho da ilha é composta por 15 homens e mulheres.
Há um grande número de peixes nos mares ligados a Pitcairn. Lagostas e uma grande variedade de peixes são capturados para a sobrevivência dos habitantes da ilha e para embarcar como alimento para as embarcações que fazem escala nas ilhas. Todos os dias do ano há pessoas que vão pescar, seja das rochas, de um barco de pesca ou mergulhando com uma arma de fogo. Existem numerosos tipos de peixes ao redor da ilha. Peixes como o Nanwee, o whitefish, o Moi e o Opapa são capturados em águas rasas, enquanto o Snapper, Big Eye e Cod são capturados em águas profundas e os Yellowtail e Wahoo são capturados com arrastões. Um grande grupo de minerais, incluindo manganês, ferro, cobre, ouro, prata e zinco foram encontrados dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que abrange 370 km de costa e compreende 880 000 km2.
Demografia
É o país menos povoado do mundo (embora não seja soberano): 56 habitantes pertencentes a 9 famílias. A maioria da população descende dos amotinados do navio Bounty, como se pode deduzir dos sobrenomes. As línguas mais faladas são o inglês e o pitcairnês, sendo esta última uma língua crioula semelhante à língua falada pelos habitantes da ilha de Norfolk.
Toda a população de Pitcairn é adepta do cristianismo adventista do sétimo dia, e do pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de sábado, os pitcairneses observam o dia de sábado como um dia de descanso.
Infraestrutura
Comunicações
As Ilhas Pitcairn agora têm comunicações modernas, incluindo telefones via satélite e tráfego de e-mail elevado. No entanto, os rádios de ondas curtas ainda são muito populares. Em Adamstown existe uma estação de rádio para se comunicar com as frotas de navios, e há antenas de satélite para permitir a recepção de canais de televisão da Austrália e Nova Zelândia, incluindo suas estações de rádio. Com fundos públicos, foi financiado um satélite de conexão à Internet, ao qual todos os domicílios podem acessar.
Educação
A educação é gratuita e obrigatória entre as idades de cinco e 16 anos. Já o ensino secundário é frequentado na Nova Zelândia. Todas as sete crianças dos pitcairneses foram matriculadas na escola em 2000. As crianças da ilha produziram um livro em pitcairnês e em inglês chamado Mi Bas Side por Pitcairn ou Meu Lugar Favorito em Pitcairn.
Cultura
Os códigos morais antes rígidos, que proibiam a dança, demonstrações públicas de afeto, fumo e consumo de álcool, foram relaxados. Os habitantes da ilha e os visitantes não precisam mais de uma licença de seis meses para comprar, importar e consumir álcool. Existe agora um café e bar licenciado na ilha, e a loja do governo vende álcool e cigarros.
Pesca e natação são duas atividades recreativas populares. Uma festa de aniversário ou a chegada de um navio ou iate envolverá toda a comunidade Pitcairn em um jantar público na Praça, em Adamstown. As mesas são cobertas por uma variedade de alimentos, incluindo peixe, carne, frango, pilhi, arroz cozido, plun cozido (banana), fruta-pão, pratos de legumes, uma variedade de tortas, pão, baguetes, sobremesas, abacaxi e melancia.
O trabalho público garante a manutenção contínua das inúmeras estradas e caminhos da ilha. A partir de 2011, a ilha tinha uma força de trabalho de mais de 35 homens e mulheres.
Ver também
Lista de territórios dependentes
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da Oceania
Ligações externas
Jornal Pitcairn Miscelany(edição mensal e em inglês) |
Granada (; ; , ) é um país caribenho, constituído pela ilha homónima e pela metade sul das ilhas Granadinas, das quais a maior é Carriacou. Tem fronteira marítima com São Vicente e Granadinas, a nordeste, e está também próxima de Trinidad e Tobago, a sudeste, e da Venezuela, a sudoeste. A capital do país é São Jorge (Saint George's em inglês).
Granada é também conhecida como a "Ilha das Especiarias", por causa da produção de noz-moscada, da qual é um dos maiores exportadores do mundo. Sua área territorial é de 344 km², com uma população estimada em cerca de habitantes. O pássaro nacional de Granada é a pomba-de-granada, que se encontra na lista de espécies em perigo crítico.
