title
stringlengths
6
168
text
stringlengths
301
136k
date
stringlengths
10
19
category
stringclasses
19 values
category_natural_language
stringclasses
19 values
link
stringlengths
59
233
Após Luva de Pedreiro indicar que pagaria pensão, Távila Gomes desmente término
Na tarde de domingo (17), Luva de Pedreiro abriu uma live e sugeriu que o melhor seria pagar pensão à atual namorada, Távila Gomes, grávida do primeiro filho dele. "Sou inamorável", disse ele, deixando seus seguidores perplexos com um suposto fim precoce do romance.Porém, mais tarde, Távila desmentiu que ambos tenham encerrado o vínculo. Em outra live, ambos ironizaram perguntas sobre o suposto fim do relacionamento. Conforme Luva, as frases horas antes teriam sido "resenha", ou seja, brincadeira. "Não pode falar mais nada. Tudo o que eu faço, eu estou errado."Em agosto, Iran Ferreira anunciou que será pai. O anúncio foi feito nas redes sociais do influenciador. O futuro bebê já tem nome escolhido: Cristiano Ronaldo Jr. Mais "Cristiano Ronaldo Jr vem aí", disse Luva de Pedreiro na postagem. Ele contou que aguardava um momento especial para fazer o anúncio da gestação, que já estaria no quinto mês.O influenciador é fã declarado do jogador português, a quem ele prestará homenagem nomeando seu filho. Há cerca de um mês, Iran compartilhou na web a ocasião em que conheceu o ídolo."Realizei meu sonho que era conhecer Cristiano Ronaldo. Ele sempre foi minha inspiração. Isso que aconteceu comigo serve de exemplo para todos vocês. Não desista dos seus sonhos. Receba!", escreveu ele.
2023-09-18 08:40:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/apos-luva-de-pedreiro-indicar-que-pagaria-pensao-tavila-gomes-desmente-termino.shtml
OMS cobra da China 'acesso total' para investigar origem da Covid-19
O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) cobrou de Pequim mais informações sobre a origem da Covid-19 e disse que a entidade está pronta para enviar uma segunda equipe ao país para investigar o surgimento do Sars-Cov-2, já que a origem da pandemia ainda não está clara quase quatro anos após os primeiros casos surgirem na cidade chinesa de Wuhan."Estamos pressionando a China para ter acesso total e estamos pedindo a países que levantem a questão durante suas reuniões bilaterais, [para pedir a Pequim] para cooperar", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Já pedimos por escrito para nos fornecerem informações e também estamos dispostos a enviar uma equipe se nos permitirem fazê-lo."Os comentários do chefe da OMS surgem enquanto as autoridades de saúde atualizam as vacinas após um aumento nos casos de coronavírus. Embora os cientistas concordem que o mundo não está mais na fase aguda da pandemia, o órgão de saúde global afirmou que as nações devem aumentar a vigilância das subvariantes, como a BA.2.86, e outras variantes da ômicron.Os líderes mundiais discutirão pela primeira vez a preparação para pandemias em reuniões durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York.Tedros disse ao Financial Times que viajou a Pequim para convencer o presidente chinês Xi Jinping em janeiro de 2020 para permitir a visita da primeira missão de especialistas da OMS sobre a Covid-19, liderada por Bruce Aylward, do órgão de saúde, no país.As duas teorias mais proeminentes sugerem um salto do vírus de animais para humanos por meio dos mercados de Wuhan ou uma contaminação decorrente de um vazamento acidental do laboratório de virologia da cidade. Mas nenhum consenso científico surgiu do debate, e Tedros reiterou que todas as opções permanecem "em aberto"."A menos que tenhamos evidências que eliminem quaisquer dúvidas, não podemos simplesmente dizer isso ou aquilo", afirmou ele. Mas ele disse acreditar que "teremos a resposta. É uma questão de tempo."Sobre sua reunião com Xi, Tedros disse: "Fui e encontrei o presidente. Os funcionários abaixo dele não estavam dispostos a nos permitir enviar uma equipe. Então, tive que viajar para convencê-lo por que isso é tão importante". Mais Um dia depois de Tedros retornar a Genebra, segundo o diretor-geral, a OMS declarou a Covid-19 uma emergência de saúde pública de preocupação internacional, a mais alta designação utilizada pela entidade. Essa classificação foi revogada somente em maio deste ano.A OMS foi acusada de ser muito leniente com a resposta inicial da China, o que, segundo críticos, permitiu que as taxas de transmissão global disparassem além de suas fronteiras. Mas Tedros rejeitou essa versão, dizendo que a organização colaborou com a China enquanto tomava medidas para limitar o vírus, e depois criticou abertamente Pequim quando não permitiu que o órgão de saúde investigasse efetivamente as origens da Covid-19, disse ele.A entidade voltou à China para realizar sua primeira missão sobre as origens no início de 2021, mas retornou com um relatório inconclusivo e altamente criticado, citando a falta de cooperação de Pequim como um fator. "Sobre o estudo de origem, como eles não nos estão dando acesso total, começamos as discussões em particular e, quando eles se recusaram a cooperar, tornamos isso público", disse Tedros."Se soubermos [a origem], então podemos prevenir a próxima. Portanto, é ciência", disse ele. "Não será moralmente correto se não soubermos o que aconteceu."Ele disse que "a pandemia foi politizada desde o início". Em meados de 2020, o então presidente dos EUA, Donald Trump, retirou temporariamente o financiamento e ameaçou retirar Washington da OMS à medida que a pressão aumentava com surto do novo coronavírus. Tais medidas complicaram a necessidade de construir "solidariedade global" em torno do gerenciamento da crise de saúde pública, disse Tedros.Embora ainda não haja respostas para "todos aqueles que pagaram por esta pandemia", Tedros disse que a crise do coronavírus fez com que muitos governos percebessem o valor de fortalecer a resiliência de seus sistemas de saúde."Em muitos países, a saúde não é considerada central para o desenvolvimento. E a saúde é realmente considerada um custo", disse ele. "E agora [após a pandemia], acho que as pessoas estão começando a perceber que é realmente um investimento que pode prevenir pandemias."
2023-09-18 09:49:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/09/oms-cobra-da-china-acesso-total-para-investigar-origem-da-covid-19.shtml
Respiração, rins e coração podem ser afetados pelo calor; veja cuidados
A última semana de inverno, que termina no próximo sábado (23), será marcada por uma forte onda de calor que atinge parte do país, com termômetros acima de 30°C e chegando até 40°C.Segundo a Climatempo, o calor será intenso principalmente no interior de Santa Catarina; no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Paraná; no centro-sul do Pará; centro-leste do Amazonas e nos estados de Rondônia e Tocantins.Fora do normal para a época do ano, o calor extremo pode causar mal-estar, desconforto, além de outras alterações na saúde, que exige cuidados. A respiração, a pele, os rins e o coração são algumas das áreas do corpo mais afetadas pelo calor contínuo, segundo o médico Abrão Cury, da SBCM (Sociedade Brasileira de Clínica Médica).Segundo ele, o calor provoca uma dilatação dos vasos sanguíneos, o que diminui a pressão e pode levar a uma sobrecarga na circulação. Se acompanhado de tempo seco, como acontecerá em São Paulo — sem previsão de chuva até o final da semana— pode irritar também a mucosa respiratória.Além disso, a transpiração aumenta naturalmente em períodos de calor, como mecanismo de defesa para refrescar o corpo, o que, conforme o médico, provoca perda de sais e pode ainda causar dermatite. A recomendação é usar roupas mais leves e se hidratar."Outra coisa no calor é que as pessoas pensam que bebida alcoólica serve como hidratante, mas o álcool também faz a pessoa perder líquido", diz Cury.O aumento da transpiração e a baixa ingestão de água também são os principais responsáveis pelo aumento do risco de formação dos cálculos renais, dizem os especialistas. A falta de água no organismo dificulta a diluição da urina, o que aumenta a concentração de cristais no organismo. Defesa Civil emite alerta e cuidados para períodos de calor extremo O médico Luiz Fernando Manzoni, professor do curso de medicina da USP (Universidade de São Paulo) em Bauru, diz que os grupos mais vulneráveis à mudança de tempo são idosos, pessoas mais expostas ao calor e aquelas que não se hidratam. A Defesa Civil alerta ainda para crianças, doentes crônicos e grávidas.As dicas são beber bastante água, comer alimentos leves e adaptar os hábitos. "A gente quer continuar vivendo da mesma forma independente do clima e do que estamos sentindo, mas temos que respeitar o corpo e a nossa adaptação", diz Manzoni. Mais Fabrízio Romano, vice-presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, recomenda evitar atividade ao ar livre durante a tarde, quando a umidade está baixa. Pela manhã a umidade costuma ser mais elevada.Para driblar o clima seco, Romano sugere hidratar o nariz com soro fisiológico e medicamentos específicos para a área.A Defesa Civil recomenda que as pessoas não passem muitas horas sem se alimentar, mesmo se sentirem menos fome, e que mantenham uma alimentação saudável com frutas, verduras e alimentos leves.
2023-09-18 10:20:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/09/respiracao-rins-e-coracao-podem-ser-afetados-pelo-calor-veja-cuidados.shtml
Alckmin cita mestre Miyagi, de 'Karatê Kid', em fala sobre esporte; veja vídeo
O vice-presidente Geraldo Alckmin surpreendeu ao citar o mestre Miyagi, personagem de "Karatê Kid", em um vídeo publicado neste domingo em suas redes sociais.Na publicação, ele parabenizava os atletas de caratê de todo o Brasil que participaram do 30º Campeonato Brasileiro de Karatê Interestilos."Lembrem-se sempre do ensinamento do mestre Miyagi, em 'Karatê Kid': 'A vida pode te derrubar, mas você decide quando é hora de levantar'." Mais
2023-09-18 08:45:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/alckmin-cita-mestre-miyagi-de-karate-kid-em-fala-sobre-esporte-veja-video.shtml
Mercado diminui projeção de inflação em semana de definição de juros
Os economistas consultados pelo BC (Banco Central) para o Boletim Focus abaixaram nesta segunda-feira (11) a expectativa de inflação para o fim de 2023 para 4,86%, contra 4,93% no relatório divulgado na última semana. A projeção para 2024 também caiu para 3,86%.O índice de referência, IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), saiu com alta menor do que a esperada pelo mercado, segundo os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última terça-feira (12). A inflação acumulada em 12 meses até agosto está em 4,61%.Economistas corrigiram, então, as expectativas. Para 2025 e 2026 a estimativa continua sendo de inflação de 3,5% para ambos os casos. O Copom (Comitê de Política Monetária) se reunirá a partir desta terça-feira (19), para definir a taxa de juros.O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024, 2025 e 2026 é de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.As projeções dos economistas consultados pelo BC para a taxa básica de juros, Selic, seguem as mesmas para os anos de análise —de 2023 a 2026. A expectativa é de que o Copom faça corte de 0,5% nesta semana.Mantendo a tendência da última semana, o Boletim Focus aumentou as previsões do PIB para 2023 (alta de 2,89%) e 2024 (1,5%). A expectativa para 2025, entretanto, foi revisada para baixo, em 1,95%.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Com Reuters
2023-09-18 08:48:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/mercado-diminui-projecao-de-inflacao-para-2023-e-2024-e-sobe-expectativa-para-pib.shtml
Le Cordon Bleu de SP abre biblioteca com livros de Nina Horta e recria sua cozinha
Em uma sala cheia de livros de cozinha, um texto escrito à mão na primeira página de um deles traz uma dedicatória: "Nina, querida, como posso te agradecer?". No final, a assinatura diz: "com amor, Ritinha".A edição de 2008 de "A Conversa Chegou à Cozinha" (ed. Ediouro, 224 págs.), com um recado da chef e apresentadora Rita Lobo, faz parte de uma coleção de cerca de 2.500 títulos que pertenceram a Nina Horta (1939-2019), cozinheira, cronista e colunista da Folha, e que a partir do dia 2 de outubro serão abertos ao público em um espaço dedicado à escritora na escola de gastronomia Le Cordon Bleu de São Paulo, na Vila Madalena.Chamado Memorial Nina Horta, também vai exibir utensílios e uma parte da cozinha original usada quase diariamente por mais de cinco décadas por ela. Esse ambiente integra um novo complexo que inclui café, cozinha experimental e um coworking da Le Cordon Bleu, o Culinary Village, no mesmo prédio em que já funciona a rede de ensino francesa."O desejo de minha mãe era que o acervo dela pudesse ser consultado, estudado", diz Dulce Horta, sua filha. Quem se encarregou disso, a pedido de Nina, foi Rosa Moraes, que atua na área de ensino de gastronomia há 25 anos e é embaixadora de hospitalidade da Ânima Educação, parceira da Le Cordon Bleu em São Paulo. Para colocar a ideia em prática, as obras foram enviadas a uma empresa especializada em catalogação, permitindo a consulta por tema e autor, explica Moraes. Qualquer pessoa pode ter acesso ao material no espaço, mas retiradas não são permitidas.Na sala moderninha e cheia de janelas, periódicos, teses e livros em vários idiomas tratam da gastronomia em diferentes perspectivas. Há volumes sobre história (de pratos franceses e italianos na Idade Média, por exemplo), sobre a cozinha de uma região (como Nova Orleans, nos EUA) e um país (a Malásia é um entre muitos). Completam os sempre presentes títulos de cozinheiros e restaurantes.É claro, uma fartura de receitas também faz parte da coleção, algumas delas destacadas por marcações escritas por Nina em post-its ainda preservados. "Almôndegas ao curry" diz um desses lembretes com sua caligrafia em uma página de Good Housekeeping, revista americana cuja primeira edição foi publicada em 1885. Essas receitas eram testadas por Nina em refeições que preparava em sua casa ou poderiam servir de referência para o Ginger, bufê que comandou por 30 anos. Mais Uma mistura de autores brasileiros como Câmara Cascudo (1898-1986), Bela Gil, Carla Pernambuco e Luiz Américo Camargo faz parte da biblioteca. Mas o acervo também se destaca por livros estrangeiros, alguns deles já esgotados, geralmente acessíveis apenas a quem pode trazê-los de viagem ou comprá-los pela internet.Algumas obras são de escritores famosos, como o americano James Beard (1903-1985), também cozinheiro e apresentador, que foi uma das principais autoridades sobre a cozinha de seu país. Entre outras preciosidades está o livro sobre a mesa do Oriente Médio de Claudia Roden, autora nascida no Egito que se dedica à gastronomia há mais de 50 anos; e publicações de Madhur Jaffrey, atriz indiana que também escreveu sobre a cozinha de sua terra natal.Além do conhecimento sobre comida, a biblioteca oferece uma oportunidade de observar de perto o apetite incansável que Nina Horta tinha pela gastronomia, sempre presente nas suas colunas da Folha. Seu texto influenciou gerações com um estilo direto, simples, por vezes cômico e também erudito, ao falar de uma comida que não se resume às cozinhas.Ela recebeu o prêmio Jabuti de Gastronomia em 2016 com o livro "O Frango Ensopado da Minha Mãe" (ed. Companhia das Letras, 288 págs.), que reúne algumas de suas crônicas. Ela começou a escrever sobre gastronomia no jornal em 1987.Ao lado dos livros, o memorial instalado no Culinary Village também vai exibir o vigoroso fogão Viking, descrito em uma coluna de 2015 na Folha, junto dos armários de uma madeira já um tanto gasta da cozinha de 55 anos de Nina. Peças como um galo de cerâmica, uma panela de cobre e muitas louças, vindas de lugares como França, Alemanha, Japão e Inglaterra, também serão expostas e renovadas a cada três meses. Mais A ideia de remontar ali a cozinha de Nina partiu do chef francês Patrick Martin, que ajudou a implantar a Le Cordon Bleu no Brasil em 2018, quando foi ver ao vivo o acervo de obras da cronista, que ele não chegou a conhecer pessoalmente. "Quando fui até lá, vi livros por todos os lados e a cozinha da casa. Entendi que esse patrimônio era a oportunidade de uma vida", diz Martin.A inauguração do complexo marca um momento de crescimento da Le Cordon Bleu no Brasil, segundo Martin. O Culinary Village engloba coworking, um café que vai servir refeições e também uma cozinha que pode ser alugada por empresas para dinâmicas ou usada para desenvolvimento de produtos em conjunto com a rede de ensino francesa. Um exemplo desse trabalho é uma parceria com a Ofner, concretizado em uma linha de sobremesas, chocolates e um panetone, que serão lançados nos próximos meses.A instituição está expandindo seu curso de gastronomia de ensino superior, hoje disponível apenas em São Paulo, para Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Recife. Em novembro, vai publicar um livro sobre cozinha brasileira –uma dessas novidades que, provavelmente, estaria no radar curioso de Nina.Memorial Nina Horta R. Natingui, 862, 1° andar, Vila Madalena, região oeste. Seg. a sex., das 8h às 18h.
2023-09-18 09:00:00
comida
Comida
https://www1.folha.uol.com.br/comida/2023/09/le-cordon-bleu-de-sp-abre-biblioteca-com-livros-de-nina-horta-e-recria-sua-cozinha.shtml
Agentes da PRF pedem autocrítica após morte de Heloísa, mas rechaçam Gilmar por 'generalização'
Agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) começaram neste fim de semana a circular, em grupos de WhatsApp formados por integrantes da corporação, uma mensagem que pede "autocrítica" da instituição diante da morte da menina Heloisa dos Santos Silva e do caso Genivaldo Santos.Ao mesmo tempo, o texto também critica a fala do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes que, citando esses episódios, afirmou que o órgão "merece ter a sua existência repensada".A mensagem, a qual a Folha teve acesso, tem sido republicada nesses grupos após a declaração de Gilmar e vem recebendo manifestações de endosso dos participantes."É inegável que a instituição precisa de um exercício autocrítico para corrigir rotas", diz o texto, que depois critica o posicionamento de Gilmar e defende que os agentes da corporação não podem ser penalizados de forma generalizada por "episódios pontuais" ou de "responsabilidade de um gestor de outrora" —em referência ao governo de Jair Bolsonaro (PL).A declaração do ministro do STF aconteceu nas redes sociais neste sábado (16), após a morte da menina Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos. Ela foi baleada em uma ação da PRF.O magistrado também mencionou a morte de Genivaldo Santos, asfixiado em uma viatura da PRF, e a atuação da corporação durante o segundo turno das eleições do ano passado.Na ocasião, a PRF montou blitze em locais em que o presidente Lula (PT) tinha obtido mais votos no primeiro turno —na época, o chefe da corporação era Silvinei Vasques, indicado por Bolsonaro. No dia do segundo turno, Vasques publicou nas redes sociais uma mensagem pedindo voto para o ex-presidente, então candidato.Gilmar afirmou que, em casos de "violações estruturais", é necessário pensar em "medidas também estruturais"."Ontem, Genivaldo foi asfixiado numa viatura transformada em câmara de gás. Agora, a tragédia do dia recai na menina Heloisa Silva. Para além da responsabilização penal dos agentes envolvidos, há bem mais a ser feito. Um órgão policial que protagoniza episódios bárbaros como esses —e que, nas horas vagas, envolve-se com tentativas de golpes eleitorais—, merece ter a sua existência repensada", escreveu Gilmar na rede social X, antigo Twitter. Mais Heloísa foi baleada na nuca e no ombro durante uma ação da PRF no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.Quando foi atingida pelos disparos, ela estava com a família indo para casa, em Petrópolis, na região serrana.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou rede social para se manifestar sobre a morte da criança. No texto, disse que a pequena Heloisa foi atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. "Algo que não pode acontecer".A mensagem que circula entre agentes da PRF lembra que a instituição tem 95 anos de história e que nos dois casos, "cometeu dois erros graves, contra Genivaldo e Heloísa", episódios que devem ser apurados e dos quais os responsáveis devem ser punidos pelas "vidas perdidas e danos irreparáveis".O texto cita, entre aspas, a declaração de Gilmar, mas sem nomeá-lo —se refere apenas a um integrante do STF— e a classifica como "demagógica e leviana". Diz que é uma "generalização preconceituosa e estigmatizada" e que ofende os 13 mil agentes do órgão e também fere a "harmonia e independência" dos poderes."Em nome de uma caça às bruxas, de cunho político-ideológico, estão promovendo uma perversa inquisição contra servidores policiais que devotaram suas vidas a servir aos brasileiros e que em nada têm culpa de episódios pontuais, com Genivaldo e Heloísa, ou organizacionais, de responsabilidade de um gestor de outrora", acrescenta a mensagem.Esse trecho final é uma referência aos escândalos da corporação durante o governo Bolsonaro e durante a gestão Vasques, em particular as suspeitas de que a força tenha sido usada, durante o segundo turno, para impedir o voto de eleitores de Lula.
2023-09-18 09:17:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/agentes-da-prf-pedem-autocritica-apos-morte-de-heloisa-mas-rechacam-gilmar-por-generalizacao.shtml
Maior parte do financiamento climático no Brasil vai para agropecuária
Quando se fala em financiamento climático no Brasil, muito se comenta sobre investimentos estrangeiros, especialmente em relação ao que vai para florestas. Mas e se te dissessem que a maior parte do financiamento para o clima no país vem dos nossos próprios cofres, vai para a agropecuária e são recursos privados direcionados por políticas públicas?Essa é a foto revelada por um amplo levantamento, ao qual a Folha teve acesso com exclusividade. O estudo foi feito por pesquisadoras da CPI (Climate Policy Initiativ) da PUC-Rio.O levantamento leva em conta as finanças climáticas relacionados ao uso da terra. O foco nessa área não é gratuito. A maior fatia das emissões brasileiras (70%) de gases-estufa é proveniente de desmatamento (em especial da Amazônia) e de atividade agropecuária.A pesquisa mostra que, de 2015 a 2020, o financiamento climático ligado ao uso da terra ficou, em média, em R$ 25,1 bilhões anuais. Houve um salto do primeiro ano para 2020, porém, saindo de cerca de R$ 22 bilhões para R$ 36,5 bilhões.O crédito rural é parte da explicação para a concentração de dinheiro no setor agropecuário. Segundo o levantamento, que será divulgado nesta segunda-feira (18), cerca de dois terços do financiamento climático doméstico brasileiro —o equivalente R$ 15,9 bilhões anuais— são provenientes de recursos privados.O motivo disso é que instituições financeiras são obrigadas a direcionar verbas para o crédito rural."Não é que os agentes privados no Brasil estão voluntariamente destinando recursos. Temos uma política enorme de crédito rural", diz Priscila Souza, gerente sênior de avaliação de política pública do CPI/PUC-Rio, citando os mais de R$ 400 bilhões do último Plano Safra.Souza explica que parte dos recursos do Plano Safra vem diretamente do Tesouro, mas que outra grande parcela é derivada de direcionamento obrigatório de contas-correntes e poupanças de bancos.Segundo o estudo, do total do financiamento observado, 95% (R$ 23,8 bilhões por ano) vêm de fontes domésticas.Com isso, as pesquisadoras observaram que o setor agrícola foi o que abocanhou a maior parte do financiamento climático para uso da terra, na casa de pouco mais de R$ 15 bilhões por ano, ou 60% dos fluxos financeiros observados de 2015 a 2020. A pecuária, por sua vez, ficou com R$ 2 bi ao ano, e a bioenergia e os combustíveis com R$ 1,3 bi. Outros R$ 6,3 bilhões, ou 25%, foram para o setor de florestas.Ao falar de florestas e financiamento climático, muitos no Brasil já o associarão diretamente ao Fundo Amazônia.Dentro dos 5% de financiamento que vêm de fontes internacionais, o que é equivalente a cerca de R$ 1,3 bilhões ao ano, a maior parte tem origem em governos internacionais, seguida de perto por fundos climáticos, que dependem de doações.Nesse contexto, o Fundo Amazônia, que foi paralisado no governo Bolsonaro e retomado na gestão de Lula, é o maior fundo climático canalizador de recursos. Foram, em média, R$ 183 milhões direcionados por ano para projetos —cerca de 0,7% do financiamento climático total para uso da terra no país de 2015 a 2020. Mais De toda forma, o estudo observou que a principal fonte de recursos para o setor de florestas é o próprio orçamento público. Mas há um problema. Apesar da centralidade da questão das florestas para a ação climática nacional —afinal, sem controle do desmatamento, o país não será capaz de cumprir seus compromissos junto ao Acordo de Paris—, o financiamento médio anual para esse setor encolheu no período analisado."Esse assunto perde importância em termos do orçamento público dentro do governo ao longo do período [analisado]", afirma Joana Chiavari, diretora de pesquisa do CPI/PUC-Rio.Chiavari cita que tal financiamento, em parte, vai para orçamentos do Ibama, ICMBio e Funai, órgãos nacionais ligados diretamente ao combate ao desmatamento e à proteção de povos indígenas.Segundo a pesquisadora, o estudo ajuda a mostrar um ecossistema de financiamento bastante complexo no país, com grande diversidade de atores.Esse cenário fragmentado, dizem as autoras, exigiu um esforço de busca de diversas fontes de dados e de sistematização de critérios para conseguir enxergar o caminho do dinheiro, das suas fontes até o seu alinhamento final, ou não, com objetivos de mitigação e adaptação climáticos.Vale mencionar que, assim como apontam relatórios internacionais, no Brasil, uma fatia menor das verbas é direcionada para esforços de adaptação, ou seja, para ações que adequam o país às mudanças climática, como a construção de infraestrutura mais resistente a chuvas extremas. São somente 19% ao ano na categoria (há ainda fluxos que mesclam a mitigação de gases-estufa com medidas de adaptação, representando outros 13%).Em meio às diversas fontes, as pesquisadoras também observaram uma série de obstáculos, especialmente relacionados à transparência."Não há clareza e transparência em diversas bases de dados. Não há uma padronização", afirma Souza. "É preciso que haja uma preocupação de que se aumente a transparência e a contabilização do que efetivamente está sendo empregado e com que finalidade."Há alguns pontos, contudo, em que o país já evoluiu, como no crédito rural. As pesquisadoras destacam a suspensão de crédito para áreas embargadas na Amazônia. No atual Plano Safra, houve a expansão desse cancelamento para casos de embargo em qualquer bioma. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) também passou a frear crédito para propriedades com alertas de desmatamento."Se você começa a pensar, você fala: ‘pô, mas a política pública estava dando subsídio para quem estava atuando em área embargada?’, ressalta Souza.Para Chiavari, esses passos são fundamentais para, além de não favorecer atividades ilegais, ampliar a possibilidade de atração de financiamento internacional.
2023-09-18 08:00:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/09/maior-parte-do-financiamento-climatico-no-brasil-vai-para-agropecuaria.shtml
Exenciones fiscales beneficiaron a 1.112 empresas multadas por el Ibama
Los incentivos fiscales otorgados por el Gobierno Federal beneficiaron a 1.112 empresas que fueron multadas por el Ibama (Instituto Brasileño de Medio Ambiente y Recursos Naturales Renovables) en un período de diez años.Un análisis realizado por Folha con datos de la agencia tributaria de Brasil y del instituto ambiental muestra que estas empresas recibieron al menos 84,2 mil millones de reales en exenciones fiscales en 2021, la información más reciente disponible. Desde 2012, este grupo ha sido sancionado con al menos 2 mil millones de reales por el Ibama.Entre las empresas multadas que recibieron incentivos del Gobierno, las más beneficiadas son Petrobras y Vale.Los incentivos incluyen programas como Prouni, Sudam y Pronac, además de beneficios en impuestos que podrían ser eliminados por la Reforma Tributaria que se está debatiendo en el Congreso, como el IPI, PIS y Cofins.Aunque los datos se refieren a un solo año, estos beneficios son renovables y las empresas pueden recibirlos durante más tiempo. Se otorgan en base a al menos 11 programas gubernamentales.Traducido por AZAHARA MARTÍN ORTEGALea el artículo original
2023-09-18 06:37:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/internacional/es/economia/2023/09/exenciones-fiscales-beneficiaron-a-1112-empresas-multadas-por-el-ibama.shtml
Juíza condena laboratório que negou exame para rastrear câncer de próstata em mulher trans
A Justiça de Mato Grosso condenou um laboratório de exames diagnósticos a pagar indenização por danos morais, no valor de R$ 10 mil, por se negar a realizar exame para rastreamento de câncer de próstata em uma estudante transexual de 23 anos. A sentença considerou que o estabelecimento agiu de forma discriminatória. O laboratório nega.A estudante só conseguiu o exame depois de obter uma liminar, confirmada pela sentença proferida pela juíza Glenda Borges, do 4º Juizado Especial Cível de Cuiabá, na última quarta-feira (13). O processo corre em segredo de Justiça e cabe recurso.O laboratório alegou que o sistema eletrônico não autoriza a inserção do exame PSA para pessoas do sexo feminino e que não houve qualquer constrangimento durante o atendimento. Informou ainda que o serviço foi prestado com respeito, cordialidade, eficiência e sigilo no retorno da jovem à unidade. Esse segundo atendimento ocorreu no dia 17 de março, quando a estudante já havia obtido a liminar.A jovem buscou o laboratório pela primeira vez em 14 de fevereiro, com indicação médica e autorização de um plano de saúde, para realizar o exame destinado ao rastreamento de câncer de próstata.Porém, na ocasião a equipe teria informado que mulheres não podem realizar o procedimento —ela havia passado pela cirurgia de redesignação sexual 15 dias antes, no Rio de Janeiro.Depois de receber a negativa, ela afirmou que insistiu por uma explicação, mas foi questionada na frente de outras pessoas se realmente era uma mulher trans. Ela explicou que sim, que ainda possuía próstata e necessitava do exame com urgência para investigar um possível câncer.Momentos depois, a atendente compartilhou a informação com suas colegas de trabalho, e, aos poucos, o local se encheu de funcionários. "Eu caí no choro e, após longa espera e humilhação, fui informada pela gerente da unidade que não poderia fazer o exame", disse a jovem.A liminar classificou a conduta do estabelecimento como "abusiva" e, ao analisar o processo, a juíza entendeu que ficou comprovada a responsabilidade do laboratório. A magistrada destacou que a jovem, ainda que tenha passado por cirurgia de redesignação sexual, possui próstata e tem direito ao atendimento.Na decisão, ela também condenou a conduta do laboratório por ter alterado o sexo da jovem no sistema eletrônico para a realização do exame. Apesar de a certidão de nascimento dela apresentar sexo feminino, o estabelecimento teria colocado masculino, o que para a juíza configura uma conduta passível de danos morais, por violação à honra.O laboratório informou que o sexo biológico da autora não poderia ser alterado em seu sistema eletrônico, pois isso geraria impacto na análise por se tratar de um exame relacionado à próstata. Por isso, segundo o estabelecimento, deveria ser mantido o sexo biológico masculino separado do gênero feminino no cadastro da paciente. Mais "É uma forma de invisibilizar mais uma vez as pessoas trans. Neste caso, foi exame de PSA, mas poderia ter sido qualquer outro. Quando permite que seu sistema tenha essas limitações, o laboratório invisibiliza e discrimina", disse o advogado da estudante, Aguillar Augusto Pereira de Araújo, que moveu a ação juntamente com a defensora de direitos humanos Rafaela Crispim.Instituições de defesa e promoção dos direitos humanos, como a Aliança Nacional LGBT, a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) e a Defensoria Pública de Mato Grosso, repudiaram a conduta do laboratório e analisam ingressar com ação civil pública, para cobrar providências na esfera criminal.
2023-09-18 07:00:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/juiza-condena-laboratorio-que-negou-exame-para-rastrear-cancer-de-prostata-em-mulher-trans.shtml
A maternidade entrou em colapso?
A concepção da figura materna como um obstáculo social deixa rastros, sejam eles tangíveis ou representativos, ao longo do percurso. Essa é a temática central do "Manifesto Antimaternalista", o mais recente trabalho da psicanalista Vera Iaconelli, colunista da Folha e doutora em psicologia pela USP (Universidade de São Paulo).A idealização da maternidade nos últimos séculos resultou na popularização de expressões como "mãe só tem uma". É evidente que, em uma sociedade machista, essa responsabilidade não recairia sobre os homens, que eram livres para prosperar na sociedade.De acordo com a autora, essa ênfase na superioridade da mãe em relação a outros possíveis cuidadores é uma resposta às demandas do capitalismo. "As famílias burguesas começaram a se fechar, e, na divisão sexual do trabalho, as mulheres passaram a ser responsáveis exclusivamente pelos afazeres domésticos."Para analisar a maternidade do século 21 e contar mais sobre seu livro, a colunista Vera Iaconelli conversa com a apresentadora Isabella Faria no Como é que é? desta segunda (18), às 18h. Canal no Youtube publica análises, entrevistas e documentários Transmitido ao vivo direto da Redação da Folha, no centro de São Paulo, o programa da TV Folha vai ao ar de segunda a sexta-feira, pelos canais do jornal no YouTube, no Instagram, no Facebook e na Twitch.Depois da transmissão, a íntegra das conversas segue disponível no canal da TV Folha no YouTube e também em versão áudio nos principais agregadores de podcasts.Além do novo programa diário, a TV Folha publica no YouTube entrevistas, reportagens e minidocs sobre diferentes temas do noticiário.
2023-09-18 07:00:00
televisao
Televisão
https://www1.folha.uol.com.br/tv/2023/09/a-maternidade-entrou-em-colapso.shtml
Interior de São Paulo pode ter até 40ºC na última semana do inverno
Uma forte onda de calor deverá ser registrada em boa parte do país nesta semana, a última do inverno, com termômetros acima dos 30°C ou até na casa dos 40°C.Não há previsão de chuva para os próximos dias no estado de São Paulo.Segundo a Climatempo, a atuação de um bloqueio atmosférico vai impedir o avanço de frentes frias nos próximos dias, exceto no Rio Grande do Sul, que mais uma vez deverá ter uma semana chuvosa —o estado ainda se recupera dos últimos temporais."Com isso, a maior parte do país terá uma longa sequência de dias de sol forte e calor muito acima do normal para esta época do ano", afirma a agência.O calor será intenso, explica a Climatempo, sobretudo no interior de Santa Catarina, no estado do Paraná, no Sudeste, no Centro-Oeste, no Nordeste e também nos estados de Rondônia, Tocantins, em áreas do centro-sul do Pará e no centro-leste do Amazonas.Em seu site, a MetSul Meteorologia afirmou que as marcas esperadas entre esta semana e a próxima vão superar em muito os valores médios históricos de temperatura máxima nas cinco regiões do país.A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, afirmou à Folha que há a possibilidade de São Paulo registrar o dia mais quente do ano —o recorde atual de 2023 foi atingido na última quarta-feira (13), quando o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou 33,3°C no estação meteorológica instalada no mirante de Santana, na zona norte da capital paulista.Conforme o instituto, a temperatura deverá oscilar entre 19°C e 32°C na cidade de São Paulo nesta segunda-feira (18). Gradualmente, os termômetros sobem durante a semana e devem alcançar os 34°C já na quarta-feira (20).O inverno termina no próximo sábado (23), às 3h50 (horário de Brasília). É justamente no próximo fim de semana, afirma a Climatempo, que a capital paulista deverá ter seu pico de calor dos próximos dias.No interior de São Paulo, cidades das regiões oeste, noroeste e norte podem registrar vários dias com temperatura em torno de 40°C.No litoral norte de São Paulo, já nesta segunda-feira São Sebastião deverá ter máxima de 38°C no meio da tarde.Em Guarujá, na Baixada Santista, tanto nesta segunda quanto na terça (19), há tendência de o calor bater nos 34°C. Mais O CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo, alerta para os baixos índices de umidade.Na tarde deste domingo (17), por exemplo, a umidade relativa do ar estava, em média, em 25% na cidade —a OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que a índice inferior a 60% é prejudicial à saúde.O órgão municipal também alerta que essas condições meteorológicas dificultam a dispersão de poluentes, além de favorecer a formação e propagação de queimadas, o que prejudica a qualidade do ar.
2023-09-18 04:00:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/semana-quente-tem-promessa-de-recorde-de-calor-no-ano.shtml
Como o Darwinismo pode mudar tratamentos contra câncer e superbactérias
Quando tinha 20 anos de idade, Randolph Nesse estava intrigado com os motivos que nos fazem envelhecer.Ele não conseguia entender por que a seleção natural não erradicou o envelhecimento. Nesse passou meses estudando teorias que pudessem explicar o fenômeno, sem conseguir resolver o quebra-cabeça.Mas as divagações da sua mente curiosa depositaram as sementes de uma forma inteiramente nova de pensar na medicina.Foi preciso que alguns anos se passassem até que seus amigos do museu de história natural indicassem a Nesse a teoria de que o envelhecimento é simplesmente um efeito colateral da pressão evolutiva, que seleciona alguns genes em vez de outros. E, se uma condição se manifestar apenas depois que um organismo superar o auge da sua reprodução, não haverá pressão seletiva para evitar que ela seja transmitida para as gerações seguintes.Como médico, Nesse percebeu que, apesar de compreender como essas forças podem modelar as espécies, ele não fazia ideia de como funciona a seleção natural dentro do corpo humano."Aprendi metade da biologia. Ninguém nunca havia falado sobre a importância da biologia evolutiva [na medicina]", ele conta. "Comecei imediatamente a me perguntar se haveria explicações similares para os genes que causam as doenças."Hoje, Nesse é considerado o pai da medicina evolutiva, também conhecida como medicina darwiniana - uma disciplina relativamente nova e em crescimento, que aplica a teoria da evolução a questões sobre a saúde e as doenças humanas.Enquanto a maioria das pesquisas médicas modernas concentra-se nas causas físicas e moleculares das doenças, a medicina evolutiva tenta entender, em primeiro lugar, por que podemos ter evoluído para sermos susceptíveis às condições e como podemos usar a evolução para combatê-las."Aqui, estamos lidando com uma ciência básica totalmente nova que não foi aplicada à medicina", explica Nesse.Mudar por completo o nosso entendimento sobre o que é o corpo humano e como ele funciona é uma tarefa gigantesca. Mesmo assim, cada vez mais cientistas estão tentando aplicar o pensamento evolutivo para fazer avançar a medicina.Este trabalho já está começando a mudar nosso conhecimento sobre o desenvolvimento do câncer e das doenças autoimunes. E também está revelando novas estratégias para lidar com as adversidades da assistência médica, como a resistência antimicrobiana."Fico surpreso ao ver que houve tantas implicações práticas em tão pouco tempo", afirma Nesse.O câncer é uma demonstração do processo evolutivo em um microcosmo. Ele é formado por aglomerados de células em concorrência e cooperação contínua entre si, de formas que ajudam o tumor a crescer e florescer.Um estudo recente destacou a capacidade "infinita" das células cancerosas de evoluir e sobreviver.Quando um paciente recebe terapia medicamentosa, por exemplo, surge uma nova pressão seletiva que elimina as células mais vulneráveis ao tratamento. Mas as células menos vulneráveis, ou até imunes aos efeitos daquela terapia, sobrevivem e transmitem suas características genéticas para os seus descendentes.É por isso que as terapias contra o câncer - mesmo as altamente bem sucedidas - deixarão de funcionar em muitos pacientes em algum momento, já que as células cancerosas desenvolvem resistência ao tratamento e sua população irá crescer de forma descontrolada."Pode-se afirmar que esta é a causa imediata da morte da maioria dos pacientes", segundo Robert Gatenby, um dos diretores do Centro de Excelência de Terapia Evolutiva do Moffitt Cancer Center, na Flórida (Estados Unidos).E, utilizando o pensamento evolutivo, o laboratório de Gatenby está desenvolvendo duas estratégias diferentes para combater o câncer: a terapia adaptativa e a terapia de extinção.A terapia adaptativa pretende controlar a propagação do câncer, em vez de tentar eliminá-lo completamente.O princípio do tratamento do câncer nos últimos 50 anos é a aplicação da mesma medicação, ou de uma combinação de medicamentos, em ciclos, até que haja claras evidências da progressão do tumor (quando o tumor começa a crescer de forma descontrolada) ou do excesso de toxicidade, segundo Gatenby. Este momento, normalmente, fica muito além do ponto de reação máxima do tratamento.Para Gatenby, isso é "inútil", pois a maior parte das células remanescentes é resistente à droga. Por isso, ao prosseguir com a mesma terapia, o oncologista oferece a estas células a oportunidade de proliferar-se, de forma que sua população fique maior e mais diversificada.Já sua teoria de terapia adaptativa pretende ajustar a dosagem dos medicamentos para que o tratamento seja personalizado - apenas o suficiente para reduzir o tumor e mantê-lo com o menor tamanho possível, sem eliminar totalmente a população sensível. E, em seguida, a terapia é suspensa.Este procedimento permite que as células sensíveis ao tratamento continuem a disputar o espaço dentro do tumor, evitando que outras células, resistentes à medicação, tornem-se dominantes devido à vantagem adaptativa."Como não podemos controlar as células tumorais que são resistentes à terapia, precisamos fazer com que as células sensíveis ao tratamento trabalhem para nós", afirma Gatenby. Ele vem desenvolvendo esta ideia desde sua primeira publicação sobre o assunto, em 1991."Você pode simplesmente continuar o tratamento em ciclos e seguir reduzindo, deixando crescer, reduzindo e deixando crescer". Para ele, a esperança é que os médicos consigam manter os pacientes vivos por um longo período, sem que precisem sofrer os efeitos colaterais do tratamento em cerca da metade desse tempo.Seu grupo de pesquisa, considerado o mais avançado neste campo, já demonstrou que esta técnica funciona em um pequeno teste piloto entre pacientes com câncer da próstata.Os pacientes que passaram pela terapia adaptativa receberam a metade da dose normal de um medicamento quimioterápico ao longo do teste e passaram 46% do tempo sem receber medicação.O tempo desde o início da terapia até o momento em que o câncer parou de reagir ao tratamento foi 19 meses maior no grupo que recebeu esta terapia adaptativa, em comparação com os que receberam quimioterapia padrão. E os pacientes que receberam a terapia adaptativa também tiveram sobrevivência geral 2,26 anos maior do que com o tratamento padrão."Como esses pacientes receberam apenas cerca da metade da droga que teriam recebido com outro tratamento, o custo anual da sua terapia também foi US$ 70 mil [cerca de R$ 340 mil] menor por paciente", afirma Gatenby.Na terapia de extinção, Gatenby pretende dar mais um passo adiante. Ele quer usar o que sabemos sobre a extinção das espécies animais para projetar terapias curativas que causem a extinção de populações cancerosas.A ideia seria não esperar pelo novo crescimento do tumor após a aplicação da terapia inicial, mas sim atingir o tumor com uma terapia totalmente diferente antes que ele possa se recuperar - pegando as células tumorais de surpresa com um ciclo rápido de uma medicação diferente, durante o pico da sua reação ao primeiro tratamento.Mas, até agora, foi apenas publicado um modelo matemático explorando esta ideia, embora a equipe de Gatenby tenha proposto testes clínicos usando a terapia de extinção contra câncer do pâncreas e câncer de mama.Na verdade, a grande questão ainda é como esta espécie de pesquisa irá sair dos testes clínicos, se for bem sucedida, para a aceitação no mundo real, segundo Michael E. Hochberg, renomado diretor de pesquisa do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da Universidade de Montpellier, na França."A parte principal do quebra-cabeça é transformar isso em medicina", afirma Hochberg. "Qual é o seu uso realista, em termos de utilidade?"Para ele, a medicina evolutiva talvez seja, realmente, a perspectiva científica mais provável para lidar com grandes questões como estas, mas os médicos ainda precisam tratar pacientes todos os dias com soluções conhecidas, melhores práticas testadas e comprovadas, e com pouco lugar para hipóteses."Eles têm a obrigação de 'antes de tudo, não prejudicar'", afirma Hochberg - e, no momento, estas descobertas ainda são preliminares."Acho que esta talvez seja a maior crítica não declarada a este respeito", segundo ele. "Algum dia, isso irá ver a luz do dia?"A medicina evolutiva também é aplicada na busca por uma solução para um dos problemas que crescem mais rapidamente no mundo atual: a resistência antimicrobiana.À medida que a medicina moderna desenvolveu poderosos antibióticos para eliminar bactérias prejudiciais que infectam os seres humanos e causam doenças, o seu uso indiscriminado também fez, inadvertidamente, com que as bactérias evoluíssem, criando resistência a esses medicamentos por meio da seleção natural.Estima-se que as bactérias com resistência antimicrobiana tenham causado mais mortes do que o HIV/AIDS ou malária em 2019, somando mais de 1,2 milhão de vítimas fatais.Atualmente, os médicos combatem as doenças causadas por bactérias com resistência a antibióticos substituindo os medicamentos por outros, na esperança de poder vencer as defesas bacterianas contra outras drogas.Mas esta prática traz o risco de fazer avançar o risco de resistência, em vez de interrompê-lo. Na verdade, as bactérias estão evoluindo para se tornarem geneticamente cada vez mais resistentes aos medicamentos.As bactérias também desenvolvem resistência de diversas formas, desde a troca de material genético até o acúmulo de mutações aleatórias. Por isso, os cientistas evolutivos estão testando diversas abordagens diferentes para interromper esses processos."Se quisermos solucionar este problema, precisamos compreender a evolução e, então, ir atrás dos pontos fracos", segundo Andrew Read, diretor do Instituto Huck de Ciências da Vida da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A equipe de Read está desenvolvendo "drogas antiantibióticos" para ajudar a controlar o avanço da resistência antimicrobiana em locais onde os medicamentos podem prejudicar mais do que beneficiar os pacientes.Nos hospitais, a resistência antimicrobiana normalmente surge porque alguns dos antibióticos fortes administrados por via intravenosa - cerca de 5-10%, segundo Read - chegam ao aparelho digestivo dos pacientes.Ali, eles encontram uma enorme comunidade de micróbios, causando alterações prejudiciais para o equilíbrio daquela comunidade e deixando alguns que adquiriram resistência ao antibiótico. É o que ocorre no caso de doenças como Clostridium difficile (C. diff), uma bactéria que infecciona o intestino de pacientes tratados com antibióticos por alguma outra razão.Se os pacientes puderem tomar "antiantibióticos" que anulem o efeito dos medicamentos depois que eles atingirem o intestino, a probabilidade de desenvolvimento de resistência pelas bactérias será reduzida. As drogas de desativação propriamente ditas não fazem nada clinicamente, mas impedem a ação do medicamento no intestino."O que eu gosto nesta técnica é que o mecanismo de resistência realmente não importa", explica Read. "Não importa se existe resistência ali. Não importa se e como ela foi adquirida, ela simplesmente elimina a força que faz aumentar a resistência da população."Seu laboratório já demonstrou que este mecanismo funciona bem em camundongos para evitar a difusão da superbactéria Enterococcus faecium após tratamento com antibióticos.Outros pesquisadores conseguiram demonstrar que alguns compostos, como um adsorvente à base de carvão ou uma enzima chamada ribaxamase, podem ajudar a evitar a disseminação de C. diff em camundongos com a mesma técnica.Mas esta é uma solução geral que não inibe a resistência se as bactérias encontrarem os medicamentos.Uma razão da dificuldade para combater a resistência bacteriana é o fato de que ela não aparece simplesmente pela via evolutiva típica, regida pelo acaso - quando uma mutação qualquer faz com que algumas bactérias fiquem mais fortes e consigam resistir aos medicamentos.Ela também acontece graças à transferência horizontal de genes, que faz com que fragmentos circulares de DNA conhecidos como plasmídeos possam ser transmitidos diretamente de uma bactéria para outra.Já se descobriu que este processo acontece tanto na mesma espécie de bactéria, quanto entre espécies diferentes, o que permite que as mutações que geram resistência a drogas se disseminem com muito mais rapidez.O grupo de pesquisa da professora Anne Farewell na Universidade de Gotemburgo, na Suécia, está tentando reduzir a velocidade de um dos mecanismos utilizados pelas bactérias para compartilhar DNA horizontalmente, conhecido como "conjugação".A conjugação é uma espécie de sexo entre as bactérias. Nela, as células entram em contato direto entre si, muitas vezes por meio de um tubo que corre entre elas."Sei que não conseguimos vencê-las", afirma Farewell, que leciona biologia molecular. "Mas a nossa ideia é que, em vez de um antibiótico ser útil por 20 anos, talvez ele mantenha sua utilidade por 40 ou 50 anos."A professora está selecionando grandes variedades de micróbios para indicar exatamente quais pares de espécies bacterianas podem se misturar e combinar-se por meio de conjugação. Ela também está pesquisando se existem condições ambientais específicas - como pesticidas ou contaminação por metais pesados - que facilitam ou dificultam a conjugação entre essas bactérias.Suas pesquisas já demonstraram que Escherichia coli - uma bactéria comum que pode causar intoxicação alimentar e uma ampla variedade de outras infecções - pode ter sua conjugação bloqueada se entrar em contato com cobre, que reduz sua capacidade de conjugar-se em quase 100 vezes.Pesquisas anteriores também sugerem que uma certa classe de ácidos graxos sintéticos pode inibir a conjugação, da mesma forma que o óleo essencial de sálvia.E estudos encontraram as mesmas propriedades anticonjugação em isotiocianato de benzila, um composto antimicrobiano encontrado em plantas da família da mostarda, bem como nos ácidos tanzawaicos, que são substâncias de ocorrência natural."Entender quais moléculas impedem a conjugação poderá ajudar a desenvolver 'drogas anticonjugação' que sejam eficazes", segundo Farewell, "mas as pesquisas neste campo ainda são preliminares e existem também muitas outras formas de compartilhamento de DNA entre as bactérias que não serão afetadas por esta técnica."A professora explica que as bactérias são incrivelmente astutas. "Não acho que haverá uma [única] solução. Haverá diversas técnicas."Embora os campos da pesquisa do câncer e da resistência bacteriana sejam os mais avançados da medicina evolutiva, ainda existe um longo caminho pela frente.Os críticos defendem que, mesmo conhecendo mais sobre a teoria da medicina evolutiva, não está claro até que ponto este novo conhecimento pode ser utilizado na prática."O problema, na minha opinião pessoal, é o entusiasmo desmedido a este respeito", afirma Michael Hochberg. Ele é o autor de um recente comentário sobre a medicina evolutiva, publicado na revista científica Frontiers."Raramente observei conversas que realmente se dedicassem à questão da logística, dos lucros e de outras questões sobre a transferência do laboratório para a clínica", explica ele. "É uma caixa de Pandora, totalmente diferente."E existem também os atritos intelectuais.Os acadêmicos darwinianos podem estar muito entusiasmados, mas os que recebem estas novas teorias tendem a ser mais céticos. A medicina evolutiva sozinha não pode curar a todos - ela é uma forma de abordagem dos problemas da medicina."A medicina é praticada por pessoas que, tipicamente, não receberam formação em nada que tenha relação com a biologia evolutiva", afirma o biólogo evolutivo Bernard Crespi, da Universidade Simon Fraser, no Canadá. Ele também escreveu recentemente sobre as limitações da medicina evolutiva.Para Crespi, "o principal desafio é estabelecer uma ponte entre os acadêmicos, a formação dos médicos e sua mentalidade no contexto da instituição médica das grandes companhias farmacêuticas como um todo".Robert Gatenby acredita que as técnicas de terapia adaptativa em câncer, por exemplo, exigirão que mudemos nossa forma de pensar nessas doenças - abandonando, por exemplo, grande parte da nossa terminologia de guerra, como "batalha" e "luta" para "destruir" o câncer, e pensando mais em gestão da doença. Será preciso muito trabalho de convencimento, segundo Gatenby.A forma em que a medicina evolutiva irá encontrar um caminho para colaborar com a indústria farmacêutica ainda é uma grande interrogação. Mas Nesse - que deu início a todo este processo - afirma que a medicina evolutiva ainda tem o poder de oferecer novas questões e respostas sobre as doenças."Você pode achar que fico meio exaltado com isso porque é ridículo", afirma ele. "Existe um fosso entre a biologia evolutiva e a medicina, que está realmente prejudicando a saúde humana.""O processo é lento, mas a ciência sempre vence."Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.
