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Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
A ira com que súbito alterado O coração dos Deuses foi num ponto, Não sofreu mais conselho bem cuidado, Nem dilação, nem outro algum desconto. Ao grande Eolo mandam já recado Da parte de Netuno, que sem conto Solte as fúrias dos ventos repugnantes, Que não haja no mar mais navegantes.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Bem quisera primeiro ali Proteu Dizer neste negócio o que sentia, E segundo o que a todos pareceu, Era alguma profunda profecia. Porém tanto o tumulto se moveu Súbito na divina companhia, Que Tethys indignada lhe bradou: "Netuno sabe bem o que mandou".
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Já lá o soberbo Hipótades soltava Do cárcere fechado os furiosos Ventos, que com palavras animava Contra os varões audazes e animosos. Súbito o céu sereno se obumbrava, Que os ventos, mais que nunca impetuosos, Começam novas forças a ir tomando, Torres, montes e casas derribando.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Enquanto este conselho se fazia No fundo aquoso, a leda lassa frota Com vento sossegado prosseguia, Pelo tranquilo mar, a longa rota. Era no tempo quando a luz do dia Do Eôo Hemisfério está remota; Os do quarto da prima se deitavam, Para o segundo os outros despertavam.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vencidos vêm do sono, e mal despertos; Bocejando a miúdo se encostavam Pelas antenas, todos mal cobertos Contra os agudos ares, que assopravam; Os olhos contra seu querer abertos, Alas estregando, os membros estiravam; Remédios contra o sono buscar querem, Histórias contam, casos mil referem.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Com que melhor podemos, um dizia, Este tempo passar, que é tão pesado, Senão com algum conto de alegria, Com que nos deixe o sono carregado?" Responde Leonardo, que trazia Pensamentos de firme namorado: "Que contos poderemos ter melhores, Para passar o tempo, que de amores?"
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não é, disse Veloso, coisa justa Tratar branduras em tanta aspereza; Que o trabalho do mar, que tanto custa, Não sofre amores, nem delicadeza; Antes de guerra férvida e robusta A nossa história seja, pois dureza Nossa vida há de ser, segundo entendo, Que o trabalho por vir me está dizendo."
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Consentem nisto todos, e encomendam A Veloso que conte isto que aprova. "Contarei, disse, sem que me repreendam De contar cousa fabulosa ou nova; E porque os que me ouvirem daqui aprendam A fazer feitos grandes de alta prova, Dos nascidos direi na nossa terra, E estes sejam os doze de Inglaterra.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"No tempo que do Reino a rédea leve João, filho de Pedro, moderava, Depois que sossegado e livre o teve Do vizinho poder, que o molestava, Lá na grande Inglaterra, que da neve Boreal sempre abunda, semeava A fera Erínis dura e má cizânia, Que lustre fosse a nossa Lusitânia.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Entre as damas gentis da corte Inglesa E nobres cortesãos, acaso um dia Se levantou discórdia em ira acesa, Ou foi opinião, ou foi porfia. Os cortesãos, a quem tão pouco pesa Soltar palavras graves de ousadia, Dizem que provarão, que honras e famas Em tais damas não há para ser damas;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E que se houver alguém, com lança e espada, Que queira sustentar a parte sua, Que eles, em campo raso ou estacada, Lhe darão feia infâmia, ou morte crua. A feminil fraqueza Pouco usada, Ou nunca, a opróbrios tais, vendo-se nua De forças naturais convenientes, Socorro pede a amigos e parentes.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas como fossem grandes e possantes No reino os inimigos, não se atrevem Nem parentes, nem férvidos amantes, A sustentar as damas, como devem. Com lágrimas formosas e bastantes A fazer que em socorro os Deuses levem De todo o Céu, por rostos de alabastro, Se vão todas ao duque de Alencastro.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Era este Inglês potente, e militara Com os Portugueses já contra Castela, Onde as forças magnânimas provara Dos companheiros, e benigna estrela: Não menos nesta terra experimentara Namorados afeitos, quando nela A filha viu, que tinto o peito doma Do forte Rei, que por mulher a toma.