História
Por volta do século XV, os índios caribes expulsaram da ilha seus primitivos povoadores, os aruaques. Granada foi descoberta em 15 de agosto de 1498, por Cristóvão Colombo, que lhe deu o nome de Concepción. Os espanhóis, porém, não tentaram colonizá-la: manteve-se em poder dos caribes por mais de um século e meio.
Em 1650, o governador francês da Martinica fundou uma colônia em São Jorge e exterminou os índios caribes, passando a importar escravos negros para a plantação de cana-de-açúcar. Até 1762, a ilha ficou sob o domínio francês, quando a ilha passou a depender da coroa britânica, mas após um ataque francês, em 1779, perdeu o território, recuperando-o definitivamente em 1783, pelo Tratado de Versalhes.
Entre 1795 e 1796, ocorreu uma rebelião de escravos, fomentada pelos franceses, mas sufocada pelos britânicos. Em 1833, aboliu-se a escravidão. De 1885 a 1958, Granada foi o centro administrativo das ilhas britânicas de Barlavento e de 1958 a 1962 membro da Federação Britânica das Índias Ocidentais. Cinco anos depois tornou-se um dos Estados Associados das Antilhas Britânicas, com regime autônomo.
A 7 de fevereiro de 1974 transformou-se em estado independente. Em 1979, um golpe de Estado de inspiração marxista levou ao poder Maurice Bishop, que estreitou os laços com Cuba e a União Soviética. Em particular, o regime trabalhou para desenvolver políticas sociais: foi criado um Centro de Educação Popular para coordenar as iniciativas educacionais do governo, incluindo campanhas de alfabetização. A aprendizagem do crioulo grenadiano foi permitida nas escolas. Contudo, a tendência do governo de Bishop para marginalizar o papel da Igreja na educação contribuiu para a deterioração das relações com o clero. No sector da saúde, as consultas médicas foram feitas gratuitamente com a ajuda de Cuba, que forneceu médicos, e o leite foi distribuído a mulheres grávidas e crianças. No sector económico, as autoridades criaram um sistema de empréstimos financeiros e materiais para os agricultores, e foram criadas cooperativas agrícolas para desenvolver a actividade. O governo de Bishop também trabalhou para desenvolver infra-estruturas, incluindo a construção de novas estradas e a modernização da rede eléctrica. Finalmente, o governo reprimiu o cultivo da marijuana para encorajar a agricultura alimentar e reduzir a violência. A nível internacional, Grenada estava cada vez mais isolada. O Reino Unido suspendeu a ajuda económica e os Estados Unidos usaram a sua influência para bloquear empréstimos do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Uma cisão dentro do grupo governante desembocou na insurreição dirigida pelo general Hudson Austin em outubro de 1983, que deu lugar à execução de Bishop e à intervenção militar conjunta dos Estados Unidos e de países pertencentes à Organização dos Estados do Caribe Oriental. As tropas cubanas que haviam ajudado o regime anterior foram evacuadas. O Novo Partido Nacional, encabeçado por Herbert Blaize, ganhou as eleições de 1984 e, ano seguinte, os Estados Unidos retiraram suas tropas.
Geografia
De origem vulcânica, Granada é atravessada de norte a sul por uma cadeia de montanhas cujo ponto culminante está no monte Saint Catherine, de 840 m de altitude. O Grande Estanque, no centro da ilha, é um lago que ocupa a cratera de vulcão extinto, a 530 m de altitude. A costa norte tem muitas praias, e a do sul numerosas enseadas, que formam portos naturais.
O clima, dada a latitude do país, 12°N, é tropical marítimo com duas estações: a úmida (junho-dezembro) e a seca (janeiro-maio). Com relativa frequência é atingida por ciclones que causam grandes danos à agricultura.