2023-09-18 07:22:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/09/como-o-darwinismo-pode-mudar-tratamentos-contra-cancer-e-superbacterias.shtml
Reforma Tributária traz avanços ambientais, mas são insuficientes, afirmam especialistas
A Reforma Tributária aprovada na Câmara dos Deputados propõe avanços na preservação do meio ambiente, mas ainda demanda melhorias e regulamentação, apontam especialistas e integrantes de organizações que acompanham o tema.O texto deixa uma série de brechas para que empresas que desmatam e poluem recebam isenções fiscais sem levar em conta esse critério, segundo os especialistas. Para eles, a proposta não traz mecanismos para taxar atividades de alto impacto, como combustíveis fósseis, nem prevê benefícios para as de baixo impacto.Uma das preocupações apontadas por ambientalistas durante a tramitação do texto na Câmara era garantir a correta tributação dessas companhias. Eles dizem ter havido alguma evolução com a criação de um imposto seletivo.Esse tributo prevê a taxação da produção, comercialização ou importação de produtos que são nocivos à saúde e ao meio ambiente. Ele substituirá parte da arrecadação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).O problema é que, de última hora, foram incluídas exceções à regra que podem livrar de tributação, por exemplo, companhias ligadas à agropecuária, que produzem agrotóxicos.As exceções preveem que determinados produtos terão isenções nas cobranças de alíquotas entre 100% e 60%.Um trecho do texto prevê essa ressalva a "insumos agropecuários e aquícolas, alimentos destinados ao consumo humano e produtos de higiene pessoal". Para ambientalistas, isso pode abrir brecha para que empresas que produzem agrotóxicos sejam beneficiadas.Em outra frente, representantes desses setores também atuaram para garantir que houvesse uma revisão na forma de concessão dos benefícios tributários. A Folha mostrou que 1.112 empresas multadas em R$ 2 bilhões pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) nos últimos dez anos receberam isenções de R$ 84,2 bilhões só em 2021.Quase 400 empresas foram contempladas com R$ 12 bilhões em isenções de PIS e Cofins, tributos que deverão ser extintos pela reforma.A maior parte dos benefícios se refere a isenções no Imposto de Renda, que será alvo de uma próxima etapa de reforma tributária, segundo o ministro Fernando Haddad (Fazenda).Especialistas apontam que ainda não está claro como serão os benefícios ligados ao IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que substituirá o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).O texto aprovado pelos deputados em 7 de julho incluiu o meio ambiente em ao menos quatro passagens. Um deles o coloca como diretriz das mudanças relacionadas aos impostos de forma genérica."O Sistema Tributário Nacional deve observar os princípios da simplicidade, da transparência, da justiça tributária e do equilíbrio e da defesa do meio ambiente", diz o texto.Outro trecho da reforma prevê que a concessão dos incentivos tributários "considerará critérios de preservação do meio ambiente".O tópico pode provocar alteração de benefícios como os concedidos pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e pela Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), mas a regulamentação do tema ficou para um segundo momento, por meio de lei complementar. Mais Especialistas avaliam que esses incentivos são considerados prioritários por empresários e por parlamentares e vêm sendo renovados desde 2001.O Manifesto pela Reforma Tributária 3S (Saudável, Sustentável e Solidária), assinado por uma série de entidades, entre elas o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) e a Oxfam (confederação que reúne 19 organizações no mundo e atua em projetos de combate à pobreza), avalia que houve avanços com a Reforma Tributária, mas aponta lacunas no texto aprovado pelos deputados. A reforma encontra-se agora em tramitação no Senado.O manifesto considera que a exceção incluída pela Câmara "é uma brecha para que produtos ultraprocessados e agrotóxicos, por exemplo, escapem de tributação específica que visa, justamente, à redução de seu consumo"."O imposto seletivo é uma vitória. Produtos que trazem impactos ao meio ambiente vão ter uma taxação maior. Agora, como tudo ficou para ser discutido depois [na lei complementar], é uma questão complicada", afirma Lívia Gerbase, assessora política do Inesc.Lívia diz que o ideal seria que os combustíveis fósseis entrassem na lista de produtos que podem ter uma tributação maior, mas admite que será uma tarefa árdua fazer com que isso ocorra no Senado.Além da necessidade de que o imposto seja regulamentado via projeto de lei complementar, Lívia ainda aponta que, da forma como está a redação do texto, nada impede que uma empresa seja taxada pelo imposto seletivo e receba isenções fiscais —o que, para ela, é uma contradição."Queremos que produtos que estão na lista do imposto seletivo não possam entrar na lista do incentivo fiscal." Mais Levantamento feito pelo Inesc mostra que 75% dos benefícios fiscais têm prazo indeterminado, isto é, ficam décadas no Orçamento da União."A gente precisaria ter um processo de gestão desses incentivos fiscais mais amplo e consolidado e que leve a uma revisão. Ou seja, um prazo máximo de cinco anos para cada incentivo e que, para você conseguir renovar, vai ter de passar por esse processo de novo no Congresso. Para essas revisões, você poderia colocar critérios ambientais, que é o que a gente está querendo."A Reforma Tributária também cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional e prevê que os estados e o Distrito Federal priorizem "projetos que prevejam ações de preservação do meio ambiente" na aplicação dos recursos.As organizações que assinam o manifesto Sistema 3S afirmam que buscarão mudanças no Senado. "Persistiremos para que o Senado revise as lacunas", diz o posicionamento.A nota ainda afirma que causa "espanto" a ausência de menção "à mudança climática ou à necessária redução de emissões de gases de efeito estufa, em confronto direto à Política Nacional sobre Mudança do Clima, que determina a inclusão do tema no sistema tributário."Uma nota técnica elaborada pelo Inesc e pela Oxfam Brasil aponta que o texto não responde à questão sobre como assegurar a revisão adequada dos incentivos fiscais. "O texto do substitutivo não responde a essa questão e torna o critério eleito para indicar o rol dos produtos sujeitos à redução de alíquota bastante nebuloso", diz a nota, produzida pela advogada tributarista Tathiane Piscitelli.
2023-09-18 04:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/reforma-tributaria-traz-avancos-ambientais-mas-sao-insuficientes-afirmam-especialistas.shtml
Bancos retomam consignado do BPC; confira taxa de juros
Ao menos cinco bancos no país começaram a oferecer o crédito consignado do BPC (Benefício de Prestação Continuada) após o STF (Supremo Tribunal Federal) julgar o tema e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) publicar as regras da medida. Dois deles se preparam para retomar a linha e uma instituição diz avaliar a liberação.O empréstimo para quem recebe renda assistencial de um salário mínimo —hoje em R$ 1.320— foi considerado constitucional pelo Supremo em julgamento que terminou na segunda-feira (11).Dentre os bancos que já voltaram a oferecer estão Banco do Brasil, Mercantil, C6, Bradesco e Itaú Unibanco. Caixa Econômica Federal diz que iniciou as adequações necessárias para a retomada, PagBank afirma estar se preparando e Banrisul está avaliando. BMG e Nubank disseram que não participariam da reportagem. Os demais não responderam.O consignado é um empréstimo com desconto direto no benefício. Pelas regras, o segurado pode comprometer até 30% da renda com empréstimo pessoal e mais 5% com o cartão de crédito, cartão de benefício ou saque.Os juros são controlados pela Previdência Social, por meio do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) e, nesta modalidade, valem as regras aprovadas para aposentados e pensionistas.O empréstimo pode ser feito em até 84 parcelas, o que dá sete anos. As taxas máximas são de 1,91% ao mês para o empréstimo pessoal consignado e de 2,83% ao mês para o cartão.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Os bancos têm liberdade para escolher se querem ou não operar o empréstimo, e podem passar a oferecer ou deixar de ofertar conforme julgarem conveniente. Os juros podem ser menores do que os definidos pela Previdência, mas não maiores.Para especialistas, a liberação deste tipo de crédito é preocupante, por um lado, por se tratar de uma parcela vulnerável financeiramente, já que o BPC é um benefício ligado à Loas (Lei Orgânica da Assistência Social). Por outro lado, é uma forma de incluir essa população no acesso a um crédito que é controlado e tem regras que visam limitar o endividamento.Tem direito ao BPC idosos a partir de 65 anos e pessoas com deficiência que façam parte de família com renda per capita (por pessoa da família) de até um quarto do salário mínimo, o que dá R$ 330 neste ano. Não é preciso ter contribuído com o INSS para conseguir o benefício. Diferentemente de aposentadoria, pensão e auxílios, os beneficiários não recebem 13º.Os juros ofertados pelos bancos variam de 1,70% ao mês a 1,91% ao mês para o empréstimo pessoal. No caso do cartão, são de 2,83%. O máximo que pode ser comprometido com o empréstimo pessoal por mês é R$ 396. O Itaú Unibanco oferece crédito com parcela mínima a partir de R$ 150.*O banco público ainda se prepara para retomar a linha de crédito, mas deverá oferecer as mesmas condições que há hoje para aposentados e pensionistasCíntia Senna, sócia-executiva da Dsop, organização com foco em educação financeira, afirma que qualquer oferta de crédito deve ser analisada com muito cuidado, porque, ao fazer a contratação, o beneficiário vai comprometer a renda por muitos meses."Para que eu possa acessar um empréstimo, preciso pensar que ele vai ter que ser pago com juros e correção. No caso do BPC, é preciso lembrar ainda que já vou receber o meu benefício com essa prestação descontada. A atenção primária é saber que, nos próximos meses, vou ter que conviver com renda menor", afirma.Outro problema, segundo Cíntia, é o fato de que o BPC é um benefício que não é vitalício, ou seja, pode ser cortado caso o cidadão melhore sua condição e fique fora das regras de pagamento. Por isso, quem vai tomar o empréstimo para empreender precisa se organizar para conseguir, de fato, gerar renda suficiente para se manter caso entre na linha de corte do benefício."É preciso ver qual será o destino [do valor emprestado]. Vai me trazer renda ou vai me gerar mais custo? Esse é um detalhe importante a se observar, não só para quem tem o BPC e faz empréstimo, mas para a população como um todo." Mais A educadora financeira também diz que é preciso ficar atento ao assédio de bancos e financeiras ou mesmo a golpes, porque o beneficiário acaba ficando mais suscetível a quem comete crimes financeiros. A principal dica é nunca assinar nenhum documento sem saber do que se trata e ter cuidados redobrados ao fechar um empréstimo a distância, por internet, telefone ou caixa eletrônico, porque pode ser tratar de fraude.A pedido da Folha, Cíntia e Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), fizeram simulações de empréstimo, conforme as regras oferecidas pelos bancos. Veja:1 - Empréstimo com taxa de juros de 1,91% ao mês, com prazo de 84 meses2 - Empréstimo com taxa de juros de 1,70% ao mês, com prazo de 84 meses3 - Empréstimo mínimo de R$ 150, com juros de 1,91% e prazo de 84 meses4 - Empréstimo mínimo de R$ 150, com juros de 1,70% e prazo de 84 mesesAs simulações não consideram a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nem as taxas de contratação, que podem variar de banco para bancoDe acordo com o INSS, há hoje 5,5 milhões de cidadãos recebendo o BPC. Do total, 1,7 milhão já tem ao menos um contrato de empréstimo consignado ativo. Isso porque a medida havia sido liberada no ano passado e, depois, perdeu a validade. Dos segurados que têm empréstimo, o valor médio descontado, diz o órgão, é de R$ 434,97 atualmente.O Banco do Brasil informa que retomou as contratações da linha de empréstimo consignado para quem recebe o BPC no dia 14 de setembro, após o INSS publicar a instrução normativa com as novas regras de contratação. O BB opera no convênio do INSS com taxas que variam de 1,76% a 1,89% ao mês e com o prazo de até 84 meses.O Banco Mercantil afirma que oferece o crédito consignado para beneficiários do BPC, seguindo os normativos do INSS, com taxa de juros de 1,91% e o máximo de parcelas é 84. O Mercantil também oferece o cartão consignado com juros de 2,83% ao mês.O PagBank informa que já possui uma carteira deste benefício desde o ano passado e manteve os clientes quando as operações foram interrompidas. Agora, o banco se prepara para retomar o empréstimo, conforme as regras. Os juros são de 1,70% ao mês e 20,4% ao ano, para o empréstimo pessoal consignado. O PagBank não trabalha com o cartão consignado. Mais O C6 Bank diz que ofereceu crédito consignado para beneficiários do BCP até o ano passado, quando essa modalidade foi suspensa, e retomou a oferta a partir da publicação da instrução normativa do INSS, feita na quarta-feira (13), cumprindo as taxas definidas pelo governo. As taxas máximas são de 1,91% para operações INSS e o prazo máximo é de até 84 meses.O Bradesco iniciou os empréstimos consignados para beneficiários do BPC nesta sexta (15). O banco não informou, no entanto, quais as taxas de juros cobradas e se oferece ou não o cartão consignado. Em geral, os juros variam conforme o relacionamento do cliente com a instituição.O Itaú Unibanco diz que oferecer apenas o crédito pessoal consignado, com taxa de juros de 1,91% ao mês, com prazo de até 84 meses. A prestação mínima é de R$ 150. Para contratar, o segurado deve apresentar documento de identificação, formalização do contrato e autorização para consulta de dados na Dataprev (empresa de tecnologia do governo federal). A contratação pode ser feita por celular, caixa eletrônico, nas agências ou por meio de correspondente bancário certificado.A Caixa informa que após as normas publicadas pelo INSS, o banco iniciou as adequações necessárias para a retomada da oferta do crédito para beneficiários do BPC. "Para o crédito consignado, a princípio, as condições de oferta do produto serão as mesmas adotadas para os demais beneficiários do INSS, com taxa de juros a partir de 1,70%." Segundo banco, o cartão consignado INSS encontra-se suspenso.O Banrisul informa que está avaliando a modalidade de crédito, mas inicialmente não vai operar. O BMG e o Nubank disseram que não iriam participar da reportagem. Os demais não responderam.
2023-09-18 04:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/bancos-retomam-consignado-do-bpc-confira-taxa-de-juros.shtml
Podcast: como disputa na esquerda realçada por críticas a Duvivier impacta o governo
Um aspecto da discussão sobre a sucessão de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal extrapola os mundos jurídico e partidário e realça fraturas mais amplas na esquerda. Lula (PT) tem sido pressionado por grupos da sociedade civil a indicar uma mulher negra para a corte —numa campanha que envolve hashtags, um curta-metragem e ações fora do país.O tema virou ponto de tensão até entre grupos que apoiam o governo. De um lado, os que enfatizam a importância de ampliar a diversidade no Supremo. De outro, quem defende que Lula priorize a escolha de alguém de confiança —como o ex-advogado dele Cristiano Zanin, nomeado em junho.O embate reflete uma divisão na esquerda que não é nova nem exclusiva do Brasil, mas que voltou a aflorar. O campo político abarca dois grupos que se unem em uma série de pautas-chave, mas que por vezes veem suas prioridades se chocarem: a parte que se caracteriza por priorizar a defesa de pautas econômicas e a que se identifica com a defesa de direitos de mulheres, negros, populações originárias e LGBTQIA+, e do meio ambiente.No governo Lula, o debate entre essas duas frentes apareceu também em outras decisões, como a discussão de projetos da Fazenda, a força política das pautas ambientais e a recente reforma ministerial.O Café da Manhã desta segunda-feira (18) discute as origens históricas da divisão nas esquerdas e analisa como essa disputa no Brasil hoje impacta o governo. O podcast entrevista o colunista da Folha Celso Rocha de Barros, autor do livro "PT, uma História".O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Gustavo Simon, com produção de Carolina Moraes, Laila Mouallem e Victor Lacombe. A edição de som é de Thomé Granemann.
2023-09-18 05:00:00
podcasts
Podcasts
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2023/09/podcast-como-disputa-na-esquerda-realcada-por-criticas-a-duvivier-impacta-o-governo.shtml
Ucrânia recaptura vila estratégica no leste, diz Zelenski
O presidente Volodimir Zelenski disse neste domingo (17) que suas forças recapturaram uma vila no leste do país, perto de Bakhmut. Se confirmada, Trata-se de uma conquista significativa para a Ucrânia, em sua contraofensiva exaustiva contra o exército russo."Hoje eu gostaria de elogiar especialmente os soldados que, passo a passo, estão devolvendo à Ucrânia o que lhe pertence, ou seja, a área de Bakhmut", disse Zelenski em pronunciamento.A disputa pela vila de Klischiivka, localizada a cerca de 9 km ao sul de Bakhmut, durou semanas e ocorreu após Kiev afirmar na sexta-feira (15) que havia assumido o controle de uma pequena vila próxima chamada Andriivka.Essas conquistas têm sido algumas das mais significativas na contraofensiva da Ucrânia, que começou em junho e tem enfrentado dificuldades para romper as linhas russas fortificadas.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Oleksandr Sirskii, comandante das forças terrestres da Ucrânia, que também está no controle operacional da contraofensiva, postou um vídeo das forças ucranianas exibindo a bandeira nacional próximo a prédios destruídos com o som de combates ao fundo."Klischiivka foi libertada dos russos", disse Sirskii, que frequentemente visita a linha de frente de Bakhmut para elaborar estratégias e aumentar a moral das tropas, no aplicativo de mensagens Telegram.Não houve comentários oficiais de Moscou. No domingo, o Ministério da Defesa da Rússia disse em seu comunicado diário que suas forças continuaram seus ataques perto de Klischiivka, que tinha uma população pré-guerra de cerca de 400 pessoas.Analistas militares ucranianos disseram nesta semana que a libertação dos assentamentos perto de Bakhmut permitiria que o Exército avançasse pelo sul de Bakhmut."A Ucrânia sempre dá o troco", escreveu o chefe de gabinete de Zelenski, Andrii Iermak, no Telegram. Mais Zelenski agradeceu às unidades bem-sucedidas, que ele disse serem a 80ª brigada de assalto aéreo, a 5ª brigada de assalto, a "gloriosa 95ª" e uma brigada de assalto da polícia nacional.Ilia Ievlach, porta-voz das tropas ucranianas no leste, disse que a batalha causou "danos poderosos" às unidades aerotransportadas russas, ao batalhão "Akhmat" do líder checheno Ramzan Kadirov, ao grupo Storm-Z composto por criminosos russos, à inteligência militar do Estado-Maior General russo e às unidades de infantaria motorizada."Portanto, agora conquistamos uma base que nos permitirá continuar desenvolvendo ações ofensivas e libertar nossa terra dos invasores", escreveu Ievlach no Telegram. Mais A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, disse que a Rússia ainda está tentando retomar as posições perdidas na vila. "Hoje tivemos que repelir ataques inimigos o dia todo", disse ela.A Rússia estava no controle de Klischiivka desde janeiro. Moscou ainda controla grandes áreas da Ucrânia no leste e sul.Klischiivka, assim como Andriivka e outros assentamentos no leste da Ucrânia, foi devastada nos longos meses de luta por Bakhmut, que caiu nas mãos russas em maio.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...
2023-09-18 00:51:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/ucrania-recaptura-vila-perto-de-bakhmut-diz-zelenski.shtml
Advogada criminalista defendeu réus da Lava Jato e lidera projeto para soltar inocentes
Luan Araújo ainda se lembra do primeiro encontro com a advogada Dora Cavalcanti, numa delegacia de São Paulo. Ele estava lá para depor sobre um episódio que acontecera momentos antes: a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) o tinha perseguido com uma arma em punho em uma rua de São Paulo, na véspera do segundo turno da eleição presidencial."A Dora fez um trabalho de me tranquilizar, mostrar que eu era a vítima e não um criminoso", diz ele.Cavalcanti é uma das maiores criminalistas em atividade no país. É conhecida, em parte, pela atuação em casos rumorosos e os clientes famosos —mas, fora isso, também levanta a bandeira de uma série de causas associadas à esquerda. Entre elas, o desarmamento."Queriam inverter a narrativa e fazer o Luan de agressor. Mostramos que a deputada só tropeçou, que ela jamais foi vítima de uma agressão física", lembra Cavalcanti. "Esse caso foi importante para as pessoas verem, às vésperas da eleição, o caminho que estávamos tomando nessa pauta do acesso a armas."A atuação no campo dos direitos humanos –em temas como encarceramento em massa e o racismo do sistema criminal– tem feito o nome dela surgir em listas de mulheres que poderiam substituir a ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), que se aposenta no fim deste mês. Mais Na última década sobretudo, ela se tornou conhecida pelo público mais amplo como uma voz do garantismo penal no debate público –defendendo direitos dos investigados e réus diante de ações do Ministério Público e do Judiciário.Quem pensou em Lava Jato está correto. Ela foi a defensora da Odebrecht e de executivos da empresa em diferentes fases do escândalo de corrupção —na fase do inquérito, por exemplo, advogou para o próprio Marcelo Odebrecht. Acabou se tornando uma das principais críticas dos procuradores da força-tarefa e do ex-juiz Sergio Moro."Foi um momento solitário, em que apontamos ilegalidades que acabaram prevalecendo por um determinado período, como a manipulação de competência, o indeferimento repetido de tudo o que fosse pedido pela defesa, uma deslealdade na produção de provas", afirma ela. Folha apresenta perfis de figuras relevantes no mundo jurídico feminino nacional Hoje, a defensora é integrante do Prerrogativas, grupo de profissionais progressistas do direito, criado como reação à Lava Jato. E parece observar com uma sensação de triunfo os reveses da operação no Judiciário e na opinião pública."Ninguém inventou ainda método melhor de solução de conflitos que não seja a observância ao devido processo legal", afirma. "Queremos mecanismos de combate à corrupção, mas isso não pode se traduzir em uma violação de todas as regras."A Lava Jato foi só um dos episódios que colocou a advogada contra a corrente da opinião pública. Ela também atuou na defesa de réus das operações Satiagraha e Castelo de Areia, entre outros casos."As primeiras notícias sobre um caso raramente coincidem com a complexidade por trás das ações humanas. Ajudar nessa travessia turbulenta, da visão pré-concebida até como um episódio se explica por dentro é um papel que gosto de desempenhar", diz ela, reafirmando a crença no direito de defesa de qualquer um."A clareza que tenho da natureza essencial do direito de defesa me dá tranquilidade para atuar em todo tipo de causa com o olhar voltado para o respeito aos direitos e garantias inscritos em pedra na nossa Constituição." Mais Recentemente, chegou a defender o empresário Thiago Brennand, que à época tinha sido filmado agredindo uma mulher em uma academia de São Paulo.Depois, mais de dez mulheres relataram ter sido vítimas dele em casos de agressões sexuais, como estupro, violência doméstica e cárcere privado.O escritório de Cavalcanti deixou o caso dias depois de as denúncias virem à tona, mas afirmou em nota que a saída não tinha a ver com esses relatos. Quando é questionada sobre a atuação em casos do tipo, ela reafirma seu princípio de que todos têm direito à defesa e diz que não deixa de contribuir para a causa das mulheres por advogar para homens.De todo modo, os casos de colarinho branco ou clientes poderosos não contam toda a carreira de Dora. Um ativismo pelos direitos humanos, sobretudo no campo da justiça criminal, é tão presente na vida dela quanto os casos televisivos.Hoje, por exemplo, boa parte do tempo da advogada é dedicado ao Innocence Project Brasil, projeto internacional para libertar da prisão pessoas condenadas injustamente —em sua maioria pretas e pardas.Cavalcanti fundou e dirige a iniciativa no país. Uma das principais bandeiras do projeto tem sido a questão do reconhecimento de suspeitos, que costuma levar inocentes à prisão. Junto a isso, vem a defesa do uso mais frequente de exames de DNA na elucidação de crimes."O DNA está no início do Innocence Project nos Estados Unidos", afirma Cavalcanti. "Aqui, infelizmente, na maioria dos crimes violentos, você pode até ter o material de DNA colhido, mas nem a defesa nem a acusação se lembram de usá-lo. Porque temos uma tradição da prova testemunhal."Em partes por causa do trabalho do Innocence Project, que atuou num processo sobre o assunto, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinou regras para o uso do reconhecimento de suspeitos —e também determinou que esse tipo de evidência não pode justificar por si só uma condenação criminal.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...Cavalcanti diz que o desejo de atuar em prol dos direitos humanos veio cedo na carreira e que as visitas a penitenciárias ajudaram nessa tomada de consciência. Logo viu as condições degradantes nas prisões e também a presença massiva de pessoas negras no sistema prisional."Impossível ser criminalista sem, de vez em quando, colocar o pé numa penitenciária. Você precisa lembrar como é o som da tranca, o cheiro da quentinha, a rapidez com que uma pessoa se descaracteriza dentro do sistema. Como ela emagrece, perde o brilho no olhar…"Essas primeiras visitas aconteceram já no início da carreira. Cavalcanti começou nos anos 1990, no escritório do criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morto em 2014. Dora chegou a virar sócia do escritório dois anos depois de ter entrado lá como estagiária. "A área criminal trata do bem maior, que é a liberdade. Você não tem uma causa criminal que não seja importante. Tudo diz respeito a essa essência fundamental, o direito de ir e vir."Com Thomaz Bastos e outros 34 advogados, ela também foi uma das fundadoras do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa). "Queríamos mostrar que o direito de defesa não é um aliado da impunidade", afirma ela.De perfil discreto, resolveu concorrer à presidência da OAB-SP em 2021. Fez uma campanha com forte enfoque na defesa da diversidade de gênero e raça na instituição —foi derrotada, mas conseguiu pautar o assunto dentro da ordem."Houve a possibilidade de ela se juntar à chapa que no fim foi a vencedora. Isso daria um lugar de destaque a ela, mas ela teria que descumprir o combinado com o grupo do qual eu faço parte, de pessoas negras. E ela não fez isso", lembra Lazara Carvalho, que concorreu ao lado de Dora, como vice. "Era algo simples, o dinheiro da campanha era dela. Mas, mesmo quando ela poderia ter tido um ganho pessoal, ela optou pela retidão."Quando não está envolvida no trabalho ou nessas causas, Dora Cavalcanti se distrai como pode. Diz ter uma "alma palmeirense desesperada" (é neta de um dos fundadores do clube). É leitora dedicada. Agora, tem na cabeceira o romance "Reparação", de Ian McEwan —que conta justamente a história de uma acusação injusta de efeitos catastróficos.Sócia do escritório Cavalcanti Sion Advogados, é uma das principais criminalistas em atividade no Brasil. Formada na USP, começou a carreira nos anos 1990, no escritório do também criminalista e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, de quem chegou a ser sócia. Cavalcanti é uma das vozes do garantismo criminal no debate público, defendendo os direitos de investigados e réus contra ações do Ministério Público e do Judiciário. Esse papel foi reforçado pela atuação dela durante a Lava Jato, quando se tornou a defensora da Odebrecht e de executivos da empresa. Uma das fundadoras do Instituto de Defesa do Direito de Defesa e integrante do Prerrogativas, ela também milita em causas de direitos humanos, sobretudo naquelas ligadas ao sistema de Justiça. Cavalcanti também é fundadora e diretora do braço brasileiro do Innocence Project, iniciativa internacional voltada para libertar inocentes presos de forma injusta. Ela completa 30 anos de carreira neste ano.
2023-09-17 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/advogada-criminalista-defendeu-reus-da-lava-jato-e-lidera-projeto-para-soltar-inocentes.shtml
Lula reserva valor recorde para publicidade oficial em ano eleitoral de 2024
O presidente Lula (PT) quer reservar um valor recorde para turbinar a publicidade oficial do governo em 2024. A previsão de despesa nessa área para o próximo ano é de R$ 647 milhões, ante R$ 359 milhões disponíveis em 2023.O aumento na verba para comunicação institucional foi inserido no projeto de Orçamento do ano que vem, que ainda será votado pelo Congresso Nacional. Se aprovado, coincidirá com o ano de eleições municipais.A cifra é a maior em comparação feita com informações oficiais do Executivo, incluindo gastos classificados como publicidade institucional da Presidência da República desde 2004. A Folha usou dados corrigidos pela inflação oficial do país, ou seja, o índice IPCA, usado inclusive para o reajuste do teto de gastos públicos, que vigorou nos últimos anos.Apesar de o dinheiro ser usado para promover ações do governo federal, as campanhas municipais têm impacto na imagem de Lula e do PT. Integrantes da cúpula do partido enxergam o resultado das urnas em 2024 como crucial para o plano político do partido, que viu seu número de prefeituras minguar em 2020.No último pleito municipal, o partido conquistou o menor número de prefeituras nos últimos 20 anos, amargou uma derrota sem precedentes em São Paulo, onde seu candidato, Jilmar Tatto, ficou em um distante sexto lugar e não venceu em nenhuma capital do país.Procurada, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República disse que a verba prevê recursos para promover medidas do governo que atendem à população e também gastos com comunicação interna e o combate a informações falsas.O órgão não respondeu sobre a possível relação entre a eleição de 2024 e o valor recorde para a comunicação institucional no próximo ano. Questionou, porém, a informação de que o montante seria recorde.Segundo o governo, se for usada a correção inflacionária pelo IGP-M, o recorde da verba para publicidade oficial seria de 2017, durante a gestão de Michel Temer (MDB). Mas esse índice defendido pela Secom é geralmente usado para os reajustes de aluguéis. O Planalto diz que o IGP-M é mais amplo e, por isso, o mais adequado.O rol de atividades citado pela Secom é o mesmo dos governos anteriores. A secretaria inclusive prorrogou contratos assinados com agências de comunicação na gestão Jair Bolsonaro (PL)."O orçamento de 2024 da Secom não contempla apenas a publicidade governamental, utilizada para comunicar programas do governo que beneficiarão à população [sic], como o Novo PAC, o Desenrola e a campanha de combate a fake news. O referido orçamento inclui, por exemplo, comunicação corporativa, pesquisas, nova licitação específica para [a área] digital, para live marketing e eventos", respondeu o órgão.Segundo o governo, é necessário fazer investimentos em novas estratégias de comunicação institucional, especialmente diante de "uma realidade que exige o incansável combate à desinformação, um problema social no mundo". Mais Apesar de a verba de comunicação oficial não ser recorde em 2023, essa área já tem sido alvo de pressão da oposição. Parlamentares do PL, partido de Bolsonaro, têm apresentado uma série de pedidos de informação sobre os critérios de distribuição dos recursos e contratos firmados.Em julho, a Secom enviou um ofício à Câmara dos Deputados afirmando não haver critério único para definir a divisão da verba publicitária do governo federal. E informou possuir "contratos com quatro agências de publicidade licitadas para realizar ações de comunicação de caráter institucional e de utilidade pública".Lula tem priorizado a televisão na veiculação da propaganda oficial do governo federal, com a destinação nos seis primeiros meses de sua gestão de 73% da verba para esse formato de comunicação. Considerando os quatro anos da administração Bolsonaro, as TVs ficaram com 47% do total, mostram dados da publicidade da Secom e dos ministérios.A secretaria é hoje comandada por Paulo Pimenta (PT). Em julho, ele se tornou alvo de críticas de parlamentares e integrantes do governo, que o acusaram de cometer gafes e causar ruídos desnecessários em anúncios da gestão Lula.As reclamações eram de que Pimenta agia por conta própria e acabava por gerar deslizes evitáveis. Os episódios citados foram a antecipação do anúncio de que o economista Marcio Pochmann presidiria o IBGE e declarações desencontradas sobre a saída de Daniela Carneiro (ex-ministra do Turismo) do governo, o que provocou um princípio de crise na articulação política. Mais Apesar das críticas, petistas apontam que a comunicação dos programas do governo tem sido positiva, o que favorece o alcance de efeitos políticos das medidas do mandatário.Após oito meses de seu terceiro mandato, Lula tem sua aprovação estável, segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (14). Consideram o petista bom ou ótimo 38%, enquanto 30% o acham regular e 31%, ruim ou péssimo.Uma melhora na avaliação do governo Lula no próximo ano tende a impulsionar candidatos apoiados por ele nas disputas municipais.Dirigentes do PT e de outros partidos veem o resultado da eleição do próximo ano como um primeiro passo e um pilar para fortalecer a corrida de 2026 nos estados e para cargos federais. Quem tem mais prefeitos aliados e capilaridade política pode largar na frente na disputa estadual e presidencial. Mais
2023-09-17 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/lula-reserva-valor-recorde-para-publicidade-oficial-em-ano-eleitoral.shtml
Orçamento e entraves limitam União Africana diante de crises
O Gabão é o caso mais recente de país suspenso da União Africana (UA), bloco que tem como objetivos gerais principais integrar as economias nacionais, estabilizar politicamente o continente e prevenir e resolver seus problemas de segurança. O motivo da suspensão: justamente uma ruptura institucional sob o argumento de "deterioração da segurança nacional".Os outros cinco membros atualmente suspensos da UA, que reúne os 54 Estados do continente mais o Saara Ocidental, escancaram a dificuldade do bloco em colocar em prática sua razão de ser. Mali, Guiné, Burkina Fasso, Níger e Sudão, todos passaram por quarteladas recentes e, no caso de Cartum, um conflito entre militares que já deixou milhões de refugiados segue afundado em violência."Há uma limitação da estrutura institucional e de recursos, e a isso se somam uma solidariedade entre lideranças e um receio muito grande de ingerência em assuntos internos dos países, que já sofreram demais com o histórico da colonização", afirma Nathaly Schutz, professora de relações internacionais da Unipampa e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).Exemplo dessa dificuldade de gestão conjunta é a não suspensão em 2021 do Chade, cujos militares tomaram o poder após a morte do ditador Idriss Déby com a promessa de adentrar um período de transição que nunca se concretizou. Com alianças importantes, como a poderosa Nigéria, o país conseguiu que o instrumento não fosse acionado apesar da ruptura institucional, exceção que colocou em dúvida o mecanismo. "Claro que isso tem impactos negativos para a UA e sua eficiência para realmente lidar com as crises", diz Schutz.O bloco toma decisões principalmente em sua Assembleia de Chefes de Estado e Governo, que reúne os líderes das 55 nações anualmente no começo do ano em sua sede, em Addis Ababa, a capital da Etiópia.Já presidiram a Assembleia ditadores como o líbio Muammar Gaddafi, o zimbabueano Robert Mugabe e o chadiano Déby, mas também líderes como o nigeriano Olusegun Obasanjo, participante da transição democrática do país nos 1970 como militar e mais tarde eleito presidente, e Thabo Mbeki, sucessor de Nelson Mandela na África do Sul.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...As questões propriamente securitárias são delegadas ao Conselho de Paz e Segurança, com membros eleitos pela Assembleia para mandatos de dois ou três anos. O órgão é responsável pela coordenação da Arquitetura de Paz e Segurança Africana entre a UA e as Comunidades Econômicas Regionais, blocos independentes que funcionam como pilares da união, inclusive em assuntos de segurança e com a possibilidade de uso de forças regionais de mobilização rápida em conflitos.A UA é herdeira da Organização da Unidade Africana (OUA), que teve papel importante nos processos de independência no continente desde sua criação, em 1963. Outro sucesso político do bloco anterior foi a pressão pelo fim do apartheid na África do Sul.Logo na década de 1990 o debate de criação de um novo agrupamento para aprofundar a integração do continente no contexto geopolítico do pós-Guerra Fria esbarrou em um dos episódios mais assombrosos da história recente: o genocídio em Ruanda. O assassinato de 800 mil a 1 milhão de pessoas em um país de pouco mais de 7 milhões de habitantes à época —e a incapacidade da OUA e outros organismos internacionais de evitá-lo— foi um ponto de inflexão para o bloco que substituiria o anterior, em 2002.Em seu ato constitutivo, junto do princípio de que nenhum país deve interferir nos assuntos internos do outro, está o direito da UA de intervir em um Estado-membro em cenários de genocídio, crimes de guerra e crimes contra humanidade. O aval para isso, contudo, vem da Assembleia, sujeita às pressões políticas e alianças de turno de um continente tão diverso quanto desigual.É dessa desigualdade que emerge outro problema: a limitação de recursos. Enquanto África do Sul, Egito e Nigéria exercem o papel de potências continentais, o atraso na contribuição de integrantes mais frágeis não é algo raro. Dois terços do orçamento total do bloco em 2022, incluindo toda a fatia reservada a missões de paz, foram financiados por parceiros externos, principalmente a União Europeia. São US$ 429 milhões vindos de fontes fora do bloco africano."Uma missão de paz não é barata, porque ela não é apenas o processo de pacificar o país. É preciso reconstruir estruturas, criar meios para que o país consiga prosseguir em estabilidade", afirma Anselmo Otavio, professor de relações internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Mais A primeira missão de paz do bloco ocorreu na guerra civil no Burundi, em 2003, e é considerada um sucesso. Já na Somália, a UA ainda mantém operação desde 2007, hoje em colaboração com as Nações Unidas. Também houve operação no conflito em Darfur, região do Sudão que hoje ainda vive disputa e violência política.Embora algo engessada para lidar com esses e outros elementos desafiadores no continente, como o combate ao extremismo islâmico que floresce em países geralmente com instituições e controle de fronteiras frágeis, a UA tem visto avanços avaliados como fundamentais para as aspirações do bloco.Aceita neste mês como membro permanente do G20, grupo das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia, o bloco africano ganha mais espaço no arranjo multipolar defendido como nova etapa da ordem global pela China, grande credora do continente, e pelo Brasil —que, como a UA, almeja reforma de órgãos internacionais como o Conselho de Segurança da ONU."É um marco [a entrada no G20] importantíssimo na inserção da África no sistema internacional e para o reconhecimento de que o continente não é só passivo, mas age com uma política externa própria, com um posicionamento de autonomia e uma importância geopolítica muito grande", afirma Schutz.Em uma perspectiva interna, o bloco também está nas fases iniciais de sua nova Área Continental de Livre Comércio, que entrou em vigor em janeiro de 2021 com o objetivo de ampliar o comércio entre países africanos, hoje apenas na faixa de 15% a 18%, segundo a UA.
2023-09-17 23:15:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/orcamento-e-entraves-limitam-uniao-africana-diante-de-crises.shtml
A perigosa mudança que pode transformar Antártida de 'geladeira' a 'aquecedor' do planeta
O gelo marítimo que cerca a Antártida alcançou nível bem inferior a qualquer medição prévia existente, segundo dados de satélite. Isso está causando alarme em cientistas que viam a região como resistente ao aquecimento global."(Os níveis) estão muito distantes de tudo o que já vimos, é quase de arrepiar", diz Walter Meier, que monitora gelo marítimo no Centro de Dados de Neve e Gelo dos EUA.A instabilidade na Antártida pode ter amplas consequências, segundo especialistas no ecossistema polar.O enorme bloco de gelo antártico ajuda a regular a temperatura do planeta, já que a superfície branca reflete a energia do sol de volta à atmosfera e resfria a água abaixo e ao redor.Com a redução desse bloco de gelo, a Antártida pode se transformar de "geladeira da Terra" em "aquecedor" do planeta.O gelo que flutua na superfície do oceano Antártico hoje mede menos de 17 milhões de quilômetros quadrados. Isso é 1,5 milhão a menos de gelo marítimo do que a média histórica do mês de setembro, e bem inferior aos níveis mais baixos mensurados no período de inverno na região.Meier não está otimista de que essa perda será recuperada significativamente.Cientistas ainda tentam identificar todos os fatores que levam às baixas recordes, mas estudar tendências na Antártida sempre foi um desafio.Em um ano em que vários recordes de alta de temperatura terrestre e oceânica foram quebrados, cientistas insistem em que é preciso prestar atenção ao que acontece no polo Sul do planeta."Vemos o quanto é (uma região) vulnerável", diz Robbie Mallet, da Universidade de Manitoba e que está atualmente baseado na península antártica.Ele diz que o gelo marítimo fino observado neste ano dificultou ainda mais os trabalhos de campo. "Há o risco de que (o gelo) se rompa e flutue pelo mar conosco por cima", Mallet explica.O gelo marítimo se forma durante o inverno antártico (de março a outubro), antes de derreter em grande parte durante o verão, e pertence a um sistema interconectado que também engloba icebergs, gelo terrestre e enormes plataformas de gelo —que são extensões flutuantes próximas à costa.O gelo marítimo age como uma camada protetora que previne o aquecimento excessivo do oceano.Caroline Holmes, do projeto British Antarctic Survey, explica que o impacto do encolhimento dessa camada pode se tornar evidente na transição para o verão —quando pode potencialmente ocorrer um derretimento ininterrupto.O motivo é que, à medida que mais gelo marítimo desaparece, áreas escuras do oceano serão expostas, absorvendo calor do sol em vez de refeti-lo. Isso fará com que mais calor seja incorporado à água, o que por sua vez provocará mais derretimento de gelo.É esse ciclo que pode adicionar ainda mais calor ao planeta, interrompendo o papel típico da Antártida de reguladora de temperaturas globais."Será que estamos acordando o gigante da Antártida?", questiona o professor Martin Siegert, especialista glacial da Universidade de Exeter (Reino Unido). Seria, segundo ele, "um desastre absoluto" para o mundo.Desde os anos 1990, a perda de gelo terrestre na Antártida já contribuiu para um aumento de 7,2 mm nos níveis dos mares. E mesmo pequenos incrementos produzem enormes tempestades que podem varrer comunidades costeiras. Ou seja, o derretimento do gelo marítimo pode, em tese, ser catastrófico para milhões de pessoas ao redor do mundo.Por ser um continente cercado de água, a Antártida tem um clima e sistema próprios. Até 2016, o gelo da região estava, na verdade, aumentando durante os meses de inverno.No entanto, uma onda de calor extremo atingiu o continente em março de 2022, deixando as temperaturas na casa de -10°C quando elas deveriam estar por volta de -50°C.Nos últimos sete anos, o gelo marítimo baixou a níveis mínimos recordes, incluindo em fevereiro de 2023.Alguns cientistas acham que isso sinaliza uma mudança fundamental no continente —inclusive nas características que mantinham essa região isolada.Ao mesmo tempo, esse isolamento também faz com que haja poucas informações históricas sobre a Antártida, chamada por Mallet de "o Velho-Oeste" da ciência.Por exemplo, os cientistas conhecem a extensão do gelo marítimo, mas não sua grossura. Desvendar esse tipo de informação poderá ser crucial para preparar modelos climáticos da região.Na base científica de Rothera, Mallet está usando instrumentos de radar para estudar a grossura do gelo e compreender melhor as razões por trás do encolhimento dessa camada. E o calor recorde registrado neste ano provavelmente é um dos fatores, já que dificulta que a água congele por ali.Pode ter havido também mudanças em correntes oceânicas e nos ventos que moldam a temperatura na Antártida.Além disso, o fenômeno natural El Niño é outro possível fator envolvido.De qualquer modo, Mallet diz que existem "muitas, muitas razões para se preocupar"."É potencialmente um sinal muito alarmante de mudanças no clima da Antártida que não ocorreram nos últimos 40 anos. E que só estão emergindo agora."
2023-09-17 22:36:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/09/a-perigosa-mudanca-que-pode-transformar-antartida-de-geladeira-a-aquecedor-do-planeta.shtml
Amazonas monta força-tarefa para identificar vítimas de acidente aéreo
O Governo do Amazonas anunciou neste domingo (17) a criação de uma força-tarefa para tentar agilizar os trabalhos de identificação dos corpos das vítimas do acidente aéreo que ocorreu no sábado (16) no município de Barcelos (a cerca de 400 km de Manaus).O caso deixou 14 mortos, incluindo 12 passageiros e dois tripulantes. Segundo o governo estadual, os corpos chegaram a Manaus às 15h51 deste domingo. O translado ocorreu em uma operação realizada em conjunto com a FAB (Força Aérea Brasileira).Os corpos foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), onde passarão por exames de necropsia. O plano local é encerrar os processos de identificação até a manhã desta segunda (18).A Secretaria de Estado de Assistência Social montou uma sala de apoio psicossocial para os familiares das vítimas na sede do IML. O Governo do Amazonas ainda não divulgou os nomes dos passageiros e tripulantes, mas recebeu a lista da empresa responsável pelo avião que se acidentou. Enquanto isso, familiares e amigos já prestaram homenagens às vítimas nas redes sociais.Em nota, o governo estadual disse que cinco dos mortos eram de Goiás, quatro de Minas Gerais e os demais de São Paulo, Paraná, Roraima, Maranhão e Amazonas. A relação se refere aos estados de nascimento das vítimas, e não necessariamente aos locais de moradia.Os passageiros eram turistas. O avião acidentado saiu de Manaus na tarde de sábado com destino a Barcelos, que é um município conhecido pelo turismo de pesca.As causas do acidente são investigadas. De acordo com o governo estadual, a queda ocorreu quando o avião tentava pousar em Barcelos. Chovia forte no momento do desastre.As investigações sobre as causas do acidente serão realizadas pela Polícia Civil do Amazonas e pelo Seripa VII (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Mais
2023-09-17 22:38:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/amazonas-monta-forca-tarefa-para-identificar-vitimas-de-acidente-aereo.shtml
Deputada do RS é agredida com spray de pimenta pela Guarda Municipal
A deputada estadual gaúcha Laura Sito (PT) denunciou agressão pela Guarda Municipal de Porto Alegre neste sábado (16), enquanto acompanhava a movimentação na ocupação de um prédio no centro histórico da cidade.A parlamentar preside a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.Em um dos vídeos compartilhados nas redes sociais, é possível ver um agente disparando jatos de spray contra a deputada e pessoas próximas. Sito disse ainda que foi alvo de estilhaços de disparo de bala de borracha e gás lacrimogêneo. Ela registrou boletim de ocorrência em uma delegacia de polícia."Acabo de ser agredida pela Guarda Municipal do prefeito bolsonarista Sebastião Melo [MDB] em Porto Alegre. Levei tiro de bala de borracha e muito gás lacrimogêneo, enxergando somente por um olho", afirmou a parlamentar no sábado.Militantes dizem que buscavam levar alimentos para quem estava na ocupação. Eles teriam sido impedidos pelos agentes. A confusão teria começado em seguida.O MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia), envolvido na ocupação, argumenta que o prédio em questão, localizado na rua dos Andradas, recebia atividades artísticas e deveria ser reformado pela prefeitura para seguir com essa finalidade.Porém, de acordo com o movimento, o endereço encontra-se abandonado. Os militantes temem que o imóvel seja vendido pelo município.A Prefeitura de Porto Alegre, por sua vez, afirma que o grupo ocupa irregularmente o edifício. Também disse que abriu negociações para recuperar o imóvel e prometeu novo diálogo com os militantes, que devem ser recebidos pelo prefeito."Há uma decisão já tomada pelo município, por orientação do prefeito Sebastião Melo, de retirada deste prédio da possibilidade de venda, e a destinação dele para habitação social", afirmou André Machado, secretário municipal de Habitação e Regularização Fundiária de Porto Alegre."Lamentamos que isso não tenha sido feito em uma mesa de negociação, não necessariamente em um processo de ocupação", acrescentou.A deputada Laura Sito disse que estava acompanhando a ocupação na condição de presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da assembleia gaúcha."Presenciamos a repressão e logo fui correndo intervir, quando pra minha surpresa tomei um jato de spray de pimenta a menos de dois metros de distância e foi dado um tiro também à queima-roupa onde eu estava caminhando, o que causou as escoriações pelos estilhaços que vocês veem na foto", afirmou a parlamentar nas redes sociais.A bancada do PT na assembleia gaúcha repudiou a ação da Guarda Municipal. Também cobrou da prefeitura uma apuração imediata dos agentes envolvidos no caso."Conforme relato da parlamentar e imagens da abordagem, não houve nenhuma ação dos integrantes dos movimentos sociais que justificasse uma intervenção ostensiva da Guarda Municipal. A deputada, inclusive, atuava na mediação, e em diversas oportunidades pediu calma aos agentes", disse a bancada do partido.A Prefeitura de Porto Alegre afirmou que, por determinação do prefeito, um procedimento administrativo será instaurado "para apurar as circunstâncias do conflito ocorrido entre os invasores e a Guarda Municipal".O município confirmou que os agentes utilizaram gás de pimenta e munição de dispersão não letal após a tentativa de ingresso à área isolada."Este tipo de abordagem foge à normalidade das ações da corporação, que são pautadas no diálogo. Nenhum de nós tem interesse no conflito, na violência. Vamos garantir a segurança de todos até a conclusão do processo", declarou Marcelo Nascimento, comandante da Guarda Municipal de Porto Alegre.
2023-09-17 21:40:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/deputada-do-rs-e-agredida-com-spray-de-pimenta-pela-guarda-municipal.shtml
Taiwan detecta 103 aviões de guerra chineses perto da ilha
O Ministério da Defesa de Taiwan afirmou ter detectado 103 aeronaves militares chinesas próximas da ilha em um período de 24 horas. Muitas das aeronaves cruzaram a chamada linha mediana do estreito de Taiwan, que separa o território do continente, em missões de "longo alcance" não especificadas.Taiwan vive sob ameaça constante de uma invasão da China, que considera a ilha uma província rebelde e promete retomá-la à força, se necessário. "Entre as manhãs de 17 e 18 de setembro, o Ministério da Defesa Nacional detectou um total de 103 aeronaves chinesas, um recorde que representa graves desafios à segurança do estreito de Taiwan", afirmou a pasta em comunicado."O assédio militar contínuo pode levar a um aumento repentino da tensão e piorar a segurança regional", acrescentou. O Ministério da Defesa taiwanês também pediu que Pequim "interrompa imediatamente" o que chamou de "ações unilaterais destrutivas".O governo de Taiwan disse que ao menos 40 aviões detectados na manhã deste domingo (17) cruzaram a linha mediana e entraram na zona de identificação da defesa aérea do sudeste e sudoeste da ilha. Além das aeronaves, as autoridades ainda detectaram nove navios da Marinha chinesa na região.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...O Ministério das Relações Exteriores da China não comentou a incursão, mas a porta-voz da pasta, Mao Ning, reafirmou a posição de Pequim sobre Taiwan. "O que gostaria de afirmar é que Taiwan é parte do território chinês e que a chamada linha mediana não existe", limitou-se a dizer.Taipé denunciou na semana passada um aumento no número de incursões de aviões e navios militares chineses, depois de Pequim ter dito que suas tropas estavam em alerta máximo após a passagem, neste mês, de dois navios dos Estados Unidos e do Canadá pelo estreito de Taiwan. Mais Na semana passada, entre as manhãs de quarta (13) e quinta-feira (14), 68 aeronaves chinesas e 10 navios de guerra foram detectados ao redor da ilha, segundo o Ministério de Defesa de Taiwan.Algumas das aeronaves e navios se deslocavam em direção a uma área não especificada do Pacífico Ocidental para realizar treinamentos marítimo e aéreo em conjunto com o porta-aviões chinês Shandong, acrescentou a pasta.Procurado, o regime chinês também não se pronunciou sobre os exercícios que ocorrem no Pacífico Ocidental.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...
2023-09-17 20:45:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/taiwan-detecta-28-avioes-de-guerra-chineses-perto-da-ilha.shtml
Manifestantes fazem protesto em Nova York contra mudança climática; veja fotos
Milhares de manifestantes deram início à "Semana do Clima" e encheram as ruas de Midtown, Manhattan, no domingo, antes da Assembleia Geral da ONU desta semana, pedindo ao presidente Joe Biden e aos líderes mundiais que acabem com o uso de combustíveis fósseis.Com desfiles, concertos e tambores, cerca de 15 mil pessoas protestaram com placas que diziam: "Fim do uso de combustíveis fósseis" e "Combustíveis fósseis matam" e "Declare uma emergência climática".Um homem estava vestido como um boneco de neve derretendo, alertando para o aumento do nível do mar. A mensagem era para que os líderes mundiais salvassem o planeta do uso de petróleo e gás, que se acredita estar impulsionando um aquecimento global.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Os protestos de domingo faziam parte de um esforço internacional de uma semana do Climate Group, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é promover ação contra as mudanças climáticas e deter o aquecimento global, com mais de 500 protestos planejados nos EUA, Alemanha, Inglaterra, Coreia do Sul, Índia e outros países, totalizando 54 nações.Os organizadores dos protestos esperam uma participação global de mais de um milhão de pessoas."A Semana do Clima de Nova York é tudo sobre fazer acontecer", escreveram os organizadores online. "Ao celebrar a ação climática, desafiando-nos a fazer mais e explorando maneiras de aumentar a ambição, a Semana do Clima de Nova York inspira, amplifica e examina os compromissos, políticas e ações daqueles com o poder de promover mudanças". Mais Muitos cientistas acreditam que os chamados gases de efeito estufa causados pela queima de combustíveis fósseis estão aquecendo o mundo e causando fenômenos climáticos graves, como furacões mais intensos, ondas de calor, inundações, incêndios florestais e secas.A redução das emissões de CO2 (dióxido de carbono) é vista como um elemento-chave para combater as mudanças climáticas.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...As manifestações ocorrem dois meses antes da cúpula climática COP28 da ONU deste ano, onde mais de 80 países planejam pressionar por um acordo global para eliminar gradualmente o carvão, o petróleo e o gás.Um relatório recente da ONU alertou que o mundo está em um caminho perigoso em direção a um aquecimento global grave e afirmou que mais ações são necessárias em todas as frentes, incluindo uma redução drástica no uso de energia movida a carvão até 2030.
2023-09-17 18:45:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/manifestantes-fazem-protesto-em-nova-york-contra-mudanca-climatica-veja-fotos.shtml
Pacientes que usam flores de maconha temem ficar entre a farmácia e o tráfico
Pacientes que fazem tratamento com flores de Cannabis no Brasil para amenizar sintomas de doenças como câncer, epilepsia, mal de Parkinson, esclerose e fibromialgia estão numa corrida contra o tempo.Eles foram pegos de surpresa, em julho passado, pela nota técnica da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) que proibiu a importação de flores de maconha para fins medicinais e deu prazo de 60 dias para as últimas importações.A data limite de postagem de produtos importados ao país é o próximo dia 20, quarta-feira, o que gerou corre-corre de pacientes, uma avalanche de pedidos nas importadoras e ainda questionamentos na Justiça."Quando soube da notícia, tive uma crise de pânico", afirma o cenógrafo e DJ Fabrizio Pepe, 34, que tem fibromialgia e, desde janeiro, faz uso de três tipos de flores de cânabis importadas da Califórnia e vaporizadas para o controle de dores e efeitos colaterais."As flores são como um analgésico de efeito imediato, e também melhoraram meu sono, que era horrível por causa da rigidez muscular provocada pela dor", afirma, ressaltando que as flores têm zero ou baixíssima concentração de THC (tetrahidrocanabinol), responsável pelo efeito psicotrópico da planta Cannabis.Quando suas últimas flores desembarcarem no país, seu prognóstico é retomar os medicamentos convencionais que havia abandonado. "É tudo o que eu não queria porque o remédio para dor leva ao remédio para a depressão e a outro para dormir", relata.Outros pacientes que usam flores vaporizadas agora temem ter que buscar alternativas de tratamento, seja nas prateleiras das farmácias ou no mercado ilegal de drogas.Empresas e associações estimam que cerca de 5.000 pessoas façam uso medicinal de flores de maconha no Brasil, importadas por meio da resolução 660 (RDC 660) da Anvisa, de 2022. Não há dados oficiais.A norma permite que pacientes cadastrados na agência importem produtos com THC e com CBD (canabidiol) mediante prescrição médica e a assinatura de termo de esclarecimento e responsabilidade sobre a ausência de segurança e de comprovação científica da eficácia dos produtos para tratamentos.O argumento da falta de evidências, que vale para quase todos os produtos derivados da Cannabis importados via RDC 660, foi apresentado pela Anvisa como uma das justificativas para o recente veto apenas à importação de flores. Para a agência, neste caso, há "alto potencial de desvio para fins ilícitos".A agência tem respondido a ações na Justiça com registros de propagandas irregulares de flores de maconha, que é um produto controlado, e de promoções de empresas do setor que prometem "legalizar" o consumo de flores de maconha por meio da obtenção de receitas médicas.Um caso emblemático foi o da empresa The Hemp Complex, que tem como um dos sócios o rapper Marcelo D2, ex-Planet Hemp, e que lançou em julho passado uma campanha cujo slogan era "Bora ficar legal". Poucos dias depois, a Anvisa publicou a nota proibindo a importação de flores.Kennedy Filho, CEO da Just Hemp, que comercializa óleos e cremes de cânabis e também importava flores para fins medicinais até a proibição, afirma que era sabido que algumas empresas praticavam irregularidades. "Mas é triste ver que, no lugar de criar regras e conter abusos, a Anvisa tenha adotado uma medida arbitrária que prejudica pacientes." Mais O neuropediatra Eduardo Faveret explica que a vaporização de flores de maconha é um complemento importante ao tratamento com óleos de cânabis, via oral, cujo efeito demora para ocorrer."A vaporização é muito adequada como via de urgência, nos momentos de agudização de dores e ansiedades", afirma. "Em comparação com a administração via oral, a via inalatória gera níveis de 3 a 5 vezes maiores de concentração dos princípios ativos no sangue do paciente. A vantagem é a rapidez do efeito e sua duração mais curta."Caroline Heinz, CEO e fundadora da Flowermed, que afirma atender a 2.600 pacientes na importação de flores, contesta os argumentos da Anvisa para a proibição. "A Anvisa não provou que houve desvio dos produtos nem que a forma vaporizada de administração da cânabis não tem evidência científica.""Muitas empresas que investiram na comercialização de óleo em farmácias [permitida pela RDC 327 e que requer grandes investimentos] estavam incomodadas com o volume de vendas das empresas que trabalhavam com a importação de flores de cânabis", diz.Não existem dados oficiais sobre o volume de importação de flores de maconha medicinal, cujas autorizações cresceram mais de 90 vezes em sete anos. Em 2015, primeiro ano da importação de produtos à base de maconha medicinal, a Anvisa autorizou 850 importações. Em 2022, foram 79.995.A Anvisa não respondeu aos questionamentos da Folha sobre eventuais pressões de empresas do setor de óleo de maconha. Em nota, a agência informou que o conceito de produto à base de Cannabis está regulamentado na RDC 327 e que a "normativa sanitária veda o uso sob a forma de droga vegetal ou suas partes". A nota não explica por que, então, flores eram importadas até julho passado.Para o advogado Emílio Figueiredo, pioneiro no país no uso de habeas corpus para garantir o cultivo pessoal para uso medicinal, a decisão da Anvisa de proibir flores de cânabis "fortalece as empresas que vendem o produto na forma óleo e que vinham sentindo um crescimento abaixo do esperado por conta do sucesso das flores importadas".Em nota, a BRcann (Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides), que reúne empresas do setor dedicadas à produção de óleo para venda em farmácia, nega eventuais pressões na Anvisa e diz que apoia a decisão da agência por considerá-la "uma reação taxativa contra o uso indevido" da RDC 660.A Abrace (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança), primeira instituição do país a obter autorização judicial, em 2017, para cultivar maconha para fins medicinais, diz que vai recorrer aos tribunais mais uma vez, agora para poder oferecer flores aos seus associados.A proposta é limitar o fornecimento de flores somente para pacientes com câncer, epilepsias, doenças neuropáticas, Parkinson, Síndrome de Tourette e transtorno de ansiedade generalizada."Nossa missão é lutar para que os pacientes tenham acesso a tratamento, não importa se é flor, se é pomada, se é óleo. A dor não pode esperar", diz Cassiano Gomes, fundador e diretor-executivo da Abrace, que tem 40 mil associados.Catarina Leal, 41, tem câncer metastático nos ossos e diz precisar da planta. "A quimioterapia dificulta a alimentação e a vaporização melhora o meu apetite.""O óleo, além de demorar para fazer efeito, às vezes provoca efeitos gástricos indesejáveis. Eu não faço uso recreativo, é uma necessidade", afirma ela, para quem a negação do tratamento vai empurrar as pessoas para o mercado ilegal.