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Este, que socorrer-lhe não queria, Por não causar discórdias intestinas, Lhe diz:--"Quando o direito pretendia Do reino lá das terras Iberinas, Nos Lusitanos vi tanta ousadia, Tanto primor, e partes tão divinas, Que eles sós poderiam, se não erro, Sustentar vossa parte a fogo e ferro.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"E se, agravadas damas, sois servidas, Por vós lhe mandarei embaixadores, Que, por cartas discretas e polidas, De vosso agravo os façam sabedores. Também por vossa parto encarecidas Com palavras de afagos e de amores Lhe sejam vossas lágrimas, que eu creio Que ali tereis socorro e forte esteio."--
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Destarte as aconselha o Duque experto, E logo lhe nomeia doze fortes; E por que cada dama um tenha certo, Lhe manda que sobre eles lancem sortes, Que elas só doze são; e descoberto Qual a qual tem caído das consertes, Cada uma escreve ao seu por vários modos, E todas a seu Rei, e o Duque a todos.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Já chega a Portugal o mensageiro; Toda a corte alvoroça a novidade; Quisera o Rei sublime ser primeiro, Mas não lhe sofre a Régia Majestade. Qualquer dos cortesãos aventureiro Deseja ser, com férvida vontade, F, só fica por bem-aventurado Quem já vem pelo Duque nomeado.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Lá na leal Cidade, donde teve Origem (como é fama) o nome eterno De Portugal, armar madeiro leve Manda o que tem o leme do governo. Apercebem-se os doze, em tempo breve, De armas, e roupas de uso mais moderno, De elmos, cimeiras, letras, e primores, Cavalos, e concertos de mil cores.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Já do seu Rei tomado têm licença Para partir do Douro celebrado Aqueles, que escolhidos por sentença Foram do Duque Inglês experimentado. Não há na companhia diferença De cavaleiro destro ou esforçado; Mas um só, que Magriço se dizia, Destarte fala à forte companhia:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"Fortíssimos consócios, eu desejo Há muito já de andar terras estranhas, Por ver mais águas que as do Douro o Tejo, Várias gentes, e leis, e várias manhas. Agora, que aparelho certo vejo, (Pois que do mundo as coisas são tamanhas) Quero, se me deixais, ir só por terra, Porque eu serei convosco em Inglaterra.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
--"E quando caso for que eu impedido Por quem das cousas é última linha, Não for convosco ao prazo instituído, Pouca falta vos faz a falta minha: Todos por mim fareis o que é devido; Mas, se a verdade o espírito me adivinha, Rios, montes, fortuna, ou sua inveja, Não farão que eu convosco lá não seja."
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Assim diz, e abraçados os amigos, E tomada licença, enfim se parte: Passa Lião, Castela, vendo antigos Lugares, que ganhara o pátrio Marte; Navarra, com os altíssimos perigos Do Perineu, que Espanha e Gália parte; Vistas enfim de França as coisas grandes, No grande empório foi parar de Frandes.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Ali chegado, ou fosse caso ou manha, Sem passar se deteve muitos dias: Mas dos onze a ilustríssima companha Cortam do mar do Norte as ondas frias. Chegados de Inglaterra à costa estranha, Para Londres já fazem todos vias. Do Duque são com festa agasalhados, E das damas servidos e amimados.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Chega-se o prazo e dia assinalado De entrar em campo já com os doze Ingleses, Que pelo Rei já tinham segurado: Armam-se de elmos, grevas e de arneses: Já as damas têm por si, fulgente e armado, O Mavorte feroz dos Portugueses; Vestem-se elas de cores e de sedas, De ouro e de jóias mil, ricas e ledas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas aquela, a quem fora em sorte dado Magriço, que não vinha, com tristeza Se veste, por não ter quem nomeado Seja seu cavaleiro nesta empresa; Bem que os onze apregoam, que acabado Será o negócio assim na corte Inglesa, Que as damas vencedoras se conheçam, Posto que dois e três dos seus faleçam.