As chuvas frequentes e intensas, e o solo fértil, de sedimentos vulcânicos, dão lugar a uma densa vegetal tropical, em que se destacam madeiras de lei, como o mogno. Bananeiras, coqueiros e mangueiras crescem em profusão. Entre as especiarias características da ilha estão a noz-moscada, o gengibre, a pimenta e a baunilha. A fauna inclui macacos, cutias, tartarugas e caranguejos terrestres.
Subdivisões
Granada está subdividida em seis paróquias e uma dependência:
Nota: A dependência de Carriacou é composta por várias ilhas, as maiores são a ilha Carriacou e a Petit Martinique (às vezes chamada Petite Martinique ou Little Martinique).
Política
A forma de governo adotada em Granada é a monarquia parlamentarista. Granada integra a Comunidade Britânica de Nações, e o monarca britânico, o chefe de Estado. O governo é dirigido pelo primeiro-ministro, responsável ante o Parlamento, que se compõe de 15 representantes eleitos por cinco anos e 13 senadores.
O Tribunal Supremo Caribenho Oriental é composto de um Tribunal da Apelação e uma Suprema Corte de Justiça (dois juízes de Corte Suprema são destinados a residir na Granada); Corte Itinerante de Apelação com três juízes membro da Corte Caribenha de Justiça (CCJ).
Os principais partidos políticos de Granada são o Novo Partido Nacionalista (NPN), Congresso Nacional Democrático (CND) e Trabalhista Unido de Granada (Gulp).
Relações estrangeiras
Grenada é membro titular e participante da Comunidade do Caribe (CARICOM) e da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS).
Organização dos Estados Americanos (OEA)
Grenada é um dos 35 Estados que ratificaram a Carta da OEA e é membro da Organização. Grenada entrou no Sistema Interamericano em 1975, de acordo com o site da OEA.
FATCA
Em 30 de junho de 2014, Granada assinou um acordo Modelo 1 com os Estados Unidos da América em relação à Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras (FATCA).
Militar
Grenada não tem forças armadas permanentes, deixando as funções militares típicas para a Força Policial Real de Grenada (incluindo uma Unidade de Serviços Especiais) e a Guarda Costeira de Grenada.
Em 2019, Granada assinou o tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares.
Economia
Nos primeiros anos da década de 1980, Granada desenvolveu um sistema econômico controlado pelo Estado, que dependia basicamente das exportações agrícolas e do turismo. A pesca se desenvolveu com a ajuda técnica de Cuba e da ex-União Soviética. Posteriormente, se fomentou o surgimento de economia de mercado com apoio americano e de instituições financeiras internacionais.
A agricultura compreende aproximadamente um quinto do produto interno bruto e emprega um terço da força de trabalho. A terra cultivável é pouco aproveitada e os principais produtos agrícolas, basicamente destinados à exportação, são o coco, a banana, a cana-de-açúcar, as cítricos, especiarias e frutas tropicais.
Demografia
Os grupos étnicos dominantes são os negros, os mulatos e, em menor quantidade, os indianos levados a Granada para trabalhar no lugar dos escravos libertados. Os brancos (franceses, britânicos, portugueses, suíços, russos, islandeses e australianos) e os ameríndios constituem percentagem reduzida da população. O inglês é o idioma oficial. Também se fala um patois (dialeto franco-africano), reminiscência do domínio francês.
As religiões com maior número de adeptos são o Catolicismo Romano (53%) e o Protestantismo (33,2%). O Anglicanismo é o único grupo religioso minoritário (13,8%).
Idiomas
O inglês é a língua oficial do país, mas a principal língua falada é uma das duas línguas crioulas (crioulo inglês de Granada e crioulo francês de Granada), que reflete a herança dos africanos, europeus e indígenas na nação. Os crioulos contêm elementos de uma variedade de línguas africanas. O crioulo de Granada, no entanto, também é influenciado pelo francês.
O crioulo francês de Granada é falado principalmente em áreas rurais menores, mas hoje só pode ser ouvido em pequenos grupos da sociedade. O crioulo francês de Granada é conhecido principalmente como Patois ou creole.
As línguas indígenas eram Iñeri e Karina (Carib).