2023-09-17 19:00:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/pacientes-que-usam-flores-de-maconha-temem-ficar-entre-a-farmacia-e-o-trafico.shtml
Batalha do Lip Sync: Samuel de Assis vence Nicolas Prattes ao dançar música de Ludmilla
Samuel de Assis foi o grande vencedor da Batalha do Lip Sync deste domingo (17). No quadro do Domingão com Huck, o ator de "Vai na Fé" (Globo) deixou a plateia extasiada com sua dança ao som de Ludmilla e superou Nicolas Prattes na avaliação final.Para garantir a vitória, Assis soltou o corpo todo e se entregou na interpretação do sucesso "Socadona". "Esse negócio é muito doido. Eu estou muito nervoso, estava me tremendo muito, mesmo. Estou muito feliz de estar aqui, de poder me apresentar em um programa como esse. Fazer com que outras crianças pretas se sintam representadas", disse ele, logo após ser declarado o campeão deste domingo. "Ninguém melhor que Ludmilla para me ajudar nessa representatividade toda."Na batalha em si, houve mais números musicais. Assis também prestou uma homenagem ao cantor Xanddy, enquanto Prattes optou por uma performance dedicada à icônica Xuxa. Mais Nas redes sociais, o desempenho de Assis não passou despercebido, com o público elogiando sua desenvoltura na dança e a forma como ele incorporou a essência da música de Ludmilla.
2023-09-17 20:31:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/batalha-do-lip-sync-samuel-de-assis-vence-nicolas-prattes-ao-dancar-musica-de-ludmilla.shtml
Brasil não tem condição de fazer grande programa de subsídios como os EUA, diz Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil não tem condições de fazer um grande programa de subsídios à economia verde como os Estados Unidos vêm implementando, mas que o país tem condições de aproveitar suas vantagens nessa área para atrair investimentos e oferecer oportunidades de negócios.Haddad está em Nova York acompanhando o presidente Lula (PT), que participa nesta semana da Assembleia-Geral das Nações Unidas.À noite, ele acompanha o mandatário em um jantar oferecido pela Fiesp com empresários e fundos de investimento.Questionado sobre as expectativas com o evento ao longo da semana, Haddad respondeu que sua "fixação é transformação ecológica". "É a grande oportunidade que o Brasil tem de se reindustrializar."O ministro destacou ainda o encontro de Lula com o presidente americano, Joe Biden, na quarta-feira.O democrata apostou na transição para uma economia verde como uma das prioridades de seu mandato, e plataforma para reeleição. Mais A Casa Branca conseguiu aprovar no Congresso um pacote histórico de incentivos para a energia verde. Sancionada há cerca de um ano, a Lei para Redução da Inflação, apesar do nome, tem esse objetivo.No entanto, a oposição ao democrata critica o presidente, e atribui à legislação um dos motivadores da disparada da inflação no país. A transição verde é ainda o pano de fundo da greve histórica de trabalhadores de montadoras contra Ford, GM e Stellantis. O sindicato que representa a categoria argumenta que os salários precisam ser reajustados também porque as empresas receberam enormes incentivos para migrarem para a produção de veículos elétricos.Haddad também comentou o recente roadshow sobre os títulos verdes que serão emitidos pelo Tesouro no mercado internacional. O assessor da Fazenda Rafael Dubeux, encarregado do plano de transição ecológica da Fazenda, fez 36 reuniões com cerca de 60 fundos de investimentos, de acordo com o ministro."Vamos tentar unir a transição energética à transição ecológica, mediante um processo de neoindustrialização", afirmou.Haddad, porém, não detalhou expectativa de demanda ou um calendário em razão do período de silêncio que sucede o roadshow. Cabe ao Tesouro agora anunciar uma programação. Ao lado do ministro, Dubeux disse que os títulos serão lançados em um momento que for julgado adequado, considerando o cenário macroeconômico.Na noite deste domingo, Lula participou de uma reunião e um jantar com empresários e investidores oferecido pela Fiesp no Fasano. Segundo o Planalto, participaram da reunião os ministros Fernando Haddad, Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Luiz Marinho (Trabalho). Também estavam os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Do setor privado, estavam a Chevron e os fundos Apollo, Growth Capital, Valor Capital, Brookfield, Blackrock, Mubadala Brazil, GIP, Neuberger, Qell, Claure Group e Citibank.A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e o presidente do BID, Ilan Goldfajn, e um enviado especial da Arábia Saudita, também participaram.
2023-09-17 16:45:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/brasil-nao-tem-condicao-de-fazer-grande-programa-de-subsidios-como-os-eua-diz-haddad.shtml
PRF, quase centenária, foi de polícia das estradas a força repressiva
Os 71 mil quilômetros sob responsabilidade da PRF (Polícia Rodoviária Federal) impõem desafios à fiscalização e ao patrulhamento, mas a corporação sempre foi reconhecida pelo bom preparo técnico e de inteligência para a cobertura das rodovias federais.Essa, ao menos, era a impressão até a última década, quando a PRF começou a ampliar sua atuação repressiva e direcionar esforços para o combate ao tráfico de drogas. Nos últimos anos, no entanto, essa vertente foi catalisada pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Entre operações com alta letalidade e o envolvimento nas mortes de Genivaldo, asfixiado em uma viatura em 2022, e de Heloisa Silva, 3, no sábado (16), a PRF atua em um cenário diferente do previsto na sua criação.Há quase cem anos, decreto do presidente Washington Luís determinava a criação, em 24 de julho de 1928, da Polícia das Estradas. Nos anos seguintes, o intenso movimento na rodovia Rio-Petrópolis, com três mil veículos por dia transitando a 60 km/h, demandava uma política sistemática de fiscalização.A via compunha o sistema federal junto com a Rio-São Paulo, a Rio-Bahia e a União Indústria. Em 1935, foi criada a primeira equipe de inspetores de tráfego, que ganharia, 10 anos depois, o nome atual. Em 1988, a Polícia Rodoviária Federal foi incluída pela Constituição Federal no sistema de segurança pública.Nos anos 1960, o patrulhamento também ganhou as televisões dos lares brasileiros com a exibição do seriado "Vigilante Rodoviário" . Embora da alçada estadual, o policial interpretado pelo ator e hoje PM aposentado Carlos Miranda, 89, popularizou a atividade de fiscalização nas missões em estradas paulistas com a ajuda do cachorro Lobo. Mais O crescimento da corporação ao longo da sua história aconteceu de forma organizada em relação a outras polícias do país, da Federal às estaduais."A letalidade policial não é uma marca histórica da instituição, dado o seu caráter preventivo de vigilância das estradas. Era percebida como diferenciada, que não incorporava um viés repressivo como as polícias estaduais", afirma Luís Flávio Sapori, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas.Embora não tenha conquistado prestígio e visibilidade como a Polícia Federal, segundo o pesquisador, a corporação ganhou proeminência na última década com o investimento em tecnologia e fiscalização, com foco nas apreensões de drogas ilegais."Houve uma decisão estratégica de aumentar o setor de inteligência, até antes do governo Bolsonaro. Eram sinais de um avanço operacional da PRF ao longo da década passada. Inclusive, foi uma das primeiras a experimentar as câmeras em fardamento."A construção da identidade da corporação, segundo o pesquisador, foi contaminada pelo modelo ostensivo e repressivo dos comandos especiais e táticos como o Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar do Rio de Janeiro.O fenômeno, que Sapori chama de mimetismo institucional, atinge outras corporações, de polícias estaduais militares e civis a guardas municipais.Essa mudança institucional acontece por meio dos próprios quadros da corporação e por uma tentativa de dar respostas a demandas da sociedade. Uma delas pode ser o aumento das mortes violentas, que teve em 2017 seu pico recente, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com 64.078 vidas perdidas. Mais Decisões políticas, por outro lado, podem ter acelerado o distanciamento territorial e institucional das rodovias. Exemplos são as portarias do Ministério da Justiça e Segurança Pública sob Bolsonaro, durante as gestões de Sergio Moro e André Mendonça, que permitiram a atuação conjunta com outras forças e o cumprimento de mandados de busca e apreensão.Esse arcabouço permitiu à PRF participar das operações na Vila Cruzeiro (RJ), com 23 mortos, em Varginha (MG), com 26 mortos, e em Itaguaí (RJ), com 12 mortos, entre outras.Para o pesquisador, o governo Lula (PT) deve mudar a trajetória da PRF e afastar o uso político da corporação, como as blitze no segundo turno das eleições de 2022.Entre as prioridades cita a escolha cuidadosa de comandos nacionais e regionais, mudanças na formação dos agentes para recuperar a identidade preventiva e de inteligência, e uma atuação dura em relação a desvios.
2023-09-17 16:02:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/prf-quase-centenaria-foi-de-policia-das-estradas-a-forca-repressiva.shtml
Créditos de carbono na Amazônia são ineficazes, diz estudo
Projetos de preservação de florestas tropicais não servem para compensar emissões de carbono e uma abordagem diferente deveria ser aplicada para, de fato, proteger ecossistemas críticos para o planeta, como a Amazônia e a Bacia do Congo, aponta pesquisa da Universidade da Califórnia em Berkeley financiada pela ONG Carbon Market Watch.O estudo, divulgado em reportagem publicada na sexta-feira (15) pelo jornal britânico The Guardian, baseou-se na análise de créditos de carbono em florestas tropicais certificados pela Verra, operadora do principal padrão internacional nesse mercado, e concluiu que os impactos ambientais alardeados são exagerados e os resultados, "questionáveis" do ponto de vista climático.Alguns projetos, inclusive, não ofereceriam garantias de segurança a comunidades locais vulneráveis.Por esses motivos, os pesquisadores argumentam que os créditos de carbono não são instrumentos adequados para a compensação das emissões de carbono por parte de empresas.O projeto avaliou critérios de qualidade do sistema de créditos de carbono da Verra, entre eles a durabilidade e a contabilidade de carbono florestal, bem como as salvaguardas para as comunidades locais.A maioria dos créditos, segundo o estudo, não teve impacto positivo sobre o clima, além de subestimar o risco de deslocamento do desmatamento para outras áreas. A fiscalização do cumprimento das regras da empresa para a geração de créditos de carbono também seria deficiente. Alguns projetos teriam até mesmo provocado o deslocamento de comunidades vulneráveis ou as feito perder território.O mercado de carbono é incensado por entusiastas da medida como uma solução viável para conter as mudanças climáticas e a destruição da biodiversidade. Empresas alegam poder neutralizar assim suas emissões, pagando pelo sequestro de carbono em florestas em outros lugares do mundo ou evitando o desmatamento em regiões ameaçadas —essas, frequentemente, localizadas em países em desenvolvimento no Sul Global.Especialista em políticas públicas da Carbon Market Watch, que financiou o estudo, Inigo Wyburd afirma que "falta credibilidade" e "confiabilidade" aos projetos em análise."Empresas estão compensando suas emissões de forma barata comprando créditos de carbono de baixa qualidade ligados a projetos de proteção de florestas no Sul Global", criticou Wyburd em pronunciamento publicado no site da ONG. Segundo ele, "só 1 em cada 13 créditos de carbono representa uma redução real de emissões", o que torna a medida inócua.Os parâmetros duvidosos de qualidade, segundo a entidade, têm a ver com "metodologias elásticas". "Por exemplo, a pesquisa mostrou que as metodologias usadas para estimar o nível de desmatamento que se espera que ocorra na ausência de um projeto de conservação podem levar a resultados que variam em mais de 1.400% entre as maiores e as menores estimativas. Uma margem dessas oferece um potencial enorme a donos de projetos para explorar a flexibilidade e manipular o sistema."O estudo argumenta ainda que não é possível compensar emissões de carbono decorrentes da exploração de combustíveis fósseis que levaram milhares de anos para se formar com a captura de carbono por florestas, já que isso demandaria o sequestro e armazenamento de gases por centenas de séculos, milênios até —um papel que florestas sob risco iminente de desmatamento não podem cumprir. Mais A Verra reagiu ao estudo afirmando que os problemas apontados pelos pesquisadores, assim como as recomendações, devem ser contemplados na nova metodologia para geração de créditos de carbono, em estudo há dois anos, e a ser publicada nas próximas semanas.Os pesquisadores recomendam a governos e empresas que foquem em prevenir as causas do desmatamento —citando as demandas por alimentos, combustíveis e outras commodities por parte de países industrializados e em ritmo acelerado de crescimento.Os autores do estudo citam como bom exemplo a lei antidesmatamento da União Europeia, que prevê uma cadeia de fornecimento livre de desmatamento.Também defendem que, em vez de destinar dinheiro à aquisição de créditos de carbono, esses recursos estarão mais bem investidos em projetos de conservação de florestas tocados por comunidades tradicionais e indígenas."O foco deveria ser botar dinheiro no lugar certo, em vez de comprar o máximo de créditos possível", argumenta Gilles Dufrasne, da Carbon Market Watch.O estudo sugere ainda o alívio das dívidas de países em desenvolvimento, para livrá-los da pressão comercial predatória que destrói ecossistemas cruciais para o clima, e o financiamento justo para proteção climática, bem como a redução da dependência de combustíveis fósseis.
2023-09-17 17:30:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/09/creditos-de-carbono-na-amazonia-sao-ineficazes-diz-estudo.shtml
São Paulo controla Flamengo no Rio e abre vantagem na decisão da Copa do Brasil
O São Paulo deu um passo importante, na tarde de domingo (17), na tentativa de conquistar a Copa do Brasil pela primeira vez. A equipe tricolor controlou o Flamengo na maior parte do jogo de ida da decisão, no Maracanã, no Rio de Janeiro, e saiu na frente: 1 a 0, placar definido em cabeceio do atacante argentino Calleri.A formação dirigida por Dorival Júnior se mostrou muito mais coesa e mais bem organizada do que o grupo comandado por Jorge Sampaoli. Os visitantes tiveram clara superioridade no primeiro tempo e souberam aproveitar o espaço oferecido pelo adversário. Na etapa final, mais cansados, adotaram estratégia conservadora e tiveram marcação eficiente.O campeão será conhecido no próximo domingo (24), no Morumbi, em São Paulo. A equipe paulista jogará com a vantagem do empate para levantar o troféu. A agremiação carioca terá de vencer por ao menos dois gols de diferença ou triunfar por um gol e tentar a sorte na disputa por pênaltis.O primeiro tempo apresentou um desenho claro. Não era difícil perceber que um time era bem mais organizado do que o outro. Com calma, mesmo diante de um Maracanã lotado, o São Paulo controlava a bola e chegava com alguma facilidade pelo lado esquerdo, onde Caio Paulista e Rodrigo Nestor faziam boa parceria.O Flamengo mostrava fragilidade no setor, já que Gabigol, escalado pela direita no ataque, não acompanhava Caio. Foi por ali que surgiu o primeiro lance de perigo da partida. Nestor recebeu de Caio e cruzou para Calleri. Nessa tentativa, Matheus Cunha fez a defesa. Mais tarde, não teria o mesmo sucesso.A formação rubro-negra apostava em um forte trio de ataque, com Gabigol ao lado de Pedro e Bruno Henrique. Mas faltava quem os municiasse, e o time tinha dificuldade para manter a bola. Até o intervalo, houve apenas duas boas chegadas, com participação importante de Gerson, porém nenhuma finalização.Os visitantes eram mais perigosos. E insistiam pela esquerda, onde encontravam muito espaço. Aos 40 minutos, Nestor chutou dali, Calleri e Wellington Rato ficaram perto de alcançar a bola no segundo pau. Aos 46, de novo, Nestor recebeu de Caio e cruzou com liberdade. Ayrton Lucas caiu, Matheus Cunha ficou no caminho. Calleri cabeceou na rede.Jorge Sampaoli nem esperou o intervalo para ir ao vestiário. Em seguida, substituiu Victor Hugo por Everton Ribeiro, o que aumentou bastante a criatividade do Flamengo. Mudou bastante o panorama do jogo. O São Paulo perdeu o controle da bola e, claramente desgastado, preferiu adotar estratégia defensiva.Na maior parte do tempo, o time demonstrou segurança. Dorival sacou os jogadores mais cansados, como Rodrigo Nestor e Alisson. Sampaoli buscou alternativas como Everton Cebolinha. Foram poucos os lances de maior perigo, nos quais falharam Bruno Henrique e Everton na preparação para a conclusão.Os torcedores rubro-negros –havia mais de 67 mil espectadores no Maracanã– deixaram o estádio frustrados, com vaias aos jogadores e xingamentos ao presidente Rodolfo Landim. Eles tiveram início quando foi anunciada a renda do jogo, superior a R$ 26 milhões, graças a preços elevadíssimos.
2023-09-17 17:58:00
esporte
Esporte
https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2023/09/sao-paulo-controla-flamengo-no-rio-e-abre-vantagem-na-decisao-da-copa-do-brasil.shtml
Mulher de 29 anos é morta com tiro na cabeça na Baixada Santista; ex-marido é suspeito
A polícia de São Vicente, na Baixada Santista, está investigando o assassinato de uma mulher de 29 anos, na manhã deste sábado (16), em sua casa.O principal suspeito é o ex-marido, de 31 anos, que teria se matado em seguida.Segundo boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada para atender a um caso de feminicídio. Dentro do imóvel, no bairro Jóquei Clube, Carla Ingridy de Oliveira foi encontrada morta com um tiro na cabeça.O suposto autor dos disparos também morreu —ele estava com uma arma de fogo em seu peito.Ainda segundo o registro policial, um vizinho afirmou ter ouvido os dois discutindo e, em seguida, o barulho de três disparos.De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), essa testemunha foi até a casa da vítima e viu o homem ainda com vida, quando ligou para o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e para a Polícia Militar.Segundo a polícia de São Vicente, o casal teria se separado no ano passado.A arma utilizada no crime foi apreendida e encaminhada para perícia técnica.O caso de violência foi registrado como homicídio e instigação ao suicídio na Delegacia de Polícia de São Vicente.Classificado como homicídio praticado contra a mulher por razões da condição do gênero feminino e em decorrência da violência doméstica e familiar, o feminicídio está previsto em lei sancionada em março de 2015.O estado de São Paulo registrou 195 casos casos de feminicídio em 2022, 43,3% mais do que no ano anterior, quando foram 136 assassinatos de mulheres causados pela condição de gênero.Os dados integram a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mais
2023-09-17 16:41:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/mulher-de-29-anos-e-morta-com-tiro-na-cabeca-na-baixada-santista-ex-marido-e-suspeito.shtml
Campos Neto passa de assíduo na agenda de Bolsonaro a 'persona non grata' no Planalto de Lula
Figura presente no Palácio do Planalto sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deixou de ser um frequentador habitual da sede da Presidência da República desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassumiu o cargo, em janeiro deste ano.No governo Bolsonaro, ele teve atuação ativa como conselheiro do Planalto, sendo consultado para temas que, inclusive, iam além da área econômica. Já no governo Lula, o comandante da autoridade monetária se tornou alvo de críticas.Mesmo após a autonomia do BC, que passou a vigorar em fevereiro de 2021, Campos Neto continuou participando de encontros ministeriais do governo Bolsonaro e fez dezenas de reuniões bilaterais com o ex-chefe do Executivo.De acordo com levantamento feito pela Folha, foram 17 encontros do presidente do BC com Bolsonaro em 2021 (após aprovação da lei de autonomia) –cinco individuais, oito com a presença de outras autoridades e quatro reuniões ministeriais, além de algumas solenidades no Planalto.Em 8 de março de 2021, participou de uma reunião que tinha, além do governo brasileiro, Albert Bourla, presidente da Pfizer. Campos Neto teve participação direta como intermediário na compra de vacinas contra Covid-19 produzidas pela farmacêutica.Estava prevista até mesmo a sua participação na cerimônia de recebimento dos imunizantes em Campinas (SP), em 29 de abril daquele ano, compromisso que consta como cancelado em sua agenda.Em 2022, ano eleitoral, os encontros individuais entre Campos Neto e Bolsonaro se intensificaram no início do ano e cessaram em maio. Entre janeiro e março, foram cinco reuniões bilaterais (e mais duas reuniões ministeriais).Houve ainda um sexto compromisso fechado entre eles, em 4 de maio daquele ano, horas antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Na ocasião, o colegiado do BC elevou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual, de 11,75% para 12,75% ao ano.Essa agenda veio a público a partir de um email do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que tinha "confidencial" como título. O encontro foi incluído na agenda do Banco Central só depois.Em entrevista à revista Veja, publicada em 25 de agosto deste ano, Campos Neto afirmou que o tema do encontro foi o Plano Safra, programa do governo federal de incentivo ao agronegócio."De vez em quando, Bolsonaro me chamava. Se o presidente Lula fizesse o mesmo, também iria. Horas depois daquele encontro com Bolsonaro, aliás, a gente subiu os juros em um ponto percentual, o que indica que o BC atuou de forma autônoma e assim vai continuar", disse Campos Neto.Esse não foi o único encontro entre Campos Neto e Bolsonaro em dia de Copom, mostra o levantamento da Folha. Consta também a participação do presidente do BC em uma reunião ministerial com o chefe do Executivo no Palácio do Planalto na manhã do dia 15 de junho de 2021 –também houve alta de juros na data (de 3,5% para 4,25% ao ano). Mais Ao todo, foram 25 reuniões no Planalto com a presença de Bolsonaro entre fevereiro de 2021 e maio de 2022, sendo 11 encontros individuais. No período, constam ao menos nove cerimônias na sede do Executivo na agenda de Campos Neto.Procurado pela Folha, o BC disse que "as reuniões trataram, como é a praxe em encontros com agentes públicos, de assuntos institucionais e governamentais do momento, sem abordar temas privativos do Banco Central, e estão informadas em agenda pública".Gustavo Loyola, ex-presidente do BC e diretor-presidente da Tendências Consultoria, diz não ver problema no contato do presidente do Banco Central com o governo e considera que isso não afetaria a autonomia da autoridade monetária.No entanto, pondera que o ideal é que a relação se restrinja a temas que interfiram diretamente na atuação da instituição, citando políticas de bancos públicos como exemplo."O presidente do Banco Central não pode se identificar com um governo no sentido de ser mais um ministro, ele perde autonomia. Tudo é questão de dose", afirma."O presidente da República tem todo o direito de querer ser informado sobre o BC. Ele é o responsável maior pelo país em última análise, mas tem que ter uma dose correta desse tipo de relacionamento."A proximidade de Campos Neto com políticos bolsonaristas passou a ser explorada por petistas desde o início da atual administração para ampliar o desgaste do chefe da autoridade monetária.Aos olhos de Lula, o líder da autarquia passou de "economista competente" às vésperas das eleições a "esse cidadão" ao final do primeiro mês de governo. O presidente também já declarou que o dirigente é "tinhoso" e que "não pode achar que é dono do Brasil".Até hoje, Campos Neto e Lula tiveram um único encontro presencial, ainda no período de transição de governo, em 30 de dezembro de 2022, no hotel onde o petista estava hospedado.No dia 1º de janeiro deste ano, o presidente do BC esteve presente na cerimônia de posse do chefe do Executivo. Naquele dia, contudo, não passou batido entre os críticos que ele fez um "bate e volta" entre Brasília e São Paulo para participar da posse de Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura no governo Bolsonaro, eleito governador de São Paulo.Para Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, não é "muito apropriado" um presidente de Banco Central ter uma relação muito próxima com o Poder Executivo."Obviamente tem que ter uma relação de respeito, o que não é o caso agora, muito mais por culpa do presidente da República do que do presidente do Banco Central", afirma."O atual governo deixou muito claro que ele [Roberto Campos Neto] é 'persona non grata', independentemente de ter diferentes opiniões acerca da política econômica."Publicamente, Campos Neto diz estar à disposição de Lula para conversar. "Estou sempre aberto para discutir não só com presidente, mas com qualquer membro do governo. Às vezes tenho reuniões com alguns ministros, explico o que estou vendo, o que está acontecendo", afirmou ele em entrevista ao site Poder360."Obviamente converso muito mais com o ministro Fernando Haddad [Fazenda], mas estou aberto a conversar com o presidente Lula a qualquer momento", complementou.De acordo com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), o distanciamento de Lula não se trata de uma questão pessoal, mas de uma "discordância sobre a taxa de juros", e a ponte do governo com Campos Neto tem sido feita pelo ministro da Fazenda.Perguntada se o presidente do BC consta entre os convidados para solenidades realizadas no Planalto, a Secom afirmou que "em todas as cerimônias e anúncios realizados no Palácio do Planalto, a lista de convidados é definida pelo ministério proponente"."Cabe à pasta responsável pelo anúncio repassar a relação dos convidados para o Cerimonial da Presidência da República", acrescentou o texto enviado pela Secom.Designada como interlocutora do governo com o chefe da autoridade monetária, a Fazenda disse que, até o momento, "não realizou nenhum evento no Palácio do Planalto".Já Campos Neto, por meio de sua assessoria, afirmou que "sempre que convidado, atendeu e atenderá a convites para reuniões com autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário". Segundo o BC, ele não recebeu novos convites para reuniões com o presidente da República.Até o momento, não há previsão de um novo encontro presencial de Lula com Campos Neto.
2023-09-17 16:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/campos-neto-passa-de-assiduo-na-agenda-de-bolsonaro-a-persona-non-grata-no-planalto-de-lula.shtml
China dá sinais 'tímidos' sobre retomada do diálogo militar bilateral, dizem EUA
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e o chanceler da China, Wang Yi, estiveram juntos neste fim de semana no arquipélago europeu de Malta, em uma reunião sem avisos prévios das duas partes e que durou cerca de 12 horas.Trata-se de mais uma etapa das tratativas entre os dois países que disputam a chamada Guerra Fria 2.0 de retomar o diálogo militar encerrado por Pequim há mais de um ano após a controversa visita de Nancy Pelosi, democrata que então presidia a Câmara dos EUA, a Taiwan, ilha considerada uma província rebelde pelos chineses.Em comunicado, o governo de Joe Biden disse que o encontro foi um esforço para "manter linhas de comunicação abertas e gerir a relação de uma maneira saudável". A nota diz ainda que as discussões foram "francas, substantivas e construtivas" e que vêm na esteira do encontro entre Biden e o líder chinês, Xi Jinping, na Indonésia, em novembro.Teriam sido debatidos, segundo Washington, a Guerra da Ucrânia —na qual os Estados Unidos são os principais aliados de Kiev e a China mantém laços com Moscou, a despeito de se dizer neutra no conflito—, a paz no estreito de Taiwan e áreas da relação bilateral.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...A veículos de imprensa americanos, como a agência Reuters e o jornal The New York Times, um alto oficial do governo, cujo nome não foi identificado, disse que os EUA avaliam que houve "avanços tímidos" na disposição chinesa de retomar o diálogo na área militar.De acordo com a mesma fonte, Jake Sullivan teria enfatizado que Pequim não deveria tentar ajudar Moscou na guerra no Leste Europeu. A declaração tem como pano de fundo falas de membros do governo Biden, rechaçadas pela China, de que o regime de Xi avalia enviar armamento para o governo de Vladimir Putin.O encontro deste fim de semana integra um esforço em andamento de Biden para que figuras do alto escalão de sua gestão reconstruam um mínimo diálogo com o regime chinês após uma série de episódios que ruíram a relação. Após a ida de Pelosi a Taiwan, o caso dos balões chineses foi um novo balde de água fria. Mais No episódio, os EUA detectaram uma série de balões de alta altitude chineses sobrevoando seu território e os abateram, acusando Pequim de espionagem. O regime respondeu que se tratavam de meros objetos para pesquisa que haviam desviado o curso por uma falha técnica.O encontro de Sullivan e Wang Yi ocorre às vésperas da Assembleia-Geral da ONU em Nova York, que conta com a presença de Biden, o segundo a discursar nesta terça-feira (19), após o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A China será representada pelo vice de Xi, Han Zheng.
2023-09-17 15:53:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/china-da-sinais-timidos-sobre-retomada-do-dialogo-militar-bilateral-dizem-eua.shtml
Mortes: Professor, deu aulas de inglês gratuitas no Brasil
Contar o número de amigos de Almir Sleiman Mihessen é tão difícil quanto saber para quantas cidades ele viajou ao longo da vida. O professor de inglês, que nasceu no Rio de Janeiro e amava São Paulo, usou sua fluência na língua para ensinar, fosse na escola ou no prédio onde morava.Atento, percebeu o interesse do porteiro em livros e lhe ofereceu aulas gratuitas. Com o incentivo, o rapaz evoluiu e também se tornou fluente em inglês. "Generoso, Almir dava aulas para pessoas que não podiam pagar e isso fez muita diferença, pois mudou a vida delas", lembra o amigo Vicente de Carvalho.Almir começou a estudar inglês com 12 anos. Aos 17, ganhou um concurso de línguas e o prêmio foi uma colônia de férias em Nova York, nos EUA. A viagem era o que faltava para ele desenvolver seu talento. "Sua paixão era dar aulas. Em São Paulo, implantou a rede Brasas [de ensino de inglês] e adotou a capital como sua cidade do coração", conta Carvalho.Pós-graduado em letras nos EUA, Almir conquistou alunos de várias idades e chamava a atenção pela alegria, didática e pronúncia perfeita, sem sotaque. Muitos que aprenderam com ele se tornaram amigos. "Ele tinha o dom de agregar pessoas. Viajar era outra de suas características, e nessas viagens continuou a conhecer pessoas e a fazer amigos pelo mundo", destaca Vicente.Filho de imigrantes sírios, nascido numa família de quatro irmãos, adorava as fantasias do Carnaval e desde cedo sonhava em ser professor, mesmo que o avô o quisesse engenheiro. A família tinha parentes em vários países, onde Almir era acolhido. "Ele fez vários melhores amigos, muitos, muitos amigos. Agregava todos; conhecia e conquistava cada um com sua simpatia e educação", recorda a sobrinha, Marcela Mihessen."Era generoso, muito generoso. Além de dar os melhores presentes, seu tempo era distribuído entre os amigos e a família. Sempre arrumava um tempo para nos ver."Marcela fala que o tio ajudava com tudo e era como o amigo ‘tecnológico’ da turma. "Se não soubesse, sabia procurar. Não media esforços. Se você falar com cada amigo dele, vai dar um livro de coisas que ele já fez para ajudar."Almir adorava elogiar as virtudes alheias, decorar o nome de todos —o que fazia com facilidade— e agradecer. Como bom professor, sempre corrigia os sobrinhos, "para termos um português impecável", diz Marcela. Outra alegria dele era comer, no entanto, não descuidava dos exercícios regulares."Ele amava viajar, conhecia todos os continentes, nem sei quantos países. Era um amante da boa comida e de boa música, teatros, filmes; amava arte, museus. Um cara superculto", observa Marcela.Almir morreu em 25 de junho, de câncer de pulmão. Deixa três irmãos, quatro sobrinhos e uma passagem fantástica e inesquecível por diversos países e corações. Mais coluna.obituario@grupofolha.com.brVeja os anúncios de mortesVeja os anúncios de missa
2023-09-17 16:00:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/mortes-professor-deu-aulas-de-ingles-gratuitas-no-brasil.shtml
Ivete Sangalo e Anitta 'brigam' em camarim e divertem famosos nas redes sociais; assista ao vídeo
Anitta é uma das convidadas especiais da estreia da segunda temporada do programa "Pipoca da Ivete" neste domingo (17). Antes de o programa ir ao ar, as duas cantoras publicaram um vídeo nos bastidores da atração da Globo encenando uma briga, ironizando rumores de desentendimentos."O bicho vai pegar", escreveu Ivete, na legenda do post. No clipe, elas simulando apertões no pescoço e logo se soltam, dizendo "você é fofa" e "eu te amo, amiga".Os rumores de uma relação estremecida entre Anitta e Ivete Sangalo começaram em 2017, coincidindo com o lançamento do livro "Furacão Anitta", escrito pelo jornalista Léo Dias. Na obra, Dias alega que Ivete teria sugerido que Anitta se submetesse a uma situação constrangedora em um programa de TV para conseguir um convite para a gravação de um DVD. Posteriormente, um suposto áudio de Anitta confirmando essa história foi vazado, intensificando ainda mais as especulações. Mais Apesar do clima que se formou nas redes sociais na época, tanto Anitta quanto Ivete nunca confirmaram publicamente qualquer atrito entre elas. Pelo contrário, Anitta frequentemente inclui músicas de Ivete em seu repertório de shows, e a cantora baiana demonstrou apoio e preocupação com a carioca durante um problema de saúde.A postagem que exibiu a encenação da briga entre as duas artistas gerou uma reação positiva entre os famosos, com figuras como Angélica se divertindo com a publicação. Anitta, ao comentar o post, escreveu: "Juntinhasssss ownnn".
2023-09-17 15:52:00
musica
Música
https://f5.folha.uol.com.br/musica/2023/09/ivete-sangalo-e-anitta-brigam-em-camarim-e-divertem-famosos-nas-redes-sociais-assista-ao-video.shtml
Veja o que se sabe sobre o acidente que deixou 14 mortos no interior do Amazonas
Um acidente aéreo deixou 14 mortos neste sábado (16) no município de Barcelos, no interior do Amazonas. Não há registros de sobreviventes.Autoridades investigam as causas da ocorrência. A seguir, veja o que se sabe até o momento sobre o caso.O avião de pequeno porte envolvido no acidente fazia o trajeto de Manaus para Barcelos durante a tarde deste sábado. Cerca de 400 quilômetros separam os dois municípios.Segundo o Governo do Amazonas, o acidente ocorreu durante o pouso no aeroporto de Barcelos. O município fica próximo a Roraima. Trata-se de um destino conhecido por atrair turistas interessados na pesca esportiva.As vítimas foram os 12 passageiros e os dois tripulantes da aeronave. Não há registros de sobreviventes.O Governo do Amazonas recebeu uma lista dos 12 passageiros, repassada pela empresa Manaus Aerotáxi, responsável pelo avião. As autoridades locais, contudo, ainda aguardavam a realização da perícia antes de confirmar os nomes.A seguir, veja a lista:O nome completo dos dois tripulantes não foi divulgado na lista. O piloto foi identificado pelo sobrenome Souza e o copiloto como Galvão. As causas não são totalmente conhecidas e ainda estão em investigação. Neste sábado, autoridades ressaltaram que chovia forte durante a tarde em Barcelos."O momento do acidente era de chuva muito intensa. Teve a informação de que duas aeronaves que estavam antes desse voo optaram por regressar a Manaus em virtude de a segurança no local não permitir o pouso", afirmou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Vinícius Almeida, em entrevista coletiva."Não temos detalhes que possam ser conclusivos. Temos alguns relatos. Quero aqui não contaminar a investigação. O que tem de relatos é que a aeronave teria pousado no meio da pista e não teve pista suficiente para frear", acrescentou. Mais Em nota, a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que investigadores do Seripa VII (Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) foram acionados para realizar o atendimento inicial da ocorrência.O Seripa VII é o órgão regional do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). O Cenipa tem o objetivo de investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir novos acidentes.Neste domingo, o Governo do Amazonas enviou equipes a Barcelos para auxiliar no transporte dos corpos das vítimas para Manaus. A operação foi planejada de maneira integrada com a FAB.Os corpos serão periciados pelo IML (Instituto Médico Legal) para identificação e posterior liberação às famílias.Em nota, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou neste domingo que o aeroporto de Barcelos está aberto ao tráfego, sem evidências de problemas com a pista. Segundo a agência, há previsão de obras no local, pelo Governo do Amazonas, a partir de 25 de setembro."A última fiscalização no local foi realizada em 1º de setembro de 2023. Atividades de fiscalização abrangem, em regra, todo o aeroporto ou partes dele, incluindo aspectos relativos a pavimentos, cerca, vegetação, condições de manutenção e operação, por exemplo", disse a Anac.O avião acidentado era do modelo Bandeirante e, segundo a FAB, tinha a matrícula PT-SOG. Registros da Anac confirmam que a aeronave era operada pela Manaus Aerotáxi, com permissão para táxi aéreo.Fabricado pela Embraer, o avião tinha capacidade máxima para transportar 18 passageiros. O ano de fabricação era 1991.A Manaus Aerotáxi lamentou o ocorrido em uma nota divulgada nas redes sociais. No mesmo comunicado, declarou que a segurança é a sua prioridade e que a aeronave e a tripulação atendiam a todas as exigências da aviação civil."Contamos com o respeito à privacidade dos envolvidos neste momento difícil e estaremos disponíveis para prestar todas as informações necessárias e atualizações à medida que a investigação avançar", afirmou a empresa.
2023-09-17 14:56:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/veja-o-que-se-sabe-sobre-o-acidente-que-deixou-14-mortos-no-interior-do-amazonas.shtml
Marcelo D2 consegue impugnação na Justiça de indenização a Doria por chamá-lo de 'assassino'
A Justiça de São Paulo impugnou a indenização de R$ 50 mil que o rapper Marcelo D2 deveria pagar ao ex-governador João Doria por chamá-lo de "assassino" em 2019. O músico foi processado por danos morais e havia sido condenado em julho de 2022.Agora, segundo informações do Tribunal de Justiça de São Paulo, a 36ª Vara Civel acatou os argumentos da defesa de D2 sobre ele não ter sido corretamente notificado à época para poder se defender. O F5 não conseguiu encontrar a defesa de Doria.Em dezembro de 2019, o cantor foi obrigado a apagar três tuítes críticos ao então governador João Doria (PSDB) relacionados às mortes na favela de Paraisópolis (zona sul de SP). Em uma das postagens, D2 afirmava que Doria havia sido o mandante das mortes de nove jovens, ocorridas durante ação da Polícia Militar. Em outro tuíte, respondendo a uma declaração de Doria dizendo que lamentava o episódio, o cantor afirmou: "Lamenta nada, assassino". Mais Uma terceira postagem afirmava que "o Doria não gostou que chamei ele de assassino e tentou, na Justiça, tirar meu post do ar. Então aqui vai uma homenagem a mais um brasileiro do ano. Parabéns aos envolvidos!". Em seguida, havia uma charge de Doria com as mãos sujas de sangue.Na época, Doria entrou na Justiça com pedido que dizia que "em que pese o agravante seja governador do estado de São Paulo, responsável pela segurança pública e planejamento macro do exercício do poder de polícia, não se pode imputar à sua pessoa, enquanto detentora de direitos e obrigações, a responsabilidade direta pelo episódio."Em primeira instância, D2 venceu a ação, mas Doria recorreu e o cantor acabou condenado.
2023-09-17 14:45:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/marcelo-d2-consegue-impugnacao-na-justica-de-indenizacao-a-doria-por-chama-lo-de-assassino.shtml
Reforma Tributária deve passar no Senado até dia 15 de outubro, diz líder do governo
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou neste domingo (17) que a Reforma Tributária deve passar pelo Senado até dia 15 de outubro.Até esse prazo, o texto deve ser votado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e no plenário. Wagner acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante viagem a Nova York (EUA) para participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas.O senador afirmou que o relator ainda está trabalhando no texto. "Várias coisas podem dar dor de cabeça. A Câmara aprovou numa certa rapidez", disse a jornalistas, ressaltando que há muitas reclamações de setores.Sobre a pressão para que as novas alíquotas de imposto sejam incluídas na PEC (proposta de emenda à Constiruição), Wagner afirmou que a ideia é absurda."Estamos com um mau hábito no Brasil de achar que para algo funcionar, precisa estar na Constituição." O líder do governo também disse que a proposta não deve ser fatiada. A ideia vem sendo levantada como uma opção para facilitar a aprovação de pontos que enfrentam menor resistência.Wagner deve acompanhar o presidente em um encontro nesta noite com empresários. O jantar, oferecido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também deve ter a presença do líder da entidade, Josué Gomes da Silva, do ministro Fernando Haddad (Fazenda), e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).Segundo Wagner, Lula deve mais ouvir do que falar durante a reunião.O presidente chegou ao hotel em Nova York por volta das 23h no horário local. Um grupo de apoiadores o aguardava, cantando músicas e acompanhado por uma pequena bateria.De acordo com a assessoria, Lula não deve ter agendas neste domingo além do encontro com empresários. Até agora, o único encontro bilateral confirmado do petista é uma reunião com o presidente americano, Joe Biden, na quarta-feira. Depois, os dois participam de um evento para lançar uma iniciativa sobre trabalho decente no século 21.Existe um pedido informal de encontro entre Lula e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Segundo Wagner, o governo brasileiro ofereceu duas opções de data, mas ainda não há confirmação.Os dois têm uma relação turbulenta. Às margens do G7, no início do ano, houve uma tentativa de encontro, mas que acabou frustrada. Cada lado culpa o outro.A equipe de política externa do governo diz que há mais de 50 pedidos de encontros bilaterais e participação em eventos para Lula às margens da ONU. Segundo Wagner, é um "problema bom", mas delicado, para evitar que uma eventual recusa seja mal interpretada.Lula abre o debate de alto nível do encontro anual das Nações Unidas nesta terça. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro a falar.
2023-09-17 14:05:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/reforma-tributaria-deve-passar-no-senado-ate-dia-15-de-outubro-diz-lider-do-governo.shtml
Lula oferece horários para encontro com Zelenski em Nova York
Após o rumoroso desencontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, às margens da cúpula do G7 em Hiroshima em maio passado, a Assembleia-Geral da ONU que ocorre nesta semana em Nova York abriu mais uma janela de oportunidade para uma bilateral.O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que há um pedido formal de encontro entre os presidentes, duas das figuras mais aguardadas nesta edição do encontro de líderes das Nações Unidas, e que ofereceu duas opções de data. Questionada se houve uma resposta, a assessoria de imprensa do Planalto disse que não tinha informações sobre essa negociação.A equipe de política externa do governo diz que há mais de 50 pedidos de encontros bilaterais com outros presidentes e primeiros-ministros e de participação em eventos para Lula às margens da ONU.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Na ocasião da cúpula do G7, na qual tanto Lula quanto Zelenski foram como convidados, havia ampla expectativa de um encontro, a despeito de declarações do petista criticadas por ucranianos por supostamente diminuir a parcela de culpa de Moscou na Guerra da Ucrânia.Quando o encontro não ocorreu, o governo brasileiro afirmou que Zelenski "simplesmente não apareceu" e que três horários haviam sido sugeridos. Fontes do Planalto tentaram, porém, minimizar a importância de Lula não ter se reunido com Zelenski à época.O ucraniano, na ocasião, teve conversas com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi —outro líder de um país do Sul Global que, como o Brasil, vem tentando manter neutralidade na guerra. Mais Depois, em uma entrevista em Kiev à Folha e a outros veículos de imprensa da América Latina, o presidente ucraniano deu versão distinta do episódio. Segundo Zelenski, o desencontro no Japão não foi culpa da Ucrânia.Durante a conversa, ele também alfinetou o petista pela falta de apoio para a criação de um tribunal especial internacional que julgue crimes de agressão na guerra e disse que o líder brasileiro quer ser "original" em suas propostas.Nesse meio-tempo, entre o desencontro no G7 e a Assembleia-Geral da ONU, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, conversou com seu homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, por telefone na última semana.Lula também voltou a dar declarações criticadas em áreas que envolvem a guerra. O brasileiro disse desconhecer o Tribunal Penal Internacional (TPI), instância que emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, por apoio à deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia durante a guerra.Ele também afirmou durante conversa com uma emissora da Índia que, caso Putin viesse ao Brasil para a cúpula do G20 em 2024, ele não seria preso, o que contraria os compromissos assumidos por Brasília com o Tribunal de Haia, como o TPI é conhecido, ao assinar o Estatuto de Roma, seu documento fundador. Nesta segunda, Lula tem dois encontros bilaterais. Às 12h (horário de Brasília), ele conversa com o presidente da Suíça, Alain Berset. Em seguida, o petista encontra o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown. Do partido trabalhista, Brown comandou o Reino Unido entre 2007 e 2010. Atualmente, ele é enviado especial da ONU para educação.Na noite de domingo, Lula participou de uma reunião e um jantar com empresários e investidores oferecido pela Fiesp no restaurante Fasano em Nova York. Ao sair do hotel para o evento, o presidente foi hostilizado por uma mulher que vestia a camisa da seleção brasileira. Ela chamou o petista de ladrão e comunista. Segundo o Planalto, participaram da reunião os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Luiz Marinho (Trabalho). Também estavam os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Do setor privado estavam a Chevron e os fundos Apollo, Growth Capital, Valor Capital, Brookfield, Blackrock, Mubadala Brazil, GIP, Neuberger, Qell, Claure Group e Citibank. A embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, e o presidente do BID, Ilan Goldfajn, e um enviado especial da Arábia Saudita também estavam presentes.
2023-09-17 14:56:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/governo-lula-oferece-dois-horarios-para-encontro-com-zelenski-em-nova-york.shtml
Ônibus de turismo cai em vão de viaduto em Campinas (SP) e deixa mais de 20 feridos
Um acidente com um ônibus da Viação Águia do Sul, por volta de 2h50 da madrugada deste domingo (17), causou ferimentos leves em ao menos 23 pessoas. Alguns foram removidos a hospitais de Campinas e Jaguariúna, no interior paulista, de acordo com o Tenente Barone, da Polícia Rodoviária Estadual.O veículo saiu de Diadema (ABC paulista) com destino a Capitólio (MG). No total, 43 passageiros estavam a bordo, além do guia e do condutor.O motorista trafegava pela rodovia SP-340 quando, na altura do km 121 + 800 metros, sentido Jaguariúna-Interior, em Campinas (a 93 km de São Paulo), perdeu o controle, invadiu o canteiro central e se chocou contra uma placa de sinalização. Na sequência, o ônibus caiu no vão de um viaduto. A informação é da Renovias, concessionária que gerencia a rodovia.A reportagem conversou com um dos donos da Viação Águia do Sul, Gilmar Oliveira Cosme, 49. Segundo ele, o condutor dormiu no volante.De acordo com Cosme, a maioria dos passageiros teve ferimentos leves e foi liberada no local do acidente. A empresa disponibilizou um ônibus para transportar as pessoas de volta para a cidade de origem. O proprietário da empresa contou que o veículo parou algumas vezes para pegar passageiros. Uma delas foi na capital paulista.Os feridos com mais gravidade —uma passageira deslocou a bacia, outro o ombro, e o motorista teve ferimentos no tornozelo— foram encaminhados a serviços de saúde da região. O condutor do veículo passou por cirurgia. Não se sabe seu estado de saúde.Segundo a Renovias, a alça de retorno chegou a ser bloqueada para a retirada do ônibus, o que ocorreu às 10h10 desta manhã, mas não houve problemas ao trânsito.
2023-09-17 15:14:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/onibus-de-turismo-cai-em-vao-de-viaduto-em-campinas-sp-e-deixa-mais-de-20-feridos.shtml
Auditores do TCU pedem 'socorro' à PF em meio a embate com relator bolsonarista
A área de auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) pediu a entrada da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) nas investigações para apurar se um cartel de empresas de pavimentação atuou para fraudar licitações da estatal Codevasf que somaram mais de R$ 1 bilhão.O requerimento foi feito em relatório de julho no qual os auditores apresentaram novas evidências da ação do cartel do asfalto em concorrências públicas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).Enquanto a apuração caminha sem medidas restritivas contra as empresas, a gestão Lula (PT) continua reiniciando ou prorrogando contratos da empreiteira Engefort, a principal suspeita de liderar o suposto conluio entre as construtoras, jogando a execução de obras para 2024.O mais recente aditivo favorável à Engefort foi assinado em meados de agosto. A empreiteira nega irregularidades. Codevasf afirmou que os contratos foram firmados em exercícios anteriores e que os processos passaram por aprimoramentos.No trabalho de julho, os técnicos do TCU avançaram no entendimento quanto à gravidade do caso e já vislumbram a possibilidade de exigir que as empreiteiras paguem pelos prejuízos decorrentes do cartel, além de serem proibidas de assinar contratos com o poder público.O relatório configura mais um episódio do embate entre os auditores e o ministro do TCU Jorge Oliveira, que é relator dos casos que envolvem a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) na corte de contas.Enquanto os técnicos do tribunal de contas já fizeram vários trabalhos apontando irregularidades em licitações da estatal, chegando a pedir a concessão de uma medida cautelar para impedir a assinatura de novos contratos, o plenário do TCU determinou que os auditores procurem "casos de sucesso" no modelo afrouxado de concorrências da Codevasf inflado no governo Bolsonaro.Oliveira foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República de Bolsonaro antes de ser indicado pelo ex-presidente ao TCU.A investigação sobre o cartel do asfalto começou com base em reportagens da Folha que mostraram que a Engefort havia passado a dominar as licitações da Codevasf, ganhando mais da metade das concorrências de 2021, e em parte delas era acompanhada por uma empresa de fachada registrada em nome do irmão de seus sócios, com o objetivo de simular disputa pelos contratos.Segundo os auditores, na atual fase do caso, "aumenta-se a importância de o TCU contar com a expertise e aparato instrumental de outros órgãos da rede de controle, a fim de seguir aprimorando as análises, que podem desbordar em sanções de inidoneidade a diversas sociedades empresariais"."Tal item justifica proposta de levar cópia do presente trabalho à Polícia Federal, à CGU e ao MPF, dentro de um esforço de atuação coordenada por parte do Estado", completa a auditoria. Mais O requerimento dos auditores apresentado em julho passado foi realizado dentro de um novo processo que tinha sido iniciado em outubro para investigar especificamente a suposta atuação do cartel. Ainda em 2022, no processo de origem das apurações, o TCU também determinou o envio do primeiro laudo produzido sobre a combinação de resultados à PF, ao Ministério Público e à CGU.Procurada pela Folha para falar sobre a comunicação de outubro, a PF afirmou que "não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento". O Ministério Público Federal informou que abriu apurações sobre o caso na Bahia. A CGU relatou que está atuando em duas frentes de trabalho, uma investigativa e outra referente a auditorias.A diferença agora, com o novo pedido de julho, é que os técnicos querem o "compartilhamento de novas provas indiretas ou, principalmente, de provas diretas" com esses órgãos. Os auditores indicam que PF, Ministério Público e CGU têm mais meios investigativos para obtenção de provas que o TCU, e a partir de agora é fundamental que eles atuem para o aprofundamento das apurações. O requerimento foi encaminhado ao ministro Jorge Oliveira em agosto para que ele decida os próximos passos do caso.O relatório de julho da área técnica do TCU chamada AudUrbana contesta argumentos apresentados por Oliveira em voto da sessão de outubro do TCU que negou a concessão da medida liminar.O trabalho recorda quatro fortes indícios da atuação do cartel já apontados no fim do ano passado.O primeiro deles é que entre 2018 e 2021 houve grande queda no número médio de empresas participantes nas licitações. A diminuição foi de 18 para 4 construtoras.O segundo está no fato de os descontos dados pelos licitantes ter caído de 30,5% para 5,30 % no mesmo período.Outra situação suspeita é que a redução nos descontos ocorreu "mesmo diante de um salto expressivo no montante dos valores leiloados (de R$ 86,9 milhões para R$ 2,5 bilhões)".Os auditores ainda indicam "o agravante de se estar sob um cenário de objeto executável por muitas empresas de engenharia, pois que as firmas atuantes nos anos anteriores, presume-se, não perderam o know-how e não se trata de uma tipologia de obra impactada decisivamente por avanços tecnológicos para tão curto prazo". Mais Em seguida, os auditores apresentaram vários novos cálculos relacionando dados econômicos das licitações.Um dos estudos, por exemplo, mostrou que ocorreu um desconto 77,5% menor nas licitações consideradas suspeitas. "E ainda, se o lote foi suspeito, a probabilidade de se ter um desconto simbólico (menor do que 1%) é multiplicado por 43 vezes", de acordo com o exame.Para os técnicos do TCU, as reportagens da Folha e os indícios de conluios em 2021 mostram " a hipótese de favorecimento ilícito por meio de fraudes e distanciamento do interesse público".Ainda segundo o trabalho, "não se trata de uma possibilidade, mas de uma probabilidade crível, a hipótese de prática de atos colusivos" e "paira, além da dúvida razoável, a existência de indícios vários e relevantes acerca da colusão".Procurado por meio da assessoria de imprensa do TCU, o ministro Jorge Oliveira informou que "vai se manifestar apenas nos autos".A empreiteira Engefort afirmou em nota que cumpriu a lei em todas as licitações e repudia "veemente quaisquer alegações de indícios formação de cartel, conluio e fraude"."A Engefort Construtora não compactua com quaisquer ilicitudes", segundo a nota.A Codevasf afirmou que "os contratos objeto de análise foram firmados em exercícios anteriores" e os processos da estatal em obras de pavimentação passaram por aprimoramentos nos últimos anos.Segundo a empresa pública, todas suas licitações são feitas de acordo com a lei e "a prorrogação de contratos assegura a prestação de serviços em benefício de milhares de famílias".