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Já num sublime e público teatro Se assenta o Rei Inglês com toda a corte: Estavam três e três, e quatro e quatro, Bem como a cada qual coubera em sorte. Não são vistos do Sol, do Tejo ao Batro, De força, esforço e de ânimo mais forte Outros doze sair, como os Ingleses, No campo, contra os onze Portugueses.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mastigam os cavalos, escumando, Os áureos freios com feroz semblante; Estava o Sol nas armas rutilando Como em cristal ou rígido diamante; Mas enxerga-se num e noutro bando Partido desigual e dissonante Dos onze contra os doze: quando a gente Começa a alvoroçar-se geralmente.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Viram todos o rosto aonde havia A causa principal do reboliço: Eis entra um cavaleiro, que trazia Armas, cavalo, ao bélico serviço. Ao Rei e às damas fala, e logo se ia Para os onze, que este era o grã Magriço; Abraça os companheiros como amigos, A quem não falta certo nos perigos.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"A dama, como ouviu que este era aquele Que vinha a defender seu nome e fama, Se alegra, e veste ali do animal de Hele, Que a gente bruta mais que virtude ama. Já dão sinal, e o som da tuba impele Os belicosos ânimos, que inflama: Picam de esporas, largam rédeas logo, Abaixam lanças, fere a terra fogo.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Dos cavalos o estrépito parece Que faz que o chão debaixo todo treme; O coração no peito, que estremece De quem os olha, se alvoroça e teme: Qual do cavalo voa, que não desce; Qual, com o cavalo em terra dando, geme; Qual vermelhas as armas faz de brancas; Qual com os penachos do elmo açouta as ancas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Algum dali tomou perpétuo sono E fez da vida ao fim breve intervalo; Correndo algum cavalo vai sem dono E noutra parte o dono sem cavalo. Cai a soberba Inglesa de seu trono, Que dois ou três já fora vão do vale; Os que de espada vêm fazer batalha, Mais acham já que arnês, escudo e malha.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Gastar palavras em contar extremos De golpes feros, cruas estocadas, É desses gastadores, que sabemos, Maus do tempo, com fábulas sonhadas. Basta, por fim do caso, que entendemos Que com finezas altas e afamadas, Com os nossos fica a palma da vitória, E as damas vencedoras, e com glória.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Recolhe o Duque os doze vencedores Nos seus paços, com festas e alegria; Cozinheiros ocupa e caçadores Das damas a formosa companhia, Que querem dar aos seus libertadores Banquetes mil cada hora e cada dia, Enquanto se detêm em Inglaterra, Até tornar à doce e cara terra.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Mas dizem que, contudo, o grã Magriço, Desejoso de ver as coisas grandes, Lá se deixou ficar, onde um serviço Notável à condessa fez de Frandes; E como quem não era já noviço Em todo trance, onde tu, Marte, mandes, Um Francês mata em campo, que o destino Lá teve de Torcato e de Corvino.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Outro também dos doze em Alemanha Se lança, e teve um fero desafio Com um Germano enganoso, que com manha Não devida o quis pôr no extremo fio." Contando assim Veloso, já a companha Lhe pede que não f aça tal desvio Do caso de Magriço, e vencimento, Nem deixe o de Alemanha em esquecimento.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Mas, neste passo, assim prontos estando Eis o mestre, que olhando os ares anda, O apito toca; acordam despertando Os marinheiros duma e doutra banda; E porque o vento vinha refrescando, Os traquetes das gáveas tomar manda: "Alerta, disse, estai, que o vento cresce Daquela nuvem negra que aparece."
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Não eram os traquetes bem tomados, Quando dá a grande e súbita procela: "Amaina, disse o mestre a grandes brados, Amaina, disse, amaina a grande vela!" Não esperam os ventos indinados Que amainassem; mas juntos dando nela, Em pedaços a fazem, com um ruído Que o mundo pareceu ser destruído.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
O céu fere com gritos nisto a gente, Com súbito temor e desacordo, Que, no romper da vela, a nau pendente Toma grã suma d'água pelo bordo: "Alija, disse o mestre rijamente, Alija tudo ao mar; não falte acordo. Vão outros dar à bomba, não cessando; A bomba, que nos imos alagando!"