Imigração
A maior parte da população da ilha é formada por brancos (51%). São de origem inglesa, portuguesa, suíça, russa, islandesa e australiana. A imigração teve início com a independência da ilha. Vieram trabalhar nas plantações e na construção de ferrovias. O país também possui muitos negros (45%), a maioria vindos da Etiópia e de Ruanda. Grande parte como escravos, apesar de também haver muitos africanos vindos através de imigração. A ilha ainda possui imigrantes marroquinos, egípcios, cubanos, sumérios, javaneses e argentinos, formando uma das populações mais diversificadas do Caribe.
Cidades mais populosas
Cultura
Embora a influência francesa na cultura de Granada é muito menos visível do que em outras ilhas do Caribe, sobrenomes e nomes de lugares em francês permanecem, e a linguagem cotidiana é atada com palavras em francês e no dialeto local, o Patois. A forte influência francesa é encontrada na temperada comida picante e estilos de cozinhar semelhantes aos encontrados em Nova Orleãs e algumas arquiteturas francesas sobreviveram a partir de 1700. A cultura da ilha é fortemente influenciada pelas raízes africanas da maioria dos granadinos, além da influência indiana e ameríndia do Caribe, como visto no dhal puri, rotis, doces indianos, mandioca e curries, na culinária.
O "oildown" é considerado como o prato nacional. O nome refere-se a um prato cozinhado em leite de coco até que todo o leite é absorvido, deixando um pouco de óleo de coco no fundo da panela. As receitas exigem uma mistura de pigtail, pés salgados de porco (trotters), carne salgada e frango, bolinhos feitos de farinha e frutos como a fruta-pão, banana verde, inhame e batata. As folhas de callaloo são por vezes usadas para reter o vapor e para sabores extras.
Esportes
Olimpíadas
Granada competiu em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles. Kirani James ganhou a primeira medalha de ouro olímpica para Granada na final masculina de 400 metros nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012.
Críquete
O críquete é um dos esportes mais populares de Granada, com intensa rivalidade interilhas com seus vizinhos caribenhos. O Estádio Nacional de Cricket de Granada abriga partidas de críquete internacional.
Ver também
Lista de Estados soberanos
Lista de Estados soberanos e territórios dependentes da América
Paróquias de Granada
Missões diplomáticas de Granada |
Concavada foi uma freguesia portuguesa do concelho de Abrantes, na província do Ribatejo, região do Centro (Região das Beiras) e sub-região do Médio Tejo, com 19,89 km² de área e 653 habitantes (2011).
História
Foi sede de uma freguesia extinta (agregada), em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Alvega, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Alvega e Concavada.
Concavada situa-se na parte oriental do concelho, a sul do Tejo. Tem uma estreita fronteira com o concelho de Mação a norte, e os restantes vizinhos são Alvega a leste, São Facundo a sul, Pego a oeste e Mouriscas a norte. É ribeirinha à margem esquerda do rio Tejo ao longo dos limites com as Mouriscas e com Mação.
É a terra natal do poeta António Botto, que dá nome à Biblioteca Municipal de Abrantes.
População
★Freguesia criada pela lei n.º 109/85, de 4 de Outubro, com lugares da freguesia de Alvega''
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{|
! colspan="16" | Nº de habitantes
|-
| align="center" | 1991
| align="center" | 2001
| align="center" | 2011
|-
| align="right" | 858
| align="right" | 734
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|- bgcolor="white"
|
| align="right" | -14%
| align="right" | -11%
|- bgcolor="white"
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Grupos etários em 2001 e 2011
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Antigas freguesias de Abrantes |
São Miguel do Rio Torto foi uma freguesia portuguesa do concelho de Abrantes, na província do Ribatejo, região do Centro (Região das Beiras) e sub-região do Médio Tejo, com 52,39 km² de área e 2 869 habitantes (2011).
História
Foi sede de uma freguesia extinta (agregada), em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Rossio ao Sul do Tejo, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo
Localização
São Miguel do Rio Torto localiza-se na zona ocidental do concelho, a sul do Tejo. Tem como vizinhos a sede do concelho a norte, Rossio ao Sul do Tejo a nordeste, o Pego e São Facundo a leste, Bemposta a sul e sueste e Tramagal a noroeste e o concelho de Constância a oeste. É ribeirinha à margem esquerda do rio Tejo ao longo dos limites com a cidade de Abrantes.