2023-09-17 13:05:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/auditores-do-tcu-pedem-socorro-a-pf-em-meio-a-embate-com-relator-bolsonarista.shtml
Sobe para sete número de mortos após assassinato de policial na Bahia
Subiu para sete o número de suspeitos mortos após a ação que resultou na morte de um agente da Polícia Federal na sexta-feira (15) no bairro de Valéria, periferia de Salvador.A Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que dois suspeitos foram localizados neste domingo (17) em um conjunto habitacional no bairro de Periperi.Eles foram avistados saindo de uma área de mata fechada e se escondendo em um apartamento. De acordo com a secretaria de segurança, os policiais tentaram prender os suspeitos, que teriam atirado contra as equipes das forças de segurança.Os dois suspeitos foram baleados e socorridos, mas não resistiram aos ferimentos, informou a polícia. Com eles foram apreendidos um fuzil, uma carabina, carregadores e munições.No sábado (16), a polícia localizou outros dois suspeitos. Um deles morreu em troca de tiros em Periperi, segundo a Secretaria de Segurança. Outro foi preso no Residencial Parque das Bromélias.A operação foi deflagrada na sexta-feira (15) e reuniu Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil em ação contra uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e armas e homicídios no bairro de Valéria. Outros dois policiais ficaram feridos na ação.Dentre os demais mortos na ação policial está Uélisson Neves Brito, conhecido como Cara Fina, que fazia parte da lista da Secretaria de Segurança dos foragidos mais perigosos do estado. Com ele e os outros três mortos, foram encontrados dois fuzis, uma submetralhadora e duas pistolas.A morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro causou consternação entre as forças de segurança pública e autoridades. Na noite desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte do policial."Lucas fez parte da equipe designada pela PF para a minha segurança na Bahia, durante a campanha eleitoral e também agora, na Presidência. Cumpriu sua missão com exemplar profissionalismo. Meus sentimentos aos familiares, amigos e colegas."Em entrevista à imprensa, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, destacou empenho total na captura dos traficantes que acertaram três policiais: "Estamos com equipes na região e não descansaremos até encontrarmos todos os criminosos envolvidos."Na manhã deste sábado, foi realizada uma reunião entre as cúpulas da Secretaria da Segurança Pública e da Polícia Federal para definir novas ações de inteligência e de repressão do crime organizado. Mais A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos.A Bahia foi, no ano passado, o estado com mais mortes decorrentes de intervenção policial, com 1.464 ocorrências —o que dá uma média de 28 casos por semana. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.
2023-09-17 15:27:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/sobre-para-sete-numeros-de-mortos-apos-assassinato-de-policial-na-bahia.shtml
Disputa por vaga em tribunais tem candidatos apoiados por membros do STF e pelo PT
A disputa por vagas em importantes tribunais do país tem mobilizado ministros do presidente Lula (PT), parlamentares e integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal).A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) realizará nos próximos meses diversas votações internas para definir indicados para assentos destinados à advocacia no TST (Tribunal Superior do Trabalho) e em dois tribunais regionais federais.Nomes como Gilmar Mendes, ministro do Supremo, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda, têm candidatos no páreo.Um dos postulantes ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) é Eduardo Martins, filho do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Humberto Martins. Pesa contra ele, no entanto, a relação com pessoas próximas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Outro é Flávio Jardim, apoiado por Gilmar e que já esteve em uma lista anterior, mas acabou sendo preterido pelo então presidente Bolsonaro.Também são vistos como fortes na briga os advogados Thiago Campos e Vicente Viana. O primeiro tem relação próxima com o PT e apoios de próceres petistas, como Haddad e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), seu conterrâneo.O segundo tem apoios importantes na própria OAB e conta com ajuda do ministro Reynaldo Fonseca, do STJ, e do desembargador do TRF-1 Gustavo Amorim.A votação está marcada para o próximo dia 18. A OAB elegerá duas listas sêxtuplas e, depois, caberá ao tribunal reduzir ambas as relações pela metade. Lula, então, terá que escolher um de cada lista para se tornar integrante da corte.O advogado Diogo Condurú também tem apoios importantes no mundo político. Estão ainda na disputa advogados com histórico na OAB, como Marcus Gil, Gustavo Silbernagel e Rebeca da Silva.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...O rito para escolha do próximo ministro do TST é similar. A OAB escolherá seis nomes, o tribunal reduzirá a relação para três e, depois, Lula escolherá um deles para assumir um assento no órgão de cúpula da Justiça do Trabalho.O advogado Adriano Avelino está em campanha para o cargo e tem apoio do presidente da Câmara. Um problema para ele, no entanto, é o fato de não ser o único candidato de seu estado, Alagoas.O alagoano Fernando Paiva é o candidato ao TST de Felipe Sarmento, presidente do fundo financeiro da OAB e favorito para assumir o comando do órgão após a gestão de Beto Simonetti. Ele já foi pressionado a retirar a candidatura de seu aliado, mas não cedeu à pressão e manteve o nome de Paiva na disputa.A disputa entre os dois alagoanos esquentou nas últimas semanas. É raro a OAB incluir conterrâneos na mesma lista.Outro nome de peso na disputa é o de Emmanoel Campelo. Ele é filho de Emmanoel Pereira, que se aposentou recentemente do TST escalou o filho para disputar a cadeira que era sua até outubro do ano passado.Receba no seu email a seleção diária das principais notícias jurídicas; aberta para não assinantes.Carregando...Além dele, o advogado Antonio Fabrício é outro nome que desponta na disputa. Ele tem boas relações dentro da OAB e também conta com o apoio do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que até hoje exerce influência no PT.Outro tribunal que tem duas vagas abertas e que caberá à OAB preencher os assentos atualmente sem donos é o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região).Nesse caso, está no páreo a advogada Gabriela Araújo, que é casada com Emídio de Souza (PT-SP) deputado estadual que exerce grande influência dentro do PT. Mais
2023-09-17 13:12:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/disputa-por-vaga-em-tribunais-tem-candidatos-apoiados-por-membros-do-stf-e-pelo-pt.shtml
Incentivos fiscais na Amazônia beneficiaram mineração e petróleo, aponta estudo
Incentivos fiscais dados pelo governo para as regiões Norte e Nordeste, onde se concentra a Amazônia Legal brasileira, beneficiaram principalmente atividades com grande potencial de impacto sobre o meio ambiente.Estudo do Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) com base em dados da Receita de 2021 mostra que mais da metade dos valores de renúncia concedidos por Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) e Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) foi direcionada para empresas que atuam em mineração, energia e petróleo."[Os] privilégios fiscais reforçam o padrão de exploração de recursos naturais concentrados nas regiões Norte e Nordeste, em especial na Amazônia brasileira", diz o levantamento.No total, dos R$ 42,3 bilhões em isenção distribuídos, R$ 22 bilhões (54%) foram direcionados para os três setores. O levantamento aponta que, de 2010 a 2022, entre as cinco atividades econômicas mais contempladas com projetos aprovados pela Sudam estão a infraestrutura (onde entram projetos de energia e gás), minerais e químicos (que inclui a produção de petróleo e seus derivados).Levantamento da Folha com base em dados da Receita mostrou que os incentivos fiscais do governo federal beneficiaram 1.112 empresas multadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) entre 2021 e 2022.Essas companhias receberam um total de mais de R$ 84 bilhões em benefícios, enquanto o valor das multas ultrapassa R$ 2 bilhões. Os incentivos constam da base de dados da Receita de 2021 e incluem programas como Prouni, Sudam e Pronac, além de benefícios em dispositivos que serão extintos pela Reforma Tributária em discussão no Congresso, como ICMS, IPI, PIS e Cofins.Já as multas são referentes aos valores indicados no auto de infração. Fazem parte do levantamento as punições que foram pagas e os casos em que a empresa autuada apresentou recurso. Ficaram de fora penas que foram anuladas ou nas quais o suposto infrator venceu a causa na Justiça. Mais O estudo do Inesc usa como base de dados as informações da Receita, que em 2023 divulgou os valores relativos a 2021, e dados gerais de projetos aprovados por Sudam e Sudene.No levantamento, o instituto destaca, por exemplo, o caso da Vale. A empresa, responsável pelas barragens de Brumadinho e Mariana, que se romperam em Minas Gerais, recebeu R$ 18 bilhões dos R$ 42 bilhões de incentivos fiscais em 2021 da Sudam e da Sudene —é a recordista da lista.A Petrobras é a quinta do ranking de beneficiadas, com pouco mais de R$ 800 milhões. A Vale e a Petrobras lideram o ranking das empresas multadas pelo Ibama e que foram beneficiadas com incentivos fiscais, segundo o levantamento da Folha."As operações da Petrobras na Amazônia brasileira têm contribuído para o avanço da exploração de petróleo na foz do Amazonas, sem garantir a segurança ambiental dos impactos gerados pela exploração", diz o Inesc."Na lista da Receita Federal das empresas beneficiadas pelos incentivos fiscais pela Sudam e Sudene estão presentes, ainda, dezenas de empresas do setor do agronegócio e da infraestrutura associadas ao escoamento de grãos, madeira e carne", completa o estudo. Mais Dentre as atividades econômicas mais beneficiadas pela Superintendência do Amazonas, de 2010 a 2022, a que teve mais projetos aprovados é a de eletrônica e veículos (512), seguida de alimentos e bebidas (477), químicos (307), minerais (200), infraestrutura (187) e agricultura (72).Um outro estudo do Inesc analisou os incentivos fiscais a petroleiras, especificamente do programa Repetro.Segundo o instituto, oito das dez empresas que mais se beneficiaram dos R$ 18 bilhões de renúncia relacionada ao IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e ao II (Imposto de Importação) são estrangeiras.Dessas, quatro são dos Estados Unidos, duas do Reino Unido, uma do Japão e outra da Noruega.As duas brasileiras são a Petrobras, beneficiada com a maior parte desta quantia, R$ 13 bilhões, e a Ocyan, a nona colocada com R$ 151 milhões."Além de ampliar a lucratividade extraordinária da indústria fóssil, os grandes subsídios concedidos ao setor aceleram a oferta global de petróleo, causando impactos socioambientais e o aumento exponencial de emissões globais de CO2", destaca o Inesc.O Repetro também proporcionou isenções de mais de R$ 14 bilhões com origem no PIS/Cofins, mas os dados não foram analisados pelo instituto.A Vale afirmou que as informações sobre isenções fiscais e investimentos ambientais são públicas, seguindo a política de transparência da empresa. A companhia diz que, em 2022, recebeu um total de incentivos de R$ 1,4 bilhão, valor inferior ao de 2021."É importante reforçar que a base de cálculo deste incentivo parte da receita e do lucro contábil da companhia no respectivo ano fiscal", destaca.Diz também que a atuação da Vale no mosaico de Carajás é "exemplo de mineração sustentável". "A Vale reafirma o seu compromisso com a transparência e a mineração sustentável, promovendo o desenvolvimento socioeconômico e a conservação das áreas em que atua."A companhia afirma ter como premissa "contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e estabelecer relações de respeito e confiança dos territórios nos quais está presente".A empresa diz que emprega 47 mil pessoas no Pará, e investiu R$ 29,5 bilhões em 2022, sendo R$ 11,4 bilhões em compras de fornecedores locais. Também apoia iniciativas na área de cultura, esportes, entre outras.A Petrobras preferiu não comentar. As demais empresas foram procuradas pela reportagem em agosto, mas não responderam.
2023-09-17 13:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/incentivos-fiscais-na-amazonia-beneficiaram-mineracao-e-petroleo-aponta-estudo.shtml
'Empresas já leem nossas mentes e vão saber mais com neurotecnologia', diz pesquisadora
Alguns anos atrás, a ideia de "ameaça à privacidade de pensamento" estava mais para "1984", de George Orwell, e para o terreno da ficção científica distópica.Para Nita Farahany, professora da Universidade Duke (EUA) que se especializou em pesquisar as consequências das novas tecnologias e suas implicações éticas, essa ameaça já é presente hoje e deve ser levada a sério.A iraniana-americana lançou neste ano o livro "The Battle for your Brain: Defending the Right to Think Freely in the Age of Neurotechnology" ("A Batalha pelo seu Cérebro: Defendendo o Direito de Pensar Livremente na Era da Neurotecnologia", em tradução livre, sem edição brasileira).Mas como é possível ler o nosso cérebro? Bem, de fato ainda não existe, como na ficção, uma supermáquina que entra na cabeça de uma pessoa e entrega uma lista completa de ideias e conceitos.Na verdade, explica Farahany, as defesas da nossa privacidade de pensamento começaram a ser derrubadas sem a necessidade de examinar diretamente o cérebro.Isso foi possível com a vasta quantidade de dados pessoais compartilhada em redes sociais e outros apps, que é analisada por algoritmos e depois monetizada.Hoje as companhias de tecnologia detêm informações importantes sobre nós: quem são nossos amigos, qual conteúdo gera emoção (e, importante, que tipo de emoção), as preferências políticas, em quais produtos clicamos, por onde circulamos ao longo do dia e algumas das transações financeiras."Tudo isso está sendo usado por empresas para criar perfis muito precisos sobre quem somos e assim entender nossas preferências e nossos desejos", diz Farahany em entrevista à BBC News Brasil."É importante as pessoas entenderem que elas já estão em um mundo onde mentes são lidas."Outra fronteira do nosso funcionamento interno começa a ser explorada com a popularização de smartwatches (relógios inteligentes), que reúnem dados sobre batimento cardíaco, níveis de estresse, qualidade do sono e muito mais.Mas o avanço da neurotecnologia, com equipamentos em contato direto com a cabeça, leva tudo isso a um novo patamar, com mais dados e mais precisão.Ela explica que sensores cerebrais são justamente parecidos com sensores de frequência cardíaca encontrados nos smartwatches ou em anéis que medem a temperatura do corpo quando captam a atividade elétrica no cérebro."E toda vez que você pensa, ou toda vez que sente algo, os neurônios disparam em seu cérebro, emitindo pequenas descargas elétricas. Padrões característicos podem ser usados para tirar conclusões", afirma."Por exemplo, se você vê uma propaganda e sente alegria ou estresse ou raiva, tédio, envolvimento... todas essas reações podem ser captadas por meio da atividade elétrica em seu cérebro e decodificadas com a inteligência artificial mais avançada."Ou seja, esses sinais cerebrais transmitem o que sentimos, observamos, imaginamos ou pensamos.Farahany afirma que as pessoas precisam compreender e aceitar que o cérebro "não é inteiramente delas".Essa situação leva a própria filosofia a questionar o conceito de livre arbítrio, ou seja, o poder de um indivíduo de optar por suas ações."Imagine que você se proponha no começo da semana a não passar mais de uma hora por dia nas redes sociais. Aí você descobre no final que você gastou quatro horas por dia. O que aconteceu?", pondera a professora de Direito e Filosofia na Duke."Se existem algoritmos projetados para te capturar quando você quer se desconectar, se existem notificações quando você fica muito tempo fora do celular, se você quer assistir a só um episódio da série e o próximo começa automaticamente, você usou seu livre arbítrio? São ferramentas e técnicas projetadas para prejudicar aquilo com que você se comprometeu."Farahany, ao contrário do que se possa pensar, é uma grande entusiasta dos avanços da neurotecnologia.Ela enumera ao longo de "The Battle for Your Brain" uma longa lista de contextos em que o monitoramento cerebral poderia melhorar a humanidade e salvar vidas."O que eu proponho é um equilíbrio. É tanto uma forma de as pessoas enxergarem os aspectos positivos da tecnologia, mas também de estarem protegidas contra os riscos mais significativos", diz."Para chegar lá, é necessário mudar a forma como pensamos a nossa relação com a tecnologia. A tecnologia raramente é o problema. Quase sempre é o mau uso.""Não se trata de encampar posições absolutas do tipo 'tudo isso é ruim' ou 'tudo isso é ótimo', mas tentar definir quais são as funcionalidades dessa tecnologia para o bem comum e quais são os riscos de uso indevido."Esses cenários de um futuro não tão distante, no entanto, são complexos, cheios de facas de dois gumes.A neurotecnologia poderá reduzir o número de acidentes fatais ao acompanhar os graus de desatenção e, principalmente, de fadiga que atingem caminhoneiros e condutores de trem/metrô, por exemplo. Mais Essa mesma funcionalidade pode ser abusada por uma empresa ou escola em busca da produtividade total, em que momentos de distração de um empregado ou aluno são vigiados, registrados e eventualmente punidos.Uma pulseira que capta ondas eletromagnéticas enviadas pelo cérebro para movimentar braços e mãos poderá transformar esses impulsos em sinais eletrônicos e tornar experiências digitais ou de realidade virtual muito mais intuitivas e integradas.E há um potencial ainda mais importante nesse dispositivo: o de detectar os estágios iniciais de uma doença neurodegenerativa. A análise das atividades cerebrais como um todo poderá representar um salto imenso para a medicina e a longevidade.Por outro lado, escreve Farahany no livro, a mesma pulseira também perceberá "se você está envolvido em uma atividade íntima usando suas mãos em seu quarto".Mas para a professora iraniana-americana a grande preocupação em relação à privacidade individual está em governos de posse de uma gama cada mais ampla de dados pessoais.Ela relata que o Departamento de Defesa dos EUA financiou uma empresa que desenvolveu um sistema biométrico que combina dados de ondas cerebrais, estados cognitivos, reconhecimento facial, análise das pupilas dos olhos e mudanças na quantidade de suor produzido.Já na China, uma reportagem de 2018 do jornal South China Morning Post contava que trabalhadores de diversos ramos e integrantes de forças militares do país já usavam monitores de ondas cerebrais para detectar picos emocionais como depressão, ansiedade ou raiva.Além do uso para melhorar performances e assim o resultado financeiro de empresas, a reportagem dizia que outro objetivo era "manter a estabilidade social" chinesa.Farahany afirma que, na maioria dos países, as leis sobre privacidade não contemplam explicitamente o direito à privacidade mental."Acredito que as Nações Unidas precisam avançar no sentido de reconhecer o que chamo de 'direito à liberdade cognitiva'. Um direito universal que nos direcionaria a uma atualização da privacidade, que diga explicitamente que há direito à privacidade mental, um direito de estar protegido contra interferências na maneira como pensamos e sentimos."Ela diz que "liberdade de pensamento" é hoje aplicada e entendida como sendo estritamente a respeito de liberdade de religião e de crença."Acho que precisamos expandir esse entendimento para haver uma proteção contra a interferência, a manipulação e a punição contra o pensamento."O problema é que a tecnologia se desenvolve sempre mais rápido que o debate e a aprovação de uma legislação, e empresas e governos se aproveitam dos vazios de legalidade."Trata-se realmente de tentar descobrir o quanto antes, e também conforme a tecnologia evolui, quais são seus benefícios e riscos. E depois esclarecer o que está em jogo e desenvolver um regime regulatório que aborde isso. Nem sempre é fácil de fazer", reconhece Farahany.O mais visível projeto de neurotecnologia tem vários elementos para a controvérsia: envolve a implantação de um chip no cérebro e tem a liderança de Elon Musk, figura frequente no noticiário e muitas vezes envolto em polêmicas.Uma de suas empresas, a Neuralink, quer no futuro implantar esse tipo de dispositivo no órgão mais complexo do ser humano para curar doenças como Alzheimer e permitir que pessoas com doenças neurológicas controlem celulares ou computadores com a mente.Alguns especialistas na área demonstram receio com o projeto, levantando dúvidas sobre as implicações desse tipo de tecnologia desenvolvida por uma empresa com fins lucrativos.Em maio último, a FDA, a agência norte-americana que controla alimentos e remédios, autorizou o primeiro teste com humanos."Não estou tão preocupada com o projeto de Musk. Na verdade, estou um tanto otimista quanto a isso", diz Farahany."A Neuralink promete duas inovações: fazer cirurgia via robôs, que executariam as partes mais delicadas e difíceis da operação [de implante de neurotecnologia]. A segunda são eletrodos do tamanho de um fio de cabelo que poderiam ser implantados com muito menos risco para o cérebro humano."Poucos cirurgiões no mundo têm habilidade hoje para executar um procedimento assim."Se eu me tornasse severamente incapacitada a ponto de não conseguir mais me comunicar ou me mexer, eu provavelmente buscaria a oportunidade de ter algum tipo de tecnologia neural implantada."Esse texto foi originalmente publicado aqui.
2023-09-17 10:47:00
ciencia
Ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/09/empresas-ja-leem-nossas-mentes-e-vao-saber-mais-com-neurotecnologia-diz-pesquisadora.shtml
Flay diz que foi desrespeitada e maltratada em relacionamento com ex-noivo
A cantora e ex-BBB Flayslane, mais conhecida como Flay, usou as redes sociais para desabafar com relação ao seu ex-noivo, o modelo Pedro Maia. Segundo ela, a relação acabou após ela ser "maltratada e desrespeitada" por ele. O relacionamento teria causado "infinitas crises de ansiedade" na artista, que afirma ter se sentido desprezada."Minha relação não acabou por eu ser da internet, mas por falta de respeito comigo e com as pessoas, entre outras coisas. Fiz de tudo para preservar as boas lembranças e um bom relacionamento mesmo depois do fim pelo meu filho e em consideração a todo o amor que dediquei a uma pessoa que não existe mais faz tempo", diz em trecho de comunicado no Instagram."Sempre fui respeitosa, ao mesmo tempo em que era desrespeitada. Lutei pela minha relação e não me envergonho disso, pois meu amor nunca foi falso. Tive infinitas crises de ansiedade, pedi ajuda e fui desprezada, mas decidi viver, mesmo muito ferida", emenda. Procurado, Pedro não respondeu. Mais Na sequência do relato, Flay diz querer que sua história sirva de incentivo "para quem está sendo desrespeitada dentro da própria casa" e "se enfiando num poço sem fundo, numa dependência emocional que o outro usa para chantagear e pisar ainda mais".A ex-sister foi pedida em casamento pelo modelo durante sua festa de aniversário celebrada em outubro de 2021. Em determinado momento da comemoração, Maia subiu ao palco durante a apresentação, tirou uma aliança do bolso, se ajoelhou e fez o pedido."Casa comigo, meu amor? Eu te amo demais", disse ele na ocasião. Rapidamente ele recebeu uma resposta positiva e foi abraçado por ela. A cantora assumiu publicamente o namoro com Pedro em janeiro de 2021.
2023-09-17 11:00:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/flay-diz-que-foi-desrespeitada-e-maltratada-em-relacionamento-com-ex-noivo.shtml
Russos que ajudam migrantes da Ucrânia temem repressão do governo Putin
Galina Artiomenko arrecada dinheiro há um ano e meio para ajudar os ucranianos refugiados na Rússia devido à guerra iniciada em fevereiro de 2022. De repente, em meados de julho passado, seus cartões e os de outros voluntários foram bloqueados."Segundo o banco, nossas arrecadações tinham 'objetivos duvidosos'", relata ela, afirmando poder justificar "cada rublo [moeda russa] gasto".Esse bloqueio demonstra que seu compromisso humanitário é alvo de suspeitas em um país onde a repressão contra aqueles que criticam o ataque à Ucrânia está no apogeu.Junto com outros voluntários em São Petersburgo, Galina divulga na internet pedidos de doações. E, com o dinheiro arrecadado, ela compra roupas, medicamentos e alimentos para aqueles que foram obrigados a chegar ao território russo devido às hostilidades.Ela recebe ucranianos na estação de São Petersburgo, ajuda-os a encontrar acomodação e trabalho ou a realizar os trâmites administrativos para tentar ir à União Europeia a partir da Rússia."Há milhares de pessoas que ajudam [os ucranianos] mas preferem não falar sobre isso por razões de segurança. Embora não haja nenhuma lei que proíba ajudar pessoas que caíram em desgraça."Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Em um contexto de repressão, muitos voluntários se recusam a falar sobre o conflito e sua ajuda aos refugiados por medo de chamar a atenção das autoridades, que prendem pessoas anônimas acusadas de colaborar com Kiev ou de criticar o Exército russo.Segundo Liudmila, 43, voluntária que prefere manter seu sobrenome em segredo, muitos desses russos são "pacifistas" que não podem expressar abertamente suas posições e aliviam suas consciências ajudando as vítimas. "Não podemos ficar de braços cruzados, temos que ajudar aqueles que estão em uma situação pior que a nossa e que sofrem", diz. "É a única forma de existir que nos resta." Mais Segundo levantamento da ONU no final de dezembro de 2022, cerca de 1,3 milhão de ucranianos estão refugiados em território russo. Moscou estima que sejam mais de 5 milhões, cifra questionada por ONGs. Alguns estão em trânsito, especialmente na região fronteiriça com a União Europeia. Outros dizem que querem ficar no país.Kiev acusa o Kremlin de ter deportado ucranianos para a Rússia e de pressioná-los a obter passaportes russos. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em março um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e sua comissária para a infância, María Lvova Belova, por "crime de guerra de deportação ilegal" de crianças.Moscou nega e afirma que os deslocados vêm voluntariamente ou foram retirados por sua própria segurança. Mais Na Rússia, redes de solidariedade que ajudam os refugiados funcionam ativamente desde o início da ofensiva. A AFP esteve com Galina em um de seus dias de trabalho. A voluntária compra produtos e os deposita em um ponto de coleta de itens de primeira necessidade para os ucranianos.O centro, chamado Gumsklad e aberto todos os dias, recebe diariamente até dez famílias beneficiárias. Em várias prateleiras, há sapatos, roupas, alimentos e eletrodomésticos.Depois, ela sai para comprar óculos em uma loja no centro da cidade para Elena e Igor, vindos de Bakmut, cidade do leste da Ucrânia cuja conquista Moscou reivindica, embora os combates continuem. Mais A ONG Mayak.fund, sediada em Moscou, tem mais recursos. Atualmente, recebe até 50 pessoas por dia, após recordes de afluência em 2022, segundo uma voluntária Julia Makeieva, 49.Para ela, o fator emocional é o mais difícil de lidar diante do sofrimento dos refugiados. "Para conservar a energia e a esperança, tento manter certa distância, caso contrário não consigo trabalhar, só choro."Naquele dia, Julia e seu marido, Alexander, que fugiram da cidade ucraniana de Kupiansk há quase um ano com seus dois filhos, de 7 e 3 anos, contam entre lágrimas como tiveram que sobreviver sob os bombardeios. "Só quero a paz", diz Julia.
2023-09-17 11:00:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/russos-que-ajudam-migrantes-da-ucrania-temem-repressao-do-governo-putin.shtml
Globo vai à Justiça para tirar do ar 'o maior pirata de novelas' do Brasil
A Globo entrou na Justiça e fez uma operação contra a página Carol Novelas, que vende na internet cerca de 500 novelas brasileiras completas para fãs do gênero. Os advogados da emissora dizem que Leandro da Silva Evangelista, dono do site e alvo da ação, é "o maior pirata de novela" do país pela robustez do que disponibiliza. Até tramas raras e que não estão no streaming são vendidas.O F5 teve acesso aos documentos da ação, que correm conjuntamente na 8ª Vara Cível e na 1ª Vara Empresarial do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).No site, Evangelista diz que tem em acervo diversas tramas de todas as emissoras. Além de Globo, estão disponíveis algumas produções estrangeiras, e de outras TVs, como SBT, Record, Band, e a extinta Rede Manchete (1983-1999). Mais Até mesmo a pioneira Tupi, primeira emissora brasileira, tem uma novela no catálogo. A trama em questão é "Gaivotas" (1979), uma de suas últimas produções, antes de sair do ar, em 1980.A variedade e a quantidade de itens do acervo impressionou os advogados da Globo, que fazem varreduras para derrubar o conteúdo, disponibilizado de forma ilegal na internet, e que fere a legislação dos direitos autorais. Para que o cliente tenha acesso ao acervo, Leandro cobra um valor único de R$ 220.Assim que o valor é pago, a equipe do Carol Novelas, composta por três pessoas, envia ao interessado um arquivo no Google Drive que dá direito a qualquer produção que ele queira. O F5 conseguiu ter acesso ao conteúdo. A qualidade de imagem é alta, mesmo em novelas mais antigas dos anos 1980 e 1990.A Globo chamou a atenção para o fato de Evangelista ter produções que, atualmente, só estão em arquivos da emissora. É o caso de "Olho no Olho", novela de 1993 protagonizada por Tony Ramos. Ela falava sobre seres paranormais que tinham poderes especiais, como um prelúdio de "Os Mutantes" (2008), da Record. A trama ganhou fama de satanista na época e jamais foi reprisada ou disponibilizada.Outro exemplo é "O Amor Está no Ar" (1996), primeira novela protagonizada por Rodrigo Santoro em sua carreira, e considerada um grande fracasso no horário das seis da Globo. A produção tinha como um de seus argumentos os extraterrestres e a possível existência de vida fora da Terra. Seu desempenho foi tão ruim que teve o final antecipado.Quem também está no catálogo na íntegra é "De Corpo e Alma" (1992), primeira novela solo de Gloria Perez no horário nobre da Globo e marcada pelo assassinato de sua filha, a atriz Daniella Perez (1970-1992), pelo seu colega de elenco, o ator Guilherme de Pádua (1969-2022).Mas não é só de tramas perdidas ou fracassadas que vive o catálogo. Sucessos esquecidos também estão lá. É o caso da primeira versão de "Ti Ti Ti", datada de 1985 e assinada por Cassiano Gabus Mendes. Um fenômeno de público na época, o folhetim não é reexibido pela Globo desde 1988. O Globoplay só tem o remake da produção, que foi ao ar em 2010.Outro exemplo de sucesso que está na página e não está no Globoplay é "Hipertensão", produção de 1987 no horário das sete e que jamais foi reexibida pela Globo. Escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), a mesma autora de "A Viagem" (1994), a trama tem a peculiaridade de ter Cesar Filho, atualmente jornalista e apresentador da Record, em um de seus papéis principais.Tramas que estão no ar atualmente, como "Terra e Paixão", e a finalizada recentemente "Vai na Fé" (2023) também estão disponíveis.Para punir Evangelista, a Globo pediu a retirada do ar imediata e que ele seja impedido de vender o catálogo que tem e que a emissora considerou "concorrência desleal". A empresa pede uma indenização de R$ 100 mil por danos morais.Procurada pelo F5, a Globo diz que não comenta casos judiciais em curso. A reportagem tentou entrar em contato com o blog Carol Novelas através do email fornecido pela página. Foram enviadas duas mensagens, sem resposta até a última atualização desta reportagem.
2023-09-17 10:00:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/globo-vai-a-justica-para-tirar-do-ar-o-maior-pirata-de-novelas-do-brasil.shtml
Parcela de brasileiros que sente melhora na economia atinge pico no Datafolha
A parcela de brasileiros que relata ter sentido melhora na economia do país vinha em queda desde o início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas teve uma reversão, subiu e atingiu o maior patamar registrado na série histórica do Datafolha.Os dados que mostram a mudança são da pesquisa feita com 2.016 pessoas em 139 cidades, nos dias 12 e 13 deste mês.Em outubro de 2022, 34% declaravam sentir melhora na economia brasileira. Veio, então, a instabilidade e a polarização da disputa à presidência da República, e uma nova retração. Em dezembro, 26% relatavam melhora, em março, 23%. No entanto, na pesquisa de setembro, o percentual subiu para 35%.No aspecto macroeconômico, o primeiro semestre foi de boas surpresas.Em dezembro de 2022, o Boletim Focus, do Banco Central, que reúne projeções dos economistas, estimava que o PIB teria expansão de 0,8% neste ano. Agora, a expectativa é que o ano termine com avanço de 2,8%. Algumas instituições projetam alta acima de 3%.As revisões consideram o desempenho do PIB no primeiro semestre, acima do esperado. De janeiro a março deste ano, teve alta de 1,8% ante o quarto trimestre de 2022. O resultado foi puxado pela agropecuária, que avançou 21,6%. Foi a maior alta do segmento desde o quarto trimestre de 1996.No segundo trimestre, o PIB avançou mais 0,9% em relação aos três meses anteriores.Em retrospecto, no entanto, essa recuperação mais recente —bem como sua percepção pela população— foi lenta e instável.O número de pessoas que relatavam melhora na economia do país despencou na pandemia de Covid-19. Às vésperas do surto global, em dezembro de 2019, 28% declaravam ver avanço na economia do Brasil. Na pesquisa seguinte, em setembro de 2021, com o país sentindo o baque do isolamento social para conter o contágio e as mortes, a parcela havia caído para 11%.Foi o segundo pior patamar da série histórica. Só perdeu para o percentual de 6% registrado em junho de 2018 —em contrapartida, 72% afirmavam que houve piora na economia. A deterioração na sensação de bem-estar econômico refletiu os efeitos da greve dos caminheiros, que parou o país em maio daquele ano e piorou a percepção em relação à gestão do presidente Michel Temer (MDB), já abalada pelo aumento do desemprego e dos preços em geral.O Datafolha registrou também reversão e aumento expressivo no percentual de pessoas que relatam melhora na sua vida econômica nos últimos meses.Essa parcela também vinha perdendo espaço desde outubro do ano passado, quando registrou o pico de 34% sentindo que suas condições pessoais haviam melhorado. O percentual, então, caiu para 31% em dezembro, 23% em março, voltando a subir em setembro para 30%.Os economistas têm uma lista de itens que melhoraram e podem ser sentidos diretamente pelas pessoas, provocando esse efeito.Pesaram medidas do governo, como a ampliação dos programas de distribuição de renda, com destaque para o Bolsa Família, e a melhora nas condições de crédito, com apoio de projetos como o Desenrola Brasil. Nos primeiros cinco dias, o programa limpou o nome de mais de 2 milhões de consumidores. Também contribuiu para aliviar o bolso das pessoas uma inflação menor. Os preços da alimentação no domicílio, por exemplo, acumularam queda (deflação) de 0,62% nos 12 meses até agosto. Foi a primeira vez que esse subgrupo do IPCA caiu nesse período desde maio de 2018.A resiliência do mercado de trabalho é outro fator. No trimestre móvel encerrado em julho, a taxa de desemprego ficou em 7,9%, a menor para o período desde 2014. No trimestre anterior, havia ficado em 8%.Paradoxalmente, a pesquisa Datafolha identifica estabilidade nas expectativas em relação a esses indicadores, e projeções menos otimistas para os próximos meses. Mais O cenário para inflação acompanhado pelo Datafolha estagnou. A parcela de pessoas que espera aumento no custo de vida foi de 54% em março e também em setembro.Não se mexeu também o percentual de pessoas que acredita que a inflação fica igual. Foram 24% nas duas pesquisas. A parcela que projeta queda também está praticamente igual —20% em março e 19% na pesquisa mais recente.O cenário para poder de compra, por sua vez, divide opiniões nesses seis meses. Em março, 33% dizem que vai aumentar, 31%, que vai cair, e outros 34%, que vai ficar como está. Os percentuais são praticamente os mesmos identificados na pesquisa de setembro, respectivamente de 32%, 33% e 33%.A maioria ainda ainda teme o aumento no desemprego.O percentual era de 44% em março e subiu para 46%, uma variação dentro da margem de erro. Ocorreu uma leve diminuição na parcela dos que projetam queda no desemprego. Eram 29% em março e caiu para 26%. O percentual que não vê mudança também ficou praticamente estável, passando de 26% para 27%.
2023-09-17 10:00:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/parcela-de-brasileiros-que-sente-melhora-na-economia-atinge-pico-no-datafolha.shtml
Carta nos arquivos do Vaticano sugere que Igreja sabia sobre Holocausto
Uma carta encontrada entre os arquivos privados do papa Pio 12 sugere que a Igreja Católica foi informada em 1942 de que até 6.000 pessoas, "principalmente poloneses e judeus", estavam sendo mortas em fornos todos os dias em Belzec, campo de extermínio nazista na Polônia.Embora notícias das atrocidades perpetradas por Adolf Hitler já estivessem chegando aos ouvidos do papa, essa informação era especialmente importante porque vinha de uma fonte confiável da igreja baseada na Alemanha, diz Giovanni Coco, arquivista do Vaticano que descobriu a carta. A fonte estava "no coração do território inimigo", afirma.O documento, tornado público neste fim de semana pelo jornal italiano Corriere della Sera, corrobora as evidências de alguns pesquisadores que defendem que Pio sabia do Holocausto. Alguns estudiosos dizem que ele não queria confrontar ou ofender Hitler porque temia o comunismo, acreditava que as potências do Eixo venceriam a guerra e queria evitar alienar milhões de católicos alemães e simpatizantes nazistas.Outros historiadores insistem em que Pio permaneceu em silêncio publicamente porque estava secretamente organizando —ou pelo menos permitindo— que católicos locais ajudassem e salvassem judeus dos nazistas, e ele também temia que os nazistas pudessem atacar os católicos.Trata-se de um dos documentos mais reveladores que surgiram desde que o papa Francisco ordenou a abertura dos arquivos de Pio em 2019, dizendo que "a igreja não tem medo da história".Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Coco afirma que não se pode ter certeza de 100% de que Pio viu a carta, mas estava "99% certo" porque ela foi entregue ao secretário pessoal do papa, seu "braço direito". O secretário teria encaminhado as informações ao papa, "se ele não lhe mostrou os documentos diretamente", diz.Desde 2020, estudiosos têm explorado os documentos que cobrem o papado de Pio, que durou de 1939 a 1958, buscando entender melhor a resposta do Vaticano ao nazismo e ao Holocausto, bem como o legado controverso do pontífice, que permaneceu em silêncio público enquanto milhões de judeus eram mortos.Dirigida ao secretário de Pio, o reverendo Robert Leiber, a carta foi escrita por um padre jesuíta alemão, o reverendo Lothar Koenig, que era membro de um movimento de resistência alemão. Na carta, datada de 14 de dezembro de 1942, Koenig procurou informar o Vaticano sobre "o estado da perseguição da igreja na Alemanha, acima de tudo", diz Coco, que tem catalogado os papéis pessoais de Pio no Vaticano.A carta incluía um apêndice com o número de padres presos no campo de concentração de Dachau, perto de Munique. Mencionava o campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, em referência a outro relatório ainda não descoberto. E citava os milhares de poloneses e judeus sendo assassinados pelos nazistas em Belzec.Michele Sarfatti, do Centro de Documentação Judaica Contemporânea de Milão, que também tem estudado os arquivos de Pio, diz que a carta era importante porque foi encontrada nos papéis pessoais, o que significava que o pontífice a havia guardado "e presumivelmente a lera". Do ponto de vista historiográfico, era uma indicação de que o papa estava ciente do que estava acontecendo em vários campos, afirma Sarfatti.Procurado, o Vaticano não respondeu aos pedidos de comentário.Para Coco, Pio tinha medo de falar contra Hitler porque os nazistas atacariam os católicos em retaliação. "Havia preocupação com o que poderia acontecer com os católicos na Polônia, na Europa Oriental, no Terceiro Reich, todos esses territórios sob controle nazista onde era difícil para a igreja intervir", diz.A carta suplica ao Vaticano que seja cauteloso ao divulgar as informações que fornece "porque se ficasse claro que vinha da igreja alemã, a perseguição se tornaria mais feroz na Alemanha do que já era", afirma Coco. Mais Sarfatti, cuja pesquisa mais recente se concentra em documentação de 1942, identificada por alguns estudiosos como "o ano mais sangrento do Holocausto", afirma que a Santa Sé recebeu relatórios naquele ano sobre as atrocidades de inúmeras fontes: padres que retornavam ao Vaticano de viagens, clero local, núncios papais, políticos de países ocupados, cidadãos, grupos judaicos e rabinos."Muitas pessoas estavam escrevendo para a Santa Sé descrevendo o que estava acontecendo", diz Sarfatti.No início de 1942, poucas pessoas, incluindo judeus, entendiam que Hitler queria exterminar os judeus. Mas à medida que o ano avançava, "havia uma associação crescente entre as palavras 'judeu' e 'morte' nesses relatórios - isso por si só deveria ter dado uma ideia do que estava acontecendo", diz ele.Sarfatti, que nos Arquivos Apostólicos do Vaticano encontrou dois documentos que mencionam câmaras de gás, afirma que a carta era uma prova "que podemos adicionar a outras". David Kertzer, um professor da Universidade Brown que tem trabalhado nos arquivos, explica que o documento era "mais detalhado" sobre "relatos de que o papa estava recebendo no verão de 1942 sobre o assassinato em massa dos judeus" de várias fontes, que são discutidos em seu livro sobre Pio, "O Papa em Guerra".Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...Coco diz acreditar que a carta que encontrou fizesse parte de uma "correspondência muito mais longa" que antecedeu e continuou após dezembro de 1942.Pio sentia-se "particularmente próximo" dos jesuítas alemães, afirma Kertzer, sendo o secretário de Pio um exemplo importante. "Não haveria fonte mais confiável para o papa sobre o que estava acontecendo lá do que um jesuíta alemão".A carta será publicada na próxima semana em um livro de Coco sobre sua pesquisa nos papéis pessoais de Pio.
2023-09-17 04:00:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/carta-nos-arquivos-do-vaticano-sugere-que-igreja-sabia-sobre-holocausto.shtml
Defensor da poligamia e contra o café: quem foi Joseph Smith, fundador da igreja dos mórmons
No folheto distribuído pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias —o nome oficial da instituição popularmente chamada de igreja dos mórmons—, Joseph Smith (1805-1844) é chamado de "um profeta de Deus".No material, ele é ilustrado como um bem-vestido e elegante homem, branco, de cabelos castanhos claros, olhos azuis e semblante altivo.Mas como esse filho de um sitiante do estado de Vermont conseguiria criar uma nova denominação cristã nos Estados Unidos do século 19? Para especialistas, além das visões que Smith alegava ter, o contexto norte-americano ajudou."O mormonismo é um produto tipicamente americano, típico do ambiente americano do século 19", pontua à BBC News Brasil o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie."Foi um momento em que diversos grupos religiosos, classificados hoje como seitas, apareceram. A diferença é que a igreja [fundada por Smith] acabou se transformando em uma potência, hoje espalhada pelo mundo todo."De acordo com a última edição do relatório estatístico divulgado pela própria igreja, com dados até o fim de 2022, são 17 milhões de adeptos em todo o planeta. No Brasil, os dados mais atualizados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) neste sentido, de 2010, indicavam mais de 226 mil membros.Como a Igreja dos Santos dos Últimos Dias considera o número de batizados, e não os que se declaram praticantes ao censo, o número que eles divulgam é muito maior: 1,4 milhão de praticantes, o que deixa o país em terceiro lugar no ranking daqueles que têm mais mórmons no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e para o México.Ao classificar o mormonismo como um "produto tipicamente americano", Moraes argumenta que se trata de "uma espécie de fé composta, uma religião que engloba tendências de outras tantas: cristianismo, judaísmo, islamismo e elementos do paganismo antigo, uma síntese"."Outro elemento importante é sua capacidade de se metamorfosear. Ele foi sendo modificado ao longo do tempo. Algumas coisas acabaram sendo omitidas, mudando porque não pegava bem. Outras foram ressignificadas, reinterpretadas", comenta o teólogo.Algo que, segundo Moraes, comprova a tese de que é um produto americano é o fato de que "eles diziam que Adão e Eva moravam no Jardim do Éden, que ficava perto, em alguma região do Missouri".Toda essa história começou quando Joseph Smith era um adolescente que orava muito. Aos 14 anos, conforme o relato oficial dos mórmons, ele teria perguntado a Deus qual seria a igreja que ele deveria se filiar. Segundo texto do próprio, foram dias "de grande alvoroço", em que sua mente teria sido "levada a sérias reflexões e grande inquietação"."Ele era um jovem do início do século 19 que estudava muito a Bíblia e se preocupava em saber se estava vivendo da maneira que Deus queria que ele vivesse. Na primavera de 1820, ele orou a Deus em voz alta para buscar perdão e orientação", afirma à BBC News Brasil o historiador americano Keith Erekson, diretor de pesquisas históricas e divulgação da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.Smith teria recebido uma resposta. "Dois seres celestiais lhe apareceram: Deus, o pai; e seu filho Jesus Cristo", narra Erekson. "Jesus disse a Joseph Smith que seus pecados estavam perdoados, e Joseph ficou sabendo que, mais tarde, receberia mais informações sobre o que deveria fazer."Segundo o relato de Smith, ele teria visto "dois personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim". "Um deles falou-me, chamando-me pelo meu nome, e disse, apontando para o outro: 'este é o meu filho amado; ouve-o'."Sobre a sua questão, ele escreveu que "foi-me respondido que não me unisse a qualquer delas [das igrejas já existentes], pois estavam todas erradas". Smith teria ouvido de Jesus que todos os credos "eram uma abominação" e os religiosos, "corruptos".Erekson conta que a família de Smith era religiosa — eram 11 os filhos da comerciante Lucy Mack Smith e do sitiante também chamado Joseph Smith. "Eles liam a Bíblia regularmente, ouviam pregadores em várias igrejas e reuniões públicas sempre que possível", pontua. "A mãe de Joseph e três de seus irmãos chegaram a ser filiados à Igreja Presbiteriana. Depois que Joseph organizou a igreja, todos os membros de sua família ingressaram nela."Quando a história da visão que teria tido Smith se espalhou, ele se sentiu vítima de perseguição e preconceito por parte, sobretudo, dos que frequentavam outras igrejas. Segundo texto do próprio, foi três anos mais tarde, em setembro de 1823, que ele teve outra revelação. Desta vez, ele avistaria um anjo, chamado Morôni."Disse-me que havia um livro escondido, escrito em placas de ouro, que continha um relato os antigos habitantes deste continente, assim como de sua origem e procedência", afirmou Smith, sobre o episódio. "Disse também que o livro continha a plenitude do evangelho eterno, tal como fora entregue pelo salvador aos antigos habitantes."Junto aos livros ele deveria encontrar, conforme o anjo lhe teria dito, duas pedras em aros de prata. "A posse e o uso dessas pedras era o que constituía os 'videntes' nos tempos antigos", escreveu ele. "E que Deus as tinha preparado para serem usadas na tradução do livro."Smith também relatou que ele não deveria mostrar as tais placas a ninguém.O anjo teria retornado anualmente, durante quatro anos, para dar mais instruções ao jovem. Só então Smith teria encontrado o tal livro, em uma montanha próxima à vila de Manchester, no estado de Nova York. "No lado oeste desta colina, não muito distante do cume, sob uma pedra de considerável tamanho, estavam as placas, depositadas em uma caixa de pedra", relatou.Era o Livro de Mórmon, assim chamado porque teria sido compilado por um antigo profeta chamado Mórmon. Daí vem o apelido pelo qual os adeptos da religião acabaram conhecidos popularmente. Smith se incumbiu de traduzir o livro para o inglês —de acordo com ele, os textos estavam em uma língua desconhecida, chamada por ele de egípcio reformado. "O livro conta a história de um grupo de colonos do Oriente Médio que chegou às antigas Américas 600 anos antes do nascimento de Cristo", resume Erekson. "Após sua ressurreição, Jesus apareceu a essas pessoas nas Américas e o livro descreve seu ministério no hemisfério ocidental."Os supostos originais do livro não foram preservados. De acordo com o relato de Smith, depois que ele concluiu a tradução as placas teriam sido devolvidas a um ser celestial."Uma coisa muito curiosa é que o Livro de Mórmon tem sequências de frases totalmente similares, idênticas mesmo, a frases que a gente vai encontrar às vezes na versão 'King James' [tradução da Bíblia para o inglês]. Isso de acordo com estudos comparativos", ressalta à BBC News Brasil o historiador e teólogo Vinicius Couto, doutor em ciências da religião pela Universidade Metodista de São Paulo, presbítero da Igreja do Nazareno e professor do Seminário Teológico Nazareno do Brasil e do Seminário Batista Livre."O que se percebe é uma composição mesmo, um modelo bíblico apropriado, com algumas partes ressignificadas", analisa o teólogo e historiador Moraes.Para os seguidores da igreja, este livro é considerado uma espécie de "terceiro testamento", atualizando o Antigo Testamento e o Novo Testamento da Bíblia. "Ele ganha um ar de autoridade, como uma grande revelação que vem complementar, atualizar aquilo que a 'velha Bíblia' anunciava ou apontava de uma maneira, para eles, já bastnate ultrapassada", contextualiza Moraes. "Na prática, para eles o Livro do Mórmon é um documento superior em relação à Bíblia."Couto concorda. "Existe a ideia de que ele é uma espécie de continuação dos outros dois testamentos", diz ele. "Eles consideram a Bíblia cristã, o Antigo e o Novo Testamentos, como sendo livros importantes para a fé deles. Mas entendem que o Livro de Mórmon é o mais atualizado, mais adequado.""Quando uma crença mórmon choca-se com a Bíblia dos cristãos, eles vão alegar que a Bíblia fica em segundo plano. Para eles, a tradução do Livro de Mórmon é mais moderna, atualizada e inequívoca", pontua.Um exemplo simples é quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. A reportagem perguntou para um integrante da igreja mórmon como ele justificaria a proibição total de qualquer dose de álcool se o próprio Jesus, de acordo com os relatos bíblicos, tomava vinho e teria celebrado sua última refeição com pão e vinho. "Temos de pensar sob nosso tempo. Hoje sabemos que isso faz mal", foi a resposta dele.Em 1830, dez anos após sua primeira visão, nasceu a nova denominação cristã."Joseph Smith foi orientado por Deus a estabelecer uma igreja que hoje é conhecida como A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias", frisa Erekson.A essa altura, Smith já havia se casado com sua primeira mulher, Emma Hale Smith, e morava com ela na cidade de Harmony —atual Oakland—, na Pensilvânia.Desde o início, contudo, a igreja sofreu perseguições. E Smith, como seu fundador, acabou sendo o principal alvo. Ele chegou a ser preso mais de uma vez, acusado de promover a desordem. Isso obrigou-o a mudar várias vezes de cidade. Sempre batizando novos adeptos e criando novos núcleos para sua igreja, é claro.O mais grave desses episódios de intolerância religiosa ocorreu em 30 de outubro de 1838 e ficou conhecido como O Massacre de Hawn's Mill. Milicianos do estado do Missouri atacaram uma assentamento mórmon e deixaram 18 mortos e 15 feridos.Por conta disso, boa parte dos adeptos da nova religião decidiram se refugiar no estado de Illinois. Nesse período ele estabeleceu uma série de novas regras e ritos para os mórmons. Mas as tensões com os habitantes locais não cessaram.Em 25 de junho de 1844, Smith foi a julgamento, acusado de ter incitado um motim. Mais uma vez, ele seria preso. Dois dias depois, uma multidão armada invadiu a cadeia de Carthage, onde ele estava detido. Smith tentou fugir saltando por uma janela, mas acabou baleado durante a queda e fuzilado por um pelotão quando atingiu o solo.Sua morte fez com que a imprensa local o retratasse como um fanático religioso. Mas a comunidade mórmon passou a vê-lo como um mártir —e isso daria combustível para o crescimento da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias."Há muita polêmica em relação a isso [à fundação da igreja], toda essa história que envolve, o fato de ninguém poder ver o livro original... Mas Smith é um homem que viveu uma experiência religiosa muito forte e criou essa nova igreja", resume Moraes. "E muita gente acabou aderindo, comprando o discurso, mesmo com as inconsistências, sejam elas históricas, seja da narrativa, das placas, da tradução, da cópia.A liderança da igreja acaba então assumida por Brigham Young, que conduz os mórmons por uma verdadeira migração rumo ao oeste americano. No fim, os membros da igreja fundaram Salt Lake City e se estabeleceram no estado de Utah, onde até hoje está a maioria dos adeptos e onde ficam as sedes principais da instituição."Interessante que nesse processo todo, há a narrativa que facilita a construção da identidade do povo: um povo perseguido por praticar sua fé, um grupo conduzido para uma nova terra", explica Moraes. "E eles se comportam como grandes pioneiros: são fiéis, trabalhadores, dão o dízimo. A prosperidade apareceu de maneira forte e trouxe a convicção de que eles estavam do lado do bem, fazendo o que era correto e tinham a aprovação de Deus."Na doutrina mórmon, há vários pontos que são divergentes em relação a outras igrejas cristãs. Couto elenca alguns deles, como a ideia de que "Deus tem um corpo material" e que "Ele não é exatamente perfeito, mas alguém que evolui com o tempo"."Outra coisa muito destoante do cristianismo é o nascimento de Cristo. Para eles, isso acontece por meio da relação sexual entre Eloim [nome dado por eles a Deus pai] com Maria", conta o teólogo."Além disso, eles praticam o batismo pelos mortos, porque têm a ideia de que o batismo opera a remissão dos pecados. Então, quem já morreu pode ser batizado também", acrescenta.Mas sem dúvida a maior polêmica ligada a esse grupo religioso está na defesa da poligamia. O que, deixe-se claro, não é mais uma prática tolerada pela igreja. De acordo com esclarecimento publicado no próprio site oficial da instituição, desde 1904 "casamentos plurais" devem ser "punidos com excomunhão".Contudo, esta prática foi, sim, adotada. Biógrafos afirmam que Joseph Smith chegou a ter quase 40 mulheres. "Entre os anos de 1852 e 1890, os santos dos últimos dias praticaram abertamente o casamento plural. A maioria deles morava em Utah. Homens e mulheres que viviam o casamento plural reconheciam os desafios e as dificuldades, mas também o amor e a alegria encontrados em suas famílias", afirma o texto oficial da igreja. "Eles acreditavam que era um mandamento de Deus e que a obediência traria grandes bênçãos a eles e a sua posteridade. Os líderes da Igreja ensinaram que os participantes dos casamentos plurais deveriam buscar desenvolver um generoso espírito de altruísmo e o puro amor de Cristo entre todos os envolvidos."No livro 'Doutrina e Convênios', que contém as revelações de Smith e serve como uma espécie de catecismo dos mórmons, a seção 132 é dedicada ao assunto. Ali, um trecho diz que "se um homem desposar uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado".Na sequência, há a afirmação de que "se dez virgens lhe forem dadas por essa lei, ele não estará cometendo adultério, porque elas lhe pertencem e lhe foram dadas."Segundo o texto oficial da igreja, "o casamento plural resultou em um grande número de filhos que nasceram dentro de lares de membros fiéis" e "o casamento tornou-se virtualmente disponível a todos os que o desejavam".Erekson ressalta que é um equívoco o fato de "que muitas pessoas presumem que a poligamia seja a principal característica da igreja". "Durante os últimos anos de sua vida, Joseph Smith apresentou a um pequeno grupo de pessoas próximas o mandamento que havia recebido de Deus para iniciar a prática do casamento de um homem com mais de uma mulher", contextualiza. "Ele observou que vários profetas da Bíblia haviam seguido essa prática, inclusive Moisés, Abraão e Jacó ou Israel. Após a sua morte, a prática foi anunciada publicamente e praticada durante cerca de 50 anos, mas a celebração de um casamento plural é proibida desde 1904. Atualmente, existem outros grupos religiosos nos Estados Unidos que praticam a poligamia e utilizam variações do termo 'mórmon'. Não são membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e qualquer membro da Igreja que pratique a poligamia é expulso da Igreja."A ideia tinha razões socio-históricas para aquele contexto. Eles queriam aumentar o número de filhos para povoar a nova terra. E havia uma população bem maior de mulheres em comparação a homens, dado o cenário bélico da marcha para o oeste americano."Na crença mórmon, há o pensamento de que o patrimônio foi consagrado para a vida presente, mas isso é algo que tem repercussões na eternidade. Assim, marido e mulher serão unidos para a eternidade. E a mulher não pode atingir a mais alta glória possível sem o homem", explica Moraes. "Por esta lógica, melhor é ser esposa pluralista do que não ser esposa."A poligamia, contudo, passou a ser uma pedra no sapato dos integrantes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sobretudo após 1862, quando o congresso americano aprovou leis contra a prática.A partir da década de 1880, maridos e esposas polígamos passaram a ser processados. "Acreditando que essas leis eram injustas, os santos dos últimos dias envolveram-se em desobediência civil ao continuar com a prática do casamento plural e ao tentarem evitar a prisão mudando-se para a casa de amigos ou familiares ou escondendo-se por meio do uso de nomes falsos. Quando condenados, pagavam multas e eram presos", diz a igreja, em texto do site oficial.Como a legislação previa o confisco de imóveis, funcionários do governo ameaçaram tomar os templos desses religiosos. A partir de 1890 começou um movimento, na cúpula da Igreja de Jesus Cristos dos Santos dos Últimos Dias no sentido a abolir a prática. O que foi oficializado em 1904.Se o casamento pluralista foi banido, há uma outra regra curiosa presente em "Doutrina e Convênios" que persiste —e é seguida à risca pelos membros da igreja. Trata-se da proibição do café.Smith começou assim a escrita da revelação que teria recebido em 27 de fevereiro de 1833, quando estava contrariado pelo fato de que os integrantes da igreja mantinham o hábito de mascar tabaco nas reuniões: "Condena-se o uso de vinho, bebidas fortes, tabaco e bebidas quentes".Segundo a interpretação dos mórmons, o café estaria incluído nessa definição. Juntamente com o chá preto. A explicação não está na cafeína, como muitos acreditam —tanto é que a Coca-Cola é liberada."Esta revelação incentiva as pessoas a cuidar de seu corpo físico para que possam ser saudáveis e receber recompensas espirituais, como sabedoria e conhecimento", explica Erekson. "Por isso, a revelação identifica alguns comportamentos que contribuem para a saúde, como comer frutas e grãos. E cita vários alimentos que causam danos, como álcool, tabaco e 'bebidas quentes', um termo que os membros da igreja desde a década de 1840 identificaram como café e chá preto."
