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E eu, pobre e triste, Que só no teu olhar leio a ventura, Se tu descrês, em que hei-de eu crer agora?
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E tu, descendo na onda harmoniosa, Pousaste n'este solo angustiado, Estrella envolta n'um clarão sagrado, Do teu limpido olhar na luz radiosa.
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a mim o que me ha dado?
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E a mim, a quem deu olhos para ver-te, Sem poder mais.
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Voz, que te cante, e uma alma para amar-te!
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A
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Conserva na tua alma a virgindade, E tenha o coração na rica aurora Das rosas o matiz; Se a donzela cuspir nos teus amores Chora perdida essa ilusão primeira. Mas vive e sê feliz!
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Se o peito morto Doce conforto Sentisse agora Na sua dor; Talvez nest'hora Viver quisera Na primavera De casto amor!
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Oh! meu céu de primavera Que doce a vida não era Nessa risonha manhã!
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No branco leito de pedra, Onde a miséria não medra, Sonhar os sonhos do céu!. Ha tantas rosas nas campas! Tanta rama nos ciprestes!
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pude ver o volume completo e o entrego hoje sem receio e sem pretensões. Todos aí acharão cantigas de criança, trovas de mancebo, e raríssimos lampejos de reflexão e de estudo:
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Que amor, que sonhos, que flores. Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!
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E ver se apanho a borboleta branca, Que voa no vergel!
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Tu, que foste a vestal dos sonhos d'ouro, O anjo-tutelar dos meus anelos, Estende sobre mim as asas brancas. Desenrola os anéis dos teus cabelos!
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Morena, minha sereia, Tu és a rosa da aldeia, Mulher mais linda não há; Ninguém t'iguala ou t'imita Co'as tranças presas na fita, Co'as flores no samburá!
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Se eu tenho de morrer na flor dos anos, Meu Deus!
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A gota de orvalho Tremendo no galho Do velho carvalho, Nas folhas do ingá; O bater do seio, Dos bosques no meio O doce gorjeio Dalgum sabiá;
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Numa hora de desalento rasguei muitas dessas páginas cândidas e quase que pedi o bálsamo da sepultura para as úlceras recentes do coração;
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Perfumes da floresta, vozes doces, Mansa lagoa que o luar prateia, Claros riachos, cachoeiras altas, Ondas tranqüilas que morreis na areia;
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Como a ave dos palmares Pelos ares Fugindo do caçador; Eu vivo longe do ninho, Sem carinho; Sem carinho e sem amor!
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Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!
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As tardes estivas, E as rosas lascivas Erguendo-se altivas Aos raios do sol;
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Ó anjo da loura trança, A onda é mansa O céu é lindo dossel; E sobre o mar tão dormente, Docemente Deixa correr teu batel.
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Se brasileiro eu nasci Brasileiro hei de morrer, Que um filho daquelas matas Ama o céu que o viu nascer;
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Mancebo, atrás da glória que sorria, Sonhou grandezas para a pátria um dia, E a ela os sonhos deu;
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Do templo nas naves As notas suaves, E o trino das aves Saudando o arrebol;
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Oh! quantas vezes a prendi nos braços! Que o diga e fale o laranjal florido! Se mão de ferro espedaçou dois laços Ambos choramos mas num só gemido!
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Oh! vem depressa, minha vida foge. Sou como o lírio que já murcho cai! Ampara o lírio que inda é tempo hoje! Orvalha o lírio que morrendo vai!.
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Feliz! Feliz quem pudera Colher-te na primavera De galas rica e louçã!
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Pois essa alma é tão sedenta Que um só amor não contenta E louca quer variar? Se já tens amores belos, P'ra que vais dar teus desvelos Aos goivos da beira-mar? Não
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Deixava a pátria, é verdade, Ia morrer de saudade Noutros climas, noutras plagas; Mas tinha orações ferventes Duns lábios inda inocentes Enquanto cortasse as vagas.
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Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã!
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Mas hoje, minha querida, Eu dera até esta vida P'ra poupar Essas lágrimas queixosas, Que as tuas faces mimosas Vêm molhar!
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Vós do tronco feliz doce renovo, Vede agora, Senhor, na voz do povo Quão grande é seu amor!
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Meu Deus! tu que és tão bom e tão clemente, P'ra que apagas, Senhor, a chama ardente Num crânio de vulcão? P'ra que poupas o cedro já vetusto E, sem dó, vais ferir o pobre arbusto Às vezes no embrião?!
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O país, n'alegria todo imerso, Velava atento à roda só dum berço.
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Na juventude, no florir dos anos, Não sei que vozes nos entornam n'alma Canções de querubim!
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lamentemos essa pura estrela Sumida, como no horizonte a vela Nas névoas da manhã! A sepultura foi há pouco aberta. Mas o dormente já se não desperta À voz de sua irmã!