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Correm logo os soldados animosos A dar à bomba; e, tanto que chegaram, Os balanços que os mares temerosos Deram à nau, num bordo os derribaram. Três marinheiros, duros e forçosos, A menear o leme não bastaram; Talhas lhe punham duma e doutra parte, Sem aproveitar dos homens força e arte.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Os ventos eram tais, que não puderam Mostrar mais força do ímpeto cruel, Se para derribar então vieram A fortíssima torre de Babel. Nos altíssimos mares, que cresceram, A pequena grandura dum batel Mostra a possante nau, que move espanto, Vendo que se sustém nas ondas tanto.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
A nau grande, em que vai Paulo da Gama, Quebrado leva o masto pelo meio. Quase toda alagada: a gente chama Aquele que a salvar o mundo veio. Não menos gritos vãos ao ar derrama Toda a nau de Coelho, com receio, Conquanto teve o mestre tanto tento, Que primeiro amainou, que desse o vento.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Agora sobre as nuvens os subiam As ondas de Netuno furibundo; Agora a ver parece que desciam As íntimas entranhas do Profundo. Noto, Austro, Bóreas, Aquilo queriam Arruinar a máquina do mundo: A noite negra e feia se alumia Com os raios, em que o Pólo todo ardia.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
As Alcióneas aves triste canto Junto da costa brava levantaram, Lembrando-se do seu passado pranto, Que as furiosas águas lhe causaram. Os delfins namorados entretanto Lá nas covas marítimas entraram, Fugindo à tempestade e ventos duros, Que nem no fundo os deixa estar segui-os.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Nunca tão vivos raios fabricou Contra a fera soberba dos Gigantes O grã ferreiro sórdido, que obrou Do enteado as armas radiantes; Nem tanto o grã Tonante arremessou Relâmpagos ao mundo fulminantes, No grã dilúvio, donde sós viveram Os dois que em gente as pedras converteram.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Quantos montes, então, que derribaram As ondas que batiam denodadas! Quantas árvores velhas arrancaram Do vento bravo as fúrias indinadas! As forçosas raízes não cuidaram Que nunca para o céu fossem viradas, Nem as fundas areias que pudessem Tanto os mares que em cima as revolvessem.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vendo Vasco da Gama que tão perto Do fim de seu desejo se perdia; Vendo ora o mar até o inferno aberto, Ora com nova fúria ao céu subia, Confuso de temor, da vida incerto, Onde nenhum remédio lhe valia, Chama aquele remédio santo é forte, Que o impossível pode, desta sorte:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Divina Guarda, angélica, celeste, Que os céus, o mar e terra senhoreias; Tu, que a todo Israel refúgio deste Por metade das águas Eritreias; Tu, que livraste Paulo e o defendeste Das Sirtes arenosas e ondas feias, E guardaste com os filhos o segundo Povoador do alagado e vácuo mundo;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Se tenho novos modos perigosos Doutra Cila e Caríbdis já passados, Outras Sirtes e baixos arenosos, Outros Acroceráunios infamados, No fim de tantos casos trabalhosos, Por que somos de ti desamparados, Se este nosso trabalho não te ofende, Mas antes teu serviço só pretende?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Ó ditosos aqueles que puderam Entre as agudas lanças Africanas Morrer, enquanto fortes sostiveram A santa Fé nas terras Mauritanas! De quem feitos ilustres se souberam, De quem ficam memórias soberanas, De quem se ganha a vida com perdê-la, Doce fazendo a morte as honras dela!"