2023-09-16 23:24:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/defensor-da-poligamia-e-contra-o-cafe-quem-foi-joseph-smith-fundador-da-igreja-dos-mormons.shtml
Ciclone Lee atinge Canadá e EUA, derruba árvores e causa falta de energia
O ciclone pós-tropical Lee tocou a terra a oeste da província de Nova Escócia, no Canadá, neste sábado (16). A tempestade inundou estradas, derrubou árvores e causou falta de energia para dezenas de milhares de pessoas ao longo da costa do Atlântico Norte.Ao menos uma morte foi registrada. Um motorista no estado americano do Maine morreu após uma árvore cair em seu veículo, segundo a mídia local.O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) informou em seu último boletim que Lee estava se movendo para o norte, depois de atingir a terra em Long Island, uma pequena ilha a sudoeste de Halifax, maior cidade de Nova Escócia, no sábado. O fenômeno tinha ventos de até 100 quilômetros por hora, segundo os meteorologistas.Lee, agora localizado a cerca de 60 km de Eastport (Maine), e cerca de 215 km a oeste de Halifax, deve enfraquecer gradualmente nos próximos dias. A tempestade trouxe fortes ventos, inundações e chuvas intensas ao Maine e à costa leste do Canadá.Na província canadense de Nova Escócia, cerca de 120 mil pessoas ficaram sem energia neste sábado, após os ventos derrubarem árvores e linhas de energia. Na vizinha New Brunswick, quase 20 mil pessoas ficaram sem luz."As equipes conseguiram restaurar a energia para alguns clientes. No entanto, as condições estão piorando. Em muitos casos, especialmente quando os ventos estão acima de 80 km/h, não é seguro para nossas equipes", disse Matt Drover, funcionário de uma empresa de energia elétrica local.Os ventos superaram mais de 90 km/h no centro de Halifax. O aeroporto do município teve seus voos suspensos. Ondas fortes que atingiram a costa de Nova Escócia inundaram estradas.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Já no Maine, quase 70 mil clientes estavam sem energia até a tarde deste sábado, de acordo com o site PowerOutages.us."A intensidade da tempestade é forte", disse Paul Mason, diretor executivo do Escritório de Gerenciamento de Emergências de Nova Escócia. "A maré de tempestade deve ser mais intensa durante a tarde até o início da noite."A tempestade pode trazer de 20 a 50 milímetros de chuva para partes do leste do Maine e New Brunswick, no Canadá, segundo o NHC, destacando o risco de enchentes nessas áreas."Lee continuará a impactar a região esta noite, com chuva ou pancadas de chuva, ventos fortes e ondas altas ao longo da costa do Atlântico", disse o Centro Canadense de Furacões, em comunicado. Mais Antecipando o impacto da tempestade, a administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu uma declaração de emergência para Maine e Massachusetts, fornecendo assistência federal para os estados.Este é o segundo ano consecutivo em que uma tempestade tão forte atinge o Canadá, depois que o furacão Fiona atingiu o leste do país no ano passado.
2023-09-16 23:29:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/ciclone-lee-atinge-canada-e-eua-derruba-arvores-e-causa-falta-de-energia.shtml
Delação de Cid pode implicar Bolsonaro em série de crimes, incluindo potencial de prisão
Considerando os episódios em que Mauro Cid está sob investigação no inquérito das milícias digitais, caso ele forneça elementos em sua delação premiada que impliquem Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente pode ser envolvido em crimes com penas altas e que podem resultar, inclusive, em prisão.O enquadramento das condutas ainda pode ser alterado ao longo da apuração, assim como haver a conclusão de que não houve crime.Entre as premissas da delação está a de que o investigado confesse as condutas praticadas e aponte quem contribui com as ações, além de apresentar elementos corroborando o que foi dito.Para que Cid ou Bolsonaro eventualmente se tornem réus, é preciso oferecimento de denúncia pelo Ministério Público —o que não ocorreu— e que a mesma seja recebida pelo Judiciário.Tramitando em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal) sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, o inquérito 4874, no qual ocorreu o acordo de delação, reúne a investigação sobre a venda de joias presenteadas por autoridades, suposta falsificação de cartão de vacina e as circunstâncias de minuta e diálogos de cunho golpista encontrados no celular de Cid.Na decisão em que autorizou busca e apreensão contra diferentes agentes, entre eles, o pai de Mauro Cid, relacionada às joias presenteadas por autoridades internacionais ao ex-presidente, Moraes cita a investigação do crime de peculato, com pena de 2 a 12 anos de prisão, e ainda lavagem de dinheiro, que pode levar a punição de 3 a 10 anos de reclusão.Para que fique configurado o crime de peculato é preciso que os presentes vendidos sejam entendidos como bens públicos, o que a defesa de Bolsonaro contesta. Além disso, uma eventual condenação do ex-presidente deve depender, por exemplo, da comprovação de que ele tenha ordenado as vendas ou que o esquema funcionava em seu benefício.Rossana Leques, advogada criminalista e mestre em direito penal pela USP, diz que no caso do crime de lavagem de dinheiro não basta dizer que houve a venda do bem e o uso do dinheiro, sendo preciso comprovar que as operações feitas tinham a intenção de afastar a ligação dos valores obtidos de modo criminoso com a prática do crime em si.Em agosto, Cezar Bitencourt, advogado do tenente-coronel, afirmou que Cid confessaria ter vendido as joias a mando de Bolsonaro, mas apresentou um vaivém de versões em seguida, até a proposta de delação. Segundo a revista Veja, Cid teria dito em delação que entregou o dinheiro obtido da venda de dois relógios a Bolsonaro em mãos.Em entrevista, Bolsonaro já chegou a dizer que Cid tinha "autonomia" como seu ajudante de ordens e que não mandou ninguém vender nada nem recebeu nada. Mais Em maio, Moraes determinou a prisão preventiva de Cid em decisão relacionada às suspeitas em torno da falsificação do cartão de vacinação dele, da esposa, da filha mais nova de Bolsonaro e do próprio ex-presidente.Na decisão, o magistrado disse haver fortes indícios dos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e inserção de dados falsos em sistema de informações. Especialistas consultados pela Folha avaliam que, mesmo confirmadas as suspeitas, seria improvável uma condenação pelos três crimes.Mariângela Gama de Magalhães Gomes, professora de direito penal da USP, explica que o crime de uso de documento falso, por exemplo, já absorve o crime de falsificação –ambos têm a mesma pena, de 1 a 5 anos, no caso falsificação de documento público.O crime de inserção de dados falsos, por sua vez, que tem a pena mais alta, de 2 a 12 anos de prisão, é o mais específico, que requer participação de funcionário público e que o dado seja incluído em um sistema.Guilherme Brenner Lucchesi, advogado criminalista e professor de direito processual penal na Universidade Federal do Paraná, explica que quem ordenou e participou de plano já estaria envolvido no cometimento do ilícito.Outro possível crime citado na decisão de Moraes é o de associação criminosa, o que poderia aumentar a pena, de 1 a 3 anos. À época da prisão, em depoimento à PF, Cid não respondeu às perguntas, e sua defesa alegou não ter tido acesso a todo o conteúdo da investigação. Bolsonaro elogiou o militar e disse à PF que, se Cid cometeu algum crime, teria sido à sua revelia.No inquérito das milícias digitais, ao descrever o que seriam os eixos de atuação da suposta organização criminosa investigada, Moraes cita os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, que tem pena de reclusão de 4 a 8 anos de prisão, e também o de tentativa de golpe de Estado, cuja pena é de 4 a 12 anos. Como o inquérito é sigiloso, não é possível saber ao certo quais elementos apontam nesse sentido em relação a Cid.De acordo com relatório da PF já divulgado, foi encontrada nos celulares de Mauro Cid uma minuta de um decreto de estado de sítio, além de uma espécie de estudo para a viabilidade para a intervenção das Forças Armadas para reverter o resultado das eleições de 2022 e diálogos explícitos sobre um golpe.À época, a defesa de Bolsonaro afirmou em nota que os diálogos encontrados reforçavam que o ex-presidente não participou de articulações golpistas e que o celular do ex-assessor havia se tornado uma "simples caixa de correspondência" para as "mais diversas lamentações".Por ora, Bolsonaro é formalmente investigado em inquérito que apura a responsabilidade de autores intelectuais e das pessoas que instigaram os atos de 8 de janeiro. Decisão recente na investigação aponta a princípio para indícios de autoria do delito de incitação ao crime —cuja pena é de detenção, de 3 a 6 meses, ou multa. Mais Rossana afirma que, em tese, no caso da existência de um plano de golpe que tenha ficado apenas no plano da cogitação, não há crime. De outro lado, em relação ao 8 de janeiro seria necessário demonstrar algum nível de participação para a organização desses atos em si.Mariângela diz que a minuta de decreto não concretizada, por sua vez, pode ser uma prova de que havia uma intenção no sentido de golpe. Ela ressalta, porém, que uma ligação do documento com Bolsonaro dependeria de provas nesse sentido.Brenner afirma que, para a configuração do crime de incitação, seria preciso comprovar uma manifestação explícita. Falas nas entrelinhas, por exemplo, não seriam elemento suficiente. Ele também diz que não vê no 8 de janeiro a tentativa desses crimes, por não considerar que o meio empregado seria adequado para se dar um golpe de Estado.
2023-09-16 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/delacao-de-cid-pode-implicar-bolsonaro-em-serie-de-crimes-incluindo-potencial-de-prisao.shtml
Tubarões vivem 17 anos em lago de campo de golfe na Austrália
Durante quase duas décadas, o Carbrook Golf Club, perto de Brisbane, na Austrália, teve o maior perigo aquático: um lago cheio de tubarões-touro.Tudo começou em 1996, quando fortes enchentes varreram seis jovens tubarões-touro de um rio próximo para um lago de 20 hectares perto do buraco 14 do campo de golfe. Quando as águas baixaram, os tubarões ficaram presos, rodeados por colinas gramadas e golfistas curiosos.Os tubarões passaram 17 anos no lago, sustentando-se com seu grande estoque de peixes e com as ocasionais guloseimas de carne fornecidas pela equipe do clube. Um tubarão foi pescado ilegalmente, enquanto os outros desapareceram em inundações subsequentes.Os tubarões, segundo um novo estudo, são mais que um mero acaso ao longo do campo esportivo. Numa pesquisa publicada no mês passado na revista Marine and Fisheries Science, Peter Gausmann, cientista de tubarões e professor na Universidade Ruhr Bochum, na Alemanha, disse que os membros do clube cartilaginoso de Carbrook demonstram que os tubarões-touro podem viver indefinidamente em ambientes aquáticos de baixa salinidade.Os tubarões-touro podem ser encontrados em águas costeiras quentes em todo o mundo. Esses tubarões robustos podem atingir de 3 a 4 metros de comprimento e pesar mais de 250 quilos. São uma das poucas espécies de tubarões capazes de tolerar uma ampla gama de salinidades, característica que lhes permite aventurar-se em habitats de água doce e salobra, como rios, estuários e lagoas.Infelizmente, essa adaptabilidade impressionante muitas vezes coloca os tubarões em estreita proximidade com os seres humanos, uma das muitas razões pelas quais os tubarões-touro são responsáveis por dezenas de ataques fatais documentados a seres humanos.Se a maioria dos tubarões entrasse num ambiente de água doce, seus níveis internos de sal seriam diluídos e eles morreriam. Mas os tubarões-touro têm rins e glândulas retais especialmente adaptados que trabalham juntos para reciclar e reter o sal em seus corpos. Mais Os habitats de água doce e salobra proporcionam aos jovens tubarões-touro um lugar para crescerem sem a ameaça de predação por tubarões maiores. Depois de atingirem a maturidade, porém, os tubarões-touro geralmente se dirigem para o mar, onde há presas maiores e mais oportunidades de reprodução. O fato de a população de tubarões de Carbrook não ter crescido durante o tempo que passou no campo de golfe ofereceu mais provas de que a espécie prefere procriar em ambientes mais salgados.Embora os cientistas saibam há muito tempo que os tubarões-touro têm meios para se deslocar entre ambientes de água doce e salgada, ninguém sabe se estes tubarões poderiam passar a vida inteira em água doce.A pesquisa sugere que os tubarões-touro podem viver cerca de 30 anos, e o grupo de Carbrook sobreviveu no lago do campo de golfe por 17. Isto sugere que "não há limite máximo" para o tempo que eles podem passar em ambientes de baixa salinidade, disse Vincent Raoult, pesquisador de pós-doutorado na Universidade Deakin, na Austrália, que não participou do novo estudo."Acho que muitas pessoas ficariam assustadas ao saber que poderia haver tubarões-touro no lago local, mas o fato é que é incrível que existam animais capazes de fazer isso", disse Raoult.Embora a ideia de compartilhar um lago com tubarões-touro possa ser assustadora para alguns, os golfistas adoraram a oportunidade, disse Scott Wagstaff, gerente geral do Carbrook Golf Club."Todos os sócios daqui adoram os tubarões", disse Wagstaff.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Quando os tubarões ainda estavam no clube, ele e outros funcionários jogavam pedaços de carne na água e ficavam espantados com a maneira como os tubarões devoravam a comida com suas terríveis mandíbulas. "Eu os vi pular completamente para fora da água e girar ao mergulhar. Foi muito legal", disse Wagstaff.Inundações extremas como as que levaram tubarões para dentro e para fora do Carbrook Golf Club estão se tornando mais comuns, e mais tubarões-touro podem acabar abandonados em lagos e lagoas. Embora seja altamente improvável que você encontre um tubarão-touro em sua piscina local, Gausmann recomenda evitar reservatórios d'água recentemente afetados por inundações."Você nunca deve tomar banho em reservatórios de água estagnados que já tiveram ligação com o mar. Nunca se sabe se tubarões vivem lá", disse ele, embora as pessoas nas áreas urbanas não precisem se preocupar, pois as águas das enchentes urbanas são muitas vezes tóxicas demais para sustentar a vida marinha.E há outra lição a se tirar, já que avistamentos de tubarões e ataques ocasionais a nadadores humanos provocam reações de medo em alguns lugares."Se este artigo mostrou alguma coisa, é que é possível viver lado a lado com tubarões", disse Leonardo Guida, cientista de tubarões da Sociedade Australiana de Conservação Marinha.Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves
2023-09-17 08:00:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/09/tubaroes-vivem-17-anos-em-lago-de-campo-de-golfe-na-australia.shtml
Bolsonaro é um democrata, mas não é meu padrinho político, diz Nunes
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que acena a Jair Bolsonaro (PL) em busca de uma aliança para tentar se reeleger em 2024, diz que considera o ex-presidente um democrata e que "está caminhando" para receber o apoio dele, mas que ele não será seu padrinho na campanha."Essa coisa de depender de alguém para ficar conduzindo [não é comigo]. Eu vou contar minha história de vida", afirmou Nunes em entrevista à Folha em seu gabinete, na quarta-feira (13).Bolsonaro, no entanto, diz que o PL pode ter candidato próprio na corrida —hoje liderada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Como noticiou a coluna Mônica Bergamo, o ex-presidente passou a defender que o partido lance um nome e só apoie Nunes em eventual segundo turno.O prefeito, que tem 24% de intenções no Datafolha, ante 32% de Boulos, é o segundo a participar de uma série de entrevistas com os principais pré-candidatos.Que fatores o sr., que entra na reta final do mandato, considera que justificam a sua reeleição? Nós tivemos anos bastante difíceis na pandemia. Eu ia inaugurar uma escola e vocês [da imprensa] iam me entrevistar sobre vacina, leitos, mortes. Depois veio aquela eleição muito polarizada, Lula e Bolsonaro, Bolsonaro e Lula. Deixei de poder comunicar muita coisa por conta disso.Mas, mesmo assim, a gente fez um trabalho importante para a cidade, que foi consolidar a saúde financeira. E é o pilar de tudo, porque você não vai conseguir fazer as coisas se não tiver isso.Qual o nível de certeza de que o sr. terá o apoio do ex-presidente Bolsonaro? Certeza, eu não tenho. Eu gostaria de ter. O que vou fazer na campanha é mostrar aquilo que a gente fez. A eleição municipal não vai ter essa discussão de polêmica.Mesmo se Bolsonaro estiver na sua campanha? Sim. Minha história é de ser uma pessoa que dialoga e governa para todos. Minhas ações e a composição do meu secretariado demonstram isso. A minha cabeça é de empresário, de "qual é o resultado?".Na eleição passada, o Bruno [Covas] não tinha ninguém ali apadrinhando, tinha a história de vida dele. O João Doria, a mesma coisa. Essa coisa de depender de alguém para ficar conduzindo [não é comigo].Não dá para falar que Bolsonaro vai ser um padrinho do sr. na campanha? Não, padrinho não. Eu quero apoio. Acho que está caminhando para que possa ter esse apoio. [Mas] padrinho, acho que nem a Marta Suplicy [é], nem o Bolsonaro. É um conjunto de pessoas que entendem que essa frente é importante contra o que a gente entende ser a extrema esquerda. Mais Como vê a ameaça dos bolsonaristas de lançarem um nome por considerarem que o sr. não será o candidato da direita? Eu não recebi ameaça. Pelo contrário. Vi uma entrevista do presidente do PL, o Valdemar [Costa Neto], falando da importância de dar continuidade ao apoio tanto ao nosso governo, do qual fazem parte, quanto à eleição. O presidente municipal declarou abertamente que quer que o PL esteja junto.E o governador Tarcísio de Freitas [Republicanos], vai apoiá-lo? Ele publicamente nunca falou, mas também ninguém nunca perguntou para ele.E para o sr. ele já falou? Não. Eu também não perguntei. O que ele fala é o seguinte: "Você vai ganhar, vai dar certo, precisamos continuar esse trabalho conjunto". Gosto muito dele, ele tem um estilo parecido com o meu. É um cara ponderado, focado, não é extremista.Bolsonaro se tornou inelegível, é alvo de uma série de investigações, existe uma delação premiada [do ex-ajudante de ordens Mauro Cid] que pode atingi-lo. Como encara isso? Você está falando de um tema que eu não tenho conhecimento no detalhe do que é a investigação. Agora, o que eu percebi do presidente Bolsonaro sempre foi um posicionamento de seriedade, de não ser uma pessoa envolvida com coisas erradas, de ser uma pessoa correta.Acho que é muito importante o apoio do presidente Bolsonaro, é fundamental. Tenho gratidão pelo que ele fez pela cidade. Ajudou muito na questão da negociação da dívida [do aeroporto Campo de Marte]. Mas o prefeito vou ser eu.Bolsonaro é um democrata? Eu acho que sim. Se ele foi eleito deputado várias vezes, por que não seria?Diante da forma como ele agiu no governo e de alguns temas que são alvo de investigação agora, como ameaça às eleições, críticas às urnas, tentativas diversas de insinuar golpismo, ameaçar ministros do Supremo, esse tipo de atitude. Isso cabe na imagem de um democrata? Pelo que vi dele, foi uma posição democrata. Não vejo nada que ele tenha feito contrário a isso. É um homem que foi pelo voto eleito deputado, se tornou presidente. Ou vocês vão querer negar o sistema democrático brasileiro. A gente pode gostar ou não, mas ele foi eleito.O sr. sempre cita Bruno Covas, que repetia ser um radical de centro. É possível ser de centro, como o sr. se diz, e ao mesmo tempo ser aliado de Bolsonaro, que é tido como um político radicalizado? Olha, o prefeito sou eu. Dialoguei com o governo Bolsonaro, dialogo com o governo Lula. Enquanto vereador, dialogava muito com todos os vereadores de todos os partidos.Isso [fazer alianças] é natural. O [Fernando] Haddad, na eleição de 2012, apesar de ser de esquerda, do PT, ele tinha uma apresentação como se fosse um candidato de centro. Conversou com a direita, e naquele momento o representante era o [Paulo] Maluf. Não existia a figura da liderança do Bolsonaro. Mais O Datafolha mostrou apoio ao sr. no eleitorado de baixa renda, grupo em que Lula é um cabo eleitoral forte. A sua posição pode ser ameaçada quando o presidente entrar na campanha de Boulos? Acho que não. Para mim, está claro que o eleitor vai discutir a cidade. Na eleição de 2020, o candidato do Lula [Jilmar Tatto] não foi bem. O do Bolsonaro [Celso Russomanno] não foi bem. Quem foi bem foi o Bruno, porque demonstrou o que estava fazendo pela cidade.Eu verdadeiramente vim da periferia. Diferentemente de alguém que quis criar uma fake, eu morei no Parque Santo Antônio, estudei em escola pública, usei o postinho de saúde lá do meu bairro. Estamos com 1.300 obras hoje, a grande maioria na periferia. Então, é natural que o resultado venha. As pessoas se identificam comigo.O que o sr. diz para o morador de São Paulo que tem críticas à gestão e está insatisfeito com a situação do centro, com as cracolândias e tantos outros problemas? Acho que tenho condição de poder enfrentar esses problemas de uma forma bastante diferenciada. Sei o que é ser classe média, sei o que é viver na periferia, fui vereador durante oito anos. É essa bagagem de vida que eu pude trazer.Como isso responde ao problema da cracolândia? As coisas já estão melhores. Em 2015, eram 4.000 usuários. Hoje tem mil e poucas pessoas, mais de 2.000 em tratamento. O que a gente tem que fazer? Continuar insistindo e fazer ações para diminuir a oferta de crack lá, que é com a prisão de traficantes.Qual é o custo-benefício da abordagem que espalha a cracolândia e gera efeitos colaterais como o fechamento de comércios? Então, [a cracolândia] é um problema de 30 anos. A gente teve que fazer algumas ações para permitir que os agentes de saúde e de assistência social e que as forças policiais pudessem entrar lá. Era necessário tirar aquele domínio da organização criminosa, acessar as pessoas e convencê-las ao tratamento.Seus adversários dizem que o sr. mantém a verba de R$ 34,8 bilhões em caixa para usá-la com fins eleitoreiros. Como o sr. responde? Não tem um centavo em caixa parado. Todos os recursos estão rubricados, com uma destinação colocada dentro do plano de metas e das prioridades da administração.O sr. está fazendo o maior programa de recapeamento da história sob ataque de movimentos de mobilidade, que argumentam que isso reproduz uma visão carrocêntrica. Como rebate essas críticas? Estamos fazendo investimentos, só na área de mobilidade, de uns R$ 4,6 bilhões. Há ações importantes de incentivo ao uso do transporte coletivo, além de agilizar a expansão do metrô e ampliar corredores de ônibus, faixas exclusivas e ciclovias. Em novembro, iniciamos o transporte hidroviário na [represa] Billings.O que concretamente faz o sr. adjetivar seu rival Boulos como radical e de extrema esquerda? Tudo o que eu e todo mundo viu da história de vida dele. É uma pessoa que não dialoga com todos os setores. Eu nunca invadi nada de ninguém, nunca depredei nada de ninguém.Na questão das políticas habitacionais, acho que está muito claro o que tenho feito. Assinei convênios com entidades para a construção de 14 mil unidades. São as entidades sérias de movimento de moradia que estão construindo.O MTST [ao qual Boulos é ligado] está nessa lista? Não. Não porque a gente excluiu, mas porque eles não quiseram participar [dos convênios].Um tema que surgiu no debate eleitoral é o gasto da atual gestão com publicidade, pelo fato de o sr. ser candidato à reeleição. Como justifica para o cidadão esse gasto? Não tem nada a ver. Todas as propagandas são de interesse da população, para comunicar campanhas públicas, por exemplo de vacinação, dengue, serviços, educação. Não é isso que vai mudar a questão do rumo eleitoral. Se isso mudasse, todo mundo que estava no governo ganhava [a reeleição].Na questão da Sabesp, o sr. assinou o termo de adesão à URAE, o que foi visto como um passo rumo à privatização. Esse processo depende muito do sr., já que sem a capital o governador não conseguiria seguir adiante. O sr. é a favor da privatização? Não é que eu defenda a privatização, eu defendo aquilo que é o melhor serviço. Se a privatização trouxer redução de tarifa e a gente conseguir manter ou aumentar os investimentos, para a cidade de São Paulo é ótimo. A adesão à URAE não quer dizer que tenha relação com a privatização, que é uma outra etapa. Mais Empresário, é fundador da empresa Nikkey, do ramo de controle de pragas urbanas. Foi presidente da Aesul (Associação Empresarial da Região Sul) e fundou a Adesp (Associação das Empresas Controladoras de Pragas do Estado de São Paulo). Foi eleito vereador de São Paulo por dois mandatos (2013 a 2020). Em 2020, se elegeu como vice-prefeito na chapa de Bruno Covas (PSDB) e assumiu o cargo de prefeito após a morte do tucano, no ano seguinte
2023-09-16 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/bolsonaro-e-um-democrata-mas-nao-e-meu-padrinho-politico-diz-nunes.shtml
Correio se torna crucial em áreas conflagradas na Ucrânia
É o zunido das bombas cortando o ar que incomoda Valentina. As explosões, ela conta, são apenas como trovões em um dia de tempestade. "Mas aquele som, sabe, aqueles segundos de expectativa antes de ouvir a explosão, com isso não consigo me acostumar", diz a aposentada de 70 anos, uma ativa cantora no coral da Igreja Ortodoxa de São Nicolau, no centro de Kupiansk, cidade no nordeste da Ucrânia. Enquanto no sul do país as forças ucranianas tentam romper as linhas de defesa russas, aqui quem está na ofensiva são as tropas de Moscou. Nas últimas semanas, conquistaram terreno e agora estão a menos de dez quilômetros do centro dessa estratégica localidade, um entroncamento ferroviário que liga o sul da Rússia à região do Donbass e que, antes da guerra, tinha mais de 60 mil moradores.No fim da manhã em que encontrei Valentina —ela prefere não divulgar o sobrenome— ensaiando cânticos sacros, Kupiansk estava estranhamente calma. O som da artilharia era constante, mas distante. Da parte elevada da cidade era possível ver as colunas de fumaça nos distritos ao leste, onde as tropas russas vêm ampliando seus ataques. Valentina preparava-se para voltar para casa na companhia de duas amigas quando o zunido chegou. Repentino, alto, assustador. Logo veio a explosão. Num ato reflexo, todos na igreja cobriram a cabeça, como se possível fosse proteger-se da violência de um míssil com as mãos. A bomba explodiu três ruas abaixo, no meio de uma praça. Destruiu quatro carros e feriu dez pessoas sem muita gravidade. Nada exatamente extraordinário para um dia ensolarado deste verão em Kupiansk. O alvo, segundo os homens da Defesa Civil, era a principal agência do correio. "Todas as nossas agências nessa região foram totalmente ou parcialmente destruídas", diz Iuri Savchenko, diretor do correio da província de Kharkiv, onde Kupiansk está localizada. "Ainda estamos operando aqui, mas no prédio que servia como centro de distribuição, por ser menos exposto." Savchenko não sabe até quando a agência de Kupiansk seguirá aberta. Mas ele, como as cinco funcionárias que todos os dias saem de casa sob o risco de serem bombardeadas, sabem bem que, se a agência fechar, a vida aqui ficará incrivelmente mais difícil. "Sem nós, boa parte da população que decidiu ficar aqui, quase todos os idosos, aposentados e enfermos, só poderão contar com a ajuda humanitária, não haverá mais nada." Mais Nesta guerra, o correio tem sido vital para milhares de pessoas que seguem vivendo nas regiões onde as frentes de batalha estão quase em seus quintais, como em Kupiansk. Nenhum outro serviço público opera com tanta capilaridade e de forma tão constante mesmo em tempos de guerra. Na Ucrânia, o correio desempenha um papel que não se resume apenas ao envio de cartas e encomendas. As mais de 12 mil agências que estavam espalhadas pelo país até o início da invasão russa também atuavam como única alternativa bancária para as populações de áreas rurais ou isoladas.Parte importante dos aposentados ucranianos ainda recebe seus rendimentos no balcão das agências. Em uma cidade semiabandonada e sob constante ataque como Kupiansk, o correio é a única maneira de a população conseguir ter acesso a dinheiro vivo, fundamental quando o fornecimento de energia é constantemente cortado por conta da destruição da infraestrutura.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando..."Agora pagamos três meses adiantados a todos os moradores daqui porque não sabemos se vamos continuar operando por muito mais tempo", afirma Svitlana Oleynikova, 45, gerente da última agência ainda em operação por aqui, enquanto me mostrava que apenas uma das janelas do edifício em que estão operando ainda tinha os vidros intactos. "As outras se foram com as explosões e precisamos fechar com esses pedaços de madeira."Kupiansk foi ocupada pelas tropas russas nos primeiros dias da guerra. Tomaram a cidade sem disparar um só tiro e, contam os moradores, foram bem recebidos por boa parte da população. As forças ucranianas a retomaram na contraofensiva do outono de 2022, também sem muito confronto. Mas desde o fim de março Kupiansk voltou a ser alvo das investidas russas, em especial após a queda de Bakhmut, na região do Donbass. Nas últimas semanas, os ataques se intensificaram.Desde a segunda quinzena de agosto o governo ucraniano tem feito uma intensa campanha para que os civis deixem a cidade e seus distritos, prevendo um agravamento das batalhas. Cerca de 2.000 pessoas já partiram, mas outras 10 mil insistem em ficar. Muitas delas usam a única agência do correio para enviar seus bens mais valiosos a parentes e amigos, temendo perder o pouco que têm nos combates.Poucas horas depois de a agência central ter quase sido destruída por um míssil, Nina, 64, decidiu de uma vez por todas enviar sua coleção de relógios, algumas fotografias e um liquidificador para a filha, que agora vive no oeste do país, distante das frentes de batalha. "Eu ainda não decidi se vou embora, vamos ver como serão as coisas nos próximos dias", diz ela, enquanto despacha seus embrulhos.Desde meados de agosto o correio suspendeu qualquer serviço de entrega ou coleta domiciliar por aqui. O risco de os caminhões serem alvos de drones ou bombardeios é grande demais, diz Savchenko. "Nossa ideia é fazer um dia de entrega e coleta por mês, para aqueles que não conseguem vir até aqui, mas não sei se conseguiremos, os bombardeios estão constantes demais." Os caminhões saem de Kharkiv, a capital da província, todos os dias. Em geral, chegam vazios e retornam cheios com os bens enviados pelos moradores locais.Valentina, a cantora com ouvidos sensíveis ao som das bombas se aproximando, está decidida a ficar. Ela conta que está velha demais para se tornar uma refugiada. "Aqui ao menos eu tenho meu jardim e neste ano quero plantar batatas e tomates", afirma, pouco antes de tomar coragem e enfim seguir para sua casa em meio ao som dos disparos da artilharia ucraniana. "Não se preocupe, esses estão indo para lá."
2023-09-16 23:15:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/correio-se-torna-crucial-em-areas-conflagradas-na-ucrania.shtml
Tarcísio se volta para prefeitos para driblar articulação travada com deputados
Após derrotas na Assembleia Legislativa e dificuldades no relacionamento com os deputados estaduais, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem se dedicado nas últimas semanas a abrir um canal com boa parte dos prefeitos em São Paulo.Desde o último dia 4, a agenda do governador já registrou 13 reuniões com grupos de prefeitos. O principal tema é a privatização da Sabesp –Tarcísio quer se encontrar com os prefeitos das 375 cidades atendidas pela empresa.Enquanto acumula transtornos para aprovar projetos simples no Legislativo estadual, Tarcísio busca o apoio dos gestores municipais para conseguir realizar sua principal bandeira, a privatização da estatal de saneamento –que deve enfrentar oposição na Assembleia.Prefeitos relataram à reportagem que vinham sendo ignorados pelo governo, mas que a postura mudou e receberam atenção especial quando o tema foi a Sabesp. Os chefes dos Executivos municipais aproveitam para falar de outras pendências e tentar garantir recursos.Nas reuniões, Tarcísio tem apresentado dados sobre a empresa e o plano de privatização para sustentar que investimentos já previstos serão cumpridos e outros serão adiantados. Há críticas de que o discurso peca pela genericidade e às vezes ignora realidades locais das cidades.De forma lateral, o governador também tem tratado de convênios e obras das respectivas regiões, argumentando que a privatização fará bem ao caixa do estado. Tarcísio tem aproveitado os encontros para dar um panorama da gestão numa espécie de prestação de contas.Com a queda de arrecadação do ICMS, os prefeitos têm se juntado aos deputados na cobrança por emendas e convênios.Quem acompanha os movimentos do governador afirma que, por meio da ponte com os prefeitos, Tarcísio busca influenciar deputados e atrair a opinião pública para sua agenda, especialmente a da privatização. Seria, de acordo com parlamentares, uma forma de amenizar o clima político, que não tem sido favorável.Aliados dizem acreditar que a privatização da Sabesp pode ser enviada ainda neste ano para Assembleia, enquanto opositores preveem a votação só no ano que vem –quando as eleições municipais podem contaminar o debate.Entre os deputados de esquerda, que são contrários à privatização, a aposta de Tarcísio nos prefeitos é vista como um tiro no pé. Eles acreditam que os gestores municipais não vão se comprometer com um tema impopular, sobretudo diante do temor de aumento da tarifa, algo que o governo afirma que não vai acontecer.Para que a privatização aconteça, o governo quer que todos os municípios atendidos pela Sabesp estendam, em bloco, seus contratos com a empresa até 2060. O esforço é para conseguir evitar descontentes e, com isso, buscar fugir de eventual judicialização do processo.Maior receita da companhia, São Paulo, já sinalizou que deve aderir ao bloco, em um contexto que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) precisa do apoio de Tarcísio em 2024.Ao mesmo tempo, o governador tem trabalhado para destravar a relação com os deputados. Sem uma base de apoio sólida, Tarcísio ainda não enviou para a Casa os principais projetos do segundo semestre, uma reforma administrativa e uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que permite diminuir o gasto com educação para investir em saúde. A PEC precisa do aval de 57 dos 94 deputados.Em uma reunião com deputados aliados no último dia 4, no Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio prometeu atender a demandas de deputados e prefeitos e indicou ter iniciado o pagamento de emendas e a nomeação de aliados em cargos de confiança.De acordo com parlamentares, o governador chegou a fazer um mea-culpa, admitiu erros e assumiu estar em dívida com seus apoiadores na Assembleia. Ele argumentou que chegou ao palácio há pouco tempo e que está tentando acertar.Depois do encontro, Tarcísio conseguiu que seu nome favorito para uma vaga no TCE (Tribunal de Contas do Estado), Marco Aurélio Bertaiolli, fosse indicado pela Casa e que o projeto que aumenta taxas judiciais fosse aprovado com 51 votos –após amargar falta de quórum numa sessão anterior.Antes do envio da PEC, outros projetos do governador ainda não foram aprovados no plenário –a anistia para as multas relativas à Covid-19, que beneficia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e a adesão de São Paulo ao Cosud (Consórcio de Integração Sul e Sudeste). Mais Numa sinalização considerada importante por aliados, o governo se comprometeu a pagar neste ano R$ 11 milhões em convênios e obras indicados por cada parlamentar da base –além dos R$ 10,5 milhões em emendas impositivas, algo que todos os deputados têm direito. O palácio também prepara um mapa de cargos para poder negociar com as bancadas na Assembleia.Enquanto as críticas de parlamentares alinhados a Tarcísio são feitas nos bastidores, a oposição tem usado a tribuna para expor a relação trincada. Nesta quarta (13), o deputado Reis (PT) afirmou que o governo enrola a Casa."O governo não pode ser um enrolador geral. Nós não podemos ter um governo que enrole os deputados. […] Cada dia é uma historinha, uma conversinha. […] O governo não pode ser o Tarcísio ‘Rolando Lero’, ele não pode ser um cara que promete e não cumpre. […] Então, governador, pare de nos enrolar, cumpra sua palavra", discursou.Na semana passada, Beth Sahão (PT) apontou que a Assembleia fica submetida à vontade do governador e relatou ter recebido o telefonema de "um prefeito de uma cidade importante" pedindo para que ela votasse a favor do aumento das taxas judiciais, como defendia o governo –o PT foi contra."Quando o governo do estado quer o voto, ele chama no palácio a sua base e decide lá qual o voto que as pessoas vão ter que dar aqui. É constrangedor, porque tira autonomia de cada deputado e cada deputada, que não consegue votar com sua consciência", afirmou. Mais
2023-09-16 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/tarcisio-se-volta-para-prefeitos-para-driblar-articulacao-travada-com-deputados.shtml
Decisão sobre Odebrecht consolida ofensiva de Lula, STF e PGR contra Lava Jato
A decisão do ministro Dias Toffoli de declarar imprestáveis as provas da Odebrecht contra políticos atingidos pela Lava Jato e de determinar a investigação criminal de procuradores que firmaram o acordo de leniência com a empreiteira consolida a ofensiva de uma ala do Judiciário, da PGR (Procuradoria-Geral da República) e do governo Lula (PT) contra integrantes da operação.O Executivo petista trata a história da Lava Jato como uma armação para apear o partido do poder. Por um lado, o discurso foca abusos cometidos pela operação mas, por outro, minimiza crimes confessados e verbas bilionárias recuperadas.Além da decisão de Toffoli, diversas outras medidas foram tomadas para enfraquecer as investigações. A maioria delas se refere a fatos que são de conhecimento público há muito tempo, mas que só agora, no governo Lula, despertaram interesse de serem punidas por autoridades.A avaliação de integrantes de tribunais superiores é que o clima contra a Lava Jato facilita a reparação de abusos cometidos pela operação. Eles também pontuam que as decisões anti-Lava Jato servem para fazer gestos a Lula, responsável por nomear os cargos vagos nas mais importantes cortes do país.A operação já sofria um processo de esvaziamento desde a saída de Sergio Moro da magistratura para assumir o Ministério da Justiça do governo de Jair Bolsonaro (PL). Isso foi ampliado com a ascensão de Augusto Aras ao posto de procurador-geral da República e com o fim do apoio à operação por parte de Bolsonaro, após ele tomar posse como presidente.Agora, o movimento ganhou ainda mais força e mira nos agentes que foram responsáveis pelas investigações.Nem mesmo o foro privilegiado conferido a parlamentares tem sido suficiente para blindar integrantes da operação. O ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal), Deltan Dallagnol, teve o mandato de deputado federal cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na lei que veta procuradores com processos administrativos pendentes de disputar eleição.Lula, por sua vez, chegou a lembrar publicamente, já como presidente, que durante a prisão costumava afirmar que só iria "ficar bem quando foder com o Moro". Mais O governo aproveitou a decisão de Toffoli para reforçar a ofensiva contra lava-jatistas.No mesmo dia da ordem judicial de Toffoli, a AGU (Advocacia-Geral da União) criou uma força-tarefa para verificar se foram cometidas irregularidades na operação; o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), prometeu pedir à Polícia Federal para investigar o acordo de leniência da Odebrecht; e a CGU (Controladoria-Geral da União) afirmou que já analisava a decisão do magistrado antes mesmo de ser notificada sobre a ordem judicial.Dino é um dos responsáveis por enfraquecer a operação também dentro da PF, que por anos foi um dos sustentáculos da Lava Jato. Isso ficou claro no início de setembro, durante cerimônia de formatura de novos servidores da corporação."Eu quero garantir ao senhor, presidente Lula, que essa Polícia Federal hoje, toda ela, está a serviço de uma única causa, que é a sua causa, a causa do Brasil. Nós abolimos tentações satânicas, de espetacularizações, de abusos, de forças-tarefas ilegais. Tudo isso ficou no passado. Hoje temos uma polícia dedicada a servir a população", declarou Dino, na ocasião.Toffoli também mandou em sua decisão o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), o TCU (Tribunal de Contas da União) e a PGR apurarem a atuação da Lava Jato no acordo de leniência com a Odebrecht. Mais Parte desses órgãos, aliás, já havia iniciado uma ofensiva contra a operação.A Corregedoria do CNJ, por exemplo, anunciou em maio a realização de uma correição extraordinária na 13ª Vara de Curitiba, onde teve início a Lava Jato, e na 8ª Turma do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), responsável em segunda instância pelas apurações.Nesta semana, divulgou um relatório em que afirma ter encontrado "uma gestão caótica" e "possível conluio" no controle de valores oriundos entre acordos de delação premiada e leniência firmados com a força-tarefa da operação em Curitiba e homologados pela vara que estava sob responsabilidade de Moro.Antes disso, o CNJ havia imposto revés a outro importante integrante da Lava Jato. Em fevereiro, o conselho abriu processos disciplinares e afastou do cargo o juiz Marcelo Bretas, responsável pela operação no Rio de Janeiro.Na ocasião, foram analisadas três reclamações contra Bretas. Uma delas foi do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que o acusou de tê-lo prejudicado intencionalmente nas eleições para governador em 2018, devido à divulgação de uma delação premiada que atingia o político.O caso só foi analisado neste ano. Outros dois processos também levaram ao afastamento de Bretas, em julgamento sigiloso em fevereiro.Trata-se de uma representação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) com base em denúncias de um advogado contra o juiz afastado, e de outro processo da Corregedoria do CNJ iniciado após fiscalização apontar "deficiências graves" na 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.Receba no seu email as notícias sobre o cenário jurídico e conteúdos exclusivos: análise, dicas e eventos; exclusiva para assinantes.Carregando...O STJ (Superior Tribunal de Justiça), que no passado respaldou decisões da Lava Jato, inclusive a condenação de Lula, também passou a impor derrotas à operação nos últimos meses.O tribunal, por exemplo, mandou Deltan pagar R$ 75 mil de indenização a Lula em razão da entrevista coletiva em que expôs um PowerPoint contra o petista para explicar a denúncia apresentada contra o líder do PT em 2016.Assim como Deltan, Moro, que foi o principal juiz da operação, tem o seu mandato parlamentar ameaçado. Ele é réu em uma ação de investigação eleitoral sob suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha de 2022. Atualmente busca construir pontes com o Judiciário para manter seu mandato.No dia seguinte à cassação de Deltan, Moro se reuniu com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.Moro também esteve em audiências com os ministros do STF Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.Em gestos considerados como acenos aos ministros, Moro não assinou o pedido de impeachment de Barroso e criticou a hostilidade a Moraes no aeroporto internacional de Roma. Também quis deixar claro que não era contra a indicação de Cristiano Zanin ao Supremo por Lula —seu adversário nos tempos de Lava Jato—, por questões pessoais.
2023-09-16 23:15:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/decisao-sobre-odebrecht-consolida-ofensiva-de-lula-stf-e-pgr-contra-lava-jato.shtml
"Agora me visto como quero": As mulheres que desafiam a polícia da moral no Irã
Uma jovem caminha por uma rua de Teerã, com os cabelos soltos, jeans rasgados e um pouco de sua barriga exposta ao calor intenso do sol iraniano.Um casal não casado anda de mãos dadas. Uma mulher mantém a cabeça erguida quando a antes temida polícia moral iraniana lhe pede que use o hijab, e ela responde: "Danem-se!".Esses atos de ousada rebeldia - relatados por várias pessoas em Teerã no mês passado - seriam quase inimagináveis para os iranianos há um ano. Mas isso foi antes da morte, sob custódia da polícia moral, de Mahsa Amini, de 22 anos, acusada de não usar adequadamente seu hijab.Os protestos em massa que abalaram o Irã após a sua morte diminuíram após alguns meses diante de uma repressão brutal, mas a raiva que os alimentou não se apagou. As mulheres apenas tiveram que encontrar novas maneiras de desafiar o regime.Um diplomata ocidental em Teerã estima que em todo o país, em média, cerca de 20% das mulheres estão agora desrespeitando as leis da República Islâmica ao sair às ruas sem véu.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando..."As coisas mudaram muito desde o ano passado", diz Donya, uma estudante de música de 20 anos em Teerã, com quem estou conversando em uma plataforma de mídia social criptografada. Ela é uma das muitas mulheres que agora se recusam a usar o véu em público. "Ainda não consigo acreditar nas coisas que agora tenho coragem de fazer. Nós nos tornamos muito mais ousadas e corajosas."Mesmo que eu sinta um medo profundo toda vez que passo pela polícia da moral, eu mantenho a cabeça erguida e finjo que não os vi", diz ela. "Agora, uso o que gosto quando saio." Mas ela rapidamente acrescenta que os riscos são altos, e ela não é imprudente. "Eu não usaria shorts. E sempre carrego um lenço na bolsa, caso a situação fique séria."Ela me conta que conhece mulheres que foram estupradas sob custódia e menciona relatos de uma mulher condenada a lavar corpos como punição por não usar o hijab. Todas as mulheres com quem conversei mencionaram as câmeras de vigilância que monitoram as ruas para flagrar e multar quem desrespeita o código de vestimenta.O diplomata ocidental estima que a proporção de mulheres que se recusam a usar publicamente o hijab nas áreas mais luxuosas do norte de Teerã é ainda maior do que 20%. No entanto, ele destaca que a rebelião não se limita à capital."É mais uma questão geracional do que geográfica... não se trata apenas de pessoas brilhantes e educadas, basicamente é qualquer jovem com um smartphone... isso nos leva diretamente às aldeias e a todos os lugares", diz ele.O diplomata descreve os protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini como um "ponto de virada" enorme e terminal para o regime, que tentou controlar como as mulheres se vestem e se comportam por mais de quatro décadas."Isso transformou [o regime] em uma rua de sentido único sem saída", afirma. "A única coisa que não sabemos é o quão longa é essa rua."O levante, liderado por mulheres, foi o desafio mais sério ao regime teocrático do Irã desde a revolução de 1979. Para reprimi-lo, grupos de direitos humanos afirmam que o regime matou mais de 500 pessoas. Milhares ficaram feridos, alguns cegos após serem baleados no rosto. Pelo menos 20.000 iranianos foram presos, com relatos de tortura e estupro na prisão. E sete manifestantes foram executados - um deles enforcado publicamente por um guindaste. Como pretendido, isso teve um efeito intimidante.Numa aparente tentativa de evitar mais tumultos para marcar o aniversário da morte de Mahsa Amini, as autoridades realizaram outra onda de prisões. Entre os detidos estão ativistas dos direitos das mulheres, jornalistas, cantoras e parentes de pessoas mortas durante os protestos. Acadêmicos considerados não apoiadores do regime também foram expulsos de seus cargos.No entanto, atos extraordinários de desafio silencioso continuam acontecendo todos os dias.Donya diz que as pessoas em Teerã continuam a vandalizar outdoors do governo e a escrever "#Mahsa" e "Mulher, Vida, Liberdade" - o grito de guerra dos protestos - em paredes, principalmente no metrô."O governo continua apagando, mas as slogans continuam voltando." Mais Ela, assim como as outras mulheres com quem conversei, enfatizam que essa não é uma luta que estão travando sozinhas - muitos homens estão ansiosos para apoiá-las."Alguns deles usam roupas sem mangas e shorts ou maquiagem quando saem às ruas, porque essas coisas são ilegais para os homens usarem. Alguns homens usam o hijab obrigatório nas ruas para mostrar como é bizarro quando você força alguém a usar algo que não gosta."As patrulhas da polícia da moral, que foram temporariamente suspensas após os protestos após a morte de Mahsa Amini, voltaram a ser visíveis nas últimas semanas - embora Donya diga que parecem estar cautelosas em provocar confrontos diretos com medo de reacender manifestações em massa.No entanto, as autoridades buscaram impor controle de outras formas no último ano. Elas fecharam centenas de empresas por servir mulheres sem véu, emitiram multas e apreenderam carros dirigidos por mulheres que não usavam o lenço na cabeça.Atualmente, as mulheres sem véu correm o risco de uma multa de 5.000 a 500.000 riais [de R$ 0,60 a R$ 59,15] ou uma pena de prisão de 10 dias a dois meses. Mais "Bahareh", 32 anos, diz que já recebeu três avisos por mensagem de texto em seu telefone das autoridades, após ser flagrada dirigindo em Teerã sem o véu. Ela diz que se a pegarem novamente, podem confiscar seu carro.De acordo com a polícia de uma única província - a província de Azerbaijão Oriental - até 11 de agosto, 439 carros haviam sido apreendidos por infrações relacionadas ao hijab.Bahareh também foi impedida de entrar no metrô da cidade e em shoppings. O mais difícil de tudo, foi impedida de participar das celebrações na escola de seu filho para marcar o final de seu primeiro ano lá.Mas ela também está decidida em sua mente que não há volta atrás, lembrando a emoção que experimentou quando tirou o lenço da cabeça em público pela primeira vez em setembro passado."Meu coração estava disparado. Foi tão emocionante. Eu senti como se tivesse quebrado um tabu enorme."Agora ela está tão acostumada com isso que nem mesmo carrega um lenço consigo."Não usá-lo é a única ferramenta que tenho para mostrar minha desobediência civil, não apenas contra o hijab, mas contra todas as leis da ditadura, todo o sofrimento que os iranianos suportaram nos últimos 43 anos. Eu continuarei por todas as mães e pais que têm que vestir preto em luto por seus filhos."É impossível medir exatamente quantas pessoas gostariam de ver o fim da República Islâmica, mas a raiva contra o regime é generalizada, segundo a cineasta Mojgan Ilanlou, que foi presa em outubro passado por quatro meses após tirar o véu e criticar o líder supremo do Irã. Ela foi brevemente detida novamente no mês passado em uma tentativa, segundo ela, de intimidá-la."As mulheres no Irã atravessaram o limiar do medo", ela me diz de sua casa em Teerã, embora admita que a última onda de repressão foi tão "aterradora" que no mês passado decidiu desativar sua conta no Instagram por 10 dias, onde regularmente compartilha fotos dela sem véu em público."Isto é uma maratona, não um sprint", ela afirma. E compara este momento com aquele em que Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar a um homem branco em um ônibus, dando início ao movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos."Recusar-se a ceder o lugar não se tratava apenas de uma pessoa sentada em uma cadeira", diz ela.Ilanlou afirma que está funcionando. A atitude dos homens em relação às mulheres está mudando, até mesmo nas áreas mais conservadoras do país, segundo ela. Uma revolução social está acontecendo."A sociedade não voltará aos tempos antes de Mahsa", diz ela."Nas ruas, no metrô e nos bazares, os homens agora admiram as mulheres e elogiam sua coragem... Surpreendentemente, mesmo em algumas cidades muito religiosas como Qom, Mashhad e Isfahan, as mulheres não usam mais véu."Ela, assim como o diplomata residente em Teerã, insiste que se trata de uma rebelião que transcende as classes sociais.Ela descreve vendedoras ambulantes que retiram o véu no metrô. E ela me conta que no ano passado compartilhou uma cela superlotada e infestada de piolhos na prisão de Qarchak com uma jovem empobrecida - que se tornou mãe aos 11 anos - que também se recusou a usar o lenço na cabeça.E não se trata apenas do hijab. Ilanlou afirma que as mulheres agora estão fazendo outras demandas, como igualdade de direitos em contratos matrimoniais.Para Elahe Tavokolian - ex-diretora de uma fábrica - e outras mulheres, o sacrifício tem sido grande. Tavokolian sente muita falta de seus filhos gêmeos de 10 anos.Desde os subúrbios de Milão, onde ela vive agora em quartos emprestados, ela os chama sempre que pode.Enquanto fala sobre eles, lágrimas escorrem de seu olho esquerdo.Elahe, que nunca havia participado de protestos antes de setembro do ano passado, foi baleada pelas forças de segurança iranianas em Esfarayen, no norte do país."Eu estava com as crianças e tínhamos acabado de comprar material escolar para o início das aulas. Eles ficaram cobertos com o meu sangue."Fugindo para a Turquia, Tavokolian conseguiu um visto médico para viajar para a Itália, onde os cirurgiões removeram seu olho direito e a bala que o havia atingido.Ela ainda precisa de outra cirurgia para poder fechar a pálpebra sobre seu novo olho de vidro.Ela não sabe quando será seguro retornar a Esfarayen e ver seus filhos novamente."Sempre que conversamos, falamos da nossa esperança de nos reunirmos no Irã, em dias melhores."Por enquanto, esses dias melhores parecem estar muito distantes. Grupos de direitos humanos afirmam que nenhum oficial iraniano foi responsabilizado pela morte de Mahsa Amini e pela repressão que se seguiu.E o regime não recua, muito pelo contrário.Um projeto de lei atualmente em tramitação no Parlamento - o chamado Programa sobre o Hijab e a Castidade - propõe novas penalidades para as mulheres que não usam véu, incluindo multas de 500 a 1.000 bilhões de riais (590 a 118.335 reais) e penas de prisão de até 10 anos para "aqueles que violarem... de forma organizada ou encorajarem outros a fazê-lo". Mais Especialistas em direitos humanos designados pela ONU classificaram isso como uma "forma de apartheid de gênero".Segundo Jasmin Ramsey, subdiretora da ONG Centro para os Direitos Humanos do Irã em Nova York, o governo "se fechou em seu próprio mundo".Mas a população iraniana se recusa a desistir. "O Irã ainda é um fósforo, pronto para acender a qualquer momento."Esse texto foi originalmente publicado aqui
2023-09-16 21:30:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/agora-me-visto-como-quero-as-mulheres-que-desafiam-a-policia-da-moral-no-ira.shtml
Lula se encontra com Raúl Castro antes de deixar Havana para NY
O presidente Lula (PT) se encontra com o ex-líder do regime cubano, Raúl Castro, neste sábado (16), pouco antes de deixar a ilha em direção aos Estados Unidos.Os dois são amigos, assim como o mandatário o era de Fidel Castro. O encontro ocorreu fora da agenda do chefe do Executivo, na casa do cubano.A previsão inicial era de que Lula embarcasse para Nova York, onde participa da Assembleia Geral das Nações Unidas, por volta das 17h. Mas por volta das 18h a imprensa foi informada de que ele foi ao encontro de Raúl. Lula só embarcou às 19h30 de Brasília.Segundo a Presidência, foi definida de último instante e trata-se de uma "visita pessoal". O assessor especial Celso Amorim também participou.O expediente de realizar encontros fora da agenda também era utilizado por Jair Bolsonaro (PL) e criticado pela oposição na época.Quando Lula esteve em Cuba por cerca de um mês, em 2021, encontrou-se também com o ex-líder cubano. Na ocasião, o então ex-presidente pegou Covid e teve de cumprir quarentena no país.Antes disso, o petista esteve na ilha em 2016, quando participou da cerimônia realizada em homenagem a Fidel Castro (1926-2016) em Santiago de Cuba, marcando o fim da Caravana da Liberdade, que atravessou a ilha caribenha em um cortejo fúnebre com as cinzas de Fidel.Com ele, estava a também ex-presidente Dilma Rousseff. Os brasileiros estavam sentados ao lado de Raúl."Fazia mais de 30 anos que éramos amigos, desde antes de eu ser presidente", disse o petista à imprensa cubana à época. "Fazia muitos meses que eu queria vir a Cuba e ver Fidel, mas não foi possível. Quando soube da notícia, a maneira que encontrei de expressar meus pêsames foi escrever na parede 'Viva Fidel'.""Estou triste, porque se foi o maior homem homem do século 20", completou o ex-presidente brasileiro.