População
<small>
{|
! colspan="16" | Nº de habitantes
|-
| align="center" | 1864
| align="center" | 1878
| align="center" | 1890
| align="center" | 1900
| align="center" | 1911
| align="center" | 1920
| align="center" | 1930
| align="center" | 1940
| align="center" | 1950
| align="center" | 1960
| align="center" | 1970
| align="center" | 1981
| align="center" | 1991
| align="center" | 2001
| align="center" | 2011
|- bgcolor="white"
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| align="right" | 1582
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| align="right" | 3422
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|- bgcolor="white"
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| align="right" | -16%
|- bgcolor="white"
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Grupos etários em 2001 e 2011
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Indústria
Mormente corticeiras, lagares e metalomecânicas.
Corticeiras, com destaque para a Amorim, entre outras e, derivados da cortiça, com sublinhado para a Sofalca.
Fábrica e lagares de azeite, com destaque para a Victor Guedes, e a Ourogal.
Também importante no sector ferroviário, sendo o local em que se separa a linha proveniente do Entroncamento - da localidade parte a linha do Leste com destino a Badajoz e a Linha da Beira Baixa com destino à Covilhã.
Lugares
São Miguel de Rio Torto
Arreciadas
Arrifana
Cabrito
Carvalhal
Lameiras
Maiorga
Maria da Lança
Salvadorinho
São Macário
Vale Cortiças
Bicas |
Geografia
Congo (região) — área geográfica localizada na África Central
República do Congo — país conhecido anteriormente por Congo Francês e posteriormente Congo-Brazzaville
República Democrática do Congo — país conhecido anteriormente por Congo Belga, Congo-Kinshasa e Zaire
Congo (Paraíba) — cidade no Brasil.
Rio Congo ou rio Zaire — segundo maior rio da África
Bacia do Congo - maior bacia hidrográfica do continente africano.
Floresta do Congo — floresta ombrófila tropical úmida
Praia Congo — praia do Arquipélago de São Tomé e Príncipe
El Congo — município de El Salvador
História
Povo Bacongo — povo que formou o Reino do Congo
Congo Belga — antiga colônia belga
Congo francês — antiga colônia francesa
Protetorado do Congo Português — antiga possessão portuguesa
Estado Livre do Congo — reino privado que existiu entre 1877 e 1908, colocando o Estado Livre do Congo na denominada África Austral
Reino do Congo — antigo reino africano
Reino de Cacongo
Filhos do Congo — associação de cunho histórico criada por escravos bantos trazidos para o Brasil do Reino do Congo
Outros
Congo (chimpanzé) — chimpanzé conhecido por fazer pinturas
Congo (filme) — filme sobre uma expedição a África, baseado no livro Congo, de Michael Crichton
Congo (folclore) — manifestação cultural e folclórica levada por escravos para o Brasil
Edwin Congo — futebolista colombiano
Congo Bill — personagem de quadrinhos publicado pela DC comics
Congo Bongo — fliperama lançado pela Sega em 1983
Vermelho Congo — sal sódico do ácido benzidinodiazo-bis-1-naftilamina-4-sulfônico
Desambiguação |
Agadão foi uma freguesia portuguesa do concelho de Águeda, com 39,4 km² de área e 373 habitantes (2011). A sua densidade populacional era 9,5 hab/km².
História
Foi sede de uma freguesia extinta (agregada), em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às freguesias de Belazaima do Chão e Castanheira do Vouga, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Belazaima do Chão, Castanheira do Vouga e Agadão.
Geografia
Localizada na extremidade sueste do concelho, Agadão tem como vizinhas as localidades de Belazaima do Chão a sudoeste e de Castanheira do Vouga a noroeste e os concelhos de Tondela a leste e Mortágua a sul. A freguesia é atravessada pelo rio Agadão.