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Assim dizendo, os ventos que lutavam Como touros indómitos bramando, Mais e mais a tormenta acrescentavam Pela miúda enxárcia assoviando. Relâmpados medonhos não cessavam, Feros trovões, que vêm representando Cair o céu dos eixos sobre a terra, Consigo os elementos terem guerra.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Mas já a amorosa estrela cintilava Diante do Sol claro, no Horizonte, Mensageira do dia, e visitava A terra e o largo mar, com leda fronte. A densa que nos céus a governava, De quem foge o ensífero Orionte, Tanto que o mar e a cara armada vira, Tocada junto foi de medo e de ira.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Estas obras de Baco são, por certo, Disse; mas não será que avante leve Tão danada tenção, que descoberto Me será sempre o mil a que se atreve." Isto dizendo, desce ao mar aberto, No caminho gastando espaço breve, Enquanto manda as Ninfas amorosas Grinaldas nas cabeças pôr de rosas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Grinaldas manda pôr de várias cores Sobre cabelo; louros à porfia. Quem não dirá que nascem roxas flores Sobre ouro natural, que Amor enfia? Abrandar determina, por amores, Dos ventos a nojosa companhia, Mostrando-lhe as amadas Ninfas belas, Que mais formosas vinham que as estrelas.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Assim foi; porque, tanto que chegaram A vista delas, logo lhe falecem As forças com que dantes pelejaram, E já como rendidos lhe obedecem. Os pés e mãos parece que lhe ataram Os cabelos que os raios escurecem. A Bóreas, que do peito mais queria, Assim disse a belíssima Oritia:
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Não creias, fero Bóreas, que te creio Que me tiveste nunca amor constante, Que brandura é de amor mais certo arreio, E não convém furor a firme amante. Se já não pões a tanta insânia freio, Não esperes de mi, daqui em diante, Que possa mais amar-te, mas temer-te; Que amor contigo em medo se converte."
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Assim mesmo a formosa Galateia Dizia ao fero Noto, que bem sabe Que dias há que em vê-la se recreia, E bem crê que com ele tudo acabe. Não sabe o bravo tanto bem se o creia, Que o coração no peito lhe não cabe, De contente de ver que a dama o manda, Pouco cuida que faz, se logo abranda.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Desta maneira as outras amansavam Subitamente os outros amadores; E logo à linda Vénus se entregavam, Amansadas as iras e os furores. Ela lhe prometeu, vendo que amavam, Sempiterno favor em seus amores, Nas belas mãos tomando-lhe homenagem De lhe serem leais esta viagem.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Já a manhã clara dava nos outeiros Por onde o Ganges murmurando soa, Quando da celsa gávea os marinheiros Enxergaram terra alta pela proa. Já fora de tormenta, e dos primeiros Mares, o temor vão do peito voa. Disse alegre o piloto Melindano: "Terra é de Calecu, se não me engano.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
"Esta é por certo a terra que buscais Da verdadeira Índia, que aparece; E se do mundo mais não desejais, Vosso trabalho longo aqui fenece." Sofrer aqui não pode o Gama mais, De ledo em ver que a terra se conhece: Os geolhos no chão, as mãos ao céu, A mercê grande a Deus agradeceu.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
As graças a Deus dava, e razão tinha, Que não somente a terra lhe mostrava, Que com tanto temor buscando vinha, Por quem tanto trabalho experimentava; Mas via-se livrado tão asinha Da morte, que no mar lhe aparelhava O vento duro, fervido e medonho, Como quem despertou de horrendo sonho.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Por meio destes hórridos perigos, Destes trabalhos graves e temores, Alcançam os que são de fama amigos As honras imortais e graus maiores: Não encostados sempre nos antigos Troncos nobres de seus antecessores; Não nos leitos dourados, entre os finos Animais de Moscóvia zebelinos;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Não com os manjares novos e esquisitos, Não com os passeios moles e ociosos, Não com os vários deleites e infinitos, Que afeminam os peitos generosos, Não com os nunca vencidos apetitos Que a Fortuna tem sempre tão mimosos, Que não sofre a nenhum que o passo mude Para alguma obra heróica de virtude;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Mas com buscar com o seu forçoso braço As honras, que ele chame próprias suas; Vigiando, e vestindo o forjado aço, Sofrendo tempestades e ondas cruas; Vencendo os torpes frios no regaço Do Sul e regiões de abrigo nuas; Engolindo o corrupto mantimento, Temperado com um árduo sofrimento;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