2023-09-16 19:30:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/lula-se-encontra-com-raul-castro-antes-de-deixar-havana-para-ny.shtml
Furgão com 1.870 multas é flagrado na pista local da marginal Pinheiros, em SP
Um furgão com 1.870 multas de trânsito foi apreendido neste sábado (16) na avenida Doutora Ruth Cardoso, trecho da via local da marginal Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.No total, segundo a Polícia Militar, o dono do veículo tem uma dívida de R$ 405.072,55, entre multas, licenciamento atrasado e outros.De acordo com a PM, policiais militares de trânsito faziam patrulhamento pela via, na região do Butantã, quando desconfiaram o Fiat Fiorinio. Ao checarem as placas do veículo, constataram a enorme lista de infrações de trânsito.O condutor do furgão foi abordado após estacionar. O veículo acabou guinchado a um pátio em seguida.Com o dinheiro dos débitos, sem as taxas de guincho e diária de pátio, o proprietário pode comprar três Fiorino novos —segundo a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o modelo Endurance EVO 1.4 Flex 8V, zero-quilômetro, custa a partir de R$ 107.8 mil.À Folha o advogado Antonio José Dias Junior, coordenador da Comissão de Direito do Trânsito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo, explicou que se o dono do carro apreendido não pagar os débitos, o valor vai para dívida ativa do governo estadual.O proprietário pode, inclusive, ter o nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito e depois o problema se transformar em um processo judicial.Caso o veículo seja de pessoa jurídica, a não identificação do condutor faz com que o valor da multa dobre, de acordo com o especialista em legislação de trânsito.Apesar da grande quantidade de multas, o Fiorino guinchado neste sábado está longe de ser o campeão de infrações de trânsito entre os veículos apreendidos recentemente.Em outubro do ano passado, a PM apreendeu um Chevrolet Corsa com 2.186 infrações de trânsito registradas e uma dívida de R$ 552.125,92, durante uma abordagem na avenida Santa Maria, Barra Funda, zona oeste da capital.Naquele mesmo mês, Honda Fit com dívida de R$ 526.771,50 (em valores da época, sem correção) —entre multas, falta de licenciamento e de pagamento de IPVA (Imposto de Propriedade de Veículo Automotor)— foi apreendido em Osasco, na região metropolitana de São Paulo.
2023-09-16 18:32:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/furgao-com-1870-multas-e-flagrado-na-pista-local-da-marginal-pinheiros-em-sp.shtml
Serginho Groisman está curado da Covid-19 e marca volta às gravações do Altas Horas
O apresentador Serginho Groisman, 73, recorreu às redes sociais para compartilhar a notícia de que está plenamente recuperado da Covid-19. Em post no final desta sexta-feira (15), Serginho agradeceu às mensagens de carinho e destacou a importância da vacina em seu processo de recuperação."Quero agradecer as mensagens de carinho que vocês mandaram. Fiquei muito feliz e emocionado. Agradeço também à vacina. Está tudo bem e tranquilo", assegurou Serginho. Após sua breve ausência nos estúdios, ele planeja gravar duas edições do Altas Horas na próxima semana. "Na segunda-feira, volto a gravar. Terça também para recuperar o programa que não pude gravar nesta semana. Saúde, saúde, saúde", enfatizou.O episódio deste sábado (16) do Altas Horas promete ser especial, reunindo irmãos famosos como convidados. Entre as participações aguardadas estão Aline e Rafael Barros, João Neto e Frederico, Leizinho e Leandro Filé, Pepê e Neném, Sula Miranda e Gretchen. Mais Serginho precisou se afastar das gravações na Globo por uma semana.
2023-09-16 17:44:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/serginho-groisman-esta-curado-da-covid-19-e-marca-volta-as-gravacoes-do-altas-horas.shtml
Concurso 2633 acumula e Mega-Sena deve pagar R$ 14,5 milhões na terça (19)
A Caixa Econômica Federal sorteou na noite deste sábado (16) o concurso 2633 da Mega-Sena, mas não houve ganhadores. Assim, o valor de R$ 9.735.581,10 acumulou e na terça-feira (19) o prêmio principal deve pagar R$ 14,5 milhões.Os números sorteados no Espaço da Sorte, em São Paulo, foram: 02 - 23 - 25 - 33 - 45 - 54.Segundo a Caixa, 47 apostas marcaram cinco números e cada uma receberá R$ 48.974,35. Outras 4.112 acertaram quatro dezenas e ganharão R$ 799,67 cada.A aposta simples para a Mega-Sena custa R$ 5 e pode ser feita até às 19h (de Brasília) do dia do sorteio em uma casa lotérica ou pela internet, por meio do aplicativo Loterias Caixa ou pelo site de loterias da Caixa.A probabilidade de acerto para quem faz uma aposta de seis números (no valor de R$ 5) da Mega-Sena é de uma em mais de 50 milhões. Na aposta com sete números (que custa R$ 35), a chance sobe para uma em 7,1 milhões.O maior prêmio regular já pago foi em 1º de outubro de 2022, no concurso 2.525, quando duas apostas ganhadoras dividiram R$ 317.853.788,53. Naquela ocasião, a Mega estava acumulada havia 14 concursos consecutivos. Mais Pelo sitePelo aplicativoPelo Internet Banking
2023-09-16 16:12:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/veja-a-partir-das-20h-deste-sabado-16-o-resultado-do-concurso-2633-da-mega-sena.shtml
Quinto suspeito é morto após assassinato de policial federal na Bahia
Um homem suspeito de ter participado da ação que resultou na morte de um agente da Polícia Federal no bairro de Valéria, periferia de Salvador, foi localizado e morto na madrugada deste sábado (16).Conforme a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, equipes da polícia foram até o bairro de Mirantes de Periperi após denúncias anônimas. No local, tentaram abordar um grupo, mas houve troca de tiros.Um homem foi atingido e socorrido para o Hospital do Subúrbio, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Com ele, informou a polícia, foram apreendidos uma submetralhadora, carregador, munições e um celular. Os demais homens do grupo conseguiram escapar.Com mais esta ação, subiu para cinco o número de suspeitos mortos após o assassinato do policial federal Lucas Caribé Monteiro de Almeida. Ele participava da ação batizada como Operação Fauda para cumprir ordens judiciais contra foragidos e buscar armas, munições e drogas.A operação foi deflagrada na sexta-feira (15) e reuniu Polícia Federal, Polícia Militar e Polícia Civil em ação contra uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas e armas e homicídios no bairro de Valéria. Outros dois policiais ficaram feridos na ação.A Secretaria de Segurança Pública informou que este quinto suspeito foi identificado como Vitor Eduardo Santos Dantas e fazia parte do mesmo grupo dos outros quatro homens que foram mortos na sexta-feira (15). Mais Ele havia sido preso em junho de 2023 pelos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, mas foi colocado em liberdade provisória.Dentre os demais mortos na ação policial está Uélisson Neves Brito, conhecido como Cara Fina, que fazia parte da lista da Secretaria de Segurança dos foragidos mais perigosos do estado. Com ele e os outros três mortos, foram encontrados dois fuzis, uma submetralhadora e duas pistolas.A morte do policial federal Lucas Caribé Monteiro causou consternação entre as forças de segurança pública e autoridades. Na noite desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte do policial."Lucas fez parte da equipe designada pela PF para a minha segurança na Bahia, durante a campanha eleitoral e também agora, na Presidência. Cumpriu sua missão com exemplar profissionalismo. Meus sentimentos aos familiares, amigos e colegas."Em entrevista à imprensa, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, destacou empenho total na captura dos traficantes que acertaram três policiais: "Estamos com equipes na região e não descansaremos até enc ontrarmos todos os criminosos envolvidos."Na manhã deste sábado, foi realizada uma reunião entre as cúpulas da Secretaria da Segurança Pública e da Polícia Federal para definir novas ações de inteligência e de repressão do crime organizado.A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos.
2023-09-16 16:24:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/quinto-suspeito-e-morto-apos-assassinato-de-policial-federal-na-bahia.shtml
Isenções fiscais beneficiaram 1.112 empresas multadas pelo Ibama
Incentivos tributários concedidos pelo governo federal beneficiaram 1.112 empresas que foram multadas pelo Ibama (Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis) ao longo de dez anos.Cruzamento feito pela Folha com dados da Receita Federal e do instituto ambiental mostra que essas empresas receberam pelo menos R$ 84,2 bilhões em isenção de diversos tributos em 2021 —informações mais recentes disponíveis. Desde 2012, esse grupo foi autuado em pelo menos R$ 2 bilhões pelo Ibama.Dentre as empresas multadas pelo Ibama e que receberam incentivos fiscais do governo federal, as mais beneficiadas são Petrobras e Vale.Os incentivos incluem programas como Prouni, Sudam e Pronac, por exemplo, além de benefícios em dispositivos que poderão ser extintos pela Reforma Tributária em discussão no Congresso —IPI, PIS e Cofins.Embora os dados dos incentivos fiscais se refiram a um único ano, esses benefícios são renováveis, e as empresas podem recebê-los por mais tempo. Eles são concedidos com base em ao menos 11 programas do governo federal.Boa parte dos benefícios é dada no Imposto de Renda. Entre eles estão iniciativas para que as empresas concedam seis meses de licença-maternidade (dois meses adicionais), deem vale-alimentação, contribuam para fundos de idosos e crianças e invistam em projetos de desenvolvimento e profissionalização do esporte.As empresas foram beneficiadas com isenção de PIS e Cofins porque importaram bens favorecidos por regimes especiais ou diferentes leis que desoneram itens específicos, como sementes, adubos, peças para embarcações, entre outras isenções previstas.Também há isenções referentes ao Reidi (Regime Especial de Incentivo para Projetos de Desenvolvimento da Infraestrutura). A empresa que adere ao programa fica isenta de pagar impostos que incidem sobre importação, venda, locação e serviços de projetos no setor de portos, saneamento básico, irrigação e energia.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...No levantamento realizado pela Folha, o valor das multas considera os montantes indicados em autos de infração. Fazem parte do cruzamento as punições que foram pagas e casos em que a empresa autuada apresentou recurso. Ficaram de fora penas que foram anuladas ou nas quais o suposto infrator venceu a causa na Justiça, por exemplo.O número de empresas autuadas pode ser ainda maior, uma vez que parte dos dados não está disponível para consulta. Procurado, o Ibama não explicou por que há informações que não aparecem no portal do instituto.A análise dos dados mostra que 383 empresas receberam pelo menos R$ 383 milhões em multas do Ibama e tiveram deduções de R$ 12 bilhões só no pagamento de PIS e Cofins.Se a Reforma Tributária, que já passou pela Câmara, for promulgada pelo Congresso, esses impostos serão transformados na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) a partir de 2027.Já o IPI, cuja isenção também beneficiou empresas multadas pelo Ibama, se tornará um imposto seletivo. A PEC da reforma prevê que ele incidirá sobre empresas que poluírem o meio ambiente, mas não define que elas não poderão receber isenções. O ICMS e o ISS, nos quais as empresas também têm benefícios, deverão virar o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que será gerido pelos estados.O novo sistema tributário em tramitação no Congresso inclui entre os seus princípios o impacto ambiental, mas não detalha de que forma os impostos vão incidir ou deixar de incidir sobre empresas que desmatam e poluem.Alguns órgãos governamentais já aplicam mecanismos que vetam ou reduzem benefícios para empresas que, por exemplo, respondam a processos por desmatamento ilegal.Nos últimos meses, bancos como o BNDES vêm criando mecanismos de impedimento de benefícios, como créditos, para empresas que respondam a processos por desmatamento ilegal.O banco já bloqueou 182 pedidos de créditos a imóveis rurais com suspeita de desmatamento de fevereiro a junho deste ano. Mais No caso da Petrobras, que está entre as mais beneficiadas, foram R$ 29,5 bilhões em isenções apenas em 2021. A petroleira lidera o ranking das mais autuadas, com R$ 415 milhões em multas.São mais de 2.000 autuações nos últimos dez anos, quase todas por problemas relacionados à costa brasileira —por exemplo, pequenos vazamentos de petróleo ou descarte de água em desacordo com a legislação, segundo documentos do Ibama.Os dados consideram apenas a matriz da estatal. Os valores podem ser ainda maiores se levadas em consideração as subsidiárias.Já a Vale, responsável pelas barragens de Brumadinho e Mariana, que se romperam em Minas Gerais, recebeu R$ 19,2 bilhões em incentivos fiscais no ano de 2021 e, desde 2012, acumula R$ 1,5 milhão em multas. No sistema do Ibama não constam as multas pelas tragédias das duas barragens.Aparece, no entanto, uma autuação por danos ambientais na região da floresta de Carajás (PA).No cruzamento, também há empresas de energia, de veículos automotivos, de eletrônicos e do agronegócio. Entre elas está a Syngenta, que atua no ramo de sementes e agrotóxicos.Em maio, o UOL revelou que a companhia havia criado um sistema interno para burlar a fiscalização do Ibama e também da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).A empresa recebeu R$ 1,3 bilhão em incentivos fiscais no ano de 2021, aproximadamente o mesmo valor que acumulou de multas do Ibama nos últimos dez anos —quase todas por falta de apresentação de relatórios ambientais sobre suas atividades.Constam ainda na lista as montadoras Volvo e Mercedes-Benz do Brasil, que fabricam caminhões e chassis de ônibus; a Caterpillar, que atua no ramo de tratores; e a LG, fabricante de eletrônicos.Também estão no topo duas subsidiárias da Eletrobras: a Eletronorte, que atua na região do Amazonas, e a Hidrelétrica do Rio São Francisco, que explora um dos principais rios do Nordeste.Somadas, as duas receberam mais de R$ 2 bilhões em benefícios fiscais em 2021 e mais de R$ 40 milhões em multas do Ibama.Procurada pela Folha, a Syngenta afirmou que está comprometida "em conduzir negócios de acordo com os mais altos padrões de integridade e responsabilidade".A empresa informou que a inspeção realizada pelo Ibama ocorreu na fábrica de Paulínia (SP) e apontou falha no processo de produção de lotes específicos de três produtos."Após o procedimento regular de conciliação proposto e aprovado pelo próprio Ibama, de acordo com a legislação pertinente, a empresa pagou os valores acordados em 2022."Alega ainda que desconhece o valor referente a isenções fiscais e reforça que o tema não tem qualquer relação com o pagamento de multas, pois não existem dispositivos na legislação que permitem contribuintes a recuperarem impostos sobre pagamento de multas.Já a Mercedes-Benz do Brasil afirma que "sempre conduziu adequadamente seus temas ambientais junto ao Ibama".A Volvo disse que pagou todas as multas que tem no Ibama. "O respeito ao meio ambiente é um dos valores fundamentais da nossa marca, ao lado da segurança e da qualidade. Sobre benefícios fiscais, a Volvo só se utiliza daqueles previstos em lei e disponíveis para quaisquer contribuintes, atendida às condicionantes estabelecidas na legislação", disse a companhia, em nota.A Vale afirmou que os incentivos fiscais recebidos em 2022 são de R$ 1,4 bilhão, bem menor que o informado pela Receita para o ano de 2021, e listou uma série de ações feitas em prol do meio ambiente."A Vale tem como premissa contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e estabelecer relações de respeito e confiança dos territórios nos quais está presente", disse, em nota. "[A empresa] reafirma o seu compromisso com a transparência e a mineração sustentável, promovendo o desenvolvimento socioeconômico e a conservação das áreas em que atua."A Petrobras não comentou e as demais empresas citadas foram procuradas pela reportagem, mas não se manifestaram.R$ 84,2 bi É o valor de benefícios fiscais recebidos pelas empresas autuadas em 20211.112 Empresas beneficiadas por incentivos fiscais foram autuadas pelo Ibama desde 2012R$ 2 bi É o valor total das multas a essas empresasPetrobras e Vale Lideram o ranking de benefícios a empresas multadasR$ 29,5 bi Foi o que recebeu a petroleira em incentivos durante 2021R$ 19,2 bi É o total com o qual a mineradora foi contemplada
2023-09-16 14:21:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/isencoes-fiscais-beneficiaram-1112-empresas-multadas-pelo-ibama.shtml
Equipes encontram centenas de corpos em praia na Líbia uma semana após enchentes
Quase uma semana após a tragédia na Líbia ocasionada por enchentes e agravada pelo rompimento de duas barragens, socorristas dizem ter encontrado cerca de 400 corpos em uma praia do país africano. Alguns estavam em uma caverna subaquática havia dias.A informação foi compartilhada por Natalino Bezzina, que chefia a missão enviada pelo arquipélago de Malta para ajudar a Líbia, ao jornal local Times of Malta na noite da última sexta-feira (15)."A equipe se deparou com uma caverna meio submersa e, dentro dela, encontrou sete corpos que incluíam corpos de três crianças", disse ele. Depois, com a ajuda de socorristas locais, depararam-se com uma pequena baía cheia de escombros e ali localizaram as centenas de outros corpos, que seguem sendo retirados do local.O arquipélago do Mediterrâneo enviou 72 equipes de resgate do Exército maltês e do departamento de proteção civil à Líbia na última quarta-feira. Acredita-se que os corpos tenham sido arrastados para o mar pelas fortes inundações após as chuvas intensificadas pela tempestade Daniel destruírem um quarto da cidade costeira de Derna.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...O número exato de vítimas ainda é desconhecido. Registros de missões da ONU no país falam em ao menos mais de 5.000 mortos localizados. Já um balanço do Crescente Vermelho indicou na última quinta-feira que seriam 11,3 mil mortos. A Prefeitura de Derna, por sua vez, estima 20 mil mortos apenas neste município, o mais atingido.Ainda de acordo com a ONU, ao menos mil pessoas já foram enterradas em valas comuns, o que despertou preocupação sobre o risco de contaminação da água local durante a decomposição dos corpos e também pela saúde mental dos familiares dessas vítimas. Mais
2023-09-16 12:48:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/equipes-encontram-centenas-de-corpos-em-praia-na-libia-uma-semana-apos-enchentes.shtml
Foguete Soyuz chega à ISS com dois russos e uma americana
Um foguete Soyuz transportando dois astronautas russos e uma americana chegou nesta sexta-feira (15) à ISS (Estação Espacial Internacional), um símbolo incomum de cooperação em um período particularmente tenso entre a Rússia e os Estados Unidos.O foguete decolou no horário programado (12h44 de Brasília) do cosmódromo russo de Baikonur, no Cazaquistão, e chegou à ISS três horas depois, anunciou a agência espacial russa, Roscosmos.O lançamento ocorreu menos de um mês depois da perda da sonda lunar russa Luna-25, que caiu no satélite natural da Terra. O fracasso expôs as dificuldades do setor espacial russo durante anos, devido à falta de financiamento e a vários escândalos de corrupção.O foguete Soyuz levou à ISS os russos Oleg Kononenko, 59 anos, e Nikolai Chub, 39, e a astronauta da Nasa (agência espacial americana) Loral O'Hara, 40. Ela e Chub voaram pela primeira vez ao espaço."É um momento muito especial e tenho uma sensação muito boa de fazer parte de algo que vai além de nós e que reuniu tantas pessoas. Estou entusiasmada com esta missão", disse O'Hara em entrevista coletiva na quinta-feira, em Baikonur. "O ambiente é bom, e a tripulação está pronta para cumprir todas as tarefas que lhe forem confiadas", comentou Nikolai Chub.Os três substituirão os russos Sergei Prokopiev e Dmitri Petelin, e o americano Frank Rubio, que chegaram à ISS há um ano.Sua missão foi prolongada devido a danos na nave de retorno, a Soyuz MS-22. Em dezembro de 2022, ela sofreu um grande vazamento quando estava acoplada à ISS. Segundo Moscou, o incidente foi causado pelo impacto de um micrometeorito. Mais O setor espacial é um dos poucos em que existe cooperação entre Rússia e Estados Unidos, em um contexto muito tenso pelo conflito na Ucrânia. Por isso O'Hara afirmou, durante a coletiva, que a ISS é "um símbolo de paz e de cooperação"."Ao contrário do que acontece em terra, onde os países muitas vezes não se entendem, lá em cima nos entendemos muito bem e somos muito sensíveis nas nossas relações. Preocupamo-nos uns com os outros", reforçou Kononenko.
2023-09-16 12:56:00
ciencia
Ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/09/foguete-soyuz-chega-a-iss-com-dois-russos-e-uma-americana.shtml
Quem é o bilionário envolvido em processo de Angelina Jolie e Brad Pitt
O bilionário russo Yuri Shefler disputa com o governo da Rússia os direitos pela marca de vodca Stolichnaya há duas décadas. Agora, outra longa disputa judicial colocou Shefler nas manchetes dos jornais e no centro de uma batalha entre os atores Brad Pitt e Angelina Jolie.Exilado da Rússia, o empresário luta com Pitt pelo controle do Château Miraval, uma vinícola em Provence, na França, que o ator comprou com sua ex-mulher em 2008.O bilionário, que fez sua fortuna com seu império de bebidas alcoólicas, provocou a ira do astro de Hollywood após comprar a participação de Jolie por US$ 64 milhões em 2021 e, assim, se envolver na polêmica separação do casal.Os atores descobriram o pitoresco castelo provençal do século XVII quando estavam "saltando de helicóptero" pelo sul da França, procurando uma propriedade europeia para comprar.O château e seus 30 hectares de vinhedos se mostraram um investimento inteligente. Miraval, que vem em uma garrafa larga, surfou na onda do vinho rosé, que viu o consumo global aumentar 40% entre 2002 e 2018.A LVMH, dona da grife Louis Vuitton, adquiriu não apenas uma, mas duas vinícolas "prestigiadas" de rosé da região: Château d'Esclans, produtora do Whispering Angel, e Château Minuty. Celebridades como os cantores Post Malone, Kylie Minogue e Jon Bon Jovi também embarcaram na onda. Com a ajuda do famoso produtor de vinhos do Rhône, Marc Perrin, Pitt e Jolie criaram a marca, que gerou lucro de mais de 15 milhões de euros (cerca de R$ 77,85 milhões na cotação atual) em 2022, de acordo com documentos judiciais.Na Justiça, o ator questiona se a ex-mulher tinha o direito de vender sua parte sem consultá-lo, já que Pitt alega que tinha o direito de preferência na venda.Jolie rebateu a acusação, afirmando que ela havia oferecido negociar sua participação na vinícola ao ator, mas que as negociações fracassaram depois que Pitt incluiu uma cláusula impedindo-a de falar publicamente sobre os motivos que levaram à separação, obrigando-a a procurar outro comprador.No processo, a atriz também afirmou que o ex-marido teria gasto milhões de dólares em reformas na piscina e um estúdio de gravação. De acordo com a empresa que administra o negócio, Pitt e seus parceiros devem mais de US$ 350 milhões. Os advogados afirmam que Pitt agiu como uma "criança petulante" enquanto se envolvia em uma "tentativa descarada de ganhar dinheiro".A defesa de Jolie alega que o ator "desperdiçou os ativos da empresa, gastando milhões em projetos fúteis, incluindo mais de US$ 1 milhão em reformas na piscina, construindo e reconstruindo uma escada quatro vezes e gastando milhões para restaurar um estúdio de gravação".O astro também teria gasto "quase um milhão de euros por ano reconstruindo constantemente muros de pedra usando pedreiros da Croácia" e cerca de 3 milhões de euros em despesas não especificadas, como "trabalho de vestuário"Ao mesmo tempo, a empresa de Shefler, Stoli Group, alega ter sido excluída pelo ator da disputa pelo Miraval. O bilionário, que deixou a Rússia em 2002 e mora na Suíça, acusa a equipe de Pitt de lançar uma "campanha difamatória xenófoba e falsa digna do próprio (presidente russo) Putin", segundo consta no processo.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Os advogados do ator norte-americano acusaram o Stoli Group e Jolie de forçarem Pitt a entrar em uma parceria com "um estranho com associações e intenções venenosas" e argumentaram que a propriedade de Shefler "ameaça prejudicar a reputação cuidadosamente construída e a marca de Miraval" devido à sua suposta associação com o círculo íntimo de Vladimir Putin.O grupo Stoli negou a alegação. "Stoli e o Sr. Shefler têm travado uma batalha bem divulgada e bem documentada contra Putin há mais de 20 anos", disse, referindo-se ao processo pelos direitos da vodca Stolichnaya.Pessoas próximas a Shefler dizem que é improvável que ele seja intimidado pela disputa judicial das celebridades.Segundo o Stoli Group, o magnata da vodca tem enfrentado invasões, campanhas difamatórias com o objetivo de prejudicar sua reputação, além de supostas tentativas de envenenamento e sequestros por parte das autoridades russas devido a uma disputa de marca registrada de vodca.Shefler assumiu uma empresa russa em 1997 e formou uma empresa relacionada que adquiriu as marcas registradas de 43 marcas, incluindo Stolichnaya, por US$ 300 mil. Posteriormente, a Câmara de Auditoria da Rússia afirmou que as marcas valiam US$ 400 milhões, levando Moscou a declarar a venda ilegal em 2001.Em 2002, o Escritório do Procurador-Geral da Rússia acusou Shefler de ameaçar um funcionário do governo e o colocou em uma lista de procurados. O bilionário deixou o país para evitar a prisão, mudando-se para a Suíça e posteriormente para Luxemburgo, onde a Stoli Group tem sede."Ele mantém um perfil discreto porque não quer ser visto de forma muito evidente pelo governo russo", disse uma pessoa que trabalhou proximamente de Shefler. "Ele é cauteloso em relação à sua imagem pública."No setor de bebidas, no entanto, ele tem uma "reputação de altos e baixos", acrescentou o ex-colega. "Ele gosta de fazer as pessoas se sentirem desconfortáveis, de sentir que elas têm que provar a si mesmas o tempo todo." A Stoli Group teve vários diretores-executivos ao longo da última década, de acordo com o LinkedIn.Shefler se recusou a ser entrevistado. O Grupo Stoli afirmou que é normal para as empresas terem gerentes com diferentes períodos de tempo. "Cada história, seja curta ou longa, contribui para as conquistas da empresa", disse.O estilo de gestão de Shefler já foi destaque antes. Em 2022, um tribunal trabalhista do Reino Unido ordenou que a Stoli pagasse 1,62 milhão de libras (R$ 9,76 milhões na cotação atual) pela demissão injusta do executivo britânico Vlad Zabelin, que foi demitido após se opor aos cortes salariais da equipe durante a pandemia de Covid-19.O tribunal ouviu que Shefler e a SPI Spirits UK, subsidiária do Grupo Stoli no Reino Unido, reduziram os salários da maioria de seus 2.000 funcionários em 30% durante a pandemia. Mais A empresa afirmou que Zabelin saiu por vontade própria e que a Stoli tomou "medidas sem precedentes para minimizar os danos de uma pandemia global". O grupo também afirmou que a remuneração foi restabelecida aos níveis anteriores à pandemia após três meses, e que os funcionários receberam retroativamente o pagamento pelas medidas de "mitigação".A Stoli Group, cujas outras marcas incluem o bourbon Kentucky Owl e o rum Bayou, anunciou uma reformulação de sua vodca no ano passado, mudando o nome de Stolichnaya para Stoli vodka, numa tentativa de se distanciar da Rússia após a invasão à Ucrânia.O grupo, cuja divisão de vinhos Tenute del Mondo possui propriedades na Itália, Espanha e Argentina, tinha interesse na marca Miraval há algum tempo, de acordo com a defesa de Pitt. No processo, o ator afirmou que Shefler o abordou em 2016, após a notícia do divórcio dele e de Jolie, com uma oferta de 60 milhões de euros pela propriedade, juntamente com um desconto em um jato particular de 50 milhões de euros. Procurados, os atores se recusaram a comentar.Para que ocorra uma resolução, Shefler ou Pitt poderiam comprar a parte um do outro, ou eles podem encontrar uma maneira de trabalhar juntos para administrar o negócio. Mas os representantes de ambos os lados confirmaram que as negociações não chegaram a um consenso até agora.Stoli disse que "Shefler tem se esforçado muito para ter uma parceria produtiva e benéfica com o Sr. Pitt". Uma pessoa familiarizada com a situação disse: "Brad não vai recuar diante de valentões".Texto traduzido com auxílio de inteligência artificial
2023-09-16 12:53:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/quem-e-o-bilionario-envolvido-em-processo-de-angelina-jolie-e-brad-pitt.shtml
Apostas online e day trade mudam perfil dos Jogadores Anônimos
Fingir uma ida ao banheiro para jogar, roubar a própria empresa para recuperar dinheiro e perder mais de R$ 1 milhão em poucos meses são algumas das situações relatadas por quem busca o Jogadores Anônimos, grupo de apoio que visa ajudar pessoas com compulsão por jogos.Sob a condição de anonimato, a Folha entrevistou membros de três cidades: São Paulo, Campo Grande (MS) e Salvador (BA). Todos concordam que, nos últimos anos, o perfil que busca por ajuda tem mudado.Antes, as reuniões eram dominadas por viciados em máquinas de caça-níquel, bingos e pôquer.Nos últimos quatro anos, porém, surgiram pessoas mais jovens, com compulsão por jogos e apostas da internet. Outra novidade foram problemas com a Bolsa de Valores, principalmente, na modalidade day trade —estratégia que busca ganhos em operações diárias com o sobe e desce das ações e dos índices.Há relatos semelhantes de aumento da compulsão online, como casos como de adolescentes entre 14 e 15 anos que abandonaram os estudos e buscaram ajuda acompanhados dos seus pais.Na capital baiana, por exemplo, um dos membros calcula que a idade dos jogadores anônimos está em torno de 25 a 35 anos, sendo que 90% dos casos são ligados à compulsão por jogos na internet, principalmente apostas esportivas.Ele afirma ainda que jovens são iludidos por influenciadores digitais, pois confiam nas publicidades que eles fazem e acabam entrando nos jogos. "É uma doença emocional. As pessoas chegam aqui quando estão no fundo do poço, com dívidas, com a família envolvida. É muito perigoso."Nesta semana, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que regulamenta as apostas esportivas online, as chamadas "bets". O texto, que passará pelo Senado, traz um dispositivo que pode permitir cassinos online e apostas em competições de games virtuais, os eSports.De Campo Grande, outro membro conta que é comum que jogadores compulsivos adolescentes tenham histórico de uso do cartão de crédito dos pais. "O adolescente tem o sonho de controlar o jogo", explica.A reportagem esteve em um encontro dos Jogadores Anônimos na Grande São Paulo. As sessões acontecem em formato presencial ou online e são conduzidas por coordenadores, que são jogadores em recuperação, estão há pelo menos três meses de abstinência e também frequentam as reuniões que duram duas horas.No encontro, oito pessoas contaram sobre seus problemas e as dificuldades que enfrentam para abandonar a compulsão. Do total de depoimentos, três se encaixam no novo perfil: dois narraram problemas com jogos online e um deles com a Bolsa de Valores.Entre os depoimentos, eles dizem ter acreditado que tinham a situação sob controle, mas acabaram se afundando em altas dívidas com família, banco e agiota. Depoimentos como "me achava bom, mas perdi tudo" são comuns. Mais Em meio ao desespero em cuidar das finanças, alguns relembram que não conseguiam mais se concentrar em nenhuma atividade, e outros contam que pensamentos depressivos começaram a tomar conta de suas vidas.Há casos de participantes do Jogadores Anônimos que somam mais de R$ 1 milhão em dívidas, enquanto outros afirmam que não é apenas o dinheiro o problema. "Tem também o tempo jogado fora, e isso não tem volta", diz um deles.A compulsão por jogos pode estar acompanhada de outros vícios, dizem outros. Há quem admita problemas com drogas e álcool. Um afirma que quando parou de beber tinha certeza de que o vício em jogos cessaria, pois o álcool era o gatilho para o jogo. Isso durou pouco.Em relação à Bolsa, um deles relata que os dias de lucro com o day trade geraram euforia somada à esperança de que lucros de R$ 20 mil diários possibilitariam uma vida mais tranquila e com maior atenção e tempo à família. Até que ele passou a perder até R$ 100 mil em um só dia.A ajuda e o apoio encontrados na irmandade foram essenciais para todos vislumbrarem uma saída do fundo do poço, mas isso não afasta recaídas. Por isso, eles se apresentam como jogadores em recuperação e têm como lema um dia de cada vez.Em São Paulo, em cima da mesa do jogador que coordena a sessão, repousava uma placa com a frase: "Só por hoje evitarei a primeira aposta".Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estarCarregando...Um dos coordenadores da capital paulista conta que, antes, para manter o vício era mais difícil do que hoje. Isso porque o jogador precisava se deslocar, encontrar um local e ter tempo e dinheiro para jogar. "Levava alguns anos para chegar no fundo do poço", diz ele.Hoje, é mais fácil pois o jogo está no celular e o acesso é rápido. Ele estima que, em geral, jogadores compulsivos e com vício em apostas esportivas estão na faixa dos 20 a 30 anos. Os traders são um pouco mais velhos, entre 30 e 40 anos.Em nota, a B3 afirma que o day trade, assim como outras estratégias de investimento, envolve riscos associados ao volume, frequência e posição realizada.Também diz que, em conjunto com outros agentes de mercado e reguladores, busca conscientizar o investidor quanto aos riscos por meio de seus canais de educação financeira em relação aos produtos e tipos de operações.Outro coordenador da capital paulista ressalta que a maioria dos jogadores online começa com apostas esportivas e migra para o pôquer e roletas.Hermano Tavares, coordenador do Programa Ambulatorial do Jogo Patológico (Pro-Amjo) do Hospital das Clínicas da USP, também aponta mudança no perfil de quem procura o tratamento."Antes, era mais equilibrado entre homens e mulheres. Agora, chegam mais homens e cada vez mais jovens viciados em apostas esportivas, mais especificamente o futebol, que é uma identidade nacional", explica ele.O médico também explica que, devido à falta de conhecimento público sobre a compulsão por jogos, há ainda uma dificuldade de notar quando a brincadeira passa a ser uma doença. "Demoram mais para reconhecer o problema do que um dependente de álcool", diz ele.O tratamento, explica Tavares, é uma intervenção motivacional, ou seja, o paciente precisa encontrar motivos para mudar de comportamento. O médico calcula que, entre 10 pessoas que buscam ajuda, 7 dão início ao processo que envolve diferentes fases, como análise dos aspectos que levam à compulsão até a busca por novos hábitos.Além da facilidade do acesso às apostas online, o médico aponta o domínio da publicidade tanto na televisão como nas redes sociais e defende que, assim como o cigarro e álcool, deveria haver mais controle. "Um influenciador não pode divulgar que a aposta é uma forma de complementar a renda."Jogadores Anônimos do Brasil Encontros para compartilhar experiências e ajudar outras pessoas a se recuperar de problemas de jogo. Há cidades que realizam reuniões semanais regulares jogadoresanonimos.com.brPRO-AMJO Serviço do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP é voltado para estudar e tratar pacientes com transtorno do jogo www.proamiti.com.br/transtornodojogo (11) 2661-7805Serviços de saúde Procure uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou Caps (Centros de Atenção Psicossocial) mais próximos de sua residência para encaminhamento psicológico
2023-09-16 12:59:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/apostas-online-e-day-trade-mudam-perfil-dos-jogadores-anonimos.shtml
Procuradoria pede prisão de agentes da PRF envolvidos na morte de menina baleada no RJ
O Ministério Público Federal pediu nesta sexta-feira (15) a prisão dos três agentes da Polícia Rodoviária Federal envolvidos no episódio que resultou na morte de Heloisa dos Santos Silva, 3.A menina, que foi baleada na nuca e no ombro durante uma ação da PRF (Polícia Rodoviária Federal) na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, teve a morte confirmada na manhã deste sábado (16) após parada cardiorrespiratória.No pedido de prisão, o procurador Eduardo Benones afirma que há elementos concretos que apontam para a tentativa de homicídio –o pedido foi feito antes da morte da menina."Este caso tem muitos elementos concretos. Estamos preocupados com integridade das vítimas e entendemos que a liberdade dos agentes pode trazer prejuízo para a as investigações", afirmou o procurador à Folha.O MPF ainda defendeu que, caso não seja acatado o pedido de prisão, sejam adotadas medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição dos agentes de chegarem perto das vítimas. A Justiça Federal no Rio de Janeiro ainda não se manifestou sobre o pedido.O Procuradoria também solicitou que seja realizada uma nova perícia nas armas utilizadas pelos agentes e no veículo da família.Heloisa dos Santos Silva morreu às 9h22 deste sábado, após ter ficado nove dias internada em estado grave. A informação foi confirmada pela prefeitura de Duque de Caxias (RJ), que informou que a criança morreu após uma parada cardiorrespiratória irreversível. A criança estava na unidade de tratamento intensivo do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, para onde foi levada depois de ter sido ferida. Quando foi atingida pelos disparos, ela estava com a família indo para casa, em Petrópolis, na região serrana.De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava, na altura de Seropédica, na Baixada. Os agentes abriram fogo após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.No carro, além de Heloisa, estavam seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pela Corregedoria-Geral da PRF.Segundo a equipe médica que atendia a menina, Heloisa tinha vários orifícios de entrada por perfuração de arma de fogo. Ao menos dois tiros a atingiram: um deles no ombro e outro na nuca, que se fragmentou. O número exato de disparos só vai ser informado após perícia.Os três policiais envolvidos na morte de Heloisa foram afastados de suas funções. A arma de onde teria partido o disparo foi apreendida. O procurador à frente das investigações, Eduardo Benones, também pediu o recolhimento do restante do arsenal para ser enviado à perícia da PF.Em depoimento à Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter atirado contra o carro em que estava a menina. Ele alegou que ouviu barulhos de tiro e, por isso, fez os disparos.A versão, no entanto, não bate com o que disse o pai de Heloisa e uma testemunha que presenciou a movimentação dos agentes. Segundo eles, não houve nenhum barulho de tiro antes de o policial atirar.À Folha, a responsável pela área temática dos direitos humanos da PRF, Liamara Cararo Pires, afirmou que a morte de Heloisa vai contra as diretrizes da corporação."No mínimo, a gente pode dizer que os resultados não foram aqueles que são esperados nem desejados", afirmou. Mais Além da conduta dos policiais, o Ministério Público Federal e a Corregedoria também investigam por que um agente da PRF entrou à paisana na UTI onde Heloisa estava internada.O policial esteve na UTI sem se identificar nem pedir autorização da segurança do hospital e da equipe médica. Ele apenas disse que o motivo para estar lá era "assunto policial". O agente chegou a conversar com o pai de Heloisa. Ao MPF, Silva disse que foi uma conversa normal e não estranhou.Segundo a PRF, até o momento o que pôde ser apurado é que o policial, identificado como Milton, foi ao local por conta própria."Não houve pedido, orientação nem comunicação a nenhuma Instância de gestão para a presença daquele policial lá. Ele tomou essa atitude de forma autônoma", disse Pires.
2023-09-16 13:07:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/procuradoria-pede-prisao-de-agentes-da-prf-envolvidos-na-morte-de-menina-baleada-no-rj.shtml
9 em cada 10 cidades têm menos de um psicólogo por mil habitantes no SUS
Nove em cada dez municípios brasileiros têm menos de um psicólogo e psicanalista no SUS a cada mil habitantes. A falta de profissionais restringe o acesso ao atendimento psicológico e ocorre apesar do aumento de transtornos, o que pode agravar o sofrimento mental da população.O Brasil tem cerca de 439 mil psicólogos, segundo o CFP (Conselho Federal de Psicologia), o que resulta na média de 2 profissionais a cada 1.000 habitantes. Na rede pública, Iaras (SP) e Olaria (MG) são as únicas cidades a alcançar essa taxa.São 5.050 cidades com cifra abaixo de 1. Os dados apontam que não há registros oficiais da presença de psicólogos na rede pública em pelo menos 400 cidades.Em nível nacional, a média de psicólogos na rede pública a cada mil habitantes cai para 0,18. Na Inglaterra, cujo sistema público de saúde inspirou o SUS, a taxa é de 0,52, segundo dados de 2023 do Serviço Nacional de Saúde.As informações são do Instituto República.org, dedicado a aprimorar a gestão de pessoas no serviço público brasileiro, com base em dados de janeiro de 2021 do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.A distribuição de Caps (Centros de Atenção Psicossocial) também é baixa nos estados. Dezesseis têm média de centros abaixo da nacional, e sete têm menos de um Caps a cada 100 mil habitantes, segundo dados de 2022 do Ministério da Saúde.A pasta afirma que aumentou em 27% o orçamento da rede de assistência à saúde mental no SUS em comparação ao ano passado, chegando a R$ 200 milhões. No próximo ano, o investimento será de R$ 414 milhões.Só os mais ricos tinham acesso a psicólogos quando a profissão foi regulamentada no Brasil, em 1962. Segundo Pedro Paulo Bicalho, presidente do conselho de psicólogos, isso ocorria porque o atendimento em consultório privado era o único modelo de atuação."Era uma psicologia elitista, de escutar os problemas de quem podia pagar", afirma.A introdução da área às políticas públicas ocorreu ao longo dos anos 1980, com os avanços do movimento antimanicomial. Em 2001, a reforma psiquiátrica mudou a forma de tratar pessoas com transtornos mentais, dando início ao fechamento de hospícios e, mais tarde, levando à criação dos Caps.A Raps (Rede de Atenção Psicossocial) foi instituída em 2011, englobando os Caps, as UBS (Unidades Básicas de Saúde) e outros pontos de atenção à saúde mental.Mas o reduzido número de psicólogos persiste por diversos fatores, incluindo remuneração e estrutura profissional, segundo Mariana Rae, coordenadora de projetos do Instituto Cactus, organização dedicada à saúde mental.Muitas vezes, faltam condições de trabalho, como plano salarial, de carreira e mecanismos para o psicólogo se desenvolver. Esses mecanismos incluem suporte emocional, uma vez que o processo terapêutico é longo e exige uma dedicação extensiva."Não é uma coisa pontual, em que uma sessão resolve o problema da pessoa, e isso também diminui a disponibilidade para atender mais gente", diz Rae.Hoje, quem deseja uma consulta com psicólogo deve ir a uma UBS relatar seu caso ao clínico geral, responsável pelo encaminhamento.O número de pessoas que conseguem ser atendidas na psicologia é restrito, devido à alta demanda e ao quadro reduzido de profissionais. Assim, quem tem acesso está, em geral, em um estágio mais avançado do problema."A gente espera a pessoa adoecer muito gravemente para começar a oferecer esse serviço, quando precisávamos dar o cuidado enquanto ela ainda tem autonomia e consegue sair de casa", diz o presidente do CFP. Mais Mesmo quando o paciente é encaminhado, a fila para ser atendido costuma ser longa. No Rio, por exemplo, o tempo médio de espera para consulta com psicólogo é de três meses e meio, segundo dados deste ano do Sistema de Regulação da cidade.Larissa Weber é psicóloga em uma clínica do Caps em Guaíba (RS), na região metropolitana de Porto Alegre. Na unidade, a equipe discute sobre a possibilidade de atender quem não foi encaminhado por um médico da UBS e está em estágio menos grave.Ela diz que o centro oferece atendimento de acordo com o caso, considerando fatores como a rede de apoio e as condições socioeconômicas do paciente."Há uma lacuna de pessoas que se beneficiariam de um atendimento psicológico, mas não conseguem ter acesso. O paciente até pergunta: ‘Então tenho que piorar para ser atendido?’", afirma.Segundo Larissa, a cidade passou a ter psicólogos em alguns ambulatórios para casos mais brandos, o que pode ampliar o acesso. "Depende do município ter esse entendimento de colocar o psicólogo como prioridade", diz.Os Caps cuidam mais dos casos graves, quando a doença afeta a autonomia. Isso inclui, por exemplo, o paciente que não consegue levantar da cama por ter uma depressão severa. Quem sofre com abuso de álcool ou drogas também é atendido.No centro, o paciente tem acesso a consultas individuais, participa de grupos terapêuticos e é acompanhado por outros profissionais de saúde, incluindo psiquiatras.Apesar dos benefícios, os Caps ainda são mal distribuídos pelo país, segundo Caroline Ballan, pesquisadora de políticas públicas de saúde mental no Instituto de Estudos Avançados da USP.A regra é que, em cidades com 20 mil habitantes, deve haver pelo menos um centro de atendimento. Mas, na prática, muitos municípios carecem dessas estruturas.O quadro se reflete na distribuição dos centros por estado. A média de Caps por 100 mil habitantes em São Paulo (0,99), no Distrito Federal (0,42) e no Rio de Janeiro (0,88) é menor do que a nacional (1,33), segundo dados de 2022 do Ministério da Saúde."Estamos muito longe do número ideal, então não temos cobertura. Isso mostra a precariedade do atendimento quando chega na ponta", afirma Ballan.Em geral, profissionais da UBS são os primeiros a atender pacientes com transtornos. Por isso, os especialistas defendem que uma capacitação sobre saúde mental pode melhorar o acolhimento.Segundo Mariana Rae, do Instituto Cactus, os agentes comunitários, por exemplo, podem exercer o papel de escuta e facilitar o encaminhamento para os profissionais especializados.Ela cita o caso do Banco da Amizade, um projeto do Zimbábue que reúne pessoas de comunidades locais para atender pacientes com algum sofrimento mental. Rae diz que a taxa de sucesso é alta, com melhora do quadro de psicopatologias."Mas não é uma forma de dizer que a gente não necessita de um especialista. Pelo contrário: ao fazer isso, dedicamos esse profissional para aqueles casos que realmente precisam."Em nota, o Ministério da Saúde afirma que o atendimento em saúde mental tem caráter multidisciplinar. Segundo a pasta, a atenção primária realizou 10,9 milhões de atendimentos em saúde mental no primeiro semestre, e 28 Caps foram habilitados. O ministério diz que, embora financie programas, estados e municípios estabelecem suas prioridades. Mais Cidades com menores cifras de psicólogos por mil habitantes se concentram no Norte e no Nordeste; mais da metade está no ParáPortel (PA): 0,014Acará (PA): 0,015Muaná (PA): 0,016Monte Alegre (PA): 0,016Tutóia (MA): 0,018São Bento do Una (PE): 0,020Brejo da Madre de Deus (PE): 0,020São Mateus do Sul (PR): 0,022Pacajá (PA): 0,022Nossa Senhora da Glória (PA): 0,024Caps têm menor concentração em estados do Norte, Sudeste e Centro-Oeste do país; Nordeste lidera a lista com maior número de centrosDistrito Federal: 0,42Amapá: 0,57Amazonas: 0,59Espírito Santo: 0,8Acre: 0,88Rio de Janeiro: 0,97São Paulo: 0,99Pará: 1,07Goiás: 1,12Mato Grosso do Sul: 1,13
2023-09-16 14:00:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/09/9-em-cada-10-cidades-tem-menos-de-um-psicologo-por-mil-habitantes-no-sus.shtml
Como parar de marcar compromissos que você gostaria de evitar
Se você perceber que está aceitando convites para coisas que, na verdade, não quer fazer, não está sozinho. É mais fácil se comprometer com algo sobre o qual você não tem certeza desde que ocorra no futuro, diz Hal Hershfield, professor de tomada de decisão comportamental e psicologia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA).Hershfield descobriu que muitas vezes concordamos com coisas que não queremos fazer porque temos tendência a manter uma versão mais aspiracional do nosso "eu futuro" –gostamos de pensar que temos mais tempo, interesses e generosidade do que realmente temos. Então o acontecimento se aproxima, a verdade é revelada (ainda somos a mesma pessoa) e ficamos presos a uma sensação de arrependimento.Use as estratégias abaixo para definir uma agenda mais realista.Uma agenda vazia, diz Hershfield, nos leva a "pensar que o futuro será uma terra mágica de tempo livre". Portanto, antes de se comprometer com algo daqui a alguns meses, dê uma olhada nas últimas duas semanas de sua programação para ter uma ideia clara de quanto tempo você normalmente tem em uma semana.Se faltar meses para um evento, sugere Hershfield, imagine que ele acontecerá na próxima semana ou na seguinte. Você se comprometeria? Se a resposta for não, provavelmente não parecerá mais atraente daqui a alguns meses, diz ele. Mais Se você está em dúvida sobre um compromisso, avalie os benefícios fazendo algumas perguntas a si mesmo. Você pode imaginar como aceitá-lo se encaixa nos seus objetivos principais, como se exercitar ou fazer mais amigos. Ou, diz Hershfield, você pode perguntar se o que você teme é "um evento único ou algo que levará a outros convites?" Outra boa pergunta: comparecer terá pouca importância para você, mas fará uma grande diferença para outra pessoa? Nesse caso, o incômodo pode valer a pena.Se você se comprometeu com um evento ou sabe que a vida vai se tornar ocupada ou estressante, seja gentil consigo mesmo praticando "pré-cuidados". É isso que a terapeuta Nedra Glover Tawwab chama de ato de "criar práticas que reduzam o estresse futuro"."O que você pode fazer hoje para se preparar para o que está por vir?", diz Tawwab. Talvez reservar um tempo para ficar sozinho ou aumentar o tempo que você passa com os amigos. O que parece enriquecedor é diferente para cada pessoa, aponta Tawwab, mas "você deve evitar qualquer coisa que não lhe pareça muito agradável".Tradução Luiz Roberto M. Gonçalves
2023-09-16 13:45:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/09/como-parar-de-marcar-compromissos-que-voce-gostaria-de-evitar.shtml
Luísa Sonza posta frase enigmática e assusta seguidores: 'Se um táxi me atropelasse'
Imersa em uma suposta crise no relacionamento com Chico Moedas, a cantora Luísa Sonza publicou um vídeo com uma frase enigmática no Twitter. A postagem tem assustado seus fãs, preocupados com ela.No vídeo, a escritora Clarice Lispector (1920-1977) diz: "Seria muito engraçado se um táxi me pegasse, me atropelasse e eu morresse". Ela ainda escreveu: "Hoje me deu medo da vida".Rapidamente, muita gente foi ao perfil da cantora para tentar descobrir o que está acontecendo e o motivo de ela ter feito esse compartilhamento sem explicações. Mais "Estou preocupada. Luísa, não faz assim", publicou uma seguidora. "Meu Deus, Luísa, setembro amarelo e você compartilhando apologia a isso. Bem desnecessário", disse outro.Luísa foi alvo durante a semana após uma suposta crise com Chico. Eles estariam se desentendendo muito e o namoro já não teria a mesma força de antes. Porém, a assessora da cantora nega que haja algum abalo na relação.