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Dorme pois! Sobre a campa mal cerrada, Nós que sabemos que esta vida é nada Choramos um irmão;
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Uns perdem, como eu, cedo os verdores, Mas outros crescem no primor das graças E tu serás assim
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Oh! dias da minha infância!
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Tremem as folhas e palpita o lago Da brisa louca aos amorosos frisos. Na primavera tudo é viço e gala, Trinam as aves a canção de amores.
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Eu vi-a lacrimosa sobre as pedras Rojar-se essa mulher que a dor ferira! A morte lhe roubara dum só golpe Marido e filho, encaneceu-lhe a fronte,
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Eu serei teu vassalo e teu cativo Nas terras onde és rei A sombra dos bambus vem tu ser minha Teu reinado de amor, doce rainha, Na lira cantarei.
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Volvo contente para o pátrio ninho, Deixei sorrindo esses vergéis do sul; Tinha saudades deste sol de fogo. Não deixo mais este meu céu azul!.
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Ai! Morena, ai! meus amores, Eu quero comprar-te as flores, Mas dá-me um beijo também; Que importam rosas do prado Sem o sorriso engraçado Que a tua boquinha tem?.
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vem! eu sou a flor aberta à noite Pendida no arrebol! Dá-me um carinho dessa voz lasciva, E a flor pendida s'erguerá mais viva Aos raios desse sol!
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E d'envolta c'os prantos da amizade Aqui trazemos, nos goivos da saudade, As vozes da oração!
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Um anjo dorme aqui: na aurora apenas, Disse adeus ao brilhar das açucenas Sem ter da vida alevantado o véu.
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Lá, quando a terra s'embuçar nas sombras E o sol medroso s'esconder nas águas, Teu pensamento, como o sol que morre, Há de cismando mergulhar-se em mágoas!
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Quero morrer cercado dos perfumes Dum clima tropical, E sentir, expirando, as harmonias Do meu berço natal!
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Feliz oh! flor dos amores, Quem te beber os odores Nos orvalhos da manhã!
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Na hora da despedida Tão cruel e tão sentida P'ra quem sai do lar fagueiro; Duma lágrima orvalhada, Esta rosa foi-me dada Ao som dum beijo primeiro.
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E como a flor que solitária pende Sem ter carícias no voar da brisa, Minh'alma murcha, mas ninguém entende Que a pobrezinha só de amor precisa!
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Quisera a vida mais longa Se mais longa Deus m'a dera, Porque é linda a primavera, Porque é doce este arrebol, Porque é linda a flor dos anos Banhada da luz do sol!
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Era um louco, em noites belas Vinha fitar as estrelas Nas praias, co'a fronte nua! Chorava canções sentidas E ficava horas perdidas Sozinho, mirando a lua!
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Eu de pé sobre as rochas erguidas Sinto o pranto que manso desliza E repito essas queixas sentidas Que murmuram as ondas
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Dizem que há gozos nas mundanas galas, Mas eu não sei em que o prazer consiste.
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Era a mesma expressão, o mesmo rosto, Os mesmos olhos só nadando em luz, E uns doces longes, como dum desgosto. Toldando a fronte que de amor seduz!
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Quando a lua majestosa Surgindo linda e formosa, Como donzela vaidosa Nas águas se vai mirar! Nessas horas de silêncio, De tristezas e de amor,
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Depois. o caçador chega cantando. À pomba faz o tiro. A bala acerta e ela cai de bruços, E a voz lhe morre nos gentis soluços, No final suspiro.
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Eram uns olhos escuros Muito belos, muito puros, Como os teus! Uns olhos assim tão lindos Mostrando gozos infindos, Só dos céus!
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Julgo ver sobre o mar sossegado Um navio nas sombras fugindo, E na popa esse rosto adorado Entre prantos p'ra mim se sorrindo! Compreendo esse amargo sorriso, Sobre as ondas correr eu quisera.
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Minha campa será entre as mangueiras Banhada do luar, E eu contente dormirei tranqüilo À sombra do meu lar!
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Era a mesma visão que eu dantes via, Quando a minha alma transbordava em fé; E nesta eu creio como na outra eu cria, Porque é a mesma visão, bem sei que é!
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Dá-me os sítios gentis onde eu brincava Lá na quadra infantil;
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Borboleta dos amores, Como a outra sobre as flores, Porque és volúvel assim? Porque deixas, caprichosa, Porque deixas tu a rosa E vais beijar o jasmim?
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Em troca do seu perfume Quanta saudade resume E quantos prantos também!
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Como o nauta olha o céu de primavera, Eu, sentado a seus pés, ébrio de amor, Espreitara tremendo no seu rosto A sombra fugitiva dum desgosto, À nuvem duma dor!