E com forçar o rosto, que se enfia, A parecer seguro, ledo, inteiro, Para o pelouro ardente, que assovia E leva a perna ou braço ao companheiro. Destarte, o peito um calo honroso cria, Desprezador das honras e dinheiro, Das honras e dinheiro, que a ventura Forjou, e não virtude justa e dura.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Destarte se esclarece o entendimento, Que experiências fazem repousado, E fica vendo, corno de alto assento, O baixo trato humano embaraçado. Este, onde tiver força o regimento Direito, e não de afeitos ocupado, Subirá (como deve) a ilustre mando, Contra vontade sua, e não rogando.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Já se viam chegados junto à terra, Que desejada já de tantos fora, Que entre as correntes Indicas se encerra, E o Ganges, que no céu terreno mora. Ora, sus, gente forte, que na guerra Quereis levar a palma vencedora, Já sois chegados, já tendes diante A terra de riquezas abundante.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
A vós, ó geração de Luso, digo, Que tão pequena parte sois no inundo; Não digo ainda no mundo, mas no amigo Curral de quem governa o céu rotundo; Vós, a quem não somente algum perigo Estorva conquistar o povo imundo, Mas nem cobiça, ou pouca obediência Da Madre, que nos céus está em essência;
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vós, Portugueses, poucos quanto fortes, Que o fraco poder vosso não pesais; Vós, que à custa de vossas várias mortes A lei da vida eterna dilatais: Assim do céu deitadas são as sortes, Que vós, por muito poucos que sejais, Muito façais na santa Cristandade: Que tanto, ó Cristo, exaltas a humildade!
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vede-los Alemães, soberbo gado, Que por tão largos campos se apascenta, Do sucessor de Pedro, rebelado, Novo pastor, e nova seita inventa: Vede-lo em feias guerras ocupado, Que ainda com o cego error se não contenta, Não contra o soberbíssimo Otomano, Mas por sair do jugo soberano.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vede-lo duro Inglês, que se nomeia Rei da velha e santíssima cidade, Que o torpe Ismaelita senhoreia, (Quem viu honra tão longe da verdade?) Entre as Boreais neves se recreia, Nova maneira faz de Cristandade: Para os de Cristo tem a espada nua, Não por tomar a terra que era sua.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Guarda-lhe por entanto um falso Rei A cidade Hierosólima terrestre, Enquanto ele não guarda a santa lei Da cidade Hierosólima celeste. Pois de ti, Galo indigno, que direi? Que o nome Cristianíssimo quiseste, Não para defendê-lo, nem guardá-lo, Mas para ser contra ele, e derrubá-lo!
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Achas que tens direito em senhorios De Cristãos, sendo o teu tão largo e tanto, E não contra o Cinífio e Nilo, rios Inimigos do antigo nome santo? Ali se hão de provar da espada os fios Em quem quer reprovar da Igreja o canto. De Carlos, de Luís, o nome e a terra Herdaste, e as causas não da justa guerra?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Pois que direi daqueles que em delícias, Que o vil ócio no mundo traz consigo, Gastam as vidas, logram as divícias, Esquecidos de seu valor antigo? Nascem da tirania inimicícias, Que o povo forte tem de si inimigo: Contigo, Itália, falo, já submersa Em Vícios mil, e de ti mesma adversa.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Ó míseros Cristãos, pela ventura, Sois os dentes de Cadmo desparzidos, Que uns aos outros se dão a morte dura, Sendo todos de um ventre produzidos? Não vedes a divina sepultura Possuída de cães, que sempre unidos Vos vêm tomar a vossa antiga terra, Fazendo-se famosos pela guerra?