2023-09-16 12:00:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/luisa-sonza-posta-frase-enigmatica-e-assusta-seguidores-seria-taxi-me-atropelasse.shtml
Brasil do 'filho único' faz empresas mudarem estratégias de negócio
Claudinei Martins, 54, lembra bem da "dureza" dos tempos de infância. Como filho caçula de 13 irmãos, era o último a herdar as roupas que haviam sido usadas pelos mais velhos."Hoje, a minha filha de 14 anos tem mais roupas do que eu e meus irmãos tínhamos juntos", brinca o executivo, diretor comercial e de marketing do grupo Kyly, dono de marcas como Milon, Lemon e Amora.Maria Eduarda, a filha de Martins, é de certa forma privilegiada pelo fato de o pai trabalhar na maior fabricante nacional de vestuário infantil, com sede em Pomerode (SC) e faturamento anual na casa dos R$ 700 milhões. Mas a verdade é que, como filha única, ela está repleta de regalias.O Brasil está se tornando o país do filho único. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nos anos 1970, o país apresentava uma taxa de 5,7 filhos por mulher. Hoje, a taxa de fecundidade está em 1,7, com tendência de queda.Mas diferentemente da China, onde a política do filho único vigorou por 35 anos (de 1980 a 2015) por uma imposição do Estado, aqui no Brasil o filho único tem sido adotado por uma questão econômica.Manter um filho em uma escola particular no estado de São Paulo, por exemplo, sai em média R$ 1.709 ao mês, segundo pesquisa do site Melhor Escola. Se for na capital paulista, a média sobe para R$ 1.912 —valor 45% superior ao do salário mínimo (R$ 1.320).Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...O mercado de consumo e serviços tem procurado se adaptar à redução do tamanho das famílias.Indústrias de alimentos lançam embalagens menores, confecções infantis "esticam" as coleções até o tamanho 20, agências de viagem apostam na oferta de resorts para compensar o menor número de hóspedes, construtoras investem em apartamentos de dois dormitórios de até 50 m² e até a indústria automobilística lança SUVs compactos, depois de aposentar as minivans."Os hábitos mudam conforme as famílias se transformam", diz o sociólogo Gabriel Rossi, professor de comunicação e consumo da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing)."Já não existe aquele momento de comunhão em torno da mesa, por exemplo, com uma pessoa cozinhando para a família toda, agora o que impera é a praticidade do delivery", afirma.Da mesma forma, a TV perdeu o posto de central de entretenimento da casa: agora cada um tem o seu celular e o seu próprio consumo de mídia. "Existe um certo grau de solitude nas famílias de filho único, às vezes com mãe solo, que tem sido preenchido com a adoção de pets", diz Rossi. Não por acaso o mercado pet cresce a dois dígitos todo ano. Em 2022, apresentou um faturamento de R$ 60 bilhões, alta de 16% sobre o ano anterior, segundo o Instituto Pet Brasil.A título de comparação, trata-se de um volume que supera em mais de 70% o mercado de linha branca no país, que faturou R$ 35 bilhões no ano passado, segundo a consultoria GfK.Para este ano, a projeção do setor pet é vender R$ 67,4 bilhões, entre ração, animais, serviços, atendimento veterinário e medicamentos.Os hábitos mudam conforme as famílias se transformamprofessor de comunicação e consumo da ESPMUma pesquisa conduzida pela Nestlé no Brasil no ano passado identificou que 55% das famílias possuem criança em casa, enquanto 77% delas têm pets.O cenário é corroborado por outro levantamento, da Kantar, que apontou que em 2022, em volume, houve um aumento de 6,4% na venda de ração para cães, alta de 5,5% na venda de comida para gato, enquanto as vendas de fraldas descartáveis caíram 0,4% em comparação ao ano anterior.O mercado de fraldas descartáveis, por sinal, encolheu 7,4% no Brasil entre os anos de 2014 e 2022, para 8,7 bilhões de unidades, segundo a Kantar. Mais Motivo de sobra para a Nestlé, dona do icônico Leite Ninho, investir R$ 2,5 bilhões em uma nova fábrica da marca Purina em Vargeão (SC), voltada à produção de alimentos para cães e gatos. O projeto foi anunciado no fim de 2021."Temos percebido essa diminuição no número de filhos nos lares e procuramos revisitar o nosso portfólio, fazendo adaptações conforme as novas tendências", diz Raquel Albernaz, diretora de inteligência de mercado e consumo da Nestlé Brasil.Como exemplos, ela cita as novas embalagens de biscoitos, uma categoria de alto consumo em lares com crianças. "Lançamos cookies em embalagens individuais: é um tamanho excelente para a lancheira, além de ser uma porção exata para as crianças, tendo em vista a preocupação dos pais com a alimentação", diz. "Também atende famílias menores, que não precisam abrir um pacote enorme de biscoito, que acabava murchando."Com a mesma proposta, a empresa lançou o Moça Mini, o "Mocinha" de leite condensado, em uma versão de 65 gramas, para consumo individual. Uma lata tem 395 gramas.Na opinião do economista Roberto Kanter, professor de MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em comportamento de consumo, o achatamento da pirâmide demográfica pode ser conjuntural —não necessariamente estrutural."Hoje os brasileiros têm menos filhos por fatores sociais, culturais e, principalmente, financeiros. Mas nada impede que, em um momento de maior segurança econômica, as pessoas estejam dispostas a terem mais filhos", afirma.De qualquer forma, segundo Kanter, se a economia do filho único no Brasil tem provocado uma diminuição na quantidade de consumo de produtos, ela é acompanhada da busca por mais qualidade."Se você só tem um filho, vai procurar dar o melhor para ele", afirma. "Vai comprar as melhores roupas, os melhores sapatos, os melhores brinquedos, dar celular, matricular na melhor escola e proporcionar o melhor lazer. Afinal, você só tem ele", diz.A Kyly percebeu este movimento. "Antes de o bebê completar um ano, existe uma série de eventos comemorativos na vida dele", diz Claudinei Martins. Mais "Começa no chá revelação [quando se descobre o sexo do bebê], tem a saída da maternidade e os 'mesversários' [comemorados a cada mês de vida até 1 ano]", afirma o diretor do grupo de vestuário infantil.Fora isso, as crianças têm uma vida social intensa, muito além da escola. "O filho tem aulas de esporte, idioma, música, além dos passeios, viagens e festas de aniversário. Isso tudo exige um consumo maior de roupas", diz o executivo, que comanda o grupo dono das marcas Kyly, Milon, Nanai, Amora e Melon.Nos últimos anos, a empresa reposicionou os tamanhos das coleções de cada marca. "As crianças das novas gerações são maiores e estavam 'perdendo' a roupa muito cedo", diz Martins."Os pais tinham que partir para o PP ou P do adulto, que não é a mesma coisa, porque atende outro biotipo e entrega roupas não adequadas para o público infantil, com transparências, por exemplo."As coleções, que atendiam do recém-nascido ao tamanho 10, agora vão até o 14, 16, 18 ou 20, dependendo da marca.A fonoaudióloga Marina Maciel Pepe, 45, diz saber que hoje as crianças "têm mais vontades". "Estão muito mais expostas à propaganda e ao consumo", diz ela, mãe de Paulo Eduardo, 10."Hoje meu filho quer ir para a Itália e o Egito. Quando eu tinha 10 anos, acho que nem sabia onde ficava o Egito", brinca.O filtro 'pet friendly' é um dos mais usados na hora de escolher o resortdiretora da Decolar"Seria ótimo ter mais filhos, mas não iria proporcionar a eles o mesmo conforto que o Paulo Eduardo tem: escola bilíngue, esporte, viagens de férias duas vezes ao ano", afirma Marina, que também é 'mãe' da cadela Cacau e da gata Tuca.Com menos passageiros e hóspedes por família, a indústria do turismo tem procurado incrementar a oferta de pacotes. "Adultos com filhos dão preferência para a compra de pacotes em resorts, um ambiente mais seguro e confortável", diz Daniela Araújo, diretora da Decolar."O filtro 'pet friendly' é um dos mais usados na hora de escolher o resort", afirma ela. "Um indicativo de que os animais de estimação também viajam com as famílias." Mais Segundo Daniela, neste segundo semestre, a Decolar observou um aumento de 13% na procura de pacotes de viagens nacionais com a opção de hospedagem em resort, em relação ao mesmo período de 2022. Os resorts mais procurados pelas famílias estão em Salvador, Porto de Galinhas (PE) e Natal.Famílias menores demandam moradias menores. De acordo com dados do Secovi-SP (sindicato das construtoras do estado de São Paulo), se em 2004 apenas 12% dos lançamentos residenciais na região eram de apartamentos com até 50 metros quadrados, hoje imóveis com esta metragem representam 78% do total.Os apartamentos de dois dormitórios, que respondiam por 44% dos lançamentos em 2004, avançaram para 64% neste ano. Em compensação, os de três dormitórios, que significavam 33% dos lançamentos há 20 anos, hoje somam 11%. "As famílias com um filho representam uma demanda grande no mercado imobiliário", afirma Luiz França, da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias). "O imóvel de dois dormitórios é o apartamento de entrada para essas famílias, a opção mais acessível", diz.Se a casa ficou menor, o carro também encolheu. Dos anos 1990 até 2010, minivans como Scénic (Renault), Picasso (Citröen) e Meriva (GM) ganharam o mercado automobilístico, com a oferta de um espaço interno generoso."A Zafira [GM] de sete lugares foi uma sensação nos anos 2000", diz Sant Clair de Castro Junior, presidente da Mobiauto, plataforma de compra e venda de veículos online. Mais Mas, desde 2010, os SUVs (mais altos e robustos que os modelos sedã ou hatchback) começaram a ganhar espaço no mercado, porém de uma maneira curiosa: na versão compacta.Sant Clair destaca que a categoria SUV abarca carros pequenos, como o Kwid, da Renault.Para o executivo, um dos principais sinais de que as famílias encolheram está no tamanho do porta-malas. "O espaço na maioria das vezes não é suficiente para a bagagem de quatro integrantes."
2023-09-16 10:40:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/brasil-do-filho-unico-faz-empresas-mudarem-estrategias-de-negocio.shtml
8 crianças morreram baleadas na região metropolitana do Rio em 2023
A morte de Heloisa dos Santos Silva, 3, na manhã deste sábado (16) é o oitavo caso de criança morta por armas de fogo neste ano na região metropolitana do Rio de Janeiro. Ao todo, foram 18 crianças baleadas em 2023, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado.Heloisa estava internada em estado grave desde a semana passada após ter sido baleada na nuca numa ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na noite desta quinta-feira (7), no Arco Metropolitano, Baixada Fluminense. Ela morreu às 9h22 deste sábado. O caso está sob investigação.Segundo o Fogo Cruzado, das 19 crianças baleadas do começo deste ano até a última quarta-feira (13), 14 foram atingidas por balas perdidas. Em 2022, o total de crianças baleadas nesse mesmo período chegou a seis.Veja quem são as outras crianças mortas a tiros em 2023.A menina foi morta em 12 de agosto por bala perdida durante uma ação policial no morro do Dendê, na Ilha do Governador, zona norte da capital fluminense. No enterro, a avó materna de Eloah pediu justiça. A criança foi atingida durante um protesto pela morte de um jovem em ação da Polícia Militar no bairro.O garoto morreu em 12 de julho, após ser atingido por bala perdida durante uma ação policial em Maricá, na Região dos Lagos. Uniformizado, ele estava a caminho da escola municipal Darcy Ribeiro quando foi atingido.Morto em 30 de abril, foi atingido por bala perdida em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro. Na ocasião, uma jovem de 19 anos baleada no mesmo bairro, também morreu. Mais Ester foi morta por uma bala perdida em 5 de abril. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, havia tiroteio em disputa de facções no Morro do Cajueiro, em Madureira, bairro da zona norte do Rio. "Arrancaram a vida da minha filha injustamente. Ela estava vindo da escola. Ela só sentou para comer um pedacinho de bolo que ela ganhou na festa de Páscoa, gente", disse à época a mãe de Ester, Thamires dos Santos.Morta a tiros durante o Carnaval em Magé, na Baixada Fluminense, em 19 de fevereiro. O tiroteio em um bloco também matou Gabriela Alvarenga, 35, e deixou 19 feridos. Segundo a prefeitura, o tiroteio aconteceu após uma briga durante a dispersão do cortejo, por volta das 23h. A menina foi atingida por uma bala perdida no centro de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ela brincava na rua com outras crianças e foi alvejada no tórax. Rafaelly morreu em 26 de janeiro, seis dias depois do aniversário. A comemoração seria dali a dois dias, em um sítio, segundo a família, que protestou contra a morte.O menino estava na varanda de casa durante as comemorações de réveillon quando foi atingido por uma bala perdida. Ele chegou a ser levado para a Unidade de Pronto Atendimento de Edson Passos e, segundo a família, as equipes tentaram reanimá-lo por 40 minutos, sem sucesso.
2023-09-16 11:47:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/8-criancas-morreram-baleadas-na-regiao-metropolitana-do-rio-em-2023.shtml
Nova York tem show de drones em defesa da Amazônia
Cerca de mil drones iluminaram o céu de Manhattan, Nova York, na noite desta sexta-feira (15), em ato em defesa da Amazônia.O show de luzes foi realizado por ativistas em defesa do meio ambiente durante uma apresentação do DJ brasileiro Alok, dias antes do programado discurso do presidente Lula (PT) durante a 78ª Assembleia-Geral da ONU.Os equipamentos sobrevoaram a ilha sincronizados e formaram figuras de animais da fauna amazônica, como o boto-cor-de-rosa e a onça pintada. Ainda uma árvore, o mapa do Brasil e um globo de luzes vermelhas– representando o fogo– com os dizeres "Amazônia queima, o mundo queima" foram avistados.Os drones também formaram palavras a palavra "proteja-me" e "save the Amazon, save the life" —na tradução, salve a Amazônia, salve a vida.Já trilha sonora do show foi composta pela música "Shiva Vaishu", produção de Alok que tem inspiração indígena.O ato foi realizado pela organização Avaaz, que atua em âmbito internacional se envolvendo nas principais pautas ambientais em discussão. No X —o antigo Twitter—, a entidade publicou que "mais magia está por vir".A apresentação acontece dois dias depois do governo do estado do Amazonas decretar situação de emergência ambiental em cidades ao sul do território e na região metropolitana de Manaus.Nos 12 primeiros dias de setembro, o estado registrou 77% da quantidade de incêndios contabilizados durante todo o mês de agosto. Foram 4.127 entre 1 e 12 de setembro, número que coloca o estado na liderança nos registros de incêndio, seguido por Pará (3.500) e Mato Grosso (1.954). Os dados são do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).O Amazonas vive ainda uma severa seca nos rios.Por tradição, os presidentes brasileiros abrem os discursos da assembleia. Lula subirá a tribuna na próxima terça-feira (19). O presidente embarcou na sexta-feira com destino a Cuba, onde fez parada antes de seguir para Nova York.
2023-09-16 08:24:00
ambiente
Meio Ambiente
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/09/nova-york-tem-show-de-drones-em-defesa-da-amazonia.shtml
Proposta que libera emendas diretamente a consórcios preocupa gestores do SUS
Um projeto de lei em tramitação no Senado preocupa gestores do SUS por prever a transferência direta de verbas públicas a consórcios que prestam serviços ao setor.Isso envolve a criação de um fundo pelo qual recursos orçamentários, incluindo aqueles provenientes de emendas parlamentares, poderiam ser enviados diretamente aos consórcios, contornando o repasse feito por intermédio de estados ou municípios.A transferência de dinheiro poderia ocorrer mesmo que os consórcios não estejam alinhados com as prioridades acordadas pelos responsáveis pela gestão da saúde.Por lei, os consórcios desempenham um papel como prestadores de serviços, apoiando as três instâncias gestoras: o Ministério da Saúde, os estados e municípios. Se aprovado, o projeto criaria na prática uma quarta instância.Os consórcios na saúde podem ser contratados para oferecer serviços públicos em diversos modelos. Desempenham, por exemplo, um papel na organização regional dos municípios, oferecendo atendimento laboratorial, exames e até mesmo a contratação de cirurgias em territórios com municípios menores.O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Fabio Baccheretti, enfatiza que essa abordagem oferece maior capacidade operacional de atendimento, especialmente para municípios menores.A demanda individual de um município pequeno muitas vezes impede que ele estabeleça seus próprios serviços de saúde.Baccheretti observa que atualmente não existe um mecanismo para o repasse direto de emendas parlamentares na área da saúde para consórcios ou hospitais. Embora essas emendas sejam alocadas, elas são redirecionadas para o fundo de gestão estadual ou municipal.Apesar de reconhecer o papel dos consórcios, Baccheretti, que é secretário de Saúde de Minas Gerais, disse que a responsabilidade pela coordenação, planejamento e execução dos serviços de saúde cabe aos estados e municípios. Segundo ele, a mudança proposta pelo PL em tramitação no Congresso criaria uma desorganização na rede."Alguns consórcios podem receber muito mais recursos, enquanto estados e municípios enfrentarão escassez. Os consórcios não podem ter um fundo específico, uma vez que não estão envolvidos na totalidade do cuidado do paciente."Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), compartilha da visão de Baccheretti. Ele afirma que os recursos da saúde devem continuar sendo depositados e geridos pelos responsáveis nas esferas federal, estadual e municipal da saúde.O Ministério da Saúde, por sua vez, emitiu uma nota informando que está acompanhando de perto a tramitação do PL 196/2020 e mantém um diálogo constante com o Congresso Nacional com o objetivo de aprimorar a proposta normativa.Durante uma audiência pública realizada na terça-feira (14), Dárcio Guedes Júnior, secretário do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, destacou a importância de continuar as transferências de recursos somente para os fundos estaduais e municipais de saúde.Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estarCarregando..."A lei orgânica do SUS estabelece que essa relação é da união, estados e municípios e, de forma complementar, dos prestadores de serviço. A gente entende que isso desorganiza o processo como foi criado, estabelecido o SUS", disse.O senador Eduardo Gomes (PL-TO), relator do projeto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), disse que a intenção da proposta é permitir que os consórcios públicos possam criar fundos para financiar programas, ações e projetos de interesse público.Durante a audiência, ele enfatizou a importância dos consórcios na atualidade, citando um exemplo na região do Vale do Araguaia, no estado do Tocantins, onde a reorganização do atendimento de saúde só foi possível com a implementação e fortalecimento de um consórcio."Nenhum município [da região] dá conta de tocar o custeio de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mesmo com a contribuição do governo federal e do governo do estado, isso é uma realidade", disse durante a audiência.O senador mencionou que, enquanto aguarda a tramitação legislativa para ajustes na proposta, planeja defender junto à Comissão de Orçamento alteração para que os parlamentares possam propor emendas específicas para os consórcios, fora dos limites constitucionais estabelecidos.O deputado Paulo Guedes (PT-MG) expressou seu apoio à ideia, argumentando que os ministérios da Fazenda e da Saúde deveriam facilitar o atendimento à população por meio do mecanismo. Defendeu também a possibilidade de deputados e senadores apresentarem emendas destinadas a consórcios com finalidades específicas e com prestações de contas claras."Isso poderia beneficiar iniciativas como mutirões de saúde para cirurgias de catarata e outras demandas em áreas remotas do Brasil, onde consórcios de municípios enfrentam dificuldades no atendimento de saúde", disse.O projeto, de autoria do deputado Geninho Zuliani (DEM-SP), foi apresentado em fevereiro de 2020. Foi aprovado na Câmara em junho de 2022 e já passou pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.Embora tenha gerado preocupações entre gestores da saúde, a proposta abrange não apenas a área da saúde, mas também outras como infraestrutura.
2023-09-16 09:00:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/09/proposta-que-libera-emendas-diretamente-a-consorcios-preocupa-gestores-do-sus.shtml
Irã tem ameaçado família de Mahsa Amini, diz rede de ativistas 1 ano após morte
O pai da jovem curda Mahsa Amini, cuja morte, há um ano, despertou uma onda de protestos contra o regime do Irã, teria sido detido pela polícia local e pressionado a não mais incentivar protestos, disse neste sábado (16) um grupo de ativistas à agência Reuters.Segundo a Rede de Direitos Humanos do Curdistão —Mahsa Amini era curda—, Amjad foi detido e depois liberado durante atos que marcam a morte da jovem enquanto estava sob custódia da polícia em Teerã por supostamente não usar o véu islâmico da forma considerada correta.A rede afirma ainda que as ameaças contra o pai de Mahsa Amini se tornaram frequentes. Em uma nota em seu site oficial, diz que Amjad foi convocado e interrogado pelo Ministério de Inteligência em Saqqez, na província do Curdistão, quatro vezes ao longo das últimas duas semanas. Segundo o relato, ele teria sido pressionado a desincentivar planos de protestos no marco de um ano da morte da filha.Antes, ele e a esposa haviam compartilhado uma mensagem nas redes sociais afirmando que reuniriam a família no túmulo da filha no aniversário "de seu martírio" para cerimônias tradicionais e religiosas.Ainda de acordo com a rede de ativistas, o regime teocrático teria dito que poderia deter o outro filho do casal, Ashkan, irmão de Mahsa, caso esses planos fossem colocados em prática.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...Horas após as denúncias públicas, a Irna, a agência de notícias oficial do regime iraniano, divulgou versão distinta, na qual afirma que agentes de segurança teriam detido um grupo de pessoas que planejava matar Amjad Amini neste sábado.A morte de Mahsa Amini em 15 de setembro de 2022 foi estopim para uma das maiores ondas de protestos no Irã nas últimas décadas. Os atos desafiaram o regime presidido por Ebrahim Raisi e liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, que respondeu com repressão.A ONU criticou a resposta oficial, e especialistas independentes disseram que o regime usava o episódio como desculpa para oficializar a prática de violência contra as mulheres. O regime, por sua vez, culpou o que chama de vândalos pelos protestos e disse que a insatisfação era uma resposta às sanções internacionais.A resposta internacional segue um ano após a morte. O governo do Reino Unido, por exemplo, anunciou nesta sexta-feira (15) sanções contra várias autoridades iranianas descritas como "responsáveis pelo planejamento e pela aplicação da lei sobre o uso obrigatório do hijab". Mais A ação foi coordenada com Estados Unidos, Canadá e Austrália e atinge figuras como o ministro da Cultura iraniano, Mohamad Mehdi Esmaili, e seu vice, Mohamad Hashemi, além do prefeito da capital Teerã, Alireza Zakani, e o porta-voz da polícia Saed Montazer Al Mahdi.Em nota, o chanceler britânico, James Clevery, disse que as sanções "enviam uma mensagem clara de que Londres e seus parceiros seguem apoiando as mulheres iranianas". Ele também saudou "a bravura das mulheres iranianas que lutam pelas liberdades fundamentais".Em resposta, o porta-voz da chancelaria iraniana chamou as ações de "ilegais, pouco diplomáticas, ridículas e hipócritas", afirmando que as sanções são uma maneira de intervenção na política doméstica e que, com isso, a diplomacia ocidental mostra um comportamento "pouco construtivo".O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os manifestantes iranianos protestam por "democracia e dignidade humana básica" e que seu governo "seguirá fornecendo ferramentas para apoiar a capacidade dos iranianos de defenderem o seu próprio futuro". Mais Nos protestos que se seguiram à morte de Amini, mais de 500 pessoas, incluindo 71 menores de idade, foram mortas, centenas ficaram feridas e milhares foram presas, segundo grupos de defesa dos direitos humanos. O Irã realizou sete execuções ligadas aos atos.Num relatório publicado no mês passado, a ONG Anistia Internacional afirmou que as autoridades iranianas "têm submetido as famílias das vítimas a prisões e detenções arbitrárias, impondo restrições cruéis às reuniões pacíficas em túmulos e destruindo as lápides das vítimas".
2023-09-16 11:18:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/ira-tem-ameacado-familia-de-mahsa-amini-diz-rede-de-ativistas-1-ano-apos-morte.shtml
A primeira cidade da Flórida à prova de furacões
Quando o furacão Ian atingiu a costa sudoeste da Flórida, trouxe ventos de 241 km/h, 430 mm de chuva em 24 horas e ondas de até 5 m. Foi o furacão que causou mais estragos na história da Flórida, matando pelo menos 150 pessoas e causando mais de US$ 112 bilhões (cerca de R$ 544 bi) em prejuízo.O ciclone tropical de categoria 4 atingiu a Flórida em 28 de setembro de 2022, derrubou a energia de mais de 4 milhões de pessoas no estado e causou inundações catastróficas.Em meio à calamidade, houve uma comunidade que resistiu surpreendentemente bem à tempestade: Babcock Ranch, uma espécie de condomínio residencial em larga escala que ocupa 73 km² (cerca de 3 vezes o tamanho de Fernando de Noronha).Construída através de uma PPP (Parceria Público-Privada) entre o estado da Flórida e uma empreiteira privada, a cidade foi planejada para resistir a fortes tempestades e saiu relativamente ilesa.Embora não estivesse na linha direta do furacão Idalia quando ele varreu o sudeste dos Estados Unidos no final de agosto, a cidade ainda deve ter sua resiliência testada neste ano.Espera-se que a temporada de furacões de 2023 seja ainda mais severa do que a de 2022.Meteorologistas da Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (Noaa) previram uma temporada "acima do normal", com até cinco grandes furacões, que teriam ventos de 178 km/h ou mais.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...A Flórida tem maior probabilidade de ter alagamentos do que qualquer outro estado dos EUA devido ao seu terreno plano.O crescimento explosivo da população e os subsequentes empreendimentos imobiliários ao longo do século passado pioraram o problema. Isso porque muitas construções destruíram ecossistemas nas zonas úmidas (como pântanos, charcos e mangues) que normalmente ajudariam a prevenir inundações.Apesar disso, apenas 18% das casas na Flórida têm seguro contra enchente, alguns residentes até relatam que o seguro seria maior do que o aluguel. E um estudo recente prevê que o custo do seguro deve aumentar 40% em 2023.Nos próximos 50 anos, espera-se que a população da Flórida ganhe mais 12 milhões de pessoas, e a proporção de área construída poderá saltar de 18% para 28% — um aumento de 14 mil km².Construir comunidades resilientes a fenômenos climáticos extremos é especialmente importante num estado como a Flórida, que enfrenta todos os anos uma temporada de furacões que dura seis meses. Era exatamente isso que Syd Kitson, empreiteiro que criou Babcock Ranch, esperava ter conseguido. Mais Cinco dias antes da chegada do furacão Ian, Kitson sentou-se ao redor de uma mesa com sua equipe de engenheiros, empreiteiros e gerentes internos e debruçou-se sobre as plantas baixas de Babcock Ranch. "Fizemos todo o humanamente possível para garantir que estamos seguros?", perguntou.Kitson construiu o empreendimento acima dos requisitos legais para construções residenciais no Estado - com um grande custo adicional — para garantir que a cidade fosse capaz de resistir a um ciclone."Gastamos muito dinheiro extra para torná-la segura, para planejá-la de forma diferente de outras comunidades", diz ele. "Todo o plano foi baseado no ambiente e na resiliência. Tudo o que fizemos foi para lidar com essas duas preocupações."A cidade, inaugurada em 2018, parece um cartão postal: tem gramados bem cuidados, campos de golfe, trilhas na floresta e ciclovias. Os moradores circulam em carrinhos de golfe movidos a energia solar, andam de caiaque nos lagos, observam pássaros e se reúnem nas piscinas comunitárias.Mas a bela estética tem um duplo propósito: os lagos funcionam como lagoas de retenção para proteger as casas das inundações, as ruas são projetadas para absorver o excesso de chuva e o salão comunitário é reforçado como abrigo contra tempestades.Uma grande fazenda de painéis solares fornece energia para todo o empreendimento e até para comunidades vizinhas — tornando Babcock Ranch a primeira cidade inteiramente movida a energia solar dos Estados Unidos.O furacão Ian foi o primeiro teste da cidade. Mais "Os ventos pareciam um trem de carga passando pela minha casa", lembra Kitson, que mora em Babcock. "Você pode fazer todo o planejamento e engenharia possíveis, mas só vai saber com certeza quais serão os resultados depois dos primeiros desafios."A passagem do ciclone não derrubou a energia elétrica, a internet nem o acesso à água potável de nenhuma das casas. E a comunidade abriu as portas para pequenas cidades vizinhas onde houve mais estragos, transformando o ginásio esportivo em um abrigo de emergência.Quando Kitson dirigiu pelo empreendimento na manhã seguinte para inspecionar os danos, descobriu que a comunidade que ele havia construído sobrevivera quase ilesa — teve apenas algumas palmeiras derrubadas e placas de rua destruídas."Tivemos danos mínimos. Se não tivéssemos implementado essas medidas resilientes, teríamos sofrido prejuízo de milhões de dólares. Portanto, esses custos iniciais para tornar Babcock resiliente pagaram-se já nos primeiros anos", diz o empreiteiro.A constatação de que o seu projeto resistente a furacão funcionou foi um momento "de emoção" para Kitson. "Foi incrível ver que esta nova cidade realmente provou que o planejamento da resiliência climática pode ser feito da maneira certa."A construção do Babcock Ranch levou anos de planejamento e design cuidadoso. A equipe de Kitson consultou mapas da década de 1940 para descobrir onde ficavam os fluxos naturais da terra, ou seja, por onde a água passaria durante os períodos de chuvas intensas.Ao longo de décadas, os fluxos haviam sido alterados para dar lugar à agricultura, ao desenvolvimento imobiliário e a outros projetos. "Eu disse aos meus engenheiros: 'esqueçam onde eles estão hoje, porque a terra foi drenada'. Você não pode mexer com a mãe natureza, porque ela vai vencer sempre. Encontramos esses fluxos naturais e nos mantivemos fora deles, construímos em torno deles."Sendo assim, as zonas úmidas da região, que absorvem e retêm a água da chuva, foram preservadas. E em caso de chuvas intensas, quando as zonas úmidas ficam encharcadas, os cursos de água são capazes de transportar a água até ao rio Caloosahatchee e, assim, evitam inundações."É revigorante que os empreiteiros imobiliários estejam finalmente acordando para o fato de que eles têm que enfrentar o problema das mudanças climáticas e eventos extremos", diz Jennison Kipp, pesquisador do centro de eficiência no uso do solo da Universidade da Flórida. Ele diz que ficou feliz ao ver o rancho sobreviver tão bem ao furacão.Outro componente fundamental na construção de cidades resilientes é a localização. Babcock Ranch fica a cerca de 45 minutos de carro das praias da região que têm ilhas-barreira — ilhotas formada por faixas arenosas, estreitas e compridas, geralmente paralelas à linha da costa.Essas barreiras de areia funcionam como obstáculos naturais para os ciclones.A cidade também foi construída 9 metros acima do nível do mar e com bastante terra ao redor, o que ajuda a diminuir o impacto de tempestades, especialmente o excesso de água da chuva."Estamos literalmente gastando bilhões de dólares para reparar danos causados por eventos climáticos extremos", diz Kipp. "Estes novos empreendimentos oferecem uma enorme oportunidade — desde que possam olhar para além do retorno do investimento a curto prazo e adotar uma visão a longo prazo."No ano passado, a Casa Branca estimou que as mudanças climáticas poderiam custar ao governo dos EUA US$ 2 bilhões por ano até ao final do século.Embora os primeiros moradores da cidade tenham se mudado há cinco anos, no ano passado o empreendimento se tornou o quinto condomínio planejado com mais vendas de casas no país.Richard Kinley e sua esposa foram os primeiros a comprar uma propriedade na cidade em 2018, vindos de Atlanta, depois de lerem sobre as ambições sustentáveis da comunidade em jornais locais.Kinley, que diz que sempre se interessou por tecnologia de ponta e foi atraído pela abordagem de resolução de problemas dos empreiteiros, especialmente pelo seu sistema de gestão de água."Quando você é a primeira pessoa a se mudar, não sabe como vai ser", diz ele. "Mas o risco valeu a pena. Saí para dar um passeio esta manhã e vi todos esses pássaros diferentes, peixes no lago e liquens nas árvores, e pensei em como o ar é incrivelmente limpo aqui. E mesmo assim temos um centro com todas as comodidades que precisamos."Babcock Ranch se tornou um modelo para outros construtores graças à sua resiliência durante o furacão Ian, diz Kitson."Nosso sucesso está repercutindo em todo o país. Existem soluções para conviver com os eventos climáticos extremos e Babcock Ranch é a prova disso."Comunidades de olho no aquecimento global têm surgido nos EUA nos últimos anos. Em Utah, uma cidade fez adaptações para proteger os residentes da seca. No sul da Califórnia, um bairro foi adaptado para resistir a incêndios florestais. Na Louisiana, um bairro inteiro foi deslocado para escapar do aumento do nível do mar. E na Flórida, uma cidade costeira está inovando para lidar com o aumento do nível do mar e a erosão do litoral.Não foi apenas o manejo das águas pluviais que garantiu a sobrevivência Babcock Ranch.A enorme rede de energia solar de 74,5 MW e o sistema de bateria reserva evitaram que a cidade perdesse energia enquanto grande parte do condado de Charlotte ficava às escuras.Durante a construção, a incorporadora também enterrou as linhas de energia e construiu sua própria estação de tratamento de água, o que significa que foi a única cidade da região que não teve um alerta que é emitido quando há contaminação na água do sistema de abastecimento."Foi surreal", diz Kinley, que se preparou para o furacão estocando suprimentos. "Imagine ouvir o vento batendo terrivelmente forte nas janelas e você está sentado com todas as luzes acesas, assistindo TV. Parecia tão sobrenatural. Nós pensamos: 'isso é um absurdo, deveria estar tudo escuro'", diz o morador.Kitson reconhece que, embora tenha tido uma rara oportunidade de começar a construir do zero, muito trabalho precisa ser feito em comunidades vulneráveis que precisam atualizar infraestruturas antigas.Na verdade, o atual governo reservou US$ 121 milhões (R$ 588 mi) para melhorar infraestruturas essenciais no interior do país e ao longo da costa. Além desse investimento direto, bilhões de dólares em financiamento estão sendo aplicados na modernização de infraestruturas em todo o país, incluindo a restauração de planícies em Vermont e a construção de uma barreira de concreto no Texas para proteger a costa.É vital garantir que as comunidades vulneráveis não sejam deixadas para trás à medida que surgem empreendimentos caros e resilientes às alterações climáticas."Há uma distância muito grande entre as comunidades que têm os recursos para lidar com os impactos das alterações climáticas e aquelas que não os têm", diz Kipp. "Temos que descobrir como equilibrar isso e garantir que haja fortalecimento e capacitação das comunidades existentes. A maioria das pessoas não têm acesso a esse tipo de comunidade planejada."Novos lançamentos imobiliários em grande escala podem exacerbar desigualdade climática, continua Kipp, e é "antiético" continuar a construir novas comunidades enquanto as existentes não têm resistência básica às intempéries."Como podemos garantir que as pessoas em bairros marginalizados e na linha da frente dos furacões possam permanecer nas comunidades onde viveram durante tanto tempo?", questiona. "Precisamos integrar equidade, justiça ambiental e sustentabilidade acessível. E eu não vi isso ainda."É uma preocupação para Joanne Pérodin, diretora sênior de equidade climática do Cleo Institute, uma organização sem fins lucrativos com sede em Miami dedicada a educar o público sobre a crise climática."Embora [essas propriedades] mostrem como a energia renovável, os espaços verdes e a infraestrutura moderna podem ser integrados, há a questão da exclusividade", diz ela. "A principal barreira para as comunidades de baixa renda [que impede] o acesso a este modo de vida moderno é o dinheiro. Tornar tudo isso mais acessível deve ser uma prioridade para garantir a inclusão e a justiça."Kitson diz que o Babcock Ranch oferece casas na faixa dos US$ 200 mil (R$ 972 mil) e que, para ser sustentável, "é preciso ter uma variedade de tipos de moradias e preços".Mesmo assim, explica Pérodin, o mercado imobiliário ainda é um sistema voltado para os ricos."Independentemente de quanto os novos empreendimentos como o Babcock Ranch cobrem, as taxas de juros de financiamento diminuem as oportunidades para as comunidades de baixa renda", diz ela."Além disso, a nova comunidade pode ter efeitos no seu entorno, aumentando o custo de vida naquela região", afirma.Os desenvolvimentos que partilham a visão de Kitson não mostram sinais de desaceleração - e mesmo Babcock Ranch ainda está em expansão."Recebi ligações de empreiteiros de todo o mundo perguntando se poderiam usar nosso modelo. O objetivo final para mim é que as pessoas não copiem o que fizemos, mas que melhorem o modelo", diz ele.Esse texto foi originalmente publicado aqui
2023-09-16 09:13:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/a-primeira-cidade-da-florida-a-prova-de-furacoes.shtml
Morre menina de 3 anos baleada em ação da PRF no RJ
Heloisa dos Santos Silva, 3, morreu às 9h22 deste sábado (16), após ter ficado nove dias internada em estado grave. A informação foi confirmada pela prefeitura de Duque de Caxias (RJ), que informou que a criança morreu após uma parada cardiorrespiratória irreversível.A menina foi baleada na nuca e no ombro durante uma ação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro.A criança estava na unidade de tratamento intensivo do Hospital Municipal Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, para onde foi levada depois de ter sido ferida. Quando foi atingida pelos disparos, ela estava com a família indo para casa, em Petrópolis, na região serrana.De acordo com relatos dos parentes e de testemunhas, uma viatura da PRF passou a seguir o carro em que a menina estava, na altura de Seropédica, na Baixada. Os agentes abriram fogo após o pai da criança, William Silva, dar sinal de parada.No carro, além de Heloisa, estavam seus pais, uma irmã de oito anos e uma tia. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pela Corregedoria-Geral da PRF.Segundo a equipe médica que atendia a menina, Heloisa tinha vários orifícios de entrada por perfuração de arma de fogo. Ao menos dois tiros a atingiram: um deles no ombro e outro na nuca, que se fragmentou. O número exato de disparos só vai ser informado após perícia.Os três policiais envolvidos na morte de Heloisa foram afastados de suas funções. A arma de onde teria partido o disparo foi apreendida. O procurador à frente das investigações, Eduardo Benones, também pediu o recolhimento do restante do arsenal para ser enviado à perícia da PF.Nesta sexta-feira (15) , Ministério Público Federal pediu a prisão dos agentes da PRF. No pedido de prisão, o procurador Eduardo Benones alegou que há elementos concretos que apontam para a tentativa de homicídio – o pedido foi feito antes da morte da menina."Este caso tem muitos elementos concretos. Estamos preocupados com integridade das vítimas e entendemos que a liberdade dos agentes pode trazer prejuízo para as investigações", afirmou o procurador à Folha. Mais O MPF ainda defendeu que, caso não seja acatado o pedido de prisão, sejam adotadas medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição dos agentes de chegarem perto das vítimas. A Justiça Federal do Rio de Janeiro ainda não se manifestou sobre o pedido.O Procuradoria também solicitou que seja realizada uma nova perícia nas armas utilizadas pelos agentes e no veículo da família.Em depoimento à Polícia Civil, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter atirado contra o carro em que estava a menina. Ele alegou que ouviu barulhos de tiro e, por isso, fez os disparos.A versão, no entanto, não bate com o que disse o pai de Heloisa e uma testemunha que presenciou a movimentação dos agentes. Segundo eles, não houve nenhum barulho de tiro antes de o policial atirar.À Folha, a responsável pela área temática dos direitos humanos da PRF, Liamara Cararo Pires, afirmou que a morte de Heloisa vai contra as diretrizes da corporação."No mínimo, a gente pode dizer que os resultados não foram aqueles que são esperados nem desejados", afirmou. Além da conduta dos policiais, o Ministério Público Federal e a Corregedoria também investigam por que um agente da PRF entrou à paisana na UTI onde Heloisa estava internada.O policial esteve na UTI sem se identificar nem pedir autorização da segurança do hospital e da equipe médica. Ele apenas disse que o motivo para estar lá era "assunto policial". O agente chegou a conversar com o pai de Heloisa. Ao MPF, Silva disse que foi uma conversa normal e não estranhou.Segundo a PRF, até o momento o que pôde ser apurado é que o policial, identificado como Milton, foi ao local por conta própria."Não houve pedido, orientação nem comunicação a nenhuma Instância de gestão para a presença daquele policial lá. Ele tomou essa atitude de forma autônoma", disse Pires.Em nota divulgada neste sábado, a PRF manifestou extremo pesar pela morte de Heloísa e disse que segue acompanhando a família para acolhimento e apoio psicológico."Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda", informou.A prefeitura de Duque de Caxias também manifestou solidariedade: "Em nome da Prefeitura de Duque de Caxias e de todos os colaboradores da Secretaria Municipal de Saúde, lamentamos profundamente e nos solidarizamos aos familiares e amigos da pequena Heloísa".Heloisa é a segunda pessoa morta em ação da PRF do Rio em dois meses. Em julho, a PRF também afastou um de seus agentes após Anne Caroline Nascimento Silva, 23, morrer ao ser baleada em uma ação.O caso é investigado pela corporação. Na ocasião, o namorado de Caroline, Alexandre Mello, contou que os policiais atiraram contra o carro em que estavam, na Rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias.
2023-09-16 10:48:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/morre-menina-de-3-anos-baleada-em-acao-da-prf-no-rj.shtml
Enlutados por suicídio encontram conforto em grupos de apoio
Quando Terezinha Guedes Maximo perdeu sua filha por suicídio, ela pensou que não fosse aguentar a dor. Marina, a caçula de dois irmãos, morreu aos 19 anos, em março de 2017.A adolescente era sorridente e engraçada. Adorava animes e videogames. Tocava violão e cursava filosofia na UFABC (Universidade Federal do ABC). Falava inglês fluentemente e estudava francês e catalão.Marina também tinha depressão grave. A doença foi diagnosticada em novembro de 2016. Ela fazia tratamento, mas às vezes era abatida por crises. Dizia que não queria mais viver daquele jeito.Terezinha e o marido, Joseval, pai de Marina, tomaram todos os cuidados recomendados pelos psiquiatras e psicólogos que cuidaram da filha. Eles nunca a deixavam sozinha. Mas é impossível vigiar alguém o tempo todo.Com a morte de Marina, além do sofrimento inimaginável de enterrar uma filha, Terezinha teve de lidar com algumas situações típicas do luto por suicídio, como o julgamento, o isolamento, a culpa e a busca incessante do porquê."O desamparo daqueles que ficam é muito grande. Por ser uma morte com forte estigma social, a família é sempre questionada: 'Mas você não percebeu? Não ajudou? Não fez nada para impedir'?", diz a psicóloga Karen Scavacini, CEO, idealizadora e cofundadora do Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio."Os enlutados também ficam presos nos ‘e se’", afirma a especialista. "Eles ficam imaginando ‘e se eu tivesse voltado antes?’, ‘e se eu tivesse ligado?’ Todos se sentem culpados de alguma forma, mas o suicídio é multifatorial. Não há um culpado, não há uma causa única que explique o porquê de uma pessoa tirar a própria vida", diz.Mestre em saúde pública na área de promoção de saúde mental e prevenção ao suicídio pelo Karolinska Institutet, da Suécia, e doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano pela USP (Universidade de São Paulo), Scavacini trabalha para difundir ações de posvenção, que são as atividades de acolhimento, ajuda e intervenção voltadas aos enlutados por suicídio e desenvolvidas por grupos de apoio. Mais Foi nesses encontros que Terezinha conseguiu suporte. "Depois da morte da Marina, eu pensei que fosse enlouquecer. As pessoas se afastaram. Muitas tentavam consolar, mas o que diziam acabavam machucando ainda mais. Então comecei a procurar na internet onde eu poderia obter ajuda e conheci o Vita Alere", diz ela.Conversando com outras pessoas que estavam passando pela mesma situação, ela percebeu que não estava sozinha.Terezinha também começou a escrever sobre o que estava sentido. No começo, os textos eram só para ela, mas com o passar do tempo decidiu criar um blog para publicá-los, o No m’oblidis."A Marina tinha deixado escrito no perfil dela do WhatsApp a frase ‘Si us plau, no m’oblidis’. Depois descobri que, em catalão, significa ‘por favor, não me esqueça’", conta a mãe.Por causa das mensagens que recebia no blog, Terezinha e o marido tomaram a iniciativa de montar o grupo de apoio Sobreviventes Enlutados pelo Suicídio de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, em 2018. As reuniões eram presenciais, mas se tornaram virtuais a partir de março de 2020, com o surgimento da pandemia da Covid-19.Nos encontros, os participantes começaram a debater sobre palavras que ganharam um novo sentido e que podem magoar as pessoas que perderam um ente querido dessa forma. Entre elas estão "escolha", "guerreiro/a" e "superação". Então ela lançou, em 2021, o livro "O Pequeno Dicionário do Luto"."O suicídio ficou no armário por muito tempo. Agora que as pessoas começaram a falar mais sobre o tema, mas nem sempre do jeito certo. Não é a intenção, só que às vezes usam palavras que ferem", diz.Informar de forma correta sobre prevenção e posvenção é o que a psicóloga Victoria Almeida, 26, tem feito desde 2017 no perfil Nenhuma Ideia Vale Uma Vida, no Instagram.Victoria perdeu o pai quando tinha 11 anos. Na época, a família contou para ela e para sua irmã que a causa da morte havia sido um problema no coração. Quatro anos depois, elas descobriram que foi suicídio."Vivi dois lutos pelo meu pai, e posso dizer que foram bem diferentes. No primeiro, apesar da tristeza, eu me sentia conformada, achava que tinha sido a vontade de Deus. No segundo, foi um baque muito grande, era como se ele tivesse morrido de novo", diz.Ainda adolescente quando soube a verdade, Victoria conta que sentiu muita raiva. "Eu não sabia nada sobre suicídio e tinha uma visão muito preconceituosa. Comecei a pensar que ele foi egoísta. Como pode alguém fazer isso?"Ela e a irmã decidiram que "levariam a mentira adiante" e, sempre que alguém perguntasse por que o pai morreu, elas diriam que havia sido do coração.Mas Victoria começou a ler sobre suicídio e a entender melhor sobre os problemas de saúde mental que podem levar ao ato. Assim, criou o perfil Nenhuma Ideia Vale Uma Vida e resolveu estudar psicologia.Moradora de Juiz de Fora (MG), na época em que descobriu a verdade ela não encontrou nenhum grupo de apoio para enlutados em sua cidade. Com o início da pandemia, porém, começou a participar de encontros virtuais. "Poder conversar com outras pessoas que passaram pela mesma situação mudou completamente a nossa vivência", afirma.Usando o que aprenderam nas reuniões, Victoria e a irmã decidiram que não mentiriam mais sobre a causa da morte do pai. No Instagram, além de informações sobre prevenção e posvenção, a então estudante de psicologia passou a falar também sobre a sua experiência pessoal."Um suicídio na família muda para sempre a nossa vida. Eu sei que nunca vou voltar a ser quem eu era antes. Mas essa nova versão não precisa ser necessariamente pior", diz.Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio Oferece grupos de apoio aos enlutados e a familiares de pessoas com ideação suicida, cartilhas informativas sobre prevenção e posvenção e cursos para profissionais. vitaalere.com.brAbrases (Associação Brasileira dos Sobrevivente Enlutados por Suicídio) Disponibiliza materiais informativos, como cartilhas e ebooks, e indica grupos de apoio em todas as regiões do país. abrases.org.brCVV (Centro de Valorização da Vida) Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato pelo site e telefone 188 cvv.org.br
2023-09-16 09:30:00
equilibrio-e-saude
Equilibrio e Saúde
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2023/09/enlutados-por-suicidio-encontram-conforto-em-grupos-de-apoio.shtml
Bolsonarista com longa ficha policial criou 'máfia do Pix' em acampamento golpista
Rubem Abdalla Barroso Júnior dirigia seu Fiat Palio pela Orla do Santa Inês, em Macapá (AP), quando se deparou com uma barreira policial. Eram 3h e, embriagado, ele decidiu ignorar os apelos dos policiais.Abdalla pegou a contramão da rua Maracá, desviando dos carros parados no acostamento, avançou o sinal vermelho e entrou na avenida Salgado Filho. A perseguição seguiu na via até que a polícia o alcançou.O vendedor ambulante, nascido em Cuiabá (MT), recusou-se a fazer o bafômetro.O policial Aldoney Nascimento, porém, relatou à Justiça que havia claros sinais de alteração da capacidade psicomotora de Abdalla: sonolência, olhos vermelhos, desordem das vestes, odor de álcool no hálito, exaltação, ironia e fala alterada.O caso, de 2013, acabou em condenação. O cuiabano de sobrenome árabe acumulava prisões e antecedentes criminais. Estava fora da cadeia desde 2008, quando progrediu para o regime aberto, até ter as primeiras penas por furto extintas em 2011. Voltou ao sistema carcerário em 2018.Já em novembro de 2022, aos 44 anos e com uma ficha extensa, Abdalla decidiu ir a Brasília para participar do acampamento golpista montado em frente ao quartel-general do Exército.De início, o plano era juntar-se aos milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que pediam às Forças Armadas um golpe contra a eleição de Lula (PT) —chamado por Abdalla de "ladrão".Ele, porém, viu no movimento golpista um possível negócio: o público do QG precisava se alimentar."Isso aqui vai tudo para a cozinha do Abdalla", dizia trecho de áudio enviado em grupo de WhatsApp que reunia organizadores do acampamento. "Quem puder ajudar, tem Pix, dá pra levar a comida, água. Vamos pra cima."Junto do áudio, o contato salvo como Gabriel enviou uma foto das compras, com 120 garrafas de água, 24 litros de leite, 8 kg de mortadela e 15 pacotes de pão de forma.Os primeiros 15 dias no acampamento diante do QG do Exército foram marcados pela fartura na comida. Empresas do agronegócio doavam carnes e material para fazer churrascos que atendiam gratuitamente a todos os bolsonaristas acampados.Os atos em frente ao quartel de Brasília se iniciaram em 31 de outubro, dia seguinte à derrota de Bolsonaro para Lula na disputa à Presidência da República. O que, à primeira vista, seria uma manifestação passageira acabou por tomar grandes proporções, com a instalação de tendas e barracas para que os bolsonaristas radicais permanecessem na área militar em prece por um golpe contra a democracia.No feriado de Finados, em 2 de novembro, foi marcada a primeira grande manifestação em frente ao QG do Exército. Com a mobilização nas redes sociais, milhares de pessoas chegaram a Brasília em caravanas gratuitas para inflar os atos golpistas.Em 7 de novembro de 2022, as primeiras costelas de boi foram fincadas no chão assim que o sol nasceu. A brasa ia lentamente cozinhando a carne, exposta para milhares de pessoas, em meio a barracas e tendas levantadas em frente ao quartel-general do Exército."Tá disponível. O pessoal do agro, todinho para vocês. Café da manhã, almoço, à tarde. Tá à disposição. Chegou um caminhão agora. Café da manhã, água, tudo vocês podem pegar lá, à vontade, o que vocês quiserem", disse um produtor rural ao caminhoneiro Zé Maria, que carrega grãos de Mato Grosso para o resto do país.Zé Maria agradeceu e, à Folha, disse na ocasião que estava emocionado com o movimento. "Depende de nós. Seis meses do ladrão no governo e o Brasil vira uma Argentina e, mais um tiquinho, a Venezuela."Os fartos churrascos, de graça e bancados por empresários, chamavam quase todo o público para se servir. As filas cortavam em duas a Praça dos Cristais, em frente ao QG. O negócio, custoso, não durou muito tempo.À medida que os grandes empresários deixavam de enviar comida para o acampamento no QG do Exército, ao longo de novembro e dezembro, crescia a relevância da cozinha controlada por Abdalla. Com dois fogões industriais enferrujados, ligados a um gato de energia, e um estoque de alimentos exposto debaixo da tenda, o espaço se tornou o principal fornecedor de comida para os bolsonaristas radicais acampados.A maior parte dos recursos era obtida por meio de Pix, e as três refeições diárias eram gratuitas. A chave para a transferência era o CPF do próprio Abdalla, número que circulava em grupos de WhatsApp e entre os bolsonaristas hospedados na Praça dos Cristais.Militares consultados pela Folha contam que Abdalla era um dos interlocutores da Força com o movimento. Vez ou outra, fardados conversavam com o cuiabano para entender o clima do acampamento.Foi numa dessas conversas que, pela primeira vez, se ouviu que Abdalla e outros membros da organização dos atos golpistas faziam parte de um grupo apelidado internamente de a "máfia do Pix"."Nós já tínhamos denúncia a respeito da 'máfia do Pix', que eram [...] iam, o tempo inteiro, pedindo para as pessoas que estavam ali que fizessem Pix, exatamente com a intenção de manter o acampamento", disse em depoimento o coronel Jorge Naime, da Polícia Militar do DF. Mais Preso pelos atos de 8 de janeiro, Naime ainda contou que dois grupos discutiam antes da invasão às sedes dos Poderes se deveriam descer à Esplanada dos Ministérios ou permanecer em protesto em frente ao QG do Exército."E a discussão dos que queriam descer contra os que queriam ficar na frente do quartel era exatamente essa questão do Pix. Chegaram a se acusar, no meio da reunião lá, que a pessoa queria ficar no acampamento porque ela queria ficar fazendo pedido de Pix."Naime não citou o nome de quem seriam os integrantes da "máfia do Pix" no depoimento. A Polícia Federal realizou buscas nos endereços de Abdalla no fim de janeiro para investigar a origem dos recursos usados por ele para manter a cozinha em funcionamento.Após os atos de 8 de janeiro, Abdalla deixou o acampamento em frente ao quartel-general. Parte de seus equipamentos de cozinha foi recolhida por militares do Exército na manhã do dia seguinte e incluídos em um inventário guardado no Comando Militar do Planalto. Ninguém voltou para buscar.Abdalla foi alvo de duas ordens de prisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pela organização do acampamento no QG do Exército. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal, responsável pela execução das penas, não soube informar se o suspeito está preso ou foragido.A assessoria do STF também não esclareceu a situação do cuiabano porque o inquérito está sob sigilo. A Folha tentou, sem sucesso, contato com o advogado de Abdalla. Mais
2023-09-16 04:05:00
poder
Poder
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2023/09/bolsonarista-com-longa-ficha-policial-criou-mafia-do-pix-em-acampamento-golpista.shtml
Justiça torna réu agressor do ator Victor Meyniel
A Justiça do Rio de Janeiro tornou réu e manteve a prisão do estudante de medicina Yuri Moura Alexandre, 29 anos. Ele é acusado por agredir o ator Victor Meyniel no último dia 2.Alexandre espancou o ator, e as agressões foram registradas por uma câmera de segurança do prédio onde ambos viviam, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro.A decisão foi divulgada em publicação oficial nesta sexta-feira (15), dois dias após o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) formalizar denúncia por lesão corporal, injúria por homofobia e falsa identidade. Se condenado, Alexandre pode pegar até 15 anos de prisão.Na publicação, a 27ª Vara Criminal da capital, que acatou a denúncia, também definiu para o dia 7 de novembro a primeira audiência sobre o caso.Além de Alexandre, a corte vai definir o futuro de Gilmar José Agostini, porteiro do prédio que presenciou as agressões e nada fez. Agostini foi indiciado pela polícia por omissão de socorro."Por ora, a manutenção do decreto prisional também se sustenta por conveniência da instrução criminal, de modo a garantir a integridade física e psicológica da vítima que será ouvida em juízo e a higidez dos depoimentos das demais testemunhas", ressaltou o juízo na publicação oficial.Na denúncia que gerou o processo judicial, o MPRJ também acusa Alexandre de falsidade ideológica. Segundo o órgão, o agressor teria "falsificado sua identidade com o intuito de obter vantagens pessoais, alegando, quando detido pelas autoridades policiais, ser um militar da Aeronáutica". Mais O ator alega que passava um tempo com o estudante de medicina quando o comportamento do rapaz mudou com a chegada da amiga, que, segundo ele, estava de plantão no dia, o que possibilitava a presença de Meyniel no apartamento. Alexandre se tornou agressivo e teria empurrado a vítima para fora do apartamento.Na portaria, Meyniel teria perguntado o que ocasionou a mudança de comportamento de Alexandre. "O que aconteceu, ninguém sabe que você é gay?", teria dito o ator. Em seguida, Alexandre espancou Meyniel.De acordo com o jornal O Globo, a colega de apartamento do agressor, a médica Karina de Assis, 29 anos, disse à polícia durante depoimento que na manhã do crime foi "importunada" e ameaçada por Alexandre.A defesa do Alexandre ainda não se pronunciou sobre a decisão da Justiça.