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Não manches meu poeta as vestes brancas No mundo infame; mirra-se a grinalda E vão-se as ilusões! A crença se desbota e o nauta chora Desanimado no vaivém teimoso Dos grossos vagalhões!
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Toda essa ternura Que a rica natura Soletra e murmura Nos hálitos seus, Da terra os encantos, Das noites os prantos, São hinos, são cantos Que sobem a Deus!
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Mártir do estudo, na ciência ingrata Bebeu nos livros esse fel que mata E pobre adormeceu!
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Depois eu indolente descuidei-me Da planta nova dos gentis amores, E a criança, correndo pela vida, Foi colher nos jardins mais lindas flores.
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Eu olhei, ela olhou. doce mistério! Minh'alma despertou-se à luz da vida, E as vozes duma lira e dum piano Juntas se uniram na canção querida.
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Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo,
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Da noite o pranto, que tão pouco dura, Brilha nas folhas como um rir celeste, E a mesma gota transparente e pura Treme na relva que a campina veste.
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Adormecia sorrindo E despertava a cantar!
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Mas vê-la depois lascada Em duas cair no chão!. Mas ver o pobre mancebo Em quem a seiva reluz, No sonho cândido e puro Nas glórias do seu futuro Dourando a vida de luz
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Mas se Deus cortar-me os dias No meio das melodias, Dos sonhos da mocidade, Minh'alma tranqüila e pura À beira da sepultura Sorrirá à eternidade.
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A natureza se desperta rindo, Um hino imenso a criação modula, Canta a calhandra, a juriti arrula, O mar é calmo porque o céu é lindo.
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é o coração que se espraia sobre o eterno tema do amor e que soletra o seu poema misterioso ao luar melancólico das nossas noites.
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Ao menos, nesse momento Em que o letargo nos vem Na hora do passamento, No suspirar da agonia Terei a fronte já fria No colo de minha mãe! Mas
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Eu era entusiasta então e escrevia muito, porque me embalava à sombra duma esperança que nunca pude ver realizada.
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Oh! que saudades tamanhas Das montanhas, Daqueles campos natais! Daquele céu de safira Que se mira, Que se mira nos cristais!
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As cachoeiras chorarão sentidas Porque cedo morri, E eu sonho no sepulcro os meus amores Na terra onde nasci!
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Vi-a e amei-a, que a minha alma ardente Em longos sonhos a sonhara assim; O ideal sublime, que eu criei na mente, Que em vão buscava e que encontrei por fim!
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Ilusão!. que a minha alma, coitada, De ilusões hoje em dia é que vive; É chorando uma gloria passada, É carpindo uns amores que eu tive!
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Da tarde virei da selva Sobre a relva Os meus suspiros te dar; E de noite na corrente Mansamente Mansamente te embalar!
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É uma folha caída Do livro da minha vida, Um canto imenso de dor!
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Depois, mais tarde, nas ribas pitorescas do Douro ou nas várzeas do Tejo, tive saudades do meu ninho das florestas e cantei;
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Quando o bronze da torre da aldeia Seus gemidos aos ecos envia, E que o peito que em mágoas anseia Bebe louco essa grave harmonia;
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Quando se sente como eu sinto e sofro, A mente ferve e o coração palpita De glórias e de amor: Se ouço Arthur ao piano eu me extasio, Mas ouvindo teus hinos me arrebato E pasmo ante o cantor!
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Não sabes que a flor traída Na débil haste pendida Em breve murcha será? Que de ciúmes fenece E nunca mais estremece Aos beijos que a brisa dá?.
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Dá-me em teus lábios um sorrir fagueiro, E desses olhos um volver, um só; E verás que meu estro, hoje rasteiro, Cantando amores s'erguerá do pó!
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Senhor! livrai-a da rajada dura A flor mimosa que desponta agora; Deitai-lhe orvalho na corola pura, Dai-lhe bafejos, prolongai-lhe a aurora!
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Corri pelas campinas noite e dia Atrás do berço d'ouro dessa fada; Rasguei-me nos espinhos do caminho. Cansei-me a procurar e não vi nada!
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veio por seu turno debruçar-se sobre o espelho mágico da minha alma e aí estampar a sua imagem fugitiva. Se nessa coleção de imagens predomina o perfil gracioso duma virgem, facilmente se explica:
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E depois. quando a lua ilumina O horizonte com luz prateada, Julgo ver essa fronte divina Sobre as vagas cismando, inclinada!
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Por ventura te esqueceste Quando de amor me perdeste Num sorrir? Agora em cólera imensa Já queres dar a sentença Sem me ouvir!
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Como a criança que banhada em prantos Procura o brinco que levou-lhe o rio, Minh'alma quer ressuscitar nos cantos Um só dos lírios que murchou o estio.
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