População
Média do País no censo de 2001: 0/14 Anos-16,0%; 15/24 Anos-14,3%; 25/64 Anos-53,4%; 65 e mais Anos-16,4%
Média do País no censo de 2011: 0/14 Anos-14,9%; 15/24 Anos-10,9%; 25/64 Anos-55,2%; 65 e mais Anos-19,0%
(Fonte: INE)
Lugares
Alcafaz
Bertufo
Caselho
Felgueira
Foz
Guistola
Guistolinha
Lázaro
Lomba
Lousa
Povinha
Sobreira
Vila Mendo
Boa Aldeia
Corga da Serra
Economia
Ainda a salientar na localidade, a sua indústria de água serrana, de óptima qualidade, e com projeção a nível não só nacional como também internacional, situada em Alcafaz.
Única no concelho, a sua colónia de férias oferece ainda aos mais jovens um óptimo espaço de recreio e lazer.
As principais atividades económicas desta freguesia são a agricultura, a exploração florestal e indústria (exploração de águas no já referido lugar de Alcafaz e a panificação).
Património edificado
Igreja matriz;
Capela de São Bartolomeu, no local de Alcafaz;
Capelas de Santo André (Berturfo) de Senhora da Paz (Sobreira) e Santa Bárbara (Felgueira)
Moinho da foz
Capelas da Senhora da Penha e das Almas do Marulo
Festas e romarias
Sagrado Coração de Jesus (2.º domingo de Junho)
São Tomé (1.º domingo de Julho)
Nossa Senhora da Penha - Vilamendo (2.º domingo de Outubro)
Orago
Santa Maria Madalena
Gastronomia
As especialidades gastronómicas da localidade são a chanfana e a broa de milho.
Antigas freguesias de Águeda |
Fermentelos é uma vila e freguesia portuguesa do município de Águeda, com 8,58 km² de área<ref>{{citar web|url= http://www.dgterritorio.pt/ficheiros/cadastro/caop/caop_download/caop_2013_0/areasfregmundistcaop2013_2 |título= Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013 |publicado= IGP Instituto Geográfico Português|acessodata= 10 de dezembro de 2013|notas= descarrega ficheiro zip/Excel|arquivourl= https://web.archive.org/web/20131209063645/http://www.dgterritorio.pt/static/repository/2013-11/2013-11-07143457_b511271f-54fe-4d21-9657-24580e9b7023$$DB4AC44F-9104-4FB9-B0B8-BD39C56FD1F3$$43EEE1F5-5E5A-4946-B458-BADF684B3C55$$file$$pt$$1.zip|arquivodata= 2013-12-09|urlmorta= yes}}</ref> e 3028 habitantes (censo de 2021). A sua densidade populacional é .
Localizada na extremidade sudoeste do concelho, a freguesia de Fermentelos tem como vizinhas as localidades de Óis da Ribeira a nordeste e de Espinhel a leste, e os concelhos de Oliveira do Bairro a sul e de Aveiro a noroeste.
Aldeia até 1928, foi elevada a vila nesse ano pelo Decreto n.º 15456, de 5 de Maio.
Demografia
Nota: Por decreto de 21 de novembro de 1895 deixou de pertencer ao concelho de Oliveira do Bairro, para integrar o de Águeda. A sede de freguesia foi elevada à categoria de vila por decreto nº 15.456, de 15 de maio de 1928.
A população registada nos censos foi:
História
Lenda
Uma lenda popular fala-nos de três irmãos, que se tinham perdido no nevoeiro, enquanto navegavam no rio Cértima guiando-se até encontrarem a Pateira. Impressionados pela beleza do local, decidiram permanecer no local e pescarem, vendo a pesca às populações vizinhas. Os três irmãos (André, Domingos e Tomé) tentaram então dar um nome ao local, começando a discutir. O mais novo e impulsivo sugeriu Ferment e rapidamente entrou em conflito com os outros dois, dando lugar a um duelo que separou os três irmãos para sempre. Do português arcaico ferment+duelo (tello) surgiu o nome Fermentelos.
Época Medieval
A primeira aparição do nome Fermentelos, como povoação (1050) veio de inventários de Gonçalo Viegas e de sua esposa Flâmula, que trabalhavam no sentido de identificaram a vila e suas pessoas. Em 1077, um inventario semelhante surgiu, mas desta vez continha as terras de Paio Gonçalves. Nesta altura aparece uma referência a uma povoação denominada de Faramontanellos situada nas margens do rio Cértima, aparecendo no documento 549 na Diplomata et Charte.