2023-09-16 05:20:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/justica-torna-reu-agressor-do-ator-victor-meyniel.shtml
Policial nos EUA é gravado ao fazer 'piada' com morte de mulher atropelada
Um policial de Seattle, nos Estados Unidos, foi gravado pela câmera corporal de seu uniforme fazendo piada com a morte de uma mulher atropelada por outra viatura da polícia."Ela tinha valor limitado", diz na gravação o agente Daniel Auderer, entre risos, sugerindo que a cidade deveria apenas fazer um cheque. "Onze mil dólares. Afinal, ela tinha 26 anos."A vítima, na verdade, tinha 23 anos. Seu nome era Jaahnavi Kandula. Ela tinha ascendência indiana e morava em Seattle para concluir um mestrado em sistemas de informação na Northeastern University.O atropelamento ocorreu em 23 de janeiro, mas a gravação só foi tornada pública pelo departamento de polícia nesta semana. O agente gravado fazendo piada com a morte de Kandula é vice-presidente do Sindicato dos Policiais de Seattle e especialista em narcóticos. Ele havia sido chamado para avaliar se um colega envolvido no acidente estava sob efeito de substâncias ilícitas.Esse colega era Kevin Dave, que atropelou e matou a vítima quando ela estava em uma faixa de pedestres. Segundo o jornal The Seattle Times, ele dirigia a 119 km/h para atender a uma chamada de emergência por overdose.A fala de Auderer foi registrada quando ele deixou a câmera corporal ligada e foi relatar a ocorrência ao presidente do sindicato, Mike Solan.Embora nem Auderer nem Solan tenham comentado o caso, de acordo com a Associated Press, o apresentador de uma rádio da cidade obteve uma declaração escrita do policial ao Gabinete de Responsabilidade Policial de Seattle. No texto, o oficial diz que seus comentários foram mal interpretados e que estava imitando como os advogados da cidade supostamente tentariam minimizar a responsabilidade pela morte de Kandula.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando..."Eu zombei do ridículo de como esses incidentes são judicializados", disse Auderer, segundo a imprensa local, acrescentando que, em incidentes anteriores, os casos também foram tratados de forma "ridícula".Ele ainda diz na declaração que quem ouvisse somente o seu lado da conversa poderia supor que ele estava sendo "insensível à perda de uma vida humana", mas que o comentário não foi feito com más intenções. Segundo o policial, o presidente do sindicato, com quem ele conversava, também lamenta a morte de Kandula.O caso está sendo investigado por um órgão de fiscalização da cidade e segue de modo confidencial. A Procuradoria do condado de King abriu uma investigação criminal do acidente. Um tio de Kandula, morador de Houston, providenciou o envio do corpo da sobrinha para a mãe, que vive na Índia. "A família não tem nada a dizer", disse ele ao The Seattle Times. "Exceto que eu me pergunto se as filhas ou netas desses homens têm valor. Uma vida é uma vida".
2023-09-16 07:00:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/policial-nos-eua-e-gravado-ao-fazer-piada-com-morte-de-mulher-atropelada.shtml
Governo ignora fila do INSS e faz manobra para reduzir gasto no Orçamento de 2024
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma mudança de última hora nas estimativas do Orçamento de 2024 com o objetivo de reduzir o gasto da Previdência Social, que é obrigatório, e evitar uma compressão ainda maior de outras despesas discricionárias, como custeio e investimentos.Em um intervalo de duas semanas, o CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) aprovou duas versões diferentes de orçamento, a última delas com um corte de R$ 12,5 bilhões encomendado pela área econômica para contemplar "medidas de redução" relacionadas à revisão de benefícios.As projeções de despesas também ignoram eventual aceleração na concessão de benefícios para enfrentar a fila do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que acumula pelo menos 1,69 milhão de pedidos —o número está sob escrutínio após divergências entre relatórios revelarem o sumiço de 223 mil requerimentos, como mostrou a Folha.Documentos obtidos pela reportagem mostram que o CNPS, colegiado formado por representantes do governo, dos empregadores e dos trabalhadores, aprovou uma primeira versão do orçamento do RGPS (Regime Geral da Previdência Social) em reunião extraordinária no dia 3 de agosto.A apresentação feita aos conselheiros indicava a necessidade de R$ 895,7 bilhões para honrar benefícios previdenciários no ano que vem, valor 7,24% maior do que o previsto para 2023. As cifras foram calculadas pelo INSS em nota técnica produzida em 14 de julho.Os montantes foram discutidos e aprovados na reunião e resultaram na resolução CNPS/MPS 1.354, publicada no Diário Oficial da União em 4 de agosto.Em 15 de agosto, o INSS produziu nova nota técnica "com o propósito de atender às demandas expostas no Ofício SEI Nº 3229/2023/MPO, de 01/08/2023". MPO é a sigla do Ministério do Planejamento e Orçamento.A Folha não teve acesso a este ofício específico, mas apurou que houve um pedido conjunto da JEO (Junta de Execução Orçamentária) para que as estimativas da Previdência incorporassem uma economia de recursos a partir da revisão de benefícios.A JEO é uma instância de deliberação sobre questões orçamentárias formada pelos ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão). O órgão conta com a assessoria de técnicos da área econômica.A nova nota técnica do INSS indicou a necessidade de R$ 897,7 bilhões para honrar benefícios previdenciários (R$ 2 bilhões a mais do que na estimativa anterior), mas abateu R$ 12,5 bilhões referentes a "medidas de redução".O documento não traz nenhum detalhamento de como se chegou a esse impacto, apenas elencou "a necessidade de empreender a revisão de benefícios previdenciários" com o propósito de atender a decisões do TCU (Tribunal de Contas da União) como um fator considerado nas projeções.Os acórdãos citados apontam efeitos potenciais de R$ 2,9 bilhões com a correção de irregularidades e de R$ 6,6 bilhões com a revisão de possíveis pagamentos indevidos por ausência de perícia médica no prazo devido.Em 17 de agosto, em reunião extraordinária, o CNPS aprovou a nova versão do orçamento do RGPS para 2024, com uma reserva total de R$ 885,2 bilhões para pagamento de benefícios —alta nominal de 5,98% em relação a 2023.Uma segunda resolução, de número 1.355/2023, foi publicada no Diário Oficial de 18 de agosto —apenas 13 dias antes do envio formal da proposta orçamentária ao Congresso Nacional.Procurados, os ministérios da Fazenda e do Planejamento disseram que as perguntas sobre o tema deveriam ser direcionadas ao Ministério da Previdência Social, que repassou ao INSS.O INSS informou que a projeção orçamentária leva em consideração os acórdãos do TCU, que apontam a existência de irregularidades."Cabe destacar, no entanto, que um grupo de trabalho interministerial foi criado pelo presidente Lula, e medidas serão tomadas a partir das diretrizes deste grupo. O INSS reafirma seu compromisso em combater fraudes e minimizar erros para prestar um serviço de excelência aos cidadãos", diz, em nota.A Casa Civil não se manifestou.A revisão de gastos tem sido defendida publicamente pela ministra Simone Tebet, que afirmou ser necessário analisar a despesa do INSS com "lupa"."O Tribunal de Contas da União falou que, de R$ 1 trilhão de benefícios, pode ter algo em torno de 10% de erros ou fraudes. Se ficarmos com 1% de R$ 1 trilhão, ou 2% de R$ 1 trilhão nessa lupa que temos e que iremos fazer em relação às fraudes e erros do INSS, são exatamente entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões que nós precisamos e temos que fazer para recompor o orçamento de todos os ministérios, que teriam em um primeiro [momento] uma perda de 2023 para 2024", disse em 22 de agosto, dias após o ajuste nas contas do RGPS.Especialistas veem os números do governo com ceticismo, já que a variação do gasto da Previdência programada para o ano que vem mal cobre a correção obrigatória dos benefícios já existentes.Segundo o próprio INSS, 62% dos pagamentos correspondem a um salário mínimo. O governo prevê que o piso subirá a R$ 1.421 no ano que vem (alta de 7,65%) graças à nova política de valorização proposta pelo Executivo e chancelada pelo Congresso. Os demais 38% são corrigidos pela inflação, estimada em 4,48%.Técnicos consultados sob reserva estimam que o reajuste médio, ponderado por essa composição diferenciada dos benefícios, deve ficar em 5,9%, já muito perto de consumir todo o espaço disponível no Orçamento de 2024.O INSS ainda prevê um crescimento vegetativo de 1,03% da folha de pagamento, uma medida de quanto deve ser a expansão do número de beneficiários da Previdência diante das novas concessões.Mas a variação pode ser maior, caso o Ministério da Previdência Social seja bem-sucedido em sua tentativa de enfrentar a fila de espera, um problema que se arrasta há anos e foi colocado como prioridade pelo presidente Lula diante do impacto negativo sobre a vida dos segurados.Sob a perspectiva do governo, porém, quanto maior o número de concessões, mais pressão sobre o Orçamento.Na segunda nota técnica, com as estimativas reduzidas, o INSS acrescentou uma espécie de vacina abrindo a possibilidade de revisão futura dos números. A ressalva não constava na primeira nota técnica."Salientamos que a projeção está considerando as medidas delineadas nos itens 6 a 8 desta nota técnica, com o objetivo de aprimorar a execução orçamentária e financeira, sendo monitorada e avaliada nos relatórios bimestrais, para permitir a correção de eventuais distorções", diz o documento.Nos bastidores, uma ala de técnicos do governo acredita ser possível alcançar a economia de R$ 12,5 bilhões projetada no Orçamento de 2024, a exemplo do trabalho que vem sendo conduzido na revisão do cadastro do Bolsa Família.Outro grupo dentro do próprio governo, no entanto, demonstra desconforto com as estimativas reduzidas e reconhece que é muito difícil chegar a um resultado expressivo no curto prazo com revisão de benefícios. Mais Especialistas de fora corroboram a visão da ala mais cética. "Ainda não veio nenhuma explicação de como isso [economia com revisão de benefícios] será obtido. Veio um número chutado", afirma o economista Marcos Mendes, ex-chefe da Assessoria Especial do Ministério da Fazenda e colunista da Folha.Em sua visão, os valores programados não serão suficientes para acomodar os reajustes de benefícios e as novas concessões.Essa não é a primeira vez que o governo Lula altera dados de última hora para reduzir o peso de despesas obrigatórias no Orçamento.Como revelou a Folha em abril, o Executivo reduziu sua previsão de salário mínimo para 2023, de R$ 1.320 para R$ 1.302, a despeito de Lula já ter anunciado o novo valor, para evitar um aumento nos gastos com a Previdência no primeiro relatório de avaliação do Orçamento divulgado na gestão petista.Na época, a mudança também foi uma decisão da JEO. Técnicos, porém, minimizam o peso do episódio, uma vez que o impacto foi efetivamente incorporado às estimativas de gastos no relatório subsequente, divulgado em maio.
2023-09-15 23:15:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/governo-ignora-fila-do-inss-e-faz-manobra-para-reduzir-gasto-no-orcamento-de-2024.shtml
A Fazenda 15: Gretchen ameaça processar quem associar seu nome ao de Jenny Miranda
Desde que saiu a lista dos participantes de A Fazenda 15, Gretchen, 64, vem batendo boca com seguidores nas redes sociais por causa da Jenny Miranda. A cantora nega ser mãe da influenciadora e ameaça processar quem associar seu nome ao da participante da atual edição do reality da Record.Gretchen divulgou uma nota jurídica nesta sexta-feira (15). O comunicado diz que é uma "uma inverdade" definir Jenny como "filha" ou "ex-filha" de Gretchen, uma vez que elas não possuem vínculo consanguíneo. Jenny é mãe de Bia, que terminou em segundo lugar na edição passada da atração comandado por Adriane Galisteu."A Sra. Jenifer Ferracini Vaz já fora notificada extrajudicialmente no ano de 2022 para que se abstenha de utilizar e/ou propagar o nome da Sra. Maria Odete Brito de Miranda de Souza (Gretchen) e de seus familiares de sobrenome Miranda, sobretudo, afirmando que é ‘filha’ ou ‘ex-filha’", diz o comunicado. Mais Para a equipe jurídica da cantora, como Jenny também é uma figura pública, "a utilização de tais termos ou encargos podem gerar severos prejuízos a imagem de Gretchen e de sua real família" e destaca "Caso utilização de tais nominações [filha e ex-filha] permaneçam, medidas judiciais serão adotadas para coibir tal feita".Ao publicar a nota em seu perfil do Instagram, Gretchen ainda completou: "A quem possa interessar. Tomando providências a tempo".
2023-09-15 22:03:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/a-fazenda-15/2023/09/a-fazenda-15-gretchen-ameaca-processar-quem-associar-seu-nome-ao-de-jenny-miranda.shtml
Sabine Boghici fez testamento para deixar herança para filho adotivo de esposa
Sabine Coll Boghici, 49, que morreu nesta quinta-feira (14) após cair de um prédio no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, fez um testamento em que deixa toda a sua herança para o filho adotivo de Rosa Stanesco Nicolau, uma criança de sete anos. As duas se casaram no ano passado.A união ocorreu pouco antes da prisão delas, em agosto de 2022. À época, Sabine, Rosa, que se apresentava como vidente, e mais duas pessoas foram presas sob suspeita de envolvimento num golpe de cerca de R$ 720 milhões. A vítima era a mãe de Sabine, a francesa Geneviève Rose Coll Boghici.Em março deste ano, a Justiça concedeu liberdade provisória a Sabine por avaliar que ela não era uma pessoa de alta periculosidade. Outros dois suspeitos, um homem e uma mulher, também foram soltos.Rosa, a única denunciada que se encontra presa, foi informada no Complexo Penitenciário de Bangu sobre a morte da esposa.De acordo com a Promotoria, ela teria arquitetado o golpe com Sabine, inclusive orientando como seriam feitas as agressões à idosa.Geneviève afirmou, em depoimento, que era agredida pela filha e obrigada a limpar o apartamento sozinha, uma cobertura vizinha ao Copacabana Palace.A reportagem não localizou a defesa de Rosa. O último advogado cadastrado no Tribunal de Justiça deixou seu defesa em julho.Procurado, o advogado de Sabine, Vanildo Júnior, disse que não iria se manifestar.Em agosto, o advogado de Geneviève, Ary Brandão, afirmou que a mãe acreditava que a filha também era vítima do esquema.Sabine seria submetida a um exame de sanidade mental em novembro. A decisão foi tomada em maio pelo juiz Guilherme Schilling, da 23ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, após um pedido da defesa de Geneviève Boghici, 84.A Folha apurou que o intuito da defesa, em caso de constatada a insanidade mental de Sabine, seria anular o casamento que ela havia firmado com Rosa, além do testamento deixado para a criança.De acordo com a versão de Sabine, ela e Rosa se conheceram após a mãe fazer consultas espirituais, em 2020.Já a Promotoria diz que as consultas começaram após um acordo entre Sabine e Rosa, quando Geneviève teria sido convencida por supostas videntes a pagar por um tratamento espiritual que evitaria a morte da filha.Na ocasião, a idosa foi abordada na rua por uma das envolvidas dizendo que em breve a filha "iria morrer por influência de um espírito", mas que ela poderia evitar esse destino.Após realizar oito transferências que totalizaram R$ 5 milhões em duas semanas, a idosa desconfiou do golpe. Diz, então, ter ficado em cárcere e perdido quadros, joias, além de um total de R$ 9 milhões em dinheiro. Entre as obras retiradas do apartamento, estava o quadro "Sol Poente" (1929), de Tarsila do Amaral, que fora encontrado pelos investigadores debaixo de uma cama.Dos quadros desviados, somente três obras não foram recuperadas. Elas foram vendidas ao Malba (Museu de Arte Latino-americana), em Buenos Aires, na Argentina, e estão em exposição.O dinheiro da família tem origem no trabalho do marchand Jean Boghici (1928-2015), que foi um dos principais colecionadores de obras de arte do Brasil. Nascido na Romênia, ele foi marido de Geneviève e pai de Sabine.A herança deixada é avaliada em R$ 1 bilhão, de acordo com processo judiciário, sendo as beneficiárias além de Geneviève, Sabine e outra filha. O inventário era administrado pelas três.Na decisão judicial que determinou o exame de sanidade mental, o juiz escreveu que a mãe já duvidava da sanidade mental da filha, desde quando procurou a polícia."A dúvida quanto à sanidade da acusada já encontrava-se positivada nos autos desde a primeira inquirição da vítima, ainda na fase inquisitorial, oportunidade em que afirmou que sua filha desde a adolescência sofria de problemas psicológicos e graves, especialmente a depressão", escreveu.O juiz também afirmou que "a situação voltou a ser ventilada no bojo do depoimento de algumas testemunhas". Além disso, disse que o exame seria "de especial relevância, inclusive para eventual compreensão de situações afetas à prova que guardam pertinência com o que é debatido nestes autos".O enterro de Sabine está previsto para este final de semana. Uma carta, endereçada à Rosa, foi encontrada no apartamento.
2023-09-15 22:18:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/sabine-boghici-fez-testamento-para-deixar-heranca-para-filho-adotivo-de-esposa.shtml
Capacidade de pagamento de Cuba depende de afrouxamento de sanções, diz Brasil
Uma eventual melhora na capacidade de Cuba de honrar os pagamentos de suas dívidas, como a que a ilha tem em aberto com o Brasil no valor de US$ 538 milhões (R$ 2,6 bilhões), depende de um afrouxamento das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.A retirada de Cuba da lista americana de países que financiam o terrorismo é um "fator determinante", afirma um técnico do governo brasileiro em um documento interno, obtido pela Folha, que relata uma reunião preparatória entre integrantes de órgãos do Executivo e de bancos públicos para tratar da dívida cubana com Brasília.Cuba foi recolocada na lista americana em 2021 em decisão tomada pelo ex-presidente Donald Trump. A ilha foi mantida na lista dos países que "não colaboram completamente" na luta contra o terrorismo pelo atual presidente dos EUA, Joe Biden.O ato impõe ainda mais dificuldades comerciais ao país caribenho, para além do embargo aplicado desde a Guerra Fria. Diplomatas brasileiros dizem que esse tipo de política contribui para o sufocamento de Cuba.O registro da reunião também menciona que, do ponto de vista econômico, a situação cubana é considerada "bastante complicada" pelo Clube de Paris –órgão que reúne um grupo de países credores com a finalidade de renegociar dívida governamental de nações em dificuldades financeiras.Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.Carregando...No documento, são citadas duas negociações entre Cuba e o clube. A primeira contemplou um "significativo perdão de dívida" em 2015 —quando a entidade descontou US$ 2,6 bilhões de um total devido de US$ 11,1 bilhões, incluindo juros. A segunda ocorreu em 2021 e permitiu um alongamento dos prazos de pagamento. Mais recentemente, em agosto, Cuba retomou as negociações com o grupo.De acordo com o relato do governo brasileiro, representantes do Clube de Paris estão céticos em relação às perspectivas de Havana de retomar pagamentos no curto prazo.O documento mostra ainda que a secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, discutiu em um encontro recente com um alto representante do clube as dificuldades na economia cubana e a necessidade de retomada do diálogo."O cochairman [vice-presidente do clube] assinalou que alternativas necessariamente devem contemplar, em algum momento futuro, alguma retomada dos pagamentos, permitindo que negociações possam avançar, tendo mencionado também possibilidades de cooperação na área de biotecnologia e modernização do parque ferroviário", diz trecho do registro. Mais Sobre riscos políticos da negociação com Cuba, um dos membros do governo brasileiro alertou sobre uma ação judicial envolvendo produtores nacionais de proteína animal –que não receberam desembolsos do Proex (Programa de Financiamento às Exportações) devido à inadimplência de Havana.O tema foi abordado em missão recente de uma delegação de empresários brasileiros, liderada pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), em Cuba para discutir novas cooperações.Como mostrou a Folha, o regime cubano disse a autoridades brasileiras "não possuir neste momento meios para o pagamento das suas obrigações" e sinalizou esperar "algum tipo de flexibilidade" por parte do governo Lula.As parcelas vencidas remontam a aproximadamente US$ 538 milhões (considerando a taxa de câmbio entre euro e dólar), decorrentes de operações do Proex e de financiamentos com cobertura do SCE (Seguro de Crédito à Exportação). Os atrasos começaram em meados de 2016 e se agravaram em 2018.Receba no seu email os grandes temas da China explicados e contextualizados; exclusiva para assinantes.Carregando...Além do montante da dívida, Cuba ainda deve pagar US$ 520 milhões até 2038. Isso significa que a cifra total do valor que o Brasil pode perder na negociação com a ilha é próxima de US$ 1,1 bilhão.A questão da dívida de Cuba com o Brasil também foi discutida em visita de Celso Amorim, assessor especial da Presidência para política externa, a Havana em agosto. À época, Amorim disse à Folha que a viagem serviu como uma espécie de "prospecção" para entender de que forma o governo brasileiro pode ajudar o país. Segundo ele, a renegociação da dívida não foi o tema central do encontro.Em um email interno do governo ao qual a reportagem teve acesso, é mencionado que o lado cubano já manifestou nas discussões "plena disposição de encontrar um comum acordo".Segundo o arquivo, o presidente do Banco Central de Cuba, Joaquín Alonso Vázquez, propôs iniciar as negociações "com a maior brevidade possível" e indicou estar preparado para enviar delegação técnica ao Brasil "tão logo o lado brasileiro esteja pronto para dar início às conversas". Mais De acordo com o debatido na reunião preparatória, as medidas de flexibilização esperadas por Cuba na renegociação com o Brasil podem envolver um desconto no total da dívida em atraso, o uso de moedas alternativas ao dólar ou mesmo a realização de pagamentos em commodities cubanas. Os principais produtos hoje exportados pela ilha caribenha ao Brasil são charutos, cigarrilhas e cigarros que contenham tabaco, além de rum.Segundo um interlocutor que acompanha as discussões, uma alternativa pode passar por um prazo mais longo para Cuba realizar os pagamentos.Apesar de a dívida cubana estar no radar, as discussões ainda estão em fase preliminar. Não há expectativa de anúncio sobre a renegociação ou a definição de um calendário de pagamento. De acordo com a legislação brasileira, renegociações de dívidas do Executivo devem ser aprovadas pelo Senado Federal.O presidente Lula desembarcou em Cuba nesta sexta-feira (15) para encontro do G77 + China (coalizão de países em desenvolvimento). A agenda do petista no país prevê uma reunião bilateral com o líder do regime cubano, Miguel Díaz-Canel, em mais um esforço de descongelar as relações com Havana após os governos de Michel Temer (MDB) e, principalmente, de Jair Bolsonaro (PL).
2023-09-15 19:41:00
internacional
Internacional
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/09/capacidade-de-pagamento-de-cuba-depende-de-afrouxamento-de-sancoes-diz-brasil.shtml
Idosa de 99 anos que sobreviveu a enchente morre no RS; número de mortos sobe para 48
O número de mortos nas chuvas do Rio Grande do Sul subiu para 48 na noite desta quinta-feira (14) com a morte de Elma Clara de Souza, 99.Moradora de Roca Sales, no Vale do Taquari, Elma foi resgatada com vida após passar nove horas agarrada a uma parreira, na companhia da sua cuidadora. Após dias de internação, porém, um quadro de insuficiência renal se agravou em razão da hipotermia e a idosa não resistiu.Elma chegou a esboçar uma melhora a ponto de sair da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e dar entrevistas enquanto esteve hospitalizada no município de Encantado (RS). À RBS TV ela contou ter passado o tempo cantando e rezando enquanto aguardava por resgate. O corpo foi velado na Câmara Municipal de Roca Sales nesta sexta (15).Entre as vítimas da tragédia também estão dois irmãos, um menino de sete anos e uma bebê de oito meses. Lara e Lincoln Henning eram moradores da zona rural de Roca Sales e tiveram os corpos localizados no último domingo (10) —os corpos já haviam sido contabilizados como vítimas da enchente, mas o IGP (Instituto-Geral de Perícias) do RS ainda não havia confirmado a identidade das crianças.Os irmãos serão sepultados no cemitério evangélico de Roca Sales neste sábado (16), e não haverá velório. A mãe das crianças, Deiser Cristiane Vidal, está entre as nove pessoas que continuam desaparecidas. Mais Nesta sexta, o Governo do RS divulgou um balanço dos danos em imóveis nos municípios mais afetados pela enchente: Muçum e Roca Sales.Em Muçum, 40 imóveis foram completamente destruídos e quatro estão condenados. Há outros 91 que ainda precisam ser limpos e 18 que necessitam reparos.Roca Sales também teve 40 imóveis destruídos e 16 condenados. O município tem 163 imóveis a serem limpos e 81 que precisam de reparos, incluindo o hospital da cidade. Neste momento, um hospital de campanha do Exército opera na cidade.Um decreto do Governo do RS deve oficializar a abertura de um escritório com servidores de diferentes secretarias para atuar na reconstrução do Vale do Taquari.Para este fim de semana a previsão é de tempo aberto no RS, o que deve facilitar o término da etapa de limpeza dos municípios afetados. Ainda há 1.426 desabrigados nos municípios da região. Mais
2023-09-15 19:59:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/idosa-de-99-anos-que-sobreviveu-a-enchente-morre-no-rs-numero-de-mortos-sobe-para-48.shtml
Tiago Leifert diz que teve proposta milionária da Globo para seguir no BBB
Dois anos depois da saída da Globo, Tiago Leifert afirmou ter recebido uma proposta milionária para continuar na emissora. O apresentador não disse o valor, mas a oferta era algo que não precisaria trabalhar nunca mais na vida. Mesmo assim, Leifert decidiu romper seu vínculo com a casa e deixar na época o comando do Big Brother Brasil."Eu queria ser dono do meu tempo. A Globo foi bem bacana. Ela me ofereceu uma proposta muito boa financeira, algo que mudaria minha vida. Se eu aceito, fico lá mais quatro anos, acabou. Vocês nunca mais iriam me ver após o fim do contrato, ia sumir, apagar o Instagram", explicou.O apresentador ainda contou o motivo de ter pedido demissão: "Fiquei 16 anos sem controle da minha vida. Se eu não pudesse gravar o The Voice ou BBB, não ia ter o programa. Eu precisava está lá. Eu falava pra minha irmã e minha mãe para ninguém morrer, porque não tinha como voltar (risos)". Mais Leifert comentou que quando decidiu sair da Globo, a intenção era criar um canal de esportes e um de games. "Não tinha nada de TV. Queria aprender coisas novas e ir para o digital. Não era para virar o meu sustento, até poderia virar, mas era para diversão mesmo e criar coisas".
2023-09-15 21:17:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/tiago-leifert-diz-que-teve-proposta-milionaria-da-globo-para-seguir-no-bbb.shtml
'Fico perplexa', diz Ludmilla após ter campanha de doação de sangue barrada
Ludmilla manifestou sua decepção nas redes sociais após o Hemominas, entidade encarregada das doações de sangue em Minas Gerais, ter rejeitado a sua campanha, já realizada em outras cidades. A intenção era oferecer 700 ingressos para o show "Numanice", que ocorreria no final do mês em Belo Horizonte. "Fico perplexa de ver como uma ação social como o 'Numanice tá no sangue' é derrubada", escreveu ela."Falta sangue nos hemocentros de todo o Brasil e, quando alguém faz algo para incentivar a doação, simplesmente freiam o movimento", escreveu a cantora no X, ex-Twitter. Ludmilla enfatizou que o evento não lucra com a ação: "O evento não ganha nada com isso, muito pelo contrário, investimos em tempo e em energia ao público".Em nota enviada à imprensa, o Hemominas afirmou que questões legais impediram a liberação da campanha: "Temos o dever de seguir as legislações atuais que proíbem o oferecimento de benefícios, direta ou indiretamente, ao doador pela doação de sangue". Mais No Rio de Janeiro, o Hemorio ficou lotado e 500 bolsas de sangue foram doadas em um só dia. No fim, a campanha bateu o marco recorde de 2000 bolsas em três dias.Na tentativa de reverter a situação em Belo Horizonte, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) anunciou que vai apresentar um Projeto de Lei que visa autorizar o incentivo à doação de sangue em todo o Brasil. "O projeto vai viabilizar o oferecimento de benefícios para doadores de sangue, medula óssea e órgãos desde que a campanha e os benefícios sejam autorizados pelo poder público", compartilhou ela no Twitter. Mais A cantora disse que está em contato com a equipe da deputada para juntar forças em prol da criação da Lei. A campanha "Numanice tá no sangue" deve acontecer em mais cidades brasileiras.
2023-09-15 19:43:00
celebridades
Celebridades
https://f5.folha.uol.com.br/celebridades/2023/09/fico-perplexa-diz-ludmilla-apos-ter-campanha-de-doacao-de-sangue-barrada.shtml
Laudo sobre prontuário médico não aponta deslocamento recente de silicone de ex de Antony
A DJ e influenciadora digital Gabriela Cavallin, 22, que acusa de violência doméstica o jogador Antony, 23, disse à polícia de São Paulo que, em um dos episódios de agressão, sofreu uma pancada no peito que provocou o deslocamento da prótese de silicone. Por isso, teria sido obrigada a realizar uma cirurgia corretora na mama com médico no interior do estado.De acordo com laudo da polícia obtido pela Folha, que faz parte do inquérito, não há registro, porém, de rotacionamento recente da prótese no prontuário médico de Gabriela. A única informação sobre tal problema é de maio de 2020, época em que ela ainda não havia conhecido o atacante.Na época, houve diagnóstico da necessidade de cirurgia corretora, mas, conforme o documento e a defesa da influenciadora, ela preferiu não realizá-la.O problema recente que levou a Gabriela ao médico em março de 2023, ainda segundo o prontuário médico, seria a "queixa de mama caída" e o "desejo de melhor definição abdominal". O motivo da mama caída, segundo o médico, seria "prótese pesada".Em razão disso, a perícia concluiu no documento, pelo exame indireto, que, devido a um lapso temporal entre o registro de uma rotação da prótese em maio de 2020 e de mamas caídas em março de 2023, "não é possível aferir a causa do deslocamento da prótese".Por isso, o laudo da polícia indica não ser possível atestar que houve ofensa à integridade física da mulher.Segundo prontuário assinado pelo cirurgião plástico Denis Colnago, de Presidente Prudente (SP), Gabriela esteve em seu consultório em 11 de maio de 2020. Na ocasião, segundo ele, a paciente apresentava rotacionamento da prótese do lado esquerdo após queda durante o banho.Ainda de acordo com o documento, foi indicada a necessidade de cirurgia, porque o problema não fora corrigido manualmente por ele.O advogado Daniel Bialski, que representa Gabriela, afirmou por nota que, após a lesão de 2020, não foi necessário procedimento cirúrgico e que o problema foi corrigido no consultório de outro médico.Segundo o advogado, após passar pelo cirurgião Colnago, ela esteve no consultório do médico Eduardo Perseu de Paiva, que corrigiu o problema em consultório, sem anestesia, de forma manual, rotacionando a prótese de volta para o lugar correto. "Por essa razão, não houve intervenção cirúrgica na época", diz.Este prontuário, porém, não consta no inquérito da polícia.A reportagem entrou em contato com a clínica do cirurgião Perseu de Pava, que confirmou que Gabriela esteve no consultório no dia 12 de maio de 2020, queixando-se da prótese virada, e que a questão foi resolvida dentro do consultório.Ainda segundo Bialski, na visita ao médico Colnago em 2023, Gabriela não relatou as agressões sofridas pelo namorado porque ainda mantinha relação com ele."Por essa razão, [ela] tinha medo de expor o real motivo que ocasionou a lesão. A gravidade, todavia, foi constatada durante a cirurgia", informou a assessoria.No inquérito policial, consta que a Polícia Civil de São Paulo solicitou ao cirurgião plástico de Gabriela o encaminhamento das mensagens trocadas entre ele a paciente. Colnago respondeu aos policiais que não encaminharia as conversas, atendendo um pedido da paciente.A suposta agressão mencionada por Gabriela, que provocou segundo ela o rotacionamento das próteses dos seios, teria ocorrido em 15 de janeiro de 2023.Ainda de acordo com o prontuário anexado ao inquérito, a DJ teve uma consulta de pré-operatório no dia 5 de abril de 2023 e, no mesmo dia, realizou o procedimento "sem intercorrências". A paciente tinha indicação de mastopexia, mas não queria cicatrizes.Em 26 de abril e 16 de maio, ela teve duas consultas de pós-operatório, descritas como "sem intercorrências e sem informações de relevância acerca dos fatos". Mais Antony e Gabriela se conheceram em 2021, em São Paulo, quando ele era jogador do Ajax, da Holanda, e era casado com outra mulher. Ela afirma que se mudou para Amsterdã e, em março de 2022, engravidou dele. De acordo com a DJ, a primeira agressão física ocorreu quando ela estava grávida, em férias no Brasil, em 1º de junho de 2022, após os dois terem deixado uma casa noturna na Vila Olímpia.No inquérito, obtido pela Folha, ela afirma que as agressões continuaram. A jovem narra um episódio de agressão em janeiro deste ano, em Manchester, na Inglaterra. A briga teria sido motivada por uma crise de ciúmes de Antony, que a questionava sobre relacionamentos antigos. Foi durante essa briga que ela teria levado um soco que rotacionou o silicone dos seios.Nesse dia, a DJ recebeu atendimento de uma médica inglesa chamada Hina Tehseen em seu quarto no hotel Hyatt, em Manchester. A conversa com a profissional no próprio dia —ela levou medicamentos ao quarto da influencer— é uma das evidências anexadas no inquérito policial.Entre as trocas de mensagens apresentadas pelos representantes de Gabriela, há uma conversa dela com Antony em janeiro deste ano. Nela, o atacante pergunta o que a médica disse e a DJ responde que foram prescritos medicamentos para dor."[A médica] disse que é melhor operar e trocar a prótese, pois já é a terceira vez que machuca assim e ela pode estourar a qualquer momento. Já está mostrando que pode estourar. Criando bolhas", diz a DJ na mensagem.Em entrevista ao SBT, Antony negou a acusação e afirmou que ela já havia rotacionado a prótese três anos antes. "Desde 2020, antes de eu conhecer ela, ela já tinha um negócio no silicone para trocar", disse o jogador.Na entrevista, ele admitiu que a relação do casal era conturbada e que brigas eram constantes, mas negou violência doméstica.O inquérito segue em segredo de justiça, e as investigações do caso ainda estão em curso. O prazo para a conclusão da investigação é o início de novembro.
2023-09-15 21:10:00
esporte
Esporte
https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2023/09/laudo-sobre-prontuario-medico-nao-aponta-deslocamento-recente-de-silicone-de-ex-de-antony.shtml
Globo vence prêmio internacional por melhor relatório de sustentabilidade na Holanda
A Globo venceu nesta sexta-feira (15) o prêmio internacional de sustentabilidade Corporate Star Awards, na categoria Melhor Relatório de Sustentabilidade. A cerimônia da premiação, que reconhece as melhores práticas corporativas em sustentabilidade, aconteceu em Amsterdã, na Holanda.O evento ocorreu durante o IBC (sigla para International Broadcasting Convention), que reúne a indústria global de mídia, entretenimento e tecnologia de todo o mundo.Estavam presentes no evento Manuel Belmar, diretor geral de Finanças, Jurídico e Infraestrutura da Globo; Raymundo Barros, diretor de Estratégia e Tecnologia; e Carlos Octávio Queiroz, diretor de Estratégia Corporativa e Arquitetura da Globo. Mais "Essa agenda não é sobre a Globo, mas sobre a contribuição que a empresa pode dar com o desenvolvimento da nossa sociedade e com o futuro do nosso país. Esse prêmio nos motiva a continuar fazendo a diferença todos os dias", disse Belmar.Além da categoria Melhor Relatório de Sustentabilidade, a Globo concorreu ainda em outras três categorias: Melhor Iniciativa de Melhoria da Pegada de Carbono, Projeto Filantrópico (por Criesp), Melhor campanha para melhorar o treinamento e a educação (por Movimento LED).A premiação foi celebrada internamente por conta da chamada Agenda ESG da Globo, que colocou diversas metas de governança para a emissora bater em 2030.
2023-09-15 19:39:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/globo-vence-premio-internacional-por-melhor-relatorio-de-sustentabilidade-na-holanda.shtml
Estudante é roubado e esfaqueado no parque Belém, na zona leste de São Paulo
Um estudante de 16 anos foi esfaqueado durante um roubo dentro do Parque Estadual do Belém Manoel Pitta, na zona leste de São Paulo, na tarde de quarta-feira (13).Ele foi atingido no abdômen e no dedo indicador da mão direita. Socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), foi levado ao hospital do Tatuapé e passaria por cirurgia.Segundo a namorada da vítima, uma garota de 16 anos, eles caminhavam pelo parque durante o intervalo de uma das aulas na escola em que estudam, na mesma região, quando um homem os abordou e anunciou o roubo.O adolescente não quis entregar o celular, momento em que o criminoso o atingiu com golpes de faca. O ladrão fugiu na sequência.O celular do rapaz foi levado pelo bandido. A namorada do estudante não se feriu.A perícia foi acionada e o caso, registrado no 30° DP (Tatuapé) como tentativa de latrocínio. Policiais civis do 81° DP (Belém), área em que ocorreu o crime, investigam o caso.Em nota, o Centro Paula Souza (CPS) declarou que, de acordo com a Etec em que o estudante está matriculado, o aluno não esteve na unidade no dia para assistir às aulas.A direção foi chamada por um segurança do parque e acionou o Samu para prestar atendimento.De acordo com o comunicado, foi a primeira vez que houve registro de casos de violência no entorno da escola, que recebe a Ronda Escolar da Polícia Militar diariamente.Procurada, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística lamentou o ocorrido. A pasta disse ter prestado todo o suporte ao jovem até a chegada do socorro.
2023-09-15 20:23:00
cotidiano
Cotidiano
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/09/estudante-e-roubado-e-esfaqueado-no-parque-belem-na-zona-leste-de-sao-paulo.shtml
Tributar dividendos pode compensar eventual frustração de receita para 2024, diz Tebet
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta sexta-feira (15) que a tributação de dividendos distribuídos por empresas pode ser uma das alternativas a qual o governo pode recorrer para compensar eventuais frustrações de receitas previstas no Orçamento de 2024, que prevê um pequeno superávit fiscal para o ano.Em entrevista à Reuters em Madri, Tebet afirmou que o país também tem royalties e "bilhões" de reais de dividendos da Petrobras a receber que não foram computados como receitas no projeto orçamentário encaminhado ao Congresso, o que dá ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, uma "cesta de opções" para equilibrar as contas no próximo ano."Não vou dizer que ele vai fazer isso, (mas) ele tem, por exemplo, tributação sobre dividendos. O Brasil não tributa lucros e dividendos e ele não apresentou um projeto", disse Tebet."Nós temos ainda royalties, nós temos dividendos para receber da Petrobras de bilhões, ele não colocou como receita. Então ele ainda tem uma cesta de opções", acrescentou.A ministra destacou que a legislação orçamentária do país permite que a programação de receitas inclua medidas ainda não confirmadas e que o governo substitua um projeto por outro caso alguma iniciativa não seja aprovada.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...O governo do presidente Jair Bolsonaro enviou projeto ao Congresso com a taxação de dividendos, entre outras mudanças no Imposto de Renda, mas a proposta não avançou no Senado após ser aprovada na Câmara dos Deputados.O projeto de lei do Orçamento do ano que vem, encaminhado ao Congresso no final de agosto, prevê um superávit primário de R$ 2,8 bilhões, saldo que conta com receitas de R$ 168,5 bilhões de novas ações arrecadatórias propostas nos últimos meses, incluindo medidas ainda não aprovadas.Entre as ações que ainda dependem de aprovação estão estimados ganhos de R$ 35,3 bilhões com medida que disciplina decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que limitou subvenções federais originadas em incentivos tributários estaduais, além de R$ 10,4 bilhões de projeto de lei que propôs o fim do mecanismo de JCP (juros sobre capital próprio). Mais Há ainda R$ 97,9 bilhões em recuperação de créditos do Carf, após aprovação de projeto pelo Congresso que restaura o voto de minerva no colegiado que julga recursos tributários. Outros R$ 13,3 bilhões são esperados com medida provisória que estabelece cobrança periódica de Imposto de Renda para fundos exclusivos de investimentos.Mais R$ 11,6 bilhões dizem respeito a medidas para taxar apostas esportivas online, regular compras em sites estrangeiros de varejo e tributar fundos offshore.Em meio a questionamentos de especialistas sobre as incertezas em torno dos números projetados, a equipe econômica tem ressaltado que foi conservadora em suas estimativas de receita.
2023-09-15 18:16:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/tributar-dividendos-pode-compensar-eventual-frustracao-de-receita-para-2024-diz-tebet.shtml
Geneticistas contestam teoria de que ancestrais da humanidade estiveram à beira da extinção
Poderia ser verdade que a humanidade esteve prestes a desaparecer há 900 mil anos, quando havia apenas cerca de 1.280 indivíduos espalhados por todo o planeta?Essa é a teoria de um recente estudo de cientistas chineses que utilizaram modelos de análise genética para determinar que nossos antepassados estiveram à beira da aniquilação durante quase 120 mil anos.Entretanto, estudiosos que não participaram da investigação criticam esta afirmação, e um deles contou à AFP que havia um acordo "praticamente unânime" entre os geneticistas populacionais de que a teoria não era convincente.Embora seja plausível inferir que os ancestrais dos humanos possam ter estado à beira da extinção em algum momento —fenômeno conhecido como um "efeito de gargalo" populacional—, especialistas levantaram dúvidas de que o estudo possa ser tão preciso em termos de datas e quantidades de espécies que sobreviveram.Estimar mudanças demográficas tão antigas é extremamente complicado, dado os poucos fósseis de ancestrais dos humanos disponíveis que remontam a centenas de milhares de anos, tornando difícil extrair seu DNA e conhecer mais sobre suas vidas.Estes cientistas críticos reforçaram que outros métodos similares não haviam sido capazes de detectar esta queda relevante da população.No entanto, com o avanço do sequenciamento genético, agora os cientistas podem analisar mutações em humanos modernos, e depois utilizar um modelo computacional que funciona retroativamente no tempo para entender como as populações mudaram, mesmo em um passado mais distante. Mais No início de setembro, um estudo publicado pela revista Science analisou os genomas de mais de 3.150 humanos modernos.A equipe liderada por pesquisadores chineses desenvolveu um cálculo em que o número de ancestrais humanos reprodutores caiu para, aproximadamente, 1.280 indivíduos há cerca de 930 mil anos."Perderam-se em torno de 98,7% dos ancestrais humanos" no começo deste "efeito de gargalo", disse o coautor Haipeng Li, do Instituto Nutrição e Saúde de Xangai, da Academia de Ciências da China."Nossos antepassados quase foram extintos e tiveram que se ajudar para sobreviverem", analisou.Potencialmente causado por um período de resfriamento global, este funil se estendeu até cerca de 813 mil anos atrás, segundo o estudo. Depois, houve um pico demográfico, possivelmente causado pelo aquecimento das temperaturas terrestres e pelo "domínio do fogo", acrescenta.Os pesquisadores sugeriram que a endogamia durante o efeito de gargalo poderia explicar por que os humanos têm um nível significativamente mais baixo de diversidade genética em comparação a muitas outras espécies. Mais A redução populacional poderia então ter contribuído para a evolução separada dos neandertais, denisovanos e dos humanos modernos. Acredita-se que todos eles nasceram de um ancestral comum naquela época, segundo o estudo.Também poderia explicar a dificuldade de encontrar fósseis de ancestrais humanos datados daquele tempo, achado, segundo relatos de arqueólogos, no Quênia, Etiópia, Europa e China e que poderiam sugerir que nossos antepassados estavam mais espalhados do que o efeito de gargalo possibilitaria."A hipótese de um colapso global não se encaixa com as evidências arqueológicas e de fósseis humanos", disse Nicholas Ashton, do Museu Britânico, à revista Science.Em resposta, os autores do estudo indicaram que hominídeos que viviam na Eurásia e no leste da Ásia podem não ser ancestrais dos humanos modernos.A humanidade de hoje é descendente destes que sobreviveram milagrosamente, explica Li. "Essa pequena população é o ancestral comum de todos os humanos modernos. Do contrário, não teríamos vestígios dela em nosso DNA", completou.Stephan Schiffels, presidente do grupo de genética populacional do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, na Alemanha, declarou-se "extremamente cético" em relação às precisões do estudo.Para ele, "nunca será possível" utilizar a análise de genomas de humanos modernos para obter um número tão preciso como 1.280, como o estimado pelo grupo, que disse ter calculado que esta população estaria entre 1.270 e 1.300 indivíduos.Schiffels afirmou ainda que os dados utilizados pelo estudo já existiam há anos e que as análises anteriores, baseadas nestas informações, não identificaram nenhum evento que poderia levar à extinção. Os autores da investigação chinesa simularam o efeito de gargalo, utilizando alguns destes modelos anteriores, mas desta vez detectaram uma grande queda populacional."É difícil ser convencido por esta conclusão", opina Pontus Skoglund, do Instituto Francis Crick, do Reino Unido.Aylwyn Scally, pesquisadora de genética evolutiva humana da Universidade de Cambridge, disse à AFP que "uma resposta bastante unânime entre os geneticistas populacionais e de pessoas que trabalham neste campo é que o artigo não é convincente".Segundo ela, os ancestrais dos humanos modernos podem ter estado à beira da extinção em algum momento, mas a capacidade de dados de genomas modernos de inferir tal evento é "muito fraca". "Provavelmente, essa é uma daquelas perguntas que não seremos capazes de responder", concluiu.
2023-09-15 18:12:00
ciencia
Ciência
https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/09/geneticistas-contestam-teoria-de-que-ancestrais-da-humanidade-estiveram-a-beira-da-extincao.shtml
Estreia de Neymar no Sauditão faz Band chegar a 5 pontos e vencer SBT
A transmissão da estreia de Neymar pelo Al-Hilal, time de futebol da Arábia Saudita, subiu os índices de audiência da Band nesta sexta-feira (15). A goleada contra o Al-Riyadh por 6 a 1 fez a emissora do Morumbi vencer o SBT, e chegar a ficar perto da Record, que ocupou a vice-liderança no horário.Segundo dados prévios, obtidos pelo F5, a partida narrada por José Luiz Datena com comentários de Rafael Oliveira e Neto, cravou 3,2 pontos de média com picos de 5 na Grande São Paulo, principal mercado de televisão e referência para investimentos do mercado publicitário.Cada ponto equivale a 207 mil indivíduos. O jogo foi ao ar das 14h50 às 17h. Mais No mesmo horário, o SBT conseguiu 2,7 pontos com a reprise da novela "Rebelde" (2004) e o programa de celebridades Fofocalizando. A Record, com o fim do Balanço Geral SP e a reprise da trama bíblica "Os Dez Mandamentos" (2015-2016), marcou 6 pontos.A Globo liderou com "Mulheres de Areia" (1993) e a Sessão da Tarde, com 11 pontos. A Band também ganhou da RedeTV!, que mostrava o A Tarde é Sua, de Sônia Abrão, que ficou com apenas 1 ponto.Além da Band, o canal Goat exibiu a partida no YouTube. Al-Hilal 6 x 1 Al-Riwady teve narração de Guilherme Lage e comentários de Antonio Tabet e Leandro Boudakian e chegou a pico de 190 mil telespectadores simultâneos, mesmo com a transmissão em TV aberta.Band e Goat tem os direitos exclusivos da Liga da Arábia Saudita. Ambos os contratos são por duas temporadas e válidos até 2025.
2023-09-15 18:09:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/estreia-de-neymar-no-sauditao-faz-band-chegar-a-5-pontos-e-vencer-sbt.shtml
Com início em 8 de janeiro, BBB 24 acaba com Jogo da Discórdia e estreia nova dinâmica
A Globo divulgou nesta sexta-feira (15) mais novidades sobre o BBB 24. Com início em 8 de janeiro, o sistema de votos não é a única mudança anunciada para a próxima edição no reality apresentado por Tadeu Schmidt.Segundo a nota da emissora, nas segundas-feiras, o polêmico Jogo da Discórdia dará lugar a uma nova dinâmica: o Sincerão. O anúncio, porém, não deu detalhes sobre a diferença entre os jogos.Quanto aos participantes, mais um grupo deve se juntar ao Camarote e à Pipoca. Além dele, um "invasor" vai bisbilhotar os cômodos e aumentar a bagunça em um novo quadro de humor. E mais: o líder da semana, ganhará uma nova tarefa: às sextas-feiras ele será responsável por comandar, ao vivo, uma nova dinâmica, ainda não divulgada. Mais Nesta edição, o sistema de votação terá duas etapas. Na primeira fase do programa, o público vota em quem deseja que permaneça na casa e o eliminado será aquele que receber menos votos. Já na segunda etapa, a votação será para eliminar um jogador, e o eliminado será o emparedado mais votado da vez.Como já anunciado, em ambas as fases, estarão disponíveis para o público duas formas de votação: os chamados "voto da torcida" e "voto único". No inédito "voto único", quem desejar participar informa seu CPF e só pode votar uma vez, novidade no programa, que vinha recebendo pedidos de mudança no sistema pelos espectadores.Já o "voto da torcida" funciona da mesma maneira que a votação das últimas edições: o espectador pode votar quantas vezes quiser. Cada modalidade terá peso de 50% no resultado, cujo percentual final será a média ponderada dos dois formatos.
2023-09-15 17:45:00
televisao
Televisão
https://f5.folha.uol.com.br/televisao/2023/09/com-inicio-em-8-de-janeiro-bbb-24-acaba-com-jogo-da-discordia-e-estreia-nova-dinamica.shtml
Diesel sobe a R$ 6,20 por litro nos postos, em sétima alta semanal seguida
O preço do diesel subiu pela sétima semana seguida nos postos brasileiros, com o barril do petróleo negociado aos valores mais altos do ano e sob pressão da retomada parcial da cobrança de impostos federais. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o diesel S-10 foi vendido, em média, a R$ 6,20 por litro nesta semana.É uma ligeira alta de R$ 0,02 por litro em relação ao verificado na semana anterior. Desde o início do ciclo de alta, na última semana de julho, o produto acumula aumento de R$ 1,22 por litro, segundo a pesquisa semanal da agência.Os preços do petróleo subiram nesta sexta-feira (15) para o maior nível deste ano, uma vez que as expectativas de oferta mais restrita superaram as preocupações com o crescimento econômico mais fraco e o aumento dos estoques do produto dos Estados Unidos. O petróleo Brent fechou o dia a US$ 93,93 (R$ 457,28), o maior valor desde novembro de 2022.Segundo a ANP, os preços médios da gasolina e do etanol hidratado ficaram praticamente estáveis na semana no país, em R$ 5,84 e R$ 3,64 por litro, respectivamente.As cotações internacionais do diesel seguem em alta, com impactos tanto da escalada do preço do petróleo quanto dos baixos estoques no mundo às vésperas da temporada de compras para atender ao aumento do consumo durante o inverno no hemisfério Norte.A Petrobras não tem margem para reduzir o preço nas refinarias e, assim, compensar ao menos parcialmente a pressão dos impostos sobre o preço final do produto, como fez em ocasiões anteriores.A alíquota de PIS/Cofins passou de zero a R$ 0,11 por litro no dia 5. Em outubro, o governo subirá essa cota para R$ 0,13. Houve também retomada da cobrança sobre o biodiesel, que representa 12% da mistura vendida nos postos.A federação que representa a revenda de combustíveis calculou o impacto do primeiro aumento de impostos em R$ 0,10 por litro. Desde que a alta passou a valer em setembro, o valor semanal do combustível subiu R$ 0,15. Em outubro, o efeito estimado é de mais R$ 0,01 por litro.Segundo a ANP, o preço médio do diesel S-10 ultrapassou os R$ 6 por litro nesta semana em todos os estados brasileiros. O Acre teve o preço médio mais alto do país: R$ 7,04 por litro. Em São Paulo, o valor médio era de R$ 6,16.O litro de diesel S-10 mais caro foi encontrado pela agência na capital paulista, a R$ 8,49 por litro. O mais barato, em Americana (SP), a R$ 4,79 por litro.Receba no seu email o que de mais importante acontece na economia; aberta para não assinantes.Carregando...Na comparação com valores registrados no ano passado, o preço do diesel apresenta baixa de R$ 0,93. Esse combustível abastece os caminhões usados no transporte rodoviário de cargas e, por isso, seu custo tem reflexos em outros produtos de consumo.Na segunda-feira (11), o preço médio do diesel nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,74 por litro abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).É o maior valor desde a véspera do último reajuste da estatal. Especialistas acreditam que o cenário de aperto se manterá até o fim do ano, já que na semana passada Arábia Saudita e Rússia estenderam os cortes de produção de petróleo. Mais
2023-09-15 18:16:00
mercado
Mercado
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/diesel-sobe-a-r-620-por-litro-nos-postos-em-setima-alta-semanal-seguida.shtml