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Vedes que têm por uso e por decreto, Do qual são tão inteiros observantes, Ajuntarem o exército inquieto Contra os povos que são de Cristo amantes; Entre vós nunca deixa a fera Aleto De semear cizânias repugnantes: Olhai se estais seguros de perigos, Que eles e vós sois vossos inimigos.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Se cobiça de grandes senhorios Vos faz ir conquistar terras alheias, Não vedes que Pactolo e Hermo, rios, Ambos volvem auríferas areias? Em Lídia, Assíria, lavram de ouro os fios; África esconde em si luzentes veias; Mova-vos já sequer riqueza tanta, Pois mover-vos não pode a Casa Santa.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Aquelas invenções feras e novas De instrumentos mortais da artilharia, Já devem de fazer as duras provas Nos muros de Bizâncio e de Turquia. Fazei que torne lá às silvestres covas Dos Cáspios montes, e da Cítia fria A Turca geração, que multiplica Na polícia da vossa Europa rica.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Gregos, Traces, Arménios, Georgianos, Bradando-vos estão que o povo bruto Lhe obriga os caros filhos aos profanos Preceptos do Alcorão (duro tributo!) Em castigar os feitos inumanos Vos gloriai de peito forte e astuto, E não queirais louvores arrogantes De serdes contra os vossos muito possantes.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Mas entanto que cegos o sedentos Andais de vosso sangue, ó gente insana! Não faltarão Cristãos atrevimentos Nesta pequena casa Lusitana: De África tem marítimos assentos, É na Ásia mais que todas soberana, Na quarta parte nova os campos ara, E se mais mundo houvera, lá chegara.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
E vejamos entanto que acontece Aqueles tão famosos navegantes, Depois que a branda Vénus enfraquece O furor vão dos ventos repugnantes: Depois que a larga terra lhe aparece, Fim de suas porfias tão constantes, E dar novo costume e novo Rei.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Tanto que à nova terra se chegaram, Leves embarcações de pescadores Acharam, que o caminho lhe mostraram De Calecu, onde eram moradores. Para lá logo as proas se inclinaram, Porque esta era a cidade das melhores Do Malabar melhor, onde vivia O Rei que a terra toda possuía.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Além do Indo jaz, e aquém do Gange, Um terreno muito grande e assaz famoso, Que pela parte Austral o mar abrange, E para o Norte o Emódio cavernoso. Jugo de Reis diversos o constrange A várias leis: alguns o vicioso Mahoma, alguns os ídolos adoram, Alguns os animais, que entre eles morri.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Lá bem no grande monte, que cortando Tão larga terra, toda Ásia discorre, Que nomes tão diversos vai tomando, Segundo as regiões por onde corre, As fontes saem, donde vêm manando Os rios, cuja grã corrente morre No mar Índico, e cercam todo o peso Do terreno, fazendo-o Quersoneso.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Entro um e outro rio, em grande espaço, Sai da larga terra uma loira ponta Quase piramidal, que no regaço Do mar com Ceilão ínsula confronta; E junto donde nasce o largo braço Gangético, o rumor antigo conta Que os vizinhos, da terra moradores, Do cheiro se mantêm das finas flores.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
Mas agora de nomes e de usança Novos e vários são os habitantes: Os Delis, os Patanes, que em possança De terra e gente, são mais abundantes; Decanis, Oriás, que a esperança Têm de sua salvação nas ressonantes Águas do Gange, e a terra de Bengala Fértil de sorte que outra não lhe iguala.
Escreve uma estrofe ao estilo de Os Lusíadas
O Reino de Cambaia belicoso (Dizem que foi de Poro, Rei potente) O Reino de Narsinga, poderoso Mais de ouro e pedras que de forte gente. Aqui se enxerga lá do mar undoso Um monte alto, que corre longamente, Servindo ao Malabar de forte muro, Com que do Canará vive seguro.
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Da terra os naturais lhe chamam Gate, Do pé do qual pequena quantidade Se estende uma fralda estreita, que combate Do mar a natural ferocidade. Aqui de outras cidades, sem debate, Calecu tem a ilustre dignidade De cabeça de Império rica e bela: Samorim se intitula o senhor dela.
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Chegada a frota ao rico senhorio, Um Português mandado logo parte A fazer sabedor o Rei gentio Da vinda sua a tão remota parte. Entrando o mensageiro pelo rio, Que ali nas ondas entra, a não vista arte, A cor, o gesto estranho, o trajo novo Fez concorrer a vê-lo todo o povo.
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Entre a gente que a vê-lo concorria, Se chega um Mahometa, que nascido Fora na região da Berberia, Lá onde fora Anteu obedecido: Ou pela vizinhança já teria O Reino Lusitano conhecido, Ou foi já assinalado de seu ferro: Fortuna o trouxe a tão loiro desterro.
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Em vendo o mensageiro, com jocundo Rosto, como quem sabe a língua Hispana, Lhe disse: "Quem te trouxe a estoutro mundo, Tão longe da tua pátria Lusitana?" --"Abrindo, lhe responde, o mar profundo, Por onde nunca veio gente humana, Vimos buscar do Indo a grão corrente, Por onde a Lei divina se acrescente."
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Espantado ficou da grã viagem O Mouro, que Monçaide se chamava, Ouvindo as opressões que na passagem Do mar, o Lusitano lhe contava: Mas vendo enfim que a f orça da mensagem Só para o Rei da terra relevava, Lhe diz que estava f ora da cidade, Mas de caminho pouca quantidade.
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E que, entanto que a nova lhe chegasse De sua estranha vinda, se queria, Na sua pobre casa repousasse, E do manjar da terra comeria, E depois que se um pouco recreasse, Com ele para a armada tornaria, Que alegria não pode ser tamanha, Que achar gente vizinha em terra estranha.
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O Português aceita de vontade O que o ledo Monçaide lhe oferece; Como se longa fora já a amizade, Com ele come, e bebe, e lhe obedece. Ambos se tornam logo da cidade Para a frota, que o Mouro bem conhece; Sobem à capitania; e toda a gente Monçaide recebeu benignamente.
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O Capitão o abraça em cabo ledo, Ouvindo clara a língua de Castela; Junto de si o assenta, e pronto e quedo, Pela terra pergunta, e cousas dela. Qual se ajuntava em Ródope o arvoredo, Só por ouvir o amante da donzela Eurídice, tocando a lira de ouro, Tal a gente se ajunta a ouvir o Mouro.
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Ele começa: "Ó gente, que a natura Vizinha fez de meu paterno ninho, Que destino tão grande ou que ventura Vos trouxe a cometerdes tal caminho? Não é sem causa, não, oculta e escura, Vir do longínquo Tejo e ignoto Minho, Por mares nunca doutro lenho arados, A Reinos tão remotos e apartados.
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"Deus por certo vos traz, porque pretende Algum serviço seu por vós obrado; Por isso só vos guia, e vos defende Dos inimigos, do mar, do vento irado. Sabei que estais na Índia, onde se estende Diverso povo, rico e prosperado De ouro luzente e fina pedraria, Cheiro suave, ardente especiaria.
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"Esta província, cujo porto agora Tomado tendes, Malabar se chama: Do culto antigo os ídolos adora, Que cá por estas partes se derrama: De diversos Reis é, mas dum só Noutro tempo, segundo a antiga fama; Saramá Perimal foi derradeiro Rei, que este Reino teve unido e inteiro.
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"Porém, como a esta terra então viessem De lá do seio Arábico outras gentes, Que o culto Mahomético trouxessem, No qual me instituíram meus parentes, Sucedeu que pregando convertessem O Perimal: de sábios e eloquentes, Fazem-lhe a lei tomar com fervor tanto, Que pressupôs de nela morrer santo.
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"Naus arma, e nelas mete curioso Mercadoria, que ofereça rica, Para ir nelas a ser religioso, Onde o profeta jaz, que a Lei publica; Antes que parta, o Reino poderoso Com os seus reparte, porque não lhe fica Herdeiro próprio, faz os mais aceitos Ricos de pobres, livres de sujeitos.
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"A um Cochim, e a outro Cananor, A qual Chalé, a qual a ilha da Pimenta, A qual Coulão, a qual dá Cranganor, E os mais, a quem o mais serve e contenta, Um só moço, a quem tinha muito amor, Depois que tudo deu, se lhe apresenta: Para este Calecu somente fica, Cidade já por trato nobre e rica.