Desde das referências mais primordiais, caçadores a cavalo aparecem sempre, que pagavam o donatário, uma taxa para caçar em terras designadas para essa mesma actividade, que eram conhecidos como Foramontanos. Durante os inquéritos do rei D. Afonso II's em 1220, o nome local evoluiu para Foramontaelos, cujo significado dos radicais era fora+monte (provavelmente montaria, monteiro),que tinha o seu significado explícito e literal na frase "caçadores montados nas costas de um cavalo". Em terras de pequenas dimensões, ou com falta de jogos (de caça), as áreas eram referidas como Foramontanelos. Estes adjectivos evoluíram para nomes, Foramontões e Foramontanelos, Aparecendo finalmente em documentos, como o foral Manuelino.
Os inquéritos do rei identificaram uma grande qualidade, bem como quantidade, de bens cultiváveis, contudo não havia referência a habitantes, mesmo quando populações vizinhas floriam com população. "Foramontaelos era uma vila e toda real"; era, de facto, uma terra d'El Rei que produzia trigo, vinho, galinhas, ovos, queijo e manteiga, mas pouco se conhecia se os habitantes se limitavam a cultivar ou se residiam dentro dos limites territoriais.
Mata Real
O Rei D. Manuel I de Portugal agregou Formentelos no, agora extinto município de Óis da Ribeira a 2 de junho de 1516, aquando da criação do seu foral. A área de Formentelos era designada como Mata Real de Perrães, Paradela, e Louredo, e era vizinha directa das terras ocupadas pelos Bispos de Coimbra e do Convento da Lourã. No final do século XV, o Rei foi obrigado a dar ao governador de Aveiro Anrique de Almeida a protecção da Mata de Perrães, de modo a proteger as terras de vagabundos que roubavam veados e utilizavam as terras para criar porcos. Em 1626, Lourenço de Almeida Alcoforado, filho da sobrinha de Anrique de Almeida, que era o herdeiro dos privilégios reais sobre a Mata de Perrães, vendeu-os a Diogo de Teles Castel-Branco a 17 de Abril de 1626, Na presença do notário Belchior Correia de Vasconcelos.
Em 1672 uma planta formal da Mata Real foi empreendida pelo Rei, concluindo que a terra designada como Terra d'El Rei tinha diminuido consideravelmente; devendo-se à necessidade de examinar os domínios reais por barco, determinou-se que uma parcela passou a integrar a Pateira de Fermentelos.~
Era Moderna
O Protectorado de Fermentelos continuou a ser da responsabilidade da família de Diogo de Teles desde 1626, até meados do século XIX. Depois a Casa do Atalho, que sempre fora responsável pela justiça, resolvendo disputas de propriedade e recolhendo rendas toma o cargo de juiz de fora. Durante as Guerras Liberais, o protectorado é herdado por uma nobre, cujo marido era partidário de D. Miguel I de Portugal. Mesmo depois dos conflitos de 1822 e 1834, ela apoiou as forças absolutistas e os seus interesses locais, esquecendo-se'' das rendas destes rebeldes absolutistas.
Até 1832, Fermentelos foi governado por nobres sob os auspícios do Juiz do Exterior, um titular cerimonial que administrou várias terras de monarcas. Fermentelos tornou-se numa paróquia independente a 16 de maio de 1832, as leis (até ao momento utilizadas) foram abolidas e o sistema de paróquias, municípios e distritos foram instituídos, facto que eliminou muitos dos títulos honoríficos associados com as classes dominantes, incluindo os juízes de fora os governadores locais.
Património
Cruzeiro
Igreja Matriz (reconstrução no ano de 1911)
Capela de N. Sr.ª da Saúde (Febres)
Capela de St.º Inácio.
Pateira de Fermentelos, a maior lagoa de água doce da Península Ibérica e a segunda maior da Europa.
Casa-Museu João Tomás Nunes
